Curso de Olfação para enólogos na Católica do Porto

Olfacão: acção do sentido do olfacto. Distinguir diferentes aromas e definir se um determinado vinho possui um carácter mais floral, vegetal ou frutado fazem parte dos processos de prova que desafiam um sentido crucial nesta área: o olfato. Centrada neste tema, a Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Católica no Porto promove uma formação em […]
Olfacão: acção do sentido do olfacto. Distinguir diferentes aromas e definir se um determinado vinho possui um carácter mais floral, vegetal ou frutado fazem parte dos processos de prova que desafiam um sentido crucial nesta área: o olfato. Centrada neste tema, a Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Católica no Porto promove uma formação em Olfação, destinada a enólogos, entre 9 e 10 de Março.
O curso, composto por várias sessões práticas, promove a análise de cerca de 100 substâncias odoríferas usadas pelos profissionais de perfumaria – desde óleos essenciais a moléculas de síntese –, com o intuito de ampliar e estruturar o universo olfativo dos enólogos. É coordenado por Alexandre Schmitt – conceituado especialista internacional em Olfação – e decorre no campus Asprela da Católica, no Porto, das 9h00 às 18h00.
As inscrições estão abertas até 5 de Março e podem ser feitas através da Internet em http://www.esb.ucp.pt/sites/default/files/files/Biotecnologia/Formacao_avancada/olfacao_flyer.pdf.
Portugal, uma aposta certa

Das muitas provas efectuadas durante o evento Grandes Escolhas Vinhos & Sabores selecionei um conjunto de vinhos de excelência que exaltam a qualidade do que hoje se faz em Portugal e são perfeitos para celebrar a época natalícia. TEXTO Dirceu Vianna Junior MW FOTOS Ricardo Palma Veiga O avião tocou na pista do aeroporto […]
Das muitas provas efectuadas durante o evento Grandes Escolhas Vinhos & Sabores selecionei um conjunto de vinhos de excelência que exaltam a qualidade do que hoje se faz em Portugal e são perfeitos para celebrar a época natalícia.
TEXTO Dirceu Vianna Junior MW FOTOS Ricardo Palma Veiga
O avião tocou na pista do aeroporto de Heathrow, em Londres, após um longo dia em Lisboa. Confesso que estava um pouco cansado. Poucos dias antes havia retornado de uma longa viagem que fiz ao Chile e à Argentina e desta vez foram quatro dias intensos que passei em Lisboa durante o evento Grandes Escolhas Vinhos & Sabores. Logo após a aterragem, o comandante da aeronave anunciou que a temperatura local era de 6 graus. No início eu pensei que tinha ouvido mal, pois o termómetro marcava cerca de 20ºC quando saí de Londres, apenas três dias antes.
O meu medo foi confirmado quando, sem casaco, me aproximei da porta do avião. Por um momento, pensei que seria melhor ter ficado curtindo o tempo ensolarado de Lisboa com boa comida, excelente companhia e belos vinhos.
O ano de 2017 foi decisivo na minha vida. Depois de 28 anos, decidi dar adeus ao meu trabalho num grande “merchant” de vinhos e seguir os meus próprios passos. Foi um ano desafiador, mas imensamente gratificante. Entre várias atividades de consultorias técnicas e comerciais que faço, decidi investir tempo e expandir o meu conhecimento sobre vinhos portugueses e também compartilhar o pouco que sei. Essa decisão ajudou a fortalecer relacionamentos antigos, conhecer pessoas novas e incríveis. Entre várias atividades consegui retornar mais vezes a Portugal e aproveitar um pouco mais da cultura, culinária e bons vinhos. Gostei da experiência e por esse motivo optei inclusive por passar as férias com a família numa pequena aldeia no norte do país, mas desta vez longe das grandes cidades.
Eu tinha muitas razões para apostar em Portugal. Tenho acompanhado uma transformação gradual e observado os padrões de qualidade a progredir e melhorar ano após ano. É verdade que ainda existem muitas coisas que produtores individualmente e que a indústria como um todo precisam aperfeiçoar e desenvolver. No entanto, o evento organizado pela VINHO Grandes Escolhas em Lisboa não deixou nenhuma dúvida e posso dizer com convicção que eu acredito que o futuro do vinho português é promissor.
A qualidade de alguns dos grandes vinhos clássicos de Portugal é tão boa, se não melhor, do que qualquer outro país produtor de vinho do mundo. As regiões menos conhecidas que estiveram nas margens há décadas, como Beira Interior e Trás-os Montes, estão começando a mostrar sinais do que são capazes de alcançar.
A geração mais velha de enólogos demonstra experiência, convicção e parece refinar as suas habilidades em cada vindima que passa. Talvez estejam percebendo a força e energia da nova geração de enólogos que vem a seguir com outras ideias, vitalidade, dinamismo e sem medo de explorar novos conceitos. Experimentei vinhos muito bons e criativos de jovens enólogos que confirmaram que o meu instinto estava realmente correcto. Por todos esses motivos, é hora de celebrar.
Celebrar com vinho português
Então, vamos levantar um copo e comemorar – afinal o Natal está aí à porta. Por algumas semanas o mundo vai ficar envolvido por uma espécie de brilho mágico onde as pessoas parecem mais felizes. Foi o Papa Júlio I que proclamou, em 350 Dc, que 25 de Dezembro seria o dia oficial da festa do aniversário de Jesus Cristo. A cidade de Riga, na Letônia, alega ter sido o lugar onde a primeira árvore de Natal foi decorada, em 1510. As tradições variam enormemente ao redor do mundo.
Nas Filipinas, as populações constroem lanternas gigantes iluminadas que podem chegar a ter seis metros de diâmetro. Na Noruega, as pessoas escondem as suas vassouras para evitar serem roubadas pelas bruxas e espíritos malignos; na Suécia, desde 1966, uma cabra de 13 metros de altura é construída no centro de Gävle’s Castle Square; em Toronto, a celebração intitulada ‘Cavalcade of Lights’ marca o início oficial do feriado; e, no Japão, mais de 3,6 milhões de famílias comemoram o natal com um ‘take-away’ da companhia americana Kentucky Fried Chicken. Um pouco estranho, mas talvez um bom espumante de Távora-Varosa ou da Bairrada, ou ainda um leve e refrescante Vinho Verde, possa servir para dar mais vida à festa dos japoneses.
Em Portugal, o bacalhau é o rei do Natal em várias mesas e ocupa um lugar de destaque durante a celebração. Outros preferem raia frita, polvo cozido ou cabrito assado. No Brasil, como em certas partes de Portugal também, peru recheado é um dos pratos típicos servidos.
Para ajudar na celebração elaborei uma lista dos melhores vinhos que tive oportunidade de provar durante o evento Grandes Escolhas Vinhos & Sabores deste ano. São vinhos de diferentes regiões e estilos distintos, porém com algo em comum: qualidade excepcional. Por si só, ou combinados com um bom prato, estes vinhos certamente ajudarão a enriquecer qualquer festa, especialmente uma celebração com as suas famílias e bons amigos.
Pensando nessa lista, realmente dá vontade de pedir ao comandante da aeronave que me trouxe de volta ao frio de Londres para me levar de regresso a Portugal. Um brinde a todos e que o próximo ano seja repleto de boas surpresas, novos amigos, crescimento espiritual, sucesso profissional, saúde e paz.
Vinhos recomendados
• Coche by Niepoort (Douro branco 2015)
Niepoort
18,5 valores
PVP € 58
• Vértice (Douro Espumante Gouveio branco 2008)
Caves Trasmontanas
18 valores
PVP € 25
• Envelope (Dão branco 2016)
Magnum-Carlos Lucas Vinhos
18 valores
PVP € 40
• Maria Izabel Vinhas Velhas Vinhas da Princesa (Douro branco 2015)
Quinta Maria Izabel
18 valores
PVP € 41,46
• AdegaMãe Terroir (Reg. Lisboa branco 2014)
Adega Mãe
18 valores
PVP € 39
• Anselmo Mendes Tempo (Vinho Verde Monção e Melgaço branco 2015)
Anselmo Mendes
18 valores
PVP € 70
• Villa Oliveira Primeira Edição L2010-2015 (Dão branco)
O Abrigo da Passarella
18 valores
PVP € 50
Ventozelo: a jóia da Gran Cruz

Situada na margem esquerda do Douro, na freguesia de Ervedosa, sub-região de Cima Corgo, a Quinta de Ventozelo, com os seus 400 hectares de extensão, 200 dos quais de vinha, em forma de anfiteatro natural sobre o rio, é uma das mais belas propriedades da região. TEXTO João Geirinhas NOTAS DE PROVA Luís Lopes […]
Situada na margem esquerda do Douro, na freguesia de Ervedosa, sub-região de Cima Corgo, a Quinta de Ventozelo, com os seus 400 hectares de extensão, 200 dos quais de vinha, em forma de anfiteatro natural sobre o rio, é uma das mais belas propriedades da região.
TEXTO João Geirinhas NOTAS DE PROVA Luís Lopes FOTOS Ricardo Palma Veiga
SE juntarmos a esta impressionante beleza natural uma história que se perde nos tempos, a dimensão invulgar dos seus limites e as condições naturais de solo e clima para proporcionarem uma viticultura de excelência, percebemos melhor a ambição dos seus actuais proprietários em torná-la uma quinta modelar, berço favorecido para a produção de grandes vinhos do Porto e Douro.
Foi um pouco desta magia do lugar que a Gran Cruz pretendeu trazer a Lisboa na apresentação à imprensa dos seus topos de gama de Ventozelo, pelas mãos de Jorge Dias, director geral do grupo, José Manuel Sousa Soares, chefe da equipa de enologia, e Miguel Castro Silva, chefe do Lumni, onde decorreu o jantar, e há muito regular colaborador da empresa. É muito gratificante ouvir falar Jorge Dias de Ventozelo e José Manuel Soares dos seus vinhos. Falam com o entusiasmo de uma criança que acedeu finalmente ao brinquedo há muito desejado, o brilho dos seus olhos não engana.
Trata-se de uma aquisição recente. Foi apenas em 2014 que a Gran Cruz adquiriu a quinta a um grupo galego com interesses diversificados, mas com forte presença nas pescas e que um dia sonhou ser um grande produtor de vinhos. Condicionalismos e contingências de vária ordem impediram esse desiderato e após anos de incertezas e muitas negociações falhadas com outros pretendentes, a líder mundial na venda de Vinho do Porto tomava posse desta propriedade e começava a partir daí uma revolução silenciosa. Não que Ventozelo estivesse ao abandono, mas perante o desafio que a Gran Cruz tinha em mão e o projecto que Jorge Dias e a sua equipa elaboraram para a propriedade, o trabalho era gigantesco. É que, apesar de dispor da maior marca de Vinho do Porto, o grupo Gran Cruz não tinha vinhas próprias, comprando toda a produção, em vinho ou em uvas, a mais de três mil viticultores e cooperativas da região. Por outro lado, a imagem da empresa estava em geral mais associada ao volume do que aos vinhos de topo de gama. Nas palavras de Gaspar Martins Pereira, na sua excelente monogra a “Ventozelo – Uma Quinta Milenar no Douro Vinhateiro”, recentemente publicada, “a compra da Quinta de Ventozelo integra-se nesse projecto global de viragem estratégica da Gran Cruz”. Investir na produção vitícola e obter matéria-prima de qualidade, a base fundamental para fazer vinhos de excelência, tanto Douro como Porto, é o objectivo mais imediato. Lançou-se por isso um extenso trabalho de requalificação das vinhas, que abrangeu cerca de 20% da área plantada, com a eliminação de castas exógenas e a sua substituição por variedades autóctones. Mas o desfio vai ainda mais além: para Jorge Dias, Ventozelo é uma oportunidade para revelar o que o Douro tem de melhor para oferecer: um projecto integrado, onde além da vinha e da produção dos vinhos, há lugar para outras culturas, como o azeite, e a exploração de um enoturismo de grande qualidade, sustentável e em plena harmonia com a natureza.
Os vinhos que foram agora apresentados reflectem já este compromisso. Tanto os brancos, já conhecidos, como o Viosinho 2014 num lote feito em parceria com Miguel Castro Silva ou o Branco de Ventozelo 2014, revelam-se frescos e gastronómicos, qualidades que foram potenciadas pelas harmonizações com as criações do chefe. Mas o foco estava voltado para as novidades da noite: o Essência de Ventozelo Douro 2014 e o Quinta de Ventozelo Porto Vintage 2015. José Manuel Soares apresentou-os como exemplo do caminho que quer pros- seguir. É aqui que reside a beleza da coisa. Apesar do enorme salto qualitativo que estes vinhos revelam, eles são ainda um ponto de partida. Para quem participou no jantar, a certeza é que, no Ventozelo, o melhor está ainda para vir.
Symington vai ter nova adega na Quinta do Ataíde

A Symington Family Estates não para de investir. A mais recente decisão desta família do Douro (e não só…) vai para a construção de uma nova adega dedicada aos vinhos DOC Douro, que ficará localizada na Quinta do Ataíde, uma das propriedades da família no Vale da Vilariça, no Douro Superior, concelho de Vila Flor. […]
A Symington Family Estates não para de investir. A mais recente decisão desta família do Douro (e não só…) vai para a construção de uma nova adega dedicada aos vinhos DOC Douro, que ficará localizada na Quinta do Ataíde, uma das propriedades da família no Vale da Vilariça, no Douro Superior, concelho de Vila Flor. A construção arranca ainda este ano, devendo estar concluída em 2020, e será o local eleito para a vinificação dos vinhos do Douro da empresa.
O custo da operação irá rondar os quatro milhões de euros.
A nova adega deverá ter capacidade de cerca de dois milhões de garrafas, mas com possibilidade de expansão. A razão da escolha da Quinta do Ataíde está associada ao facto de ser uma propriedade da família com enorme importância na produção de vinhos do Douro de qualidade superior e por estar perto da Quinta do Vesúvio e de outras vinhas de família, onde são produzidos vinhos do Douro.
Este investimento permitirá à Symington reforçar o seu posicionamento na oferta de vinhos DOC Douro. Actualmente, a empresa comercializa as marcas Altano, Quinta do Ataíde, Quinta do Vesúvio e os vinhos Prats & Symington (em parceria com Bruno Prats), que têm vindo a ser sucessivamente distinguidos com prémios nacionais e internacionais.
Douro bate recordes em 2017

As vendas de vinhos da região demarcada do Douro e do Porto em 2017 ascenderam a 556 milhões de euros, correspondentes a 13,7 milhões de caixas de 12 garrafas. Os números anunciados em comunicado pelo IVDP – Instituto dos Vinhos Do Douro e do Porto representam um crescimento de 3,6 por cento no volume de […]
As vendas de vinhos da região demarcada do Douro e do Porto em 2017 ascenderam a 556 milhões de euros, correspondentes a 13,7 milhões de caixas de 12 garrafas. Os números anunciados em comunicado pelo IVDP – Instituto dos Vinhos Do Douro e do Porto representam um crescimento de 3,6 por cento no volume de negócios e 2,2 por cento em quantidade face a 2016.
Do total das vendas, a fatia maior cabe ao Vinho do Porto (380,3 milhões de euros), enquanto os DOC Douro batiam um recorde com 157,3 milhões de euros. Moscatel (10,8 milhões de euros) e Regional Duriense (6,5 milhões de euros) completam o cenário. Destaque para o desempenho dos vinhos DOC, que geraram uma receita 10,7 por cento maior do que em 2016, com uma subida de 11,8% em quantidade.
Mantendo a tendência dos últimos anos, o Vinho do Porto vendeu-se menos, mas por preços mais altos, com as categorias especiais a reforçarem o seu protagonismo: representaram em 2017 42,7% do valor total e 22,4% da quantidade, mais dois recordes. Por mercados, Portugal destronou a França do primeiro lugar e tornou-se o principal destino de Vinho do Porto no mundo.
Vinhos Mapa na Empor Wine & Spirits, 28 de Fevereiro

Pedro Garcias, jornalista e crítico de vinhos no jornal Público, em conjunto com a sua mulher, deu início há mais de 10 anos ao seu projecto vínico a que chamou MAPA. Fica em Muxagata, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, Douro Superior. Os vinhos foram ganhando fama mas nem sempre são fáceis de […]
Pedro Garcias, jornalista e crítico de vinhos no jornal Público, em conjunto com a sua mulher, deu início há mais de 10 anos ao seu projecto vínico a que chamou MAPA. Fica em Muxagata, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, Douro Superior.
Os vinhos foram ganhando fama mas nem sempre são fáceis de encontrar. Pois bem, poderá degustar o portefólio Mapa numa prova especial, comentada pelo próprio Pedro Garcias, na garrafeira Empor Spirits & Wine, na Rua Castilho, 201 D, em Lisboa.
Por lá irão passar vinhos brancos e tintos, aos quais se junta agora um Porto Vintage e azeites da mesma marca. Diz Eugénia Vasconcelos, gestora do espaço, que são “vinhos de altitude, minerais, frescos, secos e envolventes, altamente gastronómicos. Vinhos que quando se provam não se esquecem e nunca mais se desiste deles….”A prova vai decorrer dia 28 de Fevereiro, quarta- feira, às 18:30.
O custo da prova é de €20 por pessoa mas contém a oferta de um copo Riedel e um vale de 10 euros para compras dos produtos em prova, válido por uma semana. Os lugares são limitados e por isso as inscrições são obrigatórias, pelo e-mail garrafeira@emporspirits.com
ou telefone 21 603 78 24.
O “Château” de Azeitão

Os recentes lançamentos dos Quinta da Bacalhôa e Palácio da Bacalhôa de 2014 mantêm o elevadíssimo padrão de qualidade das colheitas anteriores e reafirmam o seu estatuto de referências absolutas entre os “lotes bordaleses” produzidos em Portugal. TEXTO Luís Lopes FOTOS Ricardo Palma Veiga O primeiro tinto Quinta da Bacalhôa, oriundo de uma vinha […]
Os recentes lançamentos dos Quinta da Bacalhôa e Palácio da Bacalhôa de 2014 mantêm o elevadíssimo padrão de qualidade das colheitas anteriores e reafirmam o seu estatuto de referências absolutas entre os “lotes bordaleses” produzidos em Portugal.
TEXTO Luís Lopes FOTOS Ricardo Palma Veiga
O primeiro tinto Quinta da Bacalhôa, oriundo de uma vinha de Cabernet e Merlot plantada em 1974 nesta história propriedade de Azeitão, nasceu na vindima de 1979. Essa primeira produção foi vendida, basicamente, entre amigos de António Francisco Avillez, criador e mentor da então chamada João Pires/J. P. Vinhos. Foi com a colheita seguinte, de 1980, que o Quinta da Bacalhôa começou a ganhar um prestígio que se solidificaria nos anos vindouros.
A quinta, propriamente dita, não é uma propriedade qualquer. Classificada como monumento nacional em 1910, é considerada a mais bela quinta da primeira metade do século XV ainda existente em Portugal e pertence à Fundação Berardo. Integrando um magnífico palácio, a Quinta da Bacalhôa é uma antiga propriedade da Casa Real Portuguesa, tendo pertencido ao príncipe João, filho do Rei D. João I. Dessa época, chegaram até aos nossos dias os edifícios, os muros com torreões de cúpulas aos gomos e também o grande tanque situado no jardim.
A propriedade passou mais tarde para os herdeiros de D. Afonso de Albuquerque e em 1936 o Palácio da Bacalhôa foi comprado e restaurado pela norte-americana Orlena Scoville, cujo neto Thomas resolveu em 1970 dar-lhe o “toque” bordalês através da plantação de uma vinha com as castas daquela região francesa. Para atingir esse objectivo, o vizinho visionário António Francisco Avillez constituiu o parceiro ideal. As uvas eram produzidas pelos Scoville, com acompanhamento da J.P. Vinhos (hoje Bacalhôa Vinhos), e vendidas a esta empresa, onde o enólogo australiano Peter Bright se encarregava de as transformar no mais emblemático “lote bordalês” feito em Portugal.
O Quinta da Bacalhôa era um vinho completamente revolucionário no panorama nacional. Desde o início que o vinho utilizava barricas novas (primeiro, uma mistura de barricas de castanho e carvalho português e francês; a partir de meados dos anos 80, exclusivamente carvalho francês importado e transformado em barricas na tanoaria da empresa) o que era bastante invulgar para a época. Mais invulgar ainda era a forma de comercialização, exclusivamente em primor e em leilão. Lembro-me bem de assistir a alguns desses leilões e registar o afã com que distribuidores, lojas de vinhos e restaurantes se “combatiam” para levar o maior número de caixas possível do famoso Bacalhôa.
Desde então sucederam-se 36 colheitas de Quinta da Bacalhôa, a maior parte das quais já sob orientação da enóloga Filipa Tomaz da Costa, que sucedeu a Peter Bright. Para além da sua qualidade intrínseca, o Quinta da Bacalhôa é um vinho com notável capacidade de envelhecimento, como diversas provas verticais feitas nos últimos anos têm confirmado. Essas qualidades são exponenciadas no Palácio da Bacalhôa, o topo de gama da casa, que nasceu na vindima de 2000, e foi produzido nas colheitas de 2001, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, 2009, 2013 e 2014.
Enquanto o Quinta da Bacalhôa é feito quase exclusivamente com Cabernet Sauvignon (o 2014 tem 90%) com um pouco de Merlot, o Palácio da Bacalhôa tem as castas bordalesas mais distribuídas, com predominância de Cabernet (cerca de 60%) complementado com Merlot e deixando ainda espaço para 3 ou 4% de Petit Verdot. Um e outro são do melhor que se faz entre nós neste perfil de vinho e constituem um belíssimo exemplo de “lote bordalês” em qualquer parte do mundo.
França anuncia criação de quatro novas castas

Chamam-se Floreal, Voltis, Artaban e Vidoc – e são as quatro novas castas criadas em França, ao cabo de 18 anos de investigação. Segundo o Instituto Nacional de Investigação Agrícola (INRA, na sigla francesa), as novas variedades, duas brancas e duas tintas, são resistentes a duas das principais doenças da vinha: o míldio e o […]
Chamam-se Floreal, Voltis, Artaban e Vidoc – e são as quatro novas castas criadas em França, ao cabo de 18 anos de investigação. Segundo o Instituto Nacional de Investigação Agrícola (INRA, na sigla francesa), as novas variedades, duas brancas e duas tintas, são resistentes a duas das principais doenças da vinha: o míldio e o oídio.
Por dispensarem muitos dos actuais tratamentos, estas novas castas “trazem consigo a promessa de uma revolução verde na vinha”, afirmou Christophe Schneider, investigador-chefe do INRA Grand Est-Colmar, citado pelo site French Tribune. A França é o maior utilizador europeu de pesticidas e a vitivinicultura é o sector que mais recorre a estes produtos.
As novas variedades serão plantadas em cerca de seis hectares já este ano e há planos para alargar a mais outros 100 na campanha de 2019. Segundo os investigadores, a Floreal é uma casta branca com “notas a frutos exóticos”, a Voltis pertence à “família dos brancos sedosos”, Vidoc é um tinto “robusto” e Artaban dá origem a vinhos “leves e frutados”.