Um Menin muito especial

Foi preciso pouco tempo para o produtor Menin Wine Company se tornar um nome de peso no que ao Douro diz respeito. A empresa tornou-se realidade em 2018, quando o empresário brasileiro Rubens Menin decidiu investir seriamente na região no Douro. Como começámos por escrever, em pouco tempo passou a ser nome conhecido, quer pelas […]
Foi preciso pouco tempo para o produtor Menin Wine Company se tornar um nome de peso no que ao Douro diz respeito. A empresa tornou-se realidade em 2018, quando o empresário brasileiro Rubens Menin decidiu investir seriamente na região no Douro. Como começámos por escrever, em pouco tempo passou a ser nome conhecido, quer pelas aquisições de vinhas quer pela adega imponente que decidiu construir, inaugurada recentemente. Em 2021, a Menin Wine Company adquire a Horta Osório Wines, conjugando atualmente essa tradicional casa de Santa Marta de Penaguião (Baixo Corgo) com a Quinta da Costa de Cima, Quinta do Sol e Quinta do Caleiro, todas em redor de Gouvinhas (Cima Corgo), onde também fica a referida adega. No total, só destas últimas três propriedades falamos em praticamente 65 hectares. O destaque vai para a magnífica Quinta da Costa de Cima, com os seus 11 hectares de vinhas plantadas há mais de 100 anos, com mais de 50 castas identificadas, sendo considerada a maior área contígua de vinhas velhas na região.
Trabalho de detalhe
Se os investimentos falam por si, a ambição é também expressa nas palavras da diretora geral da empresa, Fásia Braga. O objetivo, segundo Fásia, é produzir vinhos de gama alta, que reflitam o terroir duriense, privilegiando a qualidade em vez da quantidade. A equipa de enologia é formada por Tiago Alves de Sousa e Manuel Saldanha (este o enólogo residente) e ainda por João Rosa Alves, diretor de produção. Em conversa recente com Tiago e Manuel, estes não disfarçaram a alegria da prorrogativa de puderem trabalhar com vinhas centenárias e destacaram a versatilidade e modernidade da adega que lhes permite fazer um trabalho tanto de absoluto detalhe, como experimental e ensaísta. Segundo Tiago, “a enorme responsabilidade que nos foi depositada em fazer vinho nestas vinhas e nesta adega apenas se equipara ao privilégio que é trabalhar nessas vinhas e adega”.
O objetivo desta empresa é produzir vinhos de gama alta, que reflitam o terroir duriense, privilegiando a qualidade em vez da quantidade
Essa conversa teve lugar no restaurante Nunes Marisqueira (Lisboa), aquando do lançamento do vinho Maria Fernanda, um néctar dedicado por Rubens Menin à sua filha, um tinto assente, precisamente, nas vinhas velhas das encostas ingremes da Quinta da Costa. As uvas para este tinto foram selecionadas a partir de duas micro-parcelas voltadas a Nascente, onde a luz da manhã, e a sombra da tarde, permitiram um perfil mais em frescura e elegância, comparativamente com outros tintos do mesmo produtor. Aqui, no Maria Fernanda, encontramos essencialmente precisão e um perfil de concentração moderado, o que muito nos agradou. Segundo os enólogos, este perfil do vinho é marcado essencialmente pelo field blend que o compõe e pela altitude da vinha, mas acreditamos que a recente inclinação do mercado para vinhos menos concentrados também possa ter alguma influência. Seja como for, as vinhas velhas de onde provém as uvas para este vinho têm uma média de idade de 130 anos e contam com mais de 50 castas, que se harmonizam num field blend único onde, a par da Touriga Nacional e da Tinta Amarela, se encontra muita Tinta Barroca. Casta que, curiosamente, neste terroir contribui para uma fruta bonita e definida, longe do perfil de sobrematuração e doçura que aporta na maioria dos terroirs durienses, sobretudo à beira-rio.
Como se imagina, para um vinho desta qualidade e exigência, estão guardados todos os cuidados, seja na apanha à mão, no transporte das uvas em pequenas caixas, seja ainda no armazenamento da fruta em arcas refrigeradas de forma a que todo o processo de entrada na adega se inicie apenas quando a uva está a uma temperatura de 7ºC. Por fim, a qualidade do ano vitícola – climatericamente mais moderado do que 2019, 2020 e 2022 – contribuiu ainda mais para que tenhamos no copo um tinto de grande precisão, de tal forma que poucas dúvidas me restam de que foi o melhor tinto que já provei deste produtor.
* O autor deste texto escreve segundo o novo acordo ortográfico.
(Artigo publicado na edição de Junho de 2025)
Cachaça 51 com nova garrafa ilustrada

Distribuída pela Viborel e considerada uma das bebidas mais icónicas do Brasil, a Cachaça 51 apresenta a embalagem sleeve Pirassununga, com ilustrações da autoria da artista plástica brasileira Tereza Perman. As imagens representam os encantos da diversidade paisagística e da cultural brasileira, a descobrir pelos consumidores portugueses e europeus, ao mesmo tempo que são apreciados […]
Distribuída pela Viborel e considerada uma das bebidas mais icónicas do Brasil, a Cachaça 51 apresenta a embalagem sleeve Pirassununga, com ilustrações da autoria da artista plástica brasileira Tereza Perman. As imagens representam os encantos da diversidade paisagística e da cultural brasileira, a descobrir pelos consumidores portugueses e europeus, ao mesmo tempo que são apreciados os sabores típicos daquele país.
Trata-se da quarta edição do sleeve especial da Cachaça 51 Exportação, onde constam a Floresta Amazónica, o Pão de Açúcar, a MASP/Av. Paulista, o Elevador Lacerda, as Cataratas do Iguaçu, Fernando de Noronha e Lençóis Maranhenses, lugares que convidam a viajar pelo Brasil. Cada local foi escolhido para representar diferentes regiões do país e exaltar a diversidade paisagística e cultural brasileira.
Esta versão de 2025 está disponível em garrafas de 700 ml e tem Portugal como um dos principais destinos de exportação. Sem mais delongas, é um bom pretexto para refrescar este verão!
Vinhos Borges, 140 anos depois

Gil Frias, 50 anos, presidente da Comissão Executiva do grupo José Maria Vieira e administrador responsável pela Borges, entrou no Grupo José Maria Vieira (JMV) em 1998, no ano da compra da Sociedade dos Vinhos Borges. “Na altura era um distribuidor puro e duro, que tinha também produção e distribuição de café com a marca […]
Gil Frias, 50 anos, presidente da Comissão Executiva do grupo José Maria Vieira e administrador responsável pela Borges, entrou no Grupo José Maria Vieira (JMV) em 1998, no ano da compra da Sociedade dos Vinhos Borges. “Na altura era um distribuidor puro e duro, que tinha também produção e distribuição de café com a marca Torrié”, conta o responsável.
Entretanto o grupo cresceu e é hoje constituído por sete empresas ligadas à produção de café e vinho e distribuição. Para além da fábrica Torrié, em Portugal, e de outra em Espanha, que produz café com a marca Torrelsa, a JMV produz também vinho desde que adquiriu a Sociedade dos Vinhos Borges ao grupo BPI. Integra, ainda, quatro empresas de distribuição directa em Portugal, Espanha, Canadá e Estados Unidos. “Quando entrei na JMV o grupo facturava cerca de 25 milhões de euros e, hoje em dia, quase 75 milhões de euros”, conta Gil Frias.
A Sociedade dos Vinhos Borges foi criada em 1884 pelos irmãos António e Francisco Borges, fundadores do Banco Borges & Irmão, inicialmente para a comercialização de vinho Verde e do Porto em Portugal e para exportação. Mais tarde, no início do século XX, após a entrada de Artur Lello no capital da empresa e na sua gestão, foi impulsionado também o seu negócio produção de vinhos. A partir daí começou um período em que a empresa foi gerida, durante quase todo o século XX, primeiro por Artur Lello e depois por Carlos Lello, o seu filho. Segundo Gil Frias, os anos mais prósperos decorreram desde o final da Segunda Guerra Mundial até ao período da revolução do 25 de Abril de 1974, quando a empresa passou para as mãos do Estado português, em conjunto com o banco Borges & Irmão, quando toda a banca foi nacionalizada. Só voltou para as mãos de privados em 1988, quando este sector voltou a ser privatizado em Portugal, passando a integrar o Grupo BPI.
Uma oportunidade de negócio
“Nós, José Maria Vieira, eramos distribuidores da Borges desde Coimbra até ao norte do país, isto a partir dos anos 70”, conta Gil Frias, acrescentando que a parceria se manteve até que, nos anos 90 do século passado o Grupo BPI decidiu alienar todos os seus activos não financeiros, incluindo a Sociedade dos Vinhos Borges. “A JMV viu aí uma oportunidade de entrar na produção de vinho, não só para verticalizar o negócio, da vinha quase ao copo do consumidor, mas também para estender o negócio de distribuição a todo o Portugal continental e ilhas, e incorporar a carteira de clientes de exportação que a Borges já tinha na altura, um passo na internacionalização do grupo”, explica o gestor. A seguir, foi feito um “trabalho de reconstrução da empresa da base ao telhado”, que está quase a ser terminado.
Desde logo, foi aumentada a área de vinha, para os 330 hectares actuais em produção, detida ou explorada pela empresa em exclusividade. Na Região dos Vinhos Verdes, para além das Quintas do Ôro, de Simaens e de Vilancete, a empresa tem mais 100 fornecedores de uva. Na Região do Dão o património da Borges inclui a Quinta de São Simão da Aguieira, perto de Nelas, com 74 hectares e 62 de vinha, onde fica a adega, mais a Quinta da Roda, que tem seis hectares e “está vocacionada para a produção de vinhos de topo”. Explora ainda 85 hectares de vinha na Quinta do Loureiro, com base num contrato de longa duração.
A primeira propriedade
A Quinta da Soalheira, no Douro, foi a primeira a ser comprada pela empresa, em 1904. Com 340 hectares, dos quais 127 de vinha, estende-se, em altitude, da cota 150 à 650 m. Mais recentemente “foi feito o seu remapeamento, para colocar as melhores castas nas melhores parcelas” e construída uma nova adega na região duriense, em Sabrosa, “melhor equipada tecnologicamente, a nível logístico, na recepção de uva, na forma de trabalhar e na capacidade em inox, mais adequada aos tipos de vinho que queremos fazer, o que nos permitiu ter um salto qualitativo muito grande em termos de vinhos do Douro”, salienta Gil Frias. Até à inauguração da nova unidade, era no Centro de Vinificação da Lixa, da empresa, que eram vinificados e engarrafados todos os vinhos Verdes e do Douro, com excepção dos Porto.
Um dos pilares que sustenta o negócio é, como não poderia deixar de ser, a produção, a viticultura, que está assente numa capacidade produtiva de cerca de 330 hectares e num sector de transformação, estágio e engarrafamento, assente em “adegas equipadas com a melhor tecnologia para produzirmos os nossos vinhos como queremos”, salienta Gil Frias. Outro pilar são os recursos humanos, “pessoas com muita experiência em todas as áreas”. Aqui foi feita uma reestruturação da empresa a partir de Janeiro de 2024, quando Gil Frias passou a administrador, com um director-geral, Miguel Carvalheira, e vários departamentos, incluindo o de enologia e viticultura, liderado pelo enólogo Fábio Maravilha, que trabalha na empresa há quatro anos e inclui, em cada uma das regiões vitivinícolas onde a empresa produz, responsáveis das adegas e de viticultura que o apoiam.
Segundo o enólogo Fábio Maravilha, a forma como se faz viticultura na Borges é definida com base nos vinhos que a empresa quer produzir. “Nós pensamos os vinhos e fazemos a viticultura nesse sentido e com esse objectivo”, explica. É o que acontece, por exemplo, no Douro, onde “cada uma das parcelas é adaptada consoante os vinhos que queremos dentro da empresa”. É um trabalho que não é igual todos os anos, porque depende também da forma como as condições climáticas evoluem, e implica estudo e capacidade de previsão, como aconteceu em 2023, ano em que a equipa da Borges conseguiu antecipar a chegada das primeiras chuvas e “fazer uma boa colheita de uvas” com bons teores alcoólicos nas cotas mais baixas, vindimando as mais altas depois da precipitação. “O ano correu bem, mas é óbvio que nem sempre é possível adaptar a vinha para produzir aquilo que consideramos vinhos óptimos, porque cada ano é um ano e temos de nos adaptar”, conta o enólogo. Uma boa organização, o planeamento adequado e uma equipa profissional, responsável e focada em cada uma das regiões onde a empresa produz faz o resto.
As pequenas jóias
São as melhores condições para produzir os vinhos de um portefólio construído em pirâmide. “Na base estão as gamas de entrada. Lello, na Região do Douro, Gatão, nos Vinhos Verdes, Meia Encosta, no Dão, Fita Azul, nos espumantes e uma gama de entrada nos Porto”, explica Fábio Maravilha. “Com excepção do Gatão rosé, que é vinho de mesa, são todos DOC e estão posicionados entre os quatro e os cinco euros em termos de preço de prateleira, porque o nosso objectivo é que tenham uma relação qualidade/preço imbatível”, conta Gil Frias, acrescentando que, assim, a sua empresa consegue concorrer com os vinhos australianos, chilenos, espanhóis em qualquer mercado e ter um volume de vendas que lhes permite “ter o desafogo para produzirmos coisas diferentes”.
Depois, e a caminho do topo, existe a gama intermédia, com marca e produção 100% de quintas da empresa, como São Simaens, Ôro, Soalheira e São Simão da Aguieira, nas versões de brancos, tintos e rosés, para além de monovarietais. “É uma gama para garrafeiras e restauração, que pretende mostrar o terroir das nossas quintas”, explica o gestor.
Os topos de gama estão todos identificados com a marca Borges e são oriundos das melhores parcelas das quintas, sendo apenas lançados em anos especiais. “Esta gama é constituída por vinhos de lote, com excepção de alguns monovarietais, como o Touriga Nacional do Dão, mas também o Loureiro da Quinta do Ôro, novidade que está a ser lançada agora”, explica Gil Frias.
Para além destes, foram também lançados alguns vinhos de nicho que o gestor considera “ultrapremium”, incluindo um branco do Douro da casta Gouveio, produzido à cota 300, seis mil garrafas por ano com potencial de guarda. “Para além da sua concentração e vigor, estrutura e final de boca, tem uma acidez elevada, que até é estranha nesta quinta”. É claramente um vinho que cresce com o tempo, digo eu depois de ter provado as colheitas de 2024 e 2023, com a primeira ainda a estar bem fechada e, a segunda, a mostrar aromas e sabores que demonstram a sua grande capacidade de dar prazer.
No ano passado foi lançada uma edição comemorativa dos 140 anos da Sociedade dos Vinhos Borges, o TN TN CLX, em garrafa Magnum. “Quisemos fazer um Touriga Nacional, porque é uma casta muito conhecida e das mais acarinhadas pelos portugueses e estrangeiros, e representa um pouco o país.” Foi produzido com base nos melhores vinhos de Touriga Nacional dos últimos cinco anos nas propriedades da Borges no Dão e Douro, para dar origem a um vinho de lote de guarda e de coleccionador. Este ano também vai ser lançado um branco de Touriga Nacional da Quinta da Soalheira neste segmento.
É importante, em qualquer empresa, incluir, no seu portefólio, “pequenas jóias” que a diferenciem da concorrência e perdurem no tempo, na memória das pessoas. Gil Frias defende que a sua empresa está hoje alicerçada para fazer isso. “Queremos mostrar ao mercado que somos uma empresa que produz volume e também referências para os consumidores mais exigentes, porque temos acesso às melhores uvas, às melhores condições tecnológicas para as produzir e às pessoas adequadas para levar o projecto para a frente”, afirma.
No último ano, a empresa vendeu 7,6 milhões de garrafas e facturou 16,7 milhões de euros. “Temos tido uma evolução muito positiva nas vendas, um crescimento superior a 60% nos últimos 10 anos, assente em Portugal, mas também no mercado de exportação”, diz Gil Frias. Para esse resultado tem contribuído a integração da Sociedade dos Vinhos Borges num grupo distribuidor que vende vinhos em 74 mercados, incluindo Portugal. “Eu próprio, como fui director comercial durante 12 anos, gosto de estar próximo dos mercados e conhecer os clientes”, conta Gil Frias. “Conhecer quem compra os nossos vinhos é fundamental”.
(Artigo publicado na edição de Junho de 2025)
Matriarca, o novo palco vínico e gastronómico da Symington

Abriu no coração da Invicta e reúne restaurante, wine bar e loja de vinhos num edifício nobre da cidade, onde a partilha de uma experiência vínica é uma constante aliada à cozinha mais sofisticada. A estreia do bar de cocktails e da academia de vinhos está prevista para os próximos meses. A Symington, reconhecida produtora […]
Abriu no coração da Invicta e reúne restaurante, wine bar e loja de vinhos num edifício nobre da cidade, onde a partilha de uma experiência vínica é uma constante aliada à cozinha mais sofisticada. A estreia do bar de cocktails e da academia de vinhos está prevista para os próximos meses.
A Symington, reconhecida produtora de vinhos do Porto e de vinhos tranquilos premium há cinco gerações, apresenta o Matriarca, no nº 14 da rua Actor João Guedes, no Porto. Trata-se de um espaço eclético desenhado em homenagem a Beatriz Leitão Carvalhosa Atkinson, que, no final do século XIX, se casou com Andrew James Symington – o primeiro da família a estabelecer-se em Portugal e a iniciar a produção de vinho do Porto – e era conhecida pela organização de animados repastos.
O piso térreo é o ponto de partida para reinterpretar estas vivências do passado neste espaço inspirado nos tradicionais clubes privados de vinhos característicos da cidade do Porto. É aqui que estão instalados o The Wine Bar, para partilhar petiscos e degustar novas referências, e o The Cellar Shop, desenhado para fomentar a experiência de compras personalizada entre tranquilos e vinhos do Porto produzidos nesta casa, bem como fazer provas de vinhos sem a necessidade de reservar.
No primeiro andar do Matriarca, está o acolhedor e elegante restaurante The Dining Room. Com uma cozinha de autor, assinada pelo chef portuense Pedro Lencastre Monteiro, promete oferecer o melhor da gastronomia portuguesa e britânica. Nas propostas, constam os menus constituídos por entrada e prato principal (50€) ou por entrada, prato principal e sobremesa (60€). Ambos contemplam couvert e água. Para acicatar a curiosidade, fica o registo de algumas das sugestões, com destaque para o Creme de sapateira ou o Tártaro de novilho, caviar e enguia Fumada, o Pregado ao molho champagne e arroz de amêijoa com espargos brancos ou o Bife Wellington servido com cauliflower cheese (couve-flor gratinada com queijo) e o Crepe soufflé com laranja do Douro.
“Este foi um projeto de vários anos e é com um enorme orgulho que abrimos, finalmente, as portas do Matriarca. Inspirados por Beatriz, quisemos que cada espaço desta casa refletisse um ambiente acolhedor e familiar, com aquele sentimento reconfortante de um lar. Queríamos criar espaços únicos que proporcionassem momentos especiais entre amigos e família, sempre acompanhados por uma gastronomia de excelência e, claro, fantásticos vinhos”, esclarece Vicky Symington, membro da 5ª geração da família e gestora de Marketing de Enoturismo da Symington Family Estates.
Todo o requinte passa ainda pelo clube de enófilos, em que os membros possuem condições especiais de compra e têm acesso a eventos exclusivos. Nos próximos meses, a oferta vai estender-se ao The Attic Bar, especializado em cocktails com vinho do Porto, e à Wine Academy, com cursos, masterclasses exclusivas e workshops criativos.
O Matriarca foi projetado pelos designers londrinos do estúdio Thurstan, liderado por James Thurstan Waterworth, antigo diretor de design europeu da Soho House. Na decoração, feita por artistas e artesãos locais, destacam-se móveis e materiais restaurados, numa ode ao passado e a pensar num futuro mais sustentável.
Horário:
The Wine Bar: de segunda-feira a domingo, das 12h00 às 00h00
The Dining Room: de quarta-feira a domingo, das 19h30 às 22h30
The Cellar Shop: de segunda-feira a domingo, das 10h00 às 20h00
Um brinde aos “Melhores do Ano” da região do Tejo

No passado dia 28 de Junho, o Imóvel de Valências Variadas, em Almeirim, engalanou-se para receber a Gala dos Vinhos do Tejo, promovida pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo e a Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo. Em destaque esteve a entrega de prémios do 15º Concurso de Vinhos do Tejo. De um total de […]
No passado dia 28 de Junho, o Imóvel de Valências Variadas, em Almeirim, engalanou-se para receber a Gala dos Vinhos do Tejo, promovida pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo e a Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo. Em destaque esteve a entrega de prémios do 15º Concurso de Vinhos do Tejo. De um total de 200 referências avaliadas em prova cega, foram distinguidas 65 em cinco categorias: Excelência, Melhor Fernão Pires, Melhor Castelão, Grande Ouro e Ouro.
As medalhas de Excelência foram atribuídas aos vinhos Casa da Paciência Grande Reserva Alvarinho Vinhas Velhas branco 2024 (Casa Paciência, em Alpiarça) e ao Quinta da Badula Grande Reserva tinto 2017 (Quinta da Badula, em Rio Maior). No alinhamento dos grandes prémios, foram eleitos o Encosta do Sobral Grande Reserva Fernão Pires Vinhas Velhas branco 2023 (Santos & Seixo, em Tomar) e o Bathoreu Castelão tinto 2023 (Agro-Batoreu, em Aveiras de Cima), respectivamente, para o Melhor Fernão Pires e o Melhor Castelão. Ao palco subiram ainda os representantes das 11 referências selecionadas para a categoria Grande Ouro, bem como das 52 laureadas com Ouro.
Dentro do contexto vitivinícola, o galardão Enólogo do Ano ficou nas mãos de Pedro Pinhão, administrador e diretor da equipa de enologia da Quinta da Lagoalva. O Casal da Coelheira e a Fiuza Wines arrecadaram, respectivamente, os troféus Empresa de Excelência e Empresa Dinamismo. Já nos prémios Tejo Anima by Rota dos Vinhos do Tejo foram distinguidos a Quinta da Lagoalva como Melhor Enoturismo, o Mercado Municipal de Santarém como Património e Oferta Cultural e a aldeia de Dornes, em Ferreira do Zêzere, na vertente Natureza.
Outro dos pontos altos da Gala dos Vinhos do Tejo foi a eleição de Jorge Antunes, presidente da Adega do Cartaxo, e de Pedro Ribeiro, presidente da Câmara Municipal de Almeirim, para o Prémio Carreira.
Cabrito, borrego e outras primícias

A Natureza continua a marcar o ritmo de forma inexorável. O que é muito bom para todos nós, que continuamos a ser tão susceptíveis e permeáveis a tudo o que é novo só por si. Mas desde o abrolhamento nas vinhas à cobertura de flores pelos campos fora, tudo é sinal de renascimento. É o […]
A Natureza continua a marcar o ritmo de forma inexorável. O que é muito bom para todos nós, que continuamos a ser tão susceptíveis e permeáveis a tudo o que é novo só por si. Mas desde o abrolhamento nas vinhas à cobertura de flores pelos campos fora, tudo é sinal de renascimento. É o momento da afirmação anual da vida e da vontade de viver, e o inevitável toque a reunir das famílias. E de abrir boas garrafas de vinho para a festa da partilha.
Começo pelo mais importante, a nota de pesar relativa ao desaparecimento prematuro de Ana Soeiro, figura marcante e importante no desenrolar da afirmação da produção nacional em toda a sua abrangência. Acompanhei de perto o trabalho fundador que fez com a sua brilhante equipa de colaboradores no Ministério da Agricultura, de levantamento de produtos certificados e em vias de certificação por todo o país. Retenho, com honra e garbo, os magníficos ficheiros a que Ana Soeiro me deu acesso, dando conta dos avanços vagarosos e despretensiosos do colectivo que coordenava. A abrangência do seu labor é colossal, e vai desde a criação de gado à mais particular e subsidiária receita de um prato regional executado a preceito e de forma sistemática. Quando saiu de funções no ministério, fundou a Qualifica, que desde logo se prontificou a tornar visível muito desse trabalho, ao mesmo tempo que estabeleceu ponte inédita com a certificação no espaço europeu. Se hoje vemos as siglas IGP – Indicação Geográfica Protegida – e DOP – Denominação de Origem Protegida – disseminadas entre nós, parte significativa desse trabalho é-lhe devido. Há que ter em conta a capacidade de fazer face à morosidade e complexidade envolvidas normalmente nesses processos. O tempo há de encarregar-se de lhe fazer justiça. Para já, fica a nota necessária e fundamental, em jeito de tributo.
Tenho bem presentes aspectos históricos e patrimoniais que imortalizam o borrego como proteína preferencial. O seu ensopado tem importância fundadora e que perdura até aos dias de hoje.
O cabrito só é feliz a saltarilhar
Dá-nos muitas alegrias à mesa o cabrito que, juntamente com o borrego, tem expressão fundamental e protocolar nos animais sacrificiais que, por esta altura, têm honras de mesa. Para Júlio Lameiras, acérrimo e sábio defensor das raízes beirãs da alimentação, “o cabrito para ser feliz tem de saltarilhar na pedra da serra”. A alimentação à base de ervas espontâneas e frutos de arbusto é suficiente para dar origem a belas e vigorosas crias, mesmo em fase de aleitação materna. Resulta, por isso, na matéria-prima tão do gosto do consumidor português, com a particularidade adicional da consensualidade. Não há quem não goste de um bom cabrito assado. De norte a sul do país, faz-lhe bem as honras o vasto receituário ditado pela cozinha de pastor. É grande o contributo das verduras de vagem que começam a grassar ao mesmo tempo. Ervilhas, favas, leguminosas diversas compõem muito o ramalhete das opções disponíveis. A carne ganha muito com uma marinada de água e limão um dia antes do momento formal do processamento culinário. Tem geralmente pouca gordura e assa muito bem, desde que a temperatura não seja demasiado alta. Uma segunda marinada em vinha de alhos é benéfica e vai assegurar excelência no período de forno ou grelha. Um tinto novo de Trás-os-Montes faz-lhe bem as loas.
Cabrito, borrego, leitão e vitela desempenham na história da nossa alimentação um papel festivo insubstituível. Para marcar momentos importantes, desde sempre utilizamos a prática de abater uma cria e levá-la à mesa inteira. O grau de requinte com que isso era feito depende obviamente da vontade, posses e disposições. Ainda hoje é assim, como nos tempos de outrora. Podemos contudo afirmar que, na perspectiva estrita da criação, abater uma peça primicial implica abdicar de um valor futuro maior, que nunca é despiciendo. Sempre se fez com os olhos postos nos valores futuros e universais, tai como a união de uma família, e criação efectiva e intemporal de riqueza, ou o regresso a casa de um membro da família que estava longe. Todas estas situações configuram a necessidade absoluta de festejar. Independentemente da proteína em jogo, a idade é o dado mais relevante no tocante à harmonização vínica. Tendencialmente, são apostas mais felizes os vinhos com pouca ou nenhuma madeira, a menos de algum pormenor de processamento culinário que faça toda a diferença. Sabemos contudo que não é assim. Desempenha papel importante neste cenário um vinho jovem estreme da casta Castelão sem madeira.
Não há quem não goste de um bom cabrito assado. De norte a sul do país, faz-lhe bem as honras o vasto receituário ditado pela cozinha de pastor.
O borrego e seus muitos encantos
A vida ensinou-me bastante sobre criação de borregos, seu abate e ligações ideais da sua carne com vinho. Se no caso do cabrito a leitura tinha forçosamente de ser nacional, no tocante ao borrego, à excepção do prodigioso cordeiro de Miranda do Douro, a capital é estável e fica no Alentejo. São diversos os factores que apontam para esta evidência. As transumâncias longas e aturadas do gado ovino. A indústria distribuída do queijo. O aproveitamento da lã. E a resistência à intempérie. Isto além de outros factores que apontem claramente o ovino como a proteína mais capaz e vencedora. Tenho bem presentes aspectos históricos e patrimoniais que imortalizam o borrego como proteína preferencial. O seu ensopado tem importância fundadora e que perdura até aos dias de hoje. O desaparecido Manuel Fialho, com quem tive o imenso privilégio de conviver ao longo de vários anos, desenvolveu trabalho teórico de sistematização que jamais esquecerei. Aliás, trata-se mais de inquietações do que de sistematizações propriamente ditas. Quando estamos nos granitos frios do norte alentejano, é frequente encontrarmos património micológico muito relevante na composição do ensopado de borrego. A utilização de batata é intermitente nessas latitudes, sendo bastante frequente a castanha, que ainda hoje se encontra, a par da já mencionada utilização de cogumelos nativos. Descemos na geografia para Évora e damos com um ensopado de borrego que contém normalmente batata e ervilhas e disponibiliza caldo abundante, pelo que é frequentemente consumido com uma colher de sopa. As partes de carne e respectivos ossículos são explorados à mão. Quando chegamos a Serpa, capital da maior transumância ovina nacional, constatamos que não há batata nem ervilhas na composição do ensopado. Estamos perante um caldo rico orlado de bom pão alentejano, selecção rigorosa das peças cortadas para o ensopado e utilização de poejo e hortelã da ribeira como temperos fundamentais. Do ponto de vista da harmonização com vinho, há bondade na aproximação a tintos de Alicante Bouschet encorpados com estágio longo em madeira. O ensopado que situei em Évora constitui, contudo, excepção. Nesse caso, a batata e as ervilhas levam facilmente a que a harmonização ideal seja com um vinho branco jovem de Arinto e Fernão Pires, com algum estágio em madeira.
Há muitas verdades no assunto da ligação de vinho com comida, como todos sabemos e facilmente aceitamos. Trago aqui agora uma curiosidade culinária que para mim se tornou sacramental. Trata-se da perna de borrego assada com dois dentes de cravinho apenas, que aprendi a fazer com o gigante Gabriel Fialho. Vale a pena reconstituir a cena. Estou sentado na sala de entrada do restaurante Fialho, em Évora, onde Gabriel Fialho oficiava à frente da cozinha. A sua personalidade natural era de grande empatia com toda a gente. Quem o conheceu sabe como era assim. De repente, eis que entra na sala onde eu estava, com uma colher de sopa e uma mão por debaixo, em concha. Vem direito a mim e diz-me para abrir a boca. Era um molho, que logo me descreveu como sendo resultante de assar uma perna de borrego apenas com dois dentes de cravinho. Sentou-se à minha frente, sem conseguir esconder a excitação quase infantil que o animava naquele momento. O cravinho era espetado em dois pontos específicos que ele me indicou. Memorizei tudo o que me disse. Estão quase a cumprir-se doze anos desde que deixou a esfera do chão, há-de estar a deleitar os seus pares com as suas muitas perplexidades. A verdade é que nunca mais voltei a assar borrego que não fosse com aquele toque minimalista. Sete horas a 70 graus, a peça totalmente envolta em papel de alumínio. A melhor harmonização a que cheguei foi com Jaen de Oliveira do Conde, da região do Dão, sem qualquer contacto com madeira.
O universo culinário do cabrito, sendo bastante mais linear do que o do borrego, foi contudo o que mais me surpreendeu. Aconteceu numa das muitas deslocações ao Douro, no pino do Verão, a propósito de um evento ibérico. Houve uma prova num hotel perto, a que se seguiu um jantar na Quinta do Panascal. Fomos de barco até lá, e a noite estava igual ao dia que nos tinha calhado. O xisto ardente não deixava a temperatura descer. O meu carro tinha marcado 51ºC nessa tarde. Dois colegas espanhóis foram de urgência para o hospital.
Subimos até à balaustrada superior, que foi onde foi servido o jantar. Soprava uma ligeira aragem. Foi servido um vinho branco e tudo começou a assentar. Eis senão quando é servido o jantar, que era cabrito assado em forno a lenha. Desenhou-se ali mesmo uma espécie de antologia pantagruélica que nada nem ninguém podia ter imaginado. O cabrito e o Douro têm uma longa história conjunta, recheada de curiosidades e perplexidades. Aquele foi o melhor cabrito da minha vida, brilhantemente harmonizado com um estreme de Tinta Amarela do Baixo Corgo. O momento foi de esmagadora sublimidade. Ao mesmo tempo perdura na memória. Tudo o resto se desvaneceu volvidos estão mais de vinte anos. Foi a primeira vez que me dei conta da importância de voltar várias vezes a um mesmo prato para melhor o entender e melhorar. Inclui, naturalmente, o vinho. Foi também essa a primeira vez que verdadeiramente me apercebi da grandeza do cabrito à mesa. Tinha a vitela assada como emblema duriense, passei a dar a posição cimeira ao cabrito.
A importância da criatividade
Numa outra instância calhou-me a função de convidador no encontro anual de amigos na Quinta de Carvalhais, no coração do Dão. Organizado por Manuel Vieira, ainda nos seus tempos de enólogo da Sogrape, desafiava à vez. Depois, o indigitado tratava de reunir o grupo que nesse ano iria protagonizar os “Desafios de Carvalhais”. Convidei o chef Nuno Santos, do restaurante Puttanesca, em Leiria, para tratar do almoço. Com o seu temperamento border line, dado à extravagância culinária mas sempre genial, era difícil fazer uma ideia do que se iria passar. Decidiu fazer o seu cabrito, porventura a mais minimalista forma de cozinhar o dito que até hoje me foi dado provar. Levou também miudezas de cabrito, que transformou com mestria em petiscos deliciosos. O segredo principal daquele almoço esteve na não intervenção, permitindo que sabores originais fossem até ao fim da linha para nosso grande deleite. Memorável foi também a harmonização com Alfrocheiro do Dão com estágio em barrica. Esse almoço ainda hoje é recordado com carinho. Eventos como esse são raros hoje em dia e fazem muita falta pelo poder congregador que representam.
Das muitas graças que a carne de caprino tem, há um prato que venero. É a chanfana, que abunda na Beira Baixa e se faz por todo o país. Sempre que visito um restaurante e há chanfana, é a ela que dedico a maioria da minha atenção. A carne que lhe está na base é de cabra velha, e é cozida em caçoilas de barro. As melhores são as que são feitas com todo o tempo do mundo e “esquecidas” no forno a lenha, ficando de um dia para o outro nas brasas mortiças. Há que selecionar bem as peças que se introduzem no recipiente de cozedura e a banha que se utiliza é crucial. Um tinto de Portalegre com bastante madeira é quase sempre a minha escolha para a assessoria vínica, mas as hipóteses são ilimitadas. Gosto muito de frequentar as criações do chef Ricardo Costa, do Yeatman, no Porto. Fiel às suas raízes, inclui a chanfana em diversas preparações nos seus menus de degustação. Depura-a ao ponto de se tratar de uma criação de alta cozinha, o que significa olhar para aspectos como a digestibilidade e expressão de terroir. A cozinha tradicional portuguesa é sobretudo um matizado de cozinhas regionais e por isso a chanfana está presente em todos os pequenos recantos de Portugal. Espera-se dos chefs de primeira linha que inovem nas preparações de sempre e na cozinha dos seus avós.
(Artigo publicado na edição de Maio de 2025)
BARCOS WINES: Um Loureiro muito especial

Presentes no nosso País desde o século XIX, as acácias foram trazidas para Portugal como espécies ornamentais pela beleza da sua floração, destacando-se pelas suas flores amarelas de tom vivo, assim como pelo valor da madeira e dos taninos da casca, tradicionalmente usados no curtimento de peles. A sua madeira é muito resistente, durável e […]
Presentes no nosso País desde o século XIX, as acácias foram trazidas para Portugal como espécies ornamentais pela beleza da sua floração, destacando-se pelas suas flores amarelas de tom vivo, assim como pelo valor da madeira e dos taninos da casca, tradicionalmente usados no curtimento de peles. A sua madeira é muito resistente, durável e possui elevada quantidade de resina, tendo sido usada por diferentes culturas para produzir vários produto e sendo hoje amplamente utilizada para variadíssimos tipos de propósitos, incluindo mobiliário, utensílios de cozinha, construção de canoas e outros barcos, instrumentos musicais e, claro está, barricas para vinho.
No terroir único da sub-região do Lima, no Alto Minho, região dos Vinhos Verdes, o vale do Rio Lima é o território de excelência para a produção de vinhos brancos da casta Loureiro, situando-se entre os concelhos de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca. É uma zona com enorme influência dos ventos marítimos do Atlântico, devido à sua proximidade do mar (cerca de 40 km), com elevados níveis de precipitação durante o período de crescimento e solos graníticos e férteis. As temperaturas elevadas e índices significativos de humidade favorecem a maturação da uva, proporcionando vinhos frutados, de moderada graduação alcoólica, aroma delicado, mineralidade e frescura.
Desde 1963 que a Adega Cooperativa de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez cuida de um património único em todo o mundo, localizado no coração da região dos Vinhos Verdes, um território com mais de 2000 anos de história de viticultura. Da junção de dois dos seus nomes resultou “Barcos Wines”, empresa que continua a produzir os seus vinhos num modelo de cooperativa, com forte compromisso com a comunidade e mantendo vivas as raízes e tradições das terras a que pertence. Num território dominado pelo minifúndio, a Adega possui cerca de 800 associados, que representam 900 hectares de vinha em produção de uva, sendo que a média por agricultor não ultrapassa o hectare e meio.
José Antas Oliveira é o enólogo e director geral da Barcos Wines que, nos dias de hoje, representa 6,5 milhões de unidades vendidas, entre vinho engarrafado e Vinho Verde certificado em lata, agora que a região dos Vinhos Verdes entendeu a importância destes novos formatos e criou uma regulamentação específica para os acomodar, numa demonstração de pioneirismo e visão.
No terroir único da sub-região do Lima, no Alto Minho, região dos Vinhos Verdes, o vale do Rio Lima é o território de excelência para a produção de vinhos brancos da casta Loureiro
O Loureiro e a acácia
A Loureiro é uma das castas portuguesas com maior carácter floral. Elegante e aromática, produz vinhos de cor citrina e lembra, muitas vezes, flor de laranjeira, rosas e frésias, fruta citrina, limão principalmente, sempre com excelente acidez. E porquê a madeira de acácia? Neste caso a proveniente de florestas do Norte de França realça a fruta nos vinhos brancos, conferindo-lhes maior cremosidade e redondez, sem os taninos mais marcantes ou as nuances fumadas do carvalho, referiram Bruno Almeida e Patrícia Pereira, director de Marketing e directora de Qualidade da Barcos Wines. Um Loureiro que estagia em carvalho adopta “um perfil elegante, mineral e repleto de sabor, onde as leves notas de carvalho abraçam os aromas cítricos e florais da casta”, e, neste vinho, aporta “delicados aromas de especiarias e eleva a pureza dos aromas florais e cítricos da casta Loureiro, respeitando a sua essência e enriquecendo-a com maior complexidade e elegância”, acentuam. E foi assim que, em Lisboa, no espaço multicultural, charmosamente decadente, da antiga Fábrica de Pólvora do Braço de Prata, nos foi apresentado o vinho Acácia, da Barcos Wines.
Mas as coisas começam-se pelo princípio, ou pelo menos assim deve ser, e, nesse dia, começaram com o espumante Loureiro, feito pelo método Charmat (a segunda fermentação é feita em grandes tanques de aço inox em vez de ser em garrafa, como no método tradicional), um espumante jovial e frutado, de perfil cítrico, bolha fina e mousse suave, com acidez viva, seco e bem saboroso. É de salientar que a categoria espumante representa entre 20 a 30 mil garrafas de venda anual. Um número bastante considerável, portanto.
De seguida percorremos os varietais de Loureiro do universo Barcos Wines, desde o Loureiro Premium 2023, um vinho fresco, tenso e seco, onde a doçura não tem lugar, o Reserva dos Sócios 2018, vívido e envolvente, com elegantes notas da barrica de carvalho, o “vinho do Zé” (Zé Inconformado 25 anos, de 2021), sempre um destaque, um vinho bem estruturado com aromas de fruta de caroço, mel e baunilha, boa mineralidade e acidez, e o Inusitado 2021, um branco de curtimenta fermentado com as películas, seguido de um estágio em madeira de castanho, pleno de identidade, rico, sério e suculento. E eis-nos chegados à nova coqueluche da Adega, o Acácia Loureiro 2022, aquele que “(…) pode muito bem ser o nosso melhor Loureiro de sempre…”!, nas entusiásticas palavras dos seus responsáveis.
Estágio sobre “lias”
O estágio antes do engarrafamento, ou a ausência dele, é sobremaneira decisivo para moldar o perfil final de um vinho. Mais até do que a sua duração, é o material escolhido – madeira, cimento ou inox –, e o formato do recipiente – barrica, ânfora, ovo ou cuba –, assim como o seu tamanho, que, aliados ao terroir de origem, mais impactam e conferem ao vinho a sua identidade única.
Acresce que se o vinho estagiar sobre borras finas, ou, à francesa, sur lies, aumenta a sua complexidade aromática e, sobretudo, a sua estrutura e untuosidade em boca.
As borras finas, para o leitor menos familiarizado com estas terminologias, são agentes naturais do vinho, leveduras que se depositam no fundo da barrica durante o estágio, mas que são regularmente trazidas à suspensão através de diferentes técnicas como revolver o vinho com um bastão, por exemplo, para que as ditas borras finas aumentem o seu contacto com o vinho e, assim, lhe confiram maior complexidade, produzindo um importante melhoramento sensorial através de um aumento de gordura, suavidade e volume.
Já cantava a saudosa Amália Rodrigues para nos deixarmos de francesismos em “Lisboa, não sejas francesa…”, e, desta feita, com a língua de Camões a não ajudar lá muito com a expressão “borras” (finas), optou-se pela inscrição no rótulo do Acácia “Sobre Lias”, afinal a Galiza é logo ali, e é praticamente uma extensão natural de Portugal, e da região do Minho em especial.
E ficou muito bem assim, diga-se.
No Acácia Loureiro, as uvas sofreram maceração pelicular e o vinho acabou de fermentar e depois estagiou 12 meses sobre lias, em barricas novas de madeira de acácia (uma barrica de 225 l de acácia e um barrica de 400 l de carvalho francês com tampos de acácia). Foram engarrafadas 795 garrafas numeradas, que repousaram durante 18 meses antes de serem lançadas para o mercado. Belos tempos, dinâmicos e ousados vive a casta Loureiro lá para as bandas do Minho nestes dias. Brindemos, pois!
(Artigo publicado na edição de Maio de 2025)
Brut Experience avalia qualidade de espumantes dia 4 de Julho

A 8ª edição do Concurso Internacional de Espumantes Brut Experience decorre no dia 4 de julho de 2025, no Hotel Holiday Inn Lisboa Continental, em Lisboa, com a presença de mais de 110 espumantes nacionais e internacionais. Este ano houve um reforço da presença espanhola na competição, com as amostras enviadas pelo país vizinho a […]
A 8ª edição do Concurso Internacional de Espumantes Brut Experience decorre no dia 4 de julho de 2025, no Hotel Holiday Inn Lisboa Continental, em Lisboa, com a presença de mais de 110 espumantes nacionais e internacionais.
Este ano houve um reforço da presença espanhola na competição, com as amostras enviadas pelo país vizinho a representarem cerca de 30% das marcas de espumantes (espumosos e cavas) a concurso. Já está confirmada também a presença de espumantes da região italiana de Trento DOC.
No evento, aberto a todos os espumantes Brutos e Brutos Naturais produzidos através dos métodos tradicional, natural e de charmat, engarrafados em todas as regiões do mundo, e certificado pelo Instituto da Vinha e do Vinho, as amostras são avaliadas por um júri composto por jornalistas e críticos da especialidade, escanções, enólogos e proprietários de lojas de vinho e restaurantes.
O resultado final dos espumantes em competição é a média aritmética da pontuação dada pelos juízes, excluindo as notas mais alta e mais baixa. Serve para definir as Medalhas de Prata (85 a 89,9 pontos), Ouro (90 a 94,9 pontos) e os Prémios de Prestígio (Mais de 95 pontos) entre os espumantes concorrentes.
Organizado por José Miguel Dentinho, jornalista, crítico e provador de vinhos em vários concursos nacionais e internacionais com mais de 35 anos de profissão, e Luís Gradíssimo, formador na área da enogastronomia e detentor da marca Enophilo, o Concurso Internacional de Espumantes Brut Experience 2025 pretende distinguir e dar a conhecer, aos consumidores, os melhores espumantes nacionais e internacionais, para estimular a sua produção e contribuir para a expansão da cultura do espumante.