Amphora Wine Day foi sucesso no Rocim

Texto: Mariana Lopes
Fotos: cortesia Rocim

Dia de São Martinho é dia de abertura das talhas no Alentejo. A 11 de Novembro, celebra-se o momento mais esperado da milenar tradição vivitinícola alentejana, da prática que faz parte do dia-a-dia da população, sobretudo nas zonas mais rurais, a produção do vinho de talha. Até esta altura, as massas vínicas aguardam pacientemente dentro da ânfora.
Foi para marcar o acontecimento que Catarina Vieira e Pedro Ribeiro organizaram, na Herdade do Rocim, situada entre Vidigueira e Cuba, no Baixo Alentejo, uma autêntica festa do vinho de talha, uma espécie de “open day” onde 23 produtores de todo o país (e até do estrangeiro) e o próprio Rocim partilharam os seus vinhos, vinhos esses que em algum momento do processo de vinificação estiveram dentro de uma ânfora. Porque isto do vinho de talha não é de todo linear, e tem mais diversidade do que se pensa. Quer seja de talhas portuguesas, espanholas, italianas ou de qualquer outra nacionalidade, mais tradicionais ou mais modernas, vinhos só com fermentação no recipiente de barro, só com estágio ou com ambos, em contacto mais ou menos tempo com as películas e engaços, as possibilidades são imensas. Todos os produtores presentes no Amphora Wine Day atestaram esta diversidade, vindos de várias regiões, com alguns estreantes na matéria.

Catarina Vieira e Pedro Ribeiro

É o caso do projecto XXVI Talhas, de Vila Alva, uma pequena freguesia do concelho de Cuba, que embora assente numa antiga tradição familiar, nasceu como marca em 2018 e já tem um branco e um tinto muito interessantes (Branco do Tareco e Tinto do Tareco), de castas antigas do Alentejo. Já a Lusovini esteve no evento com o seu recém-lançado Tapada do Coronel Vinho de Talha, da Serra de S. Mamede, em Portalegre, e até com um vinho de talha do Dão que ainda não está no mercado. Também Joana Santiago deu a provar o vinho Santiago na Ânfora do Rocim, uma colaboração bem-sucedida entre os dois produtores com Alvarinho da região de Monção e Melgaço e ânfora do anfitrião da festança. Dos Vinhos Verdes veio Márcio Lopes com o seu Selvagem, um branco original de antigas vinhas de enforcado e de grande nível. Titan do Douro foi também um nome novo, um vinho de Luís Leocádio. Entre outras novidades estiveram também casas mais experientes no assunto, como Esporão, José de Sousa, Casa Relvas, Adega Cooperativa da Vidigueira, Amareleza, etc. De fora do país vieram Rocco di Carpeneto, de Itália, Sebastien David e Stéphane Yerle, de França, Zorah Wines, da Arménia, e Rendé Masdéu, de Espanha.
Após a prova livre de todos estes vinhos e mais alguns, cerca de uma hora antes do encerramento, deu-se o ponto alto do dia, a abertura das talhas do Rocim, dos vinhos brancos e tintos. Com o cante alentejano em plano de fundo, o público assistiu com entusiasmo enquanto o adegueiro introduziu a torneira de madeira no orifício um pouco acima da base da primeira talha, momentos antes do líquido cristalino começar a verter para uma pequena selha de barro vermelho. À porta da adega, contabilizaram-se mais de 1000 entradas, bem acima das cerca de 850 esperadas, um sucesso que fez justiça à irrepreensível organização.

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