Nova era na Quinta do Sampayo

Quinta do Sampayo

Ora a “Hospedeira Casa do Sr. L.S.” a que Almeida Garrett se refere, nas suas “Viagens na Minha Terra” é precisamente a Casa de Luíz Sampayo (L.S.), aquando da sua visita à quinta, em Julho de 1843. De facto, as raízes históricas da Quinta do Sampayo remontam a 1718, existindo registos históricos de produção de […]

Ora a “Hospedeira Casa do Sr. L.S.” a que Almeida Garrett se refere, nas suas “Viagens na Minha Terra” é precisamente a Casa de Luíz Sampayo (L.S.), aquando da sua visita à quinta, em Julho de 1843. De facto, as raízes históricas da Quinta do Sampayo remontam a 1718, existindo registos históricos de produção de vinho desde essa data.
Em Junho de 1860, D. Pedro V atribui o título de I Visconde do Cartaxo a Luiz Teixeira de Sampayo, conservando a actividade vinícola na Quinta do Sampayo, havendo, inclusive, registos do vinho já nessa altura ser engarrafado e rotulado sob a insígnia dos Viscondes do Cartaxo.
A Quinta do Sampayo é propriedade do Grupo Agroseber desde 1995. Localiza-se no concelho do Cartaxo, na União das Freguesias do Cartaxo e de Vale da Pinta, a menos de uma hora de Lisboa. O passado dia 23 de maio de 2024 marcou o início de uma nova era para a Quinta do Sampayo.
Ana Macedo – e restante equipa – apresentou, perante uma vasta plateia de convidados, todas as novidades da Quinta, honrando-se o passado e as suas memórias, mas brindando-se à mudança, ao futuro e, sobretudo, a novos princípios! Segundo Ana Macedo, filha de José Macedo (responsável maior pela grande transformação da Quinta), que assumiu desde Novembro de 2022 a decisão de reerguer a Quinta do Sampayo, após 10 anos de estagnação: “Voltar à Quinta do Sampayo significa honrar a visão do meu Pai e, de alguma forma, continuá-la, à luz da minha própria visão do que a Quinta pode ser, da marca que pode deixar na região e nos vinhos produzidos. É uma honra receber-vos hoje. A nova era da Quinta do Sampayo começa hoje, neste momento tão importante e especial para nós”.
O plano passa, pois, por colocar a Quinta do Sampayo de volta ao mapa vínico nacional, bem como estabelecer-se como referência no panorama do enoturismo.

Quinta do Sampayo

 

Ana de Macedo assumiu a decisão de voltar a reerguer a quinta após 10 anos de estagnação.

Vinhos de excelência
Para o efeito conta com uma equipa composta por Marco Crespo, enólogo, Alberto Miranda, viticólogo, Renata Abreu, consultora comercial, bem como a chef Justa Nobre, responsável pela oferta gastronómica dos eventos.
Alberto Miranda revelou-nos que “a missão é ambiciosa: criar vinhos de excelência. Para isso, e desde que se tomou a decisão de retomar a produção de vinhos na Quinta do Sampayo, preservando a sua essência, apostámos numa nova abordagem: o RIR – Renovar, Inovar e Rejuvenescer.” Atentos às novas tecnologias, a novos métodos de produção, mas também às alterações climáticas e à sustentabilidade, a Quinta do Sampayo renovou equipamentos, apostou na diminuição da contaminação dos solos, promove activamente a biodiversidade, entre outras estratégias, que visam atingir os objetivos propostos.
Por seu turno, Marco Crespo, enólogo da Quinta do Sampayo partilhou que se pretende “um crescimento sustentável nas vinhas, que têm uma capacidade de produzir até 1 milhão de litros de vinho”. Ainda longe desses números, claro, Marco Crespo defende uma estratégia a longo prazo para que se aposte na qualidade dos vinhos produzidos e disponíveis no mercado, mas também na renovação do olival com uma idade média de 50 anos, que permitirá, mais tarde, num intervalo de 3 a 5 anos, avançar para a produção de azeite.
Renata Abreu, consultora comercial com historial e provas dadas em nomes importantes do panorama vínico português, definiu o posicionamento dos vinhos apresentados como pertencentes ao segmento médio. Serão distribuídos pelos canais tradicionais para posicionar e construir a marca, quer seja nos distribuidores regionais, canal HoReCa ou através do retalho especializado, permitindo assim um crescimento sustentado e de forma orgânica.
Foi ainda revelado que, o projecto de enoturismo avança, para já, sem alojamento, mas concentrado nas visitas à Quinta, provas de vinhos e eventos enogastronómicos corporativos e/ou privados. A Quinta do Sampayo dispõe de uma cozinha profissional, que contará com o selo de qualidade da chef Justa Nobre, e espaços próprios para a organização de eventos.
Uma menção especial é devida aos novos rótulos, que pretendendo traduzir a identidade da Quinta do Sampayo, conseguem transmitir uma dualidade visual bastante agradável, isto é, a casa principal da Quinta rodeada pelo tracejado dos campos das vinhas é, ao mesmo tempo uma impressão digital em tamanho gigante… precisamente a nova identidade da renovada Quinta do Sampayo!

(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)

 

Inscrições abertas para o Concurso de Fotografia Vinhos do Tejo

concurso

Os amantes de fotografia – que não sejam fotógrafos profissionais – e do mundo do vinho podem começar a preparar as suas máquinas, porque está de volta mais uma edição do Concurso de Fotografia Vinhos do Tejo. Promovido pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo), em parceria com a Confraria Enófila Nossa Senhora do […]

Os amantes de fotografia – que não sejam fotógrafos profissionais – e do mundo do vinho podem começar a preparar as suas máquinas, porque está de volta mais uma edição do Concurso de Fotografia Vinhos do Tejo. Promovido pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo), em parceria com a Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo e a Rota dos Vinhos do Tejo, tem como objectivo captar a atenção para a região, em especial para a paisagem vitivinícola, de forma sensorial através do olhar fotográfico.

“Da vinha ao vinho” dá mote ao tema da 3.ª edição do Concurso de Fotografia Vinhos do Tejo. São assim esperadas fotos relacionadas com região dos Vinhos do Tejo, que versem vinhas, trabalhos na vinha e na adega, ambiente de vindima e enoturismo. A inscrição pode ser feita até ao fim do mês de Agosto, mas as fotos podem chegar à organização até dia 31 de Outubro, permitindo assim captarem a altura mais dinâmica e animada para quem trabalha no sector do vinho – as vindimas – que, no Tejo, podem começar já no final de Julho e prolongar-se até Outubro, no caso de vinhos para colheita tardia.

As inscrições são gratuitas. Para o efeito, os participantes devem aceder ao site da Confraria, em www.confrariadotejo.pt, consultar o regulamento do concurso e preencher a ficha de Inscrição, que deve ser enviada para o endereço eletrónico confraria.enofila.tejo@gmail.com. É também para este e-mail que, até dia 31 de Outubro, devem seguir as fotografias a concurso – que têm de ser originais e inéditas e num máximo de seis por cada concorrente (a cores ou a preto e branco).

concurso

O júri do Concurso é composto por três fotógrafos profissionais, que vão avaliar as três melhores fotografias de cada participante. São atribuídos prémios ao 1.º, 2.º e 3.º lugar. Do 4.º ao 10.º são entregues diplomas de menção honrosa. Para usufruir por duas pessoas, o primeiro prémio é uma “Experiência na Região dos Vinhos do Tejo”, que inclui um passeio de barco no rio Tejo, com a Ollem Turismo (em Valada do Ribatejo), um jantar no restaurante Copo 3 (no Cartaxo) e uma noite, com pequeno-almoço, no D’Vine Country House (em Vale da Pedra); o segundo, uma “Experiência no Produtor” Vinhos Franco, com participação nas vindimas (Casais Penedos, Pontével); e o terceiro, uma “Experiência na Garrafeira”, que inclui prova de vinhos na Arinto & Touriga by Renata Abreu (em Santarém).

Os resultados serão conhecidos em 2025, sendo os prémios e os diplomas entregues na Gala Anual Vinhos do Tejo. Posteriormente são divulgados na newsletter e site da Confraria, dos Vinhos do Tejo e da Rota, assim como nas redes sociais dos parceiros e junto da comunicação social.

Quinta da Lapa: Estórias de um lugar no Tejo

Quinta da Lapa

Não basta produzir vinhos de qualidade. Também é necessário construir boas estórias para os ajudar a vender. Esta é a parte que Silvia Canas Costa, a responsável pela área comercial e de comunicação e marketing da Quinta da Lapa gosta mais: “a procura de vinhos que contem estórias”. Foi por isso que se envolveu, pessoalmente, […]

Não basta produzir vinhos de qualidade. Também é necessário construir boas estórias para os ajudar a vender. Esta é a parte que Silvia Canas Costa, a responsável pela área comercial e de comunicação e marketing da Quinta da Lapa gosta mais: “a procura de vinhos que contem estórias”. Foi por isso que se envolveu, pessoalmente, na criação dos rótulos das novas referências Fernão Pirão, Clarete e Castelão Clássico da casa, “três vinhos que reflectem o revisitar das tradições do Tejo, uma região difícil de comercializar, que foi um pouco abandonada durante algum tempo devido a muitos disparates que foram sendo feitos”, diz a responsável, que pertence à família proprietária, defendendo, no entanto, que hoje “está a melhorar muito”. Não só pelo trabalho feito pela Quinta da Lapa, mas também pelos outros produtores e pelos novos projectos que estão a nascer. “É importante estarmos todos a puxar pela região”, defende.
A ideia de lançar um clarete, a primeira inovação que surgiu, resultou de um convite do Professor Virgílio Loureiro, do Instituto Superior de Agronomia, para participar numa prova deste tipo de vinhos. “Depois de o fazer, achei que era bom enveredar também por este caminho”, conta, acrescentando que ela e a sua equipa optaram por o fazer através da co-fermentação de uvas de Castelão com Fernão Pires, 50% de cada. A ideia de produzir um Fernão Pirão veio na sequência do lançamento do clarete, que correu bem, e de conversas com André Magalhães, companheiro de vida de Sílvia, que é chef e proprietário de dois restaurantes em Lisboa, e Jaime Quendera, o enólogo consultor da Quinta da Lapa, “que têm originado novas ideias para a criação de produtos”.
Os rótulos foram construídos para revisitar as tradições, voltar um pouco atrás no tempo. Para os criar, Sílvia Canas Costas inspirou-se num muito antigo, que encontrou após algum trabalho de investigação, para desenhar os desta gama de vinhos.

A arquitecta que gosta de vinho
Sílvia sempre gostou de arte. Como queria ser arquitecta, começou por estudar na Cooperativa Árvore, do Porto, onde esteve durante quatro anos antes de se mudar para a Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa.
Terminou o curso em 1990. Entretanto já tinha começado a trabalhar no atelier do tio, João Fernando Canas, que se dedicava sobretudo à remodelação de casas. Mais tarde montou o seu, com um colega de curso, onde trabalhou durante mais de 15 anos. “Foi lá que criei o projecto de recuperação e remodelação da Quinta da Lapa, que foi sendo feito ao longo dos anos, desde que comprámos a propriedade em 1990, porque envolveu algum investimento que tinha de ser feito de forma sustentada”, conta. Quando a quinta foi adquirida já existia a casa, com o pátio e praticamente todos os edifícios, com excepção da adega. Desde essa altura, até hoje, foi tudo remodelado, numa obra que começou, como não podia deixar de ser, pelos armazéns do vinho.
Uma das primeira coisas que o pai, José Guilherme da Costa, fez quando adquiriu a propriedade, foi a substituição da vinha velha, por ter sido aconselhado a isso. Silvia Canas Costa não sabe qual era a área na altura, mas conta que tinha 32 hectares quando entrou na casa, há 14 anos. “Eram mais castas tintas do que brancas, que eram apenas de Arinto e Trincadeira das Pratas”, conta, acrescentando que não gostava nada do vinho a que esta dava origem e acabou “por substituir estas cepas”.
A casa foi terminada em 2011, quando o pai convidou Sílvia para trabalhar na Quinta. Acedeu com entusiasmo, sobretudo porque sempre gostara, e gosta, de vinho, mas também porque, na altura, já estava “um pouco farta” da actividade de arquitectura, sobretudo pelos processos burocráticos de que depende nas câmaras, para a concessão de licenciamentos. “Foi por tudo isso que decidi iniciar nesta nova vida, que tem sido uma verdadeira aventura até aqui”, explica.
Hoje Sílvia Canas Costa está mais ligada à área comercial da sua empresa. Para poder desempenhar o melhor possível o seu papel, prova muito e procura escutar de forma atenta o que os outros lhe comunicam, para continuar a aprender e perceber melhor o que tem, e como fazer. Mas diz que ainda está longe de saber tudo.
Como continua a precisar de ajuda para fazer bem as coisas, salienta que teve a sorte de encontrar as pessoas certas para isso, como Jaime Quendera, o consultor de enologia da casa desde 2008, e Jorge Ventura, que entrou ao mesmo tempo que ela na Quinta da Lapa para trabalhar na vinha, “e hoje faz um pouco de tudo, incluindo a também a produção de vinhos, a parte comercial e a gestão do pessoal”.
Sílvia Canas Costa diz que as coisas na sua empresa foram melhorando com o tempo. “A vinha está melhor, mais bem cuidada, parte foi reconvertida para castas que escolhemos com mais critério e fizemos alguma reconversão daquela que não estava bem plantada”, explica. Mas defende que ainda vai ser necessário percorrer mais caminho para chegar ao que quer em termos de qualidade.

Dias quentes, noites frias
A Quinta da Lapa tem um terroir único, de solos argilo-calcários e microclima com grandes amplitudes térmicas, onde os dias são quentes e as noites frias. “São condições que contribuem para originar vinhos com grande perfil evolutivo”, diz Jaime Quendera, o enólogo consultor da empresa, salientando que “são frescos, com base na sua acidez natural, têm muita concentração fenólica, boa fruta e uma grande capacidade de evolução com o tempo”.
Todo o trabalho, do campo à adega, é controlado pelos profissionais da empresa, em função de cada casta e talhão de vinha, para que cada vinho produzido tenha um perfil distinto, conforme a casta que lhe deu origem. Ou seja, “a poda, as adubações e todos os trabalhos próprios do maneio das vinhas, tal como a vindima, a fermentação e o estágio, são todos controlados por nós, o que permite que os lotes sejam feitos com o perfil que pretendemos, para produzirmos vinhos gastronómicos, elegantes, com estrutura, boa acidez e longevidade”. O “Cabernet Sauvignon tem um perfil, o Syrah outro e por aí adiante”, conta o enólogo
Nesta casa, os tintos têm de ter pelo menos um ano de estágio em garrafa antes de irem para o mercado, “porque inicialmente são pujantes e intensos, brutos e musculados, com muito tanino e precisam de tempo para ficarem mais elegantes”, explica Jaime Quendera.

quinta da lapa
Nesta casa, os tintos têm de ter pelo menos um ano de estágio em garrafa antes de irem para o mercado.

Enoturismo é aposta
A Quinta da Lapa tem 100 hectares, dos quais 72 hectares de vinha plantada em parcelas com as castas separadas, que são mais de 20. “Temos, também, mais de 20 referências, pois vendemos um bocadinho de tudo”, revela a produtora da Quinta da Lapa, acrescentando que isso tem a ver com a estratégia comercial da empresa, mas também porque gosta de fazer coisas novas, aumentando e diversificando a oferta da casa.
No mercado nacional, onde a empresa vende 70 a 80% dos seus vinhos, para além dos bases de gama, as referências mais vendidas são as das castas estrangeiras, sobretudo para o canal Horeca (Hotéis, restaurantes, cafés e similares).
Lá fora, os principais mercados são os da Europa, como Bélgica, Alemanha e República Checa. “Mas vendemos para muitos outros sítios, não muito para cada país”, diz Sílvia Canas Costa, acrescentando que, no extremo oriente, comercializam vinhos para Japão, Taiwan, Singapura e China, mercado que decresceu muito após a pandemia de Covid-19.
O enoturismo foi um projecto destinado a ser desde que a Quinta da Lapa foi adquirida. “Tínhamos uma casa fantástica e sempre quisemos fazer isso, como forma de recuperar o património e promover o vinho e a região”, conta Sílvia Canas Costa. “Mas foi uma área um pouco difícil de desenvolver, sobretudo por falta de pessoal para isso e porque estive, até há pouco, mais dedicada ao negócio do vinho”, acrescenta, referindo que, agora, está a apostar um pouco mais na promoção do enoturismo da Quinta da Lapa. Para além dos 11 quartos sóbrios e espaçosos com vista para a propriedade, situados num edifício do século XVII, oferece refeições, provas de vinho e visitas à adega. Os turistas procuram-no para passar o fim de semana, com jantar e prova de vinhos. “A não ser no verão, quando prolongam a estadia um pouco mais”.
A falta de oferta próxima de restaurantes e outras atrações têm sido condicionantes ao crescimento da frequência do espaço. “Estamos a meia hora das cidades e vilas mais próximas e a 40 minutos do mar”, explica a produtora, referindo que, por enquanto, ainda há poucos restaurantes à volta, como a Tasquinha do Lagar, na Marmeleira, “que é sedutor e tem bom ambiente e, por isso, recomendamos às pessoas que nos visitam para lá irem”.
É coisa que eu também faço, sempre que vou de fim se semana à minha terra de adoção, a vizinha Assentiz. Há mais coisas na ementa, mas as ostras abertas ao natural e os mexilhões à belga são a minha perdição e aquilo que me faz voltar sempre para além de, é claro, a simpatia do proprietário e as suas boas estórias.

(Artigo publicado na edição de Abril de 2024)

Lagoalva: Fernão Pires de primeira linha

Quinta da Lagoalva

A quinta possui cerca de 42 hectares de vinha (num total de 5.500 hectares com muitos outros cultivos e produções, desde cortiça a azeite, passando por cavalos), plantados junto ao rio Tejo e constituídos por uma grande variedade de castas, nacionais e mundiais. Como não poderia deixar de ser, dada a região onde está, as […]

A quinta possui cerca de 42 hectares de vinha (num total de 5.500 hectares com muitos outros cultivos e produções, desde cortiça a azeite, passando por cavalos), plantados junto ao rio Tejo e constituídos por uma grande variedade de castas, nacionais e mundiais. Como não poderia deixar de ser, dada a região onde está, as vinhas mais velhas são de Fernão Pires e têm cerca de 70 anos, sendo de destacar também as vinhas de Syrah, plantadas em 1984, das primeiras em Portugal. A longa tradição da Quinta da Lagoalva como produtora de vinho é atestada em 1888, na Exibição Portuguesa de Indústria, onde esteve presente com 600 cascos de vinho. Todavia, é mesmo a referida data de 1989 que consagra o primeiro registo como produtor engarrafador no IVV, então com a marca “Cima” (aliás, a propriedade girou muitos anos com a marca Lagoalva de Cima), com a primeira certificação atribuída pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo a ocorrer pouco depois, em 1992, então já como “Quinta da Lagoalva”. Mais de 3 décadas volvidas, e já com uma história significativa no universo vitivinícola português, elegeu 2023 como um ano de mudança. Essa mudança foi materializada, desde logo, no rebranding do logótipo e dos rótulos do seu portefólio de vinhos, que vão chegar ao mercado até ao final do ano, à medida que são lançadas novas colheitas. Actualmente, a produção de vinhos ronda as 650 mil garrafas, a representar cerca de 1,5 milhões de euros de faturação em 2022. As vendas em Portugal correspondem a 65% do negócio, sendo os restantes 35% alocados a mercados de exportação, com maior destaque para Alemanha, Bélgica, Brasil, China e Polónia.

Quinta da Lagoalva

A nova imagem foi desenvolvida pela agência portuguesa OM Design, em estreita colaboração com as equipas de enologia, comercial e enoturismo da Quinta da Lagoalva, num processo que demorou um ano a concretizar. Isso mesmo nos confirmou Pedro Pinhão, o actual coordenador de enologia do projecto que já leva 2 décadas ao serviço da Lagoalva, e que, desde há pouco tempo, beneficia da ajuda do jovem enólogo Luís Paulino. Os novos rótulos retratam a casa e palácio, e procuram homenagear o legado da icónica propriedade, com 830 anos de história e 660 hectares contíguos, e beneficiaram de contributos de toda a família (assumindo o legado histórico, os rótulos passaram a integrar a menção “Circa 1193”, data do primeiro registo da Quinta da Lagoalva).

A par deste rebranding foi lançado um vinho em estreia absoluta, nada menos nada mais do que um Grande Reserva Fernão Pires da colheita de 2021. As uvas deste Fernão Pires provêm da referida vinha velha com 70 anos, sujeitas a prensagem dos cachos inteiros, e fermentação em barricas usadas (de 2.º, 3.º e 4.º anos) de carvalho francês com capacidade 500 litros, nelas estagiando durante 12 meses com bâtonnage semanal durante 2 meses. A surpresa não vem propriamente do uso da casta, que é maioritária aliás na região, mas no facto de ser usada em estreme e logo posicionada como topo de gama, algo menos comum na região do Tejo, mas que é de aplaudir. Tanto mais que este lançamento se insere no âmbito do movimento de promoção desta casta, promovido pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, a nível nacional e internacional, movimento que se aplaude com entusiasmo.

Foi também tempo de conhecermos as novas de parte do portefólio do produtor, caso dos colheitas do Lagoalva branco, rosé e tinto; Lagoalva Sauvignon Blanc; Lagoalva Reserva branco e tinto (ambos bi-varietais). Revelaram-se todos muito atraentes, sendo de destacar uma clara tendência para redução do álcool (vários vinhos abaixo dos 12%) e maior percepção da acidez (com uma excepção, todos os vinhos acima dos 6 g/L), aspectos que muito nos agradaram, e que revelam a atenção do produtor às novas tendência de consumo.

(Artigo publicado na edição de Junho de 2023)

Quinta da Atela: Novo brilho para o produtor da Charneca

Quinta da Atela

A história do projecto Quinta da Atela, em Alpiarça, teve algumas flutuações, ao longo de várias décadas e de um punhado de proprietários. Enquanto “quinta”, foi formada em 1346 para os Condes de Ourém, tendo sido doada, mais tarde, ao Convento da Graça de Santarém dos Agostinhos Calçados, ainda sob o nome Quinta da Goucha. […]

A história do projecto Quinta da Atela, em Alpiarça, teve algumas flutuações, ao longo de várias décadas e de um punhado de proprietários. Enquanto “quinta”, foi formada em 1346 para os Condes de Ourém, tendo sido doada, mais tarde, ao Convento da Graça de Santarém dos Agostinhos Calçados, ainda sob o nome Quinta da Goucha. Em linha com as tradicionais propriedades da região do Tejo, é extensa, com um total de 580 hectares, e tem englobado, além da vinha, outras actividades agrícolas e exploração de gado, que se mantém actualmente. Aqui encontra-se, por exemplo, a maior mancha de salgueiro-negro da Península Ibérica. Como foi também comum em Portugal, a Quinta da Atela viu-se ocupada após o 25 de Abril e foi devolvida aos donos 10 anos depois, pelo Ministério da Agricultura, em muito mau estado, como seria de esperar. Um mal que veio “por bem”, levando a uma total reabilitação por parte do então proprietário Joaquim Manuel de Oliveira, membro da família que fundou a Izidoro, gigante do sector agro-alimentar. Os anos 90 foram, assim, um marco importante no percurso da Quinta da Atela, com as adegas e edifícios de armazenamento renovados, e a contratação, em 1997, do enólogo António Ventura. Aqui, o projecto de vinhos desta propriedade situada na zona da Charneca — um dos três principais terroirs do Tejo — ganhou outra vida, momento também de enorme relevância para a construção do actual sucesso do mesmo. Joaquim de Oliveira era “francófilo” assumido, revelou António Ventura, algo que contribuiu bastante para o ADN do negócio e objectos de investimento. O enólogo acabaria por se afastar alguns anos mais tarde, no seguimento da morte, em 2012, de Joaquim de Oliveira, sem imaginar que não seria a última vez que entraria na Quinta da Atela numa posição profissional…
Após um período de gestão um pouco mais tremido, que levou mais uma vez à degradação do espaço, a Quinta da Atela foi adquirida em 2017 pelos actuais proprietários, Anabela Tereso e Fernando Vicente, administradores da Valgrupo, empresa dedicada à criação e abate animal de suínos, bovinos e aves, e à transformação e comercialização de produtos alimentares. “Inicialmente foi o meu marido que se interessou pela propriedade, e quando me trouxe a primeira vez à quinta, ela já estava praticamente comprada. Mas o estado de degradação era tal, que eu não consegui ficar logo entusiasmada”, contou-nos Anabela Tereso, que acabou por assumir a orientação das obras de reabilitação (na verdade, foi mais uma revolução) e a criação da marca e imagem do projecto, com um cunho muito pessoal. Foi desta forma que se apaixonou por ele, ao reconstruí-lo, como nos confessou a empresária que é hoje a cara da Quinta da Atela. Com especial talento para a estética das coisas, Anabela Tereso faz-se acompanhar de uma aura de profissionalismo e dedicação, às pessoas e ao trabalho, e de uma enorme vontade de aprender. “Não percebo nada de vinho, mas gosto de ver as coisas bem feitas”, declarou, sem falsas modéstias. Self made woman, dedicou-se muito cedo à suinicultura e, juntamente com Fernando Vicente, com quem se casou aos 18 anos, criou sucesso empresarial na área agro-pecuária, que culminou na criação da Valgrupo. Sem pudores desnecessários, partilha que passou a sua lua-de-mel a cuidar de uma ninhada de suínos. A mesma tenacidade acompanha-a até à data, e a Quinta da Atela impressiona hoje pelo aspecto premium e sério, tendo já recebido, em 2022, a distinção de Melhor Enoturismo do Tejo.

Quinta da Atela

O regresso da boa-ventura

Com o anterior proprietário, António Ventura desenhou os vinhos da Quinta da Atela, desde a escolha das castas a plantar ao perfil do produto engarrafado, factos que o levaram a conhecer a quinta, como o próprio diz, como a palma da sua mão. Esta foi uma das razões que levaram o enólogo a aceitar o convite, por parte de Anabela Tereso e Fernando Vicente, para regressar ao projecto ribatejano em 2020, como enólogo consultor, trabalhando com o enólogo residente Bruno Castelo. Os 130 hectares de vinha da propriedade (100 em plena produção) têm, como já referido, a impressão digital de António Ventura e da “francofilia” do antigo dono, juntamente com parcelas já plantadas pela nova administração, num encepamento equilibrado entre castas tradicionais ou comuns na região e outras de origem francesa, com a excepção da franco-alemã Gewürztraminer, que na altura se tratou de uma insistência pessoal do enólogo (e que acabou por se revelar surpreendentemente adaptada à zona): Fernão Pires, Arinto, Viosinho, Verdelho, Chardonnay, Sauvignon Blanc; Castelão, Touriga Franca, Pinot Noir, Trincadeira Preta, Alicante Bouschet, Caladoc, Aragonez, Syrah, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot, Marsellan, Alfrocheiro e Sousão são as variedades com expressão na quinta. Há, também, uma vinha velha com 75 anos e 20 hectares, a “Carvalhita”, com predominância, naturalmente, de Castelão, a uva tinta mais emblemática do Tejo. A vinha da Carvalhita é velha, mas nada tem de decrépita, e mostra ainda um vigor admirável. Além de vinhos tintos, esta parcela destaca-se por ter dado origem a um dos rosés mais recentes da casa. Os solos, por sua vez, são bastante arenosos, com algumas manchas argilo-arenosas, com características de transição entre Charneca e Campo. Também a fazer a ponte entre o passado e o presente, o produtor lançou muito recentemente a aguardente vínica velhíssima Capela da Atela XO 20 Anos, com certificação DOC DoTejo, uma aguardente produzida a partir de uvas de Fernão Pires que estagiou durante 20 anos em barricas de diferentes origens. De elevadíssima qualidade, esta velhíssima foi feita no alambique Charentais instalado ainda por Joaquim Manuel de Oliveira, cuja admiração por “tout ce qui est français” incluía uma grande atracção por Cognac. Adicionalmente, o portefólio do produtor tem no seu core as marcas Casa da Atela, sobretudo para os monovarietais, e Quinta da Atela, para os vinhos de lote e outros produtos, como os vinhos licorosos. Óptima surpresa são também os dois espumantes Casa da Atela, um Chardonnay e um Pinot Noir de excelente nível. Os varietais brancos mostram bastante frescura natural e harmonia, e são bem fiéis a cada casta. Todos têm 20% de barrica menos o Gewürztraminer, que só passa por inox. “Actualmente preferimos barricas de 500 litros, e estamos gradualmente a substituir as mais pequenas pelas de maior formato. Queremos uma melhor integração da madeira e menos marcação aromática”, adiantou-nos António Ventura. A adega tem partes completamente renovadas — onde se encontram as cubas verticais, rotativas e cubas-lagar — e outras antigas (centenárias) e preservadas para armazenamento ou valorização histórica.

A Quinta da Atela, que faz vinho somente a partir das suas uvas, vinifica 1 milhão de litros e produz cerca de 200 mil garrafas em nome próprio. De acordo com Anabela Tereso e António Ventura, o objectivo é crescer em área de vinha, com planos para chegar aos 150 hectares em plena produção. Para já, o principal mercado é o nacional, mas a ideia é atingir uma situação próxima da equiparação entre este e a exportação. Ao abrigo dos actuais proprietários e administradores apenas desde 2017, e com enologia de António Ventura desde 2020, este pode, praticamente, ser considerado como um projecto novo no Tejo. E tanto que já aqui foi feito.

 

 

(Artigo publicado na edição de Abril de 2023)

Quinta do Casal Branco: Uma fábula para gente crescida

Casal Branco

De todos os recantos e pormenores que caracterizam a Quinta do Casal Branco em Almeirim, o mais impressionante são as vinhas centenárias. Ao dar o primeiro passo para dentro de uma delas — neste caso, a Vinha do Tojal, a primeira da visita — senti-me como a Ofélia a descobrir, pé ante pé, o Labirinto […]

De todos os recantos e pormenores que caracterizam a Quinta do Casal Branco em Almeirim, o mais impressionante são as vinhas centenárias. Ao dar o primeiro passo para dentro de uma delas — neste caso, a Vinha do Tojal, a primeira da visita — senti-me como a Ofélia a descobrir, pé ante pé, o Labirinto do Fauno. É certo que a movimentada estrada está mesmo junto à vinha, mas as videiras com mais de cem anos são aqui tão imponentes no tamanho, e surreais nas formas, que o ruído sonoro e visual que de lá advém é por elas abafado, como se o labirinto se fechasse atrás de nós após a entrada. Com 3,20 hectares, a Vinha do Tojal foi plantada ainda na primeira década do século XX, por D. Manuel Braamcamp Sobral. As cepas velhas (hoje bem afastadas em compasso), que desenham curvas e contracurvas retorcidas em todas as direcções, como que feitas com magia, escondem Castelão e Alicante Bouschet. Os maiores e mais largos braços, da maioria das videiras, acusam a passagem do tempo pela vontade que mostram em descansar no solo. Em comprimento, algumas devem aproximar-se dos dois metros, e as oliveiras presentes, também elas centenárias, parecem gostar da companhia. Tanto que há pelo menos uma cepa e uma oliveira que se abraçam, a primeira em jeito de trepadeira e a segunda firme e altiva, sem vacilar.
Plantada na mesma altura, e com características semelhantes, foi a Vinha Velha do Castelão, só desta casta tinta, com 2,70 hectares. Vinhas velhas há muitas, mas poucas são as que nos mesmerizam assim. E o resultado dentro da garrafa não é difícil de adivinhar, também tendo em conta que a enologia é chefiada por Manuel Lobo de Vasconcellos — reconhecido enólogo de projectos como Quinta do Crasto ou Roquette & Cazes, e agora no próprio, Lobo de Vasconcellos Wines — membro da família proprietária. Manuel Lobo entrou com esta função no Casal Branco, juntamente com a agora enóloga residente Joana Silva Lopes, em 2014.

 

História

Fundada em 1755, a propriedade conhecida como Quinta do Casal Branco — que foi coutada real durante quatro séculos — totaliza 1100 hectares e, como é tradicional nas propriedades da região desta dimensão, sempre foi local de várias culturas agrícolas e de dedicação ao cavalo, com a Coudelaria do Casal Branco a remontar ao século XIX e ao 2º Conde de Sobral, D. Luis de Mello Breyner, cujo trabalho foi continuado pelos seus sucessores, até hoje. Através de várias gerações Braamcamp Sobral e Lobo de Vasconcelos, o Casal Branco manteve-se sempre na mesma família, que acabou por se dedicar de forma mais afincada à vinha e ao vinho, face aos outros projectos agrícolas, tendo já celebrado 200 anos de produção vitivinícola. Muito recentemente, como resultado de um processo de partilhas do património agrícola familiar, o negócio de vinhos da empresa “Casal Branco, Sociedade de Vinhos” passou a ser unicamente detido por José Lobo de Vasconcelos, neto de D. Manuel Braamcamp Sobral, que já geria esta parte, traduzida em cerca de 400 hectares, 118 dos quais de vinha. Na verdade, o Casal Branco foi, de acordo com José Lobo de Vasconcelos, o primeiro produtor do Tejo a certificar um vinho, da colheita 1989 e marca Falcoaria, em 1990, ano que marca o nascimento do projecto de vinho engarrafado. Esta marca, que hoje representa o segmento dos topos de gama no portefólio da casa, é inspirada na prática da falcoaria, cujo único testemunho actual na propriedade é um pombal secular, destinado outrora ao treino dos falcões.
A primeira adega do Casal Branco data de 1817 e já sofreu algumas intervenções, uma das mais importantes e profundas no século XX, por parte de D. Manuel Braamcamp Sobral, transformando-se na primeira adega industrial a vapor da região. A vinificação é ainda realizada nesta adega, que teve uma remodelação total em 2004, e a produção anual bate sensivelmente nos 900 mil litros de vinho, 90% da qual é exportada para mais de 20 mercados. Para José Lobo de Vasconcelos, a região do Tejo ainda sofre de muito preconceito em Portugal, uma das razões para um peso tão grande da percentagem de exportação.

Vinhas e terroir

Estamos na zona da Charneca (um dos três grandes terroirs da região, juntamente com o Bairro e o Campo) — na margem esquerda do Tejo, a Sul e Sudeste — com solos pobres franco-arenosos e, segundo Manuel Lobo, “quatro zonas de transição com barro e calhau rolado”. É uma zona mais seca e quente do que as outras duas, o que, juntamente com a componente arenosa e a pobreza geral dos solos, gera condições de rendimento controlado que favorecem especialmente o Castelão. Isto em oposição, sobretudo, à zona do Campo, de solo bem fértil e hidratado, pela proximidade ao rio. A Charneca é, assim, uma zona que acaba por ser ideal para a generalidade dos tintos e óptima para alguns brancos, com destaque para a Fernão Pires, casta bandeira da região, ao lado da tinta Castelão.
A área de vinha do Casal Branco passou, em grosso modo, por três fases determinantes. A primeira foi a plantação das vinhas centenárias já referidas, do Tojal e a Velha do Castelão. Depois, nos anos 50/60 do século XX, o pai de José Lobo de Vasconcelos, o engenheiro agrónomo Francisco Xavier Lobo de Vasconcellos, foi responsável pela plantação da também já bem velha Vinha do Tanxual, 7,5 hectares de Fernão Pires agora com 70 anos. É esta que origina o branco Falcoaria Vinhas Velhas. Este plantou, ainda, a Vinha dos Sertões, com 15,3 hectares de Fernão Pires e 11 de Castelão, tendo importado também Cabernet Sauvignon e Merlot de França (onde estudou), que representam a Vinha do Bico, com dois hectares.
Já na actual geração, entre 1999 e 2000, apostou-se nas castas tintas Syrah, Petit Verdot, Alicante Bouschet e Touriga Nacional, e mais tarde nas brancas Gouveio, Viognier, Alvarinho e Sauvignon Blanc. Em 2018, já com a presença da dupla actual de enólogos, iniciou-se a restruturação da Vinha dos Sertões, tendo sido arrancado parte do Castelão e plantado Moscatel, Touriga Franca e Sousão. Em 2022, plantou-se mais Touriga Franca, Touriga Nacional e Syrah, na mesma vinha. “Para 2023 está planeado continuar a fase de expansão da vinha, com a plantação total de 11 ha das castas Arinto, Sousão e Alicante Bouschet. “O plano estratégico passará sempre por manter as vinhas centenárias e potenciar ao máximo a sua qualidade, também reconverter parcelas cujo resultado é menos interessante do ponto de vista qualitativo, e introduzir castas que aportem aos nossos vinhos características melhoradoras, adaptadas ao terroir e à realidade das alterações climáticas”, explica Joana Silva Lopes.

 

Vinhos e espumantes

A Quinta do Casal Branco completou agora 30 anos de produção do seu espumante Monge, de Castelão, “o primeiro espumante com certificação na região”, marco que celebrou com o lançamento do Monge Blanc de Noirs Castelão Reserva 2015. Ambos produzidos pelo método clássico, de segunda fermentação em garrafa, distinguem-se pela utilização de leveduras encapsuladas no Monge Colheita, e livres no Reserva, que “trabalharam” na garrafa durante os cinco anos de estágio em cave. Ambos foram provados nesta reportagem. Em prova estão também os “entrada de gama” Terras de Lobos — branco, rosé e tinto — Quinta do Casal Branco — nas edições Alvarinho, Sauvignon Blanc, Syrah e Red Blend — e os “topos” Falcoaria Vinhas Velhas branco, tinto e Grande Reserva tinto. Em jeito de micro-vertical, provaram-se também duas colheitas anteriores do Falcoaria Vinhas Velhas branco e outra do Grande Reserva tinto. O Vinhas Velhas branco 2018 já mostra bem a excelente capacidade de evolução em garrafa deste vinho, com muita pólvora no nariz e alguma redução mas a revelar toda a sua finesse, elegância e complexidade na boca (18,5). O 2016, por sua vez, confirma mesmo isso, a trazer uma amplitude excelente, gigante complexidade e frescura natural de luxo (19). O Falcoaria Grande Reserva tinto 2015, tal como a edição que está no mercado, invoca fruta madura, componente mentolada e resinoso, resultando exótico, com cedro, sândalo, cera de abelha e tabaco tipo cigarrilha. Com muito “para andar” (18,5). Mas todos estes vinhos vêm reforçar sobretudo uma coisa: que o preconceito (sobretudo nacional, como desabafou José Lobo de Vasconcelos) sobre o Tejo já é só mesmo isso, e está na altura de ser largado.

(Artigo publicado na edição de Fevereiro de 2023)

No dia 25 de Junho, a Gala Vinhos do Tejo 2022 — evento que premeia anualmente os vinhos, as empresas e as personalidades da região, organizado pela CVR Tejo e pela Confraria Enófila de Nossa Senhora do Tejo — reuniu mais de 300 pessoas no Hotel dos Templários, em Tomar, para levar ao palco os vencedores dos habituais Concurso Vinhos do Tejo e Prémios Vinhos do Tejo.

Na sua 12ª edição, o Concurso Vinhos do Tejo 2022 contou com 166 amostras inscritas, de entre as quais se evidenciaram, com Medalha Excelência, o Zé da Leonor Reserva tinto 2020, da Casa Agrícola Rebelo Lopes, e o Quinta do Casal Monteiro Fernão Pires Grande Reserva branco 2019, da Quinta do Casal Monteiro. Já com Grande Medalha de Ouro, destacaram-se três vinhos da Enoport: Cabeça de Toiro Grande Reserva branco 2019 e tinto 2017, e Quinta São João Batista Grande Reserva tinto 2018. A Agrovia, por sua vez, conseguiu duas medalhas para a Quinta da Lapa, atribuídas ao Reserva branco 2019 e ao ‘Touriga Nacional Reserva tinto 2018. O mesmo aconteceu com os vinhos Alvarinho & Viognier Reserva branco 2020 e o Abafado 5 Years Fernão Pires branco 2016 da Quinta da Alorna. A Three Quarters Wines também viu o seu 75 1st Collection Reserva tinto 2018 receber esta medalha, bem como a Casa Agrícola Paciência, com o Paciência Moscatel Graúdo Reserva branco 2018. O galardão Ouro foi conseguido por 26 vinhos, 10 brancos e 16 tintos, enquanto que a Prata foi entregue a 4 brancos, um rosé e 9 tintos.

Luís de Castro, Presidente da CVR Tejo. ©Gonçalo Villaverde

Foram também distinguidos os melhores brancos e rosés da colheita de 2021, tendo sido eleito os Pingo Doce Sauvignon Blanc e Verdelho, Lagoalva Sauvignon Blanc e @batista’s By Pitada Verde Colheita Seleccionada nos brancos; e os Herdade dos Templários, Terra de Lobos e o Quinta do Casal Monteiro nos rosés.

Nos Prémios Vinhos do Tejo 2022, que se destinam às empresas e personalidades, o destaque foi para a Enoport Wines, que arrecadou o prémio nas categorias Enólogo do Ano, no qual levou não um, mas dois enólogos ao palco – Nuno Faria e João Vicêncio – e Empresa de Excelência. A empresa Santos & Seixo, com a sua operação no Tejo sob o nome Encosta do Sobral, foi eleita Empresa Dinamismo. O Prémio Sustentabilidade foi entregue à Companhia das Lezírias. Por fim, o Prémio Carreira destinou-se a Pedro Castro Rego, Grão-Mestre da Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo e Presidente da Federação das Confrarias Báquicas de Portugal.

Revelados os restaurantes aderentes ao concurso Tejo Gourmet 2022

Tejo Gourmet 2022

O Tejo Gourmet 2022, Concurso de Iguarias e Vinhos do Tejo que este ano chega à 10ª edição, já tem definidos os restaurantes nacionais que aderiram à iniciativa. São 63 os espaços — do continente e ilhas — que submeteram os seus menus vínicos à prova, nesta competição promovida pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo […]

O Tejo Gourmet 2022, Concurso de Iguarias e Vinhos do Tejo que este ano chega à 10ª edição, já tem definidos os restaurantes nacionais que aderiram à iniciativa. São 63 os espaços — do continente e ilhas — que submeteram os seus menus vínicos à prova, nesta competição promovida pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo) e pela Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo.

De 1 de Fevereiro a 31 de Março de 2022, os visitantes destes restaurantes poderão fazer a “Rota do Tejo Gourmet”, para provar e desfrutar dos menus vínicos criados especialmente para o concurso. Cada menu é composto por entrada, prato e sobremesa e, como não podia deixar de ser, é harmonizado, a cada momento, com diferentes Vinhos do Tejo. Para além da avaliação feita pelos comensais, caberá a um painel de jurados, composto por quatro profissionais em cada visita, pontuar a gastronomia, os vinhos e a harmonização. O Tejo Gourmet 2022 premeia “O Melhor Restaurante” em absoluto, assim como as categorias “Melhor Entrada”, “Melhor Prato Principal”, “Melhor Sobremesa”, “Melhor Carta de Vinhos”, “Melhor Promoção”, “Restaurante Revelação”, “Melhor Casa de Petiscos”, “Melhor Cozinha Tradicional”, “Melhor Cozinha de Autor” e “Melhor Cozinha Internacional”. São ainda entregues diplomas de Prata e de Ouro. O anúncio e entrega dos prémios acontecem por ocasião da Gala Vinhos do Tejo, marcada para o dia 28 de Maio de 2022.

Luís de Castro, Presidente da CVR Tejo, afirma: “Estamos bastante satisfeitos com a adesão a esta edição do Tejo Gourmet, que vem confirmar o espaço que este nosso Concurso já ocupa no panorama nacional. Conta já com uma dezena de edições, o que tem, sem dúvida, ajudado a afirmar os Vinhos do Tejo dentro e fora da região. Se na primeira edição aderiram 22 restaurantes, apenas da região dos Vinhos do Tejo, na última, em 2019, o número subiu para 58 e, este ano, para 63 restaurantes, neste que foi salto triplo, a contar da génese”.

Criado em 2010, o Tejo Gourmet começou por ser um concurso de âmbito regional, passando, em 2012, a contemplar os restaurantes de lés-a-lés de Portugal. Esta mudança contribuiu, segundo os organizadores, “para o seu crescimento, quer em qualidade, quer em quantidade, no que diz respeito ao número de restaurantes participantes”.10ª Edição TEJO GOURMET – Concurso de Iguarias e Vinhos do Tejo
Lista dos restaurantes participantes:

• A Casa do Avô (Guia, Albufeira)

• A Lúria (Portela de São Pedro, Tomar)

• A Toca do Coelho (Usseira, Óbidos)

• A Varanda do Parque (Santarém)

• Adega Açoriana – Tapas & Wine House (Pico, Açores)

• Alecrim.com (Funchal, Madeira)

• Almourol Restaurante (Tancos, Vila Nova da Barquinha)

• Amassa (Santarém)

• Atual Restaurante (Silveira, Torres Vedras)

• Aveiramariscos (Aveiras de Cima)

• Beef & Wines (Funchal, Ilha da Madeira)

• Belpaço (Tomar)

• Black Frog Restaurante & Gin House (Santarém)

• Burro Velho (Batalha)

• Café Alentejo (Évora)

• Capriola – Hotel Lusitano (Golegã)

• Casa Chef Victor Felisberto (Alferrarede, Abrantes)

• Casa de Pasto “A Regional Valonguense” (Valongo)

• Chalet Vicente (Funchal, Madeira)

• Clube Naval de São Roque do Pico (Pico, Açores)

• Cordel Maneirista (Coimbra)

• Danidoce Marisqueira (Alpiarça)

• De’gustar (Torres Novas)

• DiGusto (Santarém)

• Dom Joaquim (Évora)

• Dona Laura – Tapas e Vinhos (Évora)

• Genuinu’s (Aveiras de Cima)

• InPar Restaurante by Aroeira Lisbon Hotel (Aroeira, Charneca da Caparica)

• Mãe – Cozinha com Amor (Lisboa)

• Magma (Pico, Açores)

• Magna Carta – Wine & Food (Paredes da Vitória, Pataias)

• Mensa – Hotel Le Malibu Foz (Figueira da Foz)

• No Tacho (Coimbra)

• O Castelo (Belver)

• O Cavalo do Sorraia (Alpiarça)

• O Convite – Dom Gonçalo Hotel Spa (Fátima)

• O Febra (Almeirim)

• O Picadeiro (Tomar)

• O Poço do Zé (Casais de Santa Helena, Caldas da Rainha)

• O Rochedo (Pico, Açores)

• Oh!Vargas (Santarém)

• Palhinhas Gold (Rio Maior)

• Papa Figos (Torres Novas)

• Pátio da Graça (Santarém)

• Petiscaki (Montemor-o-Novo)

• Petrarum Domus Bar Restaurante (Óbidos)

• Pirá Cevicheria (Loulé)

• Praça – Hotel República (Tomar)

• Roots (Torres Vedras)

• Sabores de Az (Funchal, Madeira)

• Stop (Vila Nova da Barquinha)

• Taberna Lusitana (Matosinhos)

• Taberna Portuguesa 1865 (Rio Maior)

• Taberna Zé Cristino (Urqueira, Ourém)

• Tasko d’Adega (Fazendas de Almeirim)

• Taverna 1488 (Constância)

• Taverna Antiqua (Tomar)

• Taxiko Tapas (Funchal, Madeira)

• Triangular – Hamburgueria Artesanal (Évora)

• Villa Lausana (Lousã)

• Vintage (Pombal)

• Wish Restaurante & Sushi (Porto)