Eruptio, vinhos vulcânicos

Eruptio Vinhos Vulcânicos

Embora a última erupção do vulcão do Pico tenha acontecido nos finais do século XVIII, ultimamente tem sido registada uma autêntica erupção de vinhos brancos fabulosos, vindos desta ilha. O novo projecto Eruptio do enólogo Bernardo Cabral, apaixonado pela Ilha do Pico, em parceria com o grupo Abegoaria, trazem à nossa mesa uma expressão líquida […]

Embora a última erupção do vulcão do Pico tenha acontecido nos finais do século XVIII, ultimamente tem sido registada uma autêntica erupção de vinhos brancos fabulosos, vindos desta ilha. O novo projecto Eruptio do enólogo Bernardo Cabral, apaixonado pela Ilha do Pico, em parceria com o grupo Abegoaria, trazem à nossa mesa uma expressão líquida da sua origem, com carácter marítimo e uma frescura inimitável.

Texto: Valéria Zeferino

Fotos: Eruptio

Eruptio Vinhos Vulcânicos
o enólogo Bernardo Cabral com Manuel Bio, CEO da Abegoaria.

A montanha, um vulcão, o mar e o vento moldam as condições extremas do cultivo das vinhas na ilha do Pico, que deram origem aos vinhos Eruptio. Para comunicar este terroir não é preciso inventar nada, já está tudo “inventado” pela natureza, basta olhar para a geografia e geologia da ilha.

Situada em pleno oceano Atlântico, a 1500 km de Portugal continental, a ilha do Pico é dominada pelo clima marítimo, caracterizado por temperaturas amenas e baixa amplitude térmica (diurna e anual), pluviosidade elevada e humidade relativa acentuada, taxas de insolação pouco elevadas (ou seja, a luz solar está frequentemente obstruída por nuvens). As chuvas são abundantes e caem praticamente durante o ano todo. Os rigorosos ventos atlânticos pulverizam as vinhas com a água do mar.

O imponente símbolo da ilha é a montanha do Pico com 2 351 m de altitude (a mais alta em Portugal) – um estratovulcão que se formou pelo magma extravasado, depositando material  das erupções numa forma de cone.

Geologicamente, a ilha do Pico é a mais recente de todo o arquipélago, com apenas cerca de 300 mil anos da existência, comparativamente com a ilha de Santa Maria com mais de 8 milhões de anos ou de  São Miguel com mais de 4 milhões de anos. Nesta ordem de grandeza, é uma “ilha bebé”, como lhe chama Bernardo Cabral. O chão é coberto de basalto, formado pelas correntes de lava. Como a pedra ainda não foi transformada em terra arável, as vinhas são plantadas nas fendas da rocha-mãe, com um pouco de terra para preencher estas fendas.

Ficam no sopé do vulcão, a uma altitude de 100 metros aproximadamente, numa faixa junto ao mar na zona das aldeias Madalena, Candelária, Criação Velha e Bandeiras, a oeste da ilha, e Santa Luzia a norte. Por um lado, a precipitação é menor nas zonas costeiras, comparativamente com as cotas mais altas; por outro, os ventos, fortes e salgados, não poupam a vinha. Para proteger as videiras, os picoenses ao longo dos 5 séculos foram construindo muros de pedra solta à volta das vinhas. Chamam-se currais e para além da protecção, criam um microclima mais quente à volta das videiras, ajudando na maturação. Esta paisagem labiríntica, austera, quase monocrómática é tão surreal como fascinante.

“Os Açores apaixonam qualquer pessoa ligada ao campo e agricultura, porque aqui a natureza toma conta de nós, sobretudo na ilha do Pico” – afirma com convicção Bernardo Cabral. “As tempestades são bem fortes, o sal inunda as vinhas. Geralmente, depois chove e o sal é lavado. Quando isto não acontece, o sol queima tudo. Chove sempre muito mas a drenagem também é rápida.” – descreve o enólogo e acrescenta: “o que é certo noutros lados, no Pico nem sempre funciona, como por exemplo, a exposição norte, não necessariamente produz mais frescura nas uvas. De ano para ano as coisas mudam bastante.”

Esta paixão e, de certa forma, a sede pelos desafios são a base do projecto. Bernardo tem família nos Açores, costuma lá ir desde pequeno e até já comprou uma casa. Manuel  Bio, CEO  do  Grupo  Abegoaria, cresceu nas vinhas alentejanas, na terra, tornando-se num empresário que sente paixão pelo que faz. Para ele “os vinhos Eruptio representam a continuada aposta na categoria de fine wines.”

Sendo responsável de enologia na Adega Cooperativa do Pico, Bernardo conhece bem as particularidades das castas autóctones, as condições locais e os pequenos viticultores que viabilizaram o projecto. Como dá para perceber, a área da vinha na ilha é muito limitada pela sua dimensão e orografia. O enólogo conta que lá existe uma medida antiga para terrenos agrícolas – “alqueire”. É preciso 10 alqueires para fazer 1 ha. Quem tiver 10 ha de terra é latifundiário. A produção é muito reduzida, colhem apenas 2500-3000 kg/ha. É nestes moldes que o projecto foi desenvolvido.

A gama Eruptio é composta por 4 vinhos de castas autóctones da Ilha do Pico – três monovarietais – Arinto dos Açores, Verdelho e Terrantez do Pico e um blend das três castas. O denominador comum de todos os vinhos é a frescura e a tensão que não compromete a leveza.

O Arinto dos Açores é uma casta exlusiva do arquipélago. Com a casta Arinto cultivada em Portugal continental partilha apenas o nome, não tendo grau de parentesco. O Verdelho nos Açores é a mesma casta que existe na Madeira, de onde o material vegetativo inicial terá sido originário. A Terrantez do Pico é também uma casta exclusiva dos Açores, e distingue-se da Terrantez cultivada no continente e da casta conhecida pelo mesmo nome na ilha da Madeira.

A abordagem enológica foi feita em função da casta. O Arinto dos Açores fermentou em balseiro de madeira; o Terrantez do Pico fermentou em barricas de carvalho americano muito velhas, utilizadas para produção dos vinhos licorosos; e o Verdelho fermentou em tanques de inox (80%) e barricas (20%); tudo com estágio de 6 meses com as borras finas. No caso do blend, as diferentes castas estagiam individualmente em cubas de aço inoxidável e com as borras finas durante 6 meses, mantendo a temperatura baixa para preservar o carácter fresco do vinho. Os rótulos foram desenvolvidos por Bianca Levy e explicam visualmente o terroir com o vulcão, o mar, as núvens e todo o meio envolvente da ilha.

Foram produzidas 20.000 garrafas de Eruptio blend, 6.100 de Arinto dos Açores, 6.919 de Verdelho e 3.210 de Terrantes do Pico. A comercialização dos vinhos está a cargo do grupo Abegoaria e do distribuidor Garcias.

(Artigo publicado na edição de Julho 2022)

Não foram encontrados produtos correspondentes à sua pesquisa.

Séries RCV- A engarrafar o futuro

Séries RCV

Tudo começou com um Rufete de 2010, e hoje são já 13 varietais. O projecto Séries, da Real Companhia Velha, tem sido um autêntico esboço do presente e do futuro dos vinhos não fortificados da empresa. Um estudo aprofundado do potencial vitícola e enológico de cada casta antiga do Douro. Texto: Mariana Lopes Fotos: Real […]

Tudo começou com um Rufete de 2010, e hoje são já 13 varietais. O projecto Séries, da Real Companhia Velha, tem sido um autêntico esboço do presente e do futuro dos vinhos não fortificados da empresa. Um estudo aprofundado do potencial vitícola e enológico de cada casta antiga do Douro.

Texto: Mariana Lopes

Fotos: Real Companhia Velha

No Douro, estão reconhecidas cerca de 150 castas autóctones autorizadas para produção de vinho. Só nas vinhas velhas, encontram-se várias dezenas de variedades diferentes, umas mais populares e amplamente utilizadas nos vinhos de hoje, e outras já consideradas raras, existentes em pouca quantidade, algumas com excelentes aptidões na adega. Isto é mais do que razão para se tirar partido prático desta riqueza varietal, e é mesmo isso que a Real Companhia Velha está a fazer com o projecto Séries. “A grande vantagem das vinhas velhas do Douro não é apenas a idade, é, precisamente, a diversidade de castas que lá encontramos, como as familiares Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Amarela, naturalmente a Touriga Nacional, mas também outras muito interessantes como Tinta da Barca, Cornifesto, Malvasia Preta, Donzelinho Branco, Donzelinho Tinto… castas estas que produzem, e que se mostram adaptáveis às condições austeras do Douro”, sublinhou Pedro O. Silva Reis, Fine Wine Manager da empresa com sede em Vila Nova de Gaia, na apresentação dos novos Séries. Na verdade, foi esta diversidade que inspirou o nascimento desta gama de ensaios, onde se exploram diferentes técnicas na adega, castas e abordagens: em 2002, depois de várias visitas a campos ampelográficos do Douro, a equipa técnica da Real Companhia Velha inspirou-se e iniciou a aposta na recuperação de mais de 30 variedades autóctones. Séries RCV

Na Quinta do Casal da Granja, em Alijó, estão as brancas Alvarelhão Branco, Alvaraça, Branco Gouvães (ou Touriga Branca), Esgana Cão, Donzelinho Branco, Moscatel Ottonel, e Samarrinho. Já as tintas Bastardo, Donzelinho Tinto, Malvasia Preta, Preto Martinho, Cornifesto, Rufete, Tinta da Barca, Tinta Francisca e Tinto Cão, são da Quinta das Carvalhas, junto ao Pinhão. Quase todas foram plantadas pela empresa em parcelas estremes com área mínima de um hectare, para serem estudadas quanto ao comportamento agronómico e avaliado o seu potencial em vinhos varietais. Como explicou Jorge Moreira, responsável de enologia da Real Companhia Velha, foram “também às vinhas velhas à procura das castas mais antigas, para as vinificar separadamente”.

Famosa pelos seus vinhos do Porto, a Real Companhia Velha arrancou com o seu projecto de vinhos não fortificados — chamado Fine Wine Division — em 1996, ano em que resolveu “apostar na produção de grandes vinhos do Douro”, referiu o enólogo. “Começámos a melhorar a forma como tratávamos da vinha para termos uvas de qualidade, e a apostar em novas técnicas de vinificação, mais cuidadas e precisas. Sentimos necessidade de perceber, entre a enorme panóplia de castas que tínhamos, o que é que cada uma representava”, desenvolveu. Assim, ainda no final dos anos 90 e já com o “bichinho” dos estudos varietais, a empresa começou a engarrafar vinhos monocasta com as marcas Porca de Murça e Quinta de Cidrô, como Tinta Roriz, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Chardonnay, ou Cabernet Sauvignon. “Poucos se mantiveram, mas foram importantíssimos para percebermos as nuances de cada uma das castas na vinha e na adega, e permitiu-nos das um grande salto qualitativo”, explicou Jorge Moreira.

Séries RCVCom primeiro lançamento em 2012, de um Rufete 2010, as Séries contam já com 13 referências, algumas com mais de uma edição, o que totaliza mais de 30 vinhos, incluindo brancos, tintos e espumante. No recentemente inaugurado The Editory Riverside Hotel, em Santa Apolónia, foram lançadas as mais recentes colheitas dos Donzelinho Branco, Bastardo, Rufete, Malvasia Preta e Cornifesto; e também a novidade absoluta, um Tinta Amarela, cujas uvas têm origem na Quinta dos Aciprestes. Como “teaser” do que sairá em breve, provou-se um Samarrinho de 2019 e um Branco Gouvães de 2018.

“Isto é algo que teve um grande impacto na Real Companhia Velha. Os Séries marcaram muito a nossa forma de produzir vinho, criaram-se técnicas na adega muito a pensar nas uvas que estamos a vinificar, como uso ou não de engaço, maior ou menor extracção, remontagens… no fundo, aprendemos muito com este projecto”, afirmou Pedro Silva Reis, e Jorge Moreira rematou: “O que se passa aqui são as bases do futuro da Real Companhia Velha. Estamos entusiasmados, nunca fizemos vinhos tão bons, e falo de nós e do Douro em geral. Os Séries são, hoje, as sementes para fazer mais tarde vinhos ainda melhores. São lições que aprendemos, de conhecimento e de prazer”. Para “adoçar a boca”, a dupla revelou ainda que, na calha, está um Tinta da Barca e um Moreto…

(Artigo publicado na edição de Maio 2022)

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Casa da Passarella: Novidades da Serra

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Na Casa da Passarella já nos habituámos a assistir a uma busca constante de formas de conservação do património, seja pela busca de vinhas velhas, seja pela recuperação de castas antigas. Aqui relatamos mais um episódio. Texto: João Paulo Martins Fotos:  O Abrigo da Passarella Paulo Nunes é o porta-voz da quinta e da empresa, […]

Na Casa da Passarella já nos habituámos a assistir a uma busca constante de formas de conservação do património, seja pela busca de vinhas velhas, seja pela recuperação de castas antigas. Aqui relatamos mais um episódio.

Texto: João Paulo Martins
Fotos:  O Abrigo da Passarella

Paulo Nunes é o porta-voz da quinta e da empresa, é por ele que vamos sabendo das novidades e dos rumos que se estão a traçar nesta propriedade emblemática e muito antiga da região do Dão. Ali, além das castas que melhor caracterizam o Dão temos também outras de que ouvimos agora falar e que, ou estavam quase enterradas, ou há muito que deixaram de estar em palco, nas luzes da ribalta.

A prova desta vez iniciou-se com um branco que se tornou um caso de sucesso na empresa. Referimo-nos ao O Fugitivo Encruzado, um vinho que desde a primeira edição, em 2010, ainda nunca falhou qualquer ano e, nas palavra de Paulo Nunes, “parece um relógio suíço», uma vez que ainda que tenha comportamentos diferentes nas várias sub-regiões, a casta Encruzado, tem sempre um comportamento regular e consistente em todas as zonas do Dão. A casta precisa de acompanhamento, na gestão da canópia e na carga de cada cepa mas consegue produzir regularmente. Assim, não se estranha que tenham começado em 2010 com 2000 garrafas e agora estejam a produzir 20 000. É um vinho de grande sucesso junto do público, esgotando-se em 6 meses. Este é “um vinho de uvas, não de parcelas”, querendo Paulo dizer que vão à procuras das uvas que precisam, não vão escolher para fazer um “vinho de uma vinha”. Aqui entram uvas de diversas vinhas com idades dos 12 aos 50 anos. A fermentação decorre em barricas de 500 litros, das quais 25% novas. O vinho estagia depois em barricas ou cuba até Maio do ano seguinte. O Encruzado tem também crescido à custa de outras variedades: Paulo Nunes tem feito reenxertias e substituído a casta Bical porque esta se tem mostrado especialmente sensível às alterações climáticas.

O vinho feito com Uva Cão (a uva que guarda a vinha!) corresponde apenas a 1300 garrafas mas a intenção é estender a vinha até aos 6 ha. A uva é especialmente indicada para os novos tempos que se aproximam porque a elevadíssima acidez que apresenta será muito útil em lotes com outras variedades. O mosto é vinificado em cuba de cimento e tem depois estágio sobre borras totais em barricas usadas; esta prática, associada à curtimenta, ajudam, diz o enólogo, a aligeirar a sensação da acidez, o que a prova confirmou.

O vinho de Tinta Pinheira traz consigo uma carga de novidade; por um lado a casta é muito antiga na região mas foi durante muito tempo desprezada por gerar vinhos com pouca cor. Paulo confessa que “é uma casta que expressa muito bem o carácter do Dão” e, também por isso, plantaram mais um hectare no último ano. Foi feito em lagar com engaço parcial e gerou 3300 garrafas.

Novidades Serra
Paulo Nunes, enólogo da Casa da Passarella.

O branco Vinha do Províncio (3000 garrafas) resulta de um lote de várias castas e a fermentação inicia-se com curtimenta em barrica usada e termina depois em balseiros de 2500 litros. Foi feito em 2012 e as castas são sempre as mesmas. A vinha, com 50 anos, obriga a duas vindimas separadas porque as brancas estão misturadas na vinha com as uvas tintas.

O tinto Vinha Centenária Pai d’Aviz (2600 garrafas) inclui muitas castas tintas, algumas antigas mas raras como a Alvarelhão, Tinta Carvalha, Tinta Pinheira e Tinta Amarela. Tem origem em pequenas parcelas de vários proprietários, algumas entretanto compradas. Feito em lagar com engaço total, termina depois a fermentação em grandes balseiros. A partir desta colheita passará a chamar-se Pai d’Aviz.

(Artigo publicado na edição de Janeiro de 2022)

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Entre Profetas e Villões

profetas villões

Talvez não fosse fácil imaginar que, em território português, ainda existisse terroir vitivinícola para explorar como se quase da primeira vez se tratasse. Mas aconteceu. Na ilha do Porto Santo (imagine-se), onde juntamente com Nuno Faria, produziu 3 brancos surpreendentes e de grande qualidade. Quem? António Maçanita, “who else”? Texto: Nuno de Oliveira Garcia Notas […]

Talvez não fosse fácil imaginar que, em território português, ainda existisse terroir vitivinícola para explorar como se quase da primeira vez se tratasse. Mas aconteceu. Na ilha do Porto Santo (imagine-se), onde juntamente com Nuno Faria, produziu 3 brancos surpreendentes e de grande qualidade. Quem? António Maçanita, “who else”?

Texto: Nuno de Oliveira Garcia
Notas de prova: João Paulo Martins e Nuno de Oliveira Garcia
Fotos: Fita Preta Vinhos

 A hora e o local estavam marcados, ainda que sem muita antecedência pois António Maçanita parece gozar de uma inquietação e entusiasmo permanentes que conduzem ao improviso feliz. Chegados ao restaurante, esperava-nos o próprio e Nuno Faria, parceiro no recém-criado projecto Profetas e Villões, propositadamente constituído e desenhado para albergar a produção de vinho na mais antiga ilha dos arquipélagos portugueses. O nome é uma referência expressa às alcunhas entre as gentes do arquipélago da Madeira: Profetas é como os madeirenses chamam aos porto santenses e Villões (lê-se Vilhões) o que os habitantes de Porto Santo chamam aos madeirenses. António e Nuno começam por nos lembrar que são amigos há mais de década e meia, que iniciaram a sua colaboração na criação de cartas de vinhos com chef Fausto Airoldi (no saudoso restaurante Pragma), entendimento que se seguiu nos restaurantes 100 Maneiras de Ljubomir Stanisic onde Nuno é sócio já há vários anos.

Os acontecimentos por detrás da génese do projecto que se apresentou são curiosos e António comunica-os com a habilidade de quem não o faz pela primeira vez. Assim começa: o seu amigo madeirense Nuno Faria habituou-se, desde pequeno, a passar férias no Porto Santo e, por isso, não hesitou em “refugiar-se” na ilha durante a pior fase do confinamento. Esse período levou-o a conhecer melhor a cultura de vinho de Porto Santo, e é o próprio Nuno a confirmar como ficou maravilhado com as vinhas velhas de estóica vivência praticamente sem água. Um dia, ao ligar a António a relatar o seu dia-a-dia na ilha (que incluía provas regulares de alguns vinhos locais…), o enólogo disparou: “vamos fazer aí um vinho!” Talvez António tenha proclamado a afirmação sem se recordar que a cultura de vinho em Porto Santo é deveras particular, sem proximidades com o arquipélago dos Açores (onde António é sócio da Azores Wine Company) e quase nada em comum com o Continente. Mas agora é o próprio a explicar-nos que se trata de um clima sem chuva, com bastante vento, e castas incomuns – Caracol e Listrão (Palomino, conhecida pela produção de Xerez). As vinhas estão assentes em solos calcários básicos (arenitos calcários decorrentes de acumulação de areia e moluscos) protegidas por pequenos muros de canas. Ao olhar para as imagens que nos são projectadas numa tela de computador só conseguimos identificar referências às Canárias (até por proximidade geográfica), a alguns dos solos de areia pobre de Santorini, mas sobretudo às vinhas velhas de Colares, também elas rasteiras e ladeadas por canas. Mas mais que tudo, a verdade é que pouco ou nada se sabe da viticultura no Porto Santo. As linhas de água que permitem as vinhas sobreviver, os antecedentes das castas, o arquétipo de vinho aí produzido durante séculos, tudo isso é desconhecido.  Mas o que poderia ser um inconveniente foi antes o desafio para a dupla produtora. Nuno e António provaram todos os vinhos locais, mais os produzidos por produtores madeirenses ao estilo Madeira com uvas do Porto Santo, e procuraram estudar as poucas referências históricas. A experiência do enólogo na “recuperação” de castas antigas fez o resto. Porém, do ímpeto de António até produzir ali um vinho muita coisa aconteceu. Foi necessário convencer produtores locais a avançar nesta aventura (as uvas provêm de vinhas de 80 anos de um produtor: o Sr. Cardina), depois combinar a data da vindima (sem qualquer referência histórica e mais cedo do que os restantes produtores locais, que são todos artesanais). Por fim, transportar as uvas por barco até à ilha da Madeira para aí iniciar a fermentação numa adega, sempre sem hesitar, mesmo quando as primeiras análises indicavam Ph entre 8,5-10…

Na apresentação, António e Nuno trouxeram uma garrafa do produtor local artesanal de que mais gostam para afinar o nosso palato e introduzirem-nos no universo dos vinhos do Porto Santo, e deram-nos ainda a provar um tinto cuja cuba se perdeu num acidente. No fim do almoço, voltam a fazê-lo, mas agora em despedida, com um velho e interessante Listrão Branco do produtor madeirense Artur de Barros e Sousa e um magnífico Listrão de 1977 da Blandy’s que está em comercialização. Mas foram, e são, aqueles três vinhos brancos apresentados – Caracol dos Profetas, Listrão dos Profetas, e Listrão dos Profetas Vinho da Corda – que mais nos ficaram na cabeça nos dias a seguir à prova. Pela originalidade e singularidade, mas sobretudo pela excelência da qualidade logo em ano de estreia num terroir quase desconhecido. Demos a volta à nossa memória para ver quando tinha sido a última vez que isso nos tinha acontecido. Ainda hoje não temos a resposta.

(Artigo publicado na edição de Janeiro de 2022)

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Dona Matilde-O privilégio das vinhas históricas

Dona Matilde Vinhas

Nesta bonita propriedade na margem do rio Douro têm sido vários os ensaios que procuram espelhar melhor as virtudes das vinhas. Sobretudo as que têm mais passado e muito que contar, as vinhas históricas. Texto: João Paulo Martins Foto: Quinta Dona Matilde Começam agora a chegar à verdadeira velhice as vinhas que resultam das plantações […]

Nesta bonita propriedade na margem do rio Douro têm sido vários os ensaios que procuram espelhar melhor as virtudes das vinhas. Sobretudo as que têm mais passado e muito que contar, as vinhas históricas.

Texto: João Paulo Martins

Foto: Quinta Dona Matilde

Começam agora a chegar à verdadeira velhice as vinhas que resultam das plantações pós-filoxéricas que se fizeram no Douro. Para combater a praga usaram-se porta-enxertos resistentes e a lógica do plantio seguiu os ensinamentos que vinham de há séculos: misturar as castas na vinha porque num ano em que não davam umas davam outras e, por outro lado, a vindima não distinguia variedades e todas eram colhidas em simultâneo; provavelmente umas mais maduras que dariam mais álcool e outras mais verdes que confeririam mais acidez. Era este o conceito que hoje chamamos de field blend, em que o lote já vinha feito da vinha, não era necessário fazer ensaios na mesa de provas.

São estas vinhas, comummente chamadas de “vinhas velhas” que José Carlos Oliveira, o técnico de viticultura da quinta prefere, e bem, apelidar de “vinhas históricas”. Elas ainda existem no Douro, apesar das maldades e perfeita destruição de património que se operou nos anos 80 quando se replantaram vinhas com o patrocínio do Banco Mundial, se arrancaram vinhas velhas (e com elas perdeu-se muito do património genético) e se afunilou a selecção das castas a plantar. Estava na mente de todos a produção de uvas para Vinho do Porto mas o que ninguém imaginava era que, passados 40 anos, o DOC Douro fosse mais importante que o Vinho do Porto. Hoje andamos a tapar as feridas, a tentar recuperar estas vinhas muito velhas e a procurar conservar clones e genes. A verdade é que o apreço pelas vinhas históricas é hoje bem maior do que então era e a região só tem a ganhar com isso. O conceito de vinha histórica prende-se também com o facto de não haver duas iguais, quer pela localização de cada uma (exposição, altitude) quer pela malha de castas que torna cada vinha única e irrepetível. Na vindima de 2017 a empresa tinha apresentado o tinto Vinha dos Calços Largos e, agora, surge da vindima de 2019, o Vinha do Pinto.

Dona Matilde VinhasO tinto da Vinha do Pinto procura expressar essa complexidade da vinha histórica com uma ousadia ainda pouco tentada no Douro: fazer um tinto topo de gama sem que tenha tido qualquer contacto com barrica, nova ou usada. Este vinho apenas estagiou em inox e o que perdeu (eventualmente) em complexidade e mistério ganhou (seguramente) em elegância, precisão e aptidão gastronómica. A vinha tem 30 castas e à entrada da adega foram retiradas as uvas brancas que a vinha também tinha e que estavam lá para ajudarem no ajuste da cor, sobretudo para a produção de Porto tawny. A produção deste primeiro “tinto sem madeira” limitou-se a 2800 garrafas numeradas. João Pissarra, enólogo, optou por uma intervenção minimalista em termos de adega e daí deriva também a ausência da madeira.

O branco, menos ousado, é também um field blend de uma vinha com 25 anos e com estágio de 6 meses em barrica. Na vinha encontramos Arinto, Viosinho, Gouveio e Rabigato, quatro das mais emblemáticas variedades da região.

A quinta de 93 ha, com larga frente de rio entre a Régua e o Pinhão, tem 28 ha de vinha e uma alargada área de mato e floresta; está na posse da família Barros desde 1927 e integrava o património da empresa de Porto Barros Almeida. Aquando da venda da empresa à Sogevinus (2006) a família Barros recuperou a posse desta quinta, agora dirigida por Manuel Ângelo Barros e seu filho Filipe. A quinta também produz Vinho do Porto.

(Artigo publicado na edição de Dezembro de 2021)

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Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa: Um grandíssimo tinto de Portugal

Crasto tinto Portugal

Maria Teresa. A elegância e harmonia do nome não passa despercebida, nome que não poderia adequar-se melhor ao vinho que o transporta e à vinha que lhe dá origem. Texto: Mariana Lopes Fotos: Quinta do Crasto Quinta do Crasto já é um dos produtores mais emblemáticos do Douro e de Portugal. Com muitas e diferentes […]

Maria Teresa. A elegância e harmonia do nome não passa despercebida, nome que não poderia adequar-se melhor ao vinho que o transporta e à vinha que lhe dá origem.

Texto: Mariana Lopes
Fotos: Quinta do Crasto

Quinta do Crasto já é um dos produtores mais emblemáticos do Douro e de Portugal. Com muitas e diferentes valências vitivinícolas — dos vários perfis de vinho que produz ao projecto do Douro Superior com a Quinta da Cabreira, passando pela investigação na área da viticultura — são as suas emblemáticas vinhas velhas que invocam para si um estatuto quase de Santo Graal. Isto surge tanto pelas características únicas destas vinhas, como pelos vinhos que nelas têm origem. São três as vinhas muito velhas do Crasto, Vinha dos Cardanhos, Vinha da Ponte e Vinha Maria Teresa, mas é esta última sobre a qual agora recai o “spotlight”, com o lançamento da colheita 2017 do sempre esperado tinto Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa.

A Vinha Maria Teresa é centenária e tem 4,7 hectares, tendo sido plantada em duas partes: uma há cerca de 111 anos e outra quando Constantino de Almeida (bisavô do administrador Tomás Roquette e do director de vendas Pedro Almeida) comprou a Quinta do Crasto, em 1918. O solo destas parcelas é sobretudo de xisto e a exposição é maioritariamente nascente, o que, segundo Manuel Lobo, enólogo-chefe do Crasto, “foi muito favorável e importante em 2017”. Como a generalidade das vinhas velhas do Douro, esta também tem dezenas de castas misturadas, e o Crasto já identificou 54 diferentes, apurando que a mais plantada é a Tinta Amarela. A produção média desta vinha é, como seria de esperar, bastante baixa, menos de 300g por videira, e a sua antiguidade traz algo inevitável: todos os anos morrem videiras. É aqui que a equipa do Crasto veste a capa de super-herói, movida pelo desígnio de salvar e preservar a identidade desta vinha, um património muito precioso que, na verdade, se está lentamente a perder por todo o Douro. Em 2013, iniciou o projecto Pat Gen Vineyards, um processo de mapeamento genético de cada casta ali plantada, para que a vinha pudesse ser “replicada” na mesma proporção, num “berçário” de videiras (ou campo de multiplicação de genótipos) e, no futuro, as videiras mortas repostas com variedades geneticamente idênticas. A ideia era, e é, “perpetuar desta forma o terroir e o ‘field blend’ desta vinha única”. Cada videira tem uma coordenada gps própria, e a equipa do Crasto acede a uma plataforma digital para supervisionar vários aspectos da vinha, como o estado de saúde de cada pé, a localização das variedades e muitos outros parâmetros. Os planos são para que, segundo Tomás Roquette, “ainda este ano se comecem a replantar as videiras mortas”.

O ano vitícola de 2017 originou, nas palavras de Manuel Lobo, “a vindima mais precoce de que temos memória, na Quinta do Crasto”. De acordo com o enólogo, as primeiras uvas tintas foram colhidas a 18 de Agosto e o primeiro corte na Vinha Maria Teresa deu-se no dia 25 de Agosto, algo que “nunca antes tinha acontecido”. Já o segundo corte nesta vinha, deu-se a 2 de Setembro e, dezassete dias depois, o último. Foi um ano “pouco produtivo, mas com excelente concentração”, explicou Manuel Lobo. Cachos mais pequenos e uvas de menor diâmetro, com óptimo rácio entre película e polpa, contribuíram para isso. Para o Crasto, 2017 “ficará certamente registado na História como um ano de vinhos excepcionais”, e é normal que o produtor assim pense, já que o Vinha Maria Teresa tinto 2017 arrebata qualquer um, mesmo na sua actual juventude. Estagiado durante 20 meses em barricas novas de carvalho francês, de 225 litros, este vinho é o resultado de uma “selecção exaustiva de barricas que tiveram melhor performance”, referiu Manuel Lobo.

E é precisamente por esta importância que as vinhas velhas têm para o Crasto, que o produtor concretizou recentemente “um sonho que tínhamos desde 2007”: a Adega Vinhas Velhas. Este é um espaço totalmente renovado, “cada cuba pensada para cada parcela de vinha velha, e com todas as condições necessárias para a optimização da expressão de identidade de cada uma”. Manuel Lobo tem um novo espaço para “brincar”, e dele só poderá sair coisa boa…

(Artigo publicado na edição de Dezembro de 2020)

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Poejo d’Algures: Os vinhos da garrafeira Néctar das Avenidas

Garrafeira Néctar Avenidas

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Texto: Nuno de Oliveira Garcia

Fotos: Néctar das Avenidas

A garrafeira lisboeta Néctar das Avenidas já mereceu atenção da nossa revista anteriormente, tendo mesmo sido destacada com o prémio Garrafeira do Ano. O projeto, sempre sito no bairro das Avenidas Novas (daí o nome e a referência a “avenidas”) em Lisboa, foi inaugurado em 2011, tendo mudado uma vez de lugar, apenas para poucas dezenas de metros de distância, agora na Rua Pinheiro Chagas 50.  Fica numa esquina com o troço final da Avenida Luís Bívar (quase antes de se tornar Marquês de Tomar) e basta entrar na loja para, repentinamente, nos apercebemos de que estamos numa garrafeira ligeiramente diferente de tantas outras. Mais do que Douro e Alentejo, são as estantes com vinhos dedicados à Bairrada e ao Dão que se impõem ao olhar. Dir-se-ia que é uma preferência dos sócios (eles não confirmam, todavia sabemos ser verdade), mas somos informados que o público fiel da casa opta mesmo por aquelas duas regiões do Centro do país. As outras regiões estão, obviamente, presentes, e nota-se uma seleção criteriosa dos produtores e vinhos à venda. Ora, a par de uma especial atenção a vinhos mais velhos, e a alguns produtos originais dos Açores (que não apenas vinhos), há algo mais que nos capta a visão… Uma marca que desconhecíamos, de nome Poejo.

Trata-se, afinal, de uma marca criada pelos sócios Pedro Garcia e João Quintela, sendo que a palavra “poejo”, para além de retratar a conhecida cespitosa, funciona como um falso acrónimo formado pela junção de algumas das primeiras letras dos fundadores. O impulso de começar a desafiar alguns produtores a fazerem lotes especialmente para serem vendidos na loja começou em 2012 e, segundo nos dizem, todos os produtores que foram abordados para o efeito aceitaram de imediato. Ambos os sócios do projeto têm como lema principal “se não vendermos os vinhos, bebemo-los nós”, o que, bem vistas as coisas e perante a qualidade dos vinhos, é uma ótima ideia! Para evitar problemas de marcas e de propriedade intelectual, dada a utilização comum da erva poejo na gastronomia e em produtos alimentares, a versão final do nome/marca ficou Poejo d’Algures embora, quer a imagem dos rótulos, quer a gíria de quem o pede, privilegie apenas a referência a Poejo. A ideia fecundadora terá surgido pelo desejo de Pedro Garcia, que nos diz gostar “de fazer marcas”, em ter uma marca própria, sendo que o proprietário acumula ainda as tarefas burocráticas e de design gráfico. João Quintela – enófilo conhecedor e colecionista – concordou com a ideia, e ajuda na seleção dos produtores e na escolha dos lotes finais. Conhecendo os dotes de prova do João, imagino que o faça sem grande dificuldade e com muita alegria. De alguma forma, o projeto Poejo nasceu de forma independente da loja, mas está a ela inevitavelmente ligado por ser o seu único posto de venda. A imagem da marca (se é que assim se pode dizer de uma marca com tantas variáveis) é, efetivamente, a excelência dos produtores e enólogos escolhidos, o que se deve, estamos certos, à experiência de ambos os sócios no mundo do vinho. Aliás, em vários casos o produtor ou o enólogo escolhidos foram já premiados pela nossa revista como Melhores do Ano, sendo que a maioria dos preços dos vinhos que foram lançados se encontra no intervalo entre 9 e 19 euros, valores acessíveis perante a qualidade geral. Tivemos a oportunidade de provar todos os vinhos, e fazemos de seguida um périplo cuja ordem assenta na cronologia dos lançamentos.

Garrafeira Néctar Avenidas

Em julho de 2014 foi lançado o primeiro vinho: um branco da região do Alentejo, produzido em Estremoz por Margarida Cabaço (Monte dos Cabaços) com enologia de Susana Esteban. A colheita de 2012 rapidamente esgotou sendo lançada de seguida a colheita de 2013, com sucesso repetido. Motivados com o sucesso da estreia, uma segunda fase do projeto surgiu em outubro de 2014 e contou com dois tintos do Douro Superior, ambos produzidos pelo produtor Vinilourenço, com enologia de Virgílio Loureiro: um Reserva de 2011 feito com castas tradicionais da região – muito Douro, esteva, fruto negro, leve rusticidade (16,5) – e um Grande Reserva 2011 feito apenas com a casta Sousão – surpreende pela elegância, vivo e especiado (17,5).

Um ano volvido, é lançado um vinho tinto da colheita 2013 produzido também na região do Douro, mas agora pelas mãos de Sandra Tavares da Silva e de Jorge Serôdio, a dupla da Wine&Soul – fruto bonito e elegante com ótima frescura e evolução (17,5). No mesmo mês foi lançado outro tinto de 2013, desta vez da Região de Lisboa, produzido na Quinta de Chocapalha – fruto encarnado, tanino vivo, leve doçura frutada (16,5) e, em setembro de 2016, Pedro e João regressaram ao Alentejo e lançaram um novo tinto, da colheita de 2011, novamente com enologia de Susana Esteban, produzido no Monte dos Cabaços – fruto encarnado, vegetal seco, ameixa (16,5).

Pouco tempo volvido, chegou a vez de ambos os sócios viajarem até à Serra da Estrela, região do Dão, onde produziram dois novos vinhos brancos mais uma vez com enólogo e produtor premiados, Paulo Nunes da Casa da Passarella (Abrigo da Passarela); um de lote com as castas brancas tradicionais – mineral e ervas frescas no nariz, lácteo e potente em boca (16,5) – e outro só Encruzado, sem barrica – fresco e preciso (17).

Mais uma vez os vinhos esgotaram depressa e dois novos vinhos do Dão foram gizados, desta vez da casta tinta Jaen, um “rótulo branco” – fruto encarnado e especiaria, guloso e bonito (16,5) – e um “rótulo azul” – mais estágio, afinado e fresco (17) – ambos também de colheita de 2015, e ambos a mostrarem boa evolução (contrariando algum estigma que a casta a este respeito sofre).

Em outubro de 2017, chega uma nova edição duriense da dupla Jorge Serôdio e Sandra Tavares da Silva, da colheita de 2014, vinho que estabeleceu um novo recorde de vendas, tendo ficado esgotado ainda antes do Natal desse mesmo ano – Tourigas Nacional e Franca e Tinta Roriz, fruto silvestre e final explosivo (17). Em 2018 são lançados dois tintos de 2015 de Lisboa, produzidos pela Quinta de Chocapalha – ambos bons, mas a merecer destaque a segunda edição que junta duas barricas de Syrah e uma de Touriga Nacional, jovem e profundo (17,5).

No final de outubro de 2020, pela primeira vez, é lançado um Vinho Verde Alvarinho com lote de vários anos – colheitas de 2016, 2017 e 2018, metade com curtimenta completa, e barrica de 400 litros: perfil barroco, salino e floral doce, muito interessante – produzido pela Provam, com enologia de Abel Codesso, ainda à venda. Aproveitando a cada vez maior adesão a brancos por parte dos clientes da garrafeira, foi lançado, seguidamente, mais um vinho branco, agora da colheita de 2019 e produzido novamente na Quinta de Chocapalha – Viosinho e Arinto, com salinidade e acidez integrada (16,5).

O último vinho a ser lançado, e dos melhores (diga-se) marca um regresso ao Douro, mais concretamente à Wine&Soul, um tinto de vinhas velhas novamente de colheita de 2014, mas desta feita Reserva – fresco e elegante, com fantástica evolução, longo e saboroso em boca, e tudo isto com apenas 12% de álcool, também disponível para compra.

Garrafeira Néctar Avenidas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(Artigo publicado na edição de Outubro 2021)[/vc_column_text][vc_column_text][/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

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O Barca-Velha e eu

Lançamento Barca Velha

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Tudo começou com o 1966. De então para cá tenho acompanhado a história deste vinho icónico. Com percalços e momentos de exaltação, como compete a uma relação que se preze.

 TEXTO: João Paulo Martins

Foi na minha juventude, no final dos anos 60, que comecei a ouvir falar neste tinto do Douro. Não liguei. Não só eu não comprava vinhos como não tinha qualquer informação sobre a região, o vinho e a sua história. Mas falava-se, é verdade. Na altura já se dizia que não era um vinho barato, mas para mim era estratosférico.

Foi na segunda metade dos anos 70 que me dispus a comprar uma garrafa, com um intuito comemorativo, após o nascimento da minha filha Rita. Lembro-me que a compra me custou. Mas não doeu muito. À época (1978) eu já comprava vinhos, mas, seguindo os gostos da época, eram os vinhos velhos que me chamavam a atenção. Numa era pré-histórica, sem Net ou telemóvel, sem imprensa especializada, o que se falava de vinhos era no boca-a-boca, ouvia-se aqui e ali uns comentários e pronto.

Para o meu tecto habitual de gasto em vinho, o meu Barca-Velha 1966 custou quatro vezes mais e, por isso, foi sempre tido como vinho especial. Só retomei o contacto com a marca quando saiu o Reserva Especial de 1980, nos finais dessa década. Desde então tenho estado atento ao perfil, ao estilo e às mudanças de personalidade do vinho.

Confesso que, por gosto pessoal, me inclino sempre mais para as edições mais recentes, que procuro consumir no máximo até 10 anos depois da saída do vinho. Eu sei que ele dura mais, mas o prazer já não é o mesmo. Apercebi-me que alguns Reserva Especial poderiam ter sido Barca-Velha (como o 1980 ou o 1986) e que outros (como o Barca-Velha 1982) deveriam ter tido outra designação.

Essa é a idiossincrasia do vinho, sempre capaz de nos surpreender, para um lado ou outro. Não cheguei a conhecer pessoalmente Fernando Nicolau de Almeida, mas a enologia da Ferreira aprendeu bem a lição de não ceder nos princípios e de não facilitar na decisão. Por isso demora tanto tempo escolher o epíteto: Barca-Velha ou Reserva Especial?

Percebe-se a delonga, porque sabemos que os vinhos, nos primeiros três a quatro anos, andam “para cima e para baixo” e é na estabilização pós-tormenta que melhor se pode compreender a valia do que está dentro da garrafa. Como tive oportunidade (única) de provar esses vinhos que estão “no forno”, posso assegurar que a espera é justificada. Outros preparam os vinhos para estarem em condições de consumo dois a três anos após a colheita. Na Ferreira sabe-se que, com essa idade, os grandes tintos ainda estão em estado imberbe, ainda no infantário. Por isso tudo vai continuar como até aqui. E nós, como apreciadores da marca, agradecemos.

(Artigo publicado na edição de Outubro 2020)

lançamento Barca Velha[/vc_column_text][vc_column_text]

Não foram encontrados produtos correspondentes à sua pesquisa.

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20 anos de Pedra Cancela… … e um branco Intemporal para comemorar

20 Anos de Pedra Cacela

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Lusovini é hoje um mundo de vinhos, mas existe uma marca que, há vinte anos, é a mais emblemática da empresa sediada no Dão: Pedra Cancela. Para comemorar as duas décadas, lançou-se um branco notável…

 TEXTO: Mariana Lopes             

FOTOS: Luís Lopes

20 anos de Pedra Cancela

 É em Carregal do Sal que se situa a Vinha da Fidalga, propriedade de vinte e cinco hectares dedicada aos vinhos Pedra Cancela. A marca — que nasceu em 2000 pelas mãos do enólogo e professor de viticultura João Paulo Gouveia (e do seu pai), a quem se juntou mais tarde, em 2009, a enóloga Sónia Martins — é hoje porta-bandeira da Lusovini, empresa sediada em Nelas da qual ambos são sócios e onde Sónia é a actual presidente. Foi na vinha que se assinalaram os vinte anos, com uma mini prova vertical de Pedra Cancela Reserva branco e o lançamento de um branco especial, de nível superior, o Pedra Cancela Intemporal 2012.

A Vinha da Fidalga tem 15,6 hectares de vinha, meio hectare de nogueiras e uma floresta mista lindíssima onde predominam acácias, carvalhos americanos e pinheiros, mas onde também se encontram cedros, aveleiras, oliveiras e outras espécies de árvores. Nos dias mais quentes, este arvoredo é um autêntico oásis, proporcionando sombra fresca.

O solo é franco-arenoso de origem granítica, baixo em pH e em reserva hídrica, pobre em matéria orgânica. Entre as linhas de videiras, a Lusovini plantou uma mistura de leguminosas (trevo, serradela, etc.), para que estas captem o azoto atmosférico e o fixem no solo. Quanto a castas, estão presentes as tintas tradicionais na região, como Touriga Nacional (em maior quantidade), Alfrocheiro e Tinta Roriz, e as brancas Encruzado, Cerceal-Branco, Uva Cão e Terrantez. Há ainda um campo de ensaio com outras nove variedades brancas e tintas antigas da região, praticamente desaparecidas, que poderão vir a originar vinhos diferentes.

“Há quarenta anos era impossível fazer uma prova de vinhos brancos como esta”, disse João Paulo Gouveia, ao introduzir a vertical de Pedra Cancela Reserva branco, com as edições de 2018, 2017, 2015 e 2014, e que culminou na estrela do dia, o Intemporal. “A primeira garrafa de Pedra Cancela, que surgiu há vinte anos, com o meu pai, foi o Reserva, de Encruzado e Malvasia-Fina.

20 Anos de Pedra Cancela

Em 2009, quando nasceu a Lusovini, este passou a ser um projecto global e [sublinha] nosso”, continuou o produtor. “Hoje, há muitas coisas que fazemos diferente e esperamos, daqui a mais vinte anos, estar de novo a dizer que não fazemos nada como fazíamos”. O Reserva branco 2018 está actualmente no mercado, e o Encruzado desta edição fermentou e estagiou três meses em barrica francesa usada, enquanto a Malvasia apenas esteve em inox. O 2017 foi o que marcou o rebranding deste vinho, que passou a ostentar um rótulo mais delicado e premium, com cores quentes como o dourado e o creme. Aqui, o Encruzado esteve quatro meses nas barricas. Sobre o 2015, ano em que o Encruzado volta a ter três meses de estágio em barrica, João Paulo lembrou que “foi um dos anos com maiores amplitudes térmicas no Dão, apesar de ter sido um ano bem quente” e Sónia revelou ter sido para si “genericamente, o melhor ano de sempre nas regiões onde nós trabalhamos”.

Já 2014, em que o Encruzado estagia, de novo, três meses em barrica usada, foi “um ano com muita chuva, e mesmo na vindima houve dois dias de precipitação”. O pico da prova foi, sem dúvida, o Pedra Cancela Intemporal, um vinho de 2012 que tem tudo o que se quer num branco com idade: cor dourada bonita, aromas e sabores com evolução elegante e digna, exotismo e complexidade, bem vivo. Este branco é um lote de Encruzado, Malvasia-Fina e Cerceal-Branco e originou 1200 garrafas. “2012 foi o ano com maturação mais lenta e regular da segunda década de 2000, seco e com temperaturas amenas”, elucidou Sónia Martins. Aqui, 20% do Encruzado estagiou em barrica usada e o vinho esteve sete anos em garrafa antes de ir para o mercado. Sem dúvida, uma “Pedra preciosa do Dão”.

20 Anos de Pedra Cancela

Antes de regressar a casa, ainda tivemos oportunidade de provar o espumante Pedra Cancela Casimiro Gomes branco 2014, um Bruto Natural lançado apenas em garrafa Magnum, uma edição especial comemorativa dos 30 anos de profissão do fundador da Lusovini. Terminar com umas bolhas sem açúcar, à boa maneira Bairradina, é o remate perfeito em qualquer região…

(Artigo publicado na edição de Outubro de 2020)[/vc_column_text][vc_column_text]

Não foram encontrados produtos correspondentes à sua pesquisa.

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Sovibor reinventa-se aos 50 anos

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Respeito pela tradição dos vinhos de talha, aliada à modernidade na gestão e a uma forte aposta na qualidade do produto, são as traves mestras de uma empresa que ao meio século de vida conseguiu reinventar-se. TEXTO […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Respeito pela tradição dos vinhos de talha, aliada à modernidade na gestão e a uma forte aposta na qualidade do produto, são as traves mestras de uma empresa que ao meio século de vida conseguiu reinventar-se.

TEXTO João Geirinhas
NOTA DE PROVA Luís Lopes
FOTOS Cortesia Sovibor

A Sovibor é uma empresa com história no Alentejo que não quer ficar agarrada ao passado. Fundada há 50 anos, na cidade de Borba, com instalações próprias mesmo no centro urbano, passou por várias fases, ao ritmo das oscilações próprias do negócio e das variações na sua estrutura accionista, até ter sido adquirida pelo empresário Fernando Tavares no final de 2014. Começou aí o futuro e os resultados estão agora a revelar-se e deixam perceber que o melhor está a chegar.
Na origem desta forte aposta, que corresponde a um investimento já realizado de 750 mil euros, está a paixão do empresário pelos vinhos da região, particularmente os vinificados nas tradicionais talhas. Quem visita agora a adega da Sovibor não deixa de ficar impressionado com a bela e imponente visão das cerca de 30 talhas cuidadosamente expostas numa cave, o que contribui para tornar o ambiente em redor num misticismo quase religioso.
Não se ficou por aqui o esforço de modernização da nova Sovibor. Os edifícios foram objecto de uma ampla recuperação, renovou-se toda a linha de engarrafamento, substituíram-se velhos equipamentos de vinificação e apostou-se em novos, como as cubas de fermentação, balseiros e barricas e ainda lagares em mármore. Para o futuro próximo está a intenção de investir no enoturismo, requalificando as instalações da Adega do Passo e adaptando-as a centro de visitas e provas e a uma loja.[/vc_column_text][image_with_animation image_url=”34417″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][vc_column_text]Em termos de enologia, a adega está bem entregue à equipa liderada por António Ventura e assistida no terreno por Rafael Neuparth e Rita Tavares, filha do proprietário. Não dispondo de vinhas próprias, a Sovibor tem contractos com viticultores da região que lhe asseguram o fornecimento de uvas provenientes de cerca 170 hectares, muitas delas vinhas velhas. Assumem particular importância as parcelas com Alfrocheiro e Syrah com mais de 50 anos que lhes permitem apresentar agora vinhos distintos e de forte caracter.
A recuperação da empresa passou também pela preservação daquelas que eram as marcas mais conhecidas do seu portefólio como era o caso da Borba Sovibor, Adega do Passo e Valflor e Passo dos Terceiros mas o foco principal vai agora a introdução de novas referências onde os responsáveis da empresa querem colocar os vinhos mais ambiciosos e de melhor qualidade. É o caso da gama Mamoré da qual já saíram para o mercado as versões do Branco, Tinto, Reserva branco, Reserva tinto e Grande Reserva tinto. A gama Mamoré também se estende aos vinhos de talha, brancos e tintos e ainda ao tinto chamado Petroleiro que recuperam os tradicionais processos de produção em que as talhas são preparadas com pez-louro, cera de abelha e azeite e para onde se destinam as uvas de castas antigas como o Rabo de Ovelha, Moreto e Carignan.
Na comemoração do 50º aniversario, a Sovibor lançou um muito especial Mamoré Grande Reserva Rinto Ed. Comemorativa, da colheita de 2015, um Mamoré Licoroso e uma Aguardente Ed. Comemorativa 50 anos. Qualquer deles um caso muito sério![/vc_column_text][vc_column_text]

Edição Nº22, Fevereiro 2019

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][/vc_column][/vc_row]