Álvaro Martinho Lopes: Prémio Viticultura do Ano

Álvaro Martinho Lopes

Quando Álvaro se dispõe a fazer um passeio na Quinta das Carvalhas faz questão de indagar de que tempo dispomos e se, de facto, queremos saber os segredos da quinta. Sendo a resposta positiva é certo que temos tema de conversa para horas. Aqui há que reparar na estratificação do solo, ali há que perceber […]

Quando Álvaro se dispõe a fazer um passeio na Quinta das Carvalhas faz questão de indagar de que tempo dispomos e se, de facto, queremos saber os segredos da quinta. Sendo a resposta positiva é certo que temos tema de conversa para horas. Aqui há que reparar na estratificação do solo, ali há que perceber que estas plantas e aquelas ervas são fundamentais porque relacionadas com o clima, a água disponibilizada no solo e a forma como a cepa interage com o ambiente. A meio do passeio já Álvaro arrancou um galho seco e está a desenhar no chão de terra.

Tudo aquilo faz sentido: a forma como as distintas castas se relacionam, as diferenças suscitadas pela exposição solar, a altitude e a inclinação do solo. Se o passeante for interessado e perguntadeiro, Álvaro está no seu mundo. O que se percebe é que a terra e os seus segredos, as cepas e as suas manias são Sol e Dó para o nosso guia. Difícil mesmo é resistir a ficar ali até que todos os palmos das centenas de hectares da quinta sejam percorridos e todos os segredos revelados. Costuma dizer-se que o bom vinho nasce na vinha, mas, canta Álvaro, é preciso conhecer bem a ecologia da planta para que depois, na adega, onde a música é outra, se consiga que o vinho expresse, passe o soundbite, o local de onde vem.

Esse, que é o objectivo de todo o enólogo, deverá ser, imaginamos, bem mais fácil quando temos um espírito de equipa em que todos aprendem com todos, algo que transparece quando estamos junto da equipa da Real Companhia Velha. Lidar com vinhas velhas, ajudar a preservar castas antigas, fazer experiências e perceber o que poderá vir a ser o Douro num futuro climaticamente tão incerto, são seguramente desafios. Mas, cremos, para Álvaro, o assunto é música para os ouvidos, tal o empenho que mostra. Mas o tempo ainda lhe chega para Álvaro fazer um vinho seu e tratar da horta onde, em pleno Verão, se colhem bons pimentos e tomates e tudo o mais em que o Douro é especialmente generoso. E, quando cai a noite, é altura de tirar a viola do saco. Showtime! J.P.M.

Graham’s promoveu maior prova de vinho do Porto de sempre

Graham’s

A Graham’s promoveu prova de vinho do Porto com a participação de 536 pessoas, em Viborg, na Dinamarca, o que assegurou o reconhecimento do evento pelo livro de recordes da Guinness. A iniciativa esteve englobada na celebração do 40º aniversário da Dahls Vinhandel, retalhista de vinhos dinamarquesa, parceira da Graham’s. O planeamento do evento este […]

A Graham’s promoveu prova de vinho do Porto com a participação de 536 pessoas, em Viborg, na Dinamarca, o que assegurou o reconhecimento do evento pelo livro de recordes da Guinness.

A iniciativa esteve englobada na celebração do 40º aniversário da Dahls Vinhandel, retalhista de vinhos dinamarquesa, parceira da Graham’s.

O planeamento do evento este a cargo de Gustavo Devesas, regional manager da Symington no Norte da Europa, que selecionou, para o efeito, algumas das principais referências do catálogo da marca. Os vinhos do Porto Graham’s The Tawny, Tawny 20 Anos, Graham’s Six Grapes e Quinta dos Malvedos Vintage 2012 compuseram a lista de opções ao dispor dos mais de 500 participantes.

Joanne Brent, Guinness World Records adjudicator, marcou presença na celebração para testemunhar a “maior prova de vinho do Porto” alguma vez registada, que ultrapassou o anterior recorde de 293 pessoas, no Lisbon Bar Show. Johnny Symington, chairman do grupo Symington, também presenciou o feito, destacando “a capacidade única do vinho do Porto para reunir e aproximar pessoas, em qualquer parte do mundo”.

Ljubomir Stanisic lança nova gama de vinhos: Mestiço é mistura com amor

Mestiço

Ljubomir Stanisic é cozinheiro, sim. Mediático apresentador de programas de gastronomia, tem três restaurantes e muitas paixões. O vinho é uma delas. Há mais de 15 anos que os cria como um prato de comida: misturando as quantidades certas, buscando o equilíbrio mas também a surpresa – e às vezes até o choque. No seu […]

Ljubomir Stanisic é cozinheiro, sim. Mediático apresentador de programas de gastronomia, tem três restaurantes e muitas paixões. O vinho é uma delas. Há mais de 15 anos que os cria como um prato de comida: misturando as quantidades certas, buscando o equilíbrio mas também a surpresa – e às vezes até o choque.

No seu primeiro restaurante em Cascais (2004-2008), começou a brincar aos casamentos. Entre o copo e o prato. O vinho e a comida. Rapidamente passou da cozinha à vinha. Fincou o pé no acelerador e entrou pelo país adentro. Bateu à porta de amigos, furou pelas suas adegas. Alentejo, Douro, Lisboa, Açores, Serra da Estrela, Minho, Dão, Madeira. Não interessava tanto onde, mas com quem.  A fusão foi sempre feita entre amigos.

Em 2024, quis tornar este amor mais sólido. Decidiu escrever muitas cartas de intenções e encerrá-las dentro de cada garrafa. Para se beberem tantas convicções quanto estados de espírito. Com um abecedário de propósitos, cheio de letras, cheio de sonhos, construíram-se estes novos líquidos. Vindos de muitas latitudes – Douro, Côa e Alentejo, só para começar. Feitos de virtudes e vicissitudes, assumindo os “defeitos” e as imperfeições, sem fronteiras terrestres nem morais.

Mestiço é mistura. De defeitos e feitios. De vícios e vicissitudes. De Norte, Sul, Este e Oeste. O blend não se faz só de uvas. Faz-se de histórias, de amigos. Que discutem e riem. Discordam e brindam. Juntos. No vinho como na vida. Luís Louro e Inês Capão (Adega Monte Branco), Mateus Nicolau de Almeida e Teresa Ameztoi (Mateus Nicolau de Almeida), Luís Pedro Cândido, Dirk e Daniel Niepoort (Niepoort) dão rosto a este manifesto. Aceitaram os desafios. E o vinho aconteceu!

Com a família Niepoort, no Douro, Ljubomir produziu os Mestiço Bravo, Viçoso (brancos) e Maduro (tinto). Na Mateus Nicolau de Almeida, em pleno Côa, criou um Bruto (branco) e um Sólido (tinto). Do Alentejo, da Adega Monte Branco, trouxe cinco vinhos: Curioso, Atrevido (brancos), Perigoso, Amoroso e Raro (tintos). Uns são mais simples, outros mais complexos, uns clássicos, outros punk.

Os produtos Mestiço estão à venda através da distribuidora Temple Wines e na loja online do chefe Ljubomir: www.ljubomirstanisic.pt

Para breve, está previsto o lançamento de outras bebidas Mestiço, entre vinhos, cervejas e destilados.

 

Pátio das Caves Cockburn’s recebe primavera com petiscos e cocktails

Cockburn's

Nas Caves da Cockburn’s está tudo a postos para os dias solarengos. Para receber fins de tarde de calor e convívio, o pátio apresenta uma nova selecção de petiscos, acompanhados dos habituais cocktails e catálogo de vinhos, que já podem ser apreciados. As Caves Cockburn’s oferecem aos visitantes a oportunidade de conhecer o legado e […]

Nas Caves da Cockburn’s está tudo a postos para os dias solarengos. Para receber fins de tarde de calor e convívio, o pátio apresenta uma nova selecção de petiscos, acompanhados dos habituais cocktails e catálogo de vinhos, que já podem ser apreciados. As Caves Cockburn’s oferecem aos visitantes a oportunidade de conhecer o legado e a história da família Symington e dos vinhos ali envelhecidos, assim como de descobrir o maior armazém de envelhecimento de vinho do Porto da zona histórica de Vila Nova de Gaia, onde são mantidos milhares de barris, tonéis e balseiros. Os visitantes podem ainda conhecer as diferentes referências da marca através de provas de vinhos, que podem agora ser realizadas na sala de provas ou ao ar livre.

O novo menu de petiscos, que inclui sugestões entre 2 e 15 euros, conta com produtos regionais, resultado de parcerias com produtores nacionais da zona Norte. Um sortido fatiado de Porco Bísaro, uma seleção de queijos e compota ou covilhetes são algumas das opções da “ementa”, que conta também com snacks mais leves como batatas fritas ou uma taça de amêndoas. Para os apreciadores de conservas, é possível escolher entre paté de atum ou bacalhau, sardinhas em posta e ainda atum com feijão frade. E porque os petiscos podem ir além de produtos de origem animal, o menu inclui opções como um paté vegano ou empadas vegetarianas. Além do produto “estrela” do local, também o azeite pode ser apreciado com uma prova acompanhada de pão.

No pátio da Cockburn’s, que está aberto aos visitantes das Caves e a todos os que procuram, simplesmente, um local para conviver e descontrair nos dias de maior calor, é também possível encontrar refrescos, como cocktails de Porto Tónico, Port & Lemon ou ainda Port & Ginger. O espaço sugere ainda a degustação de um sorvete produzido a partir do Special Reserve, havendo ainda uma opção de gelado infantil para que nem os mais pequenos fiquem de fora. Os bombons de chocolate e os pastéis de nata não poderiam faltar para completar a selecção de petiscos ideais para um final de tarde de convívio.

As visitas às Caves Cockburn’s têm uma duração de 1h30 e culminam sempre numa prova de vinhos, com seis opções disponíveis (a partir dos 22 euros). As visitas podem realizar-se no horário das 10h00 às 17h30, até 31 de Outubro. A reserva prévia deve ser efetuada através do site (www.cockburns.com). As provas nas Caves estão disponíveis das 10h00 às 19h00 e a loja encontra-se aberta das 9h30 às 19h30.

Women in Wine Expo em Maio em Portugal

Wine Expo

A próxima Women in Wine Expo (WIWE), evento internacional que decorre todos os anos num país diferente e reúne centenas de mulheres profissionais ligadas ao mundo do vinho, irá decorrer, nos próximos dias 8 e 10 de Maio no Wow, em Vila Nova de Gaia. A WIWE, que decorreu, no período pós pandemia, na Georgia […]

A próxima Women in Wine Expo (WIWE), evento internacional que decorre todos os anos num país diferente e reúne centenas de mulheres profissionais ligadas ao mundo do vinho, irá decorrer, nos próximos dias 8 e 10 de Maio no Wow, em Vila Nova de Gaia.

A WIWE, que decorreu, no período pós pandemia, na Georgia em 2021 e no Reino Unido em 2022, pretende contribuir para implementar uma rede global de mulheres ligadas ao sector vitivinícola internacional, uma comunidade de mulheres empreendedoras que desejam expandir os seus conhecimentos e construir o seu negócio internacional. Para isso “mobiliza profissionais do vinho de todas as áreas de especialização para interagir com consumidores, pares e líderes de pensamento num ambiente seguro e neutro sobre as questões de hoje e as possibilidades para amanhã”, segundo a organização.

A conferência do evento, que terá, como principal oradora, a enóloga Sandra Tavares da Silva, irá, segundo os organizadores, irá antecipar tendências, apresentar o sector de vinhos nacional e divulgar novidades, entre outros. Irá, também decorrer uma prova de vinhos nacionais e internacionais e visitas a produtores nacionais.

Filipe Wang: O Sommelier do Ano

Filipe Wang

Filipe Wang representa bem a sua geração, enquanto profissional com excelente formação. Parte dessa formação ocorreu no estrangeiro, e teve experiência profissional nos melhores locais, também fora e, mais recentemente, dentro do país, revelando enorme vocação e descrição. Com a restauração a correr-lhe no sangue – os seus pais têm um restaurante – centra a […]

Filipe Wang representa bem a sua geração, enquanto profissional com excelente formação. Parte dessa formação ocorreu no estrangeiro, e teve experiência profissional nos melhores locais, também fora e, mais recentemente, dentro do país, revelando enorme vocação e descrição. Com a restauração a correr-lhe no sangue – os seus pais têm um restaurante – centra a sua formação na gestão hoteleira e logo na Suíça, na prestigiada Swiss hotel management school. A sua primeira experiência no terreno é na fervilhante capital inglesa em 2016, e logo no Dinner, o mediático restaurante londrino do não menos mediático Heston Blumenthal (então um dos 50 melhores restaurantes do mundo na lista Pellegrino), ainda não como sommelier mas já de olho nos vinhos. De tal forma que, pouco depois, seria convidado para oficiar no Launceston Place, também em Londres, agora na fileira do vinho e sob a responsabilidade de Piotr Pietras MS, um dos mais premiados sommeliers da sua geração. Volta a Portugal, em meados de 2019, para o conceituado (e estrelado) Alma do chef Henrique Sá Pessoa e logo como head sommelier, gerindo toda a operação dos vinhos. O maior desafio ainda estava para vir… e surgiu no final de 2021, quando é chamado para colaborar na abertura do Kabuki em Lisboa, a delegação lusitana de um dos mais icónicos restaurantes madrilenos, um dos fundadores da chamada cozinha de fusão. Aqui se mantém, na gestão de uma sala com clientes exigentes –situada no hotel Ritz, agora com uma estrela Michelin –, e que organiza vários eventos de vinho por ano.

Com efeito, Filipe tem sido responsável para que o Kabuki seja cada vez mais uma casa também reconhecida, precisamente, pelo serviço de vinhos, e procurada por enófilos apaixonados. Depois, a quarta-feira é o dia semanal em que os clientes são convidados a trazer uma garrafa de casa sem cobrança de qualquer taxa ou encargo; um luxo num restaurante de tão elevado nível! A carreira de Filipe está no seu melhor momento, em velocidade cruzeiro, revelando-se tranquila sem perder ambição. Apaixonado por todos os tipos de vinho – com brancos à cabeça e depois champagnes – a serenidade e a boa disposição são atributos que manifestamente lhe são reconhecidos. A enorme competência ainda mais! N.O.G.

Empor Spirits & Wine Celebra 10 Anos com 10 Provas Exclusivas

Empor provas

A Garrafeira Empor Spirits & Wine celebra 10 anos com promoções e eventos exclusivos, que irão decorrer em Maio. Durante o próximo mês irão decorrer uma série de 10 provas únicas, abertas ao público em geral, algumas delas gratuitas e outras pagas. Para além disso, a Garrafeira Empor Spirits & Wine terá uma oferta especial […]

A Garrafeira Empor Spirits & Wine celebra 10 anos com promoções e eventos exclusivos, que irão decorrer em Maio. Durante o próximo mês irão decorrer uma série de 10 provas únicas, abertas ao público em geral, algumas delas gratuitas e outras pagas. Para além disso, a Garrafeira Empor Spirits & Wine terá uma oferta especial de 15% de desconto em todos os produtos, com exceção de tabaco e charutos.

Provas gratuitas:

Berne Vinhos – 7 de Maio
Niepoort Nat’Cool – 8 de Maio
Aperol Spritz Sunset – 10 de Maio
João Portugal Ramos & Petiscos – 15 de Maio
Chinado – 21 de Maio
Sulista Medronho Excepcionalmente Datado – 24 de Maio

Provas pagas:

The Macallan – 16 de Maio
Portos São Leonardo – 22 de Maio
Quinta do Vesúvio – 28 de Maio
Maison Ruinart & Ostras – 29 de Maio

Para mais informações ou inscrições para as provas, consultar https://www.instagram.com/garrafeira_empor/.

ViniPortugal em roadshow no Brasil para promover vinho português

A ação vai decorrer na Alameda Casa Rosa, em Florianópolis, no dia 22 de Abril, e no Palácio Garibaldi, em Curitiba, dois dias depois.

A ViniPortugal organizou um roadshow que passa por duas cidades brasileiras, para gerar novas oportunidades de negócio para os produtores, com e sem distribuição no Brasil. A ação vai decorrer na Alameda Casa Rosa, em Florianópolis, no dia 22 de Abril, e no Palácio Garibaldi, em Curitiba, dois dias depois. Durante o roadshow vão decorrer […]

A ViniPortugal organizou um roadshow que passa por duas cidades brasileiras, para gerar novas oportunidades de negócio para os produtores, com e sem distribuição no Brasil. A ação vai decorrer na Alameda Casa Rosa, em Florianópolis, no dia 22 de Abril, e no Palácio Garibaldi, em Curitiba, dois dias depois.

Durante o roadshow vão decorrer provas de vinhos de 20 produtores portugueses por acção, dirigidas a profissionais locais e consumidores. Além disso, em cada uma delas irá decorrer uma masterclasse. Está também previsto um seminário dirigido a profissionais e jornalistas.

De acordo com Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, “estas provas têm vindo a ganhar dimensão e notoriedade nas cidades onde ocorreram e são, por isso, uma boa plataforma de negócio. Vamos continuar a apostar no mercado brasileiro e em tudo o que este pode proporcionar aos produtores portugueses.” Em 2023 a exportação de vinhos portugueses para o Brasil foi de 80 milhões de euros, mais nove milhões do que o ano anterior. No ano passado, este país foi o principal destino dos vinhos nacionais, excluindo o Vinho do Porto.

Comida Independente: A loja gourmet do ano

Comida Independente

Aberta em Lisboa no início de 2018, esta loja é muito mais do que uma mercearia-charcutaria fina com especialidades como queijo, vinho e azeite. É todo um manifesto, como decorre, desde logo, do nome e do lema assumido: “comida independente, grandes produtos, pequenos produtores”. Nome, lema e conceito, que correspondem ao foco numa clientela que […]

Aberta em Lisboa no início de 2018, esta loja é muito mais do que uma mercearia-charcutaria fina com especialidades como queijo, vinho e azeite. É todo um manifesto, como decorre, desde logo, do nome e do lema assumido: “comida independente, grandes produtos, pequenos produtores”. Nome, lema e conceito, que correspondem ao foco numa clientela que cada vez mais se afasta das grandes superfícies e dos produtos ditos massificados. Há na Comida Independente um lado gregário evidente, sendo disso bom exemplo o merchandising próprio, a organização de um mercado de produtores, e a existência até de um clube de vinhos – nem de propósito identificado como Alcateia – que tende à fidelização. Mal se entra na loja, sita entre a Avenida Dom Carlos I e o Jardim Dom Luis (rigorosamente, junto ao Largo Conde Barão), comprova-se o foco nos artigos de pequenos produtores portugueses o que, de alguma forma, se vê também na secção de vinhos, limitada, mas primorosamente selecionada, com pendor para vinhos biodinâmicos e outros ditos por naturais.

Mal se entra na loja, comprova-se o compromisso arreigado da oferta de artigos de pequenos produtores portugueses.

Apesar do espaço exíguo (menos do que 100m2), a verdade é que a variedade em cada secção é acima da média. Nos queijos por exemplo – falha habitual nas charcutarias clássicas lusitanas –, a oferta é generosa e a responsável Rita Santos lembra-nos que, antes de abrir a loja, passou férias na Serra da Estrela só a provar queijos. Da mesma forma, atesta que já visitou grande parte dos produtores cujas delícias vende todos os dias com simpatia e alegria. Todo o contexto da loja é de uma aparente simplicidade, com bonitos toldos azuis a contrastar com uma fachada branca e azulejos alvos também no interior. Além de vários produtos frescos (pão, fruta e leguminosas) e outros mais habituais em lojas do género (compotas, mel, molhos, enchidos, chocolates e café), podemos encontrar, logo à entrada, um pequeno e informal wine-bar, cuja especialidade é o sanduiche de pastrami (não fica atrás, podemos jurar, da clássica servida há décadas no mítico Katz’s em Nova Iorque). Numa mesa mais ou menos comunitária (dentro ou fora da loja) ou no pequeno balcão também à entrada, e sempre sem reserva, as tábuas de queijo, conservas e enchidos são um sucesso junto da comunidade local, cada vez mais estrangeira por sinal. N.O.G.

Comida Independente:  R. Cais do Tojo 28, 1200-649 Lisboa  

https://comidaindependente.pt/

“Vigneron” é em Junho, nas Bágeiras

Vigneron

Os franceses chamam vigneron àquele que faz o vinho exclusivamente com as uvas que cria na sua propriedade. No país onde o conceito nasceu, o chamado “vigneron independant” recolhe, junto do mercado e do consumidor, um estatuto de singularidade e exclusividade muito especiais. Em Portugal, essa qualificação existe igualmente na lei, embora com um nome […]

Os franceses chamam vigneron àquele que faz o vinho exclusivamente com as uvas que cria na sua propriedade. No país onde o conceito nasceu, o chamado “vigneron independant” recolhe, junto do mercado e do consumidor, um estatuto de singularidade e exclusividade muito especiais. Em Portugal, essa qualificação existe igualmente na lei, embora com um nome bastante mais rebuscado e pouco “sexy”: vitivinicultor-engarrafador. O problema é que ninguém sabe o que isso é. Pior: nos últimos anos, por desconhecimento ou aproveitamento, vários agentes do sector têm usado o designativo de vigneron para assim qualificar os produtores de pequena dimensão, muitos deles não possuindo sequer vinha ou adega. Mário Sérgio Nuno, da Quinta das Bágeiras, há muito que se revolta contra aquilo que considera, nas suas palavras, “abuso e publicidade enganosa”. E manifesta frequentemente essa atitude na comunicação institucional das Bágeiras, onde faz questão de explicar o que é, efectivamente, um vigneron. O produtor bairradino não está sozinho nessa luta e, ciente disso, resolveu organizar um evento que congrega “verdadeiros vigneron” em torno de uma causa comum: “valorizar o que há de mais pessoal e genuíno no mundo do vinho – fazê-lo somente com uvas próprias.”

O evento “Vigneron, As Nossas Uvas, Os Nossos Vinhos”, está assim agendado para o próximo dia 22 de Junho, na Quinta das Bágeiras, Fogueira, Sangalhos. O propósito de Mário Sérgio é acolher, na sua adega, cerca de duas dezenas de produtores que partilham a mesma filosofia – inscritos na categoria vitivinicultor-engarrafador do Instituto da Vinha e do Vinho – que irão apresentar os vinhos aos visitantes (consumidores, imprensa, profissionais de restaurantes e lojas especializadas) num evento onde as provas comentadas e a gastronomia também marcam presença. “Ser vigneron”, diz, “significa conhecer cada parcela, cada casta, cada videira, acompanhar o ciclo da vinha, faça sol, chuva, frio ou calor.” Além disso, acrescenta, “um vigneron trabalha sem rede: fazemos mais vinho quando temos mais uva, ou ficamos sem vinho se nos acontecer uma desgraça na vinha. Ao contrário de outros que compram a uva e o vinho que quiserem e onde quiserem, nós, por vontade própria, não o podemos fazer. Isso tem de valer alguma coisa. Um vinho de vigneron é, verdadeiramente, a cara de quem o fez, de quem tomou todas as decisões, da cepa até à garrafa.”

Mas, no copo, o que distingue estes vinhos dos outros? Mário Sérgio tem também resposta para isso: “Não são melhores nem piores, são diferentes. Criamos vinhos genuínos, vinhos de que sabemos exactamente a origem, vinhos que espelham a forma como trabalhámos a vinha e os efeitos que o ano climático teve naquelas uvas. São vinhos sem compromissos, vinhos que são tão nossos quanto as nossas uvas. Acreditamos que isso faz a diferença”, remata.
Os nomes já confirmados metem respeito, e abarcam casas de diferentes dimensões – “vigneron não tem a ver com tamanho, tem a ver com princípios, com uma forma de estar no mundo do vinho”, acentua o organizador – e distintas origens, de norte a sul do país. Por ordem alfabética, vão marcar presença os produtores António Selas, Casa de Cello, Casa da Passarella, José Madeira Afonso, Júlio Bastos, Quinta da Alameda, Quinta da Atela, Quinta das Bágeiras, Quinta da Boa Esperança, Quinta de Chocapalha, Quinta da Falorca, Quinta da Pedreira, Quinta do Perdigão, Rui Reguinga, Tapada de Coelheiros e Vale dos Ares. A coisa promete… L.L.