Exportações de vinhos portugueses voltam a bater recorde em 2022

Exportações 2022

A informação foi divulgada, como habitual, pela ViniPortugal, a associação interprofissional que promove os Vinhos de Portugal no estrangeiro: as exportações dos vinhos portugueses fecharam 2022 com um valor recorde, que chegou aos 941 milhões de euros. Isto traduz-se num aumento de 1.52%, relativamente a 2021. O valor total das exportações está actualmente dividido de […]

A informação foi divulgada, como habitual, pela ViniPortugal, a associação interprofissional que promove os Vinhos de Portugal no estrangeiro: as exportações dos vinhos portugueses fecharam 2022 com um valor recorde, que chegou aos 941 milhões de euros. Isto traduz-se num aumento de 1.52%, relativamente a 2021.

O valor total das exportações está actualmente dividido de forma bastante equilibrada entre os mercados União Europeia e Países Terceiros, com o primeiro a representar 427 milhões de euros, e o segundo, 499 milhões de euros.

Quanto a países, França mantém a liderança enquanto destinatário dos vinhos portugueses em 2022, com um valor de 111 milhões de euros e um crescimento de 3.2% em comparação com 2021; e logo a seguir surgem os Estados Unidos, cujo valor em 2022 foi de 105 milhões de euros. Em terceiro lugar vem o Reino Unido, com 83 milhões de euros.

Ainda segundo a ViniPortugal, uma das maiores subidas, ao contrário de 2021, foi a do mercado angolano, com um crescimento de 103.6%; seguido do México, com aumento de 74.6%; e do Japão, com 24.5%.

Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, comenta: “Tal como estimámos no início, as nossas exportações voltaram a atingir o recorde, em 2022, chegando aos 941 milhões de euros. Por isso, estamos muito satisfeitos com os resultados obtidos, tendo em consideração que foi o ano em que se deu início a uma guerra, que ainda continua, e que nos trouxe fragilidades económicas e até de acesso aos mercados. Mas, como sempre, este é um sector que nunca baixa os braços e os objectivos para 2023 mantêm-se ambiciosos, queremos chegar aos mil milhões de euros, assentando este crescimento no aumento do preço médio. É para isso que estamos a trabalhar, quer na promoção nos mercados tradicionais, como na abertura de novos mercados onde o potencial de crescimento é grande”.

Adega Quanta Terra recebe exposição da artista Leni van Lopik

Quanta Terra Leni Lopik

A ligação do projecto duriense Quanta Terra — fundado em 1999 por Celso Pereira e Jorge Alves — ao mundo artístico, começou com uma exposição de Joana Vasconcelos em 2022. Agora, é a vez da artista plástica holandesa Leni van Lopik expor as suas criações na adega Quanta Terra, em Favaios, uma mostra denominada “Cor […]

A ligação do projecto duriense Quanta Terra — fundado em 1999 por Celso Pereira e Jorge Alves — ao mundo artístico, começou com uma exposição de Joana Vasconcelos em 2022. Agora, é a vez da artista plástica holandesa Leni van Lopik expor as suas criações na adega Quanta Terra, em Favaios, uma mostra denominada “Cor do Douro” que já começou e que durará até 31 de Outubro. Leni van Lopik reside em Portugal há 23 anos, e já venceu o prémio Best of Wine Tourism 2023, na categoria Arte e Cultura.

Todas as peças, das 11 obras expostas, são produzidas a partir de materiais naturais ou orgânicos, como folhas de eucalipto, bugalhos e pedras, quase sempre recolhidos durante as caminhadas da artista pelos socalcos durienses.

“O processo de reabilitação e recuperação da Quanta Terra mostrou-nos um espaço demasiado valioso para ficar circunscrito a visitas e provas de vinhos. Entendemos, desde logo, que a arte teria aqui uma simbiose perfeita com o nosso negócio de produção de vinhos e que uma com o outro reflectiriam aquilo que colocamos todos os dias no nosso trabalho: fazer vinhos únicos e diferenciadores, para serem apreciados e desfrutados”, explica Celso Pereira. Jorge Alves acrescenta: “Estamos plenamente convencidos que esta exposição será uma mais-valia enorme para o turismo na região”.

Nesta exposição, Leni van Lopik apresenta, entre outras propostas, videiras na sala das barricas, de forma a mostrar a junção perfeita entre o material e o vinho, e as quatro “Donas” de cápsulas nas cubas onde era armazenada a aguardente. A estes exemplos, junta-se ainda a instalação “Rio Douro”, elaborada através de cápsulas de garrafas de vinho.

“Cor no Douro” pode ser visitada de quarta-feira a domingo, das 10h00 às 17h30. A visita inclui uma prova de vinhos. O produtor aconselha reserva prévia, para o e-mail reservas@quantaterradouro.com, ou para o número 935907557.

Grupo Terras & Terroir adquire Ribafreixo Wines

Terras Terroir Ribafreixo

Depois da recente compra da Herdade da Rocha, no Crato, o Grupo Terras & Terroir anuncia mais uma aquisição no Alentejo: a Ribafreixo Wines, situada na Vidigueira, na Herdade do Moinho Branco. Além destas tuas propriedades alentejanas, o Grupo Terras & Terroir detém a Quinta da Pacheca, no Douro; a Caminhos Cruzados, no Dão; a […]

Depois da recente compra da Herdade da Rocha, no Crato, o Grupo Terras & Terroir anuncia mais uma aquisição no Alentejo: a Ribafreixo Wines, situada na Vidigueira, na Herdade do Moinho Branco.

Além destas tuas propriedades alentejanas, o Grupo Terras & Terroir detém a Quinta da Pacheca, no Douro; a Caminhos Cruzados, no Dão; a Quinta do Barrilário, em Armamar; a Quinta do Ortigão, na Bairrada; e as Vila Marim Country Houses, em Mesão Frio.

“Estamos atentos a todas as oportunidades de negócio nas áreas vitivinícola e do enoturismo, nas mais diferentes regiões do país. É missão do grupo manter viva a história das nossas regiões, produzindo e levando a cada consumidor vinhos de elevada qualidade, e experiências únicas à volta deste fascinante mundo vinícola”, comenta a administração do Grupo Terras & Terroir, detido pelos empresários Maria do Céu Gonçalves, Álvaro Lopes e Paulo Pereira.

O modelo de negócio do grupo — de manutenção de toda ou quase toda a equipa já residente— preserva-se aqui, com Nuno Bicó a ficar à frente da equipa de viticultura, e Paulo Laureano a continuar a chefiar a enologia.

“Continuaremos a valorizar o património local, histórico e gastronómico, produzindo vinhos de grande qualidade que enobreçam o terroir tão identitário da Vidigueira”, desenvolve a administração.

O projecto Ribafreixo Wines teve início em 2007, impulsionado por Mário Pinheiro. Começou com 114 hectares de vinha, ligados ao sistema de regadio da Barragem do Alqueva e delimitados pela serra do Mendro. Um dos momentos marcantes na história da Ribafreixo Wines foi a inauguração da adega de quatro mil metros quadrados, equipada com tecnologia avançada. A par da produção de vinho, a empresa desenvolve actividades de enoturismo, com visitas guiadas à adega e à propriedade, e provas de vinho. Possui, adicionalmente, um restaurante com comida tipicamente alentejana, onde os pratos são harmonizados com as referências das cinco marcas da casa: Herdade do Moinho Branco, Gáudio, Pato Frio, Barrancôa e Connections.

Está para breve: Casa Ferreirinha confirma lançamento do Reserva Especial 2014

Reserva Especial 2014

É a 18ª edição de um dos vinhos mais cobiçados da duriense Casa Ferreirinha. O tinto Reserva Especial 2014 tem lançamento confirmado para Junho de 2023, e vem saciar a sede dos consumidores que procuram vinhos mais raros e exclusivos. Luís Sottomayor, enólogo da casa do grupo Sogrape, declara: “O ano de 2014 foi de […]

É a 18ª edição de um dos vinhos mais cobiçados da duriense Casa Ferreirinha. O tinto Reserva Especial 2014 tem lançamento confirmado para Junho de 2023, e vem saciar a sede dos consumidores que procuram vinhos mais raros e exclusivos.

Luís Sottomayor, enólogo da casa do grupo Sogrape, declara: “O ano de 2014 foi de maturação equilibrada, com alguma chuva no Inverno e uma onda de calor em Junho, mas harmonioso. Estas características reflectiram-se no vinho, dotado também de uma complexidade assinalável. E a excelente capacidade de envelhecimento comprovada ao longo destes nove anos que se passaram, tornaram este vinho digno de Reserva Especial”.

Reserva Especial 2014
Reserva Especial 2009, a colheita que antecedeu o 2014.

Produzido há seis décadas, o Reserva Especial existiu nas edições de 1960, 1962, 1974, 1977, 1980, 1984, 1986, 1989, 1990, 1992, 1994, 1996, 1997 2001, 2003, 2007, 2009 e agora 2014.

Cristiano e Francisca van Zeller mostram novos Vintage e LBV da Van Zellers & Co

Van Zellers vintage

Decorreu em Lisboa, no dia 10 de Fevereiro, a apresentação de novidades Van Zellers & Co, empresa familiar que trouxe agora os seus novos vinhos do Porto. O momento foi também aproveitado para prova de algumas colheitas anteriores. Assim, do LBV foram provados os 2014, 2015 e 2017 (este a novidade); e dos Vintage começou-se […]

Decorreu em Lisboa, no dia 10 de Fevereiro, a apresentação de novidades Van Zellers & Co, empresa familiar que trouxe agora os seus novos vinhos do Porto. O momento foi também aproveitado para prova de algumas colheitas anteriores.
Van Zellers vintage
Francisca e Cristiano van Zeller, na apresentação dos novos vinhos. ©João Paulo Martins
Assim, do LBV foram provados os 2014, 2015 e 2017 (este a novidade); e dos Vintage começou-se também com o 2014, seguindo-se as edições de 2015 e 2017, acabando no 2020. Este novo Vintage 2020 será agora sugerido ao mercado “en primeur” com um desconto de 30% sobre o preço final, que mais tarde rondará os €120. J.P.M.
Mais sobre estes vinhos numa das próximas edições da revista Grandes Escolhas

JNcQUOI lança vinho Madeira em parceria com Cossart Gordon & Co

JNcQUOI Madeira

Depois dos JNcQUOI branco e tinto, e dos JNcQUOI Grand branco e tinto (todos do Douro), a Amorim Luxury Group lança agora um novo vinho, um Madeira produzido em parceria com a Cossart Gordon & Co. Resultado de um trabalho conjunto entre Ricardo Morais, Wine Director do JNcQUOI, e o enólogo Francisco Albuquerque, o JNcQUOI Madeira […]

Depois dos JNcQUOI branco e tinto, e dos JNcQUOI Grand branco e tinto (todos do Douro), a Amorim Luxury Group lança agora um novo vinho, um Madeira produzido em parceria com a Cossart Gordon & Co.

Resultado de um trabalho conjunto entre Ricardo Morais, Wine Director do JNcQUOI, e o enólogo Francisco Albuquerque, o JNcQUOI Madeira 2008 é, segundo os próprios, “um vinho tenso, gastronómico, equilibrado e persistente”.

Engarrafado em Setembro de 2022, o JNcQUOI Madeira 2008 foi feito com a casta Bual e envelhecido numa barrica de 244 litros. Deste vinho, surgiram 138 garrafas Magnum (1500ml), para serviço a copo nos restaurantes Asia e Avenida (€17/copo); e 48 garrafas de 750ml para venda na garrafeira do DeliBar do JNcQUOI Avenida, por €135 cada.

Esta notícia surge no seguimento de outra sobre o 4º aniversário do Big Bottle Day, iniciativa do JNcQUOI Avenida que consiste na abertura de garrafas de vinho de grande formato. Ao longo destes quatro anos, o JNcQUOI Avenida tem sido palco de algumas das mais exclusivas aberturas de garrafas de vinho, de grande formato (entre 6 e 18 litros), durante o “It’s Friday, Big Bottle Day”. Já foram abertas mais de 250 garrafas, nesta iniciativa que permite ao público conhecer alguns dos mais raros e exclusivos vinhos do Mundo, a um preço acessível. Durante a celebração do aniversário, no passado dia 3 de Fevereiro, abriram-se quatro garrafas de 6 litros: Chateau Smith Haut Lafite 2018, Chateau Cos D´Estournel 2017, Joseph Phelps Insignia 2018 e Catena Zapata Adrianna Vineyards “Mundus Bacillus Terrae” Malbec.

João Paulo Martins lança nova edição do guia de vinhos Monção & Melgaço

João Paulo Guia

No final de Janeiro de 2023, João Paulo Martins — jornalista de vinhos, colaborador da revista Grandes Escolhas e de outras publicações, como o jornal Expresso — lançou o livro Monção & Melgaço – Guia de Vinhos 2022. Nesta obra, editada pela Oficina do Livro, João Paulo Martins versa sobre a história da sub-região da […]

No final de Janeiro de 2023, João Paulo Martins — jornalista de vinhos, colaborador da revista Grandes Escolhas e de outras publicações, como o jornal Expresso — lançou o livro Monção & Melgaço – Guia de Vinhos 2022. Nesta obra, editada pela Oficina do Livro, João Paulo Martins versa sobre a história da sub-região da Denominação de Origem Vinho Verde, e apresenta uma grande selecção de vinhos Monção e Melgaço.

O livro Monção & Melgaço – Guia de Vinhos 2022 (€10,90) comporta um capítulo sobre a história da região e dos seus vinhos, um capítulo de vinhos velhos e, como já é habitual, uma selecção dos que o autor considerou como os melhores do ano 2022. Além dos vinhos brancos, que actualmente são os mais representativos da região, João Paulo Martins incluiu rosés, espumantes e aguardentes vínicas. Para facilitar a leitura e o acesso aos temas e vinhos mais pertinentes para o leitor, este inclui um índice remissivo.

João Paulo Martins, jornalista há 32 anos na área dos vinhos, é colaborador permanente da revista Grandes Escolhas e colunista do semanário Expresso. Membro, há 20 anos, do júri do Concurso Mundial de Bruxelas, participou no Portugal Wine Guide.

Vinhos Porta 6 abraçam mercado nacional com distribuidora Vinalda

Porta 6 Vinalda

A Vinalda anunciou que vai iniciar a distribuição no mercado nacional, em exclusivo, dos vinhos Porta 6 da Vidigal Wines, empresa que hoje pertence ao grupo Abegoaria. A marca Porta 6 é um sucesso de exportação e líder das vendas nacionais de vinho em vários mercados. Segundo a Vinalda, “é o vinho tinto português mais […]

A Vinalda anunciou que vai iniciar a distribuição no mercado nacional, em exclusivo, dos vinhos Porta 6 da Vidigal Wines, empresa que hoje pertence ao grupo Abegoaria.

A marca Porta 6 é um sucesso de exportação e líder das vendas nacionais de vinho em vários mercados. Segundo a Vinalda, “é o vinho tinto português mais vendido no Reino Unido (e o terceiro europeu) e no Canadá, estando no top 5 de vendas dos vinhos nacionais no Brasil e um caso de sucesso também na Suécia e nos Estados Unidos”. No entanto, e de acordo com a distribuidora, “é um vinho com vendas ainda pouco significativas em Portugal”.

Em relação a este assunto, Manuel Bio, CEO do grupo Abegoaria, comenta: “O Porta 6 é o vinho tinto nacional que mais vende fora de Portugal. A estratégia da Vidigal Wines foi sempre de internacionalização, sem olhar muito para o mercado português. Para o grupo Abegoaria, está na hora de apostar no nosso mercado, porque não faz sentido ter um vinho que é um caso de sucesso lá fora que vende pouco em Portugal”.

Já José Espírito Santo, director-geral da Vinalda, refere que esta vai “começar por apostar mais nas regiões fortes em turismo, uma vez que os estrangeiros já conhecem e bebem este vinho nos seus países de origem”. Adicionalmente, a distribuidora quer “apresentar este vinho de sucesso aos consumidores portugueses”.

Os vinhos Porta 6 são produzidos com uvas da Região de Lisboa, por uma equipa técnica orientada pelo enólogo António Ventura. Mauro Azóia, um dos enólogos residentes da Vidigal Wines, explica que “O tinto Porta 6 é um vinho desenhado para o consumidor. Fomos ver o que este gosta e partimos daí para o fazer, um tinto só de castas nacionais que é frutado, suave e fresco, que não nos cansamos de beber”.

O rótulo do Porta 6, por sua vez, foi inspirado na icónica carreira 28 do eléctrico da capital portuguesa, e feito com base numa obra do artista plástico alemão Hauke Vagt, residente em Alfama há mais de 20 anos.

Lançamento: Os Calços da Dona Matilde

Dona Matilde

São calços e são largos. Foram criados após a filoxera e mantiveram-se até hoje. Correspondem a uma forma de implantação da vinha ainda hoje muito vulgar no Douro e que veio permitir plantar mais cepas com menor presença dos patamares e respectivos muros. Nasceu assim o tinto Vinha dos Calços Largos. Texto: João Paulo Martins  […]

São calços e são largos. Foram criados após a filoxera e mantiveram-se até hoje. Correspondem a uma forma de implantação da vinha ainda hoje muito vulgar no Douro e que veio permitir plantar mais cepas com menor presença dos patamares e respectivos muros. Nasceu assim o tinto Vinha dos Calços Largos.

Texto: João Paulo Martins      Fotos: Quinta Dona Matilde

Dona Matilde

A quinta Dona Matilde é uma propriedade histórica, já centenária e localizada no coração do Douro, entre a Régua e o Pinhão. É nas velhas quintas que encontramos as vinhas mais antigas da região, muitas delas seculares. Hoje, ao contrário da “voragem arrancativa” dos anos 80 e 90, em que substituíram muitas vinhas velhas para plantar segundo novos moldes, hoje dizia, há uma tendência para conservar estas vinhas antigas e tirar delas o melhor proveito, nomeadamente em termos de preço de venda. Hoje todos sabemos que um vinho de vinha velha só é mesmo bom se a vinha for mesmo boa, bem localizada e se foi sendo bem tratada ao longo das décadas de vida. Na quinta Dona Matilde elas também existem, a par de vinhas mais recentes, e foi daqui, desses bardos das vinhas velhas em calços que nasceu o tinto ora apresentado.

Dona Matilde
Filipe Barros

Foi com as uvas destes calços que o produtor resolveu engarrafar pela segunda vez um tinto exactamente com esse nome, Vinha dos Calços Largos. A originalidade deste tinto assenta em dois planos: por um lado estamos a falar de vinhas muito velhas e, por outro, o vinho não teve estágio em madeira, o que é raro num vinho de topo ou que pretende mostrar as qualidades das vinhas muito antigas. Para o enólogo João Pissarra é desta forma que melhor se podem perceber as pequenas nuances que, de ano para ano, os vinhos vão tendo. Pouca intervenção na vinificação (pouca extracção, leveduras indígenas) e ausência de madeira são então os trunfos. O enólogo salientou ainda que “o equilíbrio da matéria-prima é muito mais evidente nas vinhas velhas e acho, por isso, que as vinhas velhas vão vencer a guerra das alterações climáticas”. Manuel Ângelo Barros neto do fundador e durante 30 anos administrador da empresa Barros Almeida, esteve de novo presente no evento, também para apresentar o Porto Colheita, um vinho que lhe diz muito, ele que toda a vida esteve ligado à produção e prova de vinhos do Porto. Filipe Barros, seu filho, assegura a continuidade familiar do projecto. A quinta, com uma localização espectacular e vista para o rio, tem 93 ha mas uma boa parte é de mata mediterrânica. Além da vinha possui olival, horta e pomar e tem instalações de enoturismo. Para lá do tinto agora apresentado a quinta tem outro tinto de destaque, o Vinha do Pinto, a que acrescem dois tintos e dois brancos, ente colheitas e reservas.

Colecção completa e autografada de Esporão Reserva tinto vai a leilão

Esporão leilão

TEXTO: Mariana Lopes FOTOS: Ernesto Fonseca Poucos, ou “quase nenhuns”, serão aqueles que detêm uma colecção completa de Esporão Reserva tinto — desde a primeira colheita, 1985, até à actual, 2020 — mas Philip Baverstock é um deles. Através da leiloeira Palácio do Correio Velho, Philip, filho do reputado enólogo David Baverstock, decidiu levar a […]

TEXTO: Mariana Lopes
FOTOS: Ernesto Fonseca

Poucos, ou “quase nenhuns”, serão aqueles que detêm uma colecção completa de Esporão Reserva tinto — desde a primeira colheita, 1985, até à actual, 2020 — mas Philip Baverstock é um deles.

Através da leiloeira Palácio do Correio Velho, Philip, filho do reputado enólogo David Baverstock, decidiu levar a leilão esta colecção, cujas 32 garrafas se vestem com ilustrações de artistas plásticos convidados pelo Esporão para personalizar o rótulo, ano após ano. Mas o valor destes vinhos não se cinge apenas à sua antiguidade, estética e qualidade: no passado dia 25 de Janeiro, os quatro enólogos responsáveis pelas várias edições leiloadas — David Baverstock, Luís Duarte, Luís Patrão e Sandra Alves — autografaram, num momento pequeno mas carregado de simbolismo, as colheitas da autoria de cada um, nas instalações de Carnaxide do Palácio do Correio Velho.

Esporão leilão
David Baverstock, Sandra Alves e Luís Duarte inauguraram o momento. Luís Patrão chegou mais tarde.

Visivelmente enternecidos, os ex-enólogos do Esporão falaram sobre a importância do momento e daqueles vinhos para as suas carreiras. David Baverstock, que esteve no Esporão durante 30 anos, desde 1992, confessou que a assinatura das garrafas estava a ser “muito emocionante”, tanto pelos vinhos como pela presença dos seus colegas enólogos, e também do seu filho Philip, “que teve a iniciativa de guardar todas as garrafas durante tantos anos”.

Luís Duarte, por sua vez, permaneceu 18 anos na empresa, e mostrou-se grato por poder partilhar algo “tão bonito”, nas palavras do próprio: “Este evento simboliza uma parte das nossas vidas que foi muito importante e uma grande escola. Foi bastante gratificante, e incrível, ver o projecto evoluir desde 1987”, confessou, com uma lágrima no canto do olho.

Além do agradecimento aos colegas e a Philip Baverstock, Sandra Alves, que passou 22 anos no Esporão, afirmou: “Estamos perante uma celebração das nossas vidas e, obviamente, do projecto Esporão, com o qual todos nós nos relacionámos tão intimamente. Cada um destes rótulos tem uma história que nos diz algo muito especial. É lembrarmo-nos de tudo aquilo que vivemos, aprendemos e partilhámos, de cada vindima que fizemos juntos. Das coisas boas e das menos boas, mas sobretudo das boas”.

Esporão leilão
Philip Baverstock, proprietário da colecção, com o pai, David.

Já Philip Baverstock confessou que a colecção tem, também, um grande significado na sua vida: “Quando olho para estes rótulos vejo história, pessoas e emoções. Vejo sangue, suor e lágrimas, e o percurso sobretudo do meu pai, no qual eu também participei porque estive lá, fiz algumas vindimas… por isso vejo-me também em alguns deles”.

O leilão online acontecerá em Março, em dia ainda por anunciar, e terá mil euros como valor-base de licitação. O Palácio do Correio Velho, fundado em 1989, tem como foco principal os leilões de Antiguidades, de Arte Moderna e Contemporânea. Foi, por diversas vezes, a empresa detentora do recorde da peça mais cara vendida num leilão em Portugal, colaborando um vasto leque de peritos, nacionais e internacionais, e com vários museus na identificação e classificação de obras de arte. Em 2014, deu início aos leilões online, nos quais individualiza ainda mais as categorias de interesse, como livros raros, gravuras antigas, medalhas, vinhos, porcelanas, brinquedos clássicos ou coleccionismo. Em média, o Palácio do Correio Velho executa um leilão de bebidas (incluindo vinho) bimensalmente.

Os artistas plásticos que ilustraram os rótulos de Esporão Reserva tinto: