Herdade da Mingorra lança dupla de tintos 2009 em edição limitada

Mingorra edição limitada

Trata-se do vinho topo de gama do produtor de Beja, Vinhas da Ira, e de um tinto emblemático da casa, Uvas Castas. A Herdade da Mingorra acaba de editar apenas 150 unidades deste duo de vinhos da colheita 2009, que é descrito pelos próprios como “uma oportunidade única para provar a história da Mingorra”. Vinhas […]

Trata-se do vinho topo de gama do produtor de Beja, Vinhas da Ira, e de um tinto emblemático da casa, Uvas Castas. A Herdade da Mingorra acaba de editar apenas 150 unidades deste duo de vinhos da colheita 2009, que é descrito pelos próprios como “uma oportunidade única para provar a história da Mingorra”.

Vinhas da Ira — tinto produzido apenas nos anos que o produtor considera excepcionais — é um “field blend” (mistura de castas na vinha) de um talhão específico situado na Herdade da Mingorra, o Talhão 25. Com cerca de dois hectares, plantada em 1978, é a mais antiga vinha da região de Beja e inclui doze castas diferentes: predominantemente Alicante Bouschet, Aragonez e Alfrocheiro, mas também Tinta Grossa, Castelão, Moreto, Trincadeira, entre outras. A colheita de 2009, agora relançada, foi engarrafada em Maio de 2011.

Já o Uvas Castas é um vinho original, que marca a fase inicial da actividade do produtor. Produzido pela primeira vez em 2005, trata-se de um blend de duas regiões, Douro e Alentejo, e tem a particularidade de não ter nascido de um lote de dois vinhos. Neste caso, foram as uvas durienses, Tinta Barroca e Tinta Roriz, que viajaram até à adega da Mingorra para serem vinificadas em conjunto com as alentejanas Aragonez e Alfrocheiro. O Uvas Castas 2009 estagiou durante um ano e meio em barricas de carvalho francês, e foi engarrafado em Abril de 2011.

O conjuntos das duas garrafas em caixa de madeira, com um P.V.P. de €200, estará disponível para compra a partir de 15 de Outubro, em garrafeiras seleccionadas e online.

Herdade do Gamito: Abegoaria no Norte alentejano

Herdade do Gamito

A Herdade do Gamito fica no Crato, distrito de Portalegre. A propriedade está hoje englobada no universo da Abegoaria Wines, grupo vitivinícola com produção de vinhos nas regiões de Açores, Douro, Lisboa, Tejo e Alentejo. Nesta última região, o maior polo produtivo está na Granja-Amareleja, onde se situa a casa mãe, Herdade da Abegoaria, e […]

A Herdade do Gamito fica no Crato, distrito de Portalegre. A propriedade está hoje englobada no universo da Abegoaria Wines, grupo vitivinícola com produção de vinhos nas regiões de Açores, Douro, Lisboa, Tejo e Alentejo. Nesta última região, o maior polo produtivo está na Granja-Amareleja, onde se situa a casa mãe, Herdade da Abegoaria, e as adegas/marcas associadas Cooperativa da Granja e José Piteira. Um terroir que não podia ser mais distinto daquele que encontramos na Herdade do Gamito, no coração do norte alentejano.

As vinhas da Herdade do Gamito foram inicialmente plantadas em 2003 e actualmente são 27 ha que estão à disposição da equipa que inclui Marcos Vieira como enólogo residente e António Braga como consultor. Além daqueles 27, há mais 7 ha arrendados bem perto da propriedade onde, entre outras, está plantada a casta Cabernet Sauvignon, da qual António Braga é grande apreciador, “até vou começar a usar mais porque a casta dá aqui vinho de muita qualidade”, disse. Depois há Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Syrah e Petit Verdot. Os solos são graníticos, mas de textura variada, desde blocos enormes de pedra dura até terrenos quase arenosos que correspondem ao esfarelamento do granito antigo. Na adega, moderna e bem equipada, da Herdade do Gamito, são também processadas algumas uvas que chegam das vinhas da Granja. “Vamos fazer uns lotes especiais, mas só para o ano poderão ser apresentados, tal como acontecerá com os vinhos de Moreto de vinhas velhas em pé-franco que só daqui a algum tempo estarão disponíveis”, diz-nos Manuel Bio, administrador do grupo Abegoaria.

Herdade do Gamito
Manuel Bio

Na Granja é a Abegoaria que é responsável pela adega cooperativa, onde os 100 associados originais continuam a entregar aas uvas, “Creio que a breve prazo teremos de começar a pagar as uvas das vinhas velhas bem mais caras”, diz Manuel Bio, a propósito. “É que a produção por hectare é muito baixa e a tendência será de arranque das vinhas velhas com a consequente perda irreparável de património vitícola e genético”, confirma. A Abegoaria gere igualmente a produção da Adega Cooperativa de Alijó (Douro) e da Quinta de Vale Fornos (Tejo) e adquiriu as Caves Vidigal (Lisboa) onde produz um vinho de tremendo sucesso, o Porta 6. São quase 7 milhões de garrafas e, diz-nos Manuel Bio, “é marca líder de mercado, quer no Reino Unido quer nos Estados Unidos. E se descontarmos o Vinho do Porto, esta marca corresponde a 1/3 dos vinhos portugueses exportados para Inglaterra.”
Na Herdade do Gamito, Alicante Bouschet é a casta mais plantada, perto de 6 hectares. Recentemente, foram replantados 5 hectares onde entraram castas tradicionais da região (Tinta Caiada, Grand Noir, Trincadeira) e ainda Touriga Nacional.

Nos vinhos ora apresentados, o Verdelho corresponde a 5000 garrafas, é só feito em inox com bâtonnage sobre borras; do rosé são 3500 garrafas. Achámos que fazia sentido ter um rosé, não havia no portefólio”, diz António Braga. Já do Herdade do Gamito branco foram feitas 13 000 garrafas. A abordagem enológica iniciou-se na vindima de 2022, tendo influência directa já nos vinhos deste ano e também nos lotes finais das colheitas anteriores. Também houve mudança ao nível do desenho dos rótulos: a nova imagem acentua o lado granítico da do terroir da Herdade do Gamito. Na base da pirâmide dos vinhos ali produzidos, está a marca Terras do Crato
Para o futuro, em termos de perfil dos vinhos, António Braga é claro: “queremos mais tensão, queremos acentuar um pouco mais o lado dos taninos e da frescura e passar a ter menos preocupação com a cor e a concentração”. O crescendo de ambição estende-se igualmente, e de forma natural, ao conjunto do negócio, seja do Gamito, seja da totalidade das empresas que fazem parte do universo Abegoaria. “O nosso objectivo para 2024 é que 50% de toda a produção se destine à exportação, já que acreditamos que esse é o caminho que nos porá a salvo de sobressaltos do mercado interno”, remata Manuel Bio.

(Artigo publicado na edição de Agosto de 2023)

Herdade da Cardeira: Um blend de sucesso

Herdade da Cardeira

Parece que já ouvimos esta história um milhão de vezes. Em Portugal, gostamos disso. Talvez até demais. Chega alguém de fora, um estrangeiro, apaixona-se por Portugal, a nossa terra, os nossos costumes, o nosso chão, os nossos produtos, o nosso vinho. Apaixona-se por nós. E nós, velhos tugas, agradecemos a atenção, recebemos como só nós […]

Parece que já ouvimos esta história um milhão de vezes. Em Portugal, gostamos disso. Talvez até demais. Chega alguém de fora, um estrangeiro, apaixona-se por Portugal, a nossa terra, os nossos costumes, o nosso chão, os nossos produtos, o nosso vinho. Apaixona-se por nós. E nós, velhos tugas, agradecemos a atenção, recebemos como só nós sabemos, abraçamos os estrangeiros e de repente já não são estrangeiros. E eles sabem, apreciam a nossa hospitalidade e tornam-se verdadeiramente um de nós. Todos ganhamos, todos somos mais felizes de sermos um país assim definido. Definido pela confiança, hospitalidade, versatilidade, pelo quente abraço. Portugal é um abraço.

Foi esse abraço que Erika e Thomas Meier sentiram em 2010, quando um telefonema os trouxe da Suíça. Nunca tinham estado em Portugal, nunca tinham feito vinho, nada disso, ou seja, tudo boas razões para comprar uma adega. Visitaram a Herdade da Cardeira, ao pé de Orada, Borba, apaixonaram-se, e a sua vida mudou. Thomas trabalhava na Ásia, por isso Erika teve de liderar o projecto, mas ambos tinham ideias claras sobre o que queriam fazer: a junção de duas culturas, a Suíça, sob o mote “unidade sim, uniformidade não” e a portuguesa, baseada no orgulho dos seus valores tradicionais e no terroir da Orada. Na Herdade da Cardeira, Erika encontrou Filipe Ladeiras, enólogo. Ambos são músicos, ele fadista, ela pianista, e isso ajudou a encontrarem logo uma harmonia. Mas nunca fizeram música juntos, fiz logo o desafio, vamos ver se acontece. Fado e piano, um clássico sempre elegante.

A herdade tem 100 hectares no total, dos quais 21 são de vinha. As vinhas mais velhas são de 2003-4, e os Meier plantaram mais em 2015. A adega data de 2010, era nova quando compraram a propriedade, vieram estreá-la. Produzem ainda gado em modo biológico, em parceria com uns vizinhos e amigos. Em 2010 todas as uvas iam para a cooperativa, e ainda hoje têm algum excesso de uvas, o que lhes permite manter os padrões de qualidade que desejam nos vinhos da casa. Na produção agrícola, a sustentabilidade é cada vez mais uma preocupação, por exemplo, há mais de 8 anos que não usam herbicidas.

Os encepamentos são tradicionais alentejanos, temperados com algumas castas “novas”. De brancas têm Antão Vaz, Arinto e Verdelho, as tintas são Touriga Nacional, Touriga Franca, Aragonez, Tinta Caiada, Petit Verdot e Cabernet Sauvignon. Todos os anos fazem uma severa monda de cachos, o que torna as uvas bastante caras, exigindo um posicionamento cuidado dos vinhos. O conceituado enólogo Paulo Laureano, o bigodão mais famoso do vinho português, juntou-se à equipa Cardeira a partir de 2018, porque “acreditou no projecto, nos seus objectivos bem definidos, e na paixão dos proprietários.” A produção anual varia entre 60 e 70 mil garrafas, entre brancos (20%) e tintos (80%), sendo que 85% é exportada para a Suíça. Por uma questão de diversificação e também para aumentar o reconhecimento da marca, a aposta será agora em aumentar as vendas no mercado nacional. A quantidade total vai, no entanto, manter-se, por isso vai ser preciso aumentar o valor dos vinhos.

A marca segmenta-se em Cardeira e Cardeira Reserva, com dois tintos e dois brancos logo desde o princípio. Para além destes, e por curiosidade e vontade de experimentação da equipa de enologia, há outros vinhos, como os monocastas, o vinho de talha ou o espumante. Para além do monocasta de Verdelho, os varietais tintos seguem o seguinte princípio: como as castas são vindimadas, fermentadas e estagiadas separadamente, todos os anos são separadas as três melhores barricas da melhor casta e engarrafam-se pouco mais de 700 garrafas. Em 2018 foi o Touriga Nacional, em 2019 Alicante Bouschet, em 2020 Touriga Franca, e em 2021, como foi impossível decidir fizeram-se dois: Alicante Bouschet e Touriga Franca. Em 2022 será Touriga Nacional. Há ainda o Renée’s Rosé, assim chamado porque foi uma ideia da filha Renée do casal, é o único vinho proveniente de um lote que vem já da vinha: Aragonez, Touriga Nacional e Tinta Caiada. Há uma importante aposta em engarrafamentos em magnuns, que tem funcionado cada vez melhor. Com várias colheitas disponíveis, os clientes procuram já colheitas específicas.

Baixa produção, elevada qualidade

As uvas são recebidas e refrigeradas numa câmara, e depois há muita atenção nas macerações para que cada vinho chegue ao estilo desejado. A ênfase é nas castas e nos talhões de onde elas provêm. Apesar de não haver uma pré-definição, o Alicante Bouschet e a Touriga Nacional começam a emergir como as grandes origens dos melhores vinhos, e assim vão para os balseiros de carvalho de 3500 litros. As remontagens são feitas à mão, e a pisa é feita com macacos, ao estilo da Borgonha.
Para os vinhos de talha são usadas talhas antigas, da zona de Portalegre. São apenas 1500 garrafas de tinto, e 300 de branco. Nas talhas apenas entram castas portugueses: Touriga Nacional, Tinta Caiada, Alicante Bouschet, Aragonez, Touriga Franca. No branco um lote de Arinto e Antão Vaz que vêm da vinha.

Nos outros vinhos, excepto o rosé, as castas são colhidas e fermentadas separadamente. Os tintos estagiam ano e meio em garrafa, o reserva dois anos e meio. Só o tinto da talha não vai à barrica, os outros todos vão, são barricas de 300 litros de carvalho francês, com um máximo de 7 anos de uso. O percurso dos vinhos é peculiar: sempre separados, fazem a maloláctica, e com a percepção do que cada vinho oferece vão para a barrica, seis meses para os DOC, 12 meses para o reserva. Feito o blend, voltam para a barrica para terminar o estágio.
Usualmente, a produção por hectare é de 4 a 5 toneladas para os tintos, e 6 para os brancos. Para isso é preciso fazer a monda de cachos, porque apenas controlando a produção na altura da poda, o rendimento seria de 8 a 9 toneladas. Os solos são variados, com argilas vermelhas e calcários, havendo zonas com bastante xisto. Este ano, o granizo de Junho destruiu 30% da produção na Cardeira. Para salvar as vinhas e ajudar à cicatrização das feridas, foi preciso intervir logo no dia seguinte com aplicação de cálcio, aminoácidos e alguns azotos.
A zona da Orada sempre foi considerada especial na região de Borba (recordemos que Borba chegou a ser uma DOC, antes da reestruturação das denominações do Alentejo). Orada fica na parte Norte de Borba, entre a Serra de Ossa e a Serra de Portalegre e tem um microclima específico, com nevoeiros, e noites mais frescas. A zona da Cardeira é especialmente ventosa. Há assim uma grande amplitude térmica diária, fundamental para uma maturação equilibrada, que preserva os ácidos das uvas.

Ao contrário de Estremoz, igualmente incluída na denominação Alentejo-Borba, o prestígio de Orada é ainda só local, com qualidade reconhecida junto dos viticultores e produtores da região. Mas talvez possa agora seguir pelo mesmo caminho de Estremoz, gerando massa crítica para ganhar notoriedade como polo de excelência vínica. Filipe Ladeiras explicou que Orada contribui com 2300ha de vinhas só para a adega cooperativa. Segundo Filipe, durante muito tempo, no concelho de Borba, por questões de ordenamento do território, não se podiam construir edifícios acima de certa dimensão. Algumas adegas foram assim “empurradas” para concelhos vizinhos, como Estremoz.

A estratégia de Erika e Thomas para os vinhos Cardeira é de seguir as suas próprias preferências e gostos pessoais, não perseguir modas ou tendências. Os vinhos são distribuídos por empresas regionais, não vão para a chamada “distribuição moderna”, ou seja, super e hiper mercados. Apesar de não viverem em Portugal a tempo inteiro, estão com muita frequência na Cardeira e envolvem-se na vida local. Erika tem um projecto de abrigo para animais em fim de vida, chegarão em breve dois cavalos e um burro. A adega está também rodeada por algumas pequenas casas muito bonitas, para alojar convidados, e talvez um dia hóspedes. As filhas de Erika e Thomas nadam, por isso foi construída uma pequena piscina, que tem o formato da silhueta que associamos a Portugal.
Paixão, identidade, autenticidade, Portugal. Rigor, dedicação, definição, exigência, Suíça. Pode muito bem ser fórmula de sucesso.

(Artigo publicado na edição de Agosto de 2023)

Vindimas no Alentejo: 13 programas para participar na colheita de 2023

Alentejo vindimas

Rota dos Vinhos do Alentejo, Évora Na Rota dos Vinhos do Alentejo, um espaço com a assinatura da CVRA, é possível, não só fazer uma prova de seis vinhos distintos, como desenhar um roteiro à medida para conhecer a fundo a arte de fazer o vinho na região. Morada: Rua Cinco de Outubro no 88, […]

Rota dos Vinhos do Alentejo, Évora

Na Rota dos Vinhos do Alentejo, um espaço com a assinatura da CVRA, é possível, não só fazer uma prova de seis vinhos distintos, como desenhar um roteiro à medida para conhecer a fundo a arte de fazer o vinho na região.

Morada: Rua Cinco de Outubro no 88, 7000-854 Évora
Preço: €5 por prova
Sem necessidade de reserva

Fita Preta, Évora

A partir de 20 de agosto, a Fita Preta convida a vindimar com a máxima frescura, num programa que tem início bem cedo, ainda de madrugada. Para além da vindima, o convite inclui atividades de enologia na adega e um almoço no Paço Medieval com degustação de cinco vinhos.

Morada: Paço do Morgado de Oliveira, EM527 Km10, Nossa Senhora da Graça do Divor, 7000-016 Évora
Preço: A partir de €125 por pessoa (p.p.)
Reservas: enoturismo@fitapreta.com ou (+351) 918 266 993

Adega José de Sousa, Reguengos de Monsaraz

As atividades na Adega José de Sousa vão estender-se até 3 de setembro, com a possibilidade de escolher entre um programa com ou sem almoço. A visita à Adega Nova e à Adega dos Potes e a prova de três vinhos acompanhados de produtos regionais fazem parte do programa sem almoço. Já a refeição inclui gaspacho, empadas de galinha, queijos e outras iguarias alentejanas.

Morada: Rua de Mourão 1, 7200-291 Reguengos de Monsaraz
Preço: €28 (sem almoço) e €60 (com almoço) p.p.
Reservas: josedesousa@jmfonseca.pt ou (+351) 918 269 569

Tapada de Coelheiros, Arraiolos

De 17 de agosto a 18 de setembro será possível acompanhar e experimentar todas as fases da vindima na Tapada de Coelheiros. A visita inicia-se no campo para compreender os diferentes estados de maturação da uva e perceber quando estão perfeitas para ser colhidas e inclui um tour pela propriedade, onde se poderá observar parte da fauna e flora. Segue-se uma visita à adega e uma prova de cinco vinhos, harmonizada com uma tábua de petiscos e produtos típicos da região.

Morada: Tapada de Coelheiros 7040-202 Igrejinha, Arraiolos
Preço: €70 p.p.
Reservas: enoturismo@coelheiros.pt ou (+351) 266 470 000

Santa Vitória, Beja

Durante duas horas, o produtor de Beja, vai dar a conhecer os vinhos Santa Vitória. A alvorada é pelas 11h00, momento em que são entregues os kits vindima e se avança para um passeio pelas vinhas com direito a explicação e apanha da uva. Mais tarde, os participantes podem contar com uma visita à adega, dirigida pela enóloga Marta Maia e, antes de terminar a manhã, está planeada uma visita à cave das barricas e uma prova de vinhos acompanhada por petiscos regionais.

Morada: Sociedade Agro-Industrial, SA Herdade da Malhada 7800-730 Santa Vitória
Preço: A partir de €35 p.p.
Reservas: campo@vilagale.com ou (+351) 284 970 100

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz

Em ano de comemoração dos 50 anos, o Esporão celebra a vindima com um programa que inclui visitas, apanha de uvas, provas de vinho, almoço e kit vindima. A 1 de setembro, a Herdade do Esporão recebe os participantes a partir das 10 horas com um café de boas-vindas e entrega do kit vindima. Segue-se uma visita à vinha com apanha de uva e às adegas e cave. Posteriormente, os participantes têm direito a uma prova de vinhos acompanhada com queijos e enchidos regionais. O programa pode terminar ou continuar com um almoço no Wine Bar.

Morada: Herdade do Esporão 7200-207 Reguengos de Monsaraz
Preço: €60 p.p. (sem almoço) ou €115 p.p. (com almoço)
Reservas: reservas@esporao.com

Mainova, Arraiolos

“Moinante” é aquele que dorme durante o dia, porque esteve a noite toda na farra e é também o nome da experiência de vindima da adega Maionova. A Moinante Experience, disponível nos dias 25 de agosto, 1 e 8 de setembro, propõe uma vindima noturna, com um programa que começa às 22 horas com a receção aos convidados com um welcome drink e kit de boas-vindas. Segue-se uma visita à adega e a preparação dos participantes com coletes refletores, lanternas e tesouras de poda. A vindima dura até à 1 hora, momento em que é servida a ceia com degustação de vinhos.

Morada: Herdade da Fonte Santa Estrada Nacional372-1, 7040-669 Vimieiro, Arraiolos
Preço: €120 p.p.
Reservas: enoturismo@mainova.pt ou (+351) 910732526 (vagas limitadas)

Herdade do Rocim, Cuba

Na Herdade do Rocim há a possibilidade de optar por dois programas. O “Uma bucha na vindima do Rocim” que tem o custo de 35 euros, decorre de terça a sábado durante todo o mês de agosto, e leva o visitante a conhecer o processo de vindima, terminando com uma bucha variada composta por produtos locais. Ou o “Pisa a pé com Embalo” que decorre a 9 de setembro, tem o custo de 65 euros e início às 11 horas com uma prova de vinhos, acompanhados por queijos e enchidos alentejanos, seguindo-se uma visita à vinha para conhecer o processo de vindima. Este programa inclui ainda almoço e termina com a pisa a pé ao som de cante alentejano.

Morada: Estrada Nacional 387 Apartado 64, 7940-909 Cuba
Preço: A partir de €35 p.p.
Reservas: enoturismo@herdadedorocim.com

Torre de Palma, Monforte

Respeitando as raízes romanas em Torre de Palma, celebra-se o vinho na “Lusitânia”, tal como no período romano. A “vinalia rústica” marca o início das vindimas em meados de agosto, bem como o início do programa de vindimas e termina em finais de setembro, celebrando a “meditrinalia”, data em que o mosto é consagrado. O programa inclui as boas-vindas à Torre de Palma, entrega do kit vindima, visita às vinhas e colheita manual da uvas e seleção, prova de mostos, almoço ou jantar no Restaurante Palma com bebidas incluídas.

Morada: Torre de Palma Wine Hotel – Monforte
Preço: €60 p.p.
Reservas: reservas@torredepalma.com ou (+351) 245 038 890

João Portugal Ramos, Estremoz

O Nature’ing with Wine começa com uma visita ao miradouro, onde se observa a extensa planície de vinhas, seguindo-se a ida para a vinha e a apanha da uva. Regressando à adega, o visitante é desafiado a experimentar a tradicional pisa a pé em lagares de mármore. O programa de quatro horas e meia continua com uma visita à adega e às caves e termina com um almoço de vindima com dois menus distintos, harmonizados com vinhos João Portugal Ramos.

Morada: Vila Santa, Estrada Nacional 4, 7100-149 Estremoz
Preço: €80 p.p. (Mínimo quatro pessoas)
Reservas: https://www.jportugalramos.com/pt/natureing-with-wine/

Adega de Vidigueira, Cuba e Alvito, Vidigueira

O programa de seis horas inclui a visita às vinhas dos associados e a descoberta da arte de vindimar. A meio da manhã está agendada uma pausa para a “bucha”, recheada de algumas iguarias da região, como o pão da Vidigueira, paio de porco preto, queijos, azeitonas e torresmos. Depois do petisco é hora de regressar à adega e conhecer de perto o processo de vinificação e a atividade termina com um almoço de degustação na Casa das Talhas.

Morada: Bairro Industrial 7960-305 Vidigueira
Preço: €60 p.p. (Mínimo quatro pessoas)
Reservas: https://adegavidigueira.pt

Adega Mayor, Campo Maior

De 13 de agosto a 18 de setembro, a Adega Mayor promove diferentes programas de enoturismo, dependentes de marcação prévia e com número limitado de 12 participantes por grupo. O programa “Vindima Mayor” tem o custo de 45 euros por pessoa e, além da visita à vinha e à adega, inclui prova de mosto e um workshop com prova de quatro vinhos do produtor.

Morada: Herdade da Argamassas, 7370-171 Campo Maior, Portugal
Preço: €45 p.p.
Reservas: enoturismo@adegamayor.pt

Quinta da Fonte Souto, Portalegre

A Quinta da Fonte Souto tem dois programas distintos. Os “Dias Abertos” que são gratuitos e decorrem nas manhãs de 19 de agosto, 17 de setembro e 22 de outubro. Estes dias com reservas limitadas oferecem a possibilidade de passear pelas vinhas e provar néctares da Quinta da Fonte Souto. Já os programas de vindimas completos, incluem uma visita guiada à quinta, um passeio na vinha, a prova de três vinhos e a participação nas atividades de vindima. O programa pode terminar por aqui e tem o custo de 20 euros ou incluir piquenique e aí terá o valor de 40 euros.

Morada: Estrada de Alegrete, Reguengo e São Julião, 7300-404
Preço: A partir de €20 p.p.
Reservas: reservas@fontesouto.com ou (+351) 910 104 292

Quinta do Paral integra Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo

Quinta Paral Programa Sustentabilidade

O Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA), desenvolvido pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), continua a integrar cada vez mais produtores de vinho da região, sendo a Quinta do Paral a 14ª adega a ver certificadas as suas práticas sustentáveis de viticultura e vinificação. O PSVA, que analisa as empresas em 3 sectores […]

O Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA), desenvolvido pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), continua a integrar cada vez mais produtores de vinho da região, sendo a Quinta do Paral a 14ª adega a ver certificadas as suas práticas sustentáveis de viticultura e vinificação.

O PSVA, que analisa as empresas em 3 sectores — Viticultura, Adega, Viticultura & Adega — avaliou a Quinta do Paral quanto à Viticultura & Adega.

“Este certificado só veio comprovar as diversas práticas sustentáveis que temos vindo a implementar desde sempre, na nossa área vitivinícola. Um exemplo disso é o cuidado que temos tido com a conservação das nossas vinhas, a redução do uso de fitofármacos que permitiu a melhoria do ecossistema, levando a uma recuperação da fauna e da flora envolvente, como refletido nas nossas Vinhas Velhas”, comenta Luís Leão, responsável de enologia da Quinta do Paral.

Em relação ao Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo, a CVRA declara: “O sector vitivinícola tem uma dependência total dos recursos naturais, da energia solar, de condições climatéricas apropriadas, água limpa e potável, e de solos saudáveis, devendo haver uma integração bem-sucedida destes elementos de forma ecologicamente sã. A CVRA considera ser uma prioridade a protecção e valorização destes activos naturais através de práticas sustentáveis exercidas por colaboradores altamente qualificados”.

Herdade da Lisboa certificada pelo Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo

Herdade Lisboa sustentabilidade

As práticas de produção de uva e vinho da Herdade da Lisboa — propriedade da Família Cardoso na Vidigueira — foram reconhecidas, tendo alcançado a certificação do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo. Implementado pela Universidade de Évora e pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, este programa avalia como os produtores de vinho da região […]

As práticas de produção de uva e vinho da Herdade da Lisboa — propriedade da Família Cardoso na Vidigueira — foram reconhecidas, tendo alcançado a certificação do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo.

Implementado pela Universidade de Évora e pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, este programa avalia como os produtores de vinho da região desenvolvem as suas actividades agrícolas e de vinificação, oferecendo recomendações de melhoria, para aumentar a competitividade e a sustentabilidade dos vinhos do Alentejo nos mercados interno e externo.

“É com muito orgulho que recebemos esta certificação. Ser sustentável é bem mais do que poupar recursos naturais essenciais, tais como a água e a energia. Ser sustentável é apostar na economia circular, proteger e regenerar a biodiversidade que nos rodeia, aumentar a eficiência nos processos produtivos e apoiar a comunidade local. Acreditamos desta forma contribuir para um futuro melhor da nossa herdade e para as gerações futuras”, sublinha a equipa da Família Cardoso.

Segundo a empresa, os enrelvamentos naturais, corte mecânico de infestantes para evitar o uso de herbicidas, ou utilização de painéis solares, são algumas das técnicas e equipamentos sustentáveis utilizados nos cerca de 100 hectares de vinha da Herdade da Lisboa. A tecnologia também assume um papel central na adega deste produtor, construída em 2018.

Alentejo prevê aumento de produção na vindima de 2023

Alentejo vindima 2023

A vindima já arrancou no Alentejo e, segundo a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), as estimativas para 2023 são positivas, apontando para um crescimento entre 5% e 10%, em comparação com a campanha do ano anterior. Isto traduz-se numa produção estimada de 112 a 118 milhões de litros de vinho, resultantes da colheita deste ano. […]

A vindima já arrancou no Alentejo e, segundo a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), as estimativas para 2023 são positivas, apontando para um crescimento entre 5% e 10%, em comparação com a campanha do ano anterior. Isto traduz-se numa produção estimada de 112 a 118 milhões de litros de vinho, resultantes da colheita deste ano.

Estas estimativas são produto de um estudo da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto para a CVRA, e do contacto continuado da Comissão Vitivinícola com os produtores da região.

“As uvas colhidas são sãs, o que se reflectirá em mais um ano de qualidade garantida, o que – considerando que estamos a crescer, no estrangeiro, 8% em volume e em valor – é sinal que continuaremos a oferecer ao mercado a excelência já reconhecida de todas as regiões e sub-regiões alentejanas”, afirma Francisco Mateus, presidente da CVRA.

Maçanita: Nascidos de antigas cepas

maçanita

    Da ilha do Pico (com a Azores Wine Company) até ao Douro (com sua irmã Joana Maçanita), passando pela Madeira e Porto Santo (com a Companhia de Vinhos dos Profetas e dos Villões) e pelo Alentejo, (Fitapreta), estes vinhos de vinhas velhas, engarrafados, por vezes, em diminutas quantidades, são especialmente acarinhados por António […]

 

 

Da ilha do Pico (com a Azores Wine Company) até ao Douro (com sua irmã Joana Maçanita), passando pela Madeira e Porto Santo (com a Companhia de Vinhos dos Profetas e dos Villões) e pelo Alentejo, (Fitapreta), estes vinhos de vinhas velhas, engarrafados, por vezes, em diminutas quantidades, são especialmente acarinhados por António Maçanita. São vinhos de vinha, ou melhor de parcela. Vinhos que são o que são porque têm origem naquelas mesmas videiras e não noutras plantadas a umas centenas de metros de distância. Cada uma destas vinhas foi uma descoberta. E cada uma tem uma história que merece ser contada. Vamos contá-las, pois, com a ajuda das notas e da memória de António Maçanita.

PORTO SANTO E MADEIRA

Na ilha da Madeira chamam “profetas” aos porto-santenses; e estes retribuem apelidando os madeirenses de “villões”, alcunha derivada de “habitante da vila”. Seja como for, um belo nome para o projecto que António Maçanita ali criou com o seu amigo Nuno Faria. Foi este último que, em 2020, convenceu António a visitar um conjunto de vinhas nas duas ilhas. Despertado o interesse, “o próximo passo foi tentar convencer o Sr. Cardina a vender-nos uvas. Foi difícil, resistiu, mas lá aceitou no final. O Sr. Cardina é um dos mais respeitados viticultores e um acérrimo defensor da história do vinho do Porto Santo, tendo construído o museu do Vinho Cardina, com vários objetos do trabalho da vinha e vinho”, diz António Maçanita.
A ilha de Porto Santo é, em termos geológicos, uma das mais antigas dos arquipélagos portugueses, tendo emergido há 14 milhões de anos no oceano Atlântico. Foi também a primeira a ser descoberta por Gonçalves Zarco em 1418. A plantação da vinha data dos primeiros tempos da colonização, tendo Gaspar Frutuoso, em 1580, acentuado a abundância de vinhedos existente ao longo da costa, inclusive nas zonas mais arenosas. “Na história recente, os antigos contam que era aqui onde se vinham buscar as uvas mais maduras para dar grau ao vinho Madeira. Hoje restam menos de 14 hectares, cultivados por um punhado de resistentes”, refere Maçanita.
Os solos, arenitos calcários de origem marinha, apresentam um pH bastante elevado, em torno dos 8,5 (por comparação, nos Açores, este indicador anda pelos 5,5/6) e o clima fortemente atlântico implica uma condução rasteira das videiras, protegidas dos ventos e maresia por muros ou habilidosas estruturas de canas. A vinha do Sr. Cardina, com mais de 80 anos, está assente em calcários franco-arenosos. Plantada com a casta Listrão (conhecida em Jerez por Palomino Fino) dali saem, desde 2020, os vinhos Listrão dos Profetas e Listrão Vinho da Corda. Em 2021 António e Nuno persistiram na busca de mais vinhedos e hoje recebem uvas de 15 viticultores. São tudo vinhas entre 40 e 80 anos de idade, algumas delas nas Fazendas da Areia, zonas de pura areia calcária. Plantadas com a casta Caracol, dão origem aos vinhos Caracol dos Profetas e Caracol dos Profetas Fazendas da Areia.
Já na ilha da Madeira (a terra dos “vilões”…), o terroir muda totalmente. Os solos vulcânicos são bem mais ácidos e as videiras orientadas em latada. Os dois amigos escolheram o Estreito da Câmara de Lobos e a Tinta Negra como local e casta de eleição. A primeira vindima, em 2020, correu mal: a cuba caiu no transporte entre adegas. Avançaram de novo no ano seguinte e conseguiram comprar uvas a um viticultor com um vinhedo de Tinta Negra com mais de 40 anos. E nasceu o Tinta Negra dos Villões.

Maçanita

PICO

Fundada, em 2014, a Azores Wine Company (AWC) veio revolucionar a produção de uva e vinho na ilha do Pico e, em boa verdade, directa ou indirectamente, em todas ilhas vinícolas açorianas, pela criação de valor gerada desde então. A história da empresa já foi contada mais do que uma vez nestas páginas, pelo que vamos ao que interessa: as vinhas velhas. No que ao tema respeita, Filipe Rocha e António Maçanita, os sócios da AWC, elegem como “centro de tudo” a zona do lajido (lajes de lava) da Criação Velha, um dos dois locais picoenses classificados como Património Mundial pela Unesco. “A Criação Velha é a guardiã do património genético original da ilha e dos Açores”, diz António Maçanita. Este é, na verdade, um “spot” muito especial, e não apenas pela paisagem. António Maçanita refere as particularidades climáticas: distando 16 km do centro do vulcão do Pico, beneficia de mais horas de sol, pois o Pico bloqueia as nuvens; a sua baixa altitude, entre 6-35 metros, faz com que as raízes estejam a utilizar água “salobra”; e, por último, o mar ali tão perto acentua o carácter atlântico dos vinhos. Mas também, historicamente, a Criação Velha é especial: os seus vinhedos pertenciam a gentes do Faial, pela proximidade ao porto da Horta, ali em frente, do outro lado do canal, já que eram eles os principais produtores e comerciantes de vinhos.
Na Criação Velha, a AWC trabalha três áreas distintas que originam distintos vinhos, todos eles com a casta Arinto dos Açores largamente predominante. A chamada Vinha da Canada do Monte, é constituída por duas parcelas que encostam na Canada do Monte, que é o caminho que vai desde o tão fotografado moinho vermelho do Frade até ao Monte (pequeno relevo de terreno). Esta estrada marca também uma distância ao mar de cerca de 580 m e uma altitude de 35 metros. Depois, temos a Vinha Centenária, como o nome indica, uma das vinhas mais antigas da ilha, com idade compreendida entre 100-120 anos, situada também na linha da Canada do Monte. “Está na mesma família há várias gerações e é uma das mais bem tratadas que conhecemos no Pico”, refere António. Aqui encontramos também, ao lado do Arinto dos Açores, diversas cepas com Bual, Verdelho, Donzelinho e Alicante Branco. Finalmente, a Vinha dos Utras, hoje quase tão famosa quanto o moinho vermelho. Trata-se de uma pequena parcela que encosta mesmo ao mar (os chamados “1os Jeirões”), num local onde se consegue a maior exposição solar e concentração. Os Utras (deturpação do nome de Joss Hurtere, um flamengo que foi Capitão Donatário do Pico e do Faial) são uma família que chegou aos Açores em 1465 e se tornaram determinantes para o desenvolvimento do vinho e da vinha das ilhas.
Conta António Maçanita: “Adquirimos a vinha aos seus descendentes, a família Dutra, em 2018. Diziam os donos que o mar lhes causava muito danos na vinha. Viemos a aprender isso mesmo, pois em outubro de 2019 o mar roubou 40 metros à vinha; e em 2021 a maresia salgada queimou toda a produção…”

 

ALENTEJO

Apesar de o seu trabalho com os vinhos açorianos, em anos recentes, ter contribuído em muito para projectar a “marca” António Maçanita, a verdade é que a grande base da actividade vitivinícola deste irrequieto produtor e enólogo está no Alentejo, região onde iniciou a sua carreira profissional e onde, a partir de 2004, criou o projecto Fitapreta. Num portefólio alentejano de mais de 30 referências, destaca-se no topo a linha Chão dos Eremitas que inclui um blend (o notável Os Paulistas) e cinco varietais. “Descobri esta vinha através de um professor meu do ISA, o professor Mira. De início a ideia era arrendar, mas depois surgiu a hipótese de a adquirir e não hesitei, o meu ‘feeling’ é que era mesmo algo diferente”, conta.
O Chão dos Eremitas, situa-se no sopé da Serra d’Ossa. Refere António que há provas da produção ininterrupta de vinho naquele local desde o séc. XIV, quando a Bula Papal de 1397 isentou os Pauperes Eremitas de tributos nas vinhas. Uma escavação arqueológica recente desenterrou a escassos metros da vinha uma ânfora fenícia do séc. VIII a.C., debaixo da Anta da Candeeira, demonstrando que ali havia vinho 800 anos antes da chegada dos romanos. “Este lugar é muito especial, sente-se!”, exclama António Maçanita. “Percebe-se que era aqui que se plantava a vinha, junto a dois riachos que trazem da serra as águas das chuvas, mantendo o chão fresco e o nível freático alto.”
A vinha Chão dos Eremitas foi plantada em 1970, e tem uma composição de castas tintas e brancas que, em tempos, dominaram a paisagem vitícola da região: Tinta Carvalha, Castelão, Alfrocheiro Preto, Moreto, Trincadeira, Alicante Branco, Trincadeira das Pratas (Tamarez), Roupeiro e Fernão Pires.

 

Os irmãos Maçanita encontraram em Carlão, no planalto de Alijó, um conjunto de vinhas quase abandonadas, nas quais viram enorme potencial para fazer vinhos diferenciadores.

DOURO

A Maçanita Vinhos é um projecto de dois irmãos e enólogos, Joana e António. Os Maçanita procuraram tirar partido do clássico sistema de classificação dos vinhedos durienses (de A a F), focando-se nos extremos, ou seja, nas parcelas mais “nobres”, com maior maturação (letra A), no fundo dos vales do Douro e seus afluentes, e nas mais “desprezadas”, de maturação mais difícil, situadas nas zonas altas e fronteiriças, no limite da região (letra F). Nestas últimas encontraram em Carlão, no planalto de Alijó, um conjunto de vinhas quase abandonadas, nas quais viram enorme potencial para fazer vinhos diferenciadores. “Chegámos a esta região pela mão do chef André Magalhães que nos dizia que o seu pai tinha uma vinha velha e vendia mal as uvas. Um dia fomos visitar a dita vinha (chamada As Olgas) e ficámos encantados. A partir daí temos passado muito tempo nesta zona onde temos encontrado parcelas mágicas”, comenta António Maçanita. Nas vinhas de Carlão, o difícil acesso implica trabalho “à antiga”, ou seja, homem e cavalo. Nas parcelas misturam-se diversas castas brancas e tintas. Estando na transição entre granito e xisto, o terreno varia muito. No entanto há dominância dos solos graníticos, com alto teor de quartzo. A vinha Canivéis tem entre 80 e 92 anos, está a 510 metros de altitude e mistura 11 castas; a vinha As Olgas, de 90 a 110 anos, tem o mesmo número de castas e está a 480 metros. A Pala Pinta é a mais antiga vinha de Carlão. Com 110 a 130 anos de idade, estende-se entre os 580 e os 720 metros de altitude, com 20 castas distintas.
Porto Santo, Madeira, Pico, Alentejo, Douro. Em todas estas regiões existem lugares especiais que albergam vinhas singulares. E delas nascem vinhos que não deixam ninguém indiferente.

 

(Artigo publicado na edição de Junho de 2023)