OIV publicou relatório sobre castas no mundo

Castas no mundo

Sabe qual é a casta mais plantada no mundo? Que castas estão em alta e que castas estão em queda? Qual a diversidade de castas plantadas em cada país? Estas e outras perguntas são respondidas no relatório cujo titulo podemos traduzir por “Distribuição das castas no mundo”. Foi editado e publicado pela Organização Internacional da […]

Sabe qual é a casta mais plantada no mundo? Que castas estão em alta e que castas estão em queda? Qual a diversidade de castas plantadas em cada país? Estas e outras perguntas são respondidas no relatório cujo titulo podemos traduzir por “Distribuição das castas no mundo”. Foi editado e publicado pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) e, para além de examinar a distribuição das castas no mundo, o relatório indica as principais tendências. O estudo incide sobre todas as castas, independentemente de serem destinadas a vinho, a uva de mesa ou para passas. São examinados dados disponíveis em 44 países desde 2000, e o estudo está focado nos países em que a área de vinha é superior a 65.000 hectares e nas principais 10 castas.

Cabernet Sauvignon à frente
Primeira conclusão: das cerca de 10.000 variedades de uva, mais de um terço da área cabe a 13 castas e, se aumentarmos este total para 33 castas, metade da área de vinha mundial (pelo menos a que foi estudada) está coberta. A casta para vinho mais plantada é a tinta Cabernet Sauvignon, que cobre 5% do total (cerca de 340.000 hectares). Apesar de ser oriunda de França, esta casta é apenas a sexta mais plantada neste país! A Merlot, também francesa, é a número dois, um pouco à frente da Tempranillo. Mas a variedade de uva mais plantada é Kyoho, com 365.000 hectares, especialmente presente na China. A Kyoho, com origem no Japão, é uma uva de mesa.
No domínio dos brancos, a casta mais plantada é Airen, quase desconhecida em Portugal, e que já chegou a ser a mais plantada no mundo. Hoje está em declínio. Quase só limitada a Espanha (na região de Castilla-La-Mancha), esta casta gosta de regiões secas e quentes e é sobretudo usada em lote com outras. Produz ainda destilados. Quase ao mesmo nível de área, mas muito mais internacional, a ubíqua Chardonnay consegue estar em dezenas de países e continentes diferentes.


As brutais diferenças na diversidade

Se entrarmos no domínio dos países, que ocupa uma boa parte deste estudo, existe outra conclusão interessante. Alguns países têm muito maior diversidade de utilização de castas que outros. O estudo chama-lhe Índice de Diversidade de Castas e no topo estão a Roménia, Grécia, Itália, Hungria e Portugal. Qualquer destes países possui mais de uma dúzia de castas a representarem 60% da área de vinha do país. Na Roménia, são quase 50! Na Grécia, 28 e em Itália 25. No polo oposto, China, Austrália, Alemanha e Espanha não passam das 5 castas. Ou seja, usam poucas variedades…
Se olharmos para os gráficos de percentagem de cada casta em cada país, podemos levar mais longe esta análise da diversidade. Em percentagem, o estudo da OIV só detalha castas que representam até 1% da área vitícola de cada país. As restantes vão para a categoria “Outras castas”. E é também nesta fatia da piza que se notam grandes diferenças. Por exemplo, a Austrália apenas tem 20,1% nas “Outras castas”. Espanha tem 25,7%. Ora, cinco países têm percentagens muito maiores: a Roménia (62,8%), Itália (62%), Grécia (57,9%), Hungria (47,1%) e Portugal (45,7%). Na fatia portuguesa das “Outras Castas”, por exemplo, estão muitas castas brancas, como Alvarinho, Loureiro, Encruzado, Antão Vaz, Gouveio, Moscatel, Avesso ou Viosinho; e também lá estarão várias tintas, como Alicante Bouschet, Alfrocheiro, Cabernet Sauvignon ou Vinhão.

Que castas estão a crescer e quais estão em declínio?
Vamos agora às tendências das castas portuguesas mais plantadas. Em franco crescimento estão Touriga Franca (a nº 2 nacional), Touriga Nacional, Arinto e Syrah. Em sentido oposto está o Castelão e a Síria. A casta mais plantada em Portugal é, diz o relatório, a “Tempranillo”. Nós por aqui chamamos-lhe há muitas décadas (ou mais) Aragonês ou Tinta Roriz e, já agora, a tendência é para crescer moderadamente na área plantada. A casta branca mais plantada é a Fernão Pires, que ocupa 6,5% da área nacional.

O relatório, em formato pdf, pode ser puxado deste endereço.
(AF)