Maçanita: Nascidos de antigas cepas

Da ilha do Pico (com a Azores Wine Company) até ao Douro (com sua irmã Joana Maçanita), passando pela Madeira e Porto Santo (com a Companhia de Vinhos dos Profetas e dos Villões) e pelo Alentejo, (Fitapreta), estes vinhos de vinhas velhas, engarrafados, por vezes, em diminutas quantidades, são especialmente acarinhados por António […]
Da ilha do Pico (com a Azores Wine Company) até ao Douro (com sua irmã Joana Maçanita), passando pela Madeira e Porto Santo (com a Companhia de Vinhos dos Profetas e dos Villões) e pelo Alentejo, (Fitapreta), estes vinhos de vinhas velhas, engarrafados, por vezes, em diminutas quantidades, são especialmente acarinhados por António Maçanita. São vinhos de vinha, ou melhor de parcela. Vinhos que são o que são porque têm origem naquelas mesmas videiras e não noutras plantadas a umas centenas de metros de distância. Cada uma destas vinhas foi uma descoberta. E cada uma tem uma história que merece ser contada. Vamos contá-las, pois, com a ajuda das notas e da memória de António Maçanita.
PORTO SANTO E MADEIRA
Na ilha da Madeira chamam “profetas” aos porto-santenses; e estes retribuem apelidando os madeirenses de “villões”, alcunha derivada de “habitante da vila”. Seja como for, um belo nome para o projecto que António Maçanita ali criou com o seu amigo Nuno Faria. Foi este último que, em 2020, convenceu António a visitar um conjunto de vinhas nas duas ilhas. Despertado o interesse, “o próximo passo foi tentar convencer o Sr. Cardina a vender-nos uvas. Foi difícil, resistiu, mas lá aceitou no final. O Sr. Cardina é um dos mais respeitados viticultores e um acérrimo defensor da história do vinho do Porto Santo, tendo construído o museu do Vinho Cardina, com vários objetos do trabalho da vinha e vinho”, diz António Maçanita.
A ilha de Porto Santo é, em termos geológicos, uma das mais antigas dos arquipélagos portugueses, tendo emergido há 14 milhões de anos no oceano Atlântico. Foi também a primeira a ser descoberta por Gonçalves Zarco em 1418. A plantação da vinha data dos primeiros tempos da colonização, tendo Gaspar Frutuoso, em 1580, acentuado a abundância de vinhedos existente ao longo da costa, inclusive nas zonas mais arenosas. “Na história recente, os antigos contam que era aqui onde se vinham buscar as uvas mais maduras para dar grau ao vinho Madeira. Hoje restam menos de 14 hectares, cultivados por um punhado de resistentes”, refere Maçanita.
Os solos, arenitos calcários de origem marinha, apresentam um pH bastante elevado, em torno dos 8,5 (por comparação, nos Açores, este indicador anda pelos 5,5/6) e o clima fortemente atlântico implica uma condução rasteira das videiras, protegidas dos ventos e maresia por muros ou habilidosas estruturas de canas. A vinha do Sr. Cardina, com mais de 80 anos, está assente em calcários franco-arenosos. Plantada com a casta Listrão (conhecida em Jerez por Palomino Fino) dali saem, desde 2020, os vinhos Listrão dos Profetas e Listrão Vinho da Corda. Em 2021 António e Nuno persistiram na busca de mais vinhedos e hoje recebem uvas de 15 viticultores. São tudo vinhas entre 40 e 80 anos de idade, algumas delas nas Fazendas da Areia, zonas de pura areia calcária. Plantadas com a casta Caracol, dão origem aos vinhos Caracol dos Profetas e Caracol dos Profetas Fazendas da Areia.
Já na ilha da Madeira (a terra dos “vilões”…), o terroir muda totalmente. Os solos vulcânicos são bem mais ácidos e as videiras orientadas em latada. Os dois amigos escolheram o Estreito da Câmara de Lobos e a Tinta Negra como local e casta de eleição. A primeira vindima, em 2020, correu mal: a cuba caiu no transporte entre adegas. Avançaram de novo no ano seguinte e conseguiram comprar uvas a um viticultor com um vinhedo de Tinta Negra com mais de 40 anos. E nasceu o Tinta Negra dos Villões.
PICO
Fundada, em 2014, a Azores Wine Company (AWC) veio revolucionar a produção de uva e vinho na ilha do Pico e, em boa verdade, directa ou indirectamente, em todas ilhas vinícolas açorianas, pela criação de valor gerada desde então. A história da empresa já foi contada mais do que uma vez nestas páginas, pelo que vamos ao que interessa: as vinhas velhas. No que ao tema respeita, Filipe Rocha e António Maçanita, os sócios da AWC, elegem como “centro de tudo” a zona do lajido (lajes de lava) da Criação Velha, um dos dois locais picoenses classificados como Património Mundial pela Unesco. “A Criação Velha é a guardiã do património genético original da ilha e dos Açores”, diz António Maçanita. Este é, na verdade, um “spot” muito especial, e não apenas pela paisagem. António Maçanita refere as particularidades climáticas: distando 16 km do centro do vulcão do Pico, beneficia de mais horas de sol, pois o Pico bloqueia as nuvens; a sua baixa altitude, entre 6-35 metros, faz com que as raízes estejam a utilizar água “salobra”; e, por último, o mar ali tão perto acentua o carácter atlântico dos vinhos. Mas também, historicamente, a Criação Velha é especial: os seus vinhedos pertenciam a gentes do Faial, pela proximidade ao porto da Horta, ali em frente, do outro lado do canal, já que eram eles os principais produtores e comerciantes de vinhos.
Na Criação Velha, a AWC trabalha três áreas distintas que originam distintos vinhos, todos eles com a casta Arinto dos Açores largamente predominante. A chamada Vinha da Canada do Monte, é constituída por duas parcelas que encostam na Canada do Monte, que é o caminho que vai desde o tão fotografado moinho vermelho do Frade até ao Monte (pequeno relevo de terreno). Esta estrada marca também uma distância ao mar de cerca de 580 m e uma altitude de 35 metros. Depois, temos a Vinha Centenária, como o nome indica, uma das vinhas mais antigas da ilha, com idade compreendida entre 100-120 anos, situada também na linha da Canada do Monte. “Está na mesma família há várias gerações e é uma das mais bem tratadas que conhecemos no Pico”, refere António. Aqui encontramos também, ao lado do Arinto dos Açores, diversas cepas com Bual, Verdelho, Donzelinho e Alicante Branco. Finalmente, a Vinha dos Utras, hoje quase tão famosa quanto o moinho vermelho. Trata-se de uma pequena parcela que encosta mesmo ao mar (os chamados “1os Jeirões”), num local onde se consegue a maior exposição solar e concentração. Os Utras (deturpação do nome de Joss Hurtere, um flamengo que foi Capitão Donatário do Pico e do Faial) são uma família que chegou aos Açores em 1465 e se tornaram determinantes para o desenvolvimento do vinho e da vinha das ilhas.
Conta António Maçanita: “Adquirimos a vinha aos seus descendentes, a família Dutra, em 2018. Diziam os donos que o mar lhes causava muito danos na vinha. Viemos a aprender isso mesmo, pois em outubro de 2019 o mar roubou 40 metros à vinha; e em 2021 a maresia salgada queimou toda a produção…”
ALENTEJO
Apesar de o seu trabalho com os vinhos açorianos, em anos recentes, ter contribuído em muito para projectar a “marca” António Maçanita, a verdade é que a grande base da actividade vitivinícola deste irrequieto produtor e enólogo está no Alentejo, região onde iniciou a sua carreira profissional e onde, a partir de 2004, criou o projecto Fitapreta. Num portefólio alentejano de mais de 30 referências, destaca-se no topo a linha Chão dos Eremitas que inclui um blend (o notável Os Paulistas) e cinco varietais. “Descobri esta vinha através de um professor meu do ISA, o professor Mira. De início a ideia era arrendar, mas depois surgiu a hipótese de a adquirir e não hesitei, o meu ‘feeling’ é que era mesmo algo diferente”, conta.
O Chão dos Eremitas, situa-se no sopé da Serra d’Ossa. Refere António que há provas da produção ininterrupta de vinho naquele local desde o séc. XIV, quando a Bula Papal de 1397 isentou os Pauperes Eremitas de tributos nas vinhas. Uma escavação arqueológica recente desenterrou a escassos metros da vinha uma ânfora fenícia do séc. VIII a.C., debaixo da Anta da Candeeira, demonstrando que ali havia vinho 800 anos antes da chegada dos romanos. “Este lugar é muito especial, sente-se!”, exclama António Maçanita. “Percebe-se que era aqui que se plantava a vinha, junto a dois riachos que trazem da serra as águas das chuvas, mantendo o chão fresco e o nível freático alto.”
A vinha Chão dos Eremitas foi plantada em 1970, e tem uma composição de castas tintas e brancas que, em tempos, dominaram a paisagem vitícola da região: Tinta Carvalha, Castelão, Alfrocheiro Preto, Moreto, Trincadeira, Alicante Branco, Trincadeira das Pratas (Tamarez), Roupeiro e Fernão Pires.
Os irmãos Maçanita encontraram em Carlão, no planalto de Alijó, um conjunto de vinhas quase abandonadas, nas quais viram enorme potencial para fazer vinhos diferenciadores.
DOURO
A Maçanita Vinhos é um projecto de dois irmãos e enólogos, Joana e António. Os Maçanita procuraram tirar partido do clássico sistema de classificação dos vinhedos durienses (de A a F), focando-se nos extremos, ou seja, nas parcelas mais “nobres”, com maior maturação (letra A), no fundo dos vales do Douro e seus afluentes, e nas mais “desprezadas”, de maturação mais difícil, situadas nas zonas altas e fronteiriças, no limite da região (letra F). Nestas últimas encontraram em Carlão, no planalto de Alijó, um conjunto de vinhas quase abandonadas, nas quais viram enorme potencial para fazer vinhos diferenciadores. “Chegámos a esta região pela mão do chef André Magalhães que nos dizia que o seu pai tinha uma vinha velha e vendia mal as uvas. Um dia fomos visitar a dita vinha (chamada As Olgas) e ficámos encantados. A partir daí temos passado muito tempo nesta zona onde temos encontrado parcelas mágicas”, comenta António Maçanita. Nas vinhas de Carlão, o difícil acesso implica trabalho “à antiga”, ou seja, homem e cavalo. Nas parcelas misturam-se diversas castas brancas e tintas. Estando na transição entre granito e xisto, o terreno varia muito. No entanto há dominância dos solos graníticos, com alto teor de quartzo. A vinha Canivéis tem entre 80 e 92 anos, está a 510 metros de altitude e mistura 11 castas; a vinha As Olgas, de 90 a 110 anos, tem o mesmo número de castas e está a 480 metros. A Pala Pinta é a mais antiga vinha de Carlão. Com 110 a 130 anos de idade, estende-se entre os 580 e os 720 metros de altitude, com 20 castas distintas.
Porto Santo, Madeira, Pico, Alentejo, Douro. Em todas estas regiões existem lugares especiais que albergam vinhas singulares. E delas nascem vinhos que não deixam ninguém indiferente.
(Artigo publicado na edição de Junho de 2023)
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António Maçanita Chão dos Eremitas
- 2019 -
Da pedra se fez espumante Cuvée nº2
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Maçanita Pala Pinta
Tinto - 2019 -
Maçanita As Olgas
Tinto - 2020 -
Maçanita Os Canivéis
Tinto - 2020 -
Chão dos Eremitas Os Paulistas
Tinto - 2019 -
António Maçanita Chão dos Eremitas
Tinto - 2020 -
António Maçanita Chão dos Eremitas
Tinto - 2019 -
Vinha dos Utras Criação Velha 1ºs Jeirões
Branco - 2020 -
Vinha Centenária
Branco - 2020 -
Canada do Monte
Branco - 2020 -
Tinta Negra dos Villões
Tinto - 2021 -
Listrão dos Profetas
Branco - 2021 -
Caracol dos Profetas Fazendas da Areia
Branco - 2021 -
Caracol dos Profetas
Branco - 2021
Wine Crafters: Vamos fazer vinho?

Com este programa de enoturismo, João Portugal Ramos convida os visitantes a conhecerem todo o processo de produção vínica, desde a prova das diferentes castas de vinho, passando pela composição do blend, até ao engarrafamento, para que no final todo o enófilo possa levar para casa uma garrafa do vinho que criou, com rótulo personalizado. […]
Com este programa de enoturismo, João Portugal Ramos convida os visitantes a conhecerem todo o processo de produção vínica, desde a prova das diferentes castas de vinho, passando pela composição do blend, até ao engarrafamento, para que no final todo o enófilo possa levar para casa uma garrafa do vinho que criou, com rótulo personalizado.
A experiência, que começa com um passeio pelas vinhas e com uma visita à adega e às caves antes da criação do blend, é harmonizada com uma degustação de produtos da região, nomeadamente, o queijo de ovelha, o pão e o Azeite Virgem Extra Oliveira Ramos Premium. O programa tem o custo de 50€ p/ pessoa e exige um número mínimo de duas pessoas por marcação.
Esta é a sugestão ideal para viver uma experiência vínica única e aprender mais sobre a arte da enologia, entre amigos e família. O programa está disponível de segunda-feira a sábado, sujeito a marcação prévia, através do site: https://www.jportugalramos.com/
Para além deste programa “Wine Crafters”, para descobrir o mundo de João Portugal Ramos, os visitantes podem também optar por uma prova de vinhos, um almoço ou até procurar uma garrafa escondida – um escape room adaptado à Adega Vila Santa, que promete dar um toque de aventura às tradicionais atividades enoturísticas.
Da casta Rufete nasce uma triologia

Um Rufete Reserva Tinto 2021, um Rufete Reserva Branco 2022 e um Rufete Reserva Rosé 2022, são as mais recentes novidades da Quinta de São Luiz. Uma edição limitada, e bastante exclusiva, de 1.100 caixas com os três vinhos. Este novo trio nasce da busca, do enólogo Ricardo Macedo e sua equipa, em adicionar um […]
Um Rufete Reserva Tinto 2021, um Rufete Reserva Branco 2022 e um Rufete Reserva Rosé 2022, são as mais recentes novidades da Quinta de São Luiz. Uma edição limitada, e bastante exclusiva, de 1.100 caixas com os três vinhos. Este novo trio nasce da busca, do enólogo Ricardo Macedo e sua equipa, em adicionar um elemento singular ao portefólio, com a intenção de conquistar os palatos mais exigentes.
Estas características foram possíveis de se encontrar na casta Rufete, conhecida pelo seu caráter caprichoso, exigente e versátil, que resulta em vinhos de perfil leve e fresco, com grande aptidão gastronómica, marcado por frutos vermelhos e notas florais.
Para conferir mais leveza e suavidade aos três vinhos, todos eles passaram por dois estágios distintos e complementares: uma parte ânfora e outra em madeira, da qual metade em carvalho nacional e metade em castanheiro. Se por um lado o castanheiro acrescenta aromas doces e alguma sensação de especiarias, por outro, o carvalho aporta à trilogia uma maior complexidade de boca.
O Rufete Reserva Tinto 2021 foi vindimado manualmente na última semana de agosto de 2021 às primeiras horas do dia. A fermentação maloláctica e o estágio de 12 meses foi feito, em barricas de castanheiro e carvalho nacional e o restante em ânfora. Leve e fresco, é assim que se mostra este Reserva Tinto. Deve ser servido a temperatura entre 16 e 18°C , pode acompanhar carnes vermelhas, queijos e peixes gordos.
No Rufete Reserva Branco 2022, a vindima foi manual, na última semana de agosto de 2022, às primeiras horas do amanhecer, e as uvas foram transportadas em caixas de pequenas dimensões. O vinho fermentou em inox com temperatura controlada entre os 10 -14°C. Terminada a fermentação alcoólica, uma parte estagiou em cascos de castanheiro e carvalho nacional e o restante em ânfora. A pensar nos dias mais longos de verão, este branco pode acompanhar pratos de maresia, tais como marisco e peixe, carnes brancas e queijos.
Por fim, o Rufete Reserva Rosé 2022, contou com um processo de vinificação e estágio igual ao Reserva Branco. No copo, apresenta uma tonalidade de cor salmão pálido e é composto por aromas florais doces, pétalas de rosas e cerejas. Pratos de marisco e peixes gordos, carnes brancas e queijos podem ser uma boa opção.
Disponível em Uva Wine Shop e em garrafeiras da especialidade.
Quinta de São Luiz – Kit Trilogia de Rufetes – (Reserva Tinto 2021, Reserva Branco 2022 e Reserva Rosé 2022)
PVP recomendado de 60,00€ (o valor engloba o kit das três garrafas, não sendo vendidas em separado.
Quinta de Lemos: Visitas à adega com provas e petiscos

Na região vinhateira do Dão, o convite é para que descubra a Adega exclusiva da Quinta de Lemos, recheada de vinhos com história, elaborados a partir de castas autóctones. O programa de enoturismo da Quinta de Lemos oferece visitas à Adega, conduzidas pela história da Quinta e da família Lemos, com a assinatura Celso de […]
Na região vinhateira do Dão, o convite é para que descubra a Adega exclusiva da Quinta de Lemos, recheada de vinhos com história, elaborados a partir de castas autóctones.
O programa de enoturismo da Quinta de Lemos oferece visitas à Adega, conduzidas pela história da Quinta e da família Lemos, com a assinatura Celso de Lemos, o mentor e fundador do projeto, que integra também o Mesa de Lemos, o único restaurante da zona Centro do país com 1* Michelin, à qual somou a Estrela Verde Michelin.
Situada no vale do Dão, a mais antiga região produtora de vinho de Portugal, onde as condições climáticas, o terroir e as castas autóctones, a Quinta de Lemos é marcada pelo granito e os solos arenosos, protegidos pelas Serras da Estrela, Caramulo, Buçaco e Nave. Com um sistema agrícola de proteção integrada, que reduz ao mínimo as intervenções de produtos fitossanitários, a Quinta de Lemos tem feito uma aposta grande no respeito pelo meio ambiente, com a particularidade das vinhas não serem irrigadas, sujeitas apenas à imprevisibilidade do clima, o que marca o carácter anual de cada vinho.
Além dos monocasta, a marca produz todos os anos blends, elaborados também a partir de castas autóctones da região, que homenageiam as figuras femininas da família (Dona Georgina, Dona Santana, Dona Louise, Dona Paulette, Geraldine e Manuela). Recentemente, e pela primeira vez, a Quinta de Lemos produziu um vinho de homenagem aos homens da família, o “3 Armandos”.
Ao longo das visitas à Adega Quinta de Lemos, os visitantes ficam a descobrir as tradições da marca e os métodos de produção. As visitas podem ser realizadas em qualquer dia da semana, sábados, domingos e feriados incluídos, mediante reservada prévia, e podem ser simples ou complementadas com Provas de Vinho e Petiscos Regionais, para um programa completo pelos sabores da região de Viseu.
Informações gerais:
Quinta de Lemos
Morada: Passos de Silgueiros, 3500-541 Silgueiros, Viseu
Horários da Adega: de segunda a sexta, das 09h00 às 17h00
Visitas: durante a semana, sábados, domingos e feriados (sujeito a disponibilidade para visitas)
Preços (a partir dos 18 anos):
Visita Simples: 15€
Visita com Prova: 25€
Visita com Prova + Petiscos: 50€
Reservas: 232 951 748 (disponível de segunda a sexta, das 09h00 às 17h00) | info@quintadelemos.com
Vinhos do Tejo lançam Campo do Tejo, projecto colectivo em torno da casta Fernão Pires

Os três primeiros vinhos com a insígnia “Campo do Tejo® Fernão Pires” já estão aí. A Comissão Vitivinícola Regional dos Vinhos do Tejo (CVR Tejo) elegeu o momento da instituição e celebração do Dia da Fernão Pires, a 20 de Junho, para apresentar o projecto de união e esforço colectivo “Campo do Tejo® Fernão Pires”. […]
Os três primeiros vinhos com a insígnia “Campo do Tejo® Fernão Pires” já estão aí. A Comissão Vitivinícola Regional dos Vinhos do Tejo (CVR Tejo) elegeu o momento da instituição e celebração do Dia da Fernão Pires, a 20 de Junho, para apresentar o projecto de união e esforço colectivo “Campo do Tejo® Fernão Pires”. Este é mais um passo da CVR Tejo na promoção da casta branca rainha da região, dado com o apoio da Câmara Municipal de Almeirim.
“Campo do Tejo Fernão Pires” é um conjunto de vinhos brancos, com marca registada, feitos com uvas de Fernão Pires, na sua maioria provenientes da zona do Campo, um dos três principais terroirs da região (além do Bairro e da Charneca). O Campo abrange as áreas de vinha situadas ao longo das duas margens do rio Tejo, numa extensão de mais de 80 quilómetros, na área geográfica do Ribatejo. “Estas uvas beneficiam de um microclima com manhãs enevoadas, dias quentes e noites frescas e húmidas, o que confere frescura, acidez e grande vivacidade aos vinhos”, explica a CVR Tejo.
Assim, “Campo do Tejo Fernão Pires” representa um perfil específico de brancos feitos com esta casta: leves, frescos e com pouco álcool (até 12%). “Brancos vibrantes, a evidenciar a frescura que carateriza os Vinhos do Tejo”, refere a Comissão Vitivinícola. São, ainda, vinhos acessíveis em termos de preço, cujo PVP pode variar entre os €4,00 e os €5,50. Com um estilo e espinha dorsal comum, cada produtor tem a liberdade de dar o seu cunho. Nesta primeira fase de lançamento, são três as empresas aderentes: Batista’s by Pitada Verde, Quinta do Casal Monteiro e Quinta da Lagoalva.
A identidade gráfica é também um dos elementos mais distintivos do projecto, realçando o traçado do rio Tejo. “O Tejo é a essência desta região, surgindo como um elo e âncora de quem nela habita. Não foi ao acaso que, em termos vitivinícolas, a Denominação de Origem passou de Ribatejo para Tejo. Assim, o rio Tejo assume preponderância nesta identidade, traduzido em ‘ouro líquido’ que serpenteia os campos agrícolas que modelam a paisagem de forma única, criando um puzzle muito característico, a revelar a abundância e riqueza da região”, desenvolve a CVR Tejo.
A garrafa é também única para todos os vinhos, um modelo de vidro branco e bastante leve, sendo os rótulos de papel fabricado com 65% de fibra reciclada. Já a base da imagem foi obtida pós um concurso lançado pela CVR Tejo para a criação do rótulo, tendo a ideia vencedora vindo de um grupo de alunos de mestrado em Design, da Universidade de Aveiro. Posteriormente, foi alvo de alguns afinamentos pela dupla de empresas de design Amphora e Brand 75.
Em Portugal, os “Campo do Tejo Fernão Pires” estarão disponíveis através dos canais de cada produtor, sendo também possível adquiri-los na loja da Rota dos Vinhos do Tejo: física, em Almeirim, e online, em www.rotadosvinhosdotejo.pt.
Moinante Experience: Mainova cria programa de vindima nocturna

Moinante Experience é o novo programa de enoturismo da Mainova, projecto de vinho situado no Vimieiro, em Arraiolos, que pretende proporcionar ao consumidor a experiência de uma vindima nocturna alentejana. Com duração de 5 horas e meia, das 22h30 às 03h00, o programa está marcado para os dia 25 de Agosto, 1 e 8 de […]
Moinante Experience é o novo programa de enoturismo da Mainova, projecto de vinho situado no Vimieiro, em Arraiolos, que pretende proporcionar ao consumidor a experiência de uma vindima nocturna alentejana. Com duração de 5 horas e meia, das 22h30 às 03h00, o programa está marcado para os dia 25 de Agosto, 1 e 8 de Setembro.
O rafeiro da Herdade da Fonte Santa, propriedade da Mainova com 200 hectares — 20 de vinha e 90 de olival — chama-se Moinante, nome que é atribuído “às propostas mais irreverentes de toda a gama da marca”, refere a empresa. “Moinante, que significa ‘um boémio’, é agora o mote para vivenciar uma vindima nocturna”.
A primeira etapa da Moinante Experience começa com um “welcome drink” e um kit de boas-vindas Mainova, seguindo-se uma visita à adega, antes da aguardada vindima nocturna, que será feita com a ajuda de pequenas lanternas frontais, tesouras de poda e coletes reflectores. No final da experiência, uma ceia com prova de vinhos e o momento de observar as uvas colhidas a serem processadas, com possibilidade de participação na fase da mesa de escolha, onde são seleccionadas as melhores uvas.
A inscrição na Moinante Experience tem um custo de €120 por pessoa, e pode ser feita através dos contactos enoturismo@mainova.pt e +351910732526.
Coravin: Voltar a uma garrafa com a qual se foi feliz

Por “exigente”, entenda-se aqui “pessoa preocupada com a qualidade do vinho que consome”, quer custe a garrafa 10, 30, 70 ou 500 euros, e por aí fora… Consoante o modelo do sistema, há diferentes aplicabilidades, e a marca reforçou recentemente a sua presença no mercado nacional com soluções renovadas e packs com mais acessórios. Uma […]
Por “exigente”, entenda-se aqui “pessoa preocupada com a qualidade do vinho que consome”, quer custe a garrafa 10, 30, 70 ou 500 euros, e por aí fora… Consoante o modelo do sistema, há diferentes aplicabilidades, e a marca reforçou recentemente a sua presença no mercado nacional com soluções renovadas e packs com mais acessórios. Uma coisa é certa: para um verdadeiro apreciador de vinho, os sistemas Coravin prometem transformar o acto de abrir (ou não, mas já lá vamos…) qualquer garrafa numa experiência premium, e perpetuá-la no tempo. Porque poder beber um copo de vinho e continuar a beber da mesma garrafa durante um mês, ou até um ano, sem que este tenha sido adulterado pelo oxigénio, é realmente revolucionário. Assim tenhamos esse nível de auto-controlo…
Começando pelo topo do portefólio Coravin, estão já disponíveis os novos modelos da linha Timeless, onde o sistema inicial se viu actualizado e melhorado. É nesta linha que figura o sistema mais emblemático da marca, que permite retirar vinho de uma garrafa sem realmente a abrir, preservando a rolha original. Isto é feito através de uma agulha muito fina, e oca, que se insere na rolha de cortiça sem a danificar. Depois, a garrafa é pressurizada com árgon puro, de grau médico, um gás “nobre” (inodoro, incolor, insípido, inerte, etc…), que substitui o espaço que o vinho ocupava na garrafa e deixa que este saia pela agulha. Este gás vem armazenado numas “bombinhas” que se inserem no corpo principal do sistema, e o próprio acto de as introduzir no tubo já dá um gostinho especial. Cada uma destas cápsulas de árgon permite servir, no sistema Timeless, até 15 copos de vinho de 150ml.
A parte mais impressionante de tudo isto é que, quando se retira a agulha, a rolha volta à sua forma inicial e podemos voltar a colocar o vinho na garrafeira, como se nunca tivesse sido tocado. Este sistema oferece meses ou anos (ou, virtualmente, o tempo que quisermos) de guarda, a uma garrafa da qual já retirámos vinho. Nesta linha, destaca-se o Coravin Timeless Six+ Premium Set (€499), em tons carvão que, além do acabamento brilhante, inclui extras como uma base com acabamento em metal escovado, para armazenar ou expor o sistema, 8 cápsulas de árgon, um areador, uma bolsa de transporte e outros acessórios. Está ainda disponível o mesmo modelo por €399, com menos acessórios.
Também a gama Pivot, mais económica, tem novidades, como o Pivot+ (€149). Com o Pivot é possível preservar a garrafa até um mês depois da abertura, sendo que aqui remove-se a rolha, introduz-se o gás árgon e coloca-se uma das tampas “stopper” que vem com o sistema. Ambos os sistemas (e outros modelos), estão disponíveis para compra através da Heritage Wines, que os enviou à Grandes Escolhas para que fossem testados “na vida real”. Daqui a uns meses, voltaremos a falar.
(Artigo publicado na edição de Maio de 2023)
Baías e Enseadas: da garagem para o mundo

Daniel Afonso – uma pessoa genuína e apaixonada – é um verdadeiro garagista, com as cubas, barricas e uma prensa vertical justapostas num espaço minúsculo em Mercês (de Sintra), e com um carro velho à porta para ir às vinhas, espalhadas pela zona de Colares. O seu carácter terra-a-terra continua na genuinidade dos seus vinhos, […]
Daniel Afonso – uma pessoa genuína e apaixonada – é um verdadeiro garagista, com as cubas, barricas e uma prensa vertical justapostas num espaço minúsculo em Mercês (de Sintra), e com um carro velho à porta para ir às vinhas, espalhadas pela zona de Colares. O seu carácter terra-a-terra continua na genuinidade dos seus vinhos, que, nascidos num ambiente modesto, encontram o glamour no seu destino, servidos nos restaurantes estrelados do Algarve e Nova Iorque.
A ideia de fazer vinho nasceu muito cedo. “Desde que comecei conscientemente a gostar de vinhos, tive logo o sonho de fazer um vinho meu”, confessa Daniel Afonso. Em 2012 começou a realizar o seu sonho: fez a primeira surriba e no ano seguinte plantou três castas brancas, típicas da região de Lisboa — Fernão Pires, Arinto e Malvasia de Colares (que considera a melhor casta branca nacional) — a 5km do mar em linha recta. Em 2014 plantou mais 0,5 hectares acrescentando Castelão.
A vindima de 2015 serviu de ensaio e a de 2016 deu origem aos primeiros vinhos apresentados no mercado. A pouco e pouco, ia plantando mais vinha e mais castas: o Cercial que gosta pelo seu carácter e acidez e duas castas estrangeiras – Chardonnay e Pinot Noir – que no início pensou fazer só para si, mas as experiências de vinificação mostraram os resultados de tal modo promissores que ficou motivado a dar-lhes mais protagonismo.
Mas havia outro sonho: fazer um vinho DOC Colares, com Malvasia e Ramisco plantadas em chão de areia. Este demora mais tempo, porque a propria plantação em chão de areia é diferente. E este ano já conseguiu lançar o primeiro Colares Malvasia.
A abordagem enológica é simples. Sem desengaço, vai tudo para a prensa, onde acaba por ter uma pequena maceração porque o processo demora 7-9 horas. Fermenta com leveduras indígenas, um pouco de sulfuroso para impedir a fermentção maloláctica e retira a borra mais grosseira. A fermentação acaba nas barricas e lá os vinhos ficam de 6 a 8 meses, com bâtonnage. Nos tintos, as uvas também não desengaçadas, levam uma ligeira pisa a pé, ficando com alguns cachos inteiros. O estágio também é em barricas, durante cerca de 6 meses.
Neste momento, Daniel só faz os monovarietais a querer mostrar “o que cada casta fala da região”. Os vinhos da gama Escolha Pessoal estão sujeitos a uma selecção mais criteriosa em todos os passos desde a uva às barricas.
“Faço o melhor que posso e tento intervir o mínimo possível” – diz o produtor, não tendo intenção nenhuma de produzir vinhos funky para agradar os wine freaks. Não é por ser um produtor pequeno que vou atrás de modas. “Eu não quero ser diferente, quero representar a região”, afirma o vigneron com convicção, “quero que quando alguém prove os meus vinhos, diga ‘Isto só pode ser de Colares!’”.
Neste momento, tem quatro vinhas e precisa de aumentar a área. A produção de hoje conta com cerca de 8 mil garrafas, das quais 90% vai para a exportação: Estados Unidos, Inglaterra, Noruega e Bélgica. Em Nova Iorque, os Baías e Enseadas estão presentes em 70% dos restaurantes estrelados. No famoso Per Se, com três estrelas Michelin, só estão quatro vinhos brancos portugueses, um deles é o Baías e Enseadas Malvasia. Os 10% vendidos no mercado nacional estão principalmente presentes no Algarve, em restaurantes como o Vila Joya, A Ver Tavira, Al Sud e Bon-Bon.
Nos futuros planos estão um vinho rosé, um espumante e o Ramisco de Colares.
(Artigo publicado na edição de Maio de 2023)