Duarte Leal da Costa assume controlo da Ervideira

Ervideira, Duarte Leal da Costa, Nelson Rolo

O gestor da Ervideira – Sociedade Agrícola, Duarte Leal da Costa, assegurou recentemente a maioria do capital da sociedade que detinha com os seus irmãos. A negociação está finalizada e Duarte, a face mais visível deste produtor alentejano, passou a ter o controlo da gestão. Duarte já nos tinha confidenciado que pretendia mudar a estratégia […]

O gestor da Ervideira – Sociedade Agrícola, Duarte Leal da Costa, assegurou recentemente a maioria do capital da sociedade que detinha com os seus irmãos. A negociação está finalizada e Duarte, a face mais visível deste produtor alentejano, passou a ter o controlo da gestão.
Duarte já nos tinha confidenciado que pretendia mudar a estratégia da casa e, como já noticiamos, investir em vinha e novos mercados. O controlo que agora assumiu vai-lhe permitir prosseguir mais facilmente esta estratégia, que aponta para fazer subir o seu portefólio de vinhos e crescer na hierarquia, abandonando definitivamente a ‘guerra’ dos vinhos de baixo preço. As mudanças na vinha que têm vindo a ser operadas vão já neste sentido: foram abandonadas algumas castas com menor interesse enológico, ao passo que entraram novas variedades com maior potencial para vinhos de média e alta gama. Nelson Rolo, o enólogo da casa há muitos anos, é parte integrante da estratégia.
Por outro lado, o histórico da casa no mercado também ajuda. Nos últimos anos, a Ervideira tem registado um crescimento na procura dos seus vinhos premium e super-premium, invertendo a pirâmide de comercialização e tornando-se, numa década, numa empresa que factura mais em vinhos de topo que em vinhos de gama média. Financeiramente, a empresa está “saudável” e tem vindo a ser considerada ‘PME Líder’.
O cariz familiar da empresa continua: a 5ª geração de produtores vai já começar a trabalhar, com os filhos de Duarte Leal da Costa a assumir mercados externos como Angola, Moçambique, Brasil, Estados Unidos, Canadá, e Países Nórdicos – mercados em que a empresa não estava presente, ou nos quais procura fortalecer a sua presença, como é o caso do Brasil.
A empresa promete mais no futuro, tendo já previsto o lançamento de um vinho resultante de Agricultura Biológica na categoria premium. O vinho vai chamar-se Ervideira Bio-Nature e, diz a empresa em comunicado de imprensa, “promete ter uma excelente relação qualidade/preço para o patamar ao qual se propõe”.
A Ervideira produz vinho desde 1880 e possui actualmente um total de 160 hectares de vinha, distribuídos pelas sub-regiões da Vidigueira (110 ha) e Reguengos (50 ha). Entre os seus vinhos, estão marcas como Conde D’Ervideira, Invisível, Vinha D’Ervideira, Terras D’ervideira e Lusitano.
(texto de António Falcão, fotografia de Ricardo Palma Veiga)

Simplificar com a Nosy Wine Club

Nosy Wine Club

Já existem muitas “boxes” mensais dos mais variados temas: comida saudável, cosméticos, livros, roupa, acessórios, etc. O subscritor paga um valor mensal, geralmente bastante compensatório, e recebe todos os meses um sortido de produtos, em alguns casos surpresa, noutros não. Agora, chegou a vez do vinho. A Nosy Wine Club envia uma caixa com três […]

Já existem muitas “boxes” mensais dos mais variados temas: comida saudável, cosméticos, livros, roupa, acessórios, etc. O subscritor paga um valor mensal, geralmente bastante compensatório, e recebe todos os meses um sortido de produtos, em alguns casos surpresa, noutros não.
Agora, chegou a vez do vinho. A Nosy Wine Club envia uma caixa com três vinhos surpresa, escolhidos por um especialista mundial diferente em cada mês. Há duas modalidades: caixa de €25 + portes de envio, em que as garrafas têm um preço médio de €8 cada, e de 50€ + portes, com vinhos que custam cerca de 15€. Não há fidelização e são incluídos vinhos portugueses e estrangeiros, além de um fascículo com entrevista ao “expert” e informações sobre cada produto.
A nova empresa pretende “trazer de volta a diversão de descobrir novos vinhos, sem se ter de passar horas a olhar para a prateleira do supermercado (…)”.
A inscrição faz-se em nosywineclub.com/start.
(Texto de Mariana Lopes)

INseparable Gin apresentou-se

INseparable gin, destilaria

Um novo gin português chegou ao mercado. O INseparable usa uma garrafa personalizada e é produzido ao pé de Torres Vedras. O seu criador principal é Luís Afonso, que testou quase uma centena de botânicos para criar a ‘receita’. O Gin INseparable resultou da vontade de oito amigos, comensais semanais que são ainda amantes do […]

Um novo gin português chegou ao mercado. O INseparable usa uma garrafa personalizada e é produzido ao pé de Torres Vedras. O seu criador principal é Luís Afonso, que testou quase uma centena de botânicos para criar a ‘receita’.
O Gin INseparable resultou da vontade de oito amigos, comensais semanais que são ainda amantes do bom vinho, da boa gastronomia e… do bom gin. Era, aliás, tradição beberem um gin antes de todas as refeições e, como vários participantes têm viagens frequentes ao estrangeiro, procuraram ir comprando novas marcas e ir variando  ao longo dos anos. Não sabemos quantos gins diferentes provaram, mas Luís Afonso diz que tem cerca de 200 garrafas diferentes consigo.
As primeiras destilações foram feitas num alambique caseiro pouco maior do que uma panela de pressão. Quando a fórmula ficou pronta, tinha 36 botânicos, incluindo mel. Luís Afonso garantiu-nos que não usam essências e componentes artificias, que tudo neste gin é natural.
Actualmente, a empresa já possui uma destilaria própria, que funciona praticamente todos os dias (na foto). “É aqui que me sinto feliz”, disse-nos Luís Afonso na apresentação do produto à imprensa, que ocorreu no bar/restaurante Siesta, em Lisboa. A felicidade costuma dar bons resultados e, pelo que provámos (em dois serviços diferentes, um deles com malagueta flutuante), o criador acertou em cheio.
A distribuição nacional está a cargo da Drinks Nation. O preço do INseparable gin ronda os €45 no retalho, em garrafa de 0,5 litros.

INseparable gin

Vale Meão 2015 ganhou “selecção do enófilo”

Quinta do Vale Meão 2015

O “Prémio Selecção do Enófilo” foi uma iniciativa do Clube Enoteca que decorreu durante a feira Grandes Escolhas Vinhos&Sabores, em final de Outubro. A iniciativa foi aberta a todos os visitantes e funcionou da seguinte maneira: à entrada na Feira, cada visitante recebia um cartão de voto onde menciona os 3 vinhos que mais lhe […]

O “Prémio Selecção do Enófilo” foi uma iniciativa do Clube Enoteca que decorreu durante a feira Grandes Escolhas Vinhos&Sabores, em final de Outubro. A iniciativa foi aberta a todos os visitantes e funcionou da seguinte maneira: à entrada na Feira, cada visitante recebia um cartão de voto onde menciona os 3 vinhos que mais lhe agradaram nas provas feitas. O produtor do vinho mais referido nestes cartões iria receber o prémio Selecção do Enófilo 2017. Esse vinho foi o Quinta do Vale Meão Douro tinto 2015. Já foram também divulgados os 50 prémios, sorteados pelos que deixaram o cartão preenchido à saída da feira. Os prémios iam desde uma garrafa de Barca Velha até a um conjunto de duas garrafas de Anselmo Mendes Alvarinho 2016. Já agora, a maioria dos premiados são de Lisboa, mas alguns vieram de quase todas as regiões do país. A listagem completa pode ser encontrada aqui.
http://www.enoteca.pt/noticias/premio-selecao-do-enofilo-1512043393
Refira-se que o Clube Enoteca é o mais antigo e prestigiado clube de vinhos português e conta com mais de 11.000 sócios.

“Foi Sua Excelência que pediu um Dona Antónia?”

O Porto Ferreira vai ter uma nova campanha de comunicação para este Natal. O regresso da marca à publicidade traz uma campanha com enfoque na gama Dona Antónia, líder de vendas no seu segmento em Portugal, apresentando-a como sugestão de presente de Natal ou, pura e simplesmente, para se apreciar. Inspirada num dos slogans mais […]

O Porto Ferreira vai ter uma nova campanha de comunicação para este Natal. O regresso da marca à publicidade traz uma campanha com enfoque na gama Dona Antónia, líder de vendas no seu segmento em Portugal, apresentando-a como sugestão de presente de Natal ou, pura e simplesmente, para se apreciar. Inspirada num dos slogans mais icónicos da história da publicidade em Portugal – “Foi você que pediu?” –, esta campanha de Natal com Dona Antónia avança com cinco frases diferentes, num registo mais descontraído e sofisticado: “Foi Sua Excelência que pediu um Dona Antónia?”, “Foi a Senhora Sua Mãe que pediu um Dona Antónia?”, “Foi o Seu Caríssimo Sogro que pediu um Dona Antónia?”, “Foi o estimado que pediu um Dona Antónia?” e “Foi o caríssimo que pediu um Dona Antónia?”.

Quinta Nova N.S. Carmo “voa” na Emirates

O Mirabilis Grande Reserva Tinto 2015 foi selecionado para viajar a bordo da First Class da Emirates nos voos entre Lisboa, Dubai e Luanda. Esta companhia aérea, que possui a maior frota mundial de aviões de longo curso, tem realizado uma grande aposta no segmento de luxo e diferenciação pelo melhor serviço de vinhos do […]

O Mirabilis Grande Reserva Tinto 2015 foi selecionado para viajar a bordo da First Class da Emirates nos voos entre Lisboa, Dubai e Luanda. Esta companhia aérea, que possui a maior frota mundial de aviões de longo curso, tem realizado uma grande aposta no segmento de luxo e diferenciação pelo melhor serviço de vinhos do mundo.
Com origem em vinhas velhas, Tinta Amarela e 10% seleção de barricas este é, segundo o enólogo Jorge Alves, um vinho de “grande sofisticação, profundo e tridimensional, com grande persistência aromática e física”.
“A integração deste vinho na carta premium da Emirates é, acima de tudo, o reconhecimento da qualidade e uma forma de divulgação privilegiada, permitindo o fortalecimento da notoriedade da marca junto de um público com elevado poder de compra de todo o mundo”, afirma Paula Sousa, da Quinta Nova.

A hora do Douro

Nunca houve um momento melhor para apreciar os vinhos do Douro. A região está em alta, ao nível da qualidade e da notoriedade, e nem sequer é preciso pagar por aí além para ter acesso a uma muito boa garrafa. Pelo menos por enquanto…   TEXTO Dirceu Vianna Junior MW FOTOS Ricardo Palma Veiga NAS […]

Nunca houve um momento melhor para apreciar os vinhos do Douro. A região está em alta, ao nível da qualidade e da notoriedade, e nem sequer é preciso pagar por aí além para ter acesso a uma muito boa garrafa. Pelo menos por enquanto…

 

TEXTO Dirceu Vianna Junior MW FOTOS Ricardo Palma Veiga

NAS ruínas de um bar em Pompeia foram encontradas inscrições numa parede indicando que o vinho de Falerno, na época feito nas encostas cerca da fronteira entre Lazio e Campania, custava quatro vezes mais do que os outros vinhos locais. Podemos fazer comparações entre esse famoso vinho da antiguidade e um Premier Grand Cru Classé da região de Bordéus ou alguns dos Borgonhas exclusivos de hoje, como o Domaine Romanée-Conti. Esses vinhos possuem várias coisas em comum, visto que, cada um em sua época, se destacaram pela sua grande reputação, preço elevado e elevada procura. A notoriedade do vinho de Falerno foi reforçada quando foi servido num banquete em homenagem a Júlio César, já no ano 60 aC.

Em Portugal, os vinhos do Douro sempre ocuparam um lugar de distinção e historicamente comandaram preços mais elevados. Já no século XVI, os vinhos do Douro eram vendidos por 5 reis por quartilho (medida da época equivalente a cerca de meio litro), em comparação com os 3 reis por quartilho cobrados por vinhos da região do Minho.

Mais recentemente, os vinhos do Douro têm recebido atenção crescente de críticos e publicações de vários cantos do globo, especialmente dos Estados Unidos. Em 2014, três vinhos do Douro ocuparam os quatro melhores lugares na lista dos 100 melhores vinhos do ano publicada pela conceituada revista “Wine Spectator”. Com certeza, a notícia deve ter surpreendido muitos americanos. Mais recentemente, o Barca Velha 2008 recebeu uma pontuação máxima da publicação “Wine Enthusiast”. Esta é uma excelente notícia não apenas para o Douro mas para todas as regiões, dando foco aos vinhos nacionais, ajudando a construir a imagem de Portugal no exterior e beneficiando o país como um todo.

Em comparação direta com algumas das melhores regiões da França, o Douro é tão grandioso quanto Bordéus, tão misterioso e complexo quanto a Borgonha e tão bonito, se
não mais, do que a Alsácia. No entanto, ainda falta a capacidade de comunicação e marketing, juntamente com a confiança e sabedoria de como construir marcas, que possuem os produtores da região de Champanhe.

Não há dúvida de que é preciso tempo para que uma região vitivinícola realmente se afirme. Temos de estar conscientes de que a venda direta de Vinho do Porto da propriedade para clientes internacionais, sem passar pelo entreposto de Vila Nova de Gaia, só foi permitida quando Portugal se juntou à União Europeia, há pouco mais de três décadas. Compreensivelmente, pode haver ainda um pouco de insegurança por parte de alguns produtores, mas não deveria haver razão para isso.

A verdade é que uma energia positiva paira sobre o vale. A experiência de produtores mais velhos mistura-se com a ambição, criatividade e talento dos produtores mais jovens e, consequentemente, a qualidade nunca foi tão elevada. Além de um grupo de profissionais de excelente nível, o apreciador internacional deve perceber que o Douro possui um dos melhores ‘terroirs’ do mundo.

Embora ‘terroir’ seja uma palavra francesa, o conceito inclui todos os aspectos físicos de um vinhedo e, portanto, o termo pode ser aplicado em qualquer outro lugar. Se os produtores da Borgonha falam sobre diferentes nuances que Pinot Noir e Chardonnay manifestam num vinho devido a exposições distintas ou ao tipo de solo especifico, os produtores do Douro devem não apenas reconhecer mas gritar e espalhar aos quatro ventos, para que todo o mundo ouça, as combinações de microclimas, geologias, altitudes, exposições e variedades locais presentes nos vinhedos das maravilhosas encostas do rio Douro e seus afluentes. Com este recurso excepcional em mãos, há apenas um caminho a seguir e esse caminho é em busca de excelência.

Valorizar a região e a marca
Como qualquer outra atividade comercial, os produtores de vinho precisam de procurar um retorno de capital adequado para o seu investimento. Uma região como o Douro não deve pensar em concorrer em preço contra países como o Chile, Argentina e a maioria das regiões espanholas e italianas, por exemplo. A economia de escala, devido ao tamanho das propriedades, rendimento por hectare, topografia e consequentemente os custos de operação, não está a favor da grande maioria dos produtores da região. Lutar contra o preço com o objetivo de fazer alguns centavos por garrafa, simplesmente não é uma opção viável para aqueles que estão no sector com uma visão de longo prazo com intuito de avançar, reinvestir e ter um modelo de negócio corretamente estruturado. Dada a natureza física e os aspectos socio-económicos da região, o foco deve ser em alta qualidade e os viticultores, produtores e suas equipas de trabalho merecem ser recompensados justamente.

Além da busca pela qualidade, os produtores precisam de investir tempo e recursos em aspectos ligados à comunicação e construção de sua marca. Marchese Mario Incisa della
Rocchetta, da Tenuta San Guido, responsável pela criação do famoso super- toscano Sassicaia, certa vez compartilhou a sua sabedoria afirmando que metade do preço do vinho que ele vende está relacionado com a qualidade do líquido dentro da garrafa. A outra metade tem a ver com a história por trás do rótulo, a emoção e a inspiração que incita na mente dos seus clientes.

O Douro ocupa um lugar de distinção entre as regiões vitivinícolas portuguesas e com razão

Na minha opinião, apenas uma minoria dos produtores portugueses é capaz de contar uma história convincente sobre sua propriedade, tornar a sua marca memorável ou criar uma experiência única na mente do consumidor. O grupo de produtores entitulado ‘Douro Boys’ faz um bom trabalho, ajudando elevar o estatuto da região. Algumas das grandes casas de Vinho do Porto possuem equipas de marketing competentes, capazes de comunicar com eficácia, e também contribuem expandindo a reputação da região. Isto deve ser apreciado e admirado por todos os produtores durienses. Este grupo não está apenas construindo sua própria marca, mas fortalecendo a região como um todo, da mesma forma que Robert Mondavi fez para o Napa Valley na década de 60, Cloudy Bay fez para a Nova Zelândia nos anos 80 e Eduardo Chadwick fez para o Chile nos últimos tempos.

O Douro ocupa um lugar de distinção entre as regiões vitivinícolas portuguesas e com razão. Os vinhos geralmente possuem preços mais elevados e, na maioria dos casos, merecidamente. Como consumidor, lembro-me do privilégio poder desfrutar regularmente dos melhores vinhos da região de Bordéus e de vinhos exclusivos da Borgonha com amigos há alguns anos. Essas oportunidades diminuíram para pouquíssimas vezes ao longo do ano. Estes vinhos são simplesmente muito caros para a maioria dos consumidores, a menos que se seja um multimilionário.

Em comparação, grande parte dos vinhos do Douro ainda estão acessíveis para a maioria das pessoas que apreciam qualidade e não se importam de pagar até 15 euros por uma garrafa, pelo menos para celebrar uma ocasião especial. A hora de beber e desfrutar dos vinhos do Douro é agora. A qualidade nunca foi melhor e os preços da maioria dos vinhos ainda estão ao alcance da grande parte dos consumidores.

Como um profissional auxiliando empresas em várias partes do mundo, ou como um consumidor quotidiano, algo que me dá grande satisfação é descobrir vinhos que oferecem ótima relação entre custo e benefício e poder compartilhar as minhas descobertas. Alguns dos vinhos que selecionei para este artigo representam excelentes compras.

Enquanto os produtores tomam providências necessárias para refinar as suas habilidades na parte de comunicação, marketing e construção de marca, o que inevitavelmente levará a um aumento do conhecimento do consumidor e maior procura, os consumidores que apreciam vinhos do Douro devem aproveitar.

À medida que o conhecimento se espalhar e apreciadores de outras partes do mundo descobrirem o incrível custo e benefício oferecidos por estes vinhos, a tendência será que os preços venham a aumentar. Acredito que a hora de apreciar esses tintos de excelente relação qualidade-preço é agora. Nunca houve um momento melhor para apreciar os vinhos do Douro.

Vinhos recomendados
Pó de Poeira (Douro tinto 2015)
Jorge Moreira
17,5 valores
PVP € 14

Casa Ferreirinha Callabrigaa (Douro tinto 2014)
Sogrape
17,5 valores
PVP € 13,50

Castelo d’Alba Limited Edition (Douro tinto 2013)
Rui Madeira
17,5 valores
PVP € 15,95

Manoella (Douro tinto 2015)
Wine & Soul
17 valores
PVP € 12,95

Quinta do Portal (Douro Reserva tinto  2014)
Quinta do Portal
17 valores
PVP € 14,50

Crasto Superior (Douro tinto 2014)
Quinta do Crasto
17 valores
PVP € 14,90

Post Scriptum de Chryseia (Douro tinto 2014)
Prats+Symington
17 valores
PVP € 14

Vallado Quinta do Orgal (Douro tinto 2015)
Quinta do Vallado
17 valores
PVP € 14

Meandro do Vale Meão (Douro tinto 2015)
F. Olazabal & Filhos
16,5 valores
PVP € 11

Quinta do Ataíde (Douro tinto 2014)
Symington Family Estates
16,5 valores
PVP € 12,90

Filipa Pato: a devoção à terra

O programa da feira incluiu duas visitas a produtores da região. A primeira levou-nos a casa de Filipa Pato e William Wouters, um casal apaixonado pelo vinho e pela terra onde eles nascem. Da vinha e da horta vieram os produtos que se combinaram na perfeição para um almoço inesquecível.   TEXTO Luís Francisco FOTO […]

O programa da feira incluiu duas visitas a produtores da região. A primeira levou-nos a casa de Filipa Pato e William Wouters, um casal apaixonado pelo vinho e pela terra onde eles nascem. Da vinha e da horta vieram os produtos que se combinaram na perfeição para um almoço inesquecível.

 

TEXTO Luís Francisco FOTO Ricardo Palma Veiga NOTAS DE PROVA Luís Lopes

A Bairrada é uma terra intrincada. Por causa do minifúndio, por causa dos bairrismos, por causa da sua variedade de micro-climas. E também por causa da sua rede viária – a linha do comboio obriga a desvios por vezes quase labirínticos. Por isso, quando Filipa Pato recebe a comitiva e explica que escolheu aquele caminho para podermos contemplar as vinhas antes de chegarmos à adega, muito poucos sabem do que ela está a falar. Mas não é preciso tirar um curso de bairradino para apreciar a beleza da paisagem. E perceber que a filosofia da casa assenta, antes de mais, numa enorme devoção à terra.

Estamos em Óis do Bairro, uma das mais afamadas localizações da região, o olhar percorrendo o mar de vinhas que se estende logo abaixo da linha do casario, escorrendo encosta abaixo até encher o vale confinante. Crescem em terrenos argilo-calcários, cultivados em modo biodinâmico (a certificação biológica virá em 2018) com recurso a plantas e animais locais – soltam as galinhas para estas controlarem os caracóis, ovelhas “emprestadas” tratam de limpar o terreno de ervas daninhas. Da vinha subimos à adega, por onde passamos antes de subirmos ao andar de cima, onde está posta a mesa. Na cave, pipas, tonéis e ânforas de barro com tampas metálicas alinham-se por baixo das vigas onde repousam as garrafas vazias dos vinhos que se vão bebendo. E, a fazer fé na amostra, Filipa e William Wouters, o marido, fazem muita “espionagem industrial”…

William é belga e um chef de grande nível. Durante anos, teve o seu próprio restaurante (e “alimentou” a selecção belga de futebol no Mundial 2014 e no Europeu 2016), mas agora cozinha em casa, alinhavando refeições inesquecíveis para quem visita a casa. O enoturismo, aliás, é a nova aposta deste casal, com um programa que inclui, invariavelmente, a harmonização dos vinhos da casa com os pratos ali confecionados, usando produtos locais. A receita estaria sempre condenada ao sucesso, mas o talento de William e a qualidade dos vinhos acrescentam um toque de magia.

Nos seus 15 hectares de vinha, Filipa procura fazer jus ao lema “Vinhos Autênticos, Sem Maquilhagem”. Aposta nas castas locais (Baga, nos tintos; Bical, Maria Gomes, Cercial e Arinto, nos brancos) e na adega tenta ao máximo respeitar a expressão dos diferentes terroirs. A vinificação é feita separadamente para cada parcela e como cada uma tem características diversas, é possível, por exemplo, fazer vinhos diferentes com a mesma casta. “Só trabalhamos com Baga, mas assim temos várias Bagas.”

Na mesa isso torna-se bem evidente. Um Post Quer..s tinto 2016 casa na perfeição com um “Gazpacho de tomates e morangos com manjericão”; o Nossa tinto 2015 acompanha o carré de cordeiro assado no forno. Ambos são Baga, mas em registos completamente diferentes. Daí a pouco, no pátio, com a serra do Caramulo na linha do horizonte, a memória mais recente é a do licoroso Espírito de Baga 2013, um surpreendente generoso com alma de chocolate preto. A Baga é um mundo.

Casa de Saima: tradição e grandes vinhos

Há novidades em tons de branco e tinto na Casa de Saima. Numa casa que sempre fez grandes vinhos, o desafio é manter a tradição – na filosofia de trabalho e no estatuto de porta-estandarte da região. O enólogo Paulo Nunes conduziu uma prova que nos fez viajar no tempo, com vinhos “de classe mundial”. […]

Há novidades em tons de branco e tinto na Casa de Saima. Numa
casa que sempre fez grandes vinhos, o desafio é manter a tradição
– na filosofia de trabalho e no estatuto de porta-estandarte da
região. O enólogo Paulo Nunes conduziu uma prova que nos fez
viajar no tempo, com vinhos “de classe mundial”.

 

TEXTO Luís Francisco FOTO Ricardo Palma Veiga NOTAS DE PROVA Luís Lopes

FALTAM dez minutos para a hora marcada e somos os primeiros a chegar à Casa de Saima, o segundo produtor bairradino incluído no programa de visitas da feira BAIRRADA Vinhos & Sabores 2017. O portão está aberto e ao silêncio do pátio contrapõem-se os ruídos vindos da cozinha. Entramos e somos recebidos por Graça Miranda, a proprietária, que depressa desfaz quaisquer tentativas de pedir desculpa pela “invasão”: “A porta está sempre aberta… Isto é a Bairrada!”

E é mesmo. Muito mais do que apenas uma filosofia de hospitalidade, a “Bairrada” aqui é a marca de excelência que a região tanto tem procurado (re)afirmar nos últimos anos. Há duas/três décadas, quando a notoriedade e a percepção de qualidade da Bairrada andavam muito por baixo, a Casa de Saima foi um dos poucos produtores que se mantiveram firmes na tarefa de remar contra a maré de desânimo e descaracterização. E foi desses anos que nos chegaram algumas pérolas que, nas palavras do enólogo Paulo Nunes, “justificam as opções agora tomadas”, nomeadamente o lançamento de duas novidades em tons de branco: um Vinhas Velhas e o primeiro Garrafeira de sempre da casa – só havia tinto.

Mas antes de bebermos e suspirarmos por mais, há que conhecer as instalações e perceber um pouco melhor a filosofia do trabalho neste produtor situado em Sangalhos, com 20 hectares de vinhas (na sua maioria bem velhinhas – as mais antigas têm 80 anos) e uma adega assumidamente rústica, “rudimentar no bom sentido”. Paulo Nunes não deixa dúvidas: “Todos os procedimentos são iguais aos que se seguiam há 40/50 anos.”

Isto traduz-se, por exemplo, na fermentação em lagar sem controlo de temperatura, quando falamos de tintos. Ou de brancos trabalhados sem protecção contra a oxidação. Opções que se traduzem numa palavra: personalidade. Os vinhos de Saima são eles mesmos, atravessam tendências, ignoram modas e estabelecem padrões de qualidade.

Provamos o branco Vinhas Velhas 2015 (6.600 garrafas, preço a rondar os 8/9 euros) e o Garrafeira branco 2015 (3.200 garrafas, 15/16 euros), antes de recuarmos à década de 1990 com paragens em 1997, 1995 e 1993 (este verdadeiramente soberbo). A seguir chegam os tintos: Colheita 2014 (5€), Reserva 2012 (8€), Pinot Noir 2015 (outra estreia absoluta, 9/10€) e daqui passamos aos Baga – Colheita Tonel 10 de 2013 e 2014 (ambos a 10€), Grande Reserva 2014 (16€) e os Garrafeira 1997, 2001 e 2008 (30€).

Este último foi o primeiro feito por Paulo Nunes na Casa de Saima em nome próprio (começou em 2010; antes colaborava ao serviço de uma empresa, a Vines & Wines) e ele próprio explica a importância deste momento: “É dos vinhos que mais marca a minha carreira, pela responsabilidade de pegar numa marca desta dimensão.” Paulo é um homem do Dão (responsável, entre outros, pelos vinhos da Casa da Passarella), mas que se apaixonou pela Bairrada. “Longevidade e grande qualidade. Quantas regiões do mundo fazem estes vinhos de forma simples?”, questiona, durante a prova. “Isto dá a dimensão do potencial de uma região.”

As muitas facetas de um artista dos vinhos

Passaram 25 anos sobre a criação do seu próprio projecto vitivinícola, mas o papel de João Portugal Ramos na melhoria da qualidade dos vinhos portugueses não está esquecido. Uma história de acasos, de decisões acertadas, de ousadias. Um percurso notável, que teve agora comemoração à altura, entre clientes, fornecedores e amigos.   TEXTO João Paulo […]

Passaram 25 anos sobre a criação do seu próprio projecto vitivinícola,
mas o papel de João Portugal Ramos na melhoria da qualidade dos
vinhos portugueses não está esquecido. Uma história de acasos, de
decisões acertadas, de ousadias. Um percurso notável, que teve agora
comemoração à altura, entre clientes, fornecedores e amigos.

 

TEXTO João Paulo Martins FOTOS Ricardo Palma Veiga

ENTRAR hoje numa adega e falar com o enólogo responsável é tão habitual que nos esquecemos que nem sempre foi assim e que, durante décadas, o que existia mais frequentemente era um técnico, não raramente um ‘self made man’ que tudo tinha apreendido de forma empírica, ao longo da vida. A própria palavra enólogo
era pouco usada e nenhum rótulo ou contra-rótulo indicava o nome do responsável dos vinhos. Estamos a falar do séc. XIX? Não, estamos a falar dos anos 70 e 80 do século passado, não há tanto tempo como isso. E foi no final da década de 70 que os primeiros engenheiros especializados em enologia saíram do Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa. Entre eles contavam-se João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco, que tinham sido alunos de Manuel Vieira, professor e inspirador, já que era desde os anos 50 o verdadeiro precursor do modelo de enólogo-consultor que hoje conhecemos.

Quando conheci João Ramos, através do José Salvador (com quem eu trabalhava), ele era enólogo na Adega Cooperativa de Reguengos, mas já então prestava assistência em vários produtores, como a Tapada do Chaves, José Maria Almodôvar, Quinta do Carmo, Cooperativa de Portalegre. Tudo no Alentejo. A fama e a necessidade de enfrentar os desafios do pós-colonialismo (perda dos mercados africanos), reconversão das vinhas, maior selectividade nas castas usadas e entrada na União Europeia, fizeram soar os sinos a rebate e vários produtores perceberam que tinham de ter gente competente à frente dos destinos da enologia. Estava eu distraído e já João Ramos dava consultoria em Pegos Claros e Cooperativa de Pegões e a vários produtores no Ribatejo (Casa Cadaval, Quinta de Santo André, Lagoalva de Cima, Quinta Grande) e Lisboa (Quinta de Pancas). Tudo isto sem ter ainda projecto próprio.

Rumo à fama
João ganhou assim espaço nos jornais e começou a falar-se cada vez mais nos enólogos e na importância que tinham. Havia razões para isso: os vinhos do João Ramos eram muito bons e distanciavam-se claramente do que havia no mercado. Estávamos na época em que se começavam a fazer as primeiras experiências com barricas novas para estagiar tintos e tudo começou com o carvalho Limousin (hoje impensável…) e logo a seguir com o carvalho nacional. Foi a surpresa: de repente os consumidores descobriram sabores e aromas novos e o vinho, e as conversas à volta dele, foram crescendo.

Entretanto existiam já duas publicações especializadas na matéria, o que fez aumentar a visibilidade dos enólogos. Numa delas – o “Jornal de Vinhos” – chegámos mesmo a fazer um
painel de prova só com vinhos do João Ramos, algo que até então ainda não tinha acontecido. Um fenómeno semelhante começava então a acontecer no Douro, com uma nova “lufada” de ar fresco motivada pela chegada à região de João Nicolau de Almeida, Álvaro Van Zeller, Manuel Vieira (filho), Nuno Cancela de Abreu, José Maria Soares Franco, Luís Sottomayor, entre outros. Era também a época em que, mais para sul, se inovava como nunca se tinha visto, com Peter Bright a fazer os primeiros brancos fermentados em madeira nova (Cova da Ursa), os primeiros tintos de inspiração bordalesa – Quinta da Bacalhôa e Má Partilha, o primeiro Late Harvest. Tudo com o apoio de uma jovem enóloga – Filipa Tomaz da Costa, das primeiras, senão a primeira mulher a pisar terrenos até então sobretudo masculinos.

Trilhar o próprio caminho
O percurso de João Ramos apontava para caminhos que iriam obrigar a decisões drásticas: não iria ser possível manter o número elevado de consultorias e ao mesmo tempo desenvolver o seu projecto próprio. Começou no Alentejo (com a marca Vila Santa) mas rapidamente se estendeu ao Tejo (Falua), visando aí sobretudo o mercado externo. Já se imagina o que aconteceu: exportações a crescer, mais e mais pedidos de vinho que João não tinha, ida ao mercado comprar, crescer, crescer. Por várias vezes lhe ouvi a frase “fui obrigado a crescer”, significando isso que quando se está naquela linha que ou se cresce e avança à força toda ou se recua e a oportunidade se desvanece. João Ramos deu o passo em frente e nada ficou como dantes. Assim, as consultorias foram sendo entregues a outros enólogos (já ninguém iria passar sem eles) e o projecto próprio foi ganhando uma dimensão inesperada, centrado sobretudo no Alentejo e Tejo, surgindo mais tarde o Douro (Duorum Vinhos) e os Vinhos Verdes. Se qualidades lhe podem ser atribuídas, a de excelente provador é uma delas e ele gosta de provas cegas para tentar adivinhar o vinho. Mas já foi mais fácil, quando os vinhos eram poucos e os de renome ainda menos. Hoje a tarefa é bem mais ingrata, até porque a gestão de uma empresa tão grande lhe deixa pouco tempo para estar tranquilamente na sala de provas. Gestão aqui significa também receber clientes, o que acontece com enorme frequência.

Clientes que, quando ficam para almoço, são recebidos com pratos de caça, que toda a gente sabe que é o seu vício predilecto. Mas João até preferiria mão de vaca com grão em vez de perdiz estufada. Coisas do gosto de cada um…

A enologia em Portugal é tributária de João Ramos porque nos mostrou a diferença entre um vinho feito apenas com experiência e outro feito com saber, que tem “mundo” incluído. Os anos 80 foram uma época de ouro, de descoberta e inovação, e João Ramos esteve lá, no centro do furacão. Daí para a frente, o vinho português foi outra coisa.

J. Portugal Ramos em números
Quanto maior a nau, maior a tormenta, diz o ditado e a “nau” da J. Portugal Ramos Vinhos e empresas associadas já é bem grande. Trabalha em várias regiões – Alentejo, Tejo, Beira, Douro e Vinho Verde – e a produção atinge à volta de 6 milhões de litros de vinho. Cerca de 60% é exportado, sobretudo para o norte de Europa, EUA, Canadá, Ásia, Brasil, Angola e Reino Unido. O grupo vinícola inclui 140 pessoas permanentes. A produção tem origem quer em vinhas próprias quer noutras arrendadas. Contamos assim 400 hectares no Alentejo, 70 no Tejo, 13 em Foz de Arouce (Beira Atlântica), 126 no Douro e 30 nos Vinhos Verdes, a região mais recente onde foram feitos investimentos. Os vinhos criados abrangem todos os tipos sendo a produção de espumantes limitada às regiões do Tejo e mais recentemente no Vinho Verde, a partir da casta Alvarinho. O projecto do Douro – que já tem 10 anos – foi criado com José Maria Soares Franco (na foto), enólogo que tomou as rédeas da Duorum, uma empresa criada de raiz.