Quanta Terra: 25 anos festejados em grande
Sem terra e sem uma adega convencional, Quanta Terra é uma parceria em busca do seu vinho perfeito e uma marca que provoca a emoção no consumidor. O projecto começou em 1999, fruto da cumplicidade profissional de Celso Pereira e Jorge Alves, que se conheceram nas Caves Transmontanas no início dos anos 1990. Conhecendo o […]
Sem terra e sem uma adega convencional, Quanta Terra é uma parceria em busca do seu vinho perfeito e uma marca que provoca a emoção no consumidor. O projecto começou em 1999, fruto da cumplicidade profissional de Celso Pereira e Jorge Alves, que se conheceram nas Caves Transmontanas no início dos anos 1990. Conhecendo o Douro como a palma das suas mãos, definiram desde logo as zonas da proveniência das uvas para garantir a qualidade dos vinhos: para os tintos, vale do Tua, e para brancos e rosés as terras de altitude 600-700 metros com solos de transição para o granito, no planalto de Alijó, onde mesmo em anos quentes conseguem maturações equilibradas e uvas com frescura natural. As ligações duradoras com os viticultores que lhes fornecem as uvas, desde o início do projecto, asseguram a matéria prima de qualidade sem ter necessidade de adquirir as vinhas. O importante é acompanhá-los e pagar bem as uvas.
A “adega” da Quanta Terra, inserida numa antiga destilaria da Casa do Douro, recuperada em colaboração com o arquitecto Carlos Santelmo é algo único. De layout pouco habitual, o espaço, para além de acomodar uma cave de barricas, está transformado num ambiente museológico dedicado à história do Douro e serve de palco a exposições artísticas temporárias. A vinificação propriamente dita é feita nas adegas dos seus parceiros de outros projectos vitivinícolas.
Olhando para o seu percurso de 25 anos na Quanta Terra, os enólogos consideram que o importante foi saber “evoluir improvisando”. “Criámos perfis de vinhos e validámos com as vendas no mercado”, permanecendo numa dinâmica criativa.
Mas parece que os dois também gostam de provocar o mercado de vez em quando. No mundo, onde os restaurantes nem aceitam um vinho branco de há dois anos, onde o consumidor procura vinhos fáceis e frutados, lançar um branco com estágio de vários anos em barrica é de loucos. Mas quem conhece Jorge Alves e Celso Pereira, sabe que isto faz parte do ADN do projecto. O estágio prolongado exige paciência, implica o investimento em barricas e o empate do capital, e ainda obriga a lidar com a volatilidade das tendências do mercado. O factor incerteza também tem a ver com o próprio vinho, pois durante um estágio de muitos anos nunca se sabe ao certo que perfil o tempo vai esculpir no final. Ao provar o Gold Edition 2017 com quase sete anos em barrica e o Family Edition 2007 com 14, percebe-se porque às vezes vale a pena ir até ao limite.
O primeiro Gold Edition foi da colheita 2011, da qual houve duas barricas que ficaram para trás, não propositadamente. O resultado motivou a repetição da experiência em anos bons, em que a qualidade esperada justifique um estágio prolongado. “Sentimos que o mercado pode ter apetência para estes vinhos diferenciados”.
O Family Edition foi ainda mais longe. Começou em 2007 como uma base de espumante que, por decisão interna, ia ficando em barricas novas de 225 litros. Passados 14 anos e ao contrário do que se pode pensar, não está marcado pela barrica, pois o vinho ia concentrando e a barrica ia envelhecendo com o vinho e acabou por integrar completamente. O resultado, com mais de 8 g/l de acidez e um pH baixíssimo, oferece, ao mesmo tempo, o sabor e a textura para envolver a estrutura acídica e trazer à prova um vinho cheio de vida e personalidade. Decidiram lançá-lo no aniversário dos 25 anos. É uma edição única, com apenas 670 garrafas.
Outra novidade é o espumante Quanta Terra Éclat feito de Pinot Noir proveniente da zona de Lamego. Quase que apetece dizer: “até que enfim!”. Sendo Celso Pereira o reconhecido Senhor das Bolhas, espanta-me como é que aguentaram 25 anos sem se meter na produção de espumantes. Mas aqui vai!
(Artigo publicado na edição de Outubro de 2024)
QUANTA TERRA VOLTA A SER DESTINO TURÍSTICO DE VINHO A NÃO PERDER EM 2025
Verona, em Itália, aplaudiu a atribuição do prémio “Best of Wine Tourism 2025” ao espaço Quanta Terra, dos enólogos Celso Pereira e Jorge Alves, situada na região do Douro Vinhateiro, que, pela segunda vez (a primeira foi 2023), voltou a ser reconhecida pelo seu potencial na categoria de “Arte e Cultura”, entre mais de 640 […]
Verona, em Itália, aplaudiu a atribuição do prémio “Best of Wine Tourism 2025” ao espaço Quanta Terra, dos enólogos Celso Pereira e Jorge Alves, situada na região do Douro Vinhateiro, que, pela segunda vez (a primeira foi 2023), voltou a ser reconhecida pelo seu potencial na categoria de “Arte e Cultura”, entre mais de 640 candidaturas. “Esta distinção, atribuída por especialistas internacionais, enaltece, naturalmente, o impacto da nossa marca no desenvolvimento do enoturismo e da região. Se, por um lado, nos envaidece, por outro também aumenta o nosso sentido de responsabilidade e a vontade incessante de continuar a fazer mais, e cada vez melhor”, destacam os fundadores, que em 2022, com uma exposição de Joana Vasconcelos e a presença da artista, inauguraram o Espaço Quanta Terra, “num formato fora da caixa”, que mistura a arte com as barricas, onde estagiam os vinhos e as antigas cubas de armazenamento de aguardente.
A marca que celebra 25 anos este ano, tem feito deste local, um projecto de recuperação da antiga destilaria da Casa do Douro assinado pelo arquitecto Carlos Santelmo, um espaço de arte e cultura, em comunhão com os vinhos Quanta Terra. Este ano a Quanta Terra surpreendeu com a inauguração de uma exposição com curadoria da plataforma cultural Underdogs, que inclui uma conceituada obra de Vhils.
A mostra pode ser visitada no espaço da marca, em Alijó, de quarta-feira a domingo, entre as 10h00 e as 17h30, até ao próximo dia 15 de Dezembro. A visita inclui uma prova de vinhos.
Importa referir que os prémios “Best of Wine Tourism” são promovidos pela plataforma Great Wine Capitals em onze das mais prestigiadas regiões vitivinícolas do mundo. Portugal é representado pelo Porto, com candidatos de um cluster das regiões Douro/Porto e Vinhos Verdes.
A categoria arte e cultura deste galardão distingue as adegas enquanto espaços culturais e artísticos de relevo, na forma de exposições temporárias ou permanentes, coleções de arte, museus ou eventos específicos.
Adega Quanta Terra recebe exposição da artista Leni van Lopik
A ligação do projecto duriense Quanta Terra — fundado em 1999 por Celso Pereira e Jorge Alves — ao mundo artístico, começou com uma exposição de Joana Vasconcelos em 2022. Agora, é a vez da artista plástica holandesa Leni van Lopik expor as suas criações na adega Quanta Terra, em Favaios, uma mostra denominada “Cor […]
A ligação do projecto duriense Quanta Terra — fundado em 1999 por Celso Pereira e Jorge Alves — ao mundo artístico, começou com uma exposição de Joana Vasconcelos em 2022. Agora, é a vez da artista plástica holandesa Leni van Lopik expor as suas criações na adega Quanta Terra, em Favaios, uma mostra denominada “Cor do Douro” que já começou e que durará até 31 de Outubro. Leni van Lopik reside em Portugal há 23 anos, e já venceu o prémio Best of Wine Tourism 2023, na categoria Arte e Cultura.
Todas as peças, das 11 obras expostas, são produzidas a partir de materiais naturais ou orgânicos, como folhas de eucalipto, bugalhos e pedras, quase sempre recolhidos durante as caminhadas da artista pelos socalcos durienses.
“O processo de reabilitação e recuperação da Quanta Terra mostrou-nos um espaço demasiado valioso para ficar circunscrito a visitas e provas de vinhos. Entendemos, desde logo, que a arte teria aqui uma simbiose perfeita com o nosso negócio de produção de vinhos e que uma com o outro reflectiriam aquilo que colocamos todos os dias no nosso trabalho: fazer vinhos únicos e diferenciadores, para serem apreciados e desfrutados”, explica Celso Pereira. Jorge Alves acrescenta: “Estamos plenamente convencidos que esta exposição será uma mais-valia enorme para o turismo na região”.
Nesta exposição, Leni van Lopik apresenta, entre outras propostas, videiras na sala das barricas, de forma a mostrar a junção perfeita entre o material e o vinho, e as quatro “Donas” de cápsulas nas cubas onde era armazenada a aguardente. A estes exemplos, junta-se ainda a instalação “Rio Douro”, elaborada através de cápsulas de garrafas de vinho.
“Cor no Douro” pode ser visitada de quarta-feira a domingo, das 10h00 às 17h30. A visita inclui uma prova de vinhos. O produtor aconselha reserva prévia, para o e-mail reservas@quantaterradouro.com, ou para o número 935907557.
Quanta Terra: Vinhos com arte, em Favaios
O projecto de Celso Pereira e Jorge Alves já tem mais de duas décadas, mas só agora encontrou uma casa à altura dos grandes vinhos que saem das mãos desta dupla. A antiga “Destilaria Nº7” é hoje um espaço multifunções, onde as artes vínicas e as artes plásticas dão as mãos e abraçam os visitantes. […]
O projecto de Celso Pereira e Jorge Alves já tem mais de duas décadas, mas só agora encontrou uma casa à altura dos grandes vinhos que saem das mãos desta dupla. A antiga “Destilaria Nº7” é hoje um espaço multifunções, onde as artes vínicas e as artes plásticas dão as mãos e abraçam os visitantes. Foi ali, dentro de uma cuba de aguardente, que provámos as novidades Quanta Terra.
Texto: Luís Lopes
Fotos: Luís Lopes e Quanta Terra
Na base do Quanta Terra há muita paixão (como é natural em quem se mete com estas coisas do vinho) mas também muita ciência. Ou não fossem Celso Pereira e Jorge Alves dois dos mais conceituados enólogos do Douro. O seu percurso individual confluiu em 1995, quando Jorge, terminada a universidade, foi fazer um estágio de enologia nas Caves Transmontanas, onde Celso já liderava a produção de espumantes Vértice desde a fundação da empresa, em 1988. A diferença geracional (Jorge tem menos 17 anos) não obstou a que se criasse logo ali uma sólida amizade que, pouco tempo depois, em 1999, se estenderia a uma sociedade empresarial, chamada Quanta Terra. Paralelamente, Celso e Jorge foram desenvolvendo a sua actividade enológica em casas de referência, o primeiro nas Caves Transmontanas e na Adega de Favaios, o segundo na Quinta do Têdo e nos projectos directa ou indirectamente ligados ao grupo Amorim: Quinta Nova, Taboadella e Aldeia de Cima.
Antes de avançarem para a sociedade Quanta Terra, os dois enólogos definiram muito bem o perfil de vinhos que queriam fazer e estudaram exaustivamente as condições (castas, solos, altitudes, exposição solar) de que necessitavam para o conseguir. Em termos de terroir, ficou claro para eles que os vinhos tintos viriam do vale do rio Tua e os vinhos brancos e rosados do planalto de Alijó. Claro ficou também que um projecto com este perfil e dimensão (começou com pouco mais de 5.000 garrafas e hoje faz cerca de 65.000) deveria apostar em sólidas parcerias com viticultores de excelência, a quem se comprariam as uvas, e dispensaria investimento em adegas e armazéns, arrendando esses serviços (brancos e espumantes são actualmente vinificados nas Caves Transmontanas e tintos na Quinta do Têdo).
Firme nestas bases, a sociedade decidiu começar logo pelos vinhos de topo e o primeiro Quanta Terra Grande Reserva tinto nasceu na colheita de 1999, uma vindima auspiciosa, em que várias grandes marcas do Douro se estrearam também. Em 2005 surgiria o Terra a Terra Reserva tinto, que vinha colmatar a necessidade de ter uma referência no segmento dos €10-€12. O profundo conhecimento do Douro dos altos, e em particular de Alijó e Favaios, onde Celso Pereira trabalha há mais de 30 anos levou ao nascimento dos primeiros vinhos brancos, o Quanta Terra Grande Reserva em 2007 e o Terra a Terra Reserva em 2010. Em 2018, do mesmo local, veio um rosé de Pinot Noir que rapidamente se tornou uma estrela neste segmento, o Phenomena.
Nesta fase mais recente do projecto, começaram a surgir “especialidades”, vinhos raros, brancos e tintos com estágios muito prolongados em barrica ou elaborados a partir de vinificações especiais, como é o caso dos brancos Golden Editions ou dos tintos Manifesto e Inteiro. O enorme sucesso destes vinhos icónicos fez com que, a partir de 2017, a dupla de enólogos iniciasse um programa de estágios prolongados, em barrica e garrafa, para diversos brancos e tintos.
Em 2021 surgiu o primeiro espumante Quanta Terra, Pinot Noir de 2018, e também um novo tinto, de 2017, ambos fruto de uma parceria com a famosa artista plástica Joana Vasconcelos, que desenhou os rótulos. Artista essa que estendeu essa parceria à “decoração” da nova casa Quanta Terra, em Favaios, onde estão expostas muitas das suas obras.
Ainda que a exposição temporária (até final de julho, pelo menos) das peças de Joana Vasconcelos seja motivo suficiente para uma visita à Quanta Terra, o espaço de enoturismo, só por si, mais do que justifica a deslocação expressa a Favaios. Trata-se de uma antiga destilaria da casa do Douro, a destilaria Nº7, construída em 1934 e agora recuperada com base num projecto do arquitecto Carlos Santelmo. Na época em que foi concebida, tinha como missão destilar e armazenar as aguardentes utilizadas na fortificação do vinho do Porto. Para tal, para além do alambique, possuía diversas cubas de armazenamento revestidas a ladrilhos vidrados, para aguentar a força alcoólica da aguardente. Essas mesmas cubas, onde a infiltração do álcool nas paredes vidradas desenhou verdadeiras obras de arte abstracta, são hoje salas de prova e um dos maiores polos de atracção do espaço Quanta Terra, ao lado da loja e dos documentos e fotografias que traçam a história do local. Manifestações artísticas podem igualmente ser considerados os vinhos de Celso Pereira e Jorge Alves. No copo, revelam-se estimulantes, complexos, frescos, desafiantes fontes de prazer. Não é também isso arte?
(Artigo publicado na edição de Julho 2022)
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