Algarve produziu quase dois milhões de litros de vinho em 2024

Algarve

Segundo a sua Comissão Vitivinícola Regional (CVR), o Algarve produziu, no ano passado, mais de 1982 milhões de litros de vinho, o que representa um crescimento de cerca de 20% em relação a 2023 e uma das melhores produções dos últimos 15 anos. A maior parte são vinhos certificados com Denominação de Origem ou Indicação […]

Segundo a sua Comissão Vitivinícola Regional (CVR), o Algarve produziu, no ano passado, mais de 1982 milhões de litros de vinho, o que representa um crescimento de cerca de 20% em relação a 2023 e uma das melhores produções dos últimos 15 anos.

A maior parte são vinhos certificados com Denominação de Origem ou Indicação Geográfica e apenas 100 a 200 mil são de Vinho de Mesa, segundo valores adiantados por Sara Silva, a Presidente da CVR do Algarve. A responsável revela também que o crescimento se poderá dever ao aumento do número de produtores, que são actualmente 61, da área de vinha, que aumentou 180 hectares nos últimos três anos, e à reconversão de zonas já plantadas.

“Na região vende-se vinho sobretudo no verão, na época alta”, conta Sara Silva acrescentando que, “por isso, há uma grande procura de vinhos mais frescos, como os brancos, rosés e espumantes”, apesar de as produções e consumo de tintos também estarem a crescer de forma sustentável.

A maior parte do vinho produzido no Algarve é consumido durante o tempo quente, sobretudo pelos turistas que visitam a região, com a exportação a oscilar entre os 10 e 15% revela Sara Silva, acrescentando, ainda, que a maioria dos vinhos colocados lá fora destinam-se aos mercados da Europa.

Algarve muda imagem e afina estratégias

A nova imagem dos vinhos do Algarve e Sara Silva

Para o consumidor do resto do país, os vinhos algarvios não são desconhecidos, mas quase. Muitos dos vinhos aqui produzidos (cerca de 80%!) ficam no próprio mercado algarvio, que não só consegue suportar grande parte da produção, como inclusive paga melhor, em média, que no resto do país. Um produtor de nacionalidade alemã vende a […]

Para o consumidor do resto do país, os vinhos algarvios não são desconhecidos, mas quase. Muitos dos vinhos aqui produzidos (cerca de 80%!) ficam no próprio mercado algarvio, que não só consegue suportar grande parte da produção, como inclusive paga melhor, em média, que no resto do país. Um produtor de nacionalidade alemã vende a totalidade das suas garrafas no seu país de origem.
Por outro lado, apesar do aumento do número de produtores, a área de vinha e respectiva produção pouco tem aumentado. Não há falta de investidores, nem falta de dinheiro para investir. De facto, em 2019 foram pedidos cerca de 150 hectares para novas plantações, mas a grande maioria não foi aceite, garantiu-nos a presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve (CVR), Sara Silva. Muito encepamento tem recaído em castas estrangeiras, mas tem aparecido algum revivalismo, aqui e ali, no que toca às castas mais tradicionais, como a Negra-Mole e Crato-Branco. “Os produtores estão a agora a tirar todo o potencial da Negra-Mole, que é uma casta muito versátil, produzindo palhetes, brancos de tintas, rosés e tintos pouco alcoólicos”, garante Sara Silva. Infelizmente, são poucas e pequenas as vinhas de cepas muito velhas. De tal maneira que Sara nos disse que considera neste momento Vinhas Velhas as que têm cerca de 25 anos e acima. A CVR está ainda a fazer o cadastro de todas as vinhas da região.

Distribuição da cultura da vinha na região do Algarve

Sara divulgou-nos mais alguns dados do Algarve vínico: dos 45 produtores de vinho registados, só 30 possuem marcas no mercado. Os maiores certificadores são a Casa Santos Lima, a Quinta dos Vales e a Quinta do Barranco Longo. Ao todo estamos a falar de uma produção de quase 1,4 milhões de garrafas/ano, sobretudo em tintos e a grande maioria em Regional Algarve (DOC é apenas 5%!). Mas, diz Sara Silva, “os brancos e rosés estão em subida”. No total, a área de vinha apta para vinho do Algarve é de apenas 800 hectares. Note-se, em comentário à parte, que alguns produtores portugueses têm maior área de vinha e muitos outros produzem mais do que toda a região algarvia!
Considerando isto e o que se disse antes, a CVR Algarve resolveu afinar as suas estratégias de promoção e, ao mesmo tempo, mudar a identidade visual dos Vinhos do Algarve. No primeiro caso, Sara Silva, diz que “a focalização na qualidade será o caminho a seguir pela região”. A direcção da CVR acha que, dada a dimensão geográfica do Algarve, não será possível competir em escala. Por isso, a aposta de promoção vai ser dirigida ao mercado nacional, e mais especificamente, ao mercado regional. Neste sentido, vão iniciar-se acções dirigidas ao canal Horeca (hotelaria, restauração, cafés) o qual ainda apresenta, diz-nos Sara, um “enorme potencial de crescimento para os Vinhos do Algarve”. Ao mesmo tempo, a CVR irá realizar outras acções, dirigidas ao mercado do turismo (nacional e internacional), em parceria com a Região do Turismo do Algarve. O principal alvo serão as feiras, postos de turismo e o aeroporto de Faro.
Para reforçar a estratégia e o esforço de promoção, foi criada uma nova logomarca que irá reforçar, junto da restauração e do público final, “a qualidade, diversidade e exclusividade dos Vinhos do Algarve”. O novo logotipo retrata assim os principais ícones e lifestyle do Algarve – sol, gastronomia, férias, património, tradições e praia.
Para levar este plano adiante, a CVR do Algarve irá investir 120 mil euros ao longo dos próximos dois anos. (texto de António Falcão)