Enoturismo: um sector “sem lei”, a caminho de se organizar

Enoturismo debate

A falta de definição e de enquadramento legal e fiscal, levaram a APENO (Associação Portuguesa de Enoturismo), em parceria com a Abreu Advogados, a promover o primeiro debate público, no passado dia 29 de Novembro, sobre o enoturismo. O resultado, segundo a APENO, “foi satisfatório e histórico para uma actividade com cada vez mais adeptos […]

A falta de definição e de enquadramento legal e fiscal, levaram a APENO (Associação Portuguesa de Enoturismo), em parceria com a Abreu Advogados, a promover o primeiro debate público, no passado dia 29 de Novembro, sobre o enoturismo. O resultado, segundo a APENO, “foi satisfatório e histórico para uma actividade com cada vez mais adeptos no país”. 

Nas instalações da Abreu Advogados, junto à zona ribeirinha lisboeta, em Alfama, teve lugar um dia histórico para o enoturismo português. Neste debate público, pioneiro a nível nacional — com presença de muitos dos associados da APENO — juntaram-se no mesmo palco personalidades de referência, com uma palavra a dizer sobre um sector em construção. Todos atestaram que o enoturismo é de importância estratégica para a economia nacional e que a sua organização é urgente. 

No painel moderado pela jornalista Margarida Vaqueiro Lopes, editora da revista Exame, estiveram António Mendonça Mendes, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (que durante este evento soube que assumiria o cargo de secretário-adjunto de António Costa); António Abrantes, secretário-geral da Confederação do Turismo de Portugal; Luís Sá Souto, vice-presidente da APENO; e Alexandre Mestre, co-responsável pelo setor agro-alimentar da Abreu Advogados. Maria João de Almeida, presidente da APENO, começou por convidar todos os presentes a “pensar o mundo do enoturismo”, naquele que é para si “o primeiro passo para a organização do sector”. 

Por sua vez, Luís Sá Souto, vice-presidente da APENO, falou da importância de haver uma definição clara e objectiva do enoturismo e das lacunas ao nível do enquadramento fiscal. “Queremos quantificar a atividade para que esta possa ser trabalhada em melhores condições, de forma a dar expressão ao sector. Queremos ter números e estatísticas, que não há, para que os profissionais do sector tomem decisões. Queremos definir uma forma exacta de as empresas enoturísticas faturarem da mesma maneira, considerando a classificação de actividade económica para o enoturismo”. 

António Mendonça Mendes respondeu a estas questões, afirmando ser prematuro definir um enquadramento fiscal, tendo em conta que o enoturismo “ainda é um sub-setor do turismo que está em construção e a organizar-se”, embora tenha reconhecido que o enoturismo tem “uma grande importância estratégica para o país”. O agora ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais afirmou ainda que é “seguramente necessário começar a sistematizar esta actividade, eventualmente junto do Instituto Nacional de Estatística (INE), uma vez que há um conjunto de realidades dentro do enoturismo que já têm um conjunto de medidas específicas, a nível de enquadramento fiscal, como a área da cultura, do vinho e da hotelaria”. “Neste momento, há que avaliar se a transversalidade que cose toda esta realidade do enoturismo consegue ser isolada para efeitos de tratamento fiscal e se faz sentido ter uma diferenciação positiva ou não em relação a outros sectores”, resumiu o governante. 

Pela voz do secretário-geral da Confederação do Turismo de Portugal, António Abrantes, a conclusão foi a de que não serão precisos estudos académicos para se dizer que “o enoturismo é uma actividade turística que integra a cadeia do valor do turismo. Só que tem uma particularidade que não está presente em muitas outras, é uma realidade compósita, da qual o vinho e a vinha são uma componente, e que integra ainda elementos de alojamento e restauração”. 

Já Alexandre Mestre, usou da palavra para falar de uma “incerteza jurídica muito grande em torno do enoturismo”. Com uma série de perguntas retóricas que puseram a nu a indefinição do sector, o co-responsável pelo setor agro-alimentar da Abreu Advogados perguntou mesmo: “como é que alguém pode ser elegível para um fundo europeu no sector, se não há uma definição clara do enoturismo, se há uma ausência de enquadramento legal?”. Para si, esta é uma actividade para a qual não existe ainda “um regime jurídico e em que se fica sem saber quais as normas a aplicar”. 

António Mendonça Mendes concluiu que se deve começar pelos números para que se perceba se o enoturismo pode ou não viver sozinho em território fiscal, “que justifique uma autonomização do setor”. Dos números que a APENO aferiu por estimativa, tendo em conta que não há números públicos reportados pelas entidades competentes, “o sector pode valer 750 milhões de euros para a economia portuguesa”, defendeu Luís Souto. “Não será uma verba suficiente para autonomizar o enoturismo?”.

Cientes de que o debate foi o primeiro passo dado para a criação de uma CAE, “a APENO já tem um dossiê preparado, com uma proposta, que será apresentado em breve ao INE”. 

Messias celebra 96 anos com 5 lançamentos especiais

Messias 96 anos

A caminho da celebração do centenário da sua fundação, que ocorrerá em 2026, a Messias juntou à mesa três das cinco gerações que completam a história da empresa com origem na Bairrada, fundada por Messias Baptista, lançando nesse momento cinco produtos muito especiais. Estas novidades vêm juntar-se a um vasto portefólio, que abarca vinhos tranquilos, […]

A caminho da celebração do centenário da sua fundação, que ocorrerá em 2026, a Messias juntou à mesa três das cinco gerações que completam a história da empresa com origem na Bairrada, fundada por Messias Baptista, lançando nesse momento cinco produtos muito especiais. Estas novidades vêm juntar-se a um vasto portefólio, que abarca vinhos tranquilos, espumantes, vinhos do Porto e aguardentes, oriundos de três regiões vitivinícolas: Bairrada, Dão e Douro.

Da Bairrada, região onde a empresa deu os primeiros passos, surgem os vinhos tranquilos Messias Clássico branco 2017, um lote composto pelas castas Bical e Cercial; e Messias Garrafeira tinto 1998, um vinho 100% Baga que homenageia a capacidade de guarda tão singular na região. Na categoria dos espumantes, o Messias Sur Lie é a grande novidade, com um pequeno “twist”: elaborado a partir de Chardonnay, pelo método clássico (faz a 2ª fermentação em garrafa), é colocado à disposição do consumidor sem ter sido feito o degorgement, dando oportunidade ao consumidor de estagiar e fazer evoluir este espumante em sua casa, ainda com as borras consequentes das leveduras, até decidir abri-lo. Seguindo uma tradição da empresa, e agora com novo design, é também lançada a Aguardente Vínica Velhíssima “Avô”. Finamente destilada, foi preservada durante anos em cascos, onde envelheceu nobremente. 

A partir de cinco castas tradicionais no Douro – Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Roriz, Tinta Barroca e Tinto Cão – nasce ainda o Messias 50 Anos, um Porto Tawny que estagiou por 5 décadas nos armazéns da Messias, em Vila Nova de Gaia. Um Tawny que, segundo o produtor, “retrata com sumptuosidade e delicadeza a história do vinho do Porto e a identidade de uma família”.

Jorge Moreira: 20 anos em La Rosa, e a somar

Jorge Moreira La Rosa

TEXTO Mariana Lopes Jorge entra como enólogo na Quinta de La Rosa em 2002, num ano menos bom para o Douro, sobretudo por causa da chuva do início de Setembro. Até aqui, a propriedade localizada junto ao Pinhão tinha David Baverstock como consultor, que, muitas vezes à distância, orientava por chamada telefónica o irmão da […]

TEXTO Mariana Lopes

Jorge entra como enólogo na Quinta de La Rosa em 2002, num ano menos bom para o Douro, sobretudo por causa da chuva do início de Setembro. Até aqui, a propriedade localizada junto ao Pinhão tinha David Baverstock como consultor, que, muitas vezes à distância, orientava por chamada telefónica o irmão da proprietária Sophia Bergqvist, Phillip, no processo de vinificação. Na verdade, foi Dirk Niepoort que alertou Sophia para a necessidade de um enólogo presente a 100% no projecto, e ele próprio se incumbiu de encontrar alguém “suited for the job”. Não demorou muito, e logo no dia seguinte o telefone voltou a tocar, com o nome de um jovem promissor. Jorge Moreira.

Na sua primeira vindima em La Rosa — a tal fatídica de 2002 — Jorge teve pouca sorte, mas já na altura mostrava a fibra que hoje lhe reconhecemos: no final do dia, os trabalhadores da vinha desertaram sem mais preocupações, mas o enólogo, numa imagem quase dantesca e por saber da urgência de colher as uvas, por causa da chuva, “apareceu com as caixas aos ombros e o sumo das uvas a escorrer-lhe pelas costas”, conta Sophia Bergqvist. E nesse momento, todos em La Rosa souberam que “aquele” era para ficar. Assim foi, durante pelo menos, 20 anos.

Jorge Moreira La Rosa
Sophia Bergqvist e Jorge Moreira, na noite de celebração dos 20 anos do enólogo no projecto.

“Graças ao Jorge, nós crescemos muito. É um homem espectacular”, afirma uma Sophia emocionada, durante o jantar de homenagem ao trabalho do enólogo, que organizou na quinta. “Foi um caminho de altos e baixos, e o Jorge esteve sempre lá. Não só no vinho, mas em tudo. Eu podia ir ter com ele por todas as razões, quer fosse um problema com a lancha ou com a piscina”, confessa a produtora. Este carinho, no entanto, é mutuo, e Jorge Moreira não o esconde: “Há 20 anos vim ter com a Sophia, e perguntei-lhe se um menino da cidade poderia vir fazer vinho para aqui. E assim foi. Nunca tivemos um problema um com o outro, descobrimos tudo isto que nos rodeia e construímos muita coisa nova, juntos. Hoje, estamos iguais [ri-se], a construir coisas novas, adegas, vinhas, vinhos… Agradeço a esta família o carinho incondicional e a amizade que me deram ao longo de todos estes anos”, declara.

Jorge Moreira, além de ser um dos enólogos de topo em Portugal — com cartas dadas tanto em La Rosa como no seu projecto pessoal Poeira, e também na Real Companhia Velha — é, acima de tudo, uma pessoa que não pede desculpa por ser quem é, nem pelo que faz bem. Pelo contrário, celebra-o, e isso, de certa forma, é refrescante. Em situações profissionais, por vezes apresenta uma “carapaça mais dura”, mas desengane-se quem pensa que é isso que o define. Um vinho pode demorar 20 anos a mostrar-se completamente. E um homem, também.

Amphora Wine Day bate recordes na quarta edição

Amphora Wine Day 2022

Com cinco dezenas de produtores e mil e quinhentos visitantes, a quarta edição, de 2022, do Amphora Wine Day, evento anual organizado pela Herdade do Rocim, em Cuba, foi a mais concorrida de sempre. Sábado, 12 de novembro foi um dia dedicado por inteiro ao vinho de talha (o qual, já agora, ambiciona ser património […]

Com cinco dezenas de produtores e mil e quinhentos visitantes, a quarta edição, de 2022, do Amphora Wine Day, evento anual organizado pela Herdade do Rocim, em Cuba, foi a mais concorrida de sempre. Sábado, 12 de novembro foi um dia dedicado por inteiro ao vinho de talha (o qual, já agora, ambiciona ser património imaterial da Humanidade pela UNESCO) assinalando uma tradição com mais de 2 mil anos. O Amphora Wine Day contou, este ano, com mais produtores, entre nacionais e estrangeiros, e com um programa alargado que teve como grande novidade as “Amphora Wine Talks”, lideradas pelo especialista de vinhos e director da Grandes Escolhas, Luís Lopes.  Embora seja ainda um vinho de nicho (representa só 0,1 por cento da produção de vinho alentejano – a CVR regional estima uma produção anual de 180 mil litros), a tendência tem sido de crescimento, principalmente em países como Japão, Norte da Europa e Brasil. 

“Acredito que os vinhos de talha ainda têm muito para crescer! Para a Herdade do Rocim, os vinhos de talha foram um momento de viragem para a marca. Começamos a engarrafar em 2012, embora na Herdade sempre fizesse vinho de talha não era para venda. Hoje, somos 23 produtores certificados e muitos mais que o fazem sem estarem certificados, Acredito, por isso, que estamos só a começar e que este vinho ainda tem muito mercado para conquistar”, adianta Pedro Ribeiro, enólogo e administrador da Herdade do Rocim.

Quando o projecto Amphora Wine Day nasceu, em 2018, os seus organizadores tinham em mente “apenas” assinalar a tradição do vinho de talha, abrir as portas aos interessados e celebrar o momento da abertura das ânforas. A dado momento do processo, resolveram lançar o desafio a vários produtores locais para se juntarem no evento. O resultado excedeu em muito as expectativas. “Admito que não pensava, nessa altura, e com uma pandemia pelo meio, que o Amphora Wine Day passasse a ter esta projecção e receptividade”, diz Pedro Ribeiro.  “Com este crescimento aumenta a responsabilidade e a quinta edição já está a ser preparada sendo certo que não vai desiludir”, promete.

Rei dos Leitões junta “Melhores Bairrada do Fim de Século” em jantar vínico

Rei Leitões jantar vínico

O desafio foi lançado por Luís Lopes, director da revista Grandes Escolhas, no decorrer da apresentação vínica de um dos grandes nomes da Bairrada, no restaurante Rei dos Leitões. Para o jornalista com mais de 30 anos de carreira no sector do vinho, a Bairrada é a grande região de Portugal no envelhecimento nobre dos vinhos […]

O desafio foi lançado por Luís Lopes, director da revista Grandes Escolhas, no decorrer da apresentação vínica de um dos grandes nomes da Bairrada, no restaurante Rei dos Leitões. Para o jornalista com mais de 30 anos de carreira no sector do vinho, a Bairrada é a grande região de Portugal no envelhecimento nobre dos vinhos tranquilos. E para o provar, desafiou o restaurante da Mealhada a realizar um jantar vínico que o atestasse, levando à prova mais de uma dezena de vinhos consagrados da região, de outros tantos nomes da história da Bairrada.

Luís Lopes
Luís Lopes, director editorial da Grandes Escolhas.

A selecção dos vinhos, por parte de Luís Lopes, recaiu sobre os 11 vinhos tintos que, na sua óptica pessoal, melhor espelham a grandiosidade da Bairrada, considerando-os os melhores criados no final do século XX.

Dono de uma garrafeira invejável, fruto do seu trabalho no sector e ávido coleccionismo ao longo das mais de três décadas de carreira, Luís Lopes disponibilizará todos os vinhos escolhidos, que vão desde o ano de 1985 até 2001. Nessa “short list” de eleitos, contam-se nomes como Sidónio de Sousa, Gonçalves Faria, Quinta de Baixo/Kompassus, Casa de Saima, Quinta das Bágeiras, Luis Pato e Quinta da Dôna.

O jantar, que terá lugar no restaurante Rei dos Leitões no próximo dia 2 de Dezembro, contará com o comentário de Luís Lopes sobre todos os vinhos apresentados, os quais serão harmonizados com a cozinha deste espaço de referência nacional. Ao Rei dos Leitões, caberá também a apresentação de alguns vinhos raros, oriundos da sua garrafeira, que inclui mais de um milhar e meio de referências da região da Bairrada.

Este jantar único, com lugares limitados — apenas 13 — tem um preço de €500, sendo que toda a receita reverterá a favor de instituições a escolher oportunamente pela organização.

Imprensa escolheu os melhores vinhos da Beira Interior em concurso

Concurso vinhos Beira Interior

TEXTO João Geirinhas Integrado no evento Beira Interior Vinhos e Sabores 2022 — que decorreu em Pinhel, de 18 a 20 de Novembro — aconteceu o concurso de vinhos Beira Interior Escolha da Imprensa, cujos prémios foram divulgados durante o certame. Aforista Colheira Seleccionada branco 2019, da Agrodaze Vinhos Aforistas, e Quinta dos Termos Talhão […]

TEXTO João Geirinhas

Integrado no evento Beira Interior Vinhos e Sabores 2022 — que decorreu em Pinhel, de 18 a 20 de Novembro — aconteceu o concurso de vinhos Beira Interior Escolha da Imprensa, cujos prémios foram divulgados durante o certame.

Aforista Colheira Seleccionada branco 2019, da Agrodaze Vinhos Aforistas, e Quinta dos Termos Talhão da Serra Rufete Reserva tinto 2019, levaram para casa o Grande Prémio Escolha da Imprensa. Numa prova que teve lugar nas instalações do Posto de Turismo de Pinhel, o Júri de 15 elementos, constituído por jornalistas e comunicadores especializados, avaliou os 64 vinhos em concurso, entre brancos, tintos, espumantes e rosados. De ano para ano, a feira de Pinhel, com organização do Município e colaboração da CVR Beira Interior, tem vindo a afirmar-se como um importante evento de divulgação e promoção dos vinhos e produtos endógenos não só do concelho, mas de toda a vasta e diversificada região que é a Beira Interior. 

Particularmente patente nos resultados obtidos no concurso deste ano, que contou mais uma vez com a colaboração da revista Grande Escolhas, foi a qualidade dos vinhos em prova e a sua forte identidade. Tanto os brancos como os tintos da Beira Interior revelam um carácter distintivo, em grande parte assente em castas com forte implantação local como a Síria e a Fonte Cal, nos vinhos brancos, e o Rufete, nos tintos, para além de uma grande diversidade de solos e morfologias próprias de uma região tão extensa. Destaque, também, para a grande quantidade de vinhos que apresentam a certificação de biológicos, ou que estão em vias de a receber, aproveitando as boas condições naturais e climáticas que a região oferece.

Foram ainda distinguidos com o Prémio Escolha da Imprensa, na categoria de brancos, mais oito vinhos: 7 Capelas 2018, Adega 23 2020, Adega do Fundão Private Selection 2019, Bal da Madre Biológico 2020, Beira Serra Reserva 2017, Convento de Marialva Colheita Selecionada 2020, Quinta do Cardo Biológico Superior 2021 e Quinta dos Currais Colheita Selecionada 2020. O melhor espumante foi o Exilado Bruto Natural Grande Reserva 2015 e o melhor Rosado foi o Pinhel Terras da Beira 2021. Na categoria de vinhos tintos, foram galardoados, com o Prémio Escolha da Imprensa, os seguintes: Adega do Fundão Private Selection 2018, Beyra Garrafeira 2017, Entre Serras 2018, Entrevinhas Grande Reserva 2018, Marquês d’Almeida Reserva 2018, Pinhel Celebração 250 Anos Premium 2018, Quinta da Biaia Biológico Reserva 2018, Quinta das Senhoras Dona Carolina Grande Reserva 2015, Quinta do Cardo Biológico Reserva 2019 e Raya 2017.

IVDP organizou masterclass memorável de vinhos do Porto da década de 80

IVDP masterclass vinho porto

No âmbito das comemorações do Port Wine Day, pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), foi promovida uma masterclass de vinhos do Porto da década de 80, numa vertente didáctica, onde cada um dos 10 vinhos foi apresentado pela respectiva casa produtora, seguindo-se uma conversa à volta das referências em prova. TEXTO […]

No âmbito das comemorações do Port Wine Day, pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), foi promovida uma masterclass de vinhos do Porto da década de 80, numa vertente didáctica, onde cada um dos 10 vinhos foi apresentado pela respectiva casa produtora, seguindo-se uma conversa à volta das referências em prova.

TEXTO Valeria Zeferino

Paulo Russel-Pinto — Certified Port Educator e membro da Câmara de Provadores do IVDP — descreveu a conjuntura geral na indústria do vinho do Porto nesta época. A década de 80 foi marcada por três acontecimentos principais relacionados com vinhos do Porto e do Douro. Em 1982, foi criado o regulamento para a DOC Douro. A partir de meados da década, teve início o Projecto de Desenvolvimento Rural Integrado de Trás-os-Montes (PDRITM). E, finalmente, foi autorizada a comercialização e exportação directa a partir do Douro por produtores não sediados em Vila Nova de Gaia. 

Começou-se com o Dalva Golden White 1989, uma marca conhecida pelos seus Colheita brancos. O director de enologia da Gran Cruz, José Manuel Sousa Soares, contou que em 2007, quando o grupo adquiriu a C. da Silva e a marca Dalva, ficou com um grande stock de vinhos em casco. Já existia o Dalva Golden White 1952 e depois lançaram o 1963, 1971 e 1989, escolhendo o melhor por década, pela complexidade e profundidade em boca. 

De cor âmbar, o vinho apresentou grande intensidade aromática com pêssego em calda, alperce, passas e mel de laranjeira. Com untuosidade e muito sabor e frescura proporcionada pelas castas brancas, persistiu no palato, longo e profundo.

Seguiu-se o Niepoort Vintage 1987, um ano de baixa produção e poucas declarações. Dirk Niepoort declarou a razão pela qual gostou do lado mais elegante do vinho. E, realmente, o vinho apresenta uma cor menos concentrada, com aromas delicados de fruta vermelha e cogumelos, notas de terra e resinas, chá de rosa-mosqueta e doce de tomate. Muita sedosidade na textura e macieza geral. Parece frágil, mas aguenta-se bem no seu registo elegante. 

IVDP prova vinho porto

De 1985, ano quente em toda a região até ao final da vindima, dois Vintage Clássicos: Graham’s e Taylor’s. O primeiro preservou muita concentração quer na cor, quer no palato. Surgem notas de granito, bagas de fruta com película macerada, cereja e ameixa madura, eucalipto delicado e flores secas. Denso, aveludado, com tanino a mostrar garra, a assegurar a estrutura e a conferir a vivacidade de conjunto, muito envolvente. O segundo Vintage, feito com maior número de castas, mostrou-se mais aberto na cor, com menos concentração, mas ainda com elegância e sedosidade, a revelar fruta vermelha, geleia de ameixa e leve floral. 

O ano 1983, um dos mais amenos da década, foi exemplificado pelo Vintage Offley Boa Vista. Este demonstrou fruta mais discreta na sua vertente mais balsâmica com notas mentoladas e caruma. Tanino decisivo e intenso, sem ser muito cheio, tem uma óptima estrutura e força.

Do bastante seco ano 1982, provou-se um Colheita e um Vintage. O Andresen Colheita, de bonita cor âmbar, impressionou pela sua intensidade e complexidade aromática. Revelou notas de tâmaras, casca de laranja, madeiras exóticas. Estratificado, com acidez cítrica vibrante. Evoluía no copo a cada minuto que passava e permanecia no palato por imenso tempo. O Ramos Pinto Vintage, por sua vez, revelou uma cor bastante profunda, mostrando um lado floral, fruta compotada, ameixa doce, chá preto e rosas. Muito melado na textura, com bom nível de tanino. 

Da Kopke, a mais antiga casa de vinho do Porto, famosa pelos seus Porto velhos, surgiu o Colheita 1981. De cor topázio com laivos avermelhados, mostrou-se rico e guloso. Ameixa seca, especiaria (canela, cravinho e noz-moscada). Amplo, com grande equilíbrio e frescura.

A terminar a década, dois colheitas de 1980: Royal Oporto e Messias, de perfis completamente diferentes. O Royal Oporto, tijolado na cor e discreto no aroma, com especiaria, ameixa seca, iodo, tâmaras, figo seco, xarope de cenoura, não muito prolongado na boca; e Messias, de cor dourada, revelou doce de laranja, marmelada, flor de laranjeira, largo, mas com bom foco, a terminar com uma boa secura. 

Foi bem exemplificativa esta prova que permitiu comparar os estilos das casas diferentes, através dos vinhos do Porto de duas principais categorias com indicação de vindima (Vintage e Colheita), originários da década 80.

Portugal tem 5 novos restaurantes com Estrela Michelin e 7 com dupla Estrela

Estrelas Michelin Portugal

Na cerimónia que aconteceu esta terça-feira, dia 22 de Novembro, em Toledo, Espanha, a chuva de Estrelas Michelin para o guia de 2023 “abençoou” 38 restaurantes de Portugal, 5 dos quais estreantes. Assim, o país conta agora com 7 restaurantes com dupla estrela, e 31 com uma estrela. Já a Estrela Verde — insígnia que […]

Na cerimónia que aconteceu esta terça-feira, dia 22 de Novembro, em Toledo, Espanha, a chuva de Estrelas Michelin para o guia de 2023 “abençoou” 38 restaurantes de Portugal, 5 dos quais estreantes. Assim, o país conta agora com 7 restaurantes com dupla estrela, e 31 com uma estrela. Já a Estrela Verde — insígnia que premeia a componente sustentável dos restaurantes — foi atribuída a três espaços portugueses.

Em Toledo, foi ainda anunciado que, no próximo ano, o Guia Michelin ibérico fará a cerimónia em Portugal e Espanha, dividida por dois eventos. Segundo a organização, que está a trabalhar neste sentido junto do Turismo de Portugal, há a vontade de “contribuir para a promoção de Portugal como destino gastronómico incontornável”.

Restaurantes com 2 Estrelas Michelin:

Novos restaurantes com 1 Estrela Michelin:

Outros restaurantes com 1 Estrela Michelin:

APENO promove primeiro debate público sobre Enoturismo

APENO debate Enoturismo

Em parceria com a ABREU Advogados, a Associação Portuguesa de Enoturismo (APENO) organiza um debate público — que terá lugar na sede da Abreu Advogados (Av. Infante D. Henrique 26, Lisboa) no dia 29 de Novembro, das 16h30 às 18h30 — com o objectivo, sobretudo, de discutir a urgência na organização do Enoturismo português e […]

Em parceria com a ABREU Advogados, a Associação Portuguesa de Enoturismo (APENO) organiza um debate público — que terá lugar na sede da Abreu Advogados (Av. Infante D. Henrique 26, Lisboa) no dia 29 de Novembro, das 16h30 às 18h30 — com o objectivo, sobretudo, de discutir a urgência na organização do Enoturismo português e de tentar encontrar soluções, de forma construtiva e eficaz, para algumas das lacunas do sector.

“A falta de legislação, de números oficiais e do enquadramento fiscal do Enoturismo são algumas das questões que serão postas em cima da mesa, num diálogo aberto e seguramente produtivo, que abrirá novos horizontes para o sector em Portugal”, explica a direcção da APENO.

O debate será moderado pela jornalista Margarida Vaqueiro Lopes, da revista Exame, e contará com intervenientes de elevada relevância para o tema, nomeadamente António Mendonça Mendes, Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais; António Abrantes, Secretário-Geral da Confederação do Turismo de Portugal; Alexandre Mestre, Co-Responsável pelo Sector Agro-Alimentar da Abreu Advogados; e Luís Souto, Vice-Presidente da APENO. 

Com um caminho pioneiro e inovador no Enoturismo no país, a APENO, como avança Luís Souto, “pretende assim ajudar a cimentar este sector, com o apoio das mais destacadas personalidades do Vinho e do Turismo em Portugal. Falamos muito de Enoturismo mas a sua definição está ultrapassada e é um sector sem números. Sem a quantificação desta Atividade Económica não podemos trabalhá-la de forma eficaz nem saber quanto vale o sector. Este debate pretende, assim, sensibilizar as entidades competentes para estas questões”.

Sobre a lacuna da legislação, o advogado Alexandre Mestre avança que “não existe a nível nacional ou internacional legislação neste sector, o que é estranho, já que o Enoturismo tem conquistado uma grande visibilidade mundial nos últimos anos. Seria interessante existir legislação nesta área, não de forma burocratizada, complicada, mas com regras básicas, de orientação, que permitissem trabalhar melhor o Enoturismo. Acredito que estamos a fazer um trabalho pioneiro nessa área”. 

Qualquer profissional do sector, associado ou não da APENO, poderá assistir ao debate. O formulário de inscrição encontra-se AQUI.

UTAD dá a provar queijos e vinhos Alumni e convida para tertúlia

Queijos vinhos Alumni

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) apresenta hoje, dia 11 de novembro de 2022, a “Prova dos Novos – UTAD Alumni Wine & Cheese Collection 2022”, um evento onde está presente a Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato. Um quarteto de vinhos e um trio de queijos — o mais recente produto da marca […]

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) apresenta hoje, dia 11 de novembro de 2022, a “Prova dos Novos – UTAD Alumni Wine & Cheese Collection 2022”, um evento onde está presente a Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato. Um quarteto de vinhos e um trio de queijos — o mais recente produto da marca Alumni — nascidos das mãos de antigos alunos da academia transmontana, compõem a oferta deste ano.

“A UTAD era a única universidade portuguesa com vinhos de autor, produzidos pelos seus ex-alunos de enologia. Agora, passa a incluir também uma gama de queijos, que herda o conhecimento científico e o saber-fazer dos nossos Alumni do agroalimentar”, afirma o reitor da UTAD, Emídio Gomes.

O queijo é o grande destaque desta 5ª edição do evento, apresentando-se em três variedades: queijo de vaca elaborado por Zulmira Lopes, queijo curado de ovelha da responsabilidade de João Reis e queijo de cabra produzido em Trás-os-Montes por Inácio Neto. Estes sabores são harmonizados com os vinhos produzidos por Sandra Alves (um branco criado no Alentejo), Martta Reis Simões (um vinho tinto nascido na região de Lisboa), Tiago Alves de Sousa (um Vinho do Porto) e Sofia Caldeira (um espumante vindo da ilha da Madeira).  

A degustação dos produtos Alumni é precedida de um programa que inclui um workshop dedicado à produção de queijo fresco, um curso de iniciação à prova de vinhos, na metodologia do sommelier, e uma conversa à volta dos queijos, uma tertúlia de entrada livre que acontece às 15 horas, no Auditório da Associação Académica (Pedrinhas), com os convidados Zulmira Lopes, autora Queijo Alumni, Cristina Conceição, da Universidade de Évora, Paulo Martins, Alumni UTAD e José Silva, jornalista.