Ir à Terceira e voltar

Fomos aos Açores “mergulhar” na colecção de um terceirense amante dos vinhos. Não “limpámos” a garrafeira (são demasiadas garrafas), mas provámos algumas dezenas que já ninguém sabia exactamente em que condição poderiam estar. E tivemos boas surpresas.   TEXTO João Paulo Martins FOTOS DR CONHECI António Maio há alguns anos num evento de vinho e […]

Fomos aos Açores “mergulhar” na colecção de um terceirense amante dos vinhos. Não “limpámos” a garrafeira (são demasiadas garrafas), mas provámos algumas dezenas que já ninguém sabia exactamente em que condição poderiam estar. E tivemos boas surpresas.

 

TEXTO João Paulo Martins FOTOS DR

CONHECI António Maio há alguns anos num evento de vinho e desde logo se criou um clima de cumplicidade vínica que tem durado até hoje. Desde então já orientei várias provas na ilha Terceira para consumidores locais e descobri mesmo que alguns deles eram meus velhos conhecidos cujo paradeiro desconhecia. À sua volta António foi juntando um conjunto de amigos que, de simples apreciadores, ganharam coragem para ir mais longe, saber mais e ter um prazer extra na prova dos vinhos. O gosto de António, esse, não é tão antigo assim, já que durante anos e anos a enofilia não lhe dizia muito, apesar de vir de uma tradição familiar onde o vinho estava presente. O pai tinha uma pequena vinha onde cultivava vinho de cheiro (o chamado “americano”), que depois vendia para o Pico, mas aquele vinho não lhe agradava e por isso não bebia. O facto de o vinho avinagrar ao fim de poucos meses também não ajudava. As caixas das prendas natalícias iam-se acumulando e… nada, até aos 35 anos pode dizer-se que era abstémio.

Foi com a viragem do século e o surgimento das grandes marcas que hoje povoam o nosso imaginário que António começou a beber e a gostar. Nasceu então o gosto do coleccionismo, a vontade de ter todas as edições dos grandes vinhos, do Barca Velha ao Vale Meão, do Vinha Maria Teresa ao Chryseia. O gosto pelas colecções e a cave foram aumentando, bem mais do que o consumo aconselhava. Mas esse tempo já passou e hoje já não é por aí que António quer seguir; parou de comprar em quantidades, embora mantenha o gosto de ter as colecções completas. A disponibilidade de espaço que tinha ajudou ao vício e as caixas de vinho multiplicam-se em todos os cantos da casa.

E agora? Que fazer?
António não nasceu para negociante de vinhos e por isso não compra com o intuito de vender. Mas não esconde o desejo de um dia poder abrir com os filhos um wine bar em Angra onde possa escoar muito do vinho que tem em cave, que estima poder rondar as 9.000 garrafas. Mas como isso é ideia associada à reforma, o assunto vai ter de esperar mais uns anos. O vinho, esse, pelo que vimos, vai aguentar bem a prova do tempo porque está quase todo guardado em ambiente frio e o próprio clima ameno da ilha ajuda a que a evolução seja lenta mesmo para as caixas que não estão na cave fria. Foi aqui que andámos, por sugestão do próprio, a juntar um conjunto de vinhos para a prova que decorreu no mês de Agosto em sua casa. Todos de férias, tempo agradável e clima a pedir a reunião de amigos para a prova.

Sabia que…
Se não tiver boas condições de guarda, não vale a pena armazenar os seus vinhos durante muito tempo

António começou por apreciar sobretudo tintos, mas considera-se agora cada vez mais brancófilo e é com orgulho que diz que foi grande contribuinte pelo gosto do Vinho do Porto que agora existe por aquelas paragens insulares. Ele próprio não perde uma grande prova aqui em Lisboa, tirando partido das muitas viagens que por razões profissionais tem de fazer ao continente. O gosto também foi mudando e agora é o equilíbrio que mais o seduz num vinho; ganhou, entretanto, o apreço pelos vinhos velhos e alguns deles foram também provados nesta ocasião. Quanto aos vinhos pelos quais tem mais carinho e que considera mais valiosos não hesita em referir a colecção completa dos Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa (também em jeito de homenagem à sua mulher, Teresa). Nos vinhos do Porto ficaram-lhe dois na memória: o Constantino Colheita 1910 e o Ramos Pinto 1924. Madeiras? Aqui António não hesita: o Blandy’s Bual 1920. De caras! Responde de imediato.

E quanto aos néctares da Terceira não tem dúvidas: a vinda de Anselmo Mendes para os Biscoitos orientar a produção é uma oportunidade para que os vinhos ganhem outra dimensão.

Uma prova e tanto
De Lisboa fomos três: Luís Lopes, Nuno Oliveira Garcia e eu próprio. Da lista inicial proposta acabámos por seleccionar alguns que mais raramente temos provado no âmbito das nossas provas temáticas. Não fomos felizardos com alguns vinhos por apresentarem problemas de rolha, uma percentagem muito mais elevada do que o habitual, atribuível, creio, a um mero acaso. Ainda assim, foram 36 vinhos que se mostraram bem, ainda que em patamares de qualidade muito diversa. Dos anos 70 sobrou apenas um Colares Viúva Gomes 1974, mas já muito débil. Outros que tinham sido re-rolhados estavam cheios de problemas de gosto a rolha (TCA). Nos anos 80 tivemos um pouco mais de sorte com um Quinta do Carmo Garrafeira 87 em grande, grande forma, um Aliança Garrafeira 1985 ainda vivo e um Reserva 85 João de Santarém da Adega Cooperativa de Torres Vedras, magro e muito débil, uma mera curiosidade. Bem melhor a prestação dos anos 90 com três vinhos do Douro com classificação idêntica (16): Torna Grande 1999, Cabeça de Burro 1997 e Lello Garrafeira 1995; com 16,5 o Cartuxa 1998. Ainda desta década, mas em patamar bem mais acima, o Duas Quintas Reserva 1991, Tapada do Chaves 1992, D’Avillez Garrafeira 1998 e Fojo 1996 (todos com 17,5); excepcionais o Crasto Reserva 1999 e o Ferreirinha Reserva Especial 1997 (com 18 pontos).

Da primeira década deste século chegaram à prova muitos e bons vinhos. Destacamos dois pela excepcional prova que deram, o VT 2004 e o Batuta 2001 (ambos 18,5). Depois seguiu-se daí para baixo um conjunto alargado de vinhos: Anselmo Mendes Alvarinho branco 2007, Filipa Pato Cercial branco 2005, Quinta de Pancas Premium 2000, Quinta da Leda 2000, ME e JBC Selections 2001 (todos com 17,5); Esmero 2003, Muros Antigos Alvarinho branco 2007, Conde Vimioso Reserva 2000 (com 17); PL/LR branco 2008, Esporão branco 2006, Esporão Alicante Bouschet 2002, Quinta do Zambujeiro 2002 e Campo Ardosa RRR 2000 mereceram 16,5. E com 16, os Redoma branco 2006, Quinta dos Carvalhais Encruzado 2007, Campolargo 2002 e Quanta Terra 2001.

Para terminar, e em jeito de alerta para quem tem vinhos mais antigos em casa, refiro que nos deparámos com 10 vinhos contaminados por problemas de rolha e mais 4 já passados ou com defeito de prova grave. Em resumo, guardar vinhos tem muitas vezes a sua recompensa, e um branco ou tinto velhos podem originar momentos de excepção. Mas é preciso estar atento.

Um coleccionador recomenda
Nos anos que leva de coleccionador de vinhos, António Maio percebeu que há erros que se podem pagar caro e por isso deixa aqui algumas recomendações. Em primeiro lugar qualquer coleccionador nos Açores tem de estar preparado para a eventualidade dos tremores de terra. Assim, se os vinhos estiverem em prateleiras e já fora das caixas originais, é bom ter uma rede metálica à frente da prateleira que evite que as garrafas caiam para o chão quando a terra tremer. Em segundo lugar a temperatura da cave: se não tem possibilidade de ter uma cave fria não guarde vinhos por muitos anos; procure ter de vários segmentos — vinhos do quotidiano, de gama média e alta, sempre num equilíbrio entre a compra e o consumo. Ter em atenção onde se compram os vinhos, para termos a certeza que não há fraudes (elas são mais frequentes do que imaginamos nas grandes marcas). Por fim, o complemento de uma boa colecção são os bons acessórios: decantadores, bons copos e boa companhia. E para que não se deite tudo a perder, muito cuidado com a temperatura de serviço.

O Sado de copo na mão

Num país com muito vinho, alma de marinheiro, belos rios e largas centenas de quilómetros de costa, seria de esperar que os cruzeiros vínicos fossem coisa comum. Estranhamente, não são. Mas no Sado eles fazem parte da paisagem já há quatro anos. Crónica de um final de tarde de copo na mão, entre vinhos, paisagem […]

Num país com muito vinho, alma de marinheiro, belos rios e largas centenas de quilómetros de costa, seria de esperar que os cruzeiros vínicos fossem coisa comum. Estranhamente, não são. Mas no Sado eles fazem parte da paisagem já há quatro anos. Crónica de um final de tarde de copo na mão, entre vinhos, paisagem e golfinhos. Viva o Verão.

 

TEXTO Luís Francisco FOTOS Ricardo Palma Veiga

O sol ainda vai alto nesta tarde de Agosto, reforçando o apelo da brisa fresca e do brilho das águas no estuário do Sado. No cais, em Setúbal, junta-se um grupo relativamente heterogéneo de pessoas – portugueses e estrangeiros, novos e mais velhos, casais e grupos alargados – que aguarda o sinal verde para embarcar no “Mil Andanças”, a embarcação onde se renovará hoje uma tradição cada vez mais forte do Verão setubalense: o cruzeiro vínico de sábado. Desta vez, abrilhantado pelos vinhos da Adega Fernão Pó.

A ideia, fomentada pela Rota dos Vinhos da Península de Setúbal, surgiu há quatro anos e o número de produtores aderentes tem crescido todos os anos, até ao ponto de, em 2017, as 18 datas disponíveis no Verão (de 3 de Junho a 30 de Setembro) estarem todas ocupadas. E com muita procura. Pudera: a experiência é fantástica, mesmo para quem não seja fanático do vinho. A visão da Arrábida no enquadramento do pôr-do-sol, a península de Tróia e o casario de Setúbal, o plano de água e o movimento dos navios, as praias e os golfinhos. Sim, os golfinhos. Lá iremos.

O trajecto entre Setúbal e o cais de Tróia, segundo ponto de entrada de participantes no cruzeiro, serve praticamente de aperitivo. O sol ainda vai alto, as águas animam-se com carneirinhos de espuma, as pessoas arrumam-se nas cadeiras do deck superior ou nos bancos almofadados cá em baixo – a sala interior ainda está encerrada, enquanto se prepara a prova de vinhos.

A saída de Tróia marca o início das hostilidades. Toda a gente é convocada ao deck superior para se fazer a apresentação do produtor da semana, neste caso a Adega Fernão Pó. João Palhoça, enólogo, resume em duas ou três frases a origem familiar da empresa e lança uma primeira luz sobre os vinhos que iremos provar de seguida. Palavras não eram ditas e eis que toda a gente volta a descer, desta vez com o vinho em linha de mira. E a primeira rodada é sempre a mais difícil…

Seja porque a sede aperta, seja porque os balanços da barra pregam partidas a quem não está habituado, gera-se um ajuntamento na zona de serviço, onde também está disponível uma mesa com petiscos (pão, tostas, queijo, chouriço, presunto, entre outras iguarias)… Mas depressa o ritmo serena e podemos provar o branco de entrada de gama, a que se seguirão um rosé, outro branco (este um varietal de Viosinho) e uma série de tintos (quatro, no total) que culmina no Reserva da casa.

O passeio e o vinho
Aos poucos, as conversas distendem-se, os sorrisos alargam-se e os grupos misturam-se. Um pouco à parte, Kaeszar, um dentista londrino, e a sua mulher, Alia, estão mais confinados pela barreira da língua, mas todas as explicações sobre os vinhos e o passeio são também dadas em inglês. Estão de férias em Tróia – “No Reino Unido ninguém sabe que isto existe!”, espanta-se Kaezar – e um amigo alentejano sugeriu-lhes o cruzeiro. “Adoramos barcos e sunsets”, explica Alia; o vinho é uma espécie de bónus. E, por falar em extras, é por esta altura que soa o aviso: “Golfinhos à esquerda!” E por momentos tudo passa para segundo plano, enquanto os dorsos cinzentos dos roazes dançam na espuma mesmo debaixo dos nossos olhos.

A seguir o vento prega-nos uma partida e fustiga o navio durante alguns minutos, levando consigo algumas almofadas e obrigando toda a gente a abrigar-se no interior, face à ameaça dos salpicos. O “Mil Andanças”, que já há-de ter visto bem pior do que isto, apressa-se a rumar à linha de costa da Arrábida, onde ficará mais resguardado deste súbito mau humor da meteorologia. Curiosamente, mais do que susto ou enjoos, o que se vê a bordo são sorrisos rasgados pelo pitoresco da situação. E, claro, há quem nunca tenha pousado o copo e prossiga, impavidamente, com a prova dos vinhos Fernão Pó.

Giovani e Neia, marido e mulher, brasileiros, vivem em Setúbal há 16 anos e esta é a segunda vez que embarcam num destes cruzeiros vínicos. “Aproveitamos o passeio de barco – é uma cidade bonita, mas vista daqui é um espectáculo – e o vinho. Ela é mais de vinho do que eu, mas no Inverno também ponho de parte a cervejinha e troco por um tinto”, elucida ele, enquanto Neia garante que ambos são fãs dos vinhos da Península de Setúbal, mas que há uns de que gostam “mesmo muito”: “Os do Alentejo!”

O sol já se pôs lá fora e agora navegamos placidamente ao longo da costa, bordejando línguas de areia que em breve desaparecerão na maré cheia. Numa delas, um audaz (ou distraído) pescador continua a fazer lançamentos com ar compenetrado e água pelos joelhos, aparentemente alheio ao facto de em breve poder ficar sem luz e com o caminho de regresso a terra cortado pelas águas. Ele lá sabe…

Um pedido de casamento
Numa mesa, Joana, Tito, Teresa e Carolina, mais “o pai João e a mãe Paula”, uma família de seis que mora do Seixal, estão a confirmar as boas coisas que foram ditas à última por pessoas conhecidas e que os levaram a inscrever-se no cruzeiro. Mas há membros que estão “fora-da-lei” e bebem sumo… “Acho que as pessoas vêm pela experiência geral, os mais novos provavelmente mais pelo barco e pelo passeio do que pelo vinho.” Mas os argumentos vínicos têm em Tito um veemente tribuno: “Provas de vinhos há muitas; num barco é que não!”

E esta será, provavelmente, a frase a reter neste animado anoitecer setubalense. O apelo conjunto do passeio de barco, das paisagens, dos golfinhos e do vinho ajuda a compor um cocktail sedutor. Para os produtores, é uma excelente oportunidade de mostrarem os seus vinhos e recolherem reacções em primeira mão. “Este é o quarto ano em que aderimos aos cruzeiros. Mudámos a imagem há cinco anos, sentimos necessidade de nos darmos a conhecer”, explica Isabel Palhoça, da Adega Fernão Pó.

Nos últimos três anos, a organização dos cruzeiros vínicos passou a ser responsabilidade da SadoArrábida, com apoio da Rota dos Vinhos da Península de Setúbal. Joaquim Ferreira, director da empresa, não tem dúvidas: “É um sucesso. Muito público, quase sempre lotação esgotada, sempre boa disposição a bordo.” Os portugueses são os principais clientes e foi mesmo lusitano o momento mais inesquecível, quando, recorda Isabel Palhoça, num dos cruzeiros da Adega Fernão Pó aconteceu um pedido de casamento… “Era um grupo grande, toda a gente aplaudiu, foi muito bonito!”

Desta vez não houve joelho no chão nem anel no dedo, mas o ambiente foi sempre descontraído. À medida que a noite caía e o vento amainava, cada vez mais gente se foi dirigindo ao deck superior, a música dos Abba marcando o percurso final do passeio, o vinho lubrificando as conversas. Quando chegamos ao cais, agora com os Heróis do Mar a cantarem “Paixão”, é preciso fazer um apelo pela instalação sonora, explicando que a embarcação tem ainda de rumar a Tróia, para que os passageiros comecem a sair. Não há bem que sempre dure, mas a vantagem aqui é que podemos sempre repetir no sábado seguinte. E com vinhos diferentes para descobrir.

CRUZEIROS ENOTURÍSTICOS NO SADO
SadoArrábida
Tel: 915 560 342
Mail: geral@sadoarrabida.pt
Web: www.sadoarrabida.pt
O cruzeiro pelo estuário do Sado, baía de Setúbal, costa da Arrábida e Tróia inclui observação de golfinhos, música, provas de vinhos comentadas por enólogos das adegas convidadas e degustação de queijos, enchidos e doçaria tradicional. Tem uma duração de 2h30 e embarque às 18h30 (Setúbal, doca das Fontaínhas) ou 18h50 (marina de Tróia). Os bilhetes custam 30 euros para adultos e 17,5 euros para crianças dos 6 aos 12 anos. Sempre com marcação prévia. Em Setembro as datas incluem A Serenada (no dia 2), Quinta da Serralheira (9), Herdade da Comporta (16), Península de Setúbal (23) e o cruzeiro de encerramento (30).

Quinta Nova premiada pelo guia “Luxury Travel Guide”

O serviço premium e a elegância dos vinhos apresentados na proposta de enoturismo da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo foram reconhecidos pelo guia de luxo inglês “Luxury Travel Guide” através da atribuição do prémio Luxury Hotel & Winery Of The Year 2018. Esta distinção surge depois de a prestigiada “Conde Nast Traveller”, revista […]

O serviço premium e a elegância dos vinhos apresentados na proposta de enoturismo da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo foram reconhecidos pelo guia de luxo inglês “Luxury Travel Guide” através da atribuição do prémio Luxury Hotel & Winery Of The Year 2018. Esta distinção surge depois de a prestigiada “Conde Nast Traveller”, revista também britânica, ter descrito a Quinta Nova como a “jóia escondida” do Douro, na edição especial do seu 20º aniversário.

O guia inglês Luxury Travel Guide reconhece os melhores em cada uma das categorias no segmento de luxo, com um alcance de mais de meio milhão de pessoas em todo o mundo, e representa o auge das conquistas do setor das viagens e turismo. A atribuição destes prémios está sujeita a uma rigorosa avaliação realizada por profissionais internos, subscritores e parceiros.

“É um enorme reconhecimento para a Quinta Nova ser distinguida pelo terceiro ano consecutivo por um guia com esta relevância no setor”, assume Luísa Amorim, administradora da Quinta Nova. “Esta última atribuição é particularmente especial, uma vez que valoriza a essência da proposta da Quinta Nova, exaltando o projeto no seu âmago, ou seja, o casamento perfeito entre o mundo do vinho e do enoturismo.”

A oferta enoturística da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, na margem direita do Douro, em Covas do Douro, inclui alojamento (11 quartos), restaurante (Conceitus), loja e sala de provas, jardim e piscina panorâmicos e museu (Wine Museum Centre).

Mapa Enogastronómico do Porto e Norte já está disponível

Que ninguém se perca quando a fome e a sede apertam! Já está disponível o Mapa Enogastronómico do Porto e Norte de Portugal, que enumera de forma simples e intuitiva todos os espaços enoturísticos da região. O mapa, lançado pelo Turismo da região, acaba de lançar o contém informações sobre locais a visitar, aconselha provas […]

Que ninguém se perca quando a fome e a sede apertam! Já está disponível o Mapa Enogastronómico do Porto e Norte de Portugal, que enumera de forma simples e intuitiva todos os espaços enoturísticos da região. O mapa, lançado pelo Turismo da região, acaba de lançar o contém informações sobre locais a visitar, aconselha provas gastronómicas e dá orientações sobre regiões demarcadas de vinhos.

O documento possui 23 produtos com Denominação de Origem Protegida (DOP), tem 11 pontos de visitação e 255 quintas de enoturismo. Esta ferramenta turística está disponível em duas línguas – português e espanhol. O mapa, em formato de bolso, está disponível nas lojas de turismo em toda a região Porto e Norte.

“Em 2016 a gastronomia representou 23% do fator de motivação para quem nos visita, logo a seguir ao City Breaks e Touring Cultural, o que nos mostra que é realmente um produto estratégico de extrema importância para a promoção da vinda ao território e por isso mesmo a exigir que haja respostas para quem nos procura”, adianta Melchior Moreira, presidente do Turismo Porto e Norte de Portugal.

Os mercados com mais apetência para este produto são os espanhóis e franceses, os mesmos que mais procuram a região. Em 2017, no acumulado entre Janeiro e Setembro e em comparação com 2016, regista-se um aumento de 11,2% nos visitantes cuja motivação é a gastronomia e vinhos. Os mercados mantêm-se os mesmos, ou seja, Espanha e França registam o maior número de turistas, sendo de salientar o aumento de cerca de 17% da procura por parte dos espanhóis.

 

Duas visões do Douro

São das propostas mais recentes do turismo duriense. Uma aposta num turismo mais massificado, a outra assume uma filosofia de recolhimento. De um lado o turismo de passagem, do outro a estadia. Diferentes como são, coincidem num ponto fundamental: com elas, o Douro fica ainda mais apelativo!   TEXTO Luís Francisco FOTOS Ricardo Palma Veiga […]

São das propostas mais recentes do turismo duriense. Uma aposta num turismo mais massificado, a outra assume uma filosofia de recolhimento. De um lado o turismo de passagem, do outro a estadia. Diferentes como são, coincidem num ponto fundamental: com elas, o Douro fica ainda mais apelativo!

 

TEXTO Luís Francisco FOTOS Ricardo Palma Veiga

O Douro continua a marcar pontos no panorama turístico português e reafirma-se como o exemplo mais perfeito de como o enoturismo se infiltrou tanto na imagem e na oferta de Portugal que já deixou de ser um nicho. Aqui, por entre encostas talhadas à mão e um rio que espelha a paisagem que o rodeia, tudo nos fala de vinho e dos homens que regaram a terra com suor para o fazerem crescer por entre placas de xisto. Mas, ao mesmo tempo que é omnipresente, o vinho também sabe partilhar a ribalta com outros argumentos destas paragens mágicas.

De carro, comboio ou barco (e até de helicóptero, para os mais abonados), descobrir o vale do Douro é sempre um espectáculo de perder a respiração. E para isso nem precisamos de gostar de vinho – embora ajude, caros abstémios! Não espanta, por isso, que a multidão de visitantes seja cada vez mais heterogénea, interessada nos vinhos e nas vinhas que lhes dão origem, mas não só: a natureza, o património histórico, as gentes. E também as experiências. Ninguém ficará desiludido.

À medida que cresce o fluxo turístico, também a oferta se alarga e diversifica. Com propostas muitas vezes bem diferentes, mas que se complementam. Desta vez, rumámos à zona do Pinhão para conhecermos duas apostas recentes – uma ambiciosa renovação e
uma estreia absoluta. De um lado, potenciam-se as visitas e as experiências de um dia; do outro, a aposta vira-se para a estadia, num clima de sossego e exclusividade.

Para quem chega ao Pinhão pelas cénicas EN222 e EN323, há agora motivos reforçados para sair à direita mesmo antes da entrada na ponte metálica que nos leva ao centro da vila duriense. A Quinta das Carvalhas, enorme (500 hectares) propriedade icónica da Real Companhia Velha, recuperou infra-estruturas e reformulou a oferta enoturística com propostas e paisagens irrecusáveis. Para quem prossegue na EN222 junto à foz do rio Torto, a viagem é um pouco mais longa, mas vale bem a pena: alguns quilómetros mais à frente, junto à localidade de Ervedosa do Douro, inflectimos na direcção do rio e vamos encontrar a nova Vineyard Residence da Quinta da Gricha, um piscar de olho da Churchill’s a quem sonha com o silêncio e a sedução dos grandes espaços.

QUINTA DAS CARVALHAS
O Verão estava a chegar e não haveria melhor altura para a Quinta das Carvalhas aparecer de cara lavada para seduzir os turistas que rumavam ao Pinhão. Logo no início de Junho,
era apresentado o resultado do investimento feito na remodelação da loja, agora mais moderna, funcional e sedutora. Mas, acima de tudo, o que vinha à tona era o trabalho imenso (e dispendioso…) de embelezamento e reabilitação de caminhos, canteiros, espaços de lazer e edifícios. Hoje, a Quinta das Carvalhas é um verdadeiro jardim panorâmico, com estradas alcatroadas, miradouros arranjados, canteiros bem cuidados, muros e passeios impecáveis. E isto sem nunca deixar de ser uma quinta dedicada à agricultura.

Desde a loja, à beira-rio, até ao ponto mais alto, a casa redonda que coroa a propriedade a 550 metros de altitude, não se encontra um pedacinho de lixo pelo chão, nunca circulamos
fora de superfícies pavimentadas (a não ser que optemos por andar a pé por entre as vinhas), há uma sensação de harmonia que se entranha quase sem darmos por ela. “E isso é muito importante quando, no final, provamos os vinhos da casa!”, sentencia Álvaro Martinho, o responsável pela viticultura das Carvalhas.

É com ele que vamos partir montanha acima, à descoberta da biodiversidade deste naco privilegiado de Douro. E é sempre da região que fala o nosso anfitrião, protagonista da visita Vintage (personalizada, em veículo todo-o-terreno) que, inicialmente, foi encarada como um produto de nicho e que agora se tornou campeã de popularidade.

Diga-se que o nosso anfitrião faz bem por merecer a preferência do visitante. Álvaro é um verdadeiro David Attenborough do Douro: trepa rochas, pendura-se em raízes nas barreiras da estrada, desenha a xisto sobre o asfalto, esmaga ervas com os dedos para lhes extrair aromas, trepa rochas e muros… A dada altura, perante uma menina chinesa que acompanha a família, ensaia mesmo uns truques de magia com uma moeda, antes de atacar, em inglês, a temática das vinhas velhas com castas misturadas.

E se o que faz é, por si só, um espectáculo memorável, convém não julgar o livro apenas pela capa: o que Álvaro nos diz é que, apesar da aparente pobreza, estes solos do Douro (e mais exactamente nesta zona central, grosso modo entre a Régua e a Foz do Tua) sustentam uma incrível variedade de espécies vegetais, que, por seu turno, são a base de uma vida animal abundante. Ou seja, o que Álvaro nos diz é que este solo é especial e que reside aí a explicação para o carácter único dos vinhos que aqui nascem.

Sempre com a fita espelhada do Douro lá em baixo, passamos por vinhas, mato virgem, miradouros e antigas construções; apreciamos vistas, geometrias, cheiros e texturas; coleccionamos emoções. E, justiça seja feita, também ficamos com sede… Quando regressamos à loja, a temperatura já baixou dos inclementes 37 graus que nos esmagaram ao início da tarde, mas a água é muito bem-vinda. E a seguir, o vinho. Belo vinho.

Morada: Quinta das Carvalhas, 5085-034 Pinhão
Tel: 254 738 050 / 925 141 948
Fax: 254 730 851
(Taberna da Adega: 919 001 166)
Mail: carvalhas@realcompanhiavelha.pt
Web: www.realcompanhiavelha.pt/pages/quintas/4
O leque da oferta enoturística das Carvalhas abre com a prova de vinhos na loja (à carta), acompanhada de petiscos regionais. A loja está aberta entre as 10h e as 13h e das 14h às 19h, no Verão; das 14 às 18h durante o Outono/Inverno. Há visitas guiadas em minibus (máximo 20 pessoas) com partida do Pinhão e horários fixos (10h, 12h, 15h, 17h – de terça a domingo entre Maio e Setembro; sob marcação no resto do ano). Custam 12,5 euros por pessoa (5€ crianças entre os 4 e os 11 anos). A visita Vintage, personalizada, está disponível todos os dias mediante marcação, custa 35 euros por pessoa e inclui prova de três vinhos no final. Refeições, piqueniques e caminhadas mediante marcação.

QUINTA DA GRICHA
Se em linha recta (leia-se: no mapa) a distância entre as Carvalhas e a Gricha parece diminuta, por estrada a tarefa é mais complicada. Nada de dramatismos: falamos de alguns
quilómetros, os últimos dos quais, reconheça-se, por estrada degradada e estreita com precipícios impressionantes à espreita. Mas é também esse o trunfo da recém-estreada Vineyard Residence da Quinta da Gricha, propriedade da Churchill’s… Aqui respira-se sossego e recolhimento.

Chegamos e é toda uma vertigem de linhas e rendilhados de vinha que se estende perante o olhar. Lá ao fundo, o Douro ainda brilha na luz doce do final da tarde – e só podemos imaginar como será a vista de lá de baixo… Na verdade, a viagem mais curta e mais gratificante para chegar a este recanto é mesmo pelo rio, rumo ao ancoradouro da Quinta de S. José, uma das várias de nome sonante que aqui se arrumam (Tecedeiras, Roriz, etc…), de onde podemos ser transportados até à Gricha, nome que deriva da palavra usada para descrever uma fonte que jorra das pedras.

E ela lá está, no ponto mais alto do espaço exterior da casa, presidindo, por entre muros de pedra e relvados, ao patamar que enquadra a piscina e a horta, bem como o terreiro das laranjeiras, locais de lazer e remanso onde um livro e um copo de vinho podem ser excelente companhia. São espaços independentes, mas comunicantes, formando um todo de grande harmonia e beleza, para mais cercados por este anfiteatro de céu azul e montanhas espectaculares.

A Vineyard Residence oferece alguns programas de actividades ao ar livre e sugere pontos de interesse para visitar, mas é sem surpresa que ficamos a saber que a maioria dos hóspedes
prefere mesmo é ficar quieta, gozando esta atmosfera de recolhimento. Talvez um dia, quando forem realizadas as obras de recuperação da verdadeira mãe de água e dos túneis que estão a montante da fonte, valha a pena dar uns passos para o lado e descobrir novas maravilhas. Por enquanto, está tudo aqui.

Ou não, porque se um copo de vinho se pode levar para todo o lado, chega uma altura em que apetece sentar à mesa. Antes, um passeio pela adega, com os seus lagares de granito esculpido, e uma boa conversa num dos grandes alpendres da casa – ainda e sempre a vista e o silêncio a comandarem as operações. A casa plana sobre as vinhas e as suas arrebatadoras geometrias, as paredes erguendo-se a meia encosta em tons de branco e cinzento, o laranja do telhado em vívido contraste com o mar de verde em volta.

Jantamos em ambiente familiar, sempre com belos vinhos por companhia, e regressamos ao alpendre para uma última dose de vertigem e silêncio, o pôr-do-sol ainda a reverberar em lampejos de luz sobre os cumes. A seguir, a escuridão instala-se e o céu acende-se de estrelas. Recolhemos aos quartos, espaçosos e confortáveis, mas despojados (não há TV nem ar condicionado – e quem for viciado em telemóveis tem de se esforçar para garantir rede…), com enormes casas de banho e duche espaçoso.

Está calor e temos de dormir de janela aberta. Tirando os grilos, não se ouve mais nada até ser de manhã e o sol voltar a iluminar esta paisagem extraordinária, agora apreciada de volta de um belo pequeno-almoço. A única má notícia é que temos de ir embora.

Morada: Quinta da Gricha, Ervedosa do Douro, 5130-108 S. João da Pesqueira
Tel: 254 422 136
Mail: quintadagricha@churchills-port.com
Web: www.churchills-port.com/quinta-da-gricha-vineyard-residence/
GPS: Latitude ºN – 41.18980; Longitude ºE – -7.47119
Os quatro quartos disponíveis custam, em média, 250 euros por noite para estadias mínimas de duas noites, com pequeno-almoço incluído. As refeições custam 45 ou 55 euros (para hóspedes e visitantes, respectivamente, incluindo a prova de 5 vinhos). As provas de vinhos ficam por 15 (Clássica, 5 vinhos) ou 40 euros (Ruby & Tawny Ports, 6 vinhos do Porto; ou The Gricha Terroir, 2 vinhos topo de gama). Há duas sugestões de tour – uma para
hóspedes, outra para visitantes, ambas envolvendo passeio de barco pelo Douro e com preços sob consulta.

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo já tem museu

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, muxseu

Chama-se Wine Museum Centre Fernanda Ramos Amorim, nasceu na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo e é o mais recente museu do Douro. Com mais de 12.000 turistas anuais, o projecto enoturístico desta quinta situada na margem direita do rio, perto do Pinhão, que já contempla alojamento e restaurante, fica ainda mais completo. O […]

Chama-se Wine Museum Centre Fernanda Ramos Amorim, nasceu na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo e é o mais recente museu do Douro. Com mais de 12.000 turistas anuais, o projecto enoturístico desta quinta situada na margem direita do rio, perto do Pinhão, que já contempla alojamento e restaurante, fica ainda mais completo.
O museu resulta do sonho da coleccionadora, Fernanda Amorim, de preservar a memória cultural da região do Douro, partilhando-a com todos os amantes de vinho que a visitam. O edifício foi desenhado por Arnaldo Barbosa, considerado um dos “arquitectos do Douro”, e os conteúdos estiveram a cargo da empresa de museologia MUSE, com a colaboração da Fundação Museu do Douro. O espólio reflecte a tradição secular do Douro, agora apresentada num acervo representativo do ciclo produtivo do Vinho do Porto, com peças dos séculos XIX e XX, reunidas ao longo de vários anos por Fernanda Ramos Amorim.

Quinta do Piloto inaugura alojamento

Quinta do Piloto, enoturismo, alojamento,

A Quinta do Piloto, em Palmela, acaba de alargar a sua oferta enoturística com a inauguração de um alojamento local na casa da propriedade. Com capacidade para acomodar até cinco pessoas, a habitação está inserida numa antiga adega, com vista panorâmica sobre o Parque Natural da Arrábida, de um lado, e Lisboa e Vale do […]

A Quinta do Piloto, em Palmela, acaba de alargar a sua oferta enoturística com a inauguração de um alojamento local na casa da propriedade. Com capacidade para acomodar até cinco pessoas, a habitação está inserida numa antiga adega, com vista panorâmica sobre o Parque Natural da Arrábida, de um lado, e Lisboa e Vale do Tejo, do outro.
O espaço sugere o reencontro com a tradição vinícola, ideal para encontros com a família ou amigos. Com valores entre os 190 e os 200 euros, a casa acomoda até 5 hospedes distribuídos por três quartos (dois com cama de casal e um com cama individual). Inaugurado em 2015, o enoturismo da Quinta do Piloto oferece um vasto conjunto de programas, que incluem diversas provas de vinhos, visitas guiadas à quinta e uma série de actividades e eventos que decorrem ao longo do ano.

Red Frog, em Lisboa, é um dos 100 melhores bares do mundo

Red Frog bar, Lisboa

Pela primeira vez na história da lista “The World’s 50 Best Bars” há um bar português entre os melhores do mundo: o Red Frog, junto à Avenida da Liberdade, em Lisboa, aparece na 92ª posição na segunda metade da tabela, que divulga os classificados entre os lugares 51 e 100. Os melhores 50 serão anunciados […]

Pela primeira vez na história da lista “The World’s 50 Best Bars” há um bar português entre os melhores do mundo: o Red Frog, junto à Avenida da Liberdade, em Lisboa, aparece na 92ª posição na segunda metade da tabela, que divulga os classificados entre os lugares 51 e 100. Os melhores 50 serão anunciados no dia 5 de Outubro.
Para Emanuel Minez e Paulo Gomes, os proprietários do Red Frog, esta boa notícia não significa missão cumprida: “Abrimos o Red Frog com o objectivo de fazer o melhor bar em Portugal. Viajamos regularmente pelo mundo inteiro para percebermos todo o tipo de conceitos e tendências que existem lá fora, de modo a realizarmos um trabalho único a nível nacional. Estamos muito satisfeitos por entrar nesta lista, sendo que estamos a trabalhar diariamente para melhorar a nossa posição no ranking.”
O Red Frog é um bar fiel ao conceito “speakeasy”, nome dado aos estabelecimentos que vendiam álcool ilegalmente nos EUA durante os anos 20, quando vigorava a Lei Seca. Não há porta aberta para a rua (é preciso tocar à campainha) e toda a decoração remete para a época em que só se podia beber às escondidas. Fica na Rua do Salitre, 5A, e está aberto todos os dias menos ao domingo, a partir das 18h.