Elefantes embebedam-se na China?

elefantes bebados em plantação de chá

A foto abaixo, captada certamente por um drone, mostra dois elefantes a dormir no meio de uma plantação de chá. A situação ter-se-á passado no sul da China e, dizia-se em posts colocados em várias redes sociais,  que os elefantes estavam bêbedos. De facto, a fazer fé num tweet de um determinado Li Jing, súbdito […]

A foto abaixo, captada certamente por um drone, mostra dois elefantes a dormir no meio de uma plantação de chá. A situação ter-se-á passado no sul da China e, dizia-se em posts colocados em várias redes sociais,  que os elefantes estavam bêbedos. De facto, a fazer fé num tweet de um determinado Li Jing, súbdito chinês, um grupo de 14 elefantes terá vagueado até uma aldeia no sul da China. Provavelmente estavam à procura de comida e milho, muito plantado naquela região. Em vez disso, dizem os posts, deram com um depósito de 30 litros de uma bebida fermentada de milho (uns dizem vinho, outros um destilado) e beberam-no todo. Depois teriam ido curtir a bebedeira para uma plantação de chá, dormindo dois deles uma bela sesta. Os posts rapidamente tornaram-se virais mas a verdade parece ser outra. O grupo de elefantes de facto invadiu uma aldeia e comeu milho ai armazenado, provocando ainda muitos estragos.  Um vídeo chinês do jornal The Paper mostra a reportagem do que se passou. Pode vê-lo aqui.

elefantes a dormir em plantação de cháAs autoridades locais dizem que a história da bebida é falsa.
Até pode ser, dizemos nós, mas a fazer fé no site da revista britânica Drinks Business, já existe um histórico de bebida, elefantes e bebedeira. Na África do Sul, por exemplo, não são raros os casos de elefantes vistos a intoxicarem-se com frutos de Marula em fermentação.

António Falcão

 

 

Tinto português foi o melhor no concurso Vinalies 2020

Vinalies Internationales com Quinta de São Sebastião Reserva tinto 2015

O vinho Quinta de São Sebastião Reserva tinto 2015, um “Regional Lisboa”, foi considerado o melhor vinho tinto no concurso francês Vinalies Internationales, que se celebrou em Paris entre 28 de Fevereiro e 3 de Março. Este concurso, na sua 26ª edição, é organizado pela associação dos enólogos de França. O vinho da Multiwines levou […]

O vinho Quinta de São Sebastião Reserva tinto 2015, um “Regional Lisboa”, foi considerado o melhor vinho tinto no concurso francês Vinalies Internationales, que se celebrou em Paris entre 28 de Fevereiro e 3 de Março. Este concurso, na sua 26ª edição, é organizado pela associação dos enólogos de França. O vinho da Multiwines levou assim o Troféu Vinhos Tintos.
Este ano entraram 2 959 vinhos, oriundos de 45 países. No total foram atribuídas 887 medalhas, entre Prata (608) e Ouro (279). Portugal conquistou 22 ‘ouros’ e 35 ‘pratas’.
Para além do Troféu Vinhos Tintos, a Multiwines trouxe ainda mais 2 medalhas de Ouro. Mas, neste capítulo, foi ultrapassada pela Adega Cooperativa do Cartaxo, que conseguiu 5 medalhas de Ouro. De seguida pode ver a lista dos vinhos com esta medalha. Registe-se a curiosidade de haver dois rosés, ambos da Casa Santos Lima, muitos tintos e um Moscatel, mas nenhum branco.
Para os restantes resultados, por favor consulte o site do concurso.

Vinho – Produtor
Medalha de Ouro e Troféu Vinhos Tintos
Quinta de São Sebastião Reg. Lisboa Reserva tinto 2015 – Multiwines

Medalha de Ouro
Al-Ria regional Algarve rosé 2019 – Casa Santos Lima
Valcatrina Reg. Alentejano rosé 2019 – Casa Santos Lima
Adega de Borba Alentejo Grande Reserva tinto 2014 – Adega de Borba
Adega de Pegões Palmela Touriga Nacional tinto 2017 – Coop. Agrícola Sto. Isidro de Pegões
Bridão Clássico Tejo tinto 2017 – Adega Coop. do Cartaxo
Bridão Tejo Alicante Bouschet Colheita Seleccionada tinto 2017 – Adega Coop. do Cartaxo
Bridão Tejo Collection tinto 2017 – Adega Coop. do Cartaxo
Bridão Tejo Reserva tinto 2017 – Adega Coop. do Cartaxo
Bridão Tejo Touriga Nacional Colheita Seleccionada tinto 2017 – Adega Coop. do Cartaxo
Casal da Coelheira IG Tejo Reserva tinto 2017 – Casal da Coelheira
Colossal Reg. Lisboa Reserva tinto 2016 – Casa Santos Lima
Convento de Tomar Do Tejo Reserva tinto 2016 – Quinta do Cavalinho
Dona Ermelinda Palmela Reserva tinto 2017 – Casa Ermelinda Freitas
Mina Velha Reg. Lisboa tinto 2018 – Multiwines
Quintas de Borba Alentejo Grande Reserva tinto 2015 – Adega de Borba
São Sebastião Reg. Lisboa Touriga Nacional tinto 2017 – Multiwines
Terras do Grifo Douro Reserva tinto 2017 – Rozès
Velharia Reg. Lisboa Reserva tinto 2014 – Adega Coop. da Labrugeira
Vinha do Fava Reg. Península de Setúbal tinto 2018 – Casa Ermelinda Freitas
Visconde de Borba Alentejo Reserva tinto 2016 – Marcolino Sebo
Contemporal Moscatel Roxo 2013 – Coop. Agrícola Sto. Isidro de Pegões

Plateform encerrou todos os restaurantes ao público

Rui Sanches, CEO da Plateform

São 150 restaurantes em todo o país que foram encerrados ao público. Incluindo o icónico restaurante Tavares, em Lisboa. Todos do grupo Plateform, de Rui Sanches (antes chamado de grupo Multifood), o maior grupo de restauração em Portugal. A noticia vem em consequência da crise de saúde pública devido ao surto da COVID-19. O encerramento […]

São 150 restaurantes em todo o país que foram encerrados ao público. Incluindo o icónico restaurante Tavares, em Lisboa. Todos do grupo Plateform, de Rui Sanches (antes chamado de grupo Multifood), o maior grupo de restauração em Portugal.

A noticia vem em consequência da crise de saúde pública devido ao surto da COVID-19. O encerramento é por tempo indeterminado. A medida teve efeito esta segunda-feira, dia 16 de março, a partir das 22h, e incluiu todos os restaurantes de rua e de shopping.

“Esta não foi uma decisão fácil. Precisámos de tempo para ponderar tudo o que estava em causa, a começar pelo bem-estar dos nossos quase 2 mil colaboradores e de todos os compromissos que assumimos para com eles, fornecedores e parceiros sem nunca imaginar uma crise desta magnitude”, comunica o CEO do grupo, Rui Sanches (na foto). “Só assim”, acrescenta, “conseguimos garantir a total segurança de clientes, colaboradores e fornecedores, algo que, neste momento, é a nossa única prioridade.”

O grupo decidiu ainda, “por uma questão de equidade entre todos os trabalhadores”, não ter qualquer equipa alocada ao serviço de entrega ao domicílio.

O comunicado indica ainda que a Plateform quer garantir a continuidade da empresa e dos postos de trabalho, mantendo a confiança que “este desafio será ultrapassado com resiliência e espírito de união”.

Concurso Brancos de Portugal adiado para Maio

foto para ilustrar Brancos de Portugal – A Escolha do Mercado

A Grandes Escolhas, organizadora do concurso de vinhos BRANCOS DE PORTUGAL – ESCOLHA DO MERCADO, já anunciou que a prova foi adiada. Segundo a organização, “devido à situação que estamos a viver e às recomendações governamentais de condicionamento das deslocações e reunião de pessoas, fomos forçados a adiar as datas das provas do concurso de […]

A Grandes Escolhas, organizadora do concurso de vinhos BRANCOS DE PORTUGAL – ESCOLHA DO MERCADO, já anunciou que a prova foi adiada. Segundo a organização, “devido à situação que estamos a viver e às recomendações governamentais de condicionamento das deslocações e reunião de pessoas, fomos forçados a adiar as datas das provas do concurso de vinhos BRANCOS DE PORTUGAL – ESCOLHA DO MERCADO”.

Recordemos que a prova cega do Júri estava prevista para o dia 23 de Março e o anúncio dos resultados, com a prova livre dos vinhos premiados, para 6 de Abril.

Novas datas foram, entretanto, agendadas: para os dia 4 de Maio (prova do Júri) e 25 de Maio (anúncio dos resultados e prova livre). A organização fez saber que “continua atenta e preparada para tomar as medidas que a situação aconselhar, tendo sempre como prioridade a segurança de todos os intervenientes”.

Numa nota bem mais positiva, a Grandes Escolhas informou que “a adesão ao concurso superou as nossas melhoras expectativas”. De facto, já foram inscritos quase 500 vinhos, o que torna desde já este concurso um caso único nos vinhos brancos portugueses. Diz ainda a organização que “esperamos que em breve possamos corresponder à expectativa e confiança depositada na Grandes Escolhas”.

País vínico e gastronómico protege-se contra COVID-19

O mundo vínico e gastronómico não está imune ao que se tem passado no resto do país e do mundo. E já se começou a tomar medidas, um pouco por todo o lado, para diminuir as fontes de contágio do Covid-19 e, assim, contribuir para resolver mais rapidamente este enorme problema. No mundo do enoturismo, […]

O mundo vínico e gastronómico não está imune ao que se tem passado no resto do país e do mundo. E já se começou a tomar medidas, um pouco por todo o lado, para diminuir as fontes de contágio do Covid-19 e, assim, contribuir para resolver mais rapidamente este enorme problema. No mundo do enoturismo, várias operações já cancelaram as marcações e encerraram as instalações até data a anunciar. Dois casos paradigmáticos foram a José Maria da Fonseca e a Herdade da Malhadinha Nova, mas muitos outros já o fizeram ou deverão fazê-lo em breve.

O Grupo Amorim Luxury, proprietário de vários restaurantes e lojas, já anunciou também que encerrou as suas operações nos restaurantes JNcQUOI Avenida, JNcQUOI ASIA (na foto), Ladurée, o JNcQUOI CLUB, bem como as suas lojas Fashion Clinic e Gucci situadas em Lisboa, no Porto e no Algarve.

Muitas notícias que chegam à redacção nas últimas horas confirmam também o adiamento e/ou cancelamento de eventos. Quanto a restaurantes e outros estabelecimentos, alguns mantêm-se abertos, com limitações.

COVID-19: Vinhos Verdes usam novos procedimentos para evitar contágios

A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) já está a usar os CTT para o envio de amostras para análise e para o envio de selos de garantia. A solução proposta visa facilitar os procedimentos habitualmente efectuados presencialmente e evitar os contactos directos para a resolução de necessidades quotidianas dos Agentes Económicos da […]

A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) já está a usar os CTT para o envio de amostras para análise e para o envio de selos de garantia. A solução proposta visa facilitar os procedimentos habitualmente efectuados presencialmente e evitar os contactos directos para a resolução de necessidades quotidianas dos Agentes Económicos da Região. As amostras para análise laboratorial são preparadas previamente pelo produtor, que solicita a recolha no site da CVRVV, que será depois recolhida por estafeta e entregue na CVRVV no prazo máximo de 24 horas.

Manuel Pinheiro, Presidente da CVRVV, sublinha que “Os selos de garantia são igualmente passíveis de requisição através do site já que, uma vez concluído com sucesso o processo de certificação, os selos para o engarrafamento são enviados directamente para a adega do produtor em 24 horas. Entendemos que devemos encontrar soluções para evitar o problema que marca a actualidade e, neste caso, fazemo-lo com base na promoção da eficácia dos procedimentos, comodidade dos nossos produtores e a prevenção adequada em matéria de saúde pública”. Manuel Pinheiro, fala, claro está, de medidas de prevenção contra a disseminação do coronavírus. Quantos menos contactos pessoais houverem, menos probabilidade de contágios.

Recorde-se que a CVRVV é a entidade responsável pela certificação e promoção do Vinho Verde, registando uma recepção de cerca de cinco mil amostras por ano para análise laboratorial.

Frederico Falcão vai ser o novo presidente da ViniPortugal

Frederico Falcão

O antigo presidente do Instituto da Vinha e do Vinho e ex-administrador da Bacalhôa Vinhos de Portugal foi o escolhido pelos representantes dos oito organismos que votam na escolha da liderança desta associação interprofissional: são eles a ACIBEV e ANCEVE, ligadas ao comércio, a FENAVI e FEVIPOR, ligadas à produção, a FENADEGAS (das cooperativas), AND […]

O antigo presidente do Instituto da Vinha e do Vinho e ex-administrador da Bacalhôa Vinhos de Portugal foi o escolhido pelos representantes dos oito organismos que votam na escolha da liderança desta associação interprofissional: são eles a ACIBEV e ANCEVE, ligadas ao comércio, a FENAVI e FEVIPOR, ligadas à produção, a FENADEGAS (das cooperativas), AND (associação dos destiladores), CAP, ligada aos agricultores e finalmente a ANDOVI, que agrupa as CVR’s de Portugal. A próxima Assembleia Geral da ViniPortugal, a ocorrer em 25 de Março, irá apenas ratificar esta escolha. Frederico Falcão mostrou-se muito satisfeito com a votação, “que, disseram-me, foi unânime”. Ou seja, todos os 2.200 votos foram para ele.
Frederico disse-nos que não pretende fazer grandes inflexões na política da ViniPortugal, até porque se tem identificado com a linha que tem sido seguida pelo actual presidente, Jorge Monteiro. Apenas irá fazer força em 3 aspectos: 1. a criação de um observatório de mercados internacionais, “um pouco à semelhança do que faz Espanha”; 2. Reforçar a aposta na formação dos agentes económicos; 3. Promover mais acções para valorizar os vinhos portugueses no mercado internacional. Ou seja “conseguir aumentar o preço médio por garrafa”. (texto de António Falcão)

A vinha à sombra dos painéis fotovoltaicos

painéis fotovoltaicos em cima de vinha - França

Com os indícios claros de aquecimento global e suspeitas de períodos de seca prolongada, os cientistas agrícolas procuram soluções para resolver, ou amortizar os efeitos do clima em zonas geográficas mais quentes e secas. Um interessante estudo acabou de ser publicado pela Câmara de Agricultura da região de Vaucluse (no sul de França, logo acima […]

Com os indícios claros de aquecimento global e suspeitas de períodos de seca prolongada, os cientistas agrícolas procuram soluções para resolver, ou amortizar os efeitos do clima em zonas geográficas mais quentes e secas.
Um interessante estudo acabou de ser publicado pela Câmara de Agricultura da região de Vaucluse (no sul de França, logo acima de Marselha). Em estudo estava o comportamento de uma parcela de vinha da casta Grenache Noir. Uma parte da parcela foi deixada como de costume (como testemunha), mas cerca de 600 m2 tinham por cima, a 4,20 m de altura, painéis solares (para deixar passar os tractores e outras máquinas). Ora, estes painéis são controlados por um programa informático que foi concebido com base nas necessidades da videira: ora se inclinava mais ou menos, consoante seria necessário mais sol ou sombra. Os painéis conseguiam, no limite, cobrir 66% da área de vinha. Os investigadores criaram ainda várias situações intermédias, para tentar tirar o máximo partido da experiência.
Ora bem, os primeiros resultados mostram que as vinhas abrigadas pelos painéis conseguiram resistir melhor aos fortes calores do Verão de 2019. Estas videiras não só maturaram mais tarde (6 a 13 dias depois) como demonstraram ter menos stress hídrico. Ou seja, precisariam de menos 12 a 34 % de água, consoante as configurações dos painéis. O sombreamento teve ainda um efeito positivo no peso dos bagos, superior em 17% nas videiras protegidas.
As uvas da testemunha e da zona sombreada foram vinificadas à parte e verificou-se que nestas últimas foi mais alto o nível de antocianas (+13%), assim como na acidez total (de +9 a +14% consoante os testes). Ou seja, melhores resultados para a sombra. Curiosamente, o teor de álcool revelou-se igual em todos os testes.
Estes ensaios foram promovidos pela empresa Sun’Agri, empresa francesa especializada em agricultura e painéis fotovoltaicos. Se forem confirmados em futuras experiências, estes resultados podem ajudar a resolver três problemas: mais espaço para a instalação de painéis, a produção (vendável) de energia eléctrica e, ao mesmo tempo, um meio de melhorar a qualidade das uvas nas regiões mais quentes e ensolaradas de Portugal. (texto de António Falcão. Foto: direitos reservados)

Alentejo: novo espaço da Rota dos vinhos com muita tecnologia

Rota dos vinhos do Alentejo

Francisco Mateus, presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) e Tiago Caravana (director de marketing) foram os grandes anfitriões da visita de inauguração das novas instalações da Rota de Vinhos do Alentejo, das mais antigas de Portugal (está em funcionamento desde 1997). As novas instalações, em Évora, estão a ocupar uma antiga casa senhorial, que […]

Francisco Mateus, presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) e Tiago Caravana (director de marketing) foram os grandes anfitriões da visita de inauguração das novas instalações da Rota de Vinhos do Alentejo, das mais antigas de Portugal (está em funcionamento desde 1997).
As novas instalações, em Évora, estão a ocupar uma antiga casa senhorial, que foi integralmente modificada para a Rota, possuindo muito mais espaço que as anteriores. Em termos de localização, esta nova ‘Rota’ está também melhor situada, mais perto do centro turístico da cidade. Espaço é coisa que aqui não falta, até porque o edifício possui dois andares. Se nas anteriores instalações o espaço dava apenas para provas de vinhos (ou quase), este permite ter mais centros de interesse, a começar num completo roteiro do histórico da vinha e do vinho no Alentejo. Enormes painéis ilustrados mostram o que aconteceu desde datas tão remotas como a de dez mil antes de Cristo, e continua até aos nossos dias. Um outro painel fala da sustentabilidade nas vinhas e adegas alentejanas. A informação é completada por vários televisores que mostram filmes da actividade vínica alentejana.

Requintes tecnológicos
Destaque para dois apontamentos muito interessantes, dirigido aos enófilos mais avançados. Um deles é um conjunto de cinco recipientes verticais, contendo tipos de solo existente nas vinhas do Alentejo. Só por curiosidade, diremos que três deles têm como rocha mãe o xisto; os restantes dois repousam em granito. Francisco Mateus disse-nos que a CVR já tem cadastrados mais de 60 tipos de solo diferentes; esta é apenas uma selecção dos mais comuns.
O outro destaque vai para cinco painéis de bom tamanho, contendo a foto e a descrição de cinco castas emblemáticas: as brancas Antão Vaz e Roupeiro e as tintas Aragonês, Alicante Bouschet e Trincadeira. Cada um destes painéis tem por baixo uma espécie de recipiente (tipo decanter) cheio com um líquido transparente; dentro do líquido está um tubo flexível que termina, já cá fora, numa bomba de pêra. O visitante aperta a bomba, que provoca bolhas no líquido e, ao mesmo tempo, aproxima o nariz da boca do decanter. Sente assim os aromas fundamentais da casta. É, quanto a nós, uma iniciativa bem interessante e informativa.

Entrada da Rota dos vinhos do Alentejo
Entrada da Rota dos vinhos do Alentejo

Se quiser provar os vinhos, contudo, terá de passar ao lado oposto da sala, onde está a secção de provas. A Rota tem cerca de seis vinhos diferentes todas as semanas (usualmente dois vinhos de três produtores) e a prova custa 5 euros. Se gostou de algum vinho pode comprá-lo de seguida. Tal como pode adquirir muitos outros, consultando uma lista que a rota terá disponível. Os vinhos estão em gavetões de madeira com o logotipo dos respectivos produtores impresso a laser, mas a sua capacidade é, obviamente, limitada. Logo ao lado, a rota dispõe ainda de um grande monitor interactivo onde é possível visitar virtualmente as explorações e marcar visitas. Esta facilidade, disse-nos Teresa Chicau, que gere este espaço, está também disponível no site da Rota, e com ainda maiores funcionalidades.
O piso superior alberga uma sala onde podem ser realizadas formações e provas especiais, assim como duas salas de generosas dimensões, para toda a espécie de eventos. Até agora, a maioria dos visitantes tem vindo de três nações: Estados Unidos, França e Brasil.

Uma história do n.º 88 da Rua 5 de Outubro
O projecto das novas instalações iniciou-se em 2017, tendo implicado um investimento de 750 mil euros, que teve o apoio do Turismo de Portugal no âmbito da Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior (no valor de 320 mil euros). A CVRA realizou depois um concurso para apresentação de propostas para a criação de experiência e vinhos no Alentejo, onde seleccionou a LLYC e a agência NOSSA, ambas sediadas em Lisboa, para desenvolver, acompanhar e implementar a parte criativa e de conteúdos. Para o projecto de arquitectura e obras de requalificação do edifício a CVRA optou por empresas alentejanas: entraram assim a Arquitecturar e Yábura, ambas sedeadas em Évora.
O primeiro grande objectivo deste espaço, ligado directamente ao departamento de marketing da CVR alentejana, é o de mostrar os vinhos alentejanos; mas o fundamental, disse-nos Francisco Mateus, “é que as pessoas depois saiam e vão visitar”. E continua: “o lançamento deste novo espaço transmite a visão e a ambição da CVRA para os próximos anos, com o objectivo de tornar o Alentejo uma referência mundial na área do enoturismo.” Considerando que, desde 2014, o Alentejo já recebeu 9 distinções sucessivas enquanto destino de enoturismo, chegar ao objectivo parece estar muito próximo. (texto de António Falcão. Fotos cortesia CVR Alentejana)

Algarve muda imagem e afina estratégias

A nova imagem dos vinhos do Algarve e Sara Silva

Para o consumidor do resto do país, os vinhos algarvios não são desconhecidos, mas quase. Muitos dos vinhos aqui produzidos (cerca de 80%!) ficam no próprio mercado algarvio, que não só consegue suportar grande parte da produção, como inclusive paga melhor, em média, que no resto do país. Um produtor de nacionalidade alemã vende a […]

Para o consumidor do resto do país, os vinhos algarvios não são desconhecidos, mas quase. Muitos dos vinhos aqui produzidos (cerca de 80%!) ficam no próprio mercado algarvio, que não só consegue suportar grande parte da produção, como inclusive paga melhor, em média, que no resto do país. Um produtor de nacionalidade alemã vende a totalidade das suas garrafas no seu país de origem.
Por outro lado, apesar do aumento do número de produtores, a área de vinha e respectiva produção pouco tem aumentado. Não há falta de investidores, nem falta de dinheiro para investir. De facto, em 2019 foram pedidos cerca de 150 hectares para novas plantações, mas a grande maioria não foi aceite, garantiu-nos a presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve (CVR), Sara Silva. Muito encepamento tem recaído em castas estrangeiras, mas tem aparecido algum revivalismo, aqui e ali, no que toca às castas mais tradicionais, como a Negra-Mole e Crato-Branco. “Os produtores estão a agora a tirar todo o potencial da Negra-Mole, que é uma casta muito versátil, produzindo palhetes, brancos de tintas, rosés e tintos pouco alcoólicos”, garante Sara Silva. Infelizmente, são poucas e pequenas as vinhas de cepas muito velhas. De tal maneira que Sara nos disse que considera neste momento Vinhas Velhas as que têm cerca de 25 anos e acima. A CVR está ainda a fazer o cadastro de todas as vinhas da região.

Distribuição da cultura da vinha na região do Algarve

Sara divulgou-nos mais alguns dados do Algarve vínico: dos 45 produtores de vinho registados, só 30 possuem marcas no mercado. Os maiores certificadores são a Casa Santos Lima, a Quinta dos Vales e a Quinta do Barranco Longo. Ao todo estamos a falar de uma produção de quase 1,4 milhões de garrafas/ano, sobretudo em tintos e a grande maioria em Regional Algarve (DOC é apenas 5%!). Mas, diz Sara Silva, “os brancos e rosés estão em subida”. No total, a área de vinha apta para vinho do Algarve é de apenas 800 hectares. Note-se, em comentário à parte, que alguns produtores portugueses têm maior área de vinha e muitos outros produzem mais do que toda a região algarvia!
Considerando isto e o que se disse antes, a CVR Algarve resolveu afinar as suas estratégias de promoção e, ao mesmo tempo, mudar a identidade visual dos Vinhos do Algarve. No primeiro caso, Sara Silva, diz que “a focalização na qualidade será o caminho a seguir pela região”. A direcção da CVR acha que, dada a dimensão geográfica do Algarve, não será possível competir em escala. Por isso, a aposta de promoção vai ser dirigida ao mercado nacional, e mais especificamente, ao mercado regional. Neste sentido, vão iniciar-se acções dirigidas ao canal Horeca (hotelaria, restauração, cafés) o qual ainda apresenta, diz-nos Sara, um “enorme potencial de crescimento para os Vinhos do Algarve”. Ao mesmo tempo, a CVR irá realizar outras acções, dirigidas ao mercado do turismo (nacional e internacional), em parceria com a Região do Turismo do Algarve. O principal alvo serão as feiras, postos de turismo e o aeroporto de Faro.
Para reforçar a estratégia e o esforço de promoção, foi criada uma nova logomarca que irá reforçar, junto da restauração e do público final, “a qualidade, diversidade e exclusividade dos Vinhos do Algarve”. O novo logotipo retrata assim os principais ícones e lifestyle do Algarve – sol, gastronomia, férias, património, tradições e praia.
Para levar este plano adiante, a CVR do Algarve irá investir 120 mil euros ao longo dos próximos dois anos. (texto de António Falcão)