Duorum: a primeira vindima na nova adega

Construída de raiz em Vila Nova de Foz Côa, na sub-região do Douro Superior, sob o pilar da sustentabilidade, a nova adega pertencente ao Grupo João Portugal Ramos Vinhos, está pronta para abrir as portas às uvas vindimadas este ano, na Quinta de Castelo Melhor. De acordo com os parâmetros estabelecidos no âmbito da eficiência […]

Construída de raiz em Vila Nova de Foz Côa, na sub-região do Douro Superior, sob o pilar da sustentabilidade, a nova adega pertencente ao Grupo João Portugal Ramos Vinhos, está pronta para abrir as portas às uvas vindimadas este ano, na Quinta de Castelo Melhor.

De acordo com os parâmetros estabelecidos no âmbito da eficiência energética, contexto extensível à selecção de materiais de construção, foram instalados painéis fotovoltaicos na cobertura desta nova unidade de produção dos vinhos da Duorum, com o propósito de fomentar a produção de grande parte da energia consumida. A cave para estágio do vinho em barricas está semi-enterrada, de modo a ficar protegida da luz solar e, simultaneamente, manter os níveis de temperatura e de humidade apropriados. A cobertura, em betão armado pré-fabricado, será ajardinada, por forma a contribuir para o controlo da temperatura do edifício. A nova adega será dotada ainda de uma ETAR monitorizada, que permitirá o tratamento das águas a serem reutilizadas na lavagem do pavimento e na rega.

Duorum: Dos varietais aos vinhos de vinha

Duorum

Passaram décadas de percurso profissional desde 1980, quando João Portugal Ramos iniciou a sua carreira no Alentejo como enólogo, e desde que plantou os primeiros cinco hectares de vinha em Estremoz, em 1995, quando arrancou com o projecto próprio. A expansão para norte começou com a entrada na Quinta da Foz de Arouce, fundada pelo […]

Passaram décadas de percurso profissional desde 1980, quando João Portugal Ramos iniciou a sua carreira no Alentejo como enólogo, e desde que plantou os primeiros cinco hectares de vinha em Estremoz, em 1995, quando arrancou com o projecto próprio. A expansão para norte começou com a entrada na Quinta da Foz de Arouce, fundada pelo seu sogro, na Beira Baixa, em 2005. Em 2007 a dupla João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco deu largas à sua ambição de fazer algo marcante no Douro Superior. E assim nasceu o Duorum, “de dois”, em latim. Soares Franco deixou há algum tempo o projecto, mas este continua fiel à sua matriz inicial.

Duorum é um projecto pensado e feito de raíz. Para compor com vinha a quinta de Castelo Melhor, em Foz Côa, foram precisas 92 escrituras. As vinhas estão localizadas no Douro Superior e hoje também no Cima Corgo, em diferentes altitudes, desde a cota do rio com 150 m até 550 m. Incluem 60 ha de vinha própria, mais 50 ha de vinha arrendada e a Duorum ainda compra uva de mais cerca de 10 ha.
“O Douro é uma região muito difícil, com muita concorrência, mas acreditámos no projecto e está para durar” – afirmou João Portugal Ramos no lançamento das últimas novidades.
Em 2012, a Duorum foi a primeira empresa no Douro a aderir à Iniciativa Europeia Business & Biodiversity. O grupo J. Portugal Ramos desenvolveu um modelo de gestão que respeita a biodiversidade, permitindo a preservação e melhoria dos habitats naturais nas suas propriedades e adoptou medidas de desenvolvimento sustentável, incluindo a Produção Integrada e Produção Biológica. Como resultado desta política ambiental, em 2015 a Duorum recebeu o prémio de “Melhor projeto europeu de desenvolvimento rural sustentável, que consegue simultaneamente preservar a paisagem e biodiversidade, promovendo a cultura e economia do espaço rural”. E neste ano de 2024, segundo João Portugal Ramos, as suas propriedades bateram o recorde de novas espécies no local.

Duorum

 

As novidades
No Alentejo, João Portugal Ramos produz, com muito sucesso, vários vinhos de vinha. No Douro este é o primeiro. Trata-se de uma parcela de Arinto e Gouveio, situada a 500 m de altitude, limitada pelos muros antigos de xisto que protegiam a vinha, que foram restaurados. O Arinto é mais incisivo na acidez e o Gouveio, mais aromático, dá-se muito bem naquela zona. Já tentaram fazer este vinho vários anos e só em 2023 “atingiram o perfil pretendido”. Depois de maceração a frio por 12 horas, para extrair a parte aromática, seguiu-se a fermentação em inox. O estágio decorreu parcialmente (25%) em barricas de carvalho francês de 2º e 3º ano para conferir complexidade ao vinho. Dá um enorme prazer de beber já e tem tudo para evoluir com tempo. Foram produzidas 3.300 garrafas.

O primeiro contacto que João Portugal Ramos teve com a Touriga Franca foi por influência de José Maria Soares Franco. É hoje a casta mais plantada na quinta, onde representa 30% do encepamento. Não exibe tantos aromas quanto a Touriga Nacional, mas tem volume e estrutura. Vinificada sempre à parte, desta vez valeu a pena engarrafar a Touriga Franca a solo. As uvas desengaçadas vão para um lagar robotizado, onde passam a maceração pré-fermentativa a frio e, quando começa a fermentação alcoólica, o mosto é transferido para cubas de inox onde acaba a fermentação. Estagia nove meses em barricas de carvalho francês de 2º e 3º ano. Um belo exemplo da casta, que nem sempre tem protagonismo na sua terra de origem, e de que fizeram 6.600 garrafas. No conjunto, dois belos vinhos, um branco e um tinto, que marcam a entrada da Duorum nos varietais e nos “vinhos de vinha”.

(Artigo publicado na edição de Junho de 2024)

José Maria Soares Franco decide reformar-se

João Portugal Ramos (à esquerda na foto) acaba de emitir um comunicado em nome da Gestvinus — empresa que administra — anunciando a decisão de se reformar do enólogo José Maria Soares Franco (à direita na foto): “Após 14 anos de colaboração com a Gestvinus – Investimentos Vitivinícolas e Comerciais, SGPS, SA (Grupo João Portugal […]

João Portugal Ramos (à esquerda na foto) acaba de emitir um comunicado em nome da Gestvinus — empresa que administra — anunciando a decisão de se reformar do enólogo José Maria Soares Franco (à direita na foto):

“Após 14 anos de colaboração com a Gestvinus – Investimentos Vitivinícolas e Comerciais, SGPS, SA (Grupo João Portugal Ramos), nomeadamente no projecto Duorum, o Enólogo José Maria Soares Franco decidiu reformar-se para gozar o merecido “descanso do Guerreiro”. O projecto Duorum continuará a contar com o precioso contributo do Enólogo, agora sob forma de uma consultoria”.

Quando, em Dezembro de 2006, o Grupo João Portugal Ramos decide expandir-se para a região do Douro, José Maria Soares franco junta-se a este com “empenho, paixão, vontade de ir sempre mais longe […], aliados ao seu enorme conhecimento e experiência na região”, pode ler-se no comunicado, que revela ainda que João Perry Vidal será agora enólogo residente no projecto Duorum, na companhia de Alexandra Guedes e sob a orientação de João Portugal Ramos.