Lançamento: Herdade do Sobroso Élevage

Herdade do sobroso

E, de mansinho… dois grandes vinhos No último mês de 2022, a segunda edição dos topos de gama da Herdade do Sobroso bateu à porta: Élevage, branco e tinto 2021. Únicos, de excelência, e da Vidigueira.  Texto: Mariana Lopes     Fotos: Herdade do Sobroso Na Herdade do Sobroso, situada em Pedrogão junto ao Alqueva, na […]

E, de mansinho… dois grandes vinhos

No último mês de 2022, a segunda edição dos topos de gama da Herdade do Sobroso bateu à porta: Élevage, branco e tinto 2021. Únicos, de excelência, e da Vidigueira.

 Texto: Mariana Lopes     Fotos: Herdade do Sobroso

Na Herdade do Sobroso, situada em Pedrogão junto ao Alqueva, na sub-região alentejana da Vidigueira, Filipe Teixeira Pinto e Sofia Ginestal Machado têm um projecto de vinhos igual a “eles próprios”: descontraído, moderno, divertido, com muita ambição. Ao longo dos pouco mais de 20 anos desse projecto, o mesmo tem crescido ao ritmo do desenvolvimento das vinhas (as primeiras foram plantadas em 2021) que é o mesmo que dizer de forma gradual, mas sólida. Todos os vinhos do portefólio são hoje um sucesso de vendas, segundo Sofia — dos AnAs aos Arché, passando pelos Sobroso ou os Herdade do Sobroso Reserva e Grande Reserva, com destaque para os Cellar Selection (fortíssimo na restauração) — provavelmente pelo talento de Filipe, enólogo, para fazer vinhos fiéis ao local e às castas, de elevada qualidade e perfil amplamente atractivo, e onde o seu espírito experimentativo, que o enólogo tem em barda, não arranha o resultado final. Os Élevage, topos de gama agora na segunda edição, são o reflexo de tudo isto, da maturidade das vinhas do Sobroso e de uma experimentação cuidada. “De mansinho”, porque nada aqui é feito ou comunicado com demasiada bazófia (como se tem visto cada vez mais, infelizmente, em coisas infundadas ou vazias, sem suporte), surgiram um tinto e um branco de nível elevadíssimo. O Élevage branco é um lote de Antão Vaz e Perrum, e o tinto, um monovarietal de Alicante Bouschet. Existe um hectare de Perrum na Herdade Sobroso, uma casta tradicional do Alentejo, mas rara; e sete de Antão Vaz, sendo que o do Élevage vem de uma zona mais alta e com encosta exposta a Norte, numa parte de transição entre calhau e solo arenoso, franco-argilosa, como explicou Filipe Teixeira Pinto. O Alicante Bouschet, por sua vez, vem de parcelas xisto-argilosas expostas a Sul. O tinto fermenta em lagar e o branco fermenta em ânforas, as mesmas onde ambos estagiam, as italianas de nome Tava, produzidas, como já nos tinha elucidado Filipe no lançamento da primeira edição dos vinhos, “a partir de argila de elevada pureza, à qual os oleiros aplicam um processo de cozedura de altas temperaturas, entre os 1300 e os 1400ºC”, que resulta numa baixíssima porosidade, que proporciona trocas gasosas muito controladas. O formato estreito e elegante, bem diferente das tradicionais talhas alentejanas, e a sua tampa, “permitem estágios mais prolongados”, atestou o enólogo. Assim, os Élevage estagiam nestas ânforas durante 12 meses, com a particularidade de, nesta nova colheita, parte do tinto estagiar numas pequenas ânforas de 125 litros. São dois vinhos estrondosos.

(Artigo publicado na edição de Janeiro de 2023)

Lobo de Vasconcellos apresenta tinto Douro de topo

Lobo Vasconcellos Douro

No dia 26 de Janeiro de 2023, Manuel Lobo de Vasconcellos, mentor do projecto Lobo de Vasconcellos Wines, apresentou à imprensa e ao mercado as novas colheitas dos seus vinhos do Alentejo e duas estreias absolutas: um licoroso desta região e o tinto Vinha do Norte, do Douro. Do Alentejo, surgem os LV Lobo de […]

No dia 26 de Janeiro de 2023, Manuel Lobo de Vasconcellos, mentor do projecto Lobo de Vasconcellos Wines, apresentou à imprensa e ao mercado as novas colheitas dos seus vinhos do Alentejo e duas estreias absolutas: um licoroso desta região e o tinto Vinha do Norte, do Douro.

Do Alentejo, surgem os LV Lobo de Vasconcellos branco 2021, tinto 2019, Reserva branco 2021, Reserva tinto 2019 e Licoroso 2020. Já da região do Douro, Manuel Lobo e Joana Silva Lopes (a sua enóloga assistente) introduziram o Vinha do Norte tinto 2019. “Este tinto tem origem na minha vinha mais a Norte, e com exposição Norte, na localidade de Nagoselo do Douro, junto a São João da Pesqueira”, revelou Manuel Lobo de Vasconcellos. O LV licoroso 2020, por sua vez “marca o início do meu projecto no Alentejo”, adiantou o produtor e enólogo, cuja família possui propriedades no Tejo (Quinta do Casal Branco) e no Alentejo (Herdade da Perescuma) desde há várias gerações.

Mais sobre estes vinhos numa das próximas edições da revista Grandes Escolhas

 

Herdade das Servas: Estreia dupla. Restaurante Legacy e Vinhas Velhas branco

Herdade das Servas

Em plena estação acolhedora de Outono, a Herdade das Servas brindou o mercado com duas novidades apetitosas: um restaurante e um branco de vinhas velhas. E para harmonizar, quatro tintos de 2017, de referências já conhecidas.  TEXTO: Mariana Lopes   FOTOS: Serrano Mira “Considero fundamental o complemento entre a cozinha e o vinho, para compreendermos ainda […]

Em plena estação acolhedora de Outono, a Herdade das Servas brindou o mercado com duas novidades apetitosas: um restaurante e um branco de vinhas velhas. E para harmonizar, quatro tintos de 2017, de referências já conhecidas.

 TEXTO: Mariana Lopes   FOTOS: Serrano Mira

“Considero fundamental o complemento entre a cozinha e o vinho, para compreendermos ainda melhor o que se faz na adega”. Esta é a grande premissa de Luís Serrano Mira, mentor e proprietário da Herdade das Servas, que está na base da criação do novo restaurante da propriedade localizada junto a Estremoz. Legacy Winery Restaurant é o nome, por uma razão só, como explicou o produtor na apresentação do espaço: “Ao fazermos este novo restaurante decidimos chamar-lhe Legacy Winery Restaurant. Temos uma sub-marca, chamada Family Wine Growing Legacy, e o nome do restaurante vem exactamente daqui. O Legacy, ‘legado’ em português, é tudo o que a família nos deixa, e foi isso que procurámos estabelecer aqui, como marco gastronómico para a Herdade das Servas”.

E é precisamente a família que está na origem deste projecto vitivinícola alentejano. Luís Serrano Mira acompanhou, desde sempre, as actividades familiares na produção de vinhos, antes de fundar, em 1998, a Herdade das Servas no modelo que hoje conhecemos. Com muita dedicação, precisamente, ao seu legado, investigou, com a ajuda de um historiador, toda a ligação dos Serrano Mira ao vinho. Surpreendentemente, sabe-se que a família produz vinho desde 1667, ano de fabrico das duas talhas que hoje estão expostas na herdade. Actualmente, Luís Serrano Mira representa a parte familiar do projecto — que gere com sócios externos — e que abrange cerca de 350 hectares de vinhedos, repartidos por oito vinhas de idades muito diferentes, entre a Serra d’Ossa e a Serra de São Mamede: Azinhal, Louseira, Cardeira Nova, Cardeira Velha, Pero Lobo, Judia (a mais antiga, com 65 anos), Monte dos Clérigos e Servas, sendo esta última a da propriedade principal, onde está a adega, com cerca de 70 hectares. O encepamento, por sua vez, passa pelas tintas Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Aragonez, Cabernet Sauvignon, Castelão, Merlot, Petit Verdot, Syrah, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira: e pelas castas brancas Alvarinho, Antão Vaz, Arinto, Encruzado, Roupeiro, Sauvignon Blanc, Sémillon, Verdelho e Viognier. Importa referir que, e segundo Luís Serrano Mira, “todos os vinhos da Herdade das Servas são feitos com uvas próprias”. Também em jeito de novidade, juntou-se recentemente, à equipa da casa, o enólogo Renato Neves.

Para fazer par com o Vinhas Velhas tinto, que já existia desde a edição de 2005, surge agora o Herdade das Servas Vinhas Velhas branco, que se estreia na colheita de 2020, com apenas 5 mil garrafas. O lote tem na sua maioria Arinto, de uma vinha com 32 anos, e 10% de Roupeiro, cujas uvas vêm da Vinha da Judia, de 65 anos, onde esta casta é a única branca ainda presente. O Vinhas Velhas tinto, por exemplo, tem origem totalmente nesta vinha, sendo este 2017 um lote de Alicante Bouschet (45%), Trincadeira (30%), Touriga Nacional (20%) e Petit Verdot, com fermentação em lagares de mármore e cubas de inox, estágio em barricas novas de carvalho francês, durante 18 meses, e de dois anos em garrafa. Quanto à vinificação do Vinhas Velhas branco, este passa também por lagar e inox, para fermentar, mas estagia parcialmente em ânforas de barro (italianas, com tampa, uma beleza!), além da barrica. Ambos foram sujeitos a maceração pré-fermentativa. Já os três monovarietais de 2017 — Petit Verdot, Touriga Nacional e Alicante Bouschet — nascem na Vinha das Servas, e todos fermentam, total ou parcialmente, nos lagares de mármore. Estes lagares, disse o produtor, estão reservados precisamente para os vinhos de topo da Herdade das Servas. O trio estagia sempre 12 meses em barrica e 24 em garrafa.

No Legacy Winery Restaurant, a cozinha é moderna mas os ingredientes alentejanos e a inspiração na cultura da região, estão lá. Na verdade, a Herdade das Servas já teve um restaurante, homónimo, mas em modelo de concessão, que cessou em meados de 2020. O Legacy, em oposição, é totalmente “próprio”, e o local foi totalmente remodelado, da cozinha à sala, que tem capacidade para 42 pessoas. “Quando a pandemia começou, iniciámos as obras para remodelar e abrir o nosso próprio restaurante. Actualizámos o conceito, entendemos não ir por uma cozinha muito tradicional, como era a da antiga concessão, mas mais de ‘fine dining’”, esclareceu Luís Serrano Mira. A autoria do menu é do chef Luciano Baldin, e inclui 23 pratos, entre entradas, principais e sobremesas. “Queremos, aqui, utilizar ao máximo os produtos locais, que temos mesmo aqui ao nosso redor, e com eles interpretar, de forma diferente, os pratos alentejanos”, avançou o chef. Falamos de exemplos como ovo cremoso com couve-flor, crocante de broa e paia de toucinho ou bife tártaro mertolengo, nas entradas; carré de borrego de pasto com batatas assadas, castanhas e romesco ou polvo braseado com migas de tomate e acelgas, nos principais. Há ainda opções vegetarianas, como húmus de ervilhas fumadas com legumes assados, cogumelos portobello e grão frito. Claro que não falta uma selecção bem completa dos vinhos Herdade das Servas, a copo e garrafa, complementada por vinhos da Casa da Tapada (o projecto Serrano Mira na região dos Vinhos Verdes), por espumantes Vértice e Champagne Ruinart.

(Artigo publicado na edição de Dezembro de 2022)

 

Furtiva Lagrima: A voz de um Alentejo improvável

Alentejo Furtiva lágrima

Projecto de nicho, o topo de gama do produtor Monte da Raposinha já se espraia por 7 edições que alcançaram o aplauso da crítica e do consumidor. Falamos do tinto Furtiva Lagrima, uma marca cujo percurso se iniciou em 2007 num “Alentejo improvável”. Provámos todas as colheitas e os vinhos mostraram-se em grande forma. Texto: […]

Projecto de nicho, o topo de gama do produtor Monte da Raposinha já se espraia por 7 edições que alcançaram o aplauso da crítica e do consumidor. Falamos do tinto Furtiva Lagrima, uma marca cujo percurso se iniciou em 2007 num “Alentejo improvável”. Provámos todas as colheitas e os vinhos mostraram-se em grande forma.

Texto: Nuno de Oliveira Garcia   Fotos: Monte da Raposinha

Recordo-me bem dos primeiros vinhos que provei do Monte da Raposinha, e de quanto curioso fiquei sobre este terroir em pleno norte Alentejo, mas territorialmente situado entre as cidades de Portalegre e Santarém. É, com efeito, um local de transição e sem presença massiva de vinhas. O Monte de Raposinha está localizado apenas 500 metros a jusante da barragem de Montargil, sendo que, como nos revela João Nuno Ataíde, essa proximidade à barragem faz com que sejam frequentes nevoeiros até meio da manhã, aportando frescura aos vinhos, mas já lá iremos…

Alentejo Furtiva lágrima

Comecemos, então, pelo nome do monte: em criança, Rosário Ataíde, actual proprietária e mãe de João Nuno Ataíde – gestor executivo do projeto –, era carinhosamente apelidada pelo seu pai de “Raposinha”, daí o nome da propriedade e de alguns dos vinhos. Ou seja, é uma homenagem ao próprio pai (e avô) mas também a toda a família. Temos, portanto, um verdadeiro lugar de família, e tudo isto antes de existir qualquer pé de vinha plantado. Por falar de vinha, os primeiros 2 hectares foram plantados apenas em 2005, tendo existido posteriores plantios em várias fases, as últimas das quais em 2010 e 2014. Actualmente, o total de vinha é de 15 hectares, menos de 10% da dimensão da propriedade, dos quais a clara maioria é tinta, sendo que parte conta com certificação biológica e a restante área está em transição. Nas tintas, encontram-se plantadas Touriga Nacional, Syrah, Alicante Bouschet e Trincadeira, enquanto nas brancas (cerca de 1/5 da vinha) produz-se Arinto, Antão Vaz, Viosinho e Chardonnay. Existe também produção de azeite, actividade de enoturismo com alojamento local e loja. Com o projeto vitivinícola em movimento, que inclui rega por parcelas, construiu-se uma adega que, descrita pela enóloga Paula Bragança, é “simples, prática e funcional”. Paula e João Nuno são casados (reforçando o lado familiar do projecto) e, no final do dia, são o duo responsável por todas as principais decisões no que aos vinhos diz respeito. Referimo-nos a 100.000 garrafas produzidas por ano, dispersas por 3 gamas fixas: Raposinha (gama de entrada), Monte da Raposinha e Athayde Grande Escolha (premium e ultra-premium) e Furtiva Lagrima (topo de gama). Existem ainda edições especiais, sem regularidade programada, caso das marcas Ensaio (o nome diz tudo…) e Maria Antonieta, este um Touriga Nacional de uma parcela de areia e calau rolado, sem fermentação nem estágio em barrica (ambas por nós provadas, recordamos as edições de 2013 e 2017). Actualmente a produção divide-se equitativamente entre mercado nacional e exportação, sendo os principais mercados, depois de Portugal, o Brasil e a Suíça.

No que ao Furtiva Lagrima diz respeito, o nome advém da aria do compositor G. Donizetti, invocando-se a elegância, mas também vigor desta obra, tão cara ao pai de João Nuno e ao próprio (ambos melómanos com vocação interpretativa). As primeiras edições deste topo de gama – as de 2007, 2009 e 2010 – eram um lote de Touriga Nacional, Syrah, Alicante Bouschet, sendo que, ano após ano, esta última casta foi ganhando protagonismo, até se tornar monocasta (as últimas 3 colheitas são mesmo 100% Alicante). A fruta advém sempre da mesma parcela de 0,5 hectares de Alicante Bouschet. Plantada em 2010, mesmo por detrás da adega, em solo franco-argilo-arenoso, a parcela conta com um clone diferente das demais parcelas com a mesma casta. A uva francesa dá-se bem no Alentejo, já sabemos, e aqui um pouco mais a norte o mesmo sucede. Não há altitude, mas existe a frescura proporcionada pelos nevoeiros matinais a que aludimos no início deste texto (por sua vez, e ao invés, a Trincadeira sofre com o mesmo fenómeno climatérico). Com abrolhamento e floração precoces, nem sempre a maturação fenólica acompanha a maturação alcoólica, sendo essencial um grande controlo da produção (poda curta de 1 olho e monda de cachos), para que o Alicante não ultrapasse as 5 toneladas por hectare, para, assim, originar vinhos com qualidade e carácter para poderem ser Furtiva Lagrima. Na adega, para onde a fruta é transportada em caixas de 15 quilos, as fermentações alcoólica e maloláctica são feitas em inox, sendo depois trasfegado para barricas novas (ou novas e usadas, dependendo do ano) de 225 litros e de diferentes tanoarias. Até à edição de 2010, o estágio incluía uma parte em carvalho americano. Ao longo dos meses provam-se as barricas para selecionar as melhores que constituirão o lote de Furtiva Lagrima.

Alentejo Furtiva lágrima

Desde o início do projecto, e antes de Paula Bragança, passaram pela enologia os conceituados Carlos Magalhães e Susana Esteban, sendo que “a mão” de cada um (combinação de castas, escolhas de tipos de barrica) está evidente em várias colheitas do Furtiva Lagrima. Em todas as edições encontramos um vinho intenso e balsâmico, sem perder frescura ao longo das várias colheitas, e que provou evoluir muito bem em garrafa. Contudo, com a vinha a entrar numa idade já adulta, e um cada vez maior conhecimento da casta, não espanta que a edição de 2019 seja das melhores deste tinto. São 1500 garrafas de muito prazer, num perfil muito personalizado e de grande carácter.

(Artigo publicado na edição de Novembro de 2022)

 

EA LIVE ÉVORA anuncia cartaz para 2023

EA LIVE ÉVORA 2023

Depois do grande sucesso da edição de 2022, o EA LIVE ÉVORA anuncia que regressa em 2023, nos dias 14, 15, 21 e 22 de Julho. O local é o mesmo de sempre, a zona exterior, com as vinhas em plano de fundo, da Adega Cartuxa, onde actuarão, desta vez, Rui Veloso Trio (convidado especial, Vitorino), […]

Depois do grande sucesso da edição de 2022, o EA LIVE ÉVORA anuncia que regressa em 2023, nos dias 14, 15, 21 e 22 de Julho. O local é o mesmo de sempre, a zona exterior, com as vinhas em plano de fundo, da Adega Cartuxa, onde actuarão, desta vez, Rui Veloso Trio (convidado especial, Vitorino), Os Quatro e Meia, Resistência e Ana Moura.

Mas no EA LIVE ÉVORA 2023 há uma novidade: para se aproveitarem as noites de verão alentejanas, o evento é prolongado com a EA LIVE PARTY, ao som dos DJ da Rádio Comercial, Ana Isabel Arroja, Nuno Luz, Rob Willow e Wilson Honrado. Estes fins de noite acontecerão no pátio principal da Adega Cartuxa.

Nomeado recentemente para os Iberian Festival Awards, nas categorias Best Small Festival, Best Brand Activation, Best Hosting & Reception, o EA LIVE ÉVORA junta diversão e conforto, com plateia ao ar livre (limitada a 1000 lugares marcados) e a oferta de um kit Lanyard + Copo e três serviços de vinhos EA à escolha.

Os bilhetes têm o custo entre €25 e €30 e estão disponíveis na BOL e noutros locais habituais. Todas as informações e o programa podem ser consultados no site do EA LIVE.

Ravasqueira: A caminho da grandeza

Ravasqueira caminho sucesso

De 1 milhão de garrafas em 2016, para 8 milhões em 2021. A Ravasqueira tem traçado um percurso, desde a sua génese, não só de crescimento, mas também de criação de valor. Agora, prepara-se para subir mais um degrau: David Baverstock juntou-se à equipa como responsável de enologia, para arrasar nos vinhos de topo. Texto: […]

De 1 milhão de garrafas em 2016, para 8 milhões em 2021. A Ravasqueira tem traçado um percurso, desde a sua génese, não só de crescimento, mas também de criação de valor. Agora, prepara-se para subir mais um degrau: David Baverstock juntou-se à equipa como responsável de enologia, para arrasar nos vinhos de topo.

Texto: Mariana Lopes   Fotos: Igor Pinto

A origem é familiar, mas no DNA da Ravasqueira, o N significa negócio e o A, ambição. E é normal que assim seja, quando a assinatura é José de Mello. O grupo, com capital em várias empresas-chave em Portugal — como a CUF, a Brisa ou a Bondalti, entre outras — pegou no mesmo padrão de exigência que sempre exerceu nos outros sectores, e aplicou-o no projecto de vinho que nasceu com a compra de uma propriedade em Arraiolos, em 1943, por D. Manuel de Mello. O objectivo do patriarca, porém, era apenas ter um refúgio no Alentejo (que na altura não tinha vinhas), sobretudo para caçar e descansar, longe de saber que, décadas mais tarde, os seus descendentes teriam outros planos. Hoje, sob a alçada do neto Pedro de Mello e da égide “Ravasqueira Vinhos SA”, a Ravasqueira é um dos principais players na cena vínica nacional, de marcas reconhecidas pelos consumidores e com muito sucesso no canal off trade (pense-se em Guarda Rios, Coutada Velha e Dona Vitória), até à gama a que se referem como “luxury”. Esta última, está neste momento a atravessar uma fase de transformação, com reforço de investimento, o que se materializa na contratação de um dos enólogos mais respeitados no país, o australiano David Baverstock, que se vem juntar a Vasco Rosa Santos, enólogo da casa desde 2012 e actual Administrador de Operações. David chegou a Portugal em 1982, e passou por grandes casas como Symington, Quinta do Crasto e Esporão, onde esteve até há pouco tempo como responsável máximo de enologia.
Após o falecimento de D. Manuel de Mello, em 1966, o monte da Ravasqueira fica ao cuidado do seu filho José Manuel de Mello, que durante muitos anos se dedicou ali à agricultura e ao apuramento da raça do Cavalo Lusitano. Em 1996, quatro Cavalos Lusitanos do monte da Ravasqueira deram-lhe o título de campeão mundial de Atrelagem e, depois disso, em 1998, “como ele não sabia estar quieto, partiu para a plantação das primeiras vinhas, coisa em que já andava a pensar há um par de anos”, conta Pedro de Mello, um dos 12 filhos de José Manuel de Mello que cresceram na propriedade, actualmente presidente da Ravasqueira e vice-presidente do grupo. Na verdade, membros de outros ramos da família já estavam, nessa altura, na área do vinho, o que também teve influência na decisão de plantar vinha. Em 2001, José Manuel de Mello faz “uma primeira brincadeira, e põe os netos a pisar as uvas”, lembra o filho, o que deu origem a um vinho que nunca saiu para o mercado, rotulado como MR. Deu-se aqui o pontapé de saída para o negócio pois, na colheita seguinte, viria a produzir-se o primeiro vinho com objectivo comercial, o tinto Fonte da Serrana.
Com o desaparecimento de José Manuel de Mello, em 2006, os filhos decidiram continuar com o projecto de vinhos e concretizar o sonho do pai: fazer da Ravasqueira crescer, e transformar-se numa referência no sector. “Sentimos responsabilidade nisso, já empregávamos muita gente. Os primeiros anos foram desafiantes, naturalmente, mas depois veio o Pedro [Pereira Gonçalves] que mostrou ser a pessoa ideal para liderar o projecto”, diz Pedro de Mello. Pedro Pereira Gonçalves, engenheiro agrónomo de formação, com especializações na área da gestão e negócio em instituições como Harvard e MIT, chegou à Ravasqueira em 2012 para repensar estratégia de vinhos da empresa, e fazê-la crescer. Pouco tempo depois, chegou Vasco Rosa Santos, para complementar a enologia. “Assim, fomos desenvolvendo a marca e os canais, sempre com o objectivo de criar escala e valor”, desenvolve Pedro de Mello. “Sempre tive dificuldade em ver, em Portugal, projectos de vinho de pequena dimensão que fossem grandes criadores de valor. Sabíamos que tínhamos de ter escala, se queríamos ambicionar ser um dos principais players nacionais do vinho. Foi por aí que caminhámos.”, remata. Quando Pedro Pereira Gonçalves integrou a Ravasqueira, a produção anual era de pouco mais de 100 mil garrafas. Hoje, é de 8 milhões.

Uma estratégia de sucesso

“A Ravasqueira tem uma história de 80 anos na família, 25 desde a primeira ideia de negócio. Tudo aqui, desde o início, foi bem feito e muito estudado, tanto na parte da plantação das vinhas como na estruturação da gama”, lembra Pedro Pereira Gonçalves. A partir da sua chegada em 2012, e até 2015, o que se fez na Ravasqueira foi aproveitar o legado dos patriarcas e aprofundar o estudo da vinha e da marca, procurando a melhor via para a relevância no sector. “Houve um foco muito grande no factor produção, em como poderíamos aproveitar melhor o que tínhamos na vinha, e na restruturação de portefólio. Nasceram assim novas marcas e referências, como o Reserva da Família, com uma dedicação enorme àquilo que era a qualidade e o perfil do produto”, adianta o actual CEO da empresa. “A partir de 2015, percebemos que precisávamos de ganhar escala. Desenhámos uma estratégia concentrada nas marcas, até termos algumas das mais admiradas pelos consumidores. Diversificámos, reestruturámos as equipas comerciais, e fomos construindo, a cada passo que dávamos, um novo segmento no portefólio [como os Clássico, Superior ou Seleção do Ano], com posicionamentos diversos”, refere. A partir daqui, foi sempre a subir. Em 2016 deu-se o kick-start de um crescimento acentuado, de um milhão de garrafas nesse ano para as 8 milhões de hoje, que fazem da Ravasqueira um dos produtores que mais vende no canal “off trade” (super e hipermercados). “Sabemos que cerca de 80% das vendas de vinho se dão neste canal e temos um modelo de negócio muito enquadrado com isso. Queremos ser uma referência em Portugal, apostando na qualidade”, afirma Pedro Pereira Gonçalves.

Heritage, David e a expansão da adega

No entanto, há uma parte importante desta ambição dedicada ao canal HoReCa, que para esta empresa tem tido um crescimento acentuado nos últimos tempos, reflexo de uma aposta cada vez maior nos vinhos de topo. “Desde 2016 que nunca parámos de prestar atenção às gamas de alto relevo para o consumidor. Nem poderia ser de outra forma, porque isso está sustentado no Reserva da Família, no Vinha das Romãs, e na gama Premium, que agora se chama Heritage”, avança o administrador. Este rebranding da gama Ravasqueira Premium, com o novo nome “Heritage”, faz parte da estratégia de revitalização deste segmento da empresa. Mas não é só o nome que muda, também há uma afinação do perfil destes vinhos, e é aqui que entra David Baverstock, como explica Pedro Pereira Gonçalves: “A entrada dele constitui uma nova aposta naquilo que é o reforço das gamas luxury, de nicho. É alguém que nos vai ajudar a traçar este novo caminho. A abordagem dele vem trazer imenso valor acrescentado e isso vai expressar-se nos vinhos”. Vasco Rosa Santos desenvolve que o enólogo “tem muito respeito por todas as castas. Traz, também, uma serenidade muito necessária nos momentos certos, decisórios, que vem dos seus muitos anos de experiência. Queremos, de facto, ser um projecto de referência no Alentejo, e o David dá muita credibilidade, por tudo o que já fez. Hoje, finalmente, achamos que temos a equipa ideal para atacar aquilo que sabemos que podemos vir a ser”. A dupla está empenhada, também, em criar novidades, segundo Pedro. “O David e o Vasco estão com imensa energia e vontade de fazer coisas diferentes. Vamos usar a casta Nero d’Avola, que temos no nosso encepamento desde o início, e também apostar mais na Sangiovese. E para além das gamas da espinha dorsal da Ravasqueira, vamos ter algumas especialidades. O consumidor, cada vez mais, pede isso”. Aumentar a área da adega em 2 mil m2 é, adicionalmente, um objectivo a curto prazo, com reformulação da zona de vinificação, criando uma espécie de adega de “fine wines”, dentro da que já existe.
Para produzir os seus vinhos, a Ravasqueira — que exporta 40% — recorre a 45 hectares de vinha própria, a mais de 200 arrendados e a quase 600 hectares de fornecedores, espalhados por todo o Alentejo. “Desta forma, podemos adaptar as uvas que vamos buscar às necessidades a nível de produto. Este ‘sourcing’ é, portanto, estratégico. Servimos assim melhor os interesses da empresa, a nível qualitativo e de diversidade”, garante o CEO.
No final de 2021, David Baverstock — que tinha ideia de reduzir a sua actividade após a saída do Esporão — foi contactado por Pedro Pereira Gonçalves, para visitar a Ravasqueira. “Eu já o conhecia. Explicou-me o modelo de trabalho da empresa, mas o que mais me puxou foi a ambição dele em levar a Ravasqueira para outros patamares, apostando num conjunto de vinhos de alta gama, e a cultura de qualidade, transversal a toda a gente desta casa”, confessa David. “Para mim, isso foi música. Um desafio onde eu achei que poderia ser verdadeiramente útil”. E quando questionado sobre do que mais tinha gostado no início do trabalho na Ravasqueira, David, que apresenta quase sempre uma postura mais reservada, brinca: “Do Vasco! Temos um ‘bromance’”, e ri-se. “Agora a sério, não fiquei muito impressionado com a vinha, mas os resultados da vindima mostraram-me que estava errado, embora existam coisas que podemos melhorar nesse campo, e vamos fazê-lo. Nesta última vindima, a Touriga Franca e a Syrah foram fantásticas, bem como o Alicante Bouschet, depois da chuva. Temos também um belíssimo Alfrocheiro em barrica. Nos brancos, temos muita coisa boa em co-fermentação, como Sémillon com Arinto e com Viognier, e isto pode sair muito bem. A qualidade dos brancos, em geral, é muito elevada”.
Depois de percebermos a estamina deste projecto vínico de Arraiolos, pensamos que, realmente, é preciso muita racionalidade para transformar algo que começou com um cariz emocional forte, num negócio tão profissional e próspero. “Sempre tivemos a perspectiva de ter racionalidade económica. É preciso escala, estar em quase todas as regiões do país, para sermos dos principais a nível nacional. Isto caracteriza as áreas todas do grupo, seja na saúde, na indústria, na parte química… Hoje, para nós, o vinho é um negócio estratégico, mesmo que haja uma parte emocional, que há sempre. O facto de estar a imagem de meu pai com o cavalo nos rótulos, é mesmo isso”, declara Pedro de Mello. E é disto que se fazem as empresas de sucesso.

(Artigo publicado na edição de Novembro de 2022)

Grande Prova- Alentejo tinto Potência com elegância: afinal é possível…

Alentejo tinto

Ao pensar num topo de gama do Alentejo, imediatamente no nosso imaginário surgem vinhos poderosos, carnudos, macios e densos. A qualidade nem se coloca em causa, está lá por defeito. Entretanto, existem muito mais estilos nos vinhos que representam a crème de la crème da região. E descobrimos vários nesta prova de mais de cinco […]

Ao pensar num topo de gama do Alentejo, imediatamente no nosso imaginário surgem vinhos poderosos, carnudos, macios e densos. A qualidade nem se coloca em causa, está lá por defeito. Entretanto, existem muito mais estilos nos vinhos que representam a crème de la crème da região. E descobrimos vários nesta prova de mais de cinco dezenas de tintos alentejanos.

Texto: Valéria Zeferino Fotos: Ricardo Palma Veiga

 

Sendo o Alentejo extenso e muito heterogéneo em termos de solos e clima, a diversidade dentro da região é enorme. Para além das zonas quentes e mais áridas, tem o litoral, temperado pela influência atlântica e Portalegre, onde altitude em combinação com um clima continental, confere uma frescura própria aos vinhos. Não é por acaso que nos últimos anos assinalou-se um investimento nesta zona. As serras de São Mamede, do Mendro, de Ossa moldam as condições microclimáticas dos territórios adjacentes. A falha da Vidigueira com escarpas orientadas no sentido Este-Oeste permitem que os ventos do Atlântico empurrem o ar frio, promovendo o arrefecimento significativo do ar à noite. Luís Cabral de Almeida, responsável pela enologia na Herdade do Peso, conta que isto acontece quase todos os anos: as temperaturas de dia podem chegar a 38-39˚C e à noite caem até 15-17˚C o que tem um efeito benéfico na composição das uvas.

O calor e a água (ou falta dela)

O clima quente e seco do Alentejo, em certa medida, beneficia os produtores. Luís Cabral de Almeida que já trabalhou noutras regiões onde a Sogrape tem produção, como o Douro, Dão e até na Argentina, considera o Alentejo uma região consistente, com baixa carga de doenças. Não é por acaso que no Alentejo há muita produção biológica. As características da região e a sua fama junto do consumidor motivam alguns produtores de outras regiões a investir no Alentejo. É o caso do projecto da Symington na Quinta da Fonte Souto em Portalegre e da Costa Boal na Quinta dos Cardeais, entre os mais recentes.

Por outro lado, a seca é capaz de comprometer não apenas a quantidade e a qualidade de uma ou outra colheita, mas colocar em causa a sobrevivência das videiras, pois na falta de água esta não tem forma de buscar os nutrientes do solo e distribuí-los de forma correcta na própria planta. Por isto, a rega é indispensável em muitas partes do Alentejo, sobretudo nos solos mais pobres e com baixa retenção de água.

Contudo, a rega não visa proporcionar à videira um acesso desmedido à água. O equilíbrio da área foliar e rega controlada são essenciais, sublinha Luís Cabral de Almeida. Até à fase do pintor (quando os bagos ganham cor) dá-se água à videira (quando a chuva não vem) para obter os nutrientes do solo, e construir a área foliar para garantir actividade fotossintética. A partir do pintor, limita-se a água, para a videira investir na maturação da fruta.

Por exemplo, o enólogo Pedro Hipólito tem um sistema de rega instalado na Herdade da Mingorra, pronto para qualquer eventualidade, mas nas vinhas velhas não tem sido preciso. Tem 7 talhões que nunca foram regados.

Entretanto, no Alentejo ainda existem vinhas de sequeiro, mas estas encontram-se plantadas em áreas muito especiais. Como conta António Maçanita, há zonas na região, onde as águas freáticas ficam mais perto da superfície, permitindo que as raízes das videiras possam chegar até lá. O produtor e enólogo Luís Louro, que em 2004 iniciou o seu projecto do Monte Branco, também tem algumas vinhas em sequeiro. Estas estão implantadas em solos mais profundos e relativamente férteis, num xisto argiloso, que tem melhor capacidade de retenção do que o xisto normal.

Tudo no sítio e momento certos

As castas certas no sítio certo + momento de vindima + filosofia do produtor: é este o segredo do sucesso. Conseguir potência no Alentejo é fácil, juntar a elegância, às vezes, é um desafio. Nos topos de gama a tentação de criar vinhos poderosos é natural e as principais castas também ajudam. A triologia de Alicante Bouschet, Aragonez e Trincadeira que predominam nos lotes de há 30 anos, proporcionam muita estrutura e potência, diz António Maçanita, enólogo e produtor com projectos em várias regiões do país. Cabernet e Syrah também ajudam à festa. As castas “mais fracas” como Castelão ou Alfrocheiro não são das mais presentes nos topos de gama. Mas há excepções.

Repetindo as palavras de Luís Louro, um vinho é um produto de vinha e filosofia. O principal foco é nas castas certas e na época de colheita. A principal preocupação é “colher maduro, mas nunca sobremaduro”.

António Maçanita partilha a sua experiência, referindo que Castelão, Tinta Carvalha e Alfrocheiro têm muita tolerância para o momento da vindima, enquanto o Moreto não. As castas tânicas como Aragonez, Alicante Bouschet ou Syrah se não forem vindimadas maduras, são verdes e difíceis.

As castas certas por vezes já se encontram numa vinha, sobretudo numa vinha velha bem adaptada ao local e que expressa o seu carácter único. Tivemos alguns exemplos interessantes nesta prova. O Chão dos Eremitas Os Paulistas, da Fita Preta, por exemplo, com as castas (curiosamente, não misturadas, o que facilita a vindima) Tinta Carvalha, Moreto, Castelão, Alfrocheiro e Trincadeira, plantadas há 50 anos.

A Vinha da Ira, da Mingorra, é uma pequena parcela de 2 ha, plantada nos anos 80. É um resultado da selecção massal  de uma vinha mãe da Vidigueira. Chamava-se o Talhão de Alfrocheiro e no início fez muita confusão, porque quando a uva chegava à adega, era óbvio que não se tratava só de Alfrocheiro, até porque tinha muita uva tintureira. Em 2004 fizeram uma biblioteca genética das castas que tinham nesta vinha e estavam lá 12 variedades misturadas, onde 50% era Alicante Bouschet, também Aragonez, Touriga Nacional entre outras. O Alfrocheiro só representa 7% da vinha. Vindima-se tudo junto e o Alicante Bouschet serve de referência para a colheita.

Na Herdade do Peso, da Sogrape, o conceito do vinho Parcelas é diferente do Reserva, ou do Revelado, que têm que ter um determinado perfil. Os vinhos da gama Parcelas podem ter um perfil próprio em função do ano, explica Luís Cabral de Almeida. Por exemplo o Parcelas Block 21 é 100% Alicante Bouschet.

Dos produtores entrevistados, há unanimidade que o futuro passa muito pelas castas de ciclo longo: Touriga Nacional, Petit Verdot, Tinta Miúda, como exemplo.

A filosofia do produtor começa na escolha de terrenos e castas e acaba na abordagem na adega e até no tempo do estágio em garrafa antes de lançar para o mercado. Os produtores como Julian Reynolds ou Luís Louro não abdicam deste estágio o que sempre se reflecte no momento da prova.

Os estilos dos tintos do Alentejo

 Normalmente fala-se de dois principais estilos de vinhos no Alentejo: um clássico (mais balsâmico, com bosque e resinas, com vegetal seco e até uma certa rusticidade) e um moderno, de grande polimento, com fruta mais imediata, mais intensa e mais presente.

Na realidade, o Alentejo é muito mais do que isto. Depois de provar mais de 50 vinhos, eu diria que existem quatro estilos: dois clássicos – um que consegue aliar potência à elegância (vinhos profundos, perfeitos em cada momento de contacto) e outro onde a potência predomina, com vinhos muito extraídos e alcoólicos, mornos e quase doces (secos tecnicamente, mas pela sensação da doçura de fruta sobremadura e muita presença de barrica). Estes últimos são bem-feitos e impactantes, impressionam ao primeiro gole, mas a partir do segundo o entusiasmo diminui.

Nos vinhos de estilo dito “moderno”, também há duas variações. Um é mais sensual e consensual, guloso, com fruta bonita, encorporando normalmente as “castas melhoradoras” no lote, como a Syrah ou Touriga Nacional. Uma espécie de Novo Mundo no Alentejo.

O outro “novo” estilo do Alentejo é uma regressão ao passado, dando protagonismo às castas antigas, com fruta simples e pura, sem o lustro da Touriga ou Syrah. Podem não ser tão consensuais, mas têm muito bom senso na sua essência, são pensados, ensaiados e bem interpretados. São elegantes com estrutura, extremamente precisos e sofisticados.

Com isto não pretendo dizer que tem que se excluir castas ou estilos. Há gostos para tudo. As tendências vêm e vão, e o que é realmente bom acaba por perdurar.

Castas: as nossas, as outras e o Alicante Bouschet

 De acordo com o cadastro da CVR Alentejo, nos últimos dez anos a área de vinha tem crescido, tendo aumentado 4.003 hectares (21%) e em 2021 ocupou 23.277 ha. As castas tintas predominam com 79%. A vinha nas sub-regiões D.O. representa 72% da área total do Alentejo e 74% da produção total de uvas da região.

Nas castas tintas é notória a importância adquirida pelo Alicante Bouschet, que aumenta em área e representatividade na região e, com menor intensidade, também a Syrah e Touriga Nacional. Em diminuição estão as castas Aragonez, Trincadeira e Castelão, que perdem área e expressão na área vitícola.

As castas dividem-se em dois polos principais: portuguesas típicas do Alentejo (Aragonez, Trincadeira) ou vindas de outras regiões como a Touriga Nacional ou Touriga Franca, e estrangeiras como o Cabernet Sauvignon, a Syrah ou o Petit Verdot.

E depois há Alicante Bouschet que é a casta estrangeira mais portuguesa. Entrou no país há mais de 100 anos e ganhou a cidadania e reconhecimento que nunca teve no seu país natal. Luís Cabral de Almeida compara o percurso do Alicante Bouschet em Portugal como o do Malbec na Argentina: ambas as castas são de origem francesa e ambas encontraram a sua expressão máxima nos países de adopção. Hoje, Alicante Bouschet é parte importante da tipicidade dos vinhos do Alentejo e está em franco crescimento na região, sendo a segunda tinta mais plantada.

Para Luís Louro, Alicante Bouschet é uma casta fantástica que conjuga potência e acidez se for colhida a tempo. Tem uma parcela na zona de sequeiro que dá óptimos resultados.

Para Luís Cabral de Almeida, Alicante Bouschet é a garantia de fruta, cor e sabor, mas há que lhe aumentar a complexidade. Considera que não adianta forçar a extracção através de remontagens, por exemplo, pois vai-se extrair o que tem de bruto e agressivo. Prefere aplicar o engaço maduro na fermentação, que confere ao vinho tanino de meio de boca, diferente do tanino da madeira que é mais lateral.

Frederico Rosa Santos sublinha que as uvas de Alicante Bouschet têm de estar bem maduras e muitas vezes só amadurece a parte fenólica com o grau alcoólico alto. Não se dá bem em todo o lado. Mais a sul de Beja é demasiado quente para o Alicante e a ondas de calor em Julho ou Agosto fazem com que não amadureça. Fica bem de Estremoz para cima.

Das castas portuguesas, Aragonez continua a ser a uva mais plantada (com 23% de encepamento), mas não é de todo a mais amada. Muitos produtores reconhecem as suas limitações, começando por ser altamente sensível à produção. Se não for controlada, não consegue amadurecer a parte fenólica e apresenta taninos verdes e duros. Também precisa de amplitudes térmicas significativas.

Pedro Hipólito, enólogo da Herdade da Mingorra, conta que quando temperatura se mantém durante algum tempo acima dos 35˚C, a videira fecha os estomas e deixa de funcionar. Ainda por cima, como se sabe, o Aragonez com o stress hídrico sacrifica folhas o que faz difícil a sua maturação posterior.

Usar o clone certo também é importante. Frederico Rosa Santos conta que quando decidiram plantar Aragonez na propriedade da família, foram buscar o clone de Tinta de Toro num viveirista em Navarra. A vinha, no seu máximo, produz 4 tn/ha.

A Trincadeira, outrora muito popular, mantém-se em 3º lugar com 14,9% de encepamento, mas está a perder posição. Os enólogos são da opinião que com produções elevadas, perde todo o carácter e torna-se muito vegetal, fazendo lembrar um “mau Cabernet do Alentejo”. É capaz de produzir excelentes vinhos mas tem que se descobrir o seu ponto de equilíbrio. A casta também não gosta do stress hídrico, embora o aguente melhor que o Aragonez mas, se for preciso, vai buscar água aos bagos desidratando-os.

Já Luís Louro defende esta casta polémica, afirmando que cada vez gosta mais dela. No lote com Alicante Bouschet tira-lhe a brutalidade. Basta 15% e já se nota a diferença, diz.

A Touriga Nacional é a 5ª casta mais plantada no Alentejo, ocupando 8% de encepamento e com tendência a crescer. Há muitos argumentos a favor, começando por ser de maturação longa o que traz vantagens no Alentejo. Frederico Rosa Santos reconhece que a casta aguenta muito bem a seca, e o bago está sempre túrgido. Aromaticamente agradável, mas às vezes no Alentejo torna-se um pouco enjoativa, com violetas em excesso e canela.

Ainda se fala pouco da Tinta Miúda que representa apenas 0,5% de encepamento da região, mas já há produtores atentos a esta casta. Luís Louro gosta dela porque é poderosa, com concentração e intensidade, é menos rústica do que o Alicante Bouschet, tem classe.

Das castas estrangeiras mais recentes destaca-se claramente a Syrah, cujas plantações têm vindo a crescer e que hoje em dia fica no 4º lugar com 12%.

Frederico Rosa Santos não tem dúvidas que Syrah se dá bem em todo o lado, variando em estilo. Pedro Hipólito repara que até num ano bem difícil como este, teve uma boa evolução. Luís Louro reconhece que é uma casta fácil, melhoradora, mas acha que se impõe muito e tira a identidade aos vinhos. António Maçanita admite que Syrah em monocasta pode expressar o terroir e é capaz de ser interessante, mas no lote marca demasiado. Melhora sim, mas desvirtua o perfil, como a Touriga Nacional.

Embora o Cabernet Sauvignon tenha chegado ao Alentejo mais cedo do que a Syrah e ocupe uma área significativa (4,4% do encepamento, 7ª casta mais plantada) a sua presença está lentamente a diminuir. Faz parte de muitos lotes, mas não identifica a região.

Pedro Hipólito explica isto pelo ciclo do Cabernet Sauvignon ser relativamente curto para o Alentejo. Com um tipo de taninos próprio e o lado herbáceo, a casta necessita de tempo de maturação. E no Altentejo os ciclos estão a encurtar. Antigamente vindimava-se de Setembro até quase início de Outubro e agora começa-se no início de Agosto. O Cabernet pode ter 15% de álcool e continuar vegetal o que de todo não se enquadra no perfil dos vinhos que procuram. Por isto, na Herdade da Mingorra, que fica a 15 km a sul de Beja, numa zona muito quente, acabou-se com o Cabernet Sauvignon.

Frederico Rosa Santos sempre teve reticências relativametne ao Cabernet no Alentejo. É demasiado quente para a casta, acredita. Os bagos relativamente pequenos rapidamente transformam-se em passas. Mas reconhece que em bons anos beneficia alguns lotes.

Uma estrela em ascenção é o Petit Verdot que se dá lindamente no Alentejo e agora ocupa 1,9% da plantação. Para Frederico Rosa Santos foi uma agradável surpresa depois de a ter provado durante um estágio em Bordeaux, onde não tem condições para amadurecer bem a parte fenólica, ficando muito dura e difícil. Por cá, a casta apresenta tanino maduro, sensação de boca e corpo, fica muito mais completa e equilibrada. E pode produzir imenso sem diminuir a qualidade. António Maçanita está de acordo e diz que o Petit Verdot funciona como um relógio suíço, sem problemas sanitários, muito no registo de Alicante Bouschet, ou seja, não marca demasiado, não passa por cima do perfil da região.

Os tintos do Alentejo, como se vê, são em si mesmo um mundo. Feito de corpo, maturação, vigor, mas também elegância, finura, frescura. Os estilos abundam, a qualidade também. É bom que assim seja: nenhum apreciador sai insatisfeito.

(Artigo publicado na edição de Outubro de 2022)

 

Ermo Wines: Roque do Vale versão 3.0

Ermo Wines

Os primeiros frutos do projecto pessoal de Mariana Roque do Vale já estão nas prateleiras das lojas e, embora assentes num histórico legado familiar, revelam um cunho muito próprio. Como próprias são as uvas utilizadas, oriundas de duas propriedades, uma na serra do Mendro, Vidigueira, outra em Moura. Objectivo declarado: expressar um lado moderno do […]

Os primeiros frutos do projecto pessoal de Mariana Roque do Vale já estão nas prateleiras das lojas e, embora assentes num histórico legado familiar, revelam um cunho muito próprio. Como próprias são as uvas utilizadas, oriundas de duas propriedades, uma na serra do Mendro, Vidigueira, outra em Moura. Objectivo declarado: expressar um lado moderno do Alentejo, com vinhos diferenciadores e produzidos em pequena escala.

 Texto: Luís Lopes  Fotos: Ermo Wines

Roque do Vale é um nome que soa forte juntos de apreciadores que reúnam duas condições: gostar de vinhos do Alentejo e andar por cá há alguns anos. Curiosamente, as raízes mais profundas dos Roque do Vale não são alentejanas mas sim da zona de Torres Vedras, onde a agricultura sempre fez parte da actividade familiar ao longo de muitas gerações. No entanto, foi no Alentejo, e a partir dos anos 80, que Carlos e Clara Roque do Vale deixaram marca profunda, enquanto produtores de vinho (na altura, na sub-região de Redondo, com a marca Redondo, dos rótulos com pratos de barro, ou o conhecido Tinto da Talha) e enquanto dinamizadores do Alentejo como região vitivinícola, muito tendo contribuído para a sua afirmação naqueles primeiros anos da demarcação. Neste contexto, nunca é demais recordar que Carlos Roque do Vale foi um dos fundadores da ATEVA (Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo), que chegou a dirigir, e que Clara Roque do Vale foi a primeira presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, onde esteve 12 anos, implementando toda a estrutura de certificação e promoção dos vinhos do Alentejo e da Rota dos Vinhos do Alentejo. Em 2000 o casal lançou-se num novo ciclo empresarial e criou a empresa Monte da Capela, em Moura, recentemente rebaptizada como Casa Clara, onde produz vinhos e azeites.

Ermo WinesFilha de Carlos e Clara, Mariana Roque do Vale tem, pois, toda esta “carga histórica” com que lidar. E, no entanto, não estava previsto que assim fosse. Licenciada em Direito pela Universidade Católica de Lisboa, Mariana desenvolveu o seu percurso

profissional na área da consultoria, da banca e de gestão, entre Lisboa e Londres onde viveu cinco anos. Em final 2019, porém, resolveu aplicar os seus conhecimentos do mundo empresarial e financeiro ao projecto Casa Clara, tornando-se sócia dos seus pais. Desde o início, porém, que ambicionou ter, em paralelo, o seu próprio negócio vitivinícola. E assim, nasceu o Ermo. “O Ermo é algo de muito pessoal”, diz Mariana Roque do Vale. “Enquanto a Casa Clara tem estatuto e perfil mais clássicos, aqui pretendi fazer algo mais arrojado, trazendo uma visão e abordagem moderna no mundo dos vinhos.” A intenção passou por criar vinhos “de baixa intervenção e de produção limitada”. Para acentuar a diferença, o conceito enológico teria de ser distinto e, foi nesse sentido que Mariana convidou Joana Pinhão para dirigir a enologia. Joana, com larga experiência no Tejo, Douro e Vinhos Verdes, nunca tinha trabalhado no Alentejo e aceitou entusiasmada o novo desafio.

ENTRE MOURA E VIDIGUEIRA

Para fazer vinho, é preciso uvas. Mariana Roque do Vale optou por basear os Ermo exclusivamente em uvas próprias. À partida, tinha desde logo o conforto da matéria prima da Herdade da Capela, propriedade da Casa Clara, a sociedade familiar. Mas a produtora queria ter algo mesmo seu e deste modo adquiriu a Quinta de D. Maria, na serra do Mendro, Vidigueira (não confundir com a quinta e marca Dona Maria, em Estremoz…). Assim, os primeiros vinhos que agora chegam ao mercado assentam nas duas propriedades e com divisão bem clara na origem das uvas: os brancos, são da Herdade da Capela; os tintos, da Quinta de D. Maria.  A Herdade da Capela localiza-se na sub-região de Moura, na margem esquerda do Guadiana. É uma propriedade de 70 hectares, de suaves encostas, com solos de derivados de calcário com algum granito, à beira do espelho de água do Alqueva. Ali estão plantados 54 hectares de vinha com diversas castas tintas e brancas, mas no Ermo entram apenas estas últimas, e em concreto as variedades, Arinto, Antão Vaz, Verdelho e Viosinho, de videiras com cerca de 25 anos.

A Quinta de D. Maria encontra-se localizada na Serra do Mendro, acompanhando uma das suas encostas que desce desde a cota de 300 metros até à margem do rio Guadiana. É uma propriedade de 231 hectares, com 26 hectares de vinha em produção, 40 hectares de olival tradicional (de onde vem o azeite Ermo), montado e floresta. Os solos são de xisto e pedra rolada do rio e as variedades plantadas são exclusivamente tintas: Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Aragonez, Castelão e Trincadeira, às quais se junta uma pequena parcela de Cabernet Sauvignon. Estas videiras, com mais de 30 anos, têm história no Alentejo. É que, a partir de final dos anos 90 e ao longo de uma década, deram origem aos famosos tintos do produtor Francisco Garcia, vinhos ambiciosos na qualidade e no preço. O que, se traz garantias da excelência do terroir, também acentua a responsabilidade de Mariana Roque do Vale, da enóloga Joana Pinhão e do consultor de viticultura João Torres.

Mariana, porém, não se limitou a recuperar as videiras plantadas naquela encosta do Mendro, com um microclima mais ameno criado pela escarpa da falha da Vidigueira. Aproveitando o relevo da propriedade, plantou 10 hectares de vinha nova, parcialmente desenhada em patamares que, de algum modo, lembram o Douro. A opção varietal passou por reforçar algumas das castas clássicas já existentes na vinha antiga (Alicante Bouschet e Castelão) e introduzir castas portuguesas menos tradicionais na região: Tinta Francisca, Tinta Miúda, Touriga Franca, Touriga Nacional e Sousão. É a expressão de “Alentejo moderno” que Mariana Roque do Vale pretende implementar na marca Ermo. “Queremos novas potencialidades para os nossos vinhos”, refere, “e estas são castas que acreditamos virem a adaptar-se bem ao clima e solo da propriedade, aportando frescura e acidez.” A experiência e conhecimento científico de João Torres foram fundamentais nesta decisão. Foi feito um estudo detalhado do solo, orientação solar e topografia do local, para que cada casta ficasse plantada na parcela mais apropriada. E a construção de parte da vinha em patamares permitiu que algumas variedades, como o Sousão, ficassem viradas a nascente, protegendo-se do calor das tardes de Verão.

Ermo Wines

ALENTEJO MODERNO

A viticultura do Ermo encontra-se no modo de produção integrada, utilizando recursos naturais e mecanismos de regulação natural, e uma parte está em processo de migração para o modo de produção biológico. “As uvas são todas colhidas à mão e na adega, tentamos ser o menos interventivos possível, apostando em fermentações espontâneas e vinhos com macerações mais suaves”, diz a enóloga Joana Pinhão. “Na base do projecto está uma visão moderna da vitivinicultura e da enologia, assente numa filosofia de sustentabilidade nos seus diversos pilares, e numa aproximação de baixa intervenção, respeitando o solo e o carácter das vinhas”, complementa Mariana Roque do Vale.

A primeira vindima (a vinificação é feita na adega da Casa Clara, em Pias) teve lugar em 2020, com os vinhos a começarem a chegar às lojas em finais de 2021. Para já, são cerca de 20.000 garrafas, mas prevê-se um crescimento suave e sustentado ao longo dos próximos anos. No mercado estão dois brancos de Arinto (um deles feito em ânfora) e um tinto de Castelão, pensado num perfil mais leve e elegante. Em breve, chegará um novo tinto, também de 2020, desta vez um blend, com as castas Trincadeira, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon. Os vinhos provados prometem muito, e vale bem a pena manter este projecto Ermo debaixo de olho.

Um projecto que não se esgota no vinho, nem sequer no Alentejo. Mariana Roque do Vale é apaixonada pela arquitectura e pela maneira como o espaço influi na nossa vivência. E como quer introduzir outras formas de pensar o Alentejo e os seus vinhos, está a criar no bairro da Lapa, em Lisboa, numa casa projectada pelo arquitecto brasileiro Paulo Mendes da Rocha (1928-2021) um espaço para jantares vínicos e provas que vai funcionar como extensão enoturística do Ermo e de outros produtores. Em princípio, os primeiros eventos ocorrerão ainda este ano. Em estudo estão também um hotel rural, uma cave de estágio e um pavilhão de provas, com assinatura de alguns dos mais cotados gabinetes de arquitetura contemporânea.

“Quero dar continuidade ao legado de meus pais, mas quero fazer mais coisas, estabelecer uma ponte para o futuro, para um moderno Alentejo”, diz Mariana. Se o Alentejo moderno é assim, venha mais.

(Artigo publicado na edição de Setembro de 2022)

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