Falua abraça novo desafio e entra em Monção e Melgaço

A Falua, renomada empresa produtora de vinho na região do Tejo, já tinha sido adquirida em 2017 pelo grupo francês Roullier, que a escolheu para o arranque do seu projecto de vinhos em Portugal. Na verdade, a Falua, com mais de 25 anos de idade, é o primeiro investimento do grupo no sector do vinho, […]

A Falua, renomada empresa produtora de vinho na região do Tejo, já tinha sido adquirida em 2017 pelo grupo francês Roullier, que a escolheu para o arranque do seu projecto de vinhos em Portugal.

Na verdade, a Falua, com mais de 25 anos de idade, é o primeiro investimento do grupo no sector do vinho, grupo este que está presente noutras áreas de actividade em 131 países, e que conta com mais de 8 mil colaboradores em todo o mundo e um volume de negócios superior a 2 mil milhões de euros.

Agora, a Falua incursa num novo desafio, com a entrada em Monção e Melgaço, sub-região dos Vinhos Verdes. A compra de uma adega aí sediada, confirma a fama e o proveito do berço da casta Alvarinho como origem de vinhos brancos de qualidade superior.

“Uma aposta séria e ambiciosa no sector dos vinhos em Portugal levou o Grupo Roullier a formar uma nova equipa de gestão, com a missão de criar e desenvolver um projecto de vinhos sólido e de sucesso em Portugal e no Mundo: Rui Rosa, Administrador da filial do Grupo Roullier em Portugal há mais de 20 anos, acumula desde 2017 a Administração do Grupo para o sector vitivinícola”, é explicado em comunicado. Antonina Barbosa, ligada ao sector dos vinhos há 20 anos e à Falua desde 2004, assumiu em 2019 a Direção Geral do projecto de vinhos, acumulando com a Direção de Enologia.

FALUA: Um empurrão francês contra o preconceito

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Quais são as probabilidades de um grande investidor estrangeiro – francês, ainda por cima – entrar para o negócio do vinho através da região do Tejo? Se pensarmos na desconfiança que alguns consumidores ainda mantêm sobre esta zona do país, muito poucas. Mas aconteceu na Falua. E são vários os argumentos que sustentam esta declaração anti-preconceito.

TEXTO Luís Francisco
FOTOS Ricardo Palma Veiga

O Grupo Roullier nasceu na Bretanha em 1959 e transformou-se num gigante: em 2007, estava presente em 122 países, tinha 8000 funcionários e o seu volume de negócios atingiu os 2,5 mil milhões de euros, em áreas como a agropecuária, a agroalimentar ou produtos para a indústria. Mas só no ano passado se aventurou no mundo dos vinhos, com a aquisição da Falua, empresa portuguesa com 25 anos de história sob a batuta de João Portugal Ramos, agora acionista minoritário. Como se explica que uma grande corporação mundial escolha a região do Tejo para se estrear na produção vitivinícola? “Estamos onde queremos estar.”
Estão na região do Tejo, que não será das mais prestigiadas do país entre os apreciadores nacionais. Mas numa empresa que sempre se colocou na linha da frente ao combate a esse estigma. A Falua faz cerca de 5,5 milhões de garrafas por ano, facturou no ano passado 6,7 milhões de euros, exporta 54 por cento da sua produção e mantém um foco constante na investigação e parcerias com instituições universitárias. E aí reside também o seu poder de atracção para o Grupo Roullier, que aqui encontra um excelente campo de ensaios para os seus produtos.
Com 68 hectares de vinhas próprias e outros 250 sob gestão, em colaboração com os proprietários, a Falua tem um portefólio já respeitável, mas concentrado em apenas três marcas: Falua, Conde de Vimioso e a “moderna” Nazaré North Canyon. Esta, por enquanto apenas em versão tinto, visa um público mais jovem; a primeira jogava na conjugação de duas castas em vinhos acessíveis mas alarga-se agora ao nível Reserva; sob a chancela Conde Vimioso albergam-se os vinhos com maiores ambições.
E estes vinhos têm um terroir: a vinha do Convento da Serra, uma improvável extensão de calhau rolado no alto de uma suave colina, muito longe do Tejo (e agora com uma auto-estrada a cortá-la em duas parcelas). A verdade é que, em termos geológicos, esta elevação fez até recentemente parte do leito do rio Tejo – há pelo menos 300.000 anos que as pedras estão aqui e formam uma camada com vários metros de espessura, entrecortada por alguma areia.
Foi por aqui que começou a visita, antes de rumarmos à adega e nos sentarmos à mesa para conhecer melhor este produtor português, o grupo francês que assumiu a sua gestão e, principalmente, os vinhos que por ali se fazem, com enologia a cargo de Antonina Barbosa. O Tejo está de parabéns.

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Edição Nº20, Dezembro 2018

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