Quinta do Carvalhido: Um projecto de família

O lugar, um vale rodeado de montanhas onde sulca o rio Tua perto de Abreiro, é encantador. É isso que se sente quando se observa a paisagem a partir da sala e da varanda da casa principal da família proprietária da Quinta do Carvalhido, parcialmente voltada para jusante do curso de água e para as […]
O lugar, um vale rodeado de montanhas onde sulca o rio Tua perto de Abreiro, é encantador. É isso que se sente quando se observa a paisagem a partir da sala e da varanda da casa principal da família proprietária da Quinta do Carvalhido, parcialmente voltada para jusante do curso de água e para as colinas de encostas, plantadas sobretudo com vinha e oliveiras e cobertas de mato. Fica longe, muito longe mesmo, a mais de quatro horas da capital, mas sabe bem estar ali, bem longe dos ruídos e da balbúrdia dos grandes centros urbanos. Terá sido certamente esta uma das razões que levaram Maria de Fátima Mendonça e Moura e o seu marido, Pedro Drummond Borges, a decidir investir na sua recuperação, quando a primeira recebeu a propriedade em herança da família, que é da região, em 2013.
“Nessa altura eu e a minha mulher fomos muito claros com os nossos filhos, quando lhes dissemos que queríamos investir nela, mas avançámos com a concordância de todos”, conta Pedro Drummond Borges, homem de negócios com vários franchisings da McDonalds desde 1997. Conta que, na altura, não tinha nenhum conhecimento de agricultura, mas como toda a sua vida tinha sido movida pela sua curiosidade em aprender, e pelo espírito empresarial que leva à construção de coisas, decidiu envolver-se na recuperação da propriedade, que tinha inicialmente 20 hectares, dos quais 5,4 de vinha e três de olival.
Os trabalhos começaram pela parte agrícola da quinta, com o apoio do viticólogo José Miguel Telles, que fez um projecto com tudo o que teria de ser feito para tentar recuperar algumas vinhas velhas e reconverter outras, que foi sendo desenvolvido entre 2014 e 2017. Neste último ano começaram a reconversão das vinhas, já com o apoio do consultor de enologia, Francisco Baptista. “Quando falei com ele, fui muito claro”, conta Pedro, dizendo que lhe comunicou que estava muito interessado em entrar no mundo dos vinhos, desde que conseguisse estar na parte superior da qualidade. “Nessa altura nem tinha grande quantidade de uva, pois tinha de cumprir o benefício legal de Vinho do Porto e sobrava pouca área de vinha para produzir vinhos DOC Douro”, conta.

As primeiras experiências
A primeira experiência de produção de vinhos decorreu com uvas da colheita de 2017. Resultou num tinto produzido com as castas Touriga Nacional e Touriga Franca, engarrafado em 2019. Foram 1500 garrafas, as mesmas das duas colheitas seguintes, feitas sobretudo para procurar perceber se o perfil e a qualidade dos vinhos se mantinham ao longo dos anos. No final desse tempo, a equipa chegou à conclusão que estava preparada para dar o salto em termos comerciais, porque a qualidade vinho estava no segmento alto, aquele que tinha sido pré-determinado para o negócio da Quinta do Carvalhido.
Os vinhos das três primeiras colheitas tinham sido vendidos com facilidade, “o que não era difícil, porque a quantidade era muito pequena”, comenta Pedro Drummond Borges. Então foi necessário repensar a forma de a empresa e os seus vinhos estarem no mercado, já que isso implicavam novos investimentos, que avançaram, de novo, após decisão familiar.
Entretanto foi lançado um branco Quinta do Carvalhido, de 2021, e foi introduzida uma gama Colheita, de entrada, com a marca Carvalhido, lançada a partir de 2022, que inclui um branco, um rosé e um tinto. “Foi mais uma forma de despertarmos a atenção do mercado para a nossa marca”. E foi assim que a produção passou das 1500 garrafas nos primeiros três anos para as seis mil, em 2022 e 10 mil, no ano passado.
Em 2023, foi criada mais uma marca, para se posicionar entre a referência de topo e a de base, a Quinta do Carvalhido Concrete, cujos vinhos foram os primeiros a ser feitos na adega da quinta, um branco, um rosé e um tinto que estagiam em cubas de cimento. “Considerámos que o mercado estava com apetência para este tipo de vinhos e achámos que era uma boa forma de criar alguma diferenciação em relação ao que já estava a ser feito, embora outros produtores já tenham elaborado vinhos desta forma”, explica Pedro Borges. Diz, depois, que a sua empresa entrou agora em fase de amadurecimento, já que as três gamas lhe permitirão mostrar os vinhos que faz, e trabalhar para alcançar o reconhecimento do mercado.
Em 2023 foi criada a marca Quinta do Carvalhido Concrete, com vinhos estagiados em cubas de cimento.
Imagem e comunicação
“Temos tido o cuidado de explicar aquilo que estamos a fazer a todas as pessoas com que vamos interagindo, na distribuição, nas garrafeiras e na restauração e fizemos investimentos que considerámos importantes na selecção dos formatos e na rotulagem das garrafas”, explica Tiago Drummond Borges, filho de Pedro e “chief operating officer” da Quinta do Carvalhido, acrescentando que tudo é cuidado para realçar o posicionamento alto da marca. “É onde queremos que ela seja reconhecida e é para esse tipo de consumidores que queremos falar”, defende. “Claro que isso depende também do nosso trabalho de aproximação ao mercado”, salienta o pai. Para de investimento em comunicação, construíram um site e estão a implementar uma rede de distribuição em Portugal.
“Optámos por ter distribuidores pequenos, mais focados nas marcas que têm, por região do país, para ir trabalhando com eles com uma proximidade maior, de forma a percebermos como é que o mercado vai respondendo aos nossos produtos”, conta Tiago, acrescentando que foi assim que fecharam o Algarve, Porto, Leiria e Coimbra, e Lisboa com mais dificuldade. “É um mercado muito competitivo, onde se vendem 60-70% dos vinhos em Portugal”, explica, acrescentando que se foi apercebendo, com as apresentações que foi fazendo nas empresas de distribuição da capital, “que estas estão muito mais preocupadas com o preços do que as outras, devido à concorrência, o que fez com que este processo na capital levasse mais tempo”, conta Tiago, acrescentando que hoje têm o país praticamente coberto.
A Quinta do Carvalhido deverá vender 15 mil garrafas em 2024, uma evolução contida e assente com os “pés no chão”. “Não podemos ser demasiado ambiciosos, porque não temos capacidade ainda para responder a grandes aumentos de procura”, defende Pedro Drummond Borges. “Com a agência de comunicação, o site e as empresas que nos tratam das redes sociais, temos ido pé ante pé a todas as áreas, para criar curiosidade em relação à nossa casa e às nossas marcas”, conta o gestor, salientando que o objectivo, para o futuro, “daqui a dois a três anos”, é dar o salto e partir para outros voos, como a exportação. “Mas é, para mim, muito importante, ter um negócio sustentável em Portugal, antes de ir para fora”, diz. “Tenho de ter o mínimo de reconhecimento antes de avançar nesse sentido”, afirma.
Vinha e olival
Hoje a empresa tem 16 hectares de vinha, dos quais 13 hectares integram a propriedade principal, a que se juntam mais três situados na Verdeana, a 10 quilómetros da Quinta do Carvalhido. O encepamento é sobretudo de tintas, das castas Touriga Nacional, a Touriga Franca e a Tinta Roriz. A percentagem de uva branca ainda é pouco elevada, e são plantações mais recentes, apesar de Pedro Drummond Borges querer plantar mais quatro hectares nas zonas mais altas da propriedade, numa área que vai ser reconvertida. O seu objectivo é chegar aos 22/23 hectares de vinha, porque acredita que vai ter sucesso com a venda dos seus vinhos e tem de ter capacidade de resposta, em termos de produção, ao acréscimo das solicitações do mercado.
No início, a área de olival tinha apenas três hectares. Mas hoje já cresceu, por força de aquisição de parcelas vizinhas, para os 10, o que obrigou pai e filho a pensar em criar mais uma linha de negócio, a do azeite. “Vou fazer, aqui, exactamente o que fiz com o vinho, ou seja, estudar, planear e procurar conhecer e perceber, até ter a certeza de que o meu azeite tem a qualidade necessária que permita fazer investimento de mercado”, diz Pedro, acrescentando que, a jusante da produção, também fará o mesmo que fez com o vinho, começando por escolher a garrafa e quem faz os rótulos. “A nossa experiência com o vinho pode ajudar-nos bastante com este caminho”, defende.
(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)
Tripulações de cabine da Emirates têm formação sobre vinhos

A companhia aérea Emirates está a realizar cursos personalizados de vinhos para as suas tripulações de cabine, que constituem uma oportunidade de explorarem o valor do programa de vinhos da companhia e despertar a sua curiosidade sobre o universo vinícola. Sob a sigla L’art du vin têm, como objectivo, aprimorar a experiência de vinhos a […]
A companhia aérea Emirates está a realizar cursos personalizados de vinhos para as suas tripulações de cabine, que constituem uma oportunidade de explorarem o valor do programa de vinhos da companhia e despertar a sua curiosidade sobre o universo vinícola. Sob a sigla L’art du vin têm, como objectivo, aprimorar a experiência de vinhos a bordo e contribuir para manter o padrão de serviço da companhia aérea.
A formação decorre numa sala de aula que simula um lounge, e inclui três cursos intensivos adaptados a diferentes níveis de conhecimento: L’art du vin – Introdução, L’art du vin – Classe Executiva e L’art du vin – Primeira Classe.
Com música ambiente, a sala de aula lounge está equipada com iluminação adequada, expositores de champanhes, vinhos e copos, e uma seleção de livros sobre enologia e viticultura. A tripulação de cabine da Emirates é convidada a sentar-se num bar em forma de ferradura, que replica o Lounge a Bordo do A380 da Emirates, para iniciar a sua experiência de aprendizagem. Cada curso, com duração até 8 horas, é complementado por guias de estudo para uso em casa, uma aplicação interactiva e notas de prova detalhadas. Em cada nível do curso, a tripulação tem a oportunidade de degustar a selecção de vinhos disponíveis a bordo.
Os cursos L’art du vin são conduzidos por um grupo restrito de membros da tripulação de cabine, identificados como embaixadores do vinho, todos com certificações oficiais WSET Níveis 2 e 3 do Wine & Spirit Education Trust. A Emirates já formou mais de mil membros da tripulação de cabine com os novos cursos de vinhos e planeia formar mais de 22 mil até 2026.
CAZAS NOVAS: A virar a região do Avesso

A região dos Vinhos Verdes apresenta uma longa e curiosa história. Muito longe vão os britânicos tempos em que os elegantes vinhos tintos, de cor aberta, eram embarcados a partir da foz do rio Lima, em Viana do Castelo, rumo a longínquas paragens. Mais tarde, esses mesmos tintos evoluíram para colorações bem mais fechadas e […]
A região dos Vinhos Verdes apresenta uma longa e curiosa história. Muito longe vão os britânicos tempos em que os elegantes vinhos tintos, de cor aberta, eram embarcados a partir da foz do rio Lima, em Viana do Castelo, rumo a longínquas paragens. Mais tarde, esses mesmos tintos evoluíram para colorações bem mais fechadas e retintas, servidos em alvas malgas capazes de estabelecer uma melhor ligação com a característica gastronomia tradicional minhota.
Esses novos tintos “de pintar a malga”, mais ao gosto das gentes do Minho, não receberam a mesma aceitação fora da região e o seu consumo ficou mais limitado às zonas de produção. Ainda assim, com a lenta passagem do tempo, alguns produtores ganharam elevada reputação e a procura os seus vinhos era grande, sendo transacionados por quantias bem interessantes, na época.
Na década de sessenta, a tradição começou a ganhar outras colorações. As produções de vinho branco começaram a aumentar anualmente e com elas iniciou-se uma reconquista de novos mercados. Ainda assim, a produção declarada de vinho branco, nesta época, oscilou entre os duzentos e cinquenta mil e os quinhentos mil hectolitros, enquanto a dos tintos chegou a ultrapassar os dois milhões de hectolitros. A mudança estava em curso.
Vinte anos mais tarde, o prolífico e reputado agrónomo Amândio Galhano escreveu sobre a enorme reestruturação das vinhas da região e apontava para a escolha das castas brancas, como a Trajadura e a Loureiro, em detrimento das tintas, Vinhão e Brancelho. A preferência pelas primeiras estava em linha com a procura dos mercados urbanos e internacionais por vinhos com características mais acídulas e frutadas.
No início da década de noventa assistiu-se a uma verdadeira revolução, os vinhos brancos ultrapassariam, pela primeira vez na história da região, a produção dos tintos. No final desse mesmo decénio, a produção declarada de tintos representou apenas 40% do total.
No seguimento desta radical mudança assistiu-se a uma curiosa especialização e alinhamento em função dos principais vales que abraçavam os rios da região. A norte, o vale do rio Minho continuou a especializar-se na casta nobre de elevado potencial enológico, a Alvarinho. No vale do rio Lima e zonas adjacentes a Braga, Penafiel e Lousada dedicaram-se mais especificamente às castas Loureiro, Pedernã (Arinto) e Trajadura. No extremo sul da região pontifica um imponente e extraordinário rio ibérico, o Douro. Nas suas margens que integram a região sub-região de Baião predominam a Azal e a Avesso.
No ano de 2022 a revolução encontra-se absolutamente normalizada: segundo dados da CVR dos Vinhos Verdes, a comercialização dos vinhos tintos cifrou-se em apenas 4% do total.
Baião, Avesso e Cazas Novas
A sub-região de Baião é uma das nove sub-regiões dos Vinhos Verdes e localiza-se no extremo sul, na fronteira com a região do Douro. Integra os concelhos de Baião e parte dos concelhos de Resende e Cinfães. Neste território encontram-se os solos mais pobres da região que, aliados ao clima muito quente no verão e mais frio e seco no inverno, são perfeitos para a evolução da casta Avesso, conhecida pela necessidade de calor para o desenvolvimento da sua maturação tardia. Em função do tempo de colheita, as uvas da casta podem demonstrar atributos de expressão aromática, acidez, frescura e concentração, revelando potencial enológico para vinhos com capacidade de envelhecimento.
O veículo em que nos deslocámos para conhecer o projecto Cazas Novas já conhecia a longa montanha russa e o lânguido serpentear da Serra do Marão e da Estrada Nacional 101, entre a saída da A4 e o vale do rio Douro. Os muitos quilómetros percorridos nos dois sentidos desta estrada já desgastaram muitas vezes os calços de travões, pneus e a caixa de velocidades de muitos visitantes, quase sempre com as vinhas da região do Douro como destino. No entanto, desta vez o destino seria um pouco mais a jusante do que o costume.
À espera, na localidade de Mínguas, próxima de Santa Marinha do Zêzere, em pleno vale do Douro, estava Vasco Magalhães, um dos quatro sócios e responsável pelo departamento de marketing e vendas do projeto Cazas Novas.
Cunha Coutinho, outro associado e principal impulsionador do projecto vitivinícola Cazas Novas, assume-se como um empreendedor com investimentos em diferentes áreas de negócio, mas tem procurado manter a ligação ao que verdadeiramente o apaixona, a terra. A enologia está a cargo de Diogo Lopes, uma personalidade da nova geração de profissionais que se encontra igualmente envolvido em outros projectos no Alentejo, Douro, Lisboa e Açores. Por fim, o mais recente sócio da parceria, André Miranda, que aporta toda a sua experiência enquanto produtor na terra onde nasceu, mais precisamente na região dos Vinhos Verdes.
O projecto Cazas Novas, criado em 2008, tem o seu centro nevrálgico na Quinta de Guimarães, património da família Cunha Coutinho há sete gerações, referiu Vasco Magalhães. Esta propriedade, juntamente com a Quinta das Cazas Novas e ainda duas outras debruçadas sobre o Douro, a Quinta do Adro e Quinta das Tias, agregam um património florestal e agrícola superior a 100 hectares, dos quais 24 são dedicados exclusivamente à viticultura da casta Avesso.
O Avesso domina
Esta é a maior área dedicada ao encepamento desta casta branca portuguesa, revela Vasco Magalhães, um verdadeiro tesouro concentrado num local considerado como de excelência para a expressão desta variedade tão exclusiva. O seu nome é ele próprio um enigma, sugerindo uma ideia de aversão ou hostilidade a algo. A casta não está entre as mais produtivas e, é um facto, fora do seu terroir de excelência, a viticultura não é fácil. Também por aí se define a sua exclusividade.
Vasco não tem dúvidas de que esta zona de transição entre os Vinhos Verdes e o Douro, e já com o rio como influência, com vinhas de encosta em solos de granito que enfrentam amplitudes térmicas elevadas, origina vinhos únicos, sem paralelo em qualquer outra região, que se caracterizam pela sua frescura, mineralidade e potencial de evolução. É o território da Avesso, casta que a Cazas Novas pretende guindar ao patamar de excelência e reconhecimento que a Alvarinho e a Loureiro já alcançaram.
O primeiro vinho engarrafado surgiu em 2008, Cazas Novas colheita, com a curiosa soma de 3333 garrafas. A partir de 2011, já com o apoio do enólogo Diogo Lopes e de Vasco Magalhães, desencadeou-se o estudo da casta Avesso e a base para o atual projecto vitivinícola. Este desenvolvimento motivou a introdução no mercado de duas novas referências: o Cazas Novas Pure e o Cazas Novas Origem.
Anualmente, as três referências que compõem o projecto perfazem cerca de trinta mil garrafas, sendo vinte e duas mil do Cazas Novas colheita, seis mil do Cazas Novas Pure e duas mil da referência topo de gama, Cazas Novas Origem.
Os resultados, são desde já, muitíssimo prometedores. E num futuro mais ou menos próximo será muito interessante perceber até que ponto o projecto Cazas Novas está, de facto, a mudar a percepção dos vinhos desta casta, dentro e fora da região.
(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)
Vendas de vinhos da Península de Setúbal em Portugal crescem 10,5% em valor

A Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS) registou, entre Janeiro e Junho de 2024, um crescimento de 10,5% das vendas em valor da região no mercado nacional, em comparação com o mesmo período de 2023. No primeiro semestre, a Península de Setúbal posicionou-se como a segunda maior região de vinhos portuguesa nas vendas […]
A Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS) registou, entre Janeiro e Junho de 2024, um crescimento de 10,5% das vendas em valor da região no mercado nacional, em comparação com o mesmo período de 2023. No primeiro semestre, a Península de Setúbal posicionou-se como a segunda maior região de vinhos portuguesa nas vendas em volume no mercado nacional, com cerca de 10 080 000 litros de vinho comercializado e a quarta em valor, com mais de 45 milhões de euros.
Em comparação com 2023, verificou-se um decréscimo de 3% em volume, que foi compensado pelo aumento da taxa de crescimento em valor no consumo dos vinhos da região em território nacional. Os dados resultam de um estudo anual da consultora Nielsen, divulgado recentemente.
Segundo Henrique Soares, presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal, os dados revelam ainda que, no primeiro semestre de 2024, o preço médio por litro de vinho da sua região cresceu 14% comparativamente ao mesmo período do ano passado, de 3,92€ para 4,47€.
“O crescimento da notoriedade da região e do valor das suas vendas tem vindo a consolidar-se, embora tenhamos ainda um longo e desafiante caminho pela frente, para continuar a contribuir para o fortalecimento de todos os agentes económicos da Península de Setúbal, designadamente os produtores de uva”, disse ainda Henrique Soares como comentário às informações divulgadas pela Nielsen.
Sandra Alves é a nova enóloga do Monte das Herdades

A enóloga Sandra Alves assumiu recentemente a direcção de enologia do Monte das Herdades, com o objectivo de continuar o percurso de viticultura sustentável e produção de vinhos biológicos desta empresa do grupo Laura Varela Mirpuri (LVM Holding), que integra também investimentos na área da produção e distribuição de bebidas, energia, embalagens e produtos de […]
A enóloga Sandra Alves assumiu recentemente a direcção de enologia do Monte das Herdades, com o objectivo de continuar o percurso de viticultura sustentável e produção de vinhos biológicos desta empresa do grupo Laura Varela Mirpuri (LVM Holding), que integra também investimentos na área da produção e distribuição de bebidas, energia, embalagens e produtos de beleza.
Situado em Alcáçovas, no concelho de Viana do Alentejo, o Monte das Herdades integra uma propriedade de 600 hectares, que inclui actualmente cinco hectares de vinha. A forma como esta é cuidada e o vinho é produzido segue os princípios da agricultura biológica, “de forma a promover a preservação dos recursos naturais, a biodiversidade e a resistência das castas do Monte das Herdades”, diz o comunicado da empresa, acrescentando que “a vindima é realizada com precisão e rigor, começando antes do nascer do sol, para que cada cacho mantenha as suas características intactas”. E foi “o caminho já traçado na produção de vinhos, tendo sempre como visão uma enologia sustentável e os valores da agricultura biológica, que levaram à escolha da Sandra Alves que, para além de um percurso notável a nível nacional, também conta com uma experiência internacional que lhe fornece uma visão ampla e multicultural de enologia”, diz Laura Varela Mirpuri.
No currículo da enóloga estão incluídos 22 anos de trabalho na Herdade do Esporão, onde chegou a assumir a direcção de enologia até ter decidido terminar a sua ligação com esta empresa para explorar novos desafios e experiências, e dedicar-se a projectos pessoais onde prevalece a viticultura de sequeiro, a reabilitação de vinhas velhas e a produção de vinhos de talha.
Ilha de Santa Maria: O renascimento de uma paisagem vinhateira única

Não é difícil a alguém apaixonar-se pela paisagem de vinhas da Ilha de Santa Maria, nos Açores. Esta primeira visita, que decorreu num tempo especial para a ilha e as suas pessoas, quando foram apresentados publicamente os sua primeiros vinhos, lançados depois de muitos anos em que a sua produção chegou praticamente a zero, foi […]
Não é difícil a alguém apaixonar-se pela paisagem de vinhas da Ilha de Santa Maria, nos Açores. Esta primeira visita, que decorreu num tempo especial para a ilha e as suas pessoas, quando foram apresentados publicamente os sua primeiros vinhos, lançados depois de muitos anos em que a sua produção chegou praticamente a zero, foi surpreendentemente positiva.
A vitivinicultura faz parte da história da ilha desde o seu povoamento, há mais de 500 anos. Inicialmente o Verdelho era a casta mais abundante e a produção de uva e vinho destinava-se ao autoconsumo, para subsistência dos seus habitantes. “Foi, também, a forma de aproveitar os terrenos marginais de encosta da ilha”, conta Duarte Moreira, presidente da Agromariensecoop – Cooperativa de Produtos Agro-Pecuários da Ilha de Santa Maria.
Segundo Rui Andrade, 44 anos, vogal na direcção da Agromariensecoop, e um estudioso da história da viticultura da ilha, “os primeiros povoadores trouxeram com eles vinho, com certeza, porque é uma bebida enraizada na cultura e tradições portuguesas”. Conta, também, que está comprovado que a estrutura das vinhas actuais já existiam há mais de 400 anos e que a sua produção era já significativa, servindo provavelmente também para abastecer os barcos que aportavam na costa da Ilha de Santa Maria onde ficava a capital dos Açores nessa época, porque era nela onde estava o capitão donatário de todas elas. A actividade vitivinícola da época é atestada pelos diversos lagares rupestres da ilha, escavados na rocha.
Quem é Duarte Moreira?
Natural da Ilha de Santa Maria, Duarte Moreira, 58 anos, é o presidente da Agromariensecoop. Descendente de uma família de agricultores, cresceu no mundo rural até frequentar Universidade dos Açores na Ilha Terceira, onde se licenciou em Engenharia Zootécnica. Regressou depois à sua ilha natal para integrar o serviço de Desenvolvimento Agrário secretaria da Agricultura dos Açores. Em 1996 passou a chefe de Divisão do serviço, onde esteve até 2008, sempre ligado à parte técnica e bovinicultura de carne, em conjunto com a gestão do serviço. Entretanto geriu também a empresa de família, a Quinta das Quatro Canadas, com o irmão, que se dedica à bovinicultura de carne, que vendeu há cinco. Desde 2008 é o presidente da Agromariensecoop, cuja actividade inclui, entre outros, o abate de bovinos de carne, a transformação de produtos locais em doces e compotas, principalmente de meloa, que é certificada, mas também de mel e, agora, a produção de vinho.
Trabalho duro
A descoberta da história da produção vitivinícola da ilha até ao seu quase desaparecimento, cerca dos anos sessenta do século passado, devido sobretudo a condições sociais e económicas, é aliciante. O trabalho na vinha era e ainda é duro, hercúleo e certamente penoso devido às dificuldades de acesso aos currais de encosta onde se desenvolvem as vinhas, à baixa produtividade de cada pé, em cada curraleta, ao seu difícil maneio, vindima e transporte das uvas colhidas, ladeira abaixo, para serem transportadas depois, muitas vezes de barco até Vila do Porto, porque não até meados do século passado não havia outra forma de o fazer, devido à dificuldade de acesso por terra.
A produção de vinho chegou a ser enviada para outras ilhas do arquipélago, o continente e outros países há alguns séculos. Mas o aparecimento de pragas como a filoxera e doenças como o míldio e o oídio originaram o desaparecimento das variedades de videira europeia no final do século 19, princípio de 20, e a sua substituição por produtores directos vindos do continente americano, como o Isabella e o Jacquez, “que produziam tanto que as pessoas se esqueceram da videira europeia”, conta Duarte Moreira. Entretanto, como o vinho de cheiro de Santa Maria tinha qualidade e a produção era excedentária, era vendido também para S. Miguel para ser misturado com o desta ilha, “para lhe dar mais cor e grau”. Mas esse negócio foi decaindo no século passado até que, em meados dos anos 60, o vinho passou a ser feito apenas por algumas habitantes da ilha para autoconsumo e a ter má qualidade. “Era intragável”, afirma Duarte Moreira. Com o tempo, as pessoas desaprenderam de tratar das vinhas, de fazer o vinho e perdeu-se o conhecimento tradicional.
Projecto de recuperação
Em 2021, a Agromariensecoop foi desafiada a integrar o projecto de recuperação da paisagem vitivinícola da Ilha de Santa Maria, com o objectivo de criar condições para receber as uvas, transformá-las e produzir vinhos. Depois de algum tempo de estudo, o projecto de investigação e desenvolvimento em meio empresarial Santa Maria Wine Lab, que teve início em 2022, com cubas pequenas e material apenas para investigação e experimentação, deu origem aos vinhos apresentados publicamente agora, que foram produzidos sob a responsabilidade do enólogo residente da cooperativa, João Letras. “O projecto também serviu para transmitir conhecimento aos viticultores porque, sem eles, não podia ser desenvolvido”, explica Duarte Moreira, acrescentando que o pagamento das uvas é feito de forma a envolvê-los na produção de vinhos da ilha e incentivá-los a empenhar-se na recuperação da sua paisagem vitivinícola ancestral, que se estava a perder. “O objectivo, para a além de ter mais um produto que contribua para a economia da ilha, é tentar recuperar uma paisagem que inclui um património histórico edificado único, feito por gerações com um esforço heróico, que faz parte da cultura da ilha e poderá gerar também mais valias a nível do enoturismo, com visitas às vinhas e à adega, onde poderão provar o vinho produzir a partir das vinhas das encostas das ilha”, explica Duarte Moreira, acrescentando que o negócio do vinho também pode ser interessante para a cooperativa, por aportar mais um sector de produção ao seu negócio, diversificando fontes de receita essenciais à economia de num meio tão pequeno como o da ilha.
Actualmente estão envolvidos no projecto mais de 30 viticultores, mas o potencial é superior. Só nas baias da Maia e de S. Lourenço, as duas paisagens protegidas da vinha na ilha, há cerca de 80 hectares de vinha e, no total da ilha, falando apenas nas baías tradicionais, cerca de 120 hectares. A produção média por hectare actual anda no quilo de uva por pé, para as castas nobres. Mas poderá crescer com uma viticultura mais profissional. Hoje é o enólogo João Letras que faz o acompanhamento no campo, mas a cooperativa pretende contratar mais um engenheiro agrónomo ou agrícola para apoiar os viticultores. “É fundamental essa ajuda, porque as pessoas deixaram de fazer o maneio da vinha que esteve praticamente abandonada e precisam de reaprender”, defende Duarte Moreira, acrescentando que têm sido já desenvolvidas acções de formação com técnicos da ilha e de fora.
Uma das grandes dificuldades ao desenvolvimento deste projecto é a mão de obra, já que é extremamente difícil trabalhar nas vinhas das baías de Santa Maria, e a sua mecanização ainda está longe de ser alcançada, apesar de o desenvolvimento da tecnologia ser constante e já haver a hipótese de utilizar drones para tratamentos fitossanitários. Mas como as vinhas precisam de mão de obra e na ilha não há capacidade de resposta, “provavelmente terá de ser recrutada mão de obra noutras origens”, como já acontece em Portugal Continental.
Vinhos com personalidade
Desde o início do processo de recuperação do património e da tradição vitivinícola de Santa Maria, todo o projecto de desenvolvimento do Santa Maria Wine Lab, para a transformação das primeiras uvas, estudo dos vinhos produzidos e lançamento dos primeiros três vinhos certificados, um branco de uvas tintas, um monocasta de Verdelho, desde sempre a casta mais tradicional da ilha, e um rosé feito com base em quatro castas tintas, todos frescos e elegantes, delicados, com o perfil mineral e alguma salinidade comum aos vinhos de outras ilhas açorianas, por vezes com alguma pederneira mas também com fruta delicada, mostram que o trabalho feito de recuperação dos vinhedos tradicionais da ilha, alcantilados em currais em algumas das suas encostas viradas para o Oceano Atlântico, até agora resultou e teve sucesso. Mas ainda há muito a fazer para recuperar as suas vinhas tradicionais, cerca de 120 hectares, plantando mais área, para produzir um maior volume de uvas e garantir o fornecimento anual de vinhos, para que a ilha consiga responder às solicitações futuras dos mercados, que irão surgir em relação aos vinhos de Santa Maria.
Para já, a Agromariensecoop, que tomou em mãos o projecto e o seu desenvolvimento, com o apoio do Governo Regional Açoriano, tem envolvido agricultores incentivando-os a produzir uvas, quando muitos tinham deixado de o fazer, para depois as transformar em vinho com o apoio de João Letras. Alentejano chegado há pouco mais de um ano à ilha, está muito empenhado no conhecimento das suas tradições vitivinícolas ancestrais e no desenvolvimento deste projecto. O seu principal desafio, desde que iniciou o projecto tem sido a viticultura, porque as vinhas ficam em declive e são de acesso difícil, é preciso ensinar e garantir que todas as operações de maneio da vinha são feitas, e ainda há problemas climáticos como a salga, que decorre quando os ventos que sopram do mar transportam e depositam água salgada sobre as plantas, o que pode originar a perda de produção se não chover nas 24 horas seguintes. Já “a produção de vinho é simples: é mostrar aquilo que a uva tem”, explica, de forma clara e simples, João Letras.
Quem é João Letras?
Com 31 anos, o enólogo da Agromariensecoop licenciado em Bioquímica e mestre em Viticultura e Enologia pela Universidade de Évora, fez também uma pós-graduação em Segurança Alimentar na sua Faculdade de Medicina Veterinária para complementar as áreas de viticultura e enologia. Fez vários estágios de vindima, onde passou pela Herdade das Mouras, Casa Relvas, Dona Maria e Fundação Abreu Calado, onde se iniciou como enólogo residente antes de se mudar para a Herdade da Comporta, onde trabalhou três anos antes de surgir o desafio do projecto das vinhas e vinhos de Santa Maria, que quis abraçar. Diz que decidiu mudar, porque achou que estava com a idade certa para abraçar o desafio de produzir vinhos atlânticos, que sempre tinha tido vontade de fazer e porque a vitivinicultura da Ilha de Santa Maria era um “diamante em bruto” que podia moldar à sua maneira.
Novo roteiro de enoturismo
Para já, o enólogo, tem usado os seus conhecimentos de viticultura e enologia para produzir vinhos com qualidade, distintos, a expressar não só as características das ilhas, mas também um terroir que é realmente único, por incluir uma paisagem moldada por mãos humanas ao longo de séculos, nas encostas da ilha de Santa Maria. Pelo menos pela mostra dos vinhos lançados quando lá estive, durante uma festa que decorreu na presença do secretário Regional da Agricultura dos Açores, António Ventura e de algumas dezenas de pessoas mais, envolvidos no projeto, ou não, no Ponta Negra, o único restaurante da Baía de S. Lourenço, uma daquelas onde o património vitícola já se encontra em franca recuperação, em conjunto com a da Maia.
A Ilha de Santa Maria produz sobretudo bovinos de carne para venda em vivo ou em carcaça, tem a sua produção de mel certificada, tal como a sua meloa e um queijo de ovelha de pasta semimole que vale mesmo a pena experimentar. Bom peixe, restaurantes que sabem preparar comida bem cozinhada, e para todas as carteiras, diversos caminhos pedestres marcados para quem gosta de caminhar são algumas das ofertas de uma ilha que prepara agora a sua oferta de enoturismo, já que o futuro está já ali, a acrescentar às rotas de natureza de terra e mar já existentes, que incluem a observação de cetáceos e jamantas, entre outros.
“Estamos a desenvolver, já para este verão, um projecto de roteiro turístico que irá envolver as empresas locais que desenvolvem este tipo de ofertas, com visita à adega e prova de vinhos e uma pequena prova complementar de enchidos e queijos da ilha de Santa Maria”, conta Duarte Moreira. Uma primeira rota, ainda em projecto para ser concretizado, deverá contribuir para aumentar o afluxo de turistas a Santa Maria e juntar o útil, a produção de vinhos de qualidade, para assegurar o pagamento das uvas aos agricultores e remunerá-los da forma adequada, ao agradável que é o aumento de receitas da ilha, com a futura venda dos seus vinhos, também nos mercados externos, e do aumento das receitas com os turistas que irão, a partir de agora, visitar também a ilha motivados pelo seu património vitícola e pela qualidade dos seus vinhos.
(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)
Aveleda conquista reconhecimento internacional de sustentabilidade B Corp

A Aveleda acaba de conquistar a certificação B Corp, reconhecimento internacional concedido a empresas que respeitam padrões elevados de desempenho social e ambiental, transparência e responsabilidade. Para isso acontecer, passou por um rigoroso processo de avaliação, que decorreu durante cerca de um ano e abrangeu cinco áreas: governance, colaboradores, comunidade, ambiente e clientes. Ao longo […]
A Aveleda acaba de conquistar a certificação B Corp, reconhecimento internacional concedido a empresas que respeitam padrões elevados de desempenho social e ambiental, transparência e responsabilidade. Para isso acontecer, passou por um rigoroso processo de avaliação, que decorreu durante cerca de um ano e abrangeu cinco áreas: governance, colaboradores, comunidade, ambiente e clientes.
Ao longo dos anos, a Aveleda tem implementado diversas iniciativas voltadas para a sustentabilidade que, para a empresa, está assente em dois grandes pilares: a biodiversidade e as pessoas. Exemplos de acções já postas em prática são o aumento da produção própria de energia, a aquisição de viaturas elétricas, a plantação de centenas de árvores por ano ou a utilização de garrafas mais leves. São medidas que contribuem para a diminuição da sua pegada e aumento do sequestro de carbono da sua actividade. Integrada nas comunidades onde se insere, a Aveleda dispõe também de 60 casas que são disponibilizadas a colaboradores ou antigos colaboradores, hoje na reforma, para sua habitação.
Ética, excelência e paixão
“A conquista da certificação B Corp é um marco significativo para a Aveleda. Reflecte o nosso compromisso contínuo com a natureza e a comunidade e foi o culminar de um processo rigoroso e exigente, que valida as nossas práticas responsáveis para uma economia mais inclusiva e sustentável”, disse, a propósito da certificação alcançada, Martim Guedes, co-CEO da Aveleda, acrescentando que a sua empresa “cultiva o futuro desde 1870” e, ao longo de cinco gerações, tudo tem sido feito para preservar o legado familiar herdado, “que assenta nos nossos valores de ética, excelência e paixão”.
Com esta certificação, a Aveleda passa a integrar o movimento B Corp, juntando-se a um grupo exclusivo de empresas cuja visão assenta no princípio “Make Business a Force For Good” (Faça dos negócios uma força para o bem). Através da redefinição do conceito de sucesso nos negócios, procuram a sustentabilidade dos seus integrando as variáveis de impacto social e ambiental, numa ótica de melhoria contínua e de partilha das melhores práticas. Esta certificação é reavaliada a cada três anos, devendo a Aveleda demonstrar que as suas políticas e práticas de sustentabilidade permanecem alinhadas com os princípios do movimento e estão a evoluir no sentido de melhorar a performance da empresa neste domínio.
Nova era na Quinta do Sampayo

Ora a “Hospedeira Casa do Sr. L.S.” a que Almeida Garrett se refere, nas suas “Viagens na Minha Terra” é precisamente a Casa de Luíz Sampayo (L.S.), aquando da sua visita à quinta, em Julho de 1843. De facto, as raízes históricas da Quinta do Sampayo remontam a 1718, existindo registos históricos de produção de […]
Ora a “Hospedeira Casa do Sr. L.S.” a que Almeida Garrett se refere, nas suas “Viagens na Minha Terra” é precisamente a Casa de Luíz Sampayo (L.S.), aquando da sua visita à quinta, em Julho de 1843. De facto, as raízes históricas da Quinta do Sampayo remontam a 1718, existindo registos históricos de produção de vinho desde essa data.
Em Junho de 1860, D. Pedro V atribui o título de I Visconde do Cartaxo a Luiz Teixeira de Sampayo, conservando a actividade vinícola na Quinta do Sampayo, havendo, inclusive, registos do vinho já nessa altura ser engarrafado e rotulado sob a insígnia dos Viscondes do Cartaxo.
A Quinta do Sampayo é propriedade do Grupo Agroseber desde 1995. Localiza-se no concelho do Cartaxo, na União das Freguesias do Cartaxo e de Vale da Pinta, a menos de uma hora de Lisboa. O passado dia 23 de maio de 2024 marcou o início de uma nova era para a Quinta do Sampayo.
Ana Macedo – e restante equipa – apresentou, perante uma vasta plateia de convidados, todas as novidades da Quinta, honrando-se o passado e as suas memórias, mas brindando-se à mudança, ao futuro e, sobretudo, a novos princípios! Segundo Ana Macedo, filha de José Macedo (responsável maior pela grande transformação da Quinta), que assumiu desde Novembro de 2022 a decisão de reerguer a Quinta do Sampayo, após 10 anos de estagnação: “Voltar à Quinta do Sampayo significa honrar a visão do meu Pai e, de alguma forma, continuá-la, à luz da minha própria visão do que a Quinta pode ser, da marca que pode deixar na região e nos vinhos produzidos. É uma honra receber-vos hoje. A nova era da Quinta do Sampayo começa hoje, neste momento tão importante e especial para nós”.
O plano passa, pois, por colocar a Quinta do Sampayo de volta ao mapa vínico nacional, bem como estabelecer-se como referência no panorama do enoturismo.
Ana de Macedo assumiu a decisão de voltar a reerguer a quinta após 10 anos de estagnação.
Vinhos de excelência
Para o efeito conta com uma equipa composta por Marco Crespo, enólogo, Alberto Miranda, viticólogo, Renata Abreu, consultora comercial, bem como a chef Justa Nobre, responsável pela oferta gastronómica dos eventos.
Alberto Miranda revelou-nos que “a missão é ambiciosa: criar vinhos de excelência. Para isso, e desde que se tomou a decisão de retomar a produção de vinhos na Quinta do Sampayo, preservando a sua essência, apostámos numa nova abordagem: o RIR – Renovar, Inovar e Rejuvenescer.” Atentos às novas tecnologias, a novos métodos de produção, mas também às alterações climáticas e à sustentabilidade, a Quinta do Sampayo renovou equipamentos, apostou na diminuição da contaminação dos solos, promove activamente a biodiversidade, entre outras estratégias, que visam atingir os objetivos propostos.
Por seu turno, Marco Crespo, enólogo da Quinta do Sampayo partilhou que se pretende “um crescimento sustentável nas vinhas, que têm uma capacidade de produzir até 1 milhão de litros de vinho”. Ainda longe desses números, claro, Marco Crespo defende uma estratégia a longo prazo para que se aposte na qualidade dos vinhos produzidos e disponíveis no mercado, mas também na renovação do olival com uma idade média de 50 anos, que permitirá, mais tarde, num intervalo de 3 a 5 anos, avançar para a produção de azeite.
Renata Abreu, consultora comercial com historial e provas dadas em nomes importantes do panorama vínico português, definiu o posicionamento dos vinhos apresentados como pertencentes ao segmento médio. Serão distribuídos pelos canais tradicionais para posicionar e construir a marca, quer seja nos distribuidores regionais, canal HoReCa ou através do retalho especializado, permitindo assim um crescimento sustentado e de forma orgânica.
Foi ainda revelado que, o projecto de enoturismo avança, para já, sem alojamento, mas concentrado nas visitas à Quinta, provas de vinhos e eventos enogastronómicos corporativos e/ou privados. A Quinta do Sampayo dispõe de uma cozinha profissional, que contará com o selo de qualidade da chef Justa Nobre, e espaços próprios para a organização de eventos.
Uma menção especial é devida aos novos rótulos, que pretendendo traduzir a identidade da Quinta do Sampayo, conseguem transmitir uma dualidade visual bastante agradável, isto é, a casa principal da Quinta rodeada pelo tracejado dos campos das vinhas é, ao mesmo tempo uma impressão digital em tamanho gigante… precisamente a nova identidade da renovada Quinta do Sampayo!
(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)