Vale da Mata: O vinho da minha terra
Começo pelo óbvio. Eu sou das Cortes. Nasci ali há 56 anos e dali saí com 17 para estudar em Lisboa, onde passei a viver. A casa dos meus pais era em frente à Adega Cooperativa, onde na minha meninice passava horas a ver os tractores com atrelados carregados de uvas à espera de vez […]
Começo pelo óbvio. Eu sou das Cortes. Nasci ali há 56 anos e dali saí com 17 para estudar em Lisboa, onde passei a viver. A casa dos meus pais era em frente à Adega Cooperativa, onde na minha meninice passava horas a ver os tractores com atrelados carregados de uvas à espera de vez para as entregar. A fila ocupava a rua toda, e o processo prolongava-se noite adentro. Já maiorzito, tinha autorização para ir lá ver o que acontecia. Tudo muito industrial, um guindaste que pegava nas tinas de ferro e as despejava para um tegão onde um sem-fim as transportava para um buraco obscuro. Dali se fazia um vinho tinto que chegou a ter algum destaque, principalmente quando a colheita de 1980 conquistou um prémio nacional. Ainda tive a sorte de provar essa colheita, que era realmente bem boa.
As Cortes é uma aldeia (antes freguesia) pequena perto de Leiria. Demasiado perto talvez, uns 5km subindo o rio Lis, ficando assim entre Leiria e Fátima. A proximidade de certa forma impediu a aldeia de crescer, porque os filhos e netos dos habitantes facilmente saíam para Leiria ou outras cidades, mantendo a população estável, mas reduzida. Há alguma pequena indústria, alguma agricultura, muito baseada na fertilidade da várzea do Lis. Hortas e pomares, principalmente. As vinhas, de subsistência, ficavam situadas nas encostas, e originavam tradicionalmente vinhos pouco interessantes, acídulos e ligeiros. Mesmo assim, entre as freguesias locais, os vinhos tinham alguma fama, e não raras vezes no estrangeiro, falando com algum conterrâneo, logo me perguntavam se não tinha “vinho das Cortes.” Não, não tinha. Com terrenos férteis, castas predominantes Tinta Roriz, Baga e Castelão, e uma bem disseminada ignorância sobre enologia, o resultado era fraquito. Apesar disso, foram-se instalando empresas de vinhos ali perto, sendo a mais famosa as Caves Vidigal, que tem vinhos de várias origens, mas suponho que poucas uvas serão locais. Muito perto também fica a Quinta da Serradinha, pioneira de vinhos biológicos e agora estrela cintilante no universo alternativo dos vinhos alternativos. Um dia ainda tentarei escrever essa outra história.
A Adega Cooperativa reclamou várias vidas nos seus processos de elaboração de vinhos, com inúmeros acidentes fatais que muito incomodam a memória de uma aldeia pequena. Foi fazendo o seu negócio de vinho engarrafado em garrafa e muito em garrafão “palhinhas”, até que um dia tomou a decisão de fechar, e parece-me que não se perdeu muito. As instalações, muito centrais na aldeia, ao pé da famosa nora que é o seu ex-libris, foram até demolidas.
Uma nova vida
Este era o panorama do vinho das Cortes. Era, porque um dia chegou a Catarina Vieira com o seu pai, o saudoso Eng. José Ribeiro Vieira, e tudo mudou. As Cortes passaram a ter um novo vinho, chamado Vale da Mata. Foi lançada em 2010 a primeira colheita, de 2007. Podem imaginar a minha surpresa. O Eng. Vieira era um homem especial, um cidadão extremamente influente nas Cortes. Lembro-me dele desde a minha infância. Homem com uma presença incrível, irradiava segurança e humanidade. Empreendedor, criou negócios em vários sectores, incluindo o cultural, com uma livraria muito activa em eventos, e um jornal diário, o Jornal de Leiria. Para o mundo dos vinhos, interessa a compra da Herdade do Rocim, em 2000, 100ha na Vidigueira, desenhada para ser gerida pela filha, a enóloga Catarina Vieira.
Para a nossa história de hoje, temos de voltar atrás, e procurar os caminhos dos afectos. Catarina desde muito tenra idade passava muitos dias com os avós. O seu avô, Manuel Alves Vieira, levava as netas a passear nos campos, e explicava que das suas vinhas do Vale da Mata vinha o melhor vinho que fazia. Catarina teve aí o primeiro contacto com o que haveria de ser a sua vocação.
Estudou enologia no ISA, onde foi aluna de Amândio Cruz, mais tarde, desde 2003, consultor nos seus projectos de viticultura. Estagiou ainda em Itália, o que foi importante para estimular a sua veia experimentadora e de descoberta.
A sensibilidade e humanidade do pai Eng. Vieira levou-o a comprar para Manuel uma série de pequenos talhões de onde vem hoje o vinho Vale da Mata. Não é exactamente o talhão original. Quando neste princípio do Verão aceitei o convite para visitar os 4 hectares de vinhas nas encostas do Lis entre as Fontes e o Pé da Serra, a minha mãe ficou a espreitar da janela, nos Lourais, tentando sem sucesso mostrar aos meus filhos onde eu estava. A minha mãe, portanto, lembra-se do Vale da Mata original, mais chegado à Senhora do Monte, ao Pé da Serra. Hoje a vinha está mais abaixo, foi plantada em 2006 e o avô Manuel ainda se pôde orgulhar muito dos seus frutos, até ao seu falecimento em 2014. O avô Manuel é que deu nome ao vinho, em memória das suas velhas vinhas ali perto.
O vinho das Cortes, portanto, ressuscitou, e esta influência espalhou-se pelo resto da aldeia. Catarina conta que as pessoas das Cortes lhe telefonam, pedem conselhos e ajuda, vão plantando vinhas e elas vêem-se ali em volta, bonitas e bem cuidadas. As Cortes são conhecidas na região por serem um bom destino gastronómico, com vários restaurantes e tasquinhas tradicionais. O Vale da Mata começou a espalhar-se também por esta via, tornando-se o vinho local que se ligava à cultura gastronómica local. Um prazer sempre, encontrar vinhos do sítio onde se está, uma coisa rara poucas vezes apreciada em Portugal, onde apesar de tudo é frequente. Nas Cortes não é, e os locais orgulham-se hoje de terem o seu vinho, e os visitantes valorizam esse prazer.
Vinho e arte
Como cortesense, logo me enchi de orgulho do Vale da Mata, e passei a consumi-lo com regularidade. Acompanhei o seu progresso, e foi todo impante que visitei a vinha com Catarina Vieira e Pedro Ribeiro, o casal de enólogos do Rocim, e Amândio Cruz, consultor do projecto. Explicaram-nos as circunstâncias da vinha e seu terroir, e como lidar com as suas especificidades. Virada a Sul, protegida por serras e bem drenada para evitar excesso de humidade, está plantada com 3ha de Aragonez e Touriga Nacional e 1ha de Arinto, Vital e Viosinho. Decorre neste momento uma experiência de poda radical no princípio do Verão, deitando tudo abaixo incluindo cachos. Chama-se “crop-forcing”. Na Vidigueira são 1,5ha, aqui apenas uma linha com cerca de 100 cepas. Esta poda mega-precoce faz com que a vinha faça um “reset”, recomeçando tardiamente o ciclo e fazendo amadurecer as uvas nos meses onde o maior calor já passou. A expectativa é obter vinhos menos alcóolicos e com maior acidez natural, fintando assim os efeitos do aquecimento global. Vamos esperar para ver!
Entretanto, visitámos o Espaço Serra, mais uma criação de mecenato cultural do Eng. Vieira. Uma casa que ganhou o seu nome, onde são recebidos artistas de várias artes para em comum e com liberdade explorarem os seus vários misteres e mistérios. Para se ver a dimensão ambiciosa do projecto, bastaria dizer que os Silence4 começaram aqui os seus ensaios, há cerca de 30 anos. A casa e espaços circundantes ficam no lugar de Reixida (os cortesenses pronunciam “Arraxida”), onde era antes uma muito poluente fábrica de curtumes. Melhor assim, que foi numa curva do Lis que aprendi a nadar. Sabe-se lá o que aqueles químicos me fizeram… Hoje há espaço para residências artísticas, ateliers, estúdios, pequenos stands de valências diversas, como artes plásticas, cerâmica (cf. Cartolina Limão), construção de guitarras (fascinante trabalho do luthier Miguel Bernardo, um poeta das madeiras), música. Dão apoio a novas bandas, escolas, etc. Há ainda parcerias com outras entidades, como a Casota Collective, presidida por Miguel Ferrás, e ligada à música, por exemplo o festival Nascentes, nas Fontes (lugar onde nasce o Lis). Interessados, basta procurar o site na internet e enviar candidatura.
Já vai longo este desabafo, vão-me perdoar. O almoço servido por Alexandre Silva mostrou mais uma vez a sua sensibilidade para uma cozinha elegante e rigorosa, e a ligação com os vinhos estava perfeita. Provámos colheitas antigas e recentes, mostrando que o vinho suporta bem a prova do tempo. É coisa rara provar vinho das Cortes, e eu não tinha a noção do bem que estes vinhos se mostram passados 15 ou mais anos. Para mim, sempre vinho das Cortes, e não o Regional Lisboa que ostenta no rótulo e sempre me causou estranheza, sendo eu das Cortes, tão longe de Lisboa, e vivendo em Lisboa há quase 40 anos. Até porque a região tem a sua Denominação de Origem, Encostas de Aire. Lisboa para mim é outro sítio, as Cortes é a minha terra.
(Artigo publicado na edição de Setembro de 2024)
Rocim lança copos Jancis Robinson em Portugal
Da ligação entre Catarina Vieira e Pedro Ribeiro, enólogos e proprietários da Herdade do Rocim, a Jancis Robinson, nasceu a representação em Portugal, por parte do Rocim, dos copos assinados pela conceituada crítica de vinhos. Com um design elegante, criado pelo designer britânico Richard Brendon, a colecção Jancis será oficialmente lançada em Portugal no dia […]
Da ligação entre Catarina Vieira e Pedro Ribeiro, enólogos e proprietários da Herdade do Rocim, a Jancis Robinson, nasceu a representação em Portugal, por parte do Rocim, dos copos assinados pela conceituada crítica de vinhos.
Com um design elegante, criado pelo designer britânico Richard Brendon, a colecção Jancis será oficialmente lançada em Portugal no dia 29 de Maio, num evento que contará com a presença de Jancis e Richard e terá lugar no Hotel Pestana Palace.
“Este novo copo quer maximizar o aproveitamento dos aromas, sabores e texturas de todos os vinhos disponíveis no mercado, da forma mais prática e simples possível. Nesse sentido, os copos apresentam um bojo bastante característico, em forma de tulipa, um rebordo ultrafino, mas extremamente resistente, e uma silhueta distinta. Todos os pormenores foram pensados ao detalhe, como a altura da haste do copo, ideal para que os consumidores possam pegar no mesmo, sem sobreaquecer o vinho, abaná-lo e, assim, poderem sentir toda a mistura de aromas. Durante a prova, a proximidade entre o apreciador e o vinho funde-se ainda mais, dada a espessura fina do vidro, que permite eliminar qualquer barreira entre ambos, dando a sensação de que, efectivamente, se está a mergulhar no vinho”, pode ler-se no comunicado de imprensa.
Cada copo de vinho desta colecção foi desenhado por mestres artesãos eslovenos, que seguiram o design de Richard Brendon, concebido com orientações de Jancis Robinson.
“Estamos incrivelmente orgulhosos dos copos que lançamos. São considerados, por prestigiados especialistas do sector, os melhores copos de vinho. E, além disso, ainda podem ser encontrados em alguns dos melhores restaurantes e bares de todo o Mundo. Só podemos estar realmente muito felizes”, afirmam os promotores.
Ribeiro & Moser: Pedro Ribeiro e Lenz Moser criam projecto de vinhos inédito
Com foco nos vinhos brancos portugueses, dois enólogos de origens muito diferentes — Pedro Ribeiro, da Herdade do Rocim (à direita na foto), e Lenz Moser, da quinta geração da dinastia vinícola austríaca com o mesmo nome — acabam de lançar o projecto Ribeiro & Moser. A estreia desta aventura, com, segundo os próprios, uma […]
Com foco nos vinhos brancos portugueses, dois enólogos de origens muito diferentes — Pedro Ribeiro, da Herdade do Rocim (à direita na foto), e Lenz Moser, da quinta geração da dinastia vinícola austríaca com o mesmo nome — acabam de lançar o projecto Ribeiro & Moser.
A estreia desta aventura, com, segundo os próprios, uma grande componente ecológica e de preocupação ambiental, faz-se com um Arinto, vindo da Herdade do Rocim, na sub-região alentejana da Vidigueira. O Ribeiro & Moser Arinto 2022 é, de acordo com o comunicado de lançamento, “um vinho naturalmente ácido, mas cuja vinificação e estágio equilibrou todo o conjunto, um blend perfeito que exprime o estilo individual de cada um dos enólogos e a visão que têm da casta”.
Pedro Ribeiro, enólogo e administrador do Rocim, comenta: “Portugal é reconhecido pelos extraordinários vinhos tintos, mas no nosso país há excepcionais brancos, muito procurados pela comunidade internacional da área dos vinhos. Arinto é a casta que tem ajudado a que Portugal se distinga nos vinhos brancos, com um grande potencial para colocar os brancos portugueses no mapa internacional e merece, por isso, ser conhecida e apreciada por todos os wine lovers dos vários cantos Mundo. Decidimos, com este projecto, dar o nosso contributo para que esse trabalho aconteça”.
A garrafa “ao contrário da maioria disponível no mercado”, diz a dupla, pesa 420 gramas, um número que os mentores da Ribeiro & Moser consideram importante para “economizar energia e reduzir as emissões”. “A diferença entre uma garrafa de 400 gramas e uma de 570 pode parecer insignificante, mas traz benefícios ambientais significativos. Economizamos energia e matérias-primas, reduzimos as emissões e causamos um impacto positivo no meio ambiente com cada garrafa leve”, explicam os dois enólogos.
O vinho Ribeiro & Moser Arinto branco 2022 está disponível para compra em ribeiro-moser.com.
Enoturismo de Outono: Depois da vindima, o descanso…
Numa altura em que as vindimas ou já acabaram, ou estão quase no fim (dependendo da região e do tipo de vinho), chegou uma nova fase do enoturismo: relaxar, de copo na mão. As vantagens do enoturismo no Outono e Inverno são várias, sobretudo porque estamos em “época baixa”, o que se traduz em menos […]
Numa altura em que as vindimas ou já acabaram, ou estão quase no fim (dependendo da região e do tipo de vinho), chegou uma nova fase do enoturismo: relaxar, de copo na mão. As vantagens do enoturismo no Outono e Inverno são várias, sobretudo porque estamos em “época baixa”, o que se traduz em menos gente e preços geralmente mais baixos, mas também por toda a magia que só estas estações podem trazer, como a paleta de cores quentes, do vermelho ao castanho, que invade as vinhas, ou o cheiro a lareira e fumeiro que paira no ar, e também a paz que transmite o descanso dos vinhos numa sala de barricas ou de tonéis. Aqui ficam cinco sugestões de destino, com e sem alojamento, para os enófilos “fugirem” do buliço do dia-a-dia, nesta época que agora se inicia.
Texto: Mariana Lopes Fotos: D.R.
VINHO VERDE
Quinta da Lixa/Monverde Wine Experience Hotel
O Monverde Wine Experience Hotel pertence à Quinta da Lixa (Vila Cova da Lixa, concelho de Felgueiras) e localiza-se apenas a 2,5km desta, em linha recta, na Quinta de Sanguinhedo, em Telões, Amarante. Embora a Quinta da Lixa tenha já um bom programa de provas e visitas, é no Monverde que a oferta premium de enoturismo tem lugar, com a vantagem de estarmos perante um alojamento de luxo, que inclui SPA (centrado na vinoterapia) e um restaurante ao mesmo nível. Aqui, há seis provas de vinho — que vão dos 18 aos 60 euros por pessoa — e cinco experiências, mas apenas uma, bastante “family friendly”, está disponível na época Outono/Inverno.
PROVAS
- Wines with Character (€18 pax): prova de 3 vinhos, harmonizada com produtos regionais, que pretende contar a história da cultura vinícola da região dos Vinhos Verdes.
- Taste the Vine (€25 pax): prova de 5 vinhos varietais, para reforçar o conhecimentos sobre o perfil das castas tradicionais da região.
- Notes of Legacy & Terroir (€30 pax): prova de 5 vinhos “ícone” da casa, que convidam a mergulhar na história da família proprietária e a conhecer a actual geração.
- Winemaker Barrel & Vine Sessions (€40 pax): prova centrada na visão do enólogo da Quinta da Lixa, onde são apresentados “vinhos de barrica, de edição limitada, e de vinhas específicas, que representam alguns dos projectos mais ambiciosos de Carlos Teixeira”.
- Exclusive Limited Editions (€60 pax): prova com 3 vinhos de edições muito limitadas, que “mostram uma nova era na produção de vinho da região, a que resiste à urgência de consumo de novas colheitas”.
- Family Tasting Experience (€15 por adulto, €3 por criança até aos 12 anos): prova dedicada à família, 3 vinhos para os adultos e, para as crianças, sumos com os aromas dos vinhos apresentados.
EXPERIÊNCIA DE OUTONO
- Wine Blending & Sensory Experience (€40 pax): a clássica experiência “enólogo por um dia”, onde o visitante cria o seu próprio vinho. Começa no Túnel dos Aromas, um espaço para aprender sobre os aromas dos vinhos da região, seguindo-se prova de cada casta isolada, para depois medir quantidades e misturar. No final, o visitante engarrafa e rolha o seu vinho, coloca a cápsula e personaliza o rótulo.
Monverde Wine Experience Hotel
Website: www.monverde.pt
Localização: Quinta de Sanguinhedo 166, Castanheiro Redondo
4600-761 Telões, Amarante
Contactos: +351255143100 / geral@monverde.pt
DOURO
Quinta de Ventozelo
No concelho de São João da Pesqueira, entre o Pinhão e Ervedosa do Douro, a Quinta de Ventozelo estende-se por uma totalidade de 400 hectares, 200 de vinha. Nos últimos anos, a empresa tem feito grandes investimentos não só a nível da produção, mas também na sua oferta hoteleira e de enoturismo. Hoje, a propriedade tem 29 quartos (recentemente reabilitados, distribuídos por sete edificações distintas), o restaurante e wine bar Cantina de Ventozelo (consultoria do chef Miguel Castro e Silva), provas de vinho (com preços dos 14 aos 40 euros), 7 percursos pedestres com extensões e graus de dificuldade variados e audio-guia (€25), experiências na natureza e actividades cinegéticas, como caçadas fotográficas. No Outono, é também possível participar na apanha da azeitona. Mas é no mais recente Centro Interpretativo/Núcleo Museológico que reside a individualidade e inovação do enoturismo da Quinta de Ventozelo…
CENTRO INTERPRETATIVO/NÚCLEO MUSEOLÓGICO
Este centro, inserido num edifício da quinta construído no século XVIII, foi criado para proporcionar aos visitantes um conhecimento mais aprofundado da região do Douro — do seu património natural, material e imaterial — através de uma experiência sensorial de descoberta de Ventozelo e da sua história. Natalia Fauvrelle, museóloga responsável pelo Centro Interpretativo, explica: “Procurou-se um discurso expositivo, que combinasse o lúdico com o conhecimento e com o rigor científico. Por exemplo, os retratos dos proprietários da Quinta no século XVIII são expostos mostrando o cuidado que houve no seu estudo e restauro. Depois, temos experiências tão simples como andar, a subir e descer dentro do percurso da exposição, de modo a ter a perceção dos declives de que é feita a quinta, e toda a região. Segue-se o mais tradicional desafio de apreensão de aromas e um espaço onde o visitante se pode sentar e contemplar o céu ao longo do dia. Também há um espaço onde se pode ouvir Ventozelo, o silêncio e os seus sons característicos”. Segue-se um passeio que contempla também a capela de Nossa Senhora dos Prazeres, os lagares e a adega, o alambique, as hortas biológicas, os pomares e o jardim das aromáticas, onde também se pode provar o Gin de Ventozelo). Tudo isto é feito com audio-guia e inclui prova de dois vinhos do Porto e um do Douro.
PROVAS
- Descoberta: prova de 3 (€14 pax) ou 6 vinhos (€22 pax), para descobrir Ventozelo, com vinhos varietais e de entrada de gama.
- 200 Hectares: prova de 4 (€17 pax) ou 8 vinhos (€28 pax) varietais.
- Reserva: 5 vinhos (€23 pax) da categoria Reserva, um rosé, dois brancos e dois tintos.
- Prova Especial de Vinhos DOC Douro: 4 vinhos ícone de Ventozelo (€40 pax).
- Enigma: prova cega de 4 vinhos da casa (€20 pax).
- Prova das Cores de Vinho do Porto: 4 vinhos do Porto da marca Porto Cruz (€21 pax).
- Prova Especial de Vinhos do Porto: 5 vinhos do Porto de gamas superiores e das marcas Dalva, Porto Cruz e Quinta de Ventozelo (€40 pax).
- Cominação Ventozelo: prova de um branco, um tinto e um rosé, harmonizada com três sabores da quinta, azeite, azeitonas e pão (€20 pax).
Quinta de Ventozelo
Website: www.quintadeventozelo.pt
Localização: Ervedosa do Douro
5130-135 S. João da Pesqueira
Contactos Enoturismo: +351254732167 / hotel@quintadeventozelo.pt
LISBOA
Quinta do Sanguinhal/Quinta das Cerejeiras
No Bombarral, a família Pereira da Fonseca detém três propriedades desde o início do século XX, totalizando 140 hectares, sob a “umbrela” Companhia Agrícola do Sanguinhal: Quinta do Sanguinhal, Quinta das Cerejeiras e Quinta de S. Francisco. Nestas três propriedades, a família sempre produziu vinho, vinificando as quintas separadamente, nas respectivas adegas. Mais recentemente, a empresa criou programas de enoturismo para as Quintas do Sanguinhal e das Cerejeiras, focados em proporcionar uma descoberta não só de carácter vínico, mas também histórico, religioso e arquitectónico. Todos os programas podem ser reservados e pagos directamente no website da Companhia Agrícola do Sanguinhal, o que é muito prático.
QUINTA DO SANGUINHAL
Esta propriedade proporciona uma visita completa e guiada (+ prova de vinhos), que passa pelos jardins do século XIX, pelas vinhas, pela destilaria do séc. XIX (onde se produziram aguardentes vínicas e bagaceiras durante 100 anos), por “um dos maiores e mais antigos lagares da Península Ibérica” (com prensas de fuso e vara, a mais antiga a datar de 1871), e pela cave de envelhecimento, “uma das mais antigas da região de Lisboa ainda em utilização” com 36 tonéis de carvalho português e mogno. Aqui, há duas variações do programa:
- Visita e prova (€30 pax): com duração de uma hora e meia, a visita antecede uma prova de 6 vinhos Sanguinhal — brancos, rosés, tintos e um licoroso — acompanhada de tostas, queijo de mistura regional e mini pastel de nata.
- Visita, prova e refeição (€60 pax): semelhante à anterior, mas com uma refeição servida em buffet, confeccionada pela equipa da quinta. Por mais €6,50, poderá alterar-se a ementa base consoante intolerâncias ou dietas específicas. A duração é de 3 horas.
QUINTA DAS CEREJEIRAS
A visita, com prova de vinhos, da Quinta das Cerejeiras, contempla o exterior da casa de Abel Pereira da Fonseca (fundador da Companhia Agrícola do Sanguinhal), projetada pelo arquitecto Norte Junior (primeira metade do século XX), a capela Madre de Deus (século XVI) com as paredes e abóbada forradas a azulejos do século XVII, o jardim da casa e o núcleo museológico, composto por uma adega com tonéis de carvalho e vários objectos e equipamentos antigos, ligados à história da produção de vinho da empresa. No momento da escrita deste artigo, estava disponível uma modalidade: visita guiada e prova de 2 vinhos da Quinta das Cerejeiras, com duração de 30 a 45 minutos (€5 pax).
Website: www.sanguinhal.pt
Localizações:
2540-216 Bombarral
Quinta das Cerejeiras
2544-909 Bombarral
Contactos Enoturismo: +351262609199 / +351914493231 / enoturismo@sanguinhal.pt / ana.reis@sanguinhal.pt
PENÍNSULA DE SETÚBAL
Casa Museu José Maria da Fonseca
A José Maria da Fonseca foi fundada há mais de 180 anos, estando hoje na sétima geração da família Soares Franco. A sua Casa Museu, em Vila Nogueira de Azeitão, actual local do enoturismo da empresa, foi residência da família até aos anos 70, tendo sido construída no século XIX e restaurada em 1923, pelo arquitecto suíço Ernesto Korrodi. Visitá-la, é também entrar em toda a mística da produção e estágio dos moscatéis, onde os cheiros e e as madeiras velhas combinam na perfeição com a estação outonal. Há muitas e distintas provas disponíveis, e todas incluem a visita, que tem início na Sala Museu, com uma breve explicação sobre a história da empresa, seguindo-se passagem pelo jardim e descoberta das três adegas: a Adega da Mata, onde estagia o vinho Periquita; a Adega dos Teares Novos, palco da Confraria do Periquita; e a Adega dos Teares Velhos, onde repousam os moscatéis mais antigos da José Maria da Fonseca.
Há várias modalidades de prova que conjugam vinhos brancos, tintos e Moscatéis de Setúbal: as Premium, dos 8 aos 19 euros; e as Super Premium, dos 18 aos 36 euros. Mas são as Provas Especiais, o Programa Família e a Experiência “Um dia com a nossa Família”, que se destacam neste Outono.
PROVAS ESPECIAIS (incluem visita):
- 3 Moscatéis de Setúbal (€18 pax): prova de 3 vinhos Moscatel de Setúbal da Colecção Privada do enólogo Domingos Soares Franco. Um Roxo, um Moscatel com Armagnac e um Moscatel com Cognac.
- 3 Tintos/3 Regiões (€29 pax): 3 tintos super premium, um da Península de Setúbal, um do Alentejo e um do Douro).
- Moscatéis Especiais (€100 pax): prova de 3 Moscatéis de Setúbal de topo, Alambre 20 Anos, Alambre 40 Anos e Trilogia (um blend dos anos 1900, 1934 e 1965).
- Sabores da Terra (€50 pax): prova de 2 brancos premium, 2 tintos premium e 1 Moscatel de Setúbal premium, acompanhada de caldo verde com broa de milho ou gaspacho, patês variados, queijos e enchidos, tortas de Azeitão, “esses” de Azeitão, pães e tostas. Com vinhos super premium, o valor passa para €57.
PROGRAMA FAMÍLIA:
- Visita guiada, seguida de prova de 2 vinhos premium para os adultos (1 tinto e 1 Moscatel) e 2 sumos para as crianças, acompanhados de queijos, enchidos, azeite e pão regional, com oferta de lápis de cor e desenhos para os mais pequenos. O preço para 2 adultos + 2 crianças (dos 2 aos 17 anos) é €35, com possibilidade de adulto extra por €12 ou criança extra por €5.
EXPERIÊNCIA “UM DIA COM A NOSSA FAMÍLIA”:
- O programa mais exclusivo de todos (preço sob consulta), que contempla visita guiada à Casa Museu, seguida de prova de 6 vinhos e almoço ou jantar na presença de um dos elementos da família Soares Franco. O menu da refeição é escolhido pelo cliente, e inclui “welcome drink”, entrada, prato e sobremesa, com selecção de vinhos personalizada.
Casa Museu José Maria da Fonseca
Website: www.jmf.pt
Localização: Rua José Augusto Coelho 12A
2925-538 Azeitão
Contactos Enoturismo: +351212198940 / enoturismo@jmfonseca.pt
ALENTEJO
Herdade do Rocim
A Herdade do Rocim é já uma referência incontornável da região da Vidigueira, quer pela qualidade e diversidade dos vinhos como pela beleza da propriedade e da sua moderna (mas perfeitamente integrada na paisagem) adega. A oferta de enoturismo do Rocim, por sua vez, convida a imergir na cultura vitivinícola tradicional alentejana, com propostas muito interessantes e originais, entre as quais se destaca a Amphora Wine Tour e a sugestão do produtor para esta estação: Brunch de Outono ou Bucha Alentejana de Outono.
PROVAS:
- Prova de vinhos com tábua alentejana (€25 pax): 4 vinhos Herdade do Rocim, acompanhados de selecção de queijos e enchidos alentejanos.
- Vinhos de ânfora/talha com tábua alentejana (€30 pax): uma prova para conhecer os métodos tradicionais e modernos de produção de vinhos de talha, com uma selecção de queijos e enchidos alentejanos.
- Bucha alentejana com vinhos Herdade do Rocim (€40): uma experiência vínica com selecção de petiscos tradicionais alentejanos em buffet.
BRUNCH DE OUTONO OU BUCHA ALENTEJANA DE OUTONO:
- Programa para degustar a paisagem e desfrutar de um brunch de Outono (€30 pax, mín. 2 pessoas), com iguarias típicas da época, harmonizadas com vinhos inspirados no Chapim, uma ave colorida que visita diariamente o Rocim. Está disponível nos sábados de Outubro, Novembro e Dezembro, a partir das 11h.
AMPHORA WINE TOUR:
- Neste novo programa (€115 pax), a Herdade do Rocim leva os visitantes num tour, entre Cuba e Vidigueira, pelos produtores de Vinho de Talha que, segundo a empresa, “mantêm a essência deste método secular de produção de vinhos”. Pelo meio, provam-se os vinhos e os petiscos da região.
Herdade do Rocim
Website: www.rocim.pt
Localização: Estrada Nacional 387
7940-909 Cuba
Contactos Enoturismo: enoturismo@herdadedorocim.com / +351935683517
Amphora Wine Tour: Rocim leva visitantes em roteiro do Vinho de Talha
Depois do Amphora Wine Day — evento anual que celebra o Vinho de Talha, tradição no Alentejo com mais de 2 mil anos — a Herdade do Rocim surge com o Amphora Wine Tour, um roteiro enoturístico que, só em Maio e Julho deste ano, já levou dezenas de enófilos e curiosos a conhecer vários […]
Depois do Amphora Wine Day — evento anual que celebra o Vinho de Talha, tradição no Alentejo com mais de 2 mil anos — a Herdade do Rocim surge com o Amphora Wine Tour, um roteiro enoturístico que, só em Maio e Julho deste ano, já levou dezenas de enófilos e curiosos a conhecer vários produtores de Vinho de Talha, entre a Vidigueira e Cuba.
Segundo o produtor da Vidigueira, esta é “já uma das atividades de enoturismo que mais procura tem tido por parte dos visitantes da Herdade do Rocim”, e é por isso que a empresa anuncia, agora, que esta actividade que “celebra o terroir e a cultura que dá origem ao Vinho de Talha português” é para continuar.
O programa, personalizável consoante quem o procura, não se esgota apenas na visita em si: das provas de vinhos, passando pelas harmonizações com os menus vínicos, as buchas ou tábuas alentejanas, às experiências nas vinhas, a Amphora Wine Tour é bastante abrangente, destinando-se a grupos maiores ou mais pequenos. Com valores que oscilam entre os €95 e os €125 por pessoa, dependendo do número de participantes, as marcações podem ser feitas através do endereço de e-mail enoturismo@herdadedorocim.com.
Pedro Ribeiro, enólogo e diretor-geral da Herdade do Rocim, sublinha que “estando na região com maior tradição do Vinho de Talha em Portugal, a Vidigueira, onde se produz este vinho há mais de 2000 anos, acreditamos que faz todo o sentido organizar eventos que celebrem o uso de ânforas. Acreditamos também que há aqui um extraordinário potencial para dar ao mundo do vinho, e os números têm-nos mostrado isso mesmo”.
Rocim cria Time Capsule com Cláudio Martins e Rodolfo Tristão
Herdade do Rocim Time Capsule é, como o nome sugere, uma autêntica cápsula do tempo de luxo que resulta de uma parceria entre o produtor Rocim — localizado na Vidigueira, Alentejo — o wine advisor Cláudio Martins e o sommelier Rodolfo Tristão. Esta Time Capsule inclui duas garrafas de Olho de Mocho Reserva branco 2008, […]
Herdade do Rocim Time Capsule é, como o nome sugere, uma autêntica cápsula do tempo de luxo que resulta de uma parceria entre o produtor Rocim — localizado na Vidigueira, Alentejo — o wine advisor Cláudio Martins e o sommelier Rodolfo Tristão.
Esta Time Capsule inclui duas garrafas de Olho de Mocho Reserva branco 2008, um saca rolhas de lâminas (ideal para abrir vinhos velhos, pois retira rolhas sensíveis sem as danificar) e um copo Zalto.
O Olho de Mocho Reserva branco 2008 é um 100% Antão Vaz, e com ele a Herdade do Rocim pretende demonstrar a longevidade da casta, em garrafa.
A Time Capsule entra agora no mercado a custar 145 euros.
#23 – Herdade do Rocim Touriga Nacional rosé 2019
vinho da casa #23 – Herdade do Rocim Touriga Nacional rosé 2019
vinho da casa #23 – Herdade do Rocim Touriga Nacional rosé 2019
Rocim lança cerveja artesanal MiMi
Já vinha a ser anunciado há alguns meses e os teasers eram muitos, mas finalmente chegou a hora da Herdade do Rocim lançar oficialmente a MiMi, uma grape ale com mosto da uva mais emblemática da Vidigueira, a Antão Vaz. A palavra ”artesanal” nunca fez tanto sentido, pois além de nascer de um processo manual […]
Já vinha a ser anunciado há alguns meses e os teasers eram muitos, mas finalmente chegou a hora da Herdade do Rocim lançar oficialmente a MiMi, uma grape ale com mosto da uva mais emblemática da Vidigueira, a Antão Vaz. A palavra ”artesanal” nunca fez tanto sentido, pois além de nascer de um processo manual e cuidadoso, respeitando todas as fases de evolução, esta cerveja fermenta em ânfora de barro durante doze dias, o mítico recipiente tão ligado à cultura ancestral dos vinhos no Alentejo. Depois dessa fermentação, do mosto de uva já misturado com o mosto de cerveja, a MiMi decanta a frio durante cerca de doze meses, é aprimorada e engarrafada, refermentando e maturando em garrafa por dois meses.
A custar 3.60 euros, a MiMi Grape Ale poderá ser aquirida em garafeiras especializadas, por todo o país.