Aveleda: O futuro constrói-se na vinha

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]No ano em que comemora o seu 150º aniversário, a histórica Aveleda reafirma-se como uma das mais dinâmicas e visionárias casas vinícolas de Portugal. Os novos vinhos agora apresentados mostram ao mundo uma outra face da Aveleda […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]No ano em que comemora o seu 150º aniversário, a histórica Aveleda reafirma-se como uma das mais dinâmicas e visionárias casas vinícolas de Portugal. Os novos vinhos agora apresentados mostram ao mundo uma outra face da Aveleda e são o fruto mais visível do monumental investimento estratégico que a empresa tem vindo a fazer lá onde tudo começa, na vinha.
Texto: Luís Lopes
Fotos: Aveleda

Nas últimas duas décadas, a região dos Vinhos Verdes foi certamente uma das que mais desenvolveu qualitativamente os seus vinhos. Globalmente, os Verdes de hoje nada têm a ver com os que chegavam à nossa mesa há apenas alguns anos. Mas apesar do enorme trabalho realizado na vinha, na adega e nas mentalidades, a realidade agrícola regional continua a ser um forte entrave a uma mais rápida evolução.
Falta estratégia no ordenamento territorial, há um êxodo demográfico com progressivo abandono das terras, o minifúndio predomina, subsistem largas franjas de uma cultura vitícola tradicional e pouco aberta à inovação. Vários produtores têm lutado contra estas amarras, mas ninguém o consegue fazer com tanto impacto quanto a maior e mais antiga empresa da região, a Aveleda.
A pouco e pouco, desde 2005, com a plantação de 40 hectares em Celorico de Basto, a Aveleda tem vindo a sair da sua “zona de conforto vitícola” de Penafiel, investindo no estudo aprofundado de solos, climas e castas noutras zonas da vasta região dos Vinhos Verdes, com o objectivo de alargar o seu património vitícola e garantir o máximo de controlo sobre a matéria prima de que necessita. Nos tempos mais recentes, e sobretudo após 2018, com a plantação dos primeiros 70 hectares da vinha de Cabração (Ponte de Lima), ficou claro que a viticultura se assume como um pilar absolutamente fundamental da estratégia da Aveleda.
Os números são bons indicadores do caminho percorrido e da sua progressão: em 1995, a Aveleda controlava pouco mais de 20 hectares de vinhedos; em 2015, eram já 150 hectares; em 2020, na celebração dos seus 150 anos de vida, a empresa pode orgulhar-se de possuir 450 hectares nos Vinhos Verdes, o que corresponde a 45% das suas necessidades de uva na região.
Mas os números não contam tudo. Não basta plantar muito, é preciso plantar com critério, de forma estudada e fundamentada. Numa região como a dos Vinhos Verdes (e em quase todas, na verdade), é essencial produzir qualidade associada a produtividade, de outra forma o negócio não é sustentável. Assim, a empresa evoluiu de uma viticultura tradicional, com cerca de 1.330 plantas/hectare e uma produtividade média de 10.000 Kgs/hectare, para um modelo com maior densidade de plantação, com 5.300 plantas/hectare e produtividades médias de 13.000 kgs/hectare. Ou seja, cada hectare produz mais, mas cada planta produz muito menos (passou-se de 7.5 kg por planta para 2.5 kg por planta). Ganha-se na qualidade sem perder, pelo contrário, produtividade.
Consciência social e ambiental

Não é apenas na densidade de plantação que a Aveleda tem promovido inovação: cordões mais baixos e postes mais altos, com maior desenvolvimento da superfície foliar das plantas (mais folhas a trabalhar para menos cachos), zonagem e micro-zonagem de solos (para intervir com nutrientes ou rega apenas onde é necessário), utilização de plástico negro nas plantações (aumentando a temperatura do solo e promovendo maior e mais profundo enraizamento) são apenas alguns dos modelos e práticas seguidos.
À frente da empresa fundada por Manuel Pedro Guedes em 1870, a quinta geração representada pelos primos António e Martim Guedes tem liderado a revolução vitícola sem descurar a consciência social e ambiental. Assim, privilegia a contratação de mão-de-obra local nos diferentes polos onde possuem vinhedos e assegura o equilíbrio do ecossistema vitícola, fomentando a biodiversidade com a instalação de corredores verdes com outras espécies que servem de abrigo e alimento à fauna local.
Além disso o uso de herbicidas tem vindo a ser reduzido, tendo a Aveleda deixado de utilizar químicos residuais há já largos anos, promovendo um coberto vegetal do solo permanente com espécies nativas ou semeadas.
Em resumo, uma viticultura de precisão, sustentável e rentável, que é transmitida igualmente aos viticultores com quem a Aveleda estabelece parcerias, geralmente lavradores com áreas superiores a 5 hectares e a quem é prestado todo o apoio técnico.


Solos, castas, vinhos
As vinhas da Aveleda assentam numa enorme diversidade de terroirs, uma saudável dor de cabeça para Pedro Barbosa, o director de viticultura da casa. Algumas, como a grande vinha de Cabração, que quando totalmente plantada poderá atingir 200 hectares, estão em terra outrora bravia e inculta, coberta de matos.
Os solos são pobres, de xisto com alguma argila, e manchas graníticas nas zonas mais altas. Por contraste, as parcelas da Quinta da Aveleda propriamente dita, em Penafiel, assentam em solos graníticos, profundos e de boa fertilidade. O clima também muda muito, de Celorico de Basto, mais quente, a Santo Tirso, bem mais fresco.
No total, os vinhedos Aveleda espalham-se por sete polos distintos, distribuídos por cinco concelhos: Lousada, Penafiel, Santo Tirso, Ponte de Lima e Celorico de Basto. Se juntarmos aqui as uvas de alguns viticultores com quem são estabelecidas parcerias e que entram na linha “Castas”, a heterogeneidade de matéria prima é enorme.
Por exemplo, o Aveleda Alvarinho resulta habitualmente de um lote de quatro vinhos/origens: uma vinha em Melgaço em parceria com um viticultor local, uma parcela em Celorico de Basto e duas parcelas distintas em Penafiel, uma delas na própria Quinta da Aveleda. Não há muito tempo, tive oportunidade de provar estes quatro vinhos base e não podiam ser mais diversos: mais mineral um, encorpado e tropical outro, fechado e austero outro ainda, muito puro e expressivo o último. A linha “Castas“, formada por três referências, um Loureiro, um Loureiro/Alvarinho e um Alvarinho, assenta assim em bases vínicas de várias proveniências, e o lote final tem como objectivo aproveitar o melhor de cada uma, de forma a que se complementem entre si.
Como sabemos, as castas têm comportamentos diferentes em condições distintas. E, diz Manuel Soares, director de enologia da Aveleda, foi precisamente a diversidade existente nas vinhas da empresa que conduziu às duas novas linhas de vinhos: “Solos” e “Parcelas”. “Temos micro terroirs marcados por solos distintos que nos permitem ter vinhos diferenciados”, refere. “Com estas novas referências, mantêm-se o estilo Aveleda, mas criam-se vinhos produzidos em menor quantidade, com identidade marcada, com personalidade, facilmente identificáveis com a empresa e com o sítio.”
No sete polos vitícolas da Aveleda, três assentam em xisto e quatro em granito. Granito sempre foi o solo tradicional para vinha na região dos Vinhos Verdes, estando as áreas de xisto, mais difíceis de trabalhar, reservadas para matos e floresta. Mas o “crescimento” para o xisto por parte da Aveleda possibilitou novas experiências vitícolas (ali, a vindima ocorre mais tarde do que no granito) e o acesso a vinhos com outro perfil. Os dois Alvarinho da linha “Solos” resultam assim de lotes de vinhos de diferentes origens, mas com o denominador comum “xisto” ou “granito”.
Com os vinhos de “parcela” atinge-se um outro patamar de especificidade. Aqui falamos de terroir no seu sentido mais rigoroso, sem lotes de vinhos, sem mistura de origens. Não é obrigatoriamente melhor, mas é aquela parcela, naquele solo e clima, com aquela casta (Loureiro, num caso, Alvarinho, noutro). Com o vinho de parcela no copo, estamos o mais próximo que podemos estar de uma videira concreta. Bebemos não apenas um vinho, mas também o sol, a chuva, a terra, a uva.
Entre o clássico e omnipresente Casal Garcia e o recente e exclusivo Parcela do Roseiral há todo um percurso e um ciclo que agora se fecha e se completa. E haverá prenda melhor para a Aveleda se oferecer a si própria, no 150º aniversário, do que atingir essa plenitude?

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Taboadella: O Dão ao jeito Amorim

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Se há quem saiba criar novos projectos, perto ou longe de casa, é a família Amorim. E no que toca aos vínicos, o mérito é, sem dúvida, de Luísa. Taboadella é o novo lugar no Dão, que encanta na arquitectura, na vinha e no vinho.
TEXTO: Mariana Lopes
Fotos: Taboadella
Luísa Amorim descobriu o Dão durante uma das suas viagens vínicas, há cerca de dez anos. Desde logo, apaixonou-se pela Alfrocheiro, pela Jaen e pela expressão da Touriga Nacional na região. “O Dão é uma região de passado e de futuro, uma região que acreditamos precisar de ser reavivada. Fomos muito bem recebidos aqui.”, afirmou Luísa, com a sua típica voz calma e maternal, quando nos recebeu em Silvã de Cima, na loja da Taboadella, um edifício de inspiração mediterrânica, de exterior branco e contornado nas janelas e portas por uma cor que lembra sangue escuro e denso.
Talvez seja no sangue de Luísa que está esta arte de criar e de bem receber, à qual a benjamim da sua geração de irmãos acrescenta um toque muito pessoal, que torna tudo em que toca em algo único, como o “ver” em cores e texturas: “Para mim, o Dão sempre foi vermelho e branco, e também maciço”, confidenciou.
A história do lugar é muito antiga e remonta ao século I, quando foi ocupado por romanos para construção uma “villae” romana (nome dado às vilas de campo, sistemas agrícolas organizados, dos romanos mais ricos e influentes), cujos vestígios sobreviveram à prova do tempo, estando bem visíveis na propriedade ainda hoje.
Além das sepulturas do século primeiro, um dos melhores exemplos é o lagar junto à vinha, sobre um penedo monólito de origem rupestre, a prova viva da importância do vinho na época como bem de consumo e enquanto parte do salário militar. Bem mais tarde, e na época medieval, segundo registos históricos de 1255, a Taboadella foi uma propriedade de classe rural alta, com as casas e os edifícios agrícolas rodeados por uma floresta de pinheiro, carvalho e castanheiro, floresta que hoje abraça o lugar e que nos dá a sensação de estarmos num conclave mágico.
Tendo recebido foral do rei D. Manuel em 1504, por Silvã de Cima passaram várias famílias fidalgas, facto plasmado na pedra de armas presente na casa principal, epicentro de um jardim secular. Tudo isto pode ter pesado bastante na decisão da família Amorim em adquirir a propriedade, compra que se formalizou em Junho de 2018. Ainda nesse ano, foi montada uma adega “de campanha” e a quinta toda vindimada, para que se pudesse começar imediatamente a estudar o seu potencial. “Queremos fazer um projecto muito diferente do da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo [no Douro], mais ao estilo ‘chateâu’. Acima de tudo, um projecto do século XXI, adaptado aos tempos actuais, que inclui lidar com as alterações climáticas”, explicou Luísa Amorim.
Vinha tradicional, adega moderna
A Taboadella estende-se por 48 hectares, quarenta dos quais de vinha com idade média de 30 anos, entre o Vale do Pereiro e o Vale do Sequeiro, desenvolvendo-se dos 400 aos 530 metros de altitude. São 25 parcelas em modo de produção integrada e não regadas. Ali, o clima é de transição entre atlântico e continental, com o maciço montanhoso a proteger a vinha dos ventos marítimos e dos ventos de Espanha (“nem bom vento…”, já diz o provérbio): a sudoeste, a Serra da Estrela e a Serra do Açor; a noroeste, a Serra do Caramulo; a nordeste a Serra da Nave; a sul a Serra da Lousã e a sudoeste a Serra do Bussaco.
Ana Mota, directora de produção e de viticultura, cedo esclareceu que oito dos hectares foram desde logo reabilitados, pois continham uvas como Cabernet Sauvignon, Syrah ou Touriga Franca. “Não queríamos essas castas no projecto, queríamos fazer aqui Dão”, explicou a viticóloga. Plantaram também mais Encruzado e Cerceal, que já existiam desde uma replantação parcial que teve lugar em 1980. Assim, os actuais 29 hectares de variedades tintas incluem (por ordem decrescente de quantidade) Tinta Roriz, Touriga Nacional, Jaen, Alfrocheiro, Tinta Pinheira e Baga; e os onze de brancas têm Encruzado, Bical e Cerceal.
São vinhas com arrelvamento total pois, segundo Ana Mota, “além da biodiversidade, ajuda com o arrastamento de solo, porque aqui chove muito”. A vindima é totalmente manual. Os solos, por sua vez, são de granito, arenosos (com uma camada de areia à superfície) e siltosos (espécie de argila menos aglomerante) que, quando cruzados, conferem à Taboadella sete microterroirs.
O caminho entre o centro de recepção e a adega faz-se com a companhia das vinhas, num declive que nos leva a um projecto de arquitectura impactante por dentro e por fora, com assinatura de Carlos Castanheira. Grande, de desenho complexo, mas moderna e altamente funcional, a adega da Taboadella tem muita madeira e muita, muita cortiça, como não poderia deixar de ser. Jorge Alves, director de enologia, mostrou as instalações onde é ele o “rei”, rodeado da mais nova e boa tecnologia, assistido pelo enólogo residente Rodrigo Costa: “Os equipamentos são todos móveis, que era o que queríamos ter aqui”.
Sempre bem dispostos, o enólogo e Ana Mota não conseguem esconder a cumplicidade que têm um com o outro, nem no olhar nem no sorriso, e juntos formam uma máquina perfeitamente oleada, da vinha ao vinho. Jorge Alves e Luísa Amorim apontaram, orgulhosamente, para o desengaçador/esmagador Pellenc, um equipamento completamente inédito em Portugal que, por vibração mecânica, permite retirar a quantidade de grainha desejada. “São ‘pormenores’, mas que acreditamos que nos ajudam a dar sofisticação aos vinhos”, referiu Luísa, porque “se evita caninos mais angulares”. É uma adega com capacidade actual de vinificação para 290 mil litros por vindima, “sem frigoríficos, pois nenhuma uva fica para o dia seguinte”.
As maciças e enormes portas de correr em madeira, separam as várias zonas do edifício. Quando se abrem, desvendam lentamente o que está do outro lado, causando um efeito “wow”, e até isso parece pensado. O pavilhão de cubas revela uma fila de dez troncocónicas de inox para tintos (15 mil litros, cada), de um lado, e onze cubas Nico Velo de betão (10 mil litros), do outro; e também mais oito de inox para brancos (8 mil litros). Depois, a nave de barricas, aquilo a que Luísa apelidou de Barrel Top Walk, onde no fundo temos as barricas e, suspenso por cima destas, uma espécie de passadiço em madeira que permite aos visitantes contemplar este local de trabalho sem incomodar ou interromper os funcionários. Neste momento, esta sala tem 76 barricas de 500 litros, de seis tanoarias francesas, madeira de Borgonha e de Bordéus, de vários tipos de tostas e origens florestais. Mas a sala permite crescer este número de barricas até 500.
Um dos sítios mais especiais da adega é a ampla varanda da sala de provas, um autêntico “camarote VIP” para contemplar o mar de vinhas com a floresta ao fundo, de copo de vinho na mão.
Vinhos com estamina
Três gamas e oito vinhos foi o que saiu das últimas safras do Lugar da Taboadella, e o que já está disponível para o consumidor. “Depois de muito estudarmos que, em regiões clássicas como o Dão, a casta tem uma importância fundamental, e apesar sentirmos que gostaríamos de evidenciar o nosso património genético, também teria de haver espaço para os vinhos de elevada ancestralidade, vinhos de lote que nascem não só na vinha mas também na paisagem, com o cuidado particular e paciente que nos permite resgatar do passado a essência da natureza e projetar para o futuro oito vinhos com uma tipicidade notável mantendo o carácter clássico do Dão”.
É esta a visão de Luísa Amorim para os vinhos deste projecto. A gama de entrada, de nome Taboadella Villae, comporta um branco e um tinto de lote — sem madeira — o primeiro de Encruzado, Bical e Cerceal; o segundo de Tinta Roriz, Jaen, Alfrocheiro e Tinta Pinheira. A colecção Taboadella Reserva, é a gama dos monovarietais, dos vinhos que pretendem ser a expressão máxima de cada casta clássica naquele terroir, “o resultado de uma selecção limitada de casa parcela” onde se fala de “afinidade com a madeira”. São eles um Encruzado, um Alfrocheiro, um Jaen e um Touriga Nacional.
Já os Taboadella Grande Villae, jogam no campeonato mundial dos melhores, são os clássicos, os super-premium, em branco e tinto que, mesmo mostrando ainda a sua tenra idade se revelam autênticos diamantes em bruto, com capacidade de resistência ao tempo. O branco, vinificado com uva inteira, tem 40% de Encruzado, Bical e vinha velha, e o tinto é um lote de Alfrocheiro, Touriga Nacional e Tinta Roriz. Ambos estagiaram doze meses em barrica nova de carvalho francês e originaram cerca de 3500 garrafas.
Actualmente, a produção total anual é de 100 mil garrafas, prevendo-se passar as 200 mil em cinco anos. Também está em marcha um ambicioso projecto de enoturismo — desenhado pela arquitecta Ana Vale — que, além de contemplar a loja com vinho e outros produtos artesanais, provas e experiências vínicas, inclui oito quartos.
“Não sou vaidosa comigo mesma”, confessou Luísa Amorim, com verdade nos olhos. Se tem vaidade, deposita-a toda nos seus projectos e desafios. A Taboadella é só mais um exemplo disso, um novo player no Dão que só trará coisas boas a esta região.
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Brancos com idade: superando a prova do tempo

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A época em que se dizia que Portugal era país de tintos já passou à história. Agora, temos brancos que resistem muito bem à passagem do tempo. Mas… estarão os consumidores preparados para isso? Num restaurante, quem pede brancos com mais de cinco anos? E quantas cartas de vinhos têm brancos com idade? Os brancos nacionais envelhecidos em garrafa mostram-se em grande forma, mas há ainda muito trabalho a fazer para os valorizar como merecem.
TEXTO João Paulo Martins (com Nuno de Oliveira Garcia)
Para fazer esta prova tivemos muitas interrogações prévias. Partimos de uma constatação: os nossos vinhos brancos estão a resistir muito bem ao tempo, uma constatação que é relativamente nova entre nós. Claro, desde há muito se sabe que algumas regiões, como a Bairrada, Dão ou Monção e Melgaço têm condições naturais muito propícias para gerar boa longevidade nos brancos. É nessas regiões que a acidez natural ajuda, e muito, à longevidade. O clima ameno e, no caso da Bairrada, a relativa proximidade do mar, favorecem a lenta e correcta maturação das uvas, condição essa que também ajuda à boa e longa vida em garrafa. A pergunta que fica é: o que consideramos ser um vinho branco velho? Que condições há que ter em conta termos um branco com capacidade para perdurar em cave? E será que continuam a ser as regiões de sempre as únicas a gerar vinhos longevos?
Pensámos assim em fazer uma prova de brancos que rondassem os 10 anos de idade, um pouco mais, um pouco menos. Ficámos então com um leque entre as colheitas de 2008 e 2012. Optámos por seleccionar apenas vinhos das garrafeiras de três membros do painel da Grandes Escolhas e verificámos que a selecção possível era enorme. Juntámos assim um conjunto de cerca de duas dezenas de vinhos sendo que, para o bem e para o mal, apenas dispúnhamos de uma garrafa de cada vinho. Em termos de balanço prévio, apraz-nos registar que não tivemos qualquer problema de rolha, algo que quase sempre acontece nestas provas. O facto de se ter provado apenas uma garrafa leva-nos a afirmar que as conclusões não podem ser definitivas; um vinho que se mostrou agora menos bem poderá estar em melhor forma se uma outra garrafa for aberta. No fundo temos de ter sempre presente a máxima que, diga-se, mantém toda a actualidade: não há bons vinhos velhos, há boas garrafas de vinhos velhos!
As razões da longevidade
Se recuássemos 30 anos, encontrávamos um país onde pouco se falava de brancos com idade. Eles existiam, mas sobretudo porque tinham ficado esquecidos nas caves dos consumidores ou nas garrafeiras dos restaurantes. Muito provavelmente nenhum restaurante se atrevia a sugerir aos seus clientes vinhos brancos velhos do Alentejo ou da (então) Estremadura porque a oferta seria mal recebida e o próprio restaurador não tinha a certeza do que estava a propor. E, no entanto, esses brancos com capacidade de viver em cave já existiam, como bem se comprova actualmente. O que mudou então foi a atitude do consumidor que ganhou mais confiança nos vinhos que as várias regiões têm para lhe oferecer. A diferença entre os brancos de outrora que viviam bem em cave e os de hoje não é linear. É mesmo difícil dizer, por exemplo, que um branco do Alentejo com 30 anos não possa dar hoje uma boa prova. Como se verá mais adiante há uma conjugação de factores que condicionam a evolução do vinho e…umas vezes resulta, outras não.
Um branco para amadurecer bem em garrafa precisa de ter várias características: em primeiro lugar, a casta. Sabemos que há variedades de uva que têm uma acidez muito elevada e que a conservam mesmo em climas mais quentes. É o caso, por exemplo, da casta Arinto, a campeã nacional das variedades que fornecem boa acidez aos lotes; há outras, como as castas do Vinho Verde, com especial destaque para a Alvarinho, mas onde não podemos esquecer Loureiro, Azal e Avesso. No Dão, por exemplo, a Encruzado é, sem dúvida uma variedade de boa acidez que gosta de cave, mas outras há, como a Uva Cão que, de tão ácida, nem é usada como varietal, apenas entrando em pequena dose num branco de lote. Temos então a frescura ácida como uma das condições para que o branco evolua. Outra condição é o clima. As regiões mais frias são mais susceptíveis de produzir bons brancos de guarda. Entre nós é a costa atlântica que mais vocação tem, mas zonas altas do Douro, da Beira Interior ou mesmo do Alentejo (serra de São Mamede) também podem gerar vinhos de bom teor ácido. Para Manuel Vieira, enólogo do Dão e Douro, as maturações longas permitidas pelos climas de Verão ameno são as que melhor se adaptam a vinhos brancos de guarda. Confessou-nos que “a maturação lenta que se consegue no Dão é determinante para a boa longevidade. Há outros factores mas, neste caso, o clima marca muito o perfil dos vinhos”. Também Luis Cerdeira, produtor do vinho Soalheiro confirma que “é sobretudo em zonas frias, com pH baixo e acidez elevada que se conseguem bons resultados.”
No Douro, apesar de ser uma região quente, também há zonas propícias à produção de bons brancos. As parcelas mais altas de Murça, Alijó e Porrais, por exemplo, já pouco aconselháveis para se fazer Vinho do Porto, permitem fazer muito bons brancos de guarda. Mas mesmo aqui, como nos lembra Jorge Moreira, produtor no Douro e enólogo da Real Companhia Velha, “estamos a falar de uma quantidade enorme de factores que têm de concorrer para que o branco dure em garrafa e isso nem sempre é controlado por nós; há anos propícios e outros não. Factores como os solos, a folhagem, o vigor, o clima, a viticultura, a rega, a enologia e as práticas de adega podem condicionar o resultado final. Só para dar um exemplo, nos brancos, se as cepas estiverem instaladas em solos muito pobres e muito castigados pelo sol não se consegue obter nada de jeito; para um bom branco os solos têm de estar adubados, a cepa tem de ter folhagem que proteja os cachos para induzir uma maturação lenta, condição sine qua non para se obter um branco de guarda”. O Douro tem vindo a assistir a uma verdadeira explosão de vinhos brancos, estando agora a ser “desviadas” para DOC Douro muitas uvas que eram em tempos usadas para fazer o Porto branco. Havia muita uva branca plantada e produzia-se muito Porto branco para aperitivo, nem sempre espelhando a qualidade e a antiguidade dos vinhedos. A região ganhou imenso com este novo movimento e podemos afirmar sem qualquer receio que actualmente se produzem na região alguns dos melhores brancos nacionais. Novos e, como neste painel se nota, também com idade.
E na adega?
Depois há que ter em atenção a forma como o vinho é feito na adega, nomeadamente a prensagem das uvas. Neste caso há várias “escolas” porque uma prensagem forte pode “arrastar” taninos que irão contribuir para uma componente muito verde que em nada ajuda o vinho. “Pode originar-se vinhos com mais fruta e pensados para serem consumidos mais jovens e outros mais austeros e que resultam até um pouco reduzidos no início e que, depois, duram mais em garrafa”, diz Luis Cerdeira). Ainda na adega, o uso ou não de barrica e se é nova ou usada é objecto de grande discussão. Tempos houve (anos 80 e 90) em que se pensava que a barrica, nomeadamente a barrica nova, era fundamental para se fazer um branco de guarda. Neste, como noutros capítulos da enologia, o tempo encarregou-se de mostrar que a barrica já usada pode ser bem mais interessante, quer para fermentar, quer para estagiar vinhos brancos. O tema interessa não só às regiões frias como também às zonas mais quentes. No Alentejo, David Baverstock, enólogo do Esporão, não se cansa de elogiar a inesperada longevidade de alguns vinhos da casa, nomeadamente o Esporão Reserva branco. “Estamos muito admirados com a longevidade de alguns dos nossos brancos; é verdade que a acidez alta e o pH baixo são para mim as condições fundamentais, mas aqui no Alentejo, com o clima que temos, há que fazer correcções. Ainda assim, os vinhos ganham muita personalidade em garrafa. Usamos cada vez menos barrica nova e notamos que a barrica usada, com a oxigenação e tanino que traz ao vinho, ajuda muito para vinhos de guarda. É verdade que o teor alcoólico relativamente mais baixo também pode ajudar, sobretudo em climas quentes”. E, não fora David australiano, o uso de screw cap, foi também defendido como factor de longevidade!
A perplexidade de David tem razão de ser. Já por diversas vezes fizemos provas verticais do Esporão Reserva branco e a surpresa é sempre enorme quando vemos vinhos com 20 e mais anos a mostrarem ainda muita saúde, apesar de nascidos e criados numa região quente. Uma surpresa e tanto…
Oxidar, mas…com critério
Desde o momento em que as uvas chegam à adega há múltiplas decisões a tomar. Algumas delas condicionarão a longevidade do vinho. Um vinho oxidado é uma coisa, um vinho evoluído é outra coisa. E como um vinho descuidado pode oxidar em muito pouco tempo, a ideia de chamar velho ao vinho pode ser errada. Repare-se: um dos brancos que mais pontuámos e apreciámos nesta prova – o Anselmo Mendes Curtimenta – tem 10 anos de idade e não mostra o mínimo traço oxidativo. Devemos apelidá-lo de velho? Cremos que não, a saúde que apresenta em nada sugere quer esteja prestes a envelhecer. É um branco maduro, com uma evolução nobre, que adquiriu complexidade e riqueza com a idade mas que não denota quaisquer sinais de cansaço.
Segundo Manuel Vieira, há que evitar a todo o custo as oxidações precoces e escusadas. Há que proteger o vinho mas…sem exageros. Como nos disse, “podemos fazer um estágio pós-fermentativo em tonéis grandes para que então se gere uma oxidação lenta; se se diminuir ligeiramente o sulfuroso e se fizerem atestos ocasionalmente o vinho vai oxidando lentamente e a certa altura torna-se inoxidável. Ora isso prepara os vinhos para uma maior longevidade. No Dão temos brancos com vida útil acima dos 20 anos”.
Também Luis Cerdeira centra o foco na vinha e adega: “se estivéssemos nos brancos à espera da maturação fenólica não iríamos ter nem expressão aromática nem vinhos com capacidade de vida em garrafa; a prensagem é determinante e aí reside muito do que podemos esperar das uvas de Alvarinho.” Como nos lembra também Jorge Moreira, “o vegetal vai evoluir bem em garrafa, o sobremaduro vai evoluir mal. Notas vegetais e alta acidez são excelentes. Se a uva for muito ácida funcionará melhor em inox; há duas semanas provei um Donzelinho com 50 anos e tem aromas idênticos ao novo que agora produzimos. O que acontece é que nem todas as castas nos permitem afirmar isto e o local de origem das uvas – a localização – continua a ser determinante”.
E à mesa?
Os brancos com idade são mais polivalentes do que à primeira vista se pode pensar. Isso conclui-se das sugestões (dadas em separado) quer por Manuel Vieira quer por Luis Cerdeira: um branco com idade é parceiro perfeito para um cabrito assado. Vieira tem há muito o hábito de fazer passar pela mesa da refeição os seus lotes antes de tomar uma decisão final sobre a composição dos mesmos. É a eterna dificuldade da ligação vinho/comida. Os brancos com mais idade, sobretudo os que tiverem maior “peso” da madeira, poderão ser bons companheiros de queijos de pasta mole e, em geral, a ligação com peixes bem temperados funciona na perfeição. Sendo normalmente vinhos de boa estrutura, pode afirmar-se sem nos afastarmos muito da verdade que estes são brancos absolutamente polivalentes à mesa e percorrem o leque de quase todos os pratos mais vulgares da nossa gastronomia.
Para que o prazer seja mais intenso há que respeitar duas regras, ou melhor, sugestões: a temperatura de serviço deverá andar pelos (13-14ºC), mais elevada do que a indicada para os brancos novos e os copos deverão ser idênticos aos que se usariam para vinhos tintos, permitindo assim melhor respiração e oxigenação dos vinhos.
A prova confirmou o que suspeitávamos: os nossos brancos evoluem muito bem e o prazer que dão à mesa é imenso. Há por isso que vasculhar na adega à procura do que, de bom, por lá houver. Depois é usufruir e dar por bem empregue o tempo que os tivemos guardados. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
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Antão Vaz da Peceguina
Branco - 2010 -
Quinta dos Carvalhais
Branco - 2010 -
Pedra Cancela
Branco - 2010 -
Carvalhas
Branco - 2011 -
Soalheiro Primeiras Vinhas
Branco - 2008 -
Quinta de San Joanne
Branco - 2009 -
Olho de Mocho
Branco - 2008 -
Guru
Branco - 2012 -
Esporão
Branco - 2012 -
Esmero
Branco - 2012 -
Messias Clássico
Branco - 2012 -
Luis Pato Vinha Formal
Branco - 2009 -
Lacrau
Branco - 2011 -
Encontro 1
Branco - 2008 -
Quinta das Bágeiras
Branco - 2010 -
Maritávora
Branco - 2011 -
Coche
Branco - 2010 -
Bons Ares
Branco - 2011 -
Anselmo Mendes Curtimenta
Branco - 2010
Edição nº 36, Abril de 2020
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Sugestão: Brancos “fora da caixa”

Seleccionámos um lote de vinhos brancos que cumprem estritamente com as seguintes premissas: darem óptima prova e terem na sua composição, vinificação ou estágio, alguma particularidade que os torne claramente diferenciadores em relação aos demais. São os nossos brancos “fora da caixa”. TEXTO Nuno de Oliveira Garcia Por várias vezes já escrevemos que nunca como […]
Seleccionámos um lote de vinhos brancos que cumprem estritamente com as seguintes premissas: darem óptima prova e terem na sua composição, vinificação ou estágio, alguma particularidade que os torne claramente diferenciadores em relação aos demais. São os nossos brancos “fora da caixa”.
TEXTO Nuno de Oliveira Garcia
Por várias vezes já escrevemos que nunca como agora tivemos acesso a tantos vinhos brancos portugueses com qualidade. O estigma de que um vinho branco não tem a categoria de um tinto está, feliz e praticamente, extinto. E também já escrevemos que nunca houve brancos portugueses tão diferentes e originais como actualmente. Seja pela parcela da vinha escolhida, ou pela casta esquecida entretanto recuperada, seja na adoção de um estilo menos óbvio, por vezes com recurso a trabalho quase mínimo na adega. O estereótipo do vinho branco de verão, fresco, citrino e leve, já conheceu o seu meio-irmão: o branco de inverno (ou de meia-estação), com estrutura e, por vezes, estágio (ou até fermentação) em barrica. Mas a verdade é que entre um e outro perfil, existe hoje uma miríade de declinações e variantes, sejam Vinhos Verdes com barrica, brancos do Algarve com lotes de vários anos, brancos com maior ou menor curtimenta (fermentação ou contacto do mosto com película, outros bagos ou grainhas) como se de tintos se tratassem… Talvez até se possa concluir que é nos vinhos brancos onde existe hoje mais experimentação e maior arrojo. E, dentro de todas as tendências, uma parece sobrepor-se a todas: a vinificação dita menos protegida, ou seja, com recurso a menos sulfuroso o que provoca, em regra, um vinho com um carácter oxidativo mais vincado.
Procurámos, enfim, selecionar alguns vinhos que, em alguma fase do processo – da vinha à adega e/ou ao estágio –, se diferenciam dos seus pares, digamos, mais comerciais, ou de maior volume. Vinhos de diferentes regiões, com diferentes processos de vinificação, alguns deles pioneiros no estilo. É certo que muitos outros grandes vinhos poderíamos escolher, mas desses, ou já escrevemos mais recentemente, ou iremos escrever noutra ocasião. Falamos do ‘Tempo’ de Anselmo Mendes feito com curtimenta total de cachos inteiros e esmagados, ou do ‘Jurássico’ da Quinta do Regueiro (Produtor do Ano 2019) na mistura de várias colheitas (4 mais precisamente), curiosamente dois Alvarinho de Monção e Melgaço. E referimo-nos também ao Quinta do Monte d’ Oiro Vindima de 13 de Outubro (José Bento dos Santos), uma colheita tardia com 16,5%, tudo menos doce e absolutamente versátil à mesa e que, nesta edição de 2016, recria a primeira e mítica colheita de 2003. Mais a sul, o produtor algarvio Barranco Longo aposta na maceração pelicular para criar o ‘Remexido’ um branco centrado na intensidade e comprimento. No Tejo, mais propriamente na Terra Larga, o projeto Areias Gordas continua a entregar vinhos de grande tipicidade e carácter, e Pedro Marques (‘Vale da Capucha’), por exemplo, brinda-nos com alguns dos brancos mais excitantes da região de Lisboa.
Nos vinhos da nossa selecção podemos segregar algumas linhas de diferente recorte. Por um lado, aqueles que privilegiam um estilo com pendor menos protegido (simplificando, maior contacto do mosto com oxigênio), e muitas vezes com maceração. Um dos pioneiros neste perfil foi o Reserva Pessoal do produtor consagrado Domingos Alves de Sousa, vinho que, desde 2006, gira apenas sob a denominação de ‘Pessoal’. Sempre lançado vários anos após a colheita (no mercado será lançado agora o 2012…), é um vinho de perfil mais intimista desenhado por Tiago Alves de Sousa ao gosto do senhor seu pai, feito a partir das vinhas velhas com que se fazia Porto Branco. Não sendo único na região, foi um dos pioneiros e, rigorosamente, não conhecemos mais do que meia dúzia de brancos durienses nesta linha. No Dão, por sua vez, ‘O Fugitivo em Curtimenta’, é um belíssimo vinho da Quinta da Passarella, que se centra na curtimenta, apesar dos cuidados no controlo da oxidação do mosto. Para nós, tem na edição de 2016 a sua melhor concretização, um vinho sem que a curtimenta se evidencie na prova de nariz, mas a prova de boca revela-se muito fresca, ainda com alguma fruta, e acidez perfeita. Sem curtimenta, mas num perfil também oxidativo, encontramos o ‘Granito Cru’ de Luís Seabra, um Alvarinho que fermenta e estagia um ano em tonel sem sulfuroso onde faz a malolática, na sequência do qual fica mais seis meses em inox, e só depois é engarrafado. Único na região neste estilo, é um branco intenso e a capitoso, uma versão da casta minhota que merece – e muito – ser conhecida. Ainda nesta linha, provamos e recomendamos o ‘Dominó’, fruto de uma vinha velha na Serra de S. Mamede, vinificado em prensa direta e fermentado em cuba de inox. Tudo como é habitual noutros brancos dir-se-ia, mas o pouquíssimo sulfuroso adicionado, e a realização de fermentação maloláctica, muda o perfil completamente, com a acidez e pungência do ácido málico a dar lugar à macieza e cremosidade do ácido láctico.
Por outro lado, identificamos aqueles que privilegiam a originalidade do lote, a recuperação de castas esquecidas, ou até uma vinificação antes pouco testada. Um bom exemplo disso é o ‘Escolha’ da Quinta do Ameal, um dos primeiros Loureiros fermentados e estagiados em barrica, sempre num perfil elegante e longevo. Com várias edições ainda em boa forma, escolhemos a colheita de 2015, magnífica na integração da casta com a madeira, límpida nas notas florais e muito jovem ainda. Igualmente original é o lote do alentejano ‘Bojador Amphora’, um vinho que não só recria o método (certificado) de vinho de talha, como recupera castas como Manteúdo ou Perrum, entre outras. Na edição de 2019, mantém o nível muito alto das edições anteriores, sendo difícil de igualar no prazer. Igualmente com a casta Manteúdo, mas agora junto a Diagalves, temos o ‘Respiro Lagar’ do produtor Cabeças do Reguengo sito na Serra e S. Mamede. Trata-se de um branco intenso e cheio de nervo, vinificado em lagar como o nome indica e com bagos inteiros (ou seja, com alguma curtimenta também), que tem tudo para evoluir bem em garrafa, e se revela imensamente gastronómico. Mais a norte, a histórica casa Real Companhia Velha também cada vez mais se empenha em recuperar castas menos utilizadas na atualidade, relegando essas vinificações especiais para a marca Séries, já com belíssimos resultados em anos anteriores. Desta feita, e para além de dois brancos de 2018 – um de Samarinho e outro de Donzelinho – , irá lançar em breve uma monocasta de Touriga Branca (casta antiga, atualmente denominada por Branco de Gouvães), caso único no país (julga-se), um branco muito interessante e misterioso, para o qual o enólogo Jorge Moreira optou por uma enologia no sentido da extração e menor proteção (mais uma vez, leve oxidação), dado o carácter menos exuberante da uva e as pequenas quantidades produzidas.
Por fim, destacamos dois vinhos quase conceptuais. O primeiro é o ‘Quinta do Camarate doce’, vinho com o qual a casa José Maria da Fonseca pretende homenagear, e continuar o sucesso do vetusto Palmela Branco dos anos 50’ do século passado. Referimo-nos a um branco de bica aberta com quase 50 gramas de açúcar por litro, mantendo uma bela frescura, mineralidade e álcool comedido (sempre abaixo dos 12%) em parte graças a uma vinha de Alvarinho que raramente produz mais do que 2 hectares por litro. Por fim, o Ravasqueira Premium, topo de gama do produtor alentejano Monte da Ravasqueira que o enólogo Pedro Pereira Gonçalves, inspirado no que observou noutras paragens, desenhou fermentando casta a casta em barricas novas que depois foram mantidas seladas durante um ano. O lote final foi elaborado após esses 12 meses de reclusão em barrica e o resultado é um vinho de cor esverdeada, com fruto muito bonito e barrica sofisticadamente utilizada, cuja prova vertical recente confirmou a capacidade de evolução em garrafa.
Em conclusão, não faltam vinhos brancos portugueses distintos entre si, brancos que revelam a criatividade dos seus autores, e o engenho de produtores em quererem novos produtos, muitas vezes à imagem do que fez no passado ou de que vivenciou numa região e experiência longínqua. O consumidor português não só bebe cada vez melhor, como cada vez elege mais vinho branco. Chegou o tempo de provar diferente!
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O Fugitivo Em Curtimenta
Branco - 2016 -
Quinta de Camarate Branco Doce
Branco - 2017 -
Séries
Branco - 2017 -
Pessoal
Branco - 2012 -
Respiro Lagar
Branco - 2017 -
Granito Cru
Branco - 2015 -
Dominó Monte das Pratas
Branco - 2018 -
Ravasqueira Premium
Branco - 2015 -
Quinta do Ameal
Branco - 2015 -
Bojador Amphora vinho de talha
Branco - 2019
Edição nº 36, Abril de 2020
Caves São João celebra 100 anos com Espumante e Porto Vintage

TEXTO Luís Lopes Foi em 2010 que nasceu a ideia de assinalar o centenário das Caves São João com a apresentação anual de um vinho que simbolizasse uma década da história dos séculos XX e XXI, desde a fundação da empresa em 1920 até ao momento presente. Foram assim lançados sucessivamente 11 produtos, brancos, tintos, […]
TEXTO Luís Lopes
Foi em 2010 que nasceu a ideia de assinalar o centenário das Caves São João com a apresentação anual de um vinho que simbolizasse uma década da história dos séculos XX e XXI, desde a fundação da empresa em 1920 até ao momento presente. Foram assim lançados sucessivamente 11 produtos, brancos, tintos, espumantes e aguardentes, desde o “90 anos de História”, que tinha como mote “The Jazz Singer” (a primeiro filme sonoro colocado no circuito comercial), apresentado em 2010, até aos dois vinhos que agora chegam ao mercado. Até ao momento, todos estes vinhos comemorativos foram produzidos pelas Caves São João. A excepção ocorre precisamente no centenário, onde ao lado de um espumante da casa, de 2015, surge um Porto Vintage de 2017 elaborado pela Niepoort.
A escolha não foi descontextualizada da história deste projecto. Na verdade, nos primeiros anos da empresa o negócio de Porto era importante, tendo as Caves São João comercializado este vinho até ao final dos anos 20. Do mesmo modo, não foi por acaso que o Vintage escolhido veio da Niepoort: desde os anos 60 que foi crescendo uma grande amizade entre os irmãos Luís e Alberto Costa (sócios gerentes das Caves São João durante largas décadas) e Rolf Niepoort, quarta geração da família à frente desta casa de Porto e Douro que dirigiu até 1997. Foi o seu filho, Dirk Niepoort que elaborou este lote especial, que difere dos Vintages 2017 já lançados pela Niepoort. O Caves São João 100 anos de História Porto Vintage 2017 foi feito a partir de uvas provenientes de vinhas centenárias e totalmente pisado e fermentado em lagar. Foram cheias 1000 garrafas das quais, numa primeira fase, serão vendidas apenas 100, na garrafeira Nacional, em Lisboa, ao preço de €150.

O outro vinho comemorativo do centenário é, como não poderia deixar de ser numa casa bairradina, um espumante.Pensado propositadamente para esta ocasião, trata-se de um Pinot Noir Bruto Natural da colheita 2015. Uma edição também limitada, com 2784 garrafas numeradas e que tal como o Vintage será comercializada, num primeiro momento, pela Garrafeira Nacional. Custa €40.
Estes dois vinhos constituem o fecho em beleza de um projecto bastante original, como singular (e muitas vezes pioneira) tem também sido esta empresa ao longo da sua extensa história.
MAINOVA: um novo projecto no Alentejo que tem tudo para dar certo

TEXTO Mariana Lopes FOTOS Mainova Soc. Agr. Identidade, qualidade, imagem. Estas são as três palavras que melhor definem o projecto MAINOVA, nascido no Vimieiro, em Arraiolos. Foi aqui que, em 2010, José Luís Monteiro – empresário da área da cerâmica – adquiriu a Herdade Fonte Santa, com o objectivo de produzir vinho e azeite de […]
TEXTO Mariana Lopes
FOTOS Mainova Soc. Agr.
Identidade, qualidade, imagem. Estas são as três palavras que melhor definem o projecto MAINOVA, nascido no Vimieiro, em Arraiolos. Foi aqui que, em 2010, José Luís Monteiro – empresário da área da cerâmica – adquiriu a Herdade Fonte Santa, com o objectivo de produzir vinho e azeite de qualidade. Com a ajuda de David Booth, plantou os vinte hectares de vinha (treze de uvas tintas e sete de brancas), escolhendo as castas ideais para aquele terroir com solos de xisto e granito: algumas tradicionais no Alentejo, mas também as (not so) “outsiders” Encruzado e Baga. Para oliveiras foram dedicados 90 hectares. Nos anos que se seguiram, dessa Herdade foi vendido vinho a granel até que, em 2019, o rumo mudou.
Bárbara Monteiro, a “mainova” das três filhas de José Luís, resolveu abandonar o seu emprego na área da Comunicação e assumir um novo projecto com a sua família, com base em tudo o pai já tinha criado. Uma das coisas que veio com ela, foi a decisão de erguer uma adega. A outra, foi o traço criativo presente na imagem da marca e dos produtos, ilustrações muito bonitas e com cores que representam as tendências estéticas mais recentes. “Queríamos manter a ilustrações transversais à gama, para afirmar bem a nossa identidade”, esclareceu Bárbara. Para a consultadoria enológica e vitícola, juntou-se António Maçanita – “discípulo” de David Booth – e Sandra Sárria (dupla da Fita Preta). Maçanita, que já não aceitava novas consultadorias desde 2007, juntou-se com agrado ao projecto MAINOVA. “Vimieiro continua a ser uma zona quente, mas mais fresca do que muitas outras interiores, porque está já mais perto do mar, em linha recta”, explicou o enólogo. Ali, aplica a sua assinatura de trabalho, uma enologia “clean” e pouco interventiva, consonante com a identidade e perfil que Bárbara Monteiro deseja para os seus vinhos.
O portfólio actual inclui seis referências: os Mainova branco 2019 (€8,95) e tinto 2018 (€9,95); Moinante Curtimenta branco 2019 (€16,95) e Castelão Rosé 2019 (€13,95); Milmat Reserva branco 2018 (€20) e Reserva tinto 2017 (€25). Bárbara explicou que “Moinante, além de ser o nome do cão da família, é uma expressão popular que se dá a uma pessoa que não faz nada, que dorme de dia e vive de noite, um ‘moinas’. Milmat vem de ‘mil matérias’, representando os vários solos, a barrica e todas as outras coisas que fazem esse vinho”. A prova de algumas destas referências poderá ser encontrada na secção Vinhos do Mês, edição de Julho da Grandes Escolhas. As restantes sairão nas seguintes. Os azeites virgem-extra Mainova são dois, o Clássico (500ml, €5,90) e o Early Harvest (500ml, €15,95€). Todos estes produtos estão disponíveis para compra na loja online do site da marca, em mainova.pt.
José Luís Monteiro descortinou que pretende chegar aos 30 hectares de vinha e não passar daí porque, além da grande área de azinheiras que quer manter, a família acredita que é a dimensão ideal para um projecto deste género, com uma identidade bem definida. E, de facto, identidade e qualidade não falta a estes vinhos, muito puros e francos, fiéis ao terroir, o que lhes confere originalidade. Um projecto que urge conhecer e promete surpreender.
Valle Pradinhos: Um branco muito especial

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Poucos produtores poderão gabar-se de vender os vinhos brancos mais caros que os tintos. Mas é mesmo isso que acontece aqui, em Macedo de Cavaleiros, na histórica casa do Valle Pradinhos, fundada há mais de um século […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Poucos produtores poderão gabar-se de vender os vinhos brancos mais caros que os tintos. Mas é mesmo isso que acontece aqui, em Macedo de Cavaleiros, na histórica casa do Valle Pradinhos, fundada há mais de um século em Trás-os-Montes.
TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Valle Pradinhos
A casa, solarenga e imponente, será bem antiga, muito provavelmente do séc. XVIII mas foi em 1913 que a família Pinto de Azevedo a adquiriu e tomou conta dos mais de 500 hectares da propriedade. Hoje são 450 porque “o meu avô doou algumas parcelas a trabalhadores da casa” como nos lembra Maria Antónia Pinto de Azevedo, a actual proprietária e neta do fundador, aos comandos dos negócios da casa desde os inícios dos anos 90. Na zona vulgarizou-se o nome de Casal em vez de quinta ou herdade e é esse o nome que se conservou, Casal de Valle Pradinhos.
Estamos em zona de planalto, a uma altitude entre os 550 e 650 metros e na propriedade, além da vinha também há muitas oliveiras e sobreiros, as outras fontes de rendimento da empresa familiar. Valle Pradinhos foi durante décadas a única marca de referência de toda a região de Trás-os-Montes e, a partir dos anos 70 ganhou notoriedade com a chegada de João Nicolau de Almeida, então um jovem enólogo que estava a chegar dos estudos em Bordéus e que então dividia o seu trabalho entre a Ramos Pinto e esta propriedade que ele tanto admirava. Recordo as suas palavras quando dizia que “esta terra parece abençoada, tudo o que se planta produz bem e muito”. Na linguagem popular poderia traduzir-se assim: é como o cebolo, é preciso é pô-lo!
Curiosamente pouco se sabe exactamente sobre o que se plantava aqui em termos de castas quando se começou a produzir vinho. Na casa existe a mais antiga garrafa de branco, datada de 1940, mas a composição do vinho é incerta. Com os tintos passa-se um pouco a mesma coisa. Seguramente haveria Tinta Amarela e Tinta Roriz nos tintos, eventualmente, Bastardo. Rui Cunha, o actual enólogo que há 20 anos é responsável da enologia (hoje coadjuvado por Rui Pinto, enólogo residente) recorda-nos que numa velha parcela, muito anterior à época de João Nicolau de Almeida, havia Alicante Bouschet e Petit Bouschet “quem sabe para vender para o Douro para substituir a baga de sabugueiro como aumentador de cor…!”. Nos brancos o mais seguro seria haver Malvasia Fina mas quanto ao resto há lacunas nas fontes.
João Nicolau de Almeida chegou ainda nos anos 70 e resolveu plantar novas vinhas e esse plantio marcou indelevelmente os vinhos da casa. Fez campos experimentais das castas que pretendia e só ao fim de 4 ou 5 anos é que se tomou a decisão sobre o que plantar e em que quantidade. Assim, em terrenos marcados pelo xisto misturado com quartzo, juntou Cabernet Sauvignon à Tinta Amarela e à Tinta Roriz e, nos brancos, adicionou Gewürztraminer e Riesling à Malvasia Fina. O conceito, defendido por Nicolau de Almeida durante muito tempo era conseguir “castas melhoradoras” (o termo é dele) para equilibrar as nossas castas, então mal estudadas e pouco conhecidas. Naturalmente os conhecimentos actuais já dispensam as “melhorias” das castas de fora, mas a verdade é que os vinhos ganharam um perfil que agora há que manter. Há novos plantios, introduziu-se a Touriga Nacional, o Syrah em pequena parcela (gosto pessoal da proprietária) mas também Gouveio e Códega, correspondendo também a algum alargamento do portefólio: além das marcas-âncora (Valle Pradinhos Reserva em branco e tinto) existe o Grande Reserva, Lost Corner e Porta Velha (tintos). O branco é Reserva mas não existe um não Reserva, algo que é difícil de compreender. E, dizem-nos, fazer aprovar na Câmara de Provadores do IVDP (entidade certificadora da DOC Trás-os-Montes) um branco como Reserva e sem madeira não é nada fácil (Rui Cunha). Quanto a este tema, Maria Antónia defende que a diferença será mais evidente quando tiverem um branco Grande Reserva, algo que está na calha mas para isso há que alargar a área de vinha do branco e ir além dos actuais 12 ha. Todos se recordam também que a marca Planalto (Sogrape) também ostenta o nome Reserva e nunca houve outro e não tem qualquer madeira. Argumento a favor, portanto.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_gallery type=”nectarslider_style” images=”45690,45689,45691,45688,45687,45686″ bullet_navigation_style=”scale” onclick=”link_no”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Castas de fora a mostrarem o seu valor
Das opções então feitas por João Nicolau de Almeida ficou um legado e Rui Cunha aplaude: “as duas castas brancas estrangeiras revelaram-se muito regulares na produção, muito consistentes, apesar de não produzirem muito e por isso dão-nos uma grande margem de segurança. A área de vinha não permite variações: não se faz um varietal de Riesling ou Gewürztraminer porque não há uvas que permitam, depois, manter consistentemente a marca. E, apesar da tradição alsaciana de fazer Colheita Tardia com Gewürztraminer, aqui não há planos: “nem pensar, isso de fazer uma pequena quantidade é demasiado arriscado para quem tem poucas uvas à disposição”, lembra Rui. A casta Riesling aqui mostra um lado mais tropical e por isso não se enquadra na versão Mosela/Reno, sendo mais próxima da Alsácia. A levedura que usam para esta casta também ajuda a um lado um pouco mais terpénico; são usadas levaduras diferentes e há uns 10 anos chegaram a ter de usar leveduras de final de fermentação para compensar alguma falta de azoto no solo, algo que está já resolvido.
As produções são baixas. Na Riesling estamos com 4 a 5 toneladas por hectare, na Gewürztraminer entre 2 e 3 ton/ha e na Malvasia Fina entre 5 e 6 ton/ha. Globalmente falamos de 15 000 garrafas/ano, rapidamente absorvidas pelo mercado. É essa apetência voraz que leva a que apenas sejam deixadas para arquivo 40 por ano. Caixas? Indagámos. Não, garrafas! Claramente insuficiente ou “um desrespeito pelo património”, diriam vozes mais radicais…
A composição final do branco resulta assim de 65% de Malvasia Fina, 35% de Riesling e 5% de Gewürztraminer, praticamente todo ele absorvido no mercado interno. O alargamento da área de vinha com mais castas portuguesas aponta exactamente para uma aposta mais forte nos mercados externos onde, dizem, jogar com castas portuguesas é mais original e gera mais interesse.
Uma prova de brancos com carácter
A prova que fizemos contemplou quase 20 vinhos e três décadas da história da marca. Nos arquivos já não há de todos os anos, pela razão atrás exposta. Foram provados os vinhos das colheitas de 1987, 93, 94, 95, 97, 98, 2001 e 03. A partir da colheita de 2007 provámos todas as colheitas, incluindo uma pré-prova do 2019, ainda em cuba e longe de estar finalizado. Todos os brancos provados contemplam as três castas atrás referidas, com muito pequenas variações das percentagens de cada uma.
Primeira constatação após a vertical: todos os vinhos deram prova, com mais ou menos prazer mas nenhum estava impróprio. Cores carregadas a sugerirem muita oxidação mas acidez muito viva a permitir e autorizar a prova. Notas de frutos secos e chá a sobreporem-se à fruta mas sempre com alguma finura de conjunto. Classificações a balancearem entre 15,5 e 16. Foi assim até ao 1997 (16,5) que, surpreendentemente, nos fez lembrar um Alsácia de Colheita Tardia, terpénico, com fruta madura, avelãs e nozes no aroma que se revelou complexo e até mais interessante do que na prova de boca. De 1998 a 2003, surgiram-nos de novo vinhos com clara oxidação, carregados na cor, com notas evoluídas mas, de novo, com boa acidez que segurou o conjunto. No 2003 (16,5), no meio das notas dos frutos secos, alguma reminiscência de lichias e o vinho mostrou-se ainda muito gastronómico.
O 2007, com rolha sintética, mostrou-se simples, com boa acidez mas com pouco corpo, açúcar residual evidente, mas depois recupera no final com algum prolongamento (15,5); o 2008 mostrou muita harmonia aroma/sabor, com um estilo maduro mas salvo por acidez ainda muito viva e que lhe mantém o carácter gastronómico (16). As colheitas de 2009 e 2010 revelaram traços comuns, aqui com aromas excelentes a mostrar o carácter das castas estrangeiras que lhe dão personalidade. Ambos com acidez perfeita, o 2009 também mais açucarado, tudo ainda com muita vida, o que surpreende (ambos com 17). Um pouco menos estruturado, mais citrino e leve, o 2011 deu boa prova (16,5) e o 2012 mostrou ainda juventude, muito boa definição do carácter terpénico das castas estrangeiras (17). O ponto alto da prova foi o 2013, com muito ligeira redução o que lhe acentuou o lado mais mineral e maior carácter de pedra raspada que associamos ao Riesling; encorpado (mais açúcar residual do que a maioria) mas fresco, boa estrutura de boca (17,5). O 2014 (16,5) acabou por funcionar como resposta ao 13, com carácter mais fechado, mais austero, menos aberto e falador, todo ele mais discreto mas a mostrar que evoluiu bem em cave e que ainda nos poderá vir a surpreender no futuro. Muito bem o 2015 (17) e 2016 (16,5), o primeiro mais terpénico a mostrar bem o carácter do Riesling e o segundo mais citrino, fino e elegante, muito macio e delicado na boca. Das colheitas mais recentes damos conta a seguir.
Nota final: não há que ter pressa em beber estes brancos porque alguns anos de cave fazem-lhes muito bem e trazem para primeiro plano o carácter das castas que aqui lhes dão a originalidade que João Nicolau de Almeida pensou e realizou, com Rui Cunha a manter agora o perfil que tanto sucesso tem junto do consumidor.
Ainda que não seja o objecto desta prova, não deixámos de notar e verbalizar que, até para dar valor às tradições regionais, falta neste portefólio um varietal de Tinta Amarela, a casta emblemática da região. E, quem sabe, de Malvasia Fina. Assunto a seguir com atenção.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Edição nº 35, Março de 2020
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Herdade de Pegos Claros: Um hino ao Castelão

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Pegos Claros é um produtor clássico com uma gama completa – branco, rosé e três tintos – assente na variedade Castelão. É, todavia, no seu tinto Reserva que se concentra a melhor relação preço-qualidade, com um vinho de muito bom nível que mantém um inegável perfil regional.
TEXTO: Nuno de Oliveira Garcia
FOTOS: HPC – Herdade de Pegos Claros
Já em tempos me referi a Pegos Claros é um dos símbolos da casta Castelão. Falamos de uma vinha velha (facto agora orgulhosamente realçado em alguns dos rótulos da marca), com solos de areia pobre e sem rega, sita em Santo Isidro de Pegões, Palmela, quase em transição para o Alentejo. Ali se produz vinho pelo menos desde 1920, sendo que foi só no início da década de ’90 do século passado que o nome Pegos Claros ficou gravado no coração dos enófilos. A herdade, bastante extensa e maioritariamente florestal (como é apanágio na região), passou por vários proprietários nos últimos 30 anos, e só recentemente a adega começou a ter as condições que o enólogo Bernardo Cabral pretende. Actualmente, a herdade está numa fase de velocidade de cruzeiro, com uma produção total de 100 mil garrafas, podendo crescer entre 20% a 30% nos próximos 5 anos, em parte devido à reconversão de uma área de 6 hectares de vinha em 2013.
Em provas recentes efectuadas, foram vários os vinhos dos anos ’90 que me marcaram – 1993, 1995 e 1996, todos da autoria de João Portugal Ramos, então enólogo consultor da propriedade – e, já nos anos mais recentes, o mesmo sucedeu com o Garrafeira 2005 elaborado por João Corrêa (ao serviço da Companhia das Quintas que tinha passado a gerir a herdade). Com a passagem, em 2010, da gestão da propriedade para a ‘Terra Team’ e mais concretamente para o veículo constituído para o efeito – ‘HPC’ –, a marca consolida-se e o portefólio expande-se.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_gallery type=”nectarslider_style” images=”45662,45663,45677,45675,45680,45665,45678,45679,45664,45676,45666″ bullet_navigation_style=”scale” onclick=”link_no”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Vinha mesmo muito velha
À frente da HPC encontra-se José Miguel Gomes Aires e a enologia, conforme referido, está a cargo de Bernardo Cabral. A par de um rosé e de um Castelão vinificado em branco, e bem assim de um novo topo de gama denominado Primo, o projeto alicerça-se nos tintos Reserva e Grande Escolha. Toda a vinha da propriedade é muito velha, sendo o Grande Escolha produzido a partir de uvas de cepas com mais de 90 anos, e o Reserva com as uvas de vinhas com “apenas” 70 anos… Ambos os vinhos são feitos de forma tradicional, com recurso a lagar e uma pequena percentagem de engaço, e um prolongado estágio em garrafa.
O Reserva é, e pretende continuar a ser cada vez mais, o porta-estandarte do projecto. Com o centenário de Pegos Claros à porta (1920-2020), a imagem do vinho foi sujeita a um restyling, mantendo o rótulo negro, mas agora com nuances e margens douradas, destacando-se ainda a referência expressa a “Vinhas 70 anos”. Dir-se-á que a imagem está hoje mais consentânea com a qualidade do vinho, que é muita, e só o preço – a cerca de 10€ por garrafa – é que parece destoar, demasiado acessível (mas mais vale assim, dirá o consumidor…). O vinho disponível no mercado é o da colheita 2015, pronto a beber, mas podendo evoluir muito bem em garrafa.
Um vinho que perdura…
Para o comprovar, provámos algumas colheitas anteriores, todas em grande forma, com fruto muito vivo, álcool a não ultrapassar os 13,5%, e incrivelmente jovens! As colheitas de 2011 a 2014, foram todas já engarrafadas sob a supervisão de Bernardo Cabral, sendo que o lote de 2011 (ano em que não se produziu Grande Escolha) foi elaborado por Frederico Falcão, na data enólogo da propriedade. Muito bem o 2011, balsâmico e especiado, fruto maduro, perfil sério e gastronómico (17 pontos). Belíssimo o 2012, com fruto encarnado vivo, chá preto e casca de árvore, complexo e muito ágil e leve em boca (17,5). Muita qualidade também no 2013, com perfil mais exuberante e fresco, toque a verniz e ligeira barrica (17). Finalmente, provámos o 2014 (ano em que não houve Grande Escolha), com fruto ainda jovem, nota a alcaçuz, balsâmico; bom corpo em boca tendo em consideração o ano chuvoso e muito sabor no final (17). No conjunto, estes vinhos reforçam a consistência de qualidade e perfil da marca Pegos Claros, e evidenciam a complexidade e carácter que as vinhas velhas de Castelão implantadas em solos de areia imprimem. Elegância, frescura, longevidade, belos vinhos que honram a região que os viu nascer.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Edição nº 35, Março de 2020
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