Barca Velha 2015: Um Douro (muito) Especial

Barca Velha

Para além de ser um vinho histórico, é um vinho cheio de histórias, mais pequenas e pessoais. As histórias de como, quando, onde e em que circunstância se tomou o primeiro contacto com este mítico vinho. Variam as pessoas, os anos e as emoções criadas pelo momento, mas há um denominador comum – o primeiro […]

Para além de ser um vinho histórico, é um vinho cheio de histórias, mais pequenas e pessoais. As histórias de como, quando, onde e em que circunstância se tomou o primeiro contacto com este mítico vinho. Variam as pessoas, os anos e as emoções criadas pelo momento, mas há um denominador comum – o primeiro Barca Velha na vida não se esqueçe. Certamente muitos colegas meus têm uma história para contar. Eu tenho a minha.
Foi em 2010 quando um casal de amigos veio de Moscovo para passar cá as férias. O marido da minha amiga era um homem de negócios, considerava-se apreciador e só bebia vinhos caros italianos e franceses. Naturalmente, perguntou-me qual era o melhor vinho de Portugal, quando entrámos numa garrafeira. Contei-lhe a história do Barca Velha e expliquei que nunca o tinha provado e não posso acrescentar a experiência própria à minha recomendação. O meu amigo comprou, sem pestanejar, duas garrafas do Barca Velha 2000, uma das quais ofereceu-me e disse: “Tens que provar, é para ti.” E provei. Era bem diferente do que estava à espera: não era uma bomba de sabor cheia de potência, mas um vinho extremamente elegante e estruturado, repleto de frescura e com um final tão longo que me impressionou.

Porque é um vinho mítico?
O Barca Velha foi criado em 1952 pelo enólogo/provador da Casa Ferreirinha, Fernando Nicolau de Almeida, perseguindo um sonho de produzir um vinho tinto de alta qualidade no Douro, região onde quase exclusivamente se produzia vinho do Porto na altura. Em condições conseguiu arranjar apenas as uvas. Todo o processo de vinificação foi um enorme desafio, só ultrapassado graças ao engenho e à enorme força de vontade do criador do Barca Velha. Para uma versão completa, recomendo vivamente a leitura do livro “Barca Velha – Histórias de Um Vinho”, de Ana Sofia Fonseca.
O Barca Velha não é declarado todos os anos, pois por muita perícia e cuidados na viticultura e enologia, milagres não existem, e o ano nem sempre entrega a qualidade intrínseca pretendida para um vinho deste nível de exigência.

O estilo muda?
Sim, com certeza. Passaram mais de 70 anos desde a colheita de estreia e muita coisa mudou desde então: as vinhas e as castas que dão origem ao vinho, as práticas de viticultura, as adegas, a tecnologia e o tipo das barricas utilizadas.
Seria ingénuo pensar que o Barca Velha 1952, feito de uvas não desengaçadas (não havia desengaçadores na altura) numas tinas com gelo transportado à noite de Matosinhos para o Douro Superior e estagiado em barricas de carvalho português, bem mais poroso do que o francês, fosse igual ao Barca Velha 2015, produzido com todos os cuidados e atenção nos detalhes, desde a uva até ao mais ínfimo pormenor, em barricas escolhidas propositadamente para este vinho. A composição varietal também é ajustada para garantir a estrutura, complexidade, frescura e potencial de guarda. A Touriga Franca (43%) garante a estrutura juntamente com Touriga Nacional (40%), responsável pelo aroma e complexidade. Ambas são a espinha dorsal do Barca Velha 2015. Pela primeira vez, o Sousão entrou no lote com 10% a conferir tanino e acidez, ultrapassando o Tinto Cão (5%) e a Tinta Roriz (2%) em proporção. As uvas provêm das vinhas de altitudes e locais diferentes da Quinta da Leda e também das propriedades da Casa Ferreirinha nas zonas altas de Meda.
O que se mantém inalterável é a filosofia do vinho, a vontade e a capacidade de alcançar uma perfeição, mesmo que não seja absoluta, conceptual e contextual.

Como se decide um Barca Velha?
Em 1960 foi criado o Reserva Especial, um vinho que é declarado também em anos de excelência, quando a sua expectativa de longevidade é ligeiramente inferior ao Barca Velha.
Os primeiros indícios de um vinho excepcional surgem na vindima. Se assim for, no final do estágio em barrica (cerca de 18 meses) o lote é engarrafado em garrafas borgonhesas (ao contrário dos outros vinhos da Casa Ferreirinha, que vão para as garrafas bordalesas) e, apelidado de “Douro Especial”, inicia o seu estágio de vários anos em cave para sair de lá com o rótulo de Barca Velha ou de Reserva Especial. Ao longo deste tempo, o enólogo responsável por perpetuar o legado, Luís Sottomayor, com a sua equipa, vai provando o vinho e acompanhando a sua evolução. A decisão acaba por não ser espontânea, é antes uma convicção que se cria na sequência de muitas provas. “Às tantas, a decisão que se coloca não é ser, ou não, Barca Velha, mas qual o momento certo para o lançar” – explica o enólogo. Procura-se o momento, quando o vinho começa a ficar pronto. Cada Barca Velha à nascença tem cerca de oito anos de estágio; o 2015 teve nove.

O preço é justo?
Não existe uma resposta binária, tal como não existe uma justiça linear na relação preço/qualidade de um vinho deste gabarito e notoriedade. Neste caso, o preço não é uma transposição directa de qualidade. Há outros mecanismos que o determinam. Um deles é o próprio mercado. Espera-se que no retalho rondará, nesta primeira fase, entre os €800 e €900.
Claro que, para muitos, provar um Barca Velha continuará a ser um sonho, mas sempre há quem veja este preço como irrisório e gaste muito mais em coisas bem mais fúteis.
O Barca Velha transporta, consigo, toda a história dos vinhos tranquilos do Douro, o legado de conhecimento e aprendizagem e todo o potencial, se quiserem. Não me escandaliza o preço do Barca Velha, mesmo não sendo acessível para mim, como para a maioria dos portugueses. Escandaliza-me quando pedem um preço exorbitante para um vinho sem história e sem outro propósito para além de ganhar artificial notoriedade.

Como é o Barca Velha 2015?
São inevitáveis as comparações com os Barca Velha dos anos anteriores. No Barca Velha 2015 Luís Sottomayor reconhece a estrutura, o volume, os taninos e a maturação de 2011 (um ano quente), bem casados com elegância, harmonia, austeridade e acidez de 2008 (um ano mais fresco).
O Barca Velha 2015, como os anteriores que tinha provado, não é sobre o equilíbrio. Este subentende-se. É sobre harmonia. Estaria enganada se dissesse que é um vinho para impressionar a qualquer um. Não é. Exige alguma experiência de prova, alguma bagagem sensorial para o entender e tirar o maior prazer da prova. E, mesmo assim, é preciso tempo de contacto e foco para permitir que o vinho evolua no copo, para o deixar falar.
Com nove anos de idade está ainda no início da sua vida. A evolução que apresenta é imperceptível como idade, sente-se como afinação. Num vinho perfeito não procuramos a perfeição, mas sim uma diferença, algo pessoal. A elegância é um termo de prova vasto, muitas vezes usado e abusado, mas é um termo bem assertivo neste caso. O Barca Velha 2015 está elegante e certamente ganhará ainda mais requinte com a continuação do estágio em garrafa. Ao mesmo tempo há algo irreverente nele, na forma como não se exibe de imediato, como o tanino ainda agarra, na acidez afiada, no corpo enxuto. Não é um vinho para mastigar. É para engolir e, de preferência, com comida. E no final, assumidamente infinito, deixa a sua presença na boca e na memória. E deixo aqui uma última observação: o Barca Velha não é excelente por ser famoso, é famoso por ser excelente. Foram produzidas 16.567 garrafas.

(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)

Domingos Soares Franco: O Homem sonha, a obra nasce…

DOMINGOS SOARES FRANCO

Nascido no seio de uma das famílias mais antigas no sector dos vinhos em Portugal, proprietária da José Maria da Fonseca, que produz Moscatel de Setúbal e o famoso vinho Periquita, Domingos Soares Franco viu a sua admissão rejeitada no Instituto Superior de Agronomia na altura conturbada do Verão Quente de 1975, devido ao seu […]

Nascido no seio de uma das famílias mais antigas no sector dos vinhos em Portugal, proprietária da José Maria da Fonseca, que produz Moscatel de Setúbal e o famoso vinho Periquita, Domingos Soares Franco viu a sua admissão rejeitada no Instituto Superior de Agronomia na altura conturbada do Verão Quente de 1975, devido ao seu apelido de família.
Foi para a Califórnia estudar Enologia e Viticultura entre 1976 e 1981, tendo terminado o curso na Universidade de Davis, não muito distante da cidade de São Francisco. Viver nos EUA foi uma verdadeira “life changing experience” tendo-lhe mudado “chip” de maneira irreversível, e, de certo modo, radical até. Todavia, quando regressou a Portugal, o seu curso não foi aceite pela Associação Portuguesa de Enologia e a respectiva equivalência não lhe foi atribuída, por motivos que não interessam agora aqui esmiuçar.
E o que fez Domingos Soares Franco?

Seguiu em frente, traçou o seu caminho, um pouco ao estilo “the American way!” E assim se passaram quatro décadas, quarenta anos (!), a liderar a enologia da empresa José Maria da Fonseca, sempre ladeado pelo seu irmão António, que ficou responsável pela vertente financeira, e assegurando um mais que merecido lugar de destaque na História e Património Vínico Português.Pelo meio fez, tentou fazer, apenas aquilo que um autor espanhol de finais do século XIX, princípios do século XX, explicava, com humor, num dos seus textos…
“–¿Y en el medio?
–¿En el medio? ¡Ese es el cuento!
– Hay que poner talento.”
Pelo meio aplicou, pois, os conhecimentos adquiridos no Novo Mundo a fazer vinho, comprou máquinas, terra, herdades e adegas, teve também alguns sobressaltos, viajou bastante, sempre na busca do seu caminho, e sempre com o objectivo de nunca perder de vista para onde se direccionava o gosto do consumidor. Continuou e ampliou a colecção ampelográfica de castas que o seu tio António Porto Soares Franco havia iniciado nos inícios de 1920, e que seu pai, Fernando Soares Franco, também havia dado continuidade e consistência, sendo este um trabalho de que se orgulha especialmente.

Não há muito que não tenha sido dito e escrito ainda sobre Domingos Soares Franco, tendo sido não há muito tempo distinguido e “Enólogo Vinhos Generosos do Ano” aqui pela nossa Grandes Escolhas, prémio de carácter mais pessoal que o sensibilizou e encheu de orgulho.

Vinhos pessoais, empresa familiar
A José Maria da Fonseca foi fundada em 1834, tendo iniciado em Janeiro de 2024 a celebração do seu 190º Aniversário.
No ano em que comemora 190 anos, decidiu renovar a imagem corporativa com um logótipo e uma nova assinatura, alusiva à data. A José Maria da Fonseca é um dos líderes nas áreas da produção e comercialização de vinhos de mesa e generosos em Portugal, estando as respectivas marcas presentes em mais de 70 países. Ao longo dos anos a demonstrar uma crescente preocupação face aos factores ambientais, a José Maria da Fonseca orgulha-se de utilizar as melhores práticas no tratamento da vinha, na gestão dos recursos naturais, na sua preservação e conservação, tendo sido a primeira empresa certificada no sector vitícola com as normas ambientais ISO 14001. No final de 2021 concluiu, com sucesso, a sua certificação em sustentabilidade segundo o referencial FAIR’N GREEN, sendo o primeiro produtor de vinho português a obtê-la. O seu portefólio engloba mais de sessenta marcas, representativas das principais regiões vitivinícolas nacionais: Península de Setúbal, Alentejo, Douro, Dão e Vinhos Verdes.

Desde a sua génese, esta é uma empresa 100% familiar, sendo a passagem de testemunho já uma realidade, sentindo-se, entretanto, Domingos Soares Franco, muito tranquilo em relação à sétima geração que já vai assumindo as rédeas da empresa.
E foi neste contexto que recentemente fomos recebidos na emblemática Quinta de Camarate, em Azeitão, para a apresentação de um quarteto de novidades da Colecção Privada Domingos Soares Franco – duas estreias com as novas referências DSF Castelão 2015 e DSF Syrah 2021; e duas novas colheitas dos vinhos DSF Moscatel Roxo Rosé 2023 e DSF Verdelho 2023. Esta gama de vinhos reflecte o caráter experimentalista do enólogo Domingos Soares Franco e traduz, na perfeição, a paixão, o espírito criativo e a dedicação que Domingos impõe nas suas criações, para uma experiência autêntica.
Situada em Azeitão, perto de Setúbal, a Quinta de Camarate foi adquirida por António Soares Franco em 1914 e é hoje propriedade de Domingos Soares Franco, tem uma área de 120 ha, 39 dos quais estão plantados com vinhas. A restante parte é utilizada para pasto das ovelhas que dão origem ao famoso queijo de Azeitão. As vinhas são plantadas em solos argilo-calcários a arenosos junto à Serra da Arrábida.

E foi à mesa, sob um emaranhado lindíssimo de plantas, trepadeiras e bagas silvestres que caíam a espaços ao sabor da intensidade das brisas da tarde, que Domingos Soares Franco fez justiça à frase atribuída ao famoso berbere Ibn Battuta, nascido na cidade de Tânger no ano de 1304, que durante os cerca de 30 anos em que viajou, percorreu mais de 120.000 Km pelos lugares mais longínquos e diversos, incluídos num território que hoje abarca 44 países, numa época em que a Terra era um mistério, as distâncias eram longas e viajar era uma aventura: “Viajar – de princípio deixa-te sem fala, depois transforma-te num contador de histórias”…

(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)

Casa da Passarella: Clássicos novos e experimentais sedutores

Casa da Passarella

Há já alguns anos que o produtor Casa da Passarella nos confidencia que os seus vinhos esgotam muito depressa, sobretudo as denominadas entradas-de-gama que, no caso deste produtor do Dão, são praticamente já gama premium, com potencial guarda e a oferecer muito prazer. Ora melhor notícia não poderia haver num país (e mundo) com uma […]

Há já alguns anos que o produtor Casa da Passarella nos confidencia que os seus vinhos esgotam muito depressa, sobretudo as denominadas entradas-de-gama que, no caso deste produtor do Dão, são praticamente já gama premium, com potencial guarda e a oferecer muito prazer. Ora melhor notícia não poderia haver num país (e mundo) com uma imensidão de marcas, e logo para um produtor do Dão, região que, apesar da sua notoriedade, não tem sentido o apelo comercial de outras regiões.
Na verdade, a Casa da Passarella é uma história, e um farol, de sucesso: com um histórico de 130 anos na produção de uvas e vinhos de grande qualidade, no século passado para outros produtores da região e fora dela, a atual fase do projeto é, sem dúvida, ainda mais consistente e, porque não dizer, gloriosa. Com efeito, tudo em torno do projeto está pensado ao pormenor, desde a reabilitação das construções na propriedade à reestruturação de vinhas, passando pelo website no qual se pode ler uma verdade indesmentível: que a história da Casa da Passarella se cruza com a própria história do Dão! Brevemente abrirá um hotel que promete dar muito que falar e pôr a propriedade “de novo nas bocas do Mundo”, não fosse este um dos lemas do projeto.

Vinhos de nicho
Mas, para o enófilo, são sobretudo os vinhos que mais importam. E neste campeonato é mais que seguro dizer que todos os vinhos da Quinta da Passarella (e todos a partir de produção própria, diga-se) merecem prova atenta, com alguns deles a terem excelente relação preço-qualidade (destaque, neste tema, para as marcas A Descoberta e Abanico).
Por outro lado, e no que se refere a topos de gama, existem já verdadeiros best-sellers, caso do Villa Oliveira Encruzado (sobretudo na versão branco) e do ícone Casa da Passarella, um dos melhores tintos nacionais. Parte capital deste sucesso deve-se ao enólogo Paulo Nunes, há muito ligado à propriedade e ao Dão (ele que começou no Douro e oficia ainda na Bairrada, Trás-os-Montes e, mais recentemente, em Estremoz no Alentejo). Com efeito, Paulo Nunes tem conseguido potenciar, por um lado, a produção de vinhos a partir das muitas vinhas velhas da propriedade junto à Serra da Estrela e, por outro, a produção e lançamento de vinhos quase experimentais de nicho, em alguns casos como resultado de substituição de anteriores plantações. Talvez o melhor exemplo seja a casta Tinta Roriz que tem sido progressivamente expurgada da propriedade dando lugar, muitas vezes por enxertia, a outras castas como a Baga. Naturalmente, estes ensaios proporcionam uma dupla condição: permitem ao enólogo conhecer melhor o comportamento da casta e comprovar o acerto do perfil de vinificação escolhido, enquanto possibilita que o consumidor mais curioso vá provando vinhos únicos e muito originais.

Futuro risonho
Sob a chancela O Fugitivo, no passado foram lançados, e provados, edições de Tinta Pinheira, Bastardo e Uva-Cão, bem como um espumante de Baga e um branco de curtimenta, sendo agora lançados uma coleção de três tintos, um Tinta-Amarela, um Tinto Cão e um Baga. Com o passar dos anos, Paulo Nunes assume já ter um significativo conhecimento das vinhas da Casa da Passarella, pelo que o futuro não pode ser outro que não risonho. Difícil mesmo é superar o nível já alcançado!

(O autor escreve segundo o acordo ortográfico)

Artigo publicado na edição de Julho de 2024

Harmonias: Delícias (muito) doces disponíveis para casar

Harmonias

Tarte de maçã Deve ser o bolo que faço há mais tempo, desde que me comecei a aventurar de forma sistemática na cozinha. Representa, além disso, o produto culinário mais “dás-me a receita” de todos. Não sei que magia vêem as pessoas nas receitas, quando o que mais conta é a volta que se dá, […]

Tarte de maçã
Deve ser o bolo que faço há mais tempo, desde que me comecei a aventurar de forma sistemática na cozinha. Representa, além disso, o produto culinário mais “dás-me a receita” de todos. Não sei que magia vêem as pessoas nas receitas, quando o que mais conta é a volta que se dá, e tem mil variáveis. Agora toda a gente faz a receita da Bimby – que é boa e funciona – como se fosse um salvo conduto para apresentar perante os pares, em jeito de competição. Eu nunca fui competitivo quanto a culinária. É um total desperdício de tempo. Exceptuando a maravilhosa tarte de maçã em massa folhada que se fazia na incrível Machado, em Caldas da Rainha, trata-se de uma tarte com maçã laminada no topo e base massuda de composição variável. Após algumas investidas no assunto harmonização, aponto com alguma segurança o branco de curtimenta – vulgo orange – como campeão. A maçã está muito exposta e a fruta secundária e oxidativa do vinho adora brincar com ela. A melhor experiência foi com Avesso de Baião, corpo e conteúdo a mostrar muito boa adequação.

Pastel de nata
Se a vida dá muitas voltas, a história não faz sequer intervalos. Em 1834, como é sabido, foi decretada a extinção das ordens religiosas, seguindo-se a expropriação e expulsão de religiosos e religiosas. Nos Jerónimos, a pequena ventura que ali grassava e que era a venda dos pequenos pastéis de nata inspirados nos pastéis de leite da Infanta Dona Maria, tornou-se rapidamente sustento da comunidade monástica. Em 1837 viria a nascer a Real Fábrica dos Pastéis de Belém, aproximadamente no mesmo local onde a encontramos hoje. Aspectos técnicos e um concurso de contornos difusos impedem-me de opinar sobre se serão ou não verazes e conforme a receita de então. Mas certo é que se trata de um bolo que perdurou até aos nossos dias. Representa hoje um ícone da diáspora portuguesa em todo o mundo. Sendo a massa folhada da taça que suporta a custarda feita com manteiga e levada a mais de 380ºC, o resultado tem destino marcado com um moscatel de Setúbal com mais de vinte anos. Copioso em açúcar e com uma acidez pronunciada, consegue a um tempo corte e harmonia. Madeira Malvasia poderá ser também hipótese a considerar.

Pão de ló
O pão de ló é um caso muito sério e, tal como o pastel de nata, o original, o primeiro de todos, perde-se nas brumas do tempo. As variantes hoje já incluem o de chocolate e quase todos levam doce ovos ou outra espécie de recheio. O meu padrão é aquele sobre o qual me debruço e é seco, fofo e foi feito em forno de lenha, exactamente como o de Margaride. De receita secular, configura standard forte do grande “sponge cake” português. Desde muito novo é o meu favorito, e com os anos fui fazendo experiências de harmonização com vinho e outras bebidas. Antes de avançar para a maridagem, há que identificar alguns aspectos determinantes para a bondade da ligação entre vinho e comida. O forno de lenha confere complexidade ao bolo pelas notas fumadas e de caruma seca que introduz, e os ovos fazem-se sentir. Além disso, existe um fundo de manteiga neste e na maioria das variantes da receita, o que lhe dá um gosto especial. Não hesito em recomendar a ligação com um estreme novo da casta Chardonnay, pelo património de pastelaria e notas amanteigadas que a casta oferece. Comece as suas experiências com vinhos pouco elaborados e depois vá “complicando”. Esperam-no anos de boas surpresas.

Duchesse
Também conhecido entre nós como duchese, é um bolo que está na linha do famoso Paris-Brest e consta de massa choux recheada com chantilly, decorado com maior ou menor intensidade com fios de ovos. Nas pastelarias tradicionais tem invejável procura e são raros os apreciadores que não os coloquem no topo das suas preferências. Tem tudo para ser comido à mão mas, na verdade, é mais indicado para comer com um garfo, pelos imprevistos que podem surgir. Confesso que é dos bolos que mais me intriga pela popularidade. Os portugueses não são muito dados a lanchar longamente numa pastelaria e vejo muitas vezes um duchese ao lado de um expresso, tanto na mesa como ao balcão. Curiosamente, o café é belíssima companhia, pelo óbvio contraste de texturas e pelo equilíbrio da doçura com os amargos do café. Excelente fica também com um rosé estruturado da região dos vinhos verdes ou de outra região que lhe garanta mineralidade e frescura. A minha melhor experiência aconteceu há pouco tempo, com o transmontano Valle Pradinhos, um rosé pronto para muitos desafios e o duchese é um deles.

Macarron
Estamos na zona da alta pastelaria quando falamos destas delícias de duas metades e recheios diversos. Tudo o que pensava saber sobre o assunto, com experiências diversas em pastelarias famosas pela Europa fora, fui forçado a rever com severidade quando conheci a Marbela, em Esposende. O grande chef pasteleiro Rui Costa tem ali o seu quartel e é de uma criatividade a toda a prova. Passar uma manhã com ele é uma grande instrução, pois trabalha com a maior naturalidade as soluções mais complexas que se possa imaginar e os macarrons são de antologia. Conheci-o há cerca de 15 anos e nunca mais perdi o contacto. Inesquecível a vez em que o assunto foi macarrons. Comparei com muitos outros e os dele tinham duas particularidades: duração e sabor. A massa de amêndoa de que as metades são feitas bate, em resultados, todas as outras e no seu caso coloca o recheio e aromáticos em primeiro plano sempre com crocância irrepreensível. Um Colheita Tardia do Tejo – do Casal Branco – faz uma ligação maravilhosa.

Pudim do Abade de Priscos
Começo pelo detalhe do presunto que, segundo a receita original, tem de ser “gordo, do de Chaves”. O dito presunto difere de todos os outros pelo facto de ser curado enguitado e não pendurado, ficando por isso com gordura entremeada mais rica e forte. Cinquenta gramas dessa gordura é tudo o que o pudim exige, além de 15 gemas de ovo, 500 gramas de açúcar amarelo, vidrado de um limão, pau de canela, um cálice de vinho do Porto e a arte culinária para o fazer na forma perfeita. A proteína animal é determinante e tem o incrível efeito temperador e integrador dos restantes ingredientes. É surpreendente a força e, ao mesmo tempo, a sublimidade do pudim. Quem o provou bem feito nunca mais esquece a experiência feliz. Experimentei com vários tipos de vinho do Porto e a minha preferência vai para o branco velho, o mesmo que gosto de utilizar para fazer o pudim. A ligação é sublime e a recombinação de sabores e aromas é surpreendente à medida que vamos explorando a sobremesa. Apesar de ser tido como altamente calórico, quando é bem feito fica equilibrado e aprecia-se-lhe o recorte elegante, sem excessos.

Harmonias

Pavlova de morango
A pavlova nasceu na Nova Zelândia há cerca de cem anos, criação do chef pasteleiro do hotel onde ficou hospedada a bailarina russa Ana Pavlova. Em jeito de homenagem à sua leveza, como se perfumasse o ar que graciosamente agitava ao dançar, assim nasceu esta sobremesa, hoje replicada no mundo inteiro e declinada das mais diversas formas. A estrutura merengada de suspiro, associada a frutos frescos, foi a imagem que surgiu na mente do chef de que nunca saberemos o nome. Sobretudo quando a canícula se faz sentir, a dicotomia doce-fruta tem um efeito particularmente refrescante. O suspiro e o morango reagem bem um com o outro e quase se podia dizer que uma outra sobremesa se cria no palato. O resultado é surpreendente pela forte textura sentida. Por outro lado, a acidez dos morangos pronuncia-se e pede complemento copioso. A harmonização correcta passa por um rosé igualmente copioso. Das diversas experiências feitas, a mais clara e acertada foi com o rosé da Quinta do Monte d’Oiro, produzido a partir de uvas da casta Syrah. Equilíbrio perfeito, aniquilação recíproca.

Crista de galo
Os livros de receitas dos conventos estão repletos de notas e mão de obra de pessoas que estavam em funções durante o dia e de tarde e de noite estavam em suas casas. São por isso repositórios de conhecimentos, detalhes e saberes que viviam tanto fora como dentro do complexo monacal. O corolário bom desta itinerância foi a secularização crescente do receituário, o que é em si mesmo já uma explicação para a disseminação rápida das delícias fora de portas. A Casa Lapão em Vila Real tem uma longa história e tem origem no convento de Santa Clara de Vila Real. No início do séc. XX, Miquelina Cramez, amassadeira, casa com Francisco Delfim, de alcunha Lapão por ser atarracado e bochechudo como os naturais da Lapónia. Criaram juntos a padaria Lapão. A costureira que os visitava tinha uma irmã no convento e, extinto este, conservou os segredos da doçaria que ali se praticava. Miquelina dedica-se desde logo à produção das verdadeiras Cristas de Galo e outras delícias que ainda hoje se fazem. A ferramenta com que se cortam tem mais de duzentos anos, e o melhor vinho para as comer é um bom moscatel de Favaios. Excelente acidez e perfil único, especialmente os que a Adega de Favaios está a fazer.

Marron glacé
Pode parecer capricho, mas não é. Somos terra de soutos, o mesmo é dizer de castanheiros e até tonéis e pipas para fazer e armazenar vinho outrora se faziam em castanho. A castanha é, além disso, primordial na nossa alimentação. Há que não esquecer que a batata é assunto recente no Velho Mundo. Tanto assim é que muitos pratos da grande tradição são ainda acompanhados por castanha e batata no mesmo tacho. O marron glacé – castanha glaceada – é a maior homenagem que se pode fazer a essa pérola antiga e ainda continua a ser francamente popular em França e até se vende em caixas como se de bombons se tratasse. Por cá a história é mais tímida, mas não é por isso que deixo de lhe fazer as loas. Há que escolher a variedade certa. É importante que tenham dureza e corpo para aguentar a cozedura ligeira e o tratamento posterior. Nunca consegui fazer de forma satisfatória, mas conheço mãos que as fazem com a maior naturalidade. Podem levar vários banhos em calda de açúcar, em dias sucessivos e o resultado é sublime. Maridagem competente oferece o abafado Five Years da Quinta da Alorna. Impossível comer apenas um.

Torrão real de Portalegre
O convento de São Bernardo em Portalegre foi fundado no início do séc. XVI, pelo Bispo da Guarda, para albergar “jovens sem dote” mas de muita virtude. Desenvolveu-se ali muito receituário, algum ainda por desbravar mesmo após a conversão em monumento nacional, em 1910, e com os livros de receitas devidamente salvaguardados. Conheci Ana Tomás numa hora feliz em pleno estúdio da RTP. Ela havia sido contemplada com um prémio pelo desempenho com os rebuçados de ovo de Portalegre, autêntico trabalho de chinês que aparentemente conseguia fazer na perfeição às centenas. Conheci melhor o seu trabalho em encontros diversos e dei com o seu torrão real, autêntica obra de arte, resultado do talento e de muito estudo e experimentação. Gemas, natas, amêndoa e açúcar estão no coração do torrão real de Portalegre e são vários os que tentam a sorte na produção do dito, mas o melhor para mim permanece o que sai das mãos de Ana Tomás. Pede harmonização valente e viril, e confirma toda a sua glória com um vinho Madeira Bual de 40 Anos.

Manjar branco
Termino o elenco doceiro à procura de casamento feliz com a delícia mais delicada: manjar branco. Juntamente com outra doçaria típica de Portalegre, não leva ovos e a história funde-se com a prática secular da mantença sustentável. O nome não podia estar mais correcto, pois é feito a partir de galinha e respectivo caldo, portanto sobras de cozinhados que em vez de ir para o lixo ganham glória e atingem pináculos de sabor. Entre os ingredientes estão ainda arroz ou farinha de arroz, leite e açúcar. As aparas de galinha são brevemente cozidas para depois se passar por água fria e desfiar fininho. Em lume muito brando, leva-se tudo a cozer mexendo sempre e quando começa a engrossar apaga-se o lume e continua a mexer-se até arrefecer. Coloca-se e serve-se em tacinhas esta maravilha e na hora de servir polvilha-se com açúcar. A versão mais feliz desta receita foi-me proporcionada pela mãe do chef José Júlio Vintém, de enorme talento culinário. Um doce feito a partir de proteína animal que nos leva ao céu. Como ligação vínica, proponho um Arinto de Portalegre com mais de três anos.

(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)

Quinta do Carvalhido: Um projecto de família

Quinta do Carvalhido

O lugar, um vale rodeado de montanhas onde sulca o rio Tua perto de Abreiro, é encantador. É isso que se sente quando se observa a paisagem a partir da sala e da varanda da casa principal da família proprietária da Quinta do Carvalhido, parcialmente voltada para jusante do curso de água e para as […]

O lugar, um vale rodeado de montanhas onde sulca o rio Tua perto de Abreiro, é encantador. É isso que se sente quando se observa a paisagem a partir da sala e da varanda da casa principal da família proprietária da Quinta do Carvalhido, parcialmente voltada para jusante do curso de água e para as colinas de encostas, plantadas sobretudo com vinha e oliveiras e cobertas de mato. Fica longe, muito longe mesmo, a mais de quatro horas da capital, mas sabe bem estar ali, bem longe dos ruídos e da balbúrdia dos grandes centros urbanos. Terá sido certamente esta uma das razões que levaram Maria de Fátima Mendonça e Moura e o seu marido, Pedro Drummond Borges, a decidir investir na sua recuperação, quando a primeira recebeu a propriedade em herança da família, que é da região, em 2013.
“Nessa altura eu e a minha mulher fomos muito claros com os nossos filhos, quando lhes dissemos que queríamos investir nela, mas avançámos com a concordância de todos”, conta Pedro Drummond Borges, homem de negócios com vários franchisings da McDonalds desde 1997. Conta que, na altura, não tinha nenhum conhecimento de agricultura, mas como toda a sua vida tinha sido movida pela sua curiosidade em aprender, e pelo espírito empresarial que leva à construção de coisas, decidiu envolver-se na recuperação da propriedade, que tinha inicialmente 20 hectares, dos quais 5,4 de vinha e três de olival.
Os trabalhos começaram pela parte agrícola da quinta, com o apoio do viticólogo José Miguel Telles, que fez um projecto com tudo o que teria de ser feito para tentar recuperar algumas vinhas velhas e reconverter outras, que foi sendo desenvolvido entre 2014 e 2017. Neste último ano começaram a reconversão das vinhas, já com o apoio do consultor de enologia, Francisco Baptista. “Quando falei com ele, fui muito claro”, conta Pedro, dizendo que lhe comunicou que estava muito interessado em entrar no mundo dos vinhos, desde que conseguisse estar na parte superior da qualidade. “Nessa altura nem tinha grande quantidade de uva, pois tinha de cumprir o benefício legal de Vinho do Porto e sobrava pouca área de vinha para produzir vinhos DOC Douro”, conta.

Quinta do Carvalhido
O lugar, um vale rodeado de montanhas onde sulca o rio Tua, é encantador.

As primeiras experiências
A primeira experiência de produção de vinhos decorreu com uvas da colheita de 2017. Resultou num tinto produzido com as castas Touriga Nacional e Touriga Franca, engarrafado em 2019. Foram 1500 garrafas, as mesmas das duas colheitas seguintes, feitas sobretudo para procurar perceber se o perfil e a qualidade dos vinhos se mantinham ao longo dos anos. No final desse tempo, a equipa chegou à conclusão que estava preparada para dar o salto em termos comerciais, porque a qualidade vinho estava no segmento alto, aquele que tinha sido pré-determinado para o negócio da Quinta do Carvalhido.
Os vinhos das três primeiras colheitas tinham sido vendidos com facilidade, “o que não era difícil, porque a quantidade era muito pequena”, comenta Pedro Drummond Borges. Então foi necessário repensar a forma de a empresa e os seus vinhos estarem no mercado, já que isso implicavam novos investimentos, que avançaram, de novo, após decisão familiar.
Entretanto foi lançado um branco Quinta do Carvalhido, de 2021, e foi introduzida uma gama Colheita, de entrada, com a marca Carvalhido, lançada a partir de 2022, que inclui um branco, um rosé e um tinto. “Foi mais uma forma de despertarmos a atenção do mercado para a nossa marca”. E foi assim que a produção passou das 1500 garrafas nos primeiros três anos para as seis mil, em 2022 e 10 mil, no ano passado.
Em 2023, foi criada mais uma marca, para se posicionar entre a referência de topo e a de base, a Quinta do Carvalhido Concrete, cujos vinhos foram os primeiros a ser feitos na adega da quinta, um branco, um rosé e um tinto que estagiam em cubas de cimento. “Considerámos que o mercado estava com apetência para este tipo de vinhos e achámos que era uma boa forma de criar alguma diferenciação em relação ao que já estava a ser feito, embora outros produtores já tenham elaborado vinhos desta forma”, explica Pedro Borges. Diz, depois, que a sua empresa entrou agora em fase de amadurecimento, já que as três gamas lhe permitirão mostrar os vinhos que faz, e trabalhar para alcançar o reconhecimento do mercado.

Quinta do Carvalhido

 

Em 2023 foi criada a marca Quinta do Carvalhido Concrete, com vinhos estagiados em cubas de cimento.

 

Imagem e comunicação
“Temos tido o cuidado de explicar aquilo que estamos a fazer a todas as pessoas com que vamos interagindo, na distribuição, nas garrafeiras e na restauração e fizemos investimentos que considerámos importantes na selecção dos formatos e na rotulagem das garrafas”, explica Tiago Drummond Borges, filho de Pedro e “chief operating officer” da Quinta do Carvalhido, acrescentando que tudo é cuidado para realçar o posicionamento alto da marca. “É onde queremos que ela seja reconhecida e é para esse tipo de consumidores que queremos falar”, defende. “Claro que isso depende também do nosso trabalho de aproximação ao mercado”, salienta o pai. Para de investimento em comunicação, construíram um site e estão a implementar uma rede de distribuição em Portugal.
“Optámos por ter distribuidores pequenos, mais focados nas marcas que têm, por região do país, para ir trabalhando com eles com uma proximidade maior, de forma a percebermos como é que o mercado vai respondendo aos nossos produtos”, conta Tiago, acrescentando que foi assim que fecharam o Algarve, Porto, Leiria e Coimbra, e Lisboa com mais dificuldade. “É um mercado muito competitivo, onde se vendem 60-70% dos vinhos em Portugal”, explica, acrescentando que se foi apercebendo, com as apresentações que foi fazendo nas empresas de distribuição da capital, “que estas estão muito mais preocupadas com o preços do que as outras, devido à concorrência, o que fez com que este processo na capital levasse mais tempo”, conta Tiago, acrescentando que hoje têm o país praticamente coberto.
A Quinta do Carvalhido deverá vender 15 mil garrafas em 2024, uma evolução contida e assente com os “pés no chão”. “Não podemos ser demasiado ambiciosos, porque não temos capacidade ainda para responder a grandes aumentos de procura”, defende Pedro Drummond Borges. “Com a agência de comunicação, o site e as empresas que nos tratam das redes sociais, temos ido pé ante pé a todas as áreas, para criar curiosidade em relação à nossa casa e às nossas marcas”, conta o gestor, salientando que o objectivo, para o futuro, “daqui a dois a três anos”, é dar o salto e partir para outros voos, como a exportação. “Mas é, para mim, muito importante, ter um negócio sustentável em Portugal, antes de ir para fora”, diz. “Tenho de ter o mínimo de reconhecimento antes de avançar nesse sentido”, afirma.

Vinha e olival
Hoje a empresa tem 16 hectares de vinha, dos quais 13 hectares integram a propriedade principal, a que se juntam mais três situados na Verdeana, a 10 quilómetros da Quinta do Carvalhido. O encepamento é sobretudo de tintas, das castas Touriga Nacional, a Touriga Franca e a Tinta Roriz. A percentagem de uva branca ainda é pouco elevada, e são plantações mais recentes, apesar de Pedro Drummond Borges querer plantar mais quatro hectares nas zonas mais altas da propriedade, numa área que vai ser reconvertida. O seu objectivo é chegar aos 22/23 hectares de vinha, porque acredita que vai ter sucesso com a venda dos seus vinhos e tem de ter capacidade de resposta, em termos de produção, ao acréscimo das solicitações do mercado.
No início, a área de olival tinha apenas três hectares. Mas hoje já cresceu, por força de aquisição de parcelas vizinhas, para os 10, o que obrigou pai e filho a pensar em criar mais uma linha de negócio, a do azeite. “Vou fazer, aqui, exactamente o que fiz com o vinho, ou seja, estudar, planear e procurar conhecer e perceber, até ter a certeza de que o meu azeite tem a qualidade necessária que permita fazer investimento de mercado”, diz Pedro, acrescentando que, a jusante da produção, também fará o mesmo que fez com o vinho, começando por escolher a garrafa e quem faz os rótulos. “A nossa experiência com o vinho pode ajudar-nos bastante com este caminho”, defende.

(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)

CAZAS NOVAS: A virar a região do Avesso

Cazas Novas

A região dos Vinhos Verdes apresenta uma longa e curiosa história. Muito longe vão os britânicos tempos em que os elegantes vinhos tintos, de cor aberta, eram embarcados a partir da foz do rio Lima, em Viana do Castelo, rumo a longínquas paragens. Mais tarde, esses mesmos tintos evoluíram para colorações bem mais fechadas e […]

A região dos Vinhos Verdes apresenta uma longa e curiosa história. Muito longe vão os britânicos tempos em que os elegantes vinhos tintos, de cor aberta, eram embarcados a partir da foz do rio Lima, em Viana do Castelo, rumo a longínquas paragens. Mais tarde, esses mesmos tintos evoluíram para colorações bem mais fechadas e retintas, servidos em alvas malgas capazes de estabelecer uma melhor ligação com a característica gastronomia tradicional minhota.
Esses novos tintos “de pintar a malga”, mais ao gosto das gentes do Minho, não receberam a mesma aceitação fora da região e o seu consumo ficou mais limitado às zonas de produção. Ainda assim, com a lenta passagem do tempo, alguns produtores ganharam elevada reputação e a procura os seus vinhos era grande, sendo transacionados por quantias bem interessantes, na época.
Na década de sessenta, a tradição começou a ganhar outras colorações. As produções de vinho branco começaram a aumentar anualmente e com elas iniciou-se uma reconquista de novos mercados. Ainda assim, a produção declarada de vinho branco, nesta época, oscilou entre os duzentos e cinquenta mil e os quinhentos mil hectolitros, enquanto a dos tintos chegou a ultrapassar os dois milhões de hectolitros. A mudança estava em curso.
Vinte anos mais tarde, o prolífico e reputado agrónomo Amândio Galhano escreveu sobre a enorme reestruturação das vinhas da região e apontava para a escolha das castas brancas, como a Trajadura e a Loureiro, em detrimento das tintas, Vinhão e Brancelho. A preferência pelas primeiras estava em linha com a procura dos mercados urbanos e internacionais por vinhos com características mais acídulas e frutadas.
No início da década de noventa assistiu-se a uma verdadeira revolução, os vinhos brancos ultrapassariam, pela primeira vez na história da região, a produção dos tintos. No final desse mesmo decénio, a produção declarada de tintos representou apenas 40% do total.
No seguimento desta radical mudança assistiu-se a uma curiosa especialização e alinhamento em função dos principais vales que abraçavam os rios da região. A norte, o vale do rio Minho continuou a especializar-se na casta nobre de elevado potencial enológico, a Alvarinho. No vale do rio Lima e zonas adjacentes a Braga, Penafiel e Lousada dedicaram-se mais especificamente às castas Loureiro, Pedernã (Arinto) e Trajadura. No extremo sul da região pontifica um imponente e extraordinário rio ibérico, o Douro. Nas suas margens que integram a região sub-região de Baião predominam a Azal e a Avesso.
No ano de 2022 a revolução encontra-se absolutamente normalizada: segundo dados da CVR dos Vinhos Verdes, a comercialização dos vinhos tintos cifrou-se em apenas 4% do total.

Cazas Novas

Baião, Avesso e Cazas Novas
A sub-região de Baião é uma das nove sub-regiões dos Vinhos Verdes e localiza-se no extremo sul, na fronteira com a região do Douro. Integra os concelhos de Baião e parte dos concelhos de Resende e Cinfães. Neste território encontram-se os solos mais pobres da região que, aliados ao clima muito quente no verão e mais frio e seco no inverno, são perfeitos para a evolução da casta Avesso, conhecida pela necessidade de calor para o desenvolvimento da sua maturação tardia. Em função do tempo de colheita, as uvas da casta podem demonstrar atributos de expressão aromática, acidez, frescura e concentração, revelando potencial enológico para vinhos com capacidade de envelhecimento.
O veículo em que nos deslocámos para conhecer o projecto Cazas Novas já conhecia a longa montanha russa e o lânguido serpentear da Serra do Marão e da Estrada Nacional 101, entre a saída da A4 e o vale do rio Douro. Os muitos quilómetros percorridos nos dois sentidos desta estrada já desgastaram muitas vezes os calços de travões, pneus e a caixa de velocidades de muitos visitantes, quase sempre com as vinhas da região do Douro como destino. No entanto, desta vez o destino seria um pouco mais a jusante do que o costume.
À espera, na localidade de Mínguas, próxima de Santa Marinha do Zêzere, em pleno vale do Douro, estava Vasco Magalhães, um dos quatro sócios e responsável pelo departamento de marketing e vendas do projeto Cazas Novas.
Cunha Coutinho, outro associado e principal impulsionador do projecto vitivinícola Cazas Novas, assume-se como um empreendedor com investimentos em diferentes áreas de negócio, mas tem procurado manter a ligação ao que verdadeiramente o apaixona, a terra. A enologia está a cargo de Diogo Lopes, uma personalidade da nova geração de profissionais que se encontra igualmente envolvido em outros projectos no Alentejo, Douro, Lisboa e Açores. Por fim, o mais recente sócio da parceria, André Miranda, que aporta toda a sua experiência enquanto produtor na terra onde nasceu, mais precisamente na região dos Vinhos Verdes.
O projecto Cazas Novas, criado em 2008, tem o seu centro nevrálgico na Quinta de Guimarães, património da família Cunha Coutinho há sete gerações, referiu Vasco Magalhães. Esta propriedade, juntamente com a Quinta das Cazas Novas e ainda duas outras debruçadas sobre o Douro, a Quinta do Adro e Quinta das Tias, agregam um património florestal e agrícola superior a 100 hectares, dos quais 24 são dedicados exclusivamente à viticultura da casta Avesso.

O Avesso domina
Esta é a maior área dedicada ao encepamento desta casta branca portuguesa, revela Vasco Magalhães, um verdadeiro tesouro concentrado num local considerado como de excelência para a expressão desta variedade tão exclusiva. O seu nome é ele próprio um enigma, sugerindo uma ideia de aversão ou hostilidade a algo. A casta não está entre as mais produtivas e, é um facto, fora do seu terroir de excelência, a viticultura não é fácil. Também por aí se define a sua exclusividade.
Vasco não tem dúvidas de que esta zona de transição entre os Vinhos Verdes e o Douro, e já com o rio como influência, com vinhas de encosta em solos de granito que enfrentam amplitudes térmicas elevadas, origina vinhos únicos, sem paralelo em qualquer outra região, que se caracterizam pela sua frescura, mineralidade e potencial de evolução. É o território da Avesso, casta que a Cazas Novas pretende guindar ao patamar de excelência e reconhecimento que a Alvarinho e a Loureiro já alcançaram.
O primeiro vinho engarrafado surgiu em 2008, Cazas Novas colheita, com a curiosa soma de 3333 garrafas. A partir de 2011, já com o apoio do enólogo Diogo Lopes e de Vasco Magalhães, desencadeou-se o estudo da casta Avesso e a base para o atual projecto vitivinícola. Este desenvolvimento motivou a introdução no mercado de duas novas referências: o Cazas Novas Pure e o Cazas Novas Origem.
Anualmente, as três referências que compõem o projecto perfazem cerca de trinta mil garrafas, sendo vinte e duas mil do Cazas Novas colheita, seis mil do Cazas Novas Pure e duas mil da referência topo de gama, Cazas Novas Origem.
Os resultados, são desde já, muitíssimo prometedores. E num futuro mais ou menos próximo será muito interessante perceber até que ponto o projecto Cazas Novas está, de facto, a mudar a percepção dos vinhos desta casta, dentro e fora da região.

(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)

Quinta do Noval: Cada vez mais Douro, sem deixar o Porto

Quinta do Noval

Tal como muitas outras empresas da região, a Quinta do Noval começou por apenas produzir vinhos do Porto. Mas o apetite por vinhos DOC Douro levou a empresa, que hoje pertence à AXA Millésimes (Ch. Pichon Baron, Ch. Suduiraut, Ch. Pibran, entre outros) a interessar-se, inicialmente pelos tintos e mais recentemente pelos brancos. Foi assim […]

Tal como muitas outras empresas da região, a Quinta do Noval começou por apenas produzir vinhos do Porto. Mas o apetite por vinhos DOC Douro levou a empresa, que hoje pertence à AXA Millésimes (Ch. Pichon Baron, Ch. Suduiraut, Ch. Pibran, entre outros) a interessar-se, inicialmente pelos tintos e mais recentemente pelos brancos. Foi assim que começámos por conhecer uma primeira marca DOC Douro – Quinta do Noval – e logo de seguida uma segunda marca – Cedro do Noval – também ela inicialmente apenas tinto, mas agora muito forte também nos brancos. O interesse nos tintos estendeu-se também a vinhos varietais de castas portuguesas – Touriga Nacional e Tinto Cão – e de fora, como a Syrah, a Petit Verdot ou Cabernet Sauvignon. Mas a grande surpresa, como nos confessou Carlos Agrellos, que lidera a enologia da quinta “é a procura de brancos que nos vai levar a plantar mais área de vinha com castas brancas (e reenxertar outras), porque na quinta só temos 5,6 ha de uva branca. A procura estendeu-se também aos vinhos do Porto brancos, especialmente o Dry que está a crescer, ao contrário o Porto Lágrima (mais doce) cuja procura tem vindo a diminuir”. A Quinta do Noval tornou-se mundialmente conhecida pelos seus vinhos do Porto mas, reconhece Christian Seely, o CEO da empresa, “os tempos não correm de feição para os vinhos doces e mesmo em Sauternes, o Ch. Suduiraut está hoje a fazer mais vinhos secos do que doces com Botrytis (o clássico Sauternes); é triste dizer mas estamos agora a ganhar mais dinheiro com os brancos secos do que com os Sauternes!”
O Noval alargou a sua área com a inclusão da Quinta do Passadouro, adquirida em 2019, e cujas uvas podem entrar nos vinhos da quinta, considerada como é uma parcela do Noval. No entanto, do Passadouro continuaremos a ter quer vinhos DOC Douro quer vinhos do Porto.
Este momento foi aproveitado para dar a conhecer uma boa parte do portefólio da empresa. Juntaram-se aqui as novidades, com a forte aposta nos brancos, os vinhos da colecção Terroir Series e os novos vintages, todos da edição de 2022: Quinta do Passadouro, Quinta do Noval e Quinta do Noval Nacional.
Recordemo-nos que a empresa Quinta do Noval está intencionalmente fora da clássica dicotomia (desde sempre conotada com as empresas inglesas) entre Vintage Clássico e Vintage Single Quinta. A quinta do Noval tem declarado Vintage quase todos os anos, seja ou não o ano considerado como clássico por outros operadores. O ex-libris da casa continua, naturalmente, a ser o Vintage Quinta do Noval Nacional, um vinho original e raro, envolto numa aura de mistério que, na realidade, ninguém quer mesmo desvendar. É raro, faz-se em pequena quantidade e é muito caro. Neste ano de 2022 agora provado, não houve dúvidas: como a escala só tem até 20…não pudemos dar uma nota mais alta.

 

Quinta do Noval
O Noval alargou a sua área com a inclusão da Quinta do Passadouro, adquirida em 2019.

 

Seguem-se algumas indicações sobre a origem e vinificação dos vinhos provados:

Passadouro branco 2023 – prensagem cacho inteiro, solo de xisto; a casta Códega do Larinho entra aqui em 35%, é uma variedade pouco usada noutros vinhos, o que acontece também com a Fernão Pires e Gouveio.
Cedro do Noval branco 2023 – O lote inclui Códega do Larinho, Viosinho, Gouveio, Arinto e Rabigato. A Rabigato é uma casta tardia, tal como a Arinto e foram plantadas em zonas mais quentes para se poderem vindimar mais cedo; a Viosinho resiste muito bem à madeira nova não ficando muito marcada e por isso aqui esta casta fermenta em casco. As barricas estão sobre esferas para facilitar a bâtonnage sem abrir a barrica – durante um mês a bâtonnage é diária e depois passa a semanal – e decorrem sete meses desde a fermentação até ao engarrafamento. Neste vinho, em consequência da procura, a produção passou de 6.000 para quase 50.000 garrafas.
Cedro do Noval Reserva branco 2023 – Uvas compradas em Alijó. Aqui usa-se barrica da Borgonha e Bordéus para fermentar parte do mosto. Agrellos recorda que “sempre que o Viosinho se portar bem, como em 2023, teremos Cedro do Noval Reserva branco”. 14 500 garrafas produzidas
Quinta do Noval Reserva branco 2023 – Estas uvas vêm de uma vinha situada na cota mais alta da quinta; o mosto é 100% fermentado em barrica. Na totalidade, o vinho entre fermentação e estágio fica seis meses na madeira. Este branco é também a resposta à procura crescente de brancos secos, “a categoria que mais cresce no Douro”, diz Carlos Agrellos.
Passadouro Reserva tinto 2020 – Uvas desengaçadas e fermentação em cuba. Como nos recordou o enólogo: “este ano a Touriga Francesa foi muito precoce e ficou em passa logo no início da vindima, não se sabe porquê. A casta era a espinha dorsal do vinho e deixou de ser por causa disso. Já no caso das vinhas velhas, elas estão sempre bem, faça chuva ou faça sol”. O vinho esteve 12 meses em meias barricas, 90% novas.
Quinta do Noval Reserva tinto 2020 – Neste tinto Quinta do Noval, cerca de 40% dos encepamentos são Touriga Nacional e 9% são vinhas velhas. Este tinto, após fermentação em inox, esteve um ano em barricas de 225 litros, 40% novas e 60% de segundo ano.
Terroir Series Vinhas da Marka tinto 2020 – Esta é uma colecção especial; como nos informam “aqui mandam as vinhas velhas de castas misturadas, mas nada impede que possa haver um dia um vinho desta colecção que seja varietal, quer branco quer tinto, assim surja uma parcela especial”. Esta vinha foi plantada em 1930, tem um rendimento de 15 hl/ha. A exposição da vinha é curiosa: fica em frente à Vinha Maria Teresa (Quinta do Crasto) e apesar de ter orientação sul/poente, a meio da tarde deixa de ter sol directo, o que favorece a maturação mais lenta. Esta é a 2ª edição deste tinto. Feito em inox e estagiado em barrica (80% nova).
Terroir Series Vinhas do Passadouro tinto 2020 – Vinhas com orientação NW com 5500 pés por ha e uma produção de 12 hl/ha. O momento certo da vindima “é um feeling”, refere Agrellos. Este vem de uma parcela de menos de um hectare, plantada nos anos 30. Tem todas as castas das vinhas velhas antigas, aqui são cerca de 20. Desengaçado, fermenta em cubas troncocónicas, estagia um ano em meias barricas, 90% novas.

Quinta do Noval
A Quinta do Noval tornou-se mundialmente conhecida pelos seus vinhos do Porto.

 

Os Vintage, sempre
No caso dos vinhos do Porto, a empresa irá manter as marcas Passadouro e Quinta do Noval. Mas a marca Silval, que abandonaram em 2015, não voltará ser editada. Para a elaboração dos vinhos do Porto são adquiridos três a quatro lotes diferentes de aguardente e, depois, aqui fazem o lote conforme o tipo de Porto. Os Vintage agora apresentados foram de 2022, “um ano semelhante ao 2017, o mesmo calor e secura, mas os vinhos surpreenderam pela frescura apesar do calor”. Com muita regularidade têm também declarado o Noval Nacional: de 2017 a 2022 declararam todos os anos com a excepção do 2018 por causa da granizada de Maio.
Passadouro vintage 2022 – O ano 22 foi muito seco, choveu metade do que choveu em 2021. Ano seco – cachos pequenos – pouca produção – ano vintage! Esta é a sequência clássica. No entanto o classicismo choca com as alterações climáticas. “Já estávamos a fazer vinhos do Porto em finais de Agosto, não estes, mas isso é o reflexo do calor do ano”, refere o enólogo, acrescentando que “choveu a 12, 13 e 14 de Setembro, parámos a vindima e a recta final correu bem com boa maturação fenólica mas é preciso correr riscos”. Este Passadouro foi feito com pisa a pé nos lagares e estagiou 18 meses em toneis.
Quinta do Noval Vintage 2020 – O normal é começar a vindimar para Vintage em meados de Setembro e estender a vindima até Outubro. Este vintage corresponde a 6% da produção da quinta. “Seria possível fazer cinco vezes mais, mas não queremos aumentar”, afirma Christian Seely.
Quinta do Noval Nacional 2022 – A quinta tem viveiros de cepas da vinha do Nacional (uma pequena parcela em pé-franco) mas demoram vários anos a enraizar. Replantam 20 a 30 pés por ano. A vinha de pé franco demora 7 anos a dar os primeiros cachos; “fazemos uma autêntica jardinagem na vinha e na vindima pára tudo no dia x, dia em que se vindima tudo de seguida”. Pisado a pé num lagar pequeno e envelhece sempre no tonel antigo de carvalho e castanho com 2500 litros de capacidade.

(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)

Compradores Internacionais na próxima Vinhos & Sabores

Estes profissionais irão estar presentes para estabelecer contactos e relações de negócio com os produtores portugueses presentes na feira.

Está confirmada a presença do primeiro grupo de compradores internacionais na feira Grandes Escolhas Vinhos & Sabores deste ano, que decorrerá entre 19 e 21 de Outubro na FIL, Parque das Nações, Lisboa. Estes profissionais irão estar presentes para estabelecer contactos e relações de negócio com os produtores portugueses presentes na feira. Os compradores internacionais […]

Está confirmada a presença do primeiro grupo de compradores internacionais na feira Grandes Escolhas Vinhos & Sabores deste ano, que decorrerá entre 19 e 21 de Outubro na FIL, Parque das Nações, Lisboa. Estes profissionais irão estar presentes para estabelecer contactos e relações de negócio com os produtores portugueses presentes na feira.
Os compradores internacionais confirmados são os seguintes:

NORUEGA
ProCura Wine Importers – Truls Flakstad
https://procurawine.com/

ProCura é um importador norueguês que cobre os canais Horeca (Hotelaria, restauração e cafés) e o Vinmonopolet, o Monopólio do Vinho do país. A empresa tem actualmente uma carteira de mais de 350 empresas Horeca em toda a Noruega.
O Vinmonopolet é o distribuidor governamental norueguês, o único autorizado para a venda de bebidas com mais de 4,75% de álcool no país. Duas vezes por ano publica planos de compra, convidando os importadores a participar em cerca de 80 concursos. Cada proposta contém uma descrição exata do produto requerido e é com base nestas descrições que a ProCura contacta os fornecedores para encontrar produtos correspondentes.

SUÉCIA
Concealed Wines – Simon Kallquist
https://www.concealedwines.com/

A Concealed Wines é um importador sedeado na Suécia que trabalha com os monopólios de bebidas alcoólicas da Suécia, Noruega e Finlândia. Faz a ponte com produtores de todo o mundo, para estabelecer os seus produtos nos mercados escandinavos. Dispõe de um extenso portefólio, oferecendo vinhos de qualidade adaptados às necessidades dos seus mercados, com origens que vão de pequenos produtores boutique a grandes empresas, procurando sempre levar, aos consumidores escandinavos, jóias escondidas do mundo do vinho.

SUÉCIA
Iconic Wines – Ulrika Olivestedt
https://www.iconicwines.se

Parceiro de eleição no mercado Sueco, a Iconic Wines orgulha-se de apresentar um portefólio diversificado de fornecedores de muitas das principais regiões de vinho. Representa produtores com tradição e trabalho de décadas na vinificação e produção de vinhos. Esta empresa faz parte do VIVA Wine & Spirits, o maior grupo vitivinícola da Suécia.

FINLÂNDIA
LCS Wines – Leena Stromberg
http://www.lcswines.com/

Importador de vinhos fundado em 2004, possui uma oferta vasta de vinhos e champanhes de qualidade. Representa tanto os países produtores de vinho do velho mundo como do Novo Mundo. Os seus clientes incluem a Alko – monopólio finlandês do álcool, restaurantes e muitos clientes empresariais.

ITÁLIA
Marna Distribuzione – Claudia Araneo
https://www.marnadistribuzione.com/

Marna é uma empresa italiana especializada na seleção e importação de vinhos internacionais. Fundada em Roma em 2018, comercializa-os no mercado Horeca de Itália. O seu trabalho inclui a investigação e descoberta de vinhos distintos, de produtores de excelência e com tradição nas suas regiões de origem.

ITÁLIA
Lusitania Vini – João Paulo da Palma de Brito
https://www.lusitaniavini.it/

A Lusitania Vini importa, para Itália, vinhos e especialidades portuguesas de grande qualidade, procurando seleccionar os melhores produtos e avaliar critérios de produção, valores artesanais e histórias das empresas. O seu objectivo é levar os sabores da cultura portuguesa ao conhecimento do público italiano, para proporcionar experiências felizes.

PAÍSES BAIXOS
Portugal Wijn Import – Karel Geers
https://portugalwijnimport.nl/

Portugal Wijn Import é uma empresa especializada na importação de vinhos portugueses, incluindo Porto, Moscatel de Setúbal, espumantes, vinhos de curtimenta, pet-nat e aguardente, para além de azeite virgem extra e outros produtos. Actualmente importa e comercializa mais de 150 referências portuguesas em toda a Holanda.

LITUÂNIA
Prike – Albertas Koncijalovas
https://prike.lt/

É a empresa líder na comercialização e distribuição de bebidas alcoólicas de alta qualidade nos Países Bálticos. A sua força tem por base os muitos anos de experiência nestes mercados e a sua capacidade de representar, de forma adequada, as marcas mais famosas do mundo no mercado do Báltico. Graças a uma infraestrutura bem desenvolvida, esta empresa vende para mais de 3.500 clientes na Estónia, Letónia e Lituânia.

ESTÓNIA
Vabrik – Andre Peremees
http://www.vabrik.eu/

Importador e loja de vinhos localizada no bairro de Kalamaja, o mais cool de Tallinn, capital da Estónia, oferece um portefólio versátil de vinhos de qualidade, cuidadosamente selecionados, e lotes únicos de vinhos de todo o mundo.

ESPANHA
Viavinum S. L. – Ana Saldaña
https://viavinumwinetours.com/

Agência de viagens e eventos líder em Espanha, especializada em enoturismo, concebe e organiza pacotes de férias vinícolas únicos na Europa. Organiza passeios personalizados e exclusivos sobre os temas comida e vinho, e organiza e desenvolve eventos empresariais em torno da cultura do vinho.

DINAMARCA
Carlsen Vin – Jesper Smith Carlsen
https://carlsenvin.dk/

Desde 2011 que a Carlsen vende, para alguns dos melhores restaurantes e lojas de vinho da Dinamarca, referências de vários países produtores. Participa também em muitos eventos relacionados com o vinho, incluindo de jantares vínicos, provas de vinho, grandes feiras de vinho e muito mais.

DINAMARCA
Vinogaudium – Flemming Moeller Jensen
https://vinogaudium.dk/

Vino Gaudium é uma marca dinamarquesa de renome, especializada na importação e comercialização de vinhos portugueses de qualidade. Com paixão pela história rica do sector e aromas e sabores únicos dos seus vinhos, a Vino Gaudium oferece uma seleção de mais de 100 marcas diferentes, cuidadosamente selecionadas para satisfazer até o mais exigente apreciador de vinhos.

SUÍÇA
Saveurs et Vins/and Premium Brands SARL – Rui Silva
https://www.saveursetvins.ch/

Empresa especializada na importação de vinhos portugueses para a Suíça, tem, como política comercial, a procura contínua de novos sabores e produtos de qualidade, que seleciona cuidadosamente e partilha depois com os seus clientes.

REINO UNIDO
Hidden Wines – Ryan Lewis
https://hiddenvines.co.uk

Esta empresa importa e vende diretamente, a clientes particulares, vinhos com origem em diversos mercados. Tem especial orgulho em trabalhar com pequenos produtores, vinhos de boutique e vinhos produzidos a partir de castas indígenas.

A este grupo de profissionais convidados pela organização, cuja viagem está já confirmada, podem ainda juntar-se outros convidados internacionais, entre jornalistas, sommeliers e outros compradores. A feira GE Vinhos & Sabores está a organizar um programa de acolhimento para estes convidados internacionais, que inclui masterclasses, visitas à Região Vinhos de Lisboa em colaboração com a CVR de Lisboa e contactos e reuniões de negócio com produtores portugueses presentes na feira.

Estes contactos podem assumir as seguintes modalidades:

– Meetings nas instalações da feira preferencialmente na segunda-feira, dia 21 de Outubro e domingo dia 20

– Almoços e jantares vínicos (em exclusividade ou partilhados com outros produtores) nos dias 19, 20 e 21 de Outubro, da responsabilidade dos produtores que os desejarem.

– Vinhos nas Masterclasses – Nos dias 20 e 21 de Outubro nas instalações da feira.

A organização da feira GE Vinhos & Sabores procurará acolher as solicitações dos produtores para estes contactos, recebendo as inscrições que serão consideradas pela ordem da entrada.