Casa Relvas: Um Pom Pom rosé e outras novidades

Casa Relvas

Já relatámos, noutros textos, que o percurso da Casa Relvas pode ser descrito como uma história de família. A anteriormente conhecida por Casa Agrícola Alexandre Relvas, nome que realçava a ligação ao empresário que a fundou em 1997, conta hoje com o papel essencial de ambos os filhos. De tal modo que Alexandre Relvas, o […]

Já relatámos, noutros textos, que o percurso da Casa Relvas pode ser descrito como uma história de família. A anteriormente conhecida por Casa Agrícola Alexandre Relvas, nome que realçava a ligação ao empresário que a fundou em 1997, conta hoje com o papel essencial de ambos os filhos. De tal modo que Alexandre Relvas, o fundador (um dos filhos tem o mesmo nome, lá iremos), diz que já não acompanha tudo o que se passa neste negócio agrícola. Mas não acreditamos… Até porque o sucesso raramente vem do acaso e o êxito da Casa Relvas é inegável. Os números comprovam. Pouco mais de 20 anos depois, a produção total é hoje de oito milhões de garrafas por ano.
A gama é extensa, bem pensada, com muitas referências a serem dedicadas ao mercado externo, sendo que a exportação para mais de 30 países representa cerca de 70% das vendas globais, com mais de 15 mil pontos de venda pelo mundo. Para tal, a empresa detém e controla hoje algumas centenas de hectares de vinha no Alentejo em várias localizações, mas como sempre sucede com os projectos sólidos, o começo foi mais cauteloso. Assim, o primeiro passo foi a aquisição da Herdade de São Miguel no Redondo, em 1995, que conta hoje com 35 hectares em produção, tendo a primeira plantação ocorrido só em 2001. Situada em São Miguel de Machede, é nesta propriedade que se mantém a adega fundadora, construída em 2023, aquela que mais recebe eventos de enoturismo. Esta é uma aposta do produtor, com oferta de programas sazonais e eventos personalizados, para além do evento anual “Um dia em São Miguel”, que ocorre na Primavera.

A exportação para mais de 30 países representa cerca de 70% das vendas globais da empresa

Projecto ambicioso

Mais tarde, o investimento passou pela aquisição da Herdade da Pimenta em Évora (geograficamente a meio caminho do Redondo a Évora), que conta com quase 70 hectares, parte em modo de produção biológico. É aqui onde fica a atual morada da empresa. Mais recente foi a aquisição da Herdade dos Pisões, sita na Vidigueira, ainda com maior dimensão do que as anteriores. Esta aquisição foi a que mais contribuiu para que a Casa Relvas seja, sem dúvida, um dos players alentejanos em destaque no que a vinhos diz respeito.
Alexandre Relvas Jr., filho do empresário, que estudou enologia e viticultura em Bordéus, conta-nos que se juntou ao projeto em 2006, ou seja, cinco anos depois da plantação das primeiras vinhas e da contratação do enólogo Nuno Franco, se mantém na empresa. Nuno, que antes da Casa Relvas teve passagens por outros produtores, com destaque para o também alentejano Monte da Penha (F. Fino), é atualmente o diretor de enologia e viticultura e parte de uma equipa com mais de 70 pessoas. Tendo em consideração a dimensão da operação actual, e a necessidade de criar valor em todas as gamas, Nuno Franco conta agora com a companhia do conceituado enólogo António Braga, consultadoria que espelha bem a ambição do projecto. Com efeito, com um passado longo na Sogrape – universo com a dimensão conhecida e vários vinhos topos de gama afamados – António Braga é um trunfo para qualquer produtor que quer ver analisados todos os seus processos, no sentido de crescer em qualidade e posicionamento, sobretudo nas gamas premium e ultra-premium.
A primeira colheita no mercado foi em 2004, a original do Herdade de São Miguel Colheita Selecionada Tinto, então com apenas 26 mil garrafas. A consistência e inegável relação qualidade/preço dos vinhos fez com que esse número se multiplicasse nos anos seguintes. Em 2008, o número de garrafas comercializadas chega já ao meio milhão e, dois anos depois, atinge mesmo um milhão de vendas. Não espanta que, em 2011, tinha sido necessário construir uma nova adega, agora na Herdade da Pimenta. Em 2016, foi a vez do filho António Relvas se juntar à equipa, para desenvolver um projeto de olival, que se concretizou no ano seguinte com a plantação das primeiras plantas na Herdade dos Pisões, na Vidigueira. Atualmente, os azeites são uma aposta evidente.

Paixão pelo Alentejo

Com paixão pelo Alentejo, a Casa Relvas tem desempenhado um papel importante quer na seleção de castas de origem portuguesa e no desenvolvimento tecnológico (trabalhando em conjunto com o Instituto Superior de Agronomia e a Universidade de Évora com o intuito de conhecer e compreender a complexa vida da videira), quer quanto à sustentabilidade dos vinhos, tendo sido o primeiro produtor a receber a certificação do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA). A verdade é que a empresa tem um pouco de tudo, de castas aos tipos de vinificação. Mas em momento algum quis ficar de fora da tradição, tendo sido dos primeiros produtores de grande dimensão a recuperar a técnica de produção de vinho de talha com mínima intervenção humana.
Já atrás dissemos que a gama é alargada, com marcas que identificam o lugar onde são criadas (caso dos vinhos Herdade de São Miguel e Herdade da Pimenta), se referem a sub-regiões (caso dos lotes Redondo e Vidigueira) e privilegiam a variedade, caso dos vários monocastas disponíveis (do Tinta Miúda ao Syrah, passando pelo Rabo de Ovelha e Sauvignon Blanc). Uma novidade saborosa é o sofisticado Pom Pom, o topo de gama rosé do produtor. O sucesso com o rosé Herdade de São Miguel Colheita Seleccionada, que atualmente vende várias dezenas de milhares de garrafas, implicou, há muito, que parte de uma vinha só fosse dedicada a rosés. Ora da seleção de uma parte dessa vinha, e de uma vinificação ainda mais cuidada, surge agora um novo vinho, mais exclusivo e mais gastronómico, tudo numa bonita garrafa. É caso para dizer que a Casa Relvas só tem razão para festejar!

(Artigo publicado na edição de Maio de 2024)

Pelo terroir de Coelheiros

Coelheiros

Os vinhos da Tapada de Coelheiros surgiram em 1991, pela mão da família Silveira e, desde então, ainda que com alguns sobressaltos pelo meio, mantiveram-se sempre como marca de primeira grandeza, uma referência no Alentejo. A herdade, situada em Igrejinha, Arraiolos, tem hoje cerca de 800 hectares, dos quais 50 de vinha, 40 de pomar […]

Os vinhos da Tapada de Coelheiros surgiram em 1991, pela mão da família Silveira e, desde então, ainda que com alguns sobressaltos pelo meio, mantiveram-se sempre como marca de primeira grandeza, uma referência no Alentejo. A herdade, situada em Igrejinha, Arraiolos, tem hoje cerca de 800 hectares, dos quais 50 de vinha, 40 de pomar (com destaque para o nogueiral), algum olival e, sobretudo, 600 hectares de sobreiros e azinheiras, onde uma vasta fauna de médio e grande porte (ovelhas, gamos, veados) se passeia livremente.
A grande revolução na Tapada de Coelheiros aconteceu após a sua aquisição, em 2015, por parte do empresário brasileiro Alberto Weisser, que chamou para consigo trabalhar o agrónomo e enólogo Luís Patrão. Desde então, progressivamente, foram sendo implementadas práticas sustentáveis e de regeneração do território, sendo a agricultura biológica e regenerativa um pilar vital de tudo o que ali é produzido.
“Centramos os nossos esforços em revitalizar e enriquecer os solos, cuidando da sua rica vida microbiana, incluindo bactérias e fungos, fundamentais para os processos naturais de cura da terra. Nós actuamos apenas como facilitadores destes processos”, diz Luís Patrão. Para tal, são utilizados produtos naturais, como leite, extratos de algas e de plantas, para fortalecer a resiliência da flora, promovendo a sua vitalidade.
É sabido que bio não significa, necessariamente, sustentável. Este último é um conceito bem mais abrangente e com implicações em diversas áreas. Na Tapada de Coelheiros existe perfeita noção disso, e diversas práticas reforçam o comprometimento de Alberto Weisser e da sua equipa com a Natureza. Existe, por exemplo uma rigorosa gestão da água, com o consumo monitorizado através de caudalímetros e sondas de solo, apoiadas por uma estação meteorológica própria. A energia, por seu lado, é fornecida por uma central fotovoltaica. Até os bebedouros para animais, espalhados pela propriedade, são alimentados por painéis solares. Existem abrigos para a fauna terrestre, poleiros para rapinas e refúgios para pequenas aves e morcegos, contribuindo para a manutenção do equilíbrio ecológico, da biodiversidade. Parte desta bicharada retribui o acolhimento, participando no controle biológico de pragas.
Um rebanho de mais de 1.300 ovelhas é responsável pelo pastoreio dos montados, contribuindo para a fertilização do solo e manutenção do coberto vegetal, tanto o espontâneo como o semeado, pensado para optimizar a fertilidade do solo, melhorar a drenagem e o arejamento e prevenir a erosão.
Os vinhos, de uma ou outra forma, terão de reflectir tudo isto. “Os nossos vinhos evocam a essência de cada parcela de vinha de onde têm origem”, refere Luís Patrão.

 

Vinhos de parcela
E é precisamente de parcelas que falamos, para apresentar a nova colheita do Taco e a estreia das referências Alto e Sobreira, vinhos de vinha agora “arrumados” na chamada Gama Terroir da Tapada de Coelheiros.
A vinha do Taco, com 1 hectare, plantada em 2001 é, segundo o enólogo, “um dos melhores exemplares de viticultura de sequeiro na Tapada de Coelheiros.” Está situada a uma altitude de aproximadamente 270 metros, no sopé de uma encosta, com exposição solar predominante a sul. Esta vinha tem a particularidade de ser circundada por uma densa floresta de sobreiros e azinheiras e fechada por duas linhas de água. Esta localização proporcionou depósitos de aluvião, sendo que o solo, de origem granítica, tem na superfície uma textura que varia de arenoso-argiloso para arenoso-limoso. Em profundidade, encontra-se uma camada cascalhenta, que facilita a drenagem e promove o desenvolvimento das raízes das videiras. A casta aqui plantada é Petit Verdot, proveniente de selecção massal, e a parcela está em agricultura biológica desde 2017. O Tapada de Coelheiros Taco de 2014, recentemente colocado no mercado, fermentou em inox e permaneceu 18 meses em barrica. Como tem vindo a ser habitual nesta referência (o de 2012 foi lançado em 2022) espera sempre vários anos em garrafa até chegar ao mercado.
A vinha da Sobreira foi igualmente plantada em 2001, e a casta Syrah, de selecção massal, ocupa uma parte dos seus 1,35 hectares, em sequeiro. Está localizada na cota 280-290 metros, no sopé de uma colina, com exposição noroeste, junto a uma pequena mata de sobreiros. O solo é predominantemente argilo-arenoso, com alguns elementos grosseiros de quartzo e granito, com baixa matéria orgânica. A vinha está conduzida em cordão bilateral, o que, segundo Luís Patrão, “optimiza tanto a exposição solar das uvas quanto a ventilação das folhas, proporcionando tanto boas maturações, como sanidade da fruta.” Tal como na vinha do Taco, a viticultura biológica foi aqui implementada em 2017. Em 2020, porém, passou a biodinâmica, “reflectindo o nosso compromisso com a sustentabilidade e a promoção da regeneração do solo”, destaca o enólogo.
A vinificação em separado do Syrah desta parcela, ocorrida em 2020, teve algumas nuances face ao Petit Verdot da vinha do Taco. Fermentado em lagar de inox só com as leveduras indígenas, teve uma curta maceração pós-fermentativa de cinco dias para encorajar o início natural da fermentação malolática. Depois, o vinho passou para um tonel de 1800 litros, onde amadureceu durante 18 meses, seguido de estágio em garrafa de igual período.

Coelheiros
Dos três vinhos da Gama Terroir, o Alto é o único branco. Esta vinha, com pouco mais de 1 hectare (1,09, para ser preciso), foi uma das últimas a ser plantada pela família Silveira. Fica no centro da Tapada de Coelheiros, numa ligeira encosta, a 300 metros de altitude, envolvida entre um pomar, um prado e um bosque de pinheiros mansos que inspiram o rótulo que embeleza a garrafa. Os solos têm origem granítica, são profundos e ricos em argila. É nesta zona e em parcelas adjacentes que se encontra a maior mancha de castas brancas da herdade. A parcela Alto está plantada com a casta Arinto. Diz Luís Patrão que, nos últimos anos, foi ali promovido intenso trabalho para melhorar as coberturas de solo, semeando leguminosas nas entre-linhas para promover a fixação natural de azoto. A condução do Arinto é em Guyot bilateral, originando uma boa fertilidade.
O Alto 2018 foi feito a partir da prensagem de cachos inteiros, com fermentação do mosto em duas barricas de carvalho francês usadas, de 500 litros. Ali permaneceu o vinho mais um ano, até ao seu engarrafamento. Luís Patrão aprecia particularmente a Arinto e está convencido da longevidade em garrafa dos vinhos desta casta. Daí que não tenha hesitado em esperar todo este tempo até se decidir a enviar o Alto branco 2018 para o mercado. O vinho parece dar-lhe razão.
Como se percebe, esta Gama Terroir é constituída por vinhos oriundos de pequenas parcelas, com particularidades que a equipa considera especiais dentro dos 50 hectares de vinha da propriedade. São também por isso produzidos em quantidades reduzidas: 1.410 garrafas para o Alto, 2.244 para o Sobreira e 3.600 para o Taco. Quantidades ainda assim mais do que suficientes para reafirmar a excelência do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido e a singularidade do projecto Tapada de Coelheiros.

(Artigo publicado na edição de Maio de 2024)

Monte Branco: O lado imprevisto de Estremoz

Monte Branco

Luís Louro foi um dos mais jovens produtores individuais do Alentejo, atirando-se “de cabeça” na fundação da Adega do Monte Branco logo em 2004, tinha apenas 23 anos. O gosto e “a escola” herdou-a de seu pai, Miguel Louro, conceituado criador de vinhos na vizinha Quinta do Mouro. Mas tudo o resto veio do seu […]

Luís Louro foi um dos mais jovens produtores individuais do Alentejo, atirando-se “de cabeça” na fundação da Adega do Monte Branco logo em 2004, tinha apenas 23 anos. O gosto e “a escola” herdou-a de seu pai, Miguel Louro, conceituado criador de vinhos na vizinha Quinta do Mouro. Mas tudo o resto veio do seu próprio trabalho, talento e investimento, crescendo e solidificando, a pouco e pouco, o projecto que criou, desde o início baseado, sobretudo, numa marca – Alento – genial no nome, rótulo e conteúdo da garrafa. Desde 2008 ganhou o apoio da também enóloga Inês Capão, que ali parou após experimentar outras uvas e vinhos mais a norte. A cumplicidade entre os dois profissionais é evidente, até quando discutem e discordam no melhor caminho para alcançar o objectivo. Destes debates nasce, muitas vezes, a luz, que ilumina aromas e sabores em vinhos quase sempre marcantes. E quando não chegam a consenso, prossegue cada um o seu caminho vínico, com humor e criatividade: foi assim que nasceu a linha Lou (de Louro) Ca (de Capão). Os LouCa, são duos de brancos e/ou tintos que os enólogos fazem, “à sua maneira”, sem entraves ou compromissos.

Monte Branco
A parcela em redor da adega, chamada Vinha do Monte Branco, com solos de transição de xisto/calcário, foi plantada em 2017/2018 e ocupa 3,5 hectares.

O projecto da Adega do Monte Branco estabilizou já nas 250 a 300 mil garrafas/ano, com a marca Alento (incluindo a declinação Reserva) a dar conta da maioria da produção, sobrando depois as especialidades: a já citada linha LouCA, os varietais, os vinhos de vinha e, é claro, o topo de gama, branco e tinto, simplesmente chamado Monte Branco. Tudo isto assenta em 28 hectares de vinhas próprias e outros 18 arrendados, localizados na área de Estremoz, vinhas plantadas em solos calcários, de xisto ou de transição entre ambos, entre os 320 e os 400 metros de altitude, com as idades a andar entre os dois e os 28 anos. O modelo de viticultura é o da produção integrada, com várias vinhas de sequeiro aqui trabalhadas com cuidados especiais. Naturalmente, a variabilidade entre as parcelas é enorme, em termos de solos (origem, composição e profundidade), exposição e orientação. Luís e Inês tentam tirar o maior partido de cada parcela, adaptando porta-enxertos, castas e condução às suas características específicas.

Onde nascem os vinhos

Vale a pena gastar algumas linhas com estas parcelas de vinha própria, até porque cada uma origina uvas para vinhos concretos, alguns deles agora colocados no mercado. Várias destas vinhas estão particularmente vocacionadas para brancos de topo, de teor alcoólico moderado e imensa frescura, mas a que não falta volume e equilíbrio, e que são cada vez mais “imagem de marca” pela sua presença diferenciadora, deste novo ciclo do Monte Branco, casa que este ano cumpre 20 anos (já?) de idade. Aliás, nos vinhos de topo, os brancos ocupam 30% do total.

A parcela em redor da adega, apropriadamente chamada Vinha do Monte Branco, com solos de transição de xisto/calcário, foi plantada em 2017/2018 e ocupa 3,5 hectares. É a principal vinha de brancos da casa e, segundo Luís Louro, funciona também como campo de ensaios. “Os vinhos daqui têm uma acidez incrível!”, refere. Às brancas Esgana Cão, Arinto e Galego Dourado (julgaríamos estar nos arredores de Lisboa!) juntam-se as tintas Tinta Miúda, Alicante Bouschet e Sousão. Aqui nasce o Monte Branco branco, o Vinhas Novas branco, o Ca 2021 (feito só de Esgana Cão) e o varietal de Sousão.

Já a Vinha de São Pedro tem uma parte “nova”, 3,3 hectares plantados em 2001 em xisto, com Alicante Bouschet e Aragonez (“dá tintos muito concentrados”, diz Luís Louro); e uma parte “velha”, de 1996, com 3,2 hectares de Castelão, Trincadeira e Aragonez em solos de xisto/calcário. É a vinha mais antiga da casa, de sequeiro, com as castas misturadas, onde têm sido feitas algumas experiências e ainda está a ser estudada e recuperada pelos dois enólogos.

A parcela Horta do Gaudêncio, são 2,6 hectares em solo calcário, que foram plantados em 2019 com Alicante Bouschet, Castelão e Trincadeira, com enxertia no local a partir de varas das melhores parcelas de cada casta. É também uma vinha de sequeiro, aproveitando o solo profundo com boa retenção de humidade. Inês e Luís estão surpreendidos com a qualidade geral, apesar da juventude da vinha, mas a falta de enxertadores condiciona o modelo de enxertia no campo: Cinco anos depois, a parcela ainda tem 30% de falhas. Daqui saiu o Lou tinto 2021.

A Vinha da Freira é a maior parcela, com 10,5 hectares, plantada em 2020 com Trincadeira, Alicante Bouschet, Tinta Miúda, Tinta Grossa, Moreto, Castelão, Tinta Carvalha, Marufo, Tinto Cão, Arinto, Roupeiro. Como se percebe pela diversidade, funciona também como campo de ensaios, com castas antigas do Alentejo e de outras regiões nacionais. Teve em 2023 o seu primeiro ano de produção, “com resultados muito promissores”, referem os enólogos. Também plantada em 2020, a Courela Estreita (1 hectare em calcário) contempla nada menos de 32 castas misturadas, com poda em vaso. O “field blend” foi colhido em 2023 e, ao que parece, deu para entusiasmar. Parcela que há muito deixou de ser promessa para se tornar valor seguro é a Vinha da Cabrota: 3,5 hectares de Alicante Bouschet, Aragonez e Castelão, plantados em 2001. É uma vinha de sequeiro, em solo calcário, com muito baixa produção e uvas que “temperam” com imensa frescura os melhores lotes da Adega do Monte Branco, com particular incidência nos seus tintos de topo.

(Artigo publicado na edição de Maio de 2024)

António Zambujo: Música numa garrafa

António Zambujo

Foi no eixo Beja-Vidigueira que se conheceram ainda miúdos e a vida levou-os em diferentes direcções, sem nunca os separar totalmente. A dada altura, nos seus regulares encontros à volta da mesa e do vinho (como não podia deixar de ser), uma ideia foi assentando. O conceito inicial poderia formular-se assim: criar uma linha de […]

Foi no eixo Beja-Vidigueira que se conheceram ainda miúdos e a vida levou-os em diferentes direcções, sem nunca os separar totalmente. A dada altura, nos seus regulares encontros à volta da mesa e do vinho (como não podia deixar de ser), uma ideia foi assentando. O conceito inicial poderia formular-se assim: criar uma linha de vinhos que traduzisse, na forma e no conteúdo, os 20 anos da carreira musical de António Zambujo. Uma carreira eclética que passou, primeiro, pelo cante alentejano e pelo fado, mais tarde abrindo-se a influências do mundo, um ecletismo que os vinhos deveriam igualmente expressar.
Dando a liderança técnica ao enólogo entre eles (Luís Leão, profundo conhecedor do Alentejo e da Vidigueira em particular), todos participariam na definição dos lotes e dos perfis dos vinhos que, nesta fase de arranque do projecto, deveriam estar alinhados com as influências musicais de cada um dos 10 álbuns do artista, deles retirando igualmente o nome. Como não têm vinhas nem adega, caberia a Luís selecionar vinhos em diferentes produtores da Vidigueira, adquiri-los, lotá-los e estagiá-los.
Bem dito, bem feito. Só que, a dada altura, foi preciso encontrar um local para colocar as barricas que albergavam os “vinhos musicais”. João Pedro Baião colocou-se em campo e descobriu e adquiriu, em Vila de Frades, centro de um dos mais significativos terroirs vitivinícolas da Vidigueira, um espaço imponente construído em 1879 como adega de talhas e onde mais tarde funcionou uma carpintaria. Quando começaram a reabilitá-lo, acharam que não fazia sentido ficar fechado, apenas um armazém. Porque não abrir ali um wine bar/loja de vinhos? E assim nasceu a Adega da Zabele. O nome encontrado resulta da conjugação das iniciais dos três sócios, mas também tem um lado feminino. Pode significar a maneira alentejana de dizer Isabel.

António Zambujo
António Zambujo, Luís Leão e João Pedro Baião.

 

Vinhos e concertos

A Adega da Zabele funciona às sextas, sábados e domingos. Mas atenção, não é um restaurante. Sem cozinha, apenas com copa, funciona à base de petiscos, pão, azeitonas, azeite, queijos, enchidos, conservas, escabeches e outras coisas boas. As paredes estão forradas com vinhos de quase todos os produtores da Vidigueira, que ali podem ser adquiridos a preço de loja e servidos, mediante módica taxa de rolha. Uma vez por mês, há um jantar-concerto, com a cozinha encomendada a mãos experientes. O primeiro foi, naturalmente, inaugurado por António Zambujo, em Outubro do ano passado, mas por lá já passaram nomes como Pedro Abrunhosa, Ricardo Ribeiro ou Tiago Nogueira. O próximo vai ser protagonizado por uma orquestra argentina. Nestes jantares-concertos (cujos 54 lugares, vendidos através das redes sociais, costumam esgotar em 24 horas, com gente vinda de todo o país) há sempre um produtor local convidado a apresentar os seus vinhos.
A propósito de vinhos, convém falar dos que agora chegaram ao mercado. São três, com rótulos distintos, correspondendo a outros tantos álbuns de António Zambujo: Outro Sentido, Guia e Quinto. Luís Leão procurou que o conteúdo das garrafas fosse ao encontro do perfil das obras musicais, e estes primeiros lotes foram elaborados com base em vinhos comprados em 6 diferentes produtores da Vidigueira. Mas não quer dizer que, no futuro, seja sempre assim. “Defendemos o nosso território, mas não estamos agarrados a ele, diz João Pedro. E Luís exemplifica: “O álbum Avesso vai traduzir-se, naturalmente, num branco da casta Avesso, da região dos Verdes. E, quase certo, vamos ter um vinho da região de Lisboa, para expressar um álbum de fado.”
Dos vinhos agora apresentados fizeram-se 1000 garrafas de cada, em embalagem conjunta. Os dois primeiros álbuns de António Zambujo (O Mesmo Fado e Ode) vão encher 600 garrafas magnum cada um. “O projecto começou de forma descontraída e vai crescer devagarinho, desenvolver-se de modo natural, juntando amigos e vinhos”, comenta António Zambujo. “Hoje já vamos vendo isto como um negócio, mas tudo começou sentados à mesa.” E que boa maneira de iniciar uma coisa destas…

(Artigo publicado na edição de Abril de 2024)

Adega de Redondo: Aqui nasceu o Porta da Ravessa

ADEGA DE REDONDO

A serra está sempre presente no horizonte, mas aqui, ao contrário de outras serras de outras zonas do Alentejo, quase não existem vinhas nas suas encostas. Há, de qualquer forma, uma influência evidente em termos de clima e a explicação é-nos dada por Mariana Cavaca, a enóloga da adega, que há vários anos assumiu a […]

A serra está sempre presente no horizonte, mas aqui, ao contrário de outras serras de outras zonas do Alentejo, quase não existem vinhas nas suas encostas. Há, de qualquer forma, uma influência evidente em termos de clima e a explicação é-nos dada por Mariana Cavaca, a enóloga da adega, que há vários anos assumiu a direcção de enologia. Diz-nos que ali conseguem “ter vinhos com mais frescura, mais elegância do que noutras zonas, onde os vinhos tendem a ser mais encorpados e estruturados, porque aqui temos noites mais frescas e isso faz a diferença”. Estamos, apesar desta frescura, em terras de clima quente e isso tem vantagens (menos pressão das doenças da vinha), mas também desvantagens – falta de água e baixa produção por hectare. A adega também recebe uvas de Cuba e de Caia (integradas em marcas de Vinho Regional), mas Mariana confessa que são substancialmente diferentes das que aqui se produzem. A falta de água reflecte-se depois nas produções que se conseguem, muito abaixo do que seria expectável em castas que produzem bem, como a Alicante Bouschet e a Arinto.

 

Tem-se verificado um aumento exponencial da produção do rosé, que hoje atinge as 300.000 garrafas. É sobretudo devido ao rosé que se tem mantido a casta Castelão.

 

Uma marca a apoiar o desporto
A marca Porta da Ravessa foi, durante anos e anos, um nome obrigatório no Alentejo, tendo atingido produções que chegaram a sete milhões de garrafas e o ciclismo foi uma das modalidades que mais apoio teve. Hoje ainda representa cerca de três milhões de garrafas e a diferença explica-se pela concorrência que, entretanto, se desenvolveu. Foi, no entanto, decidido manter a marca e alargar o leque de vinhos que usam o nome emblemático. Foram esses, essencialmente, que foram objecto da nossa prova.
Um dos vinhos provados tem o epíteto de Vinhas Velhas, mas a enóloga lembra-nos que “temos poucas vinhas velhas por aqui, porque quase tudo foi reestruturado e, por isso, só ocasionalmente é possível fazer esse vinho”. Fica-nos a dúvida: quais as castas que melhor podem representar o perfil dos vinhos do Redondo? A resposta não foi de rajada, mas veio: nos brancos o Antão Vaz, Rabo de Ovelha, Verdelho e Fernão Pires; outrora com mais presença, mas a perder fôlego temos Roupeiro, Rabo de Ovelha e a tinta Moreto Já no que respeita ao melhor lote para brancos, a resposta é imediata: Antão Vaz e Arinto, resposta esta que, cremos, poderá também ser dada noutras regiões do vasto Alentejo.
As castas da moda também aqui marcam presença, com crescimento da Touriga Nacional, Touriga Franca, Syrah e Alicante Bouschet. Quanto a estilos de vinho, tem-se verificado um aumento exponencial da produção do rosé, que hoje atinge as 300.000 garrafas. É sobretudo devido ao rosé, confirma a enóloga, que se tem mantido a casta Castelão mas, logo adianta, “a Castelão dá para fazer tudo!”
A adega tem vinhos nas grandes superfícies a €1,80. Isso faz-nos logo pensar na rentabilidade de um negócio deste tipo e Nuno P. Almeida confessa: “só se consegue com uma rentabilização do pessoal, uma organização minuciosa que tire partido das 55 pessoas que aqui trabalham e um planeamento também ele minucioso dos trabalhos de adega, sobretudo na vindima, quando chegam a entrar 600 toneladas de uva por dia”. Neste capítulo, Mariana acrescenta que, “quando marcamos o dia para entrada de uvas Verdelho, por exemplo, eu tenho sempre uma prensa pronta e destinada apenas a receber Verdelho e isso, tal como com outras castas, obriga a uma calendarização das tarefas. Mas a verdade é que não há um litro de vinho nesta adega que seja movimentado, seja para filtrar seja para engarrafar ou outro que não tenha a minha aprovação”.

 

A vindima obriga a um planeamento minucioso dos trabalhos da adega, porque chegam a entrar 600 toneladas de uva por dia.

 

Sustentabilidade e história vínica
Visitámos a adega em Março, num dos momentos-chave para os associados. É agora que se paga a terceira tranche da vindima de 2022; a de 2023, também em três fases, será paga até Março do ano que vem. As uvas pagam-se por grau/quilo, por serem DOC ou IG, e um reforço por casta. Tudo somado estamos a falar de um preço médio a rondar os 39 cêntimos/quilo, sendo certo que as uvas com direito a DOC são mais bem pagas que outras.
Por aqui, desde 2019 caminha-se no sentido do selo da sustentabilidade mas, dizem-nos, não é fácil porque é preciso garantir que 60% dos viticultores cumprem os requisitos e “a burocracia que envolve é desanimadora. Mas temos de conseguir, porque até para concorrer a alguns tenders (Concursos que ocorrem sobretudo nos países nórdicos, em que os potenciais candidatos são convidados a oferecerem propostas de venda dos seus produtos) é preciso o selo”.
Tínhamos alguma curiosidade em provar alguns vinhos velhos da adega. Ficámos a saber que foi um sarilho para encontrar algumas garrafas. Nada de estranhar, porque a regra do “vender tudo até à última garrafa” é norma em muitas casas de produtores e empresas deste país. Também por aqui (Alentejo) não há tradição de se partilharem garrafas entre as adegas cooperativas. Dar o conhecer os melhores vinhos e dialogar com outros só pode trazer benefícios mas… Isso ainda vai ter de esperar, dizemos nós. Ainda assim, duas boas notícias: a promessa que irão passar a deixar de lado uma quantidade mínima de garrafas das marcas mais emblemáticas (digamos, 10 dúzias…!) e a prova de um vinho que não tinha rótulo, mas que era um Garrafeira de 2001. Resultado? Um tinto notável e cheio de saúde, que nos ajudou na reclamação que fizemos por não haver cuidado com os velhotes…

 

(Artigo publicado na edição de Abril de 2024)

Enoturismo do Alentejo cresceu 27% em 2023

Entre os diferentes programas vínicos destacam-se as visitas guiadas às vinhas, às adegas e às caves, as provas de vinhos, os workshops e cursos vínicos, as sessões de vinoterapia, os passeios a pé, de bicicleta e, até, a cavalo pelas vinhas.

A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) anunciou que o enoturismo do Alentejo cresceu 27% em 2023. Entre os turistas que mais visitam a região para desfrutar de programas vínicos estão, em primeiro lugar, os portugueses, seguindo-se dos brasileiros e dos norte-americanos. Para além destes, destacam-se os cidadãos de países como a Suíça, Espanha, França, Bélgica […]

A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) anunciou que o enoturismo do Alentejo cresceu 27% em 2023.

Entre os turistas que mais visitam a região para desfrutar de programas vínicos estão, em primeiro lugar, os portugueses, seguindo-se dos brasileiros e dos norte-americanos. Para além destes, destacam-se os cidadãos de países como a Suíça, Espanha, França, Bélgica e Reino Unido. De salientar que o Canadá foi o país que registou o maior crescimento em 2023, na ordem dos 75%.

“O enoturismo é uma referência para o Alentejo, pois potencia a vinda de turistas à região e contribui para a dinamização da sua economia”, salienta Francisco Mateus, presidente da CVRA, acrescentando que “a tradição vitivinícola milenar, os vinhos de qualidade que produz, reconhecidos internacionalmente, e os programas diversificados de atividades ligadas ao enoturismo atraem cada vez mais turistas interessados em conhecer a região, a cultura, a gastronomia e as gentes alentejanas”.

Entre os diferentes programas vínicos destacam-se as visitas guiadas às vinhas, às adegas e às caves, as provas de vinhos, os workshops e cursos vínicos, as sessões de vinoterapia, os passeios a pé, de bicicleta e, até, a cavalo pelas vinhas.

De entre os diferentes itinerários disponíveis nos três distritos do Alentejo – Rota de São Mamede (Distrito de Portalegre), Rota Histórica (Distrito de Évora) e Rota do Guadiana (Distrito de Beja) – a Rota Histórica é a que tem mais enoturistas. No entanto, a Rota do Guadiana foi a que apresentou um maior crescimento (+44%) em 2023, face ao ano anterior.

Estive lá: À procura dos bons sabores de Serpa

Estive lá Serpa

Se há coisa que gosto de fazer no tempo frio, é pegar no carro e dar uma volta de fim de semana prolongado à descoberta de terras de Portugal. Um deles levou-me até Serpa e às Minas de São Domingos, com direito a belos passeios a pé em dias límpidos e frios, que nos permitiram […]

Se há coisa que gosto de fazer no tempo frio, é pegar no carro e dar uma volta de fim de semana prolongado à descoberta de terras de Portugal. Um deles levou-me até Serpa e às Minas de São Domingos, com direito a belos passeios a pé em dias límpidos e frios, que nos permitiram viver um pouco daquilo que o Alentejo tem de melhor.
Serpa é uma das terras onde não me canso de voltar. Para passear nas suas ruelas de casario muitas vezes branco, que parecem ser sempre diferentes quando volto, para dar mais uma olhadela ao seu aqueduto e subir ao castelo para ver de novo as vistas.

Um pouco abaixo fica o restaurante O Alentejano, o destino do nosso almoço desse dia. Gosto de lá ir porque serve boa comida da região, o serviço é simpático e tem uma boa oferta de vinho, sobretudo alentejano, incluindo a de vários produtores locais.

O queijo, os enchidos e as azeitonas que vieram primeiro eram irresistíveis, e foram sendo saboreados na companhia de pão alentejano, como não podia deixar de ser. Como já tinha algumas saudades de uma boa sopa de cação e ali vale mesmo a pena saboreá-la, foi isso que escolhemos, apenas uma dose, que era farta o suficiente para dois. Para companhia foi-me sugerido, por quem estava a servir à mesa, o branco Encostas de Serpa da casta Antão Vaz e da colheita de 2022, de um produtor local, Monge & Filhas, que foi um bom parceiro do repasto. Uma encharcada a dividir por dois e um par de cafés terminaram um almoço bastante satisfatório, que nos reconfortou para o resto do dia.

Depois foi entrar nas mercearias e lojas da terra que vendem aquilo que melhor se faz por ali, desde o seu queijo de ovelha, único de aromas e sabores, ao seu pão e aos seus azeites e enchidos, que me sabem sempre de forma diferente. Entrámos na Casa Paixão e na Queijaria Tradiserpa para comprar um par de queijos para trazer para casa, e foi hora de pegar no carro para ir até às Minas de S. Domingos, um património mineiro histórico que gostei de visitar. Mas isso fica para outra estória.

Restaurante O Alentejano
Morada: Praça da República 15, 7830-389 Serpa
Telefone: + 351 284 544 335
E-mail: rest.oalentejano.serpa@gmail.com

Casa Paixão
Morada: Praça da República s/n, 7830-389 Serpa
Tel.: + 351 069 345 345
E-mail: casapaixaoserpa@gmail.com

Queijaria Tradiserpa
Morada: Rua dos Canos 6, 7830-412 Serpa
Tel.: 284 549 302
E-mail: tradiserpaqueijos@sapo.pt

Vinho na Vila é no dia 11 de Maio

Vinho na Vila é no dia 11 de Maio

Considerada por muitos a “mais branca aldeia de Portugal”, a Vila Alva engalana-se em Maio para a festa do ano. É já no próximo dia 11 que os seus habitantes voltam a abrir as portas das suas casas, para acolher os visitantes em provas de vinhos e petiscos, em mais uma edição do “Vinho na […]

Considerada por muitos a “mais branca aldeia de Portugal”, a Vila Alva engalana-se em Maio para a festa do ano. É já no próximo dia 11 que os seus habitantes voltam a abrir as portas das suas casas, para acolher os visitantes em provas de vinhos e petiscos, em mais uma edição do “Vinho na Vila”, onde algumas dezenas de produtores de todo o país se juntam para celebrar a gastronomia e o vinho em ambiente de festa.

Pelo aglomerado rústico, nas 13 adegas da terra e nas bancas de mais 35 produtores de todo o país, no Largo da Fonte ou na Praça da Igreja Matriz, vão estar em prova mais de 250 referências de vinhos, a par das comidas típicas da região. A organização cabe ao Enóphilo e ao produtor XXVI Talhas e conta com o apoio do município de Cuba.
“O ano passado recebemos cerca de meio milhar de pessoas. Foi indescritível o ambiente que se criou!”, salienta Alda Parreira, uma das mentoras do projeto, e representante da marca XXVI Talhas, juntamente com o irmão, Daniel Parreira. “Este projeto é muito mais do que um encontro em redor do vinho e dos petiscos. É um convite a que nos descubram, a que sejam contagiados pelas maravilhas que se escondem no interior profundo do nosso país, nomeadamente o Alentejo”, acrescenta.

Este ano, na véspera do evento, dia 10 de maio, há a novidade “Chefs na Vila”, com João Narigueta e Filipe Ramalho a preparar uma refeição a quatro mãos para vinhos de três produtores: XXVI Talhas, Mainova e Joaquim Arnaud. A degustação terá início às 20h00, na adega do Mestre Daniel, a casa dos XXVI Talhas, em Vila Alva.

Para Luís Gradíssimo, do Enóphilo, a quem cabe a organização, pelo segundo ano, do Vinho na Vila, esta iniciativa é “das mais genuínas e pitorescas”, nas quais está envolvido. “Depois da edição de 2023, os habitantes envolveram-se intimamente com o projeto, retocando a cal das paredes para avivar a sua brancura e abrindo as portas das próprias casas para acolher os forasteiros que chegam de todo o país. É único!”

A partir das 20h30, é servido o Jantar com Vinho, no largo da Igreja Matriz de Vila Alva, para dar protagonismo à comida tradicional alentejana harmonizada com vinhos do produtor XXVI Talhas. “Sentimos que devemos devolver algo à comunidade que nos viu nascer e crescer, contribuindo para que a riqueza que esta povoação tem nas suas adegas de talha ancestrais, seja valorizada”, remata Daniel Parreira.