Séries RCV- A engarrafar o futuro

Séries RCV

Tudo começou com um Rufete de 2010, e hoje são já 13 varietais. O projecto Séries, da Real Companhia Velha, tem sido um autêntico esboço do presente e do futuro dos vinhos não fortificados da empresa. Um estudo aprofundado do potencial vitícola e enológico de cada casta antiga do Douro. Texto: Mariana Lopes Fotos: Real […]

Tudo começou com um Rufete de 2010, e hoje são já 13 varietais. O projecto Séries, da Real Companhia Velha, tem sido um autêntico esboço do presente e do futuro dos vinhos não fortificados da empresa. Um estudo aprofundado do potencial vitícola e enológico de cada casta antiga do Douro.

Texto: Mariana Lopes

Fotos: Real Companhia Velha

No Douro, estão reconhecidas cerca de 150 castas autóctones autorizadas para produção de vinho. Só nas vinhas velhas, encontram-se várias dezenas de variedades diferentes, umas mais populares e amplamente utilizadas nos vinhos de hoje, e outras já consideradas raras, existentes em pouca quantidade, algumas com excelentes aptidões na adega. Isto é mais do que razão para se tirar partido prático desta riqueza varietal, e é mesmo isso que a Real Companhia Velha está a fazer com o projecto Séries. “A grande vantagem das vinhas velhas do Douro não é apenas a idade, é, precisamente, a diversidade de castas que lá encontramos, como as familiares Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Amarela, naturalmente a Touriga Nacional, mas também outras muito interessantes como Tinta da Barca, Cornifesto, Malvasia Preta, Donzelinho Branco, Donzelinho Tinto… castas estas que produzem, e que se mostram adaptáveis às condições austeras do Douro”, sublinhou Pedro O. Silva Reis, Fine Wine Manager da empresa com sede em Vila Nova de Gaia, na apresentação dos novos Séries. Na verdade, foi esta diversidade que inspirou o nascimento desta gama de ensaios, onde se exploram diferentes técnicas na adega, castas e abordagens: em 2002, depois de várias visitas a campos ampelográficos do Douro, a equipa técnica da Real Companhia Velha inspirou-se e iniciou a aposta na recuperação de mais de 30 variedades autóctones. Séries RCV

Na Quinta do Casal da Granja, em Alijó, estão as brancas Alvarelhão Branco, Alvaraça, Branco Gouvães (ou Touriga Branca), Esgana Cão, Donzelinho Branco, Moscatel Ottonel, e Samarrinho. Já as tintas Bastardo, Donzelinho Tinto, Malvasia Preta, Preto Martinho, Cornifesto, Rufete, Tinta da Barca, Tinta Francisca e Tinto Cão, são da Quinta das Carvalhas, junto ao Pinhão. Quase todas foram plantadas pela empresa em parcelas estremes com área mínima de um hectare, para serem estudadas quanto ao comportamento agronómico e avaliado o seu potencial em vinhos varietais. Como explicou Jorge Moreira, responsável de enologia da Real Companhia Velha, foram “também às vinhas velhas à procura das castas mais antigas, para as vinificar separadamente”.

Famosa pelos seus vinhos do Porto, a Real Companhia Velha arrancou com o seu projecto de vinhos não fortificados — chamado Fine Wine Division — em 1996, ano em que resolveu “apostar na produção de grandes vinhos do Douro”, referiu o enólogo. “Começámos a melhorar a forma como tratávamos da vinha para termos uvas de qualidade, e a apostar em novas técnicas de vinificação, mais cuidadas e precisas. Sentimos necessidade de perceber, entre a enorme panóplia de castas que tínhamos, o que é que cada uma representava”, desenvolveu. Assim, ainda no final dos anos 90 e já com o “bichinho” dos estudos varietais, a empresa começou a engarrafar vinhos monocasta com as marcas Porca de Murça e Quinta de Cidrô, como Tinta Roriz, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Chardonnay, ou Cabernet Sauvignon. “Poucos se mantiveram, mas foram importantíssimos para percebermos as nuances de cada uma das castas na vinha e na adega, e permitiu-nos das um grande salto qualitativo”, explicou Jorge Moreira.

Séries RCVCom primeiro lançamento em 2012, de um Rufete 2010, as Séries contam já com 13 referências, algumas com mais de uma edição, o que totaliza mais de 30 vinhos, incluindo brancos, tintos e espumante. No recentemente inaugurado The Editory Riverside Hotel, em Santa Apolónia, foram lançadas as mais recentes colheitas dos Donzelinho Branco, Bastardo, Rufete, Malvasia Preta e Cornifesto; e também a novidade absoluta, um Tinta Amarela, cujas uvas têm origem na Quinta dos Aciprestes. Como “teaser” do que sairá em breve, provou-se um Samarrinho de 2019 e um Branco Gouvães de 2018.

“Isto é algo que teve um grande impacto na Real Companhia Velha. Os Séries marcaram muito a nossa forma de produzir vinho, criaram-se técnicas na adega muito a pensar nas uvas que estamos a vinificar, como uso ou não de engaço, maior ou menor extracção, remontagens… no fundo, aprendemos muito com este projecto”, afirmou Pedro Silva Reis, e Jorge Moreira rematou: “O que se passa aqui são as bases do futuro da Real Companhia Velha. Estamos entusiasmados, nunca fizemos vinhos tão bons, e falo de nós e do Douro em geral. Os Séries são, hoje, as sementes para fazer mais tarde vinhos ainda melhores. São lições que aprendemos, de conhecimento e de prazer”. Para “adoçar a boca”, a dupla revelou ainda que, na calha, está um Tinta da Barca e um Moreto…

(Artigo publicado na edição de Maio 2022)

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Dora Simões é a nova presidente da direcção da CVR dos Vinhos Verdes

Dora Simões Presidente

Duas mulheres eleitas para a liderança no mandato 2022-2025 Dora Simões acaba de ser eleita para o cargo de Presidente da Direcção da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) para o triénio 2022-2025, contando com Óscar Meireles e Rui Pinto como Vogais, em representação do Comércio e da Produção, respectivamente. Natural do […]

Duas mulheres eleitas para a liderança no mandato 2022-2025

Dora Simões acaba de ser eleita para o cargo de Presidente da Direcção da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) para o triénio 2022-2025, contando com Óscar Meireles e Rui Pinto como Vogais, em representação do Comércio e da Produção, respectivamente.

Natural do Porto e licenciada em English for International Business pela University of Central Lancashire, no Reino Unido, Dora Simões conta com um percurso profissional de mais de 25 anos em que se destacam funções de relevo no sector dos vinhos, desde gestão de Marketing na Europa Central da Ernest & Julio Gallo Winery, à Direcção-Geral da ViniPortugal ou a Presidência da Direcção da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), onde lançou e desenvolveu o Plano de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA) que constitui uma referência a nível nacional e internacional. Dora Simões foi eleita por unanimidade para suceder a Manuel Pinheiro, Presidente da Direcção da CVRVV durante cerca de duas décadas, na qual assumiu 7 mandatos.

Pela primeira vez, a CVRVV conta com duas mulheres na liderança da Região, com Celeste do Patrocínio a assumir a Presidência do Conselho Geral, numa instituição em que historicamente a Direcção dos Departamentos é maioritariamente assumida no feminino.

“É um enorme orgulho e uma grande responsabilidade assumir a liderança de uma Região que se posiciona com diferenciação pela qualidade e que tem sido um exemplo a nível nacional e na promoção da marca Vinho Verde em mais de uma centena de mercados externos. Esta Direcção tem como missão manter esse crescimento nas exportações e no mercado nacional, reforçando o papel pioneiro que a CVRVV tem tido no desenvolvimento de ferramentas de apoio aos viticultores, na promoção do trabalho de produtores e engarrafadores e no aumento da base de consumidores dos vinhos desta Região única no Mundo”, destaca Dora Simões, Presidente da Direcção da CVRVV.

 

 

Lindeborg Wines- Como ser grande em pequena escala

Lindeborg Wines

Lindeborg Wines é um projecto recente, ambicioso e com grandes planos para o futuro. Neste momento agrega três quintas em produção – a Quinta da Folgorosa e Cortém na Região de Lisboa e a Quinta Vale do Armo no Tejo. O grupo ainda integra uma distribuidora, garrafeira e wine bar “111 Vinhos” com presença em […]

Lindeborg Wines é um projecto recente, ambicioso e com grandes planos para o futuro. Neste momento agrega três quintas em produção – a Quinta da Folgorosa e Cortém na Região de Lisboa e a Quinta Vale do Armo no Tejo. O grupo ainda integra uma distribuidora, garrafeira e wine bar “111 Vinhos” com presença em Lisboa e Cascais. No futuro mais próximo cabe o desenvolvimento da propriedade adquirida no Alentejo.

 Texto: Valéria Zeferino

Fotos: Lindeborg Wines

 Thomas Lindeborg, o empresário sueco com negócios na área de investimento imobiliário em vários países do mundo, de Europa a Ásia, partiu para uma nova aventura, agora no sector do vinho, com os pés bem assentes na terra. Literalmente. Thomas não compra vinho a granel para engarrafar e vender milhões de litros. Tem uma abordagem diferente – investe em terras, vinhas e quintas. Quer vender vinho de qualidade a preço razoável, em vez de entrar na guerra de preços baixos.

Não vê o vinho apenas como um hobby. Está disposto a e tem capacidade de investir sem esperar por lucros imediatos. A sua visão é a longo prazo, assenta na construção de uma imagem sólida e operações sustentáveis. Como impresário, percebe que o negócio tem que ser suficientemente grande para beneficiar de economia de escala e criar volume para entrar nos mercados de exportação, mas prefere atingir estes objectivos por via de complementaridade de várias propriedades de pequena/média dimensão. Esta abordagem permite preservar a autenticidade, evitando uniformização de grandes produções, e ao mesmo tempo ter uma oferta diversificada “in authentic small scale way” com brancos frescos de Lisboa, tintos aromáticos do Tejo, encorpados e redondos do Alentejo para além de vinhos biológicos e uma linha de vinhos vegan – para satisfazer todos os gostos. “Quero mostrar nos mercados internacionais que o vinho português não é só industrial” – afirma Thomas e sublinha “seja como for, eu não investi em vão, investi em imobiliário”.

Em vez de jogar golf, prefere podar a vinha. “Como passo muito tempo à frente do computador e ao telefone, o trabalho físico na vinha relaxa-me” – explica Thomas. As pessoas locais quando o viram pela primeira vez, pensavam que era algum turista alemão. Depois habituaram-se.

Lindeborg WinesComo tudo começou

Thomas Lindeborg visitou Portugal pela primeira vez em 1984, quando fez uma viagem a São Martinho do Porto com a sua esposa. “Era a viagem mais barata que consegui” – sorrindo lembra-se Thomas. Foi aí que se apaixonou pelo nosso país. Por razões de negócio viveu em Londres, mas desde 2008 teve uma segunda casa na costa Oeste. Em 2017, o Brexit impulsionou a sua mudança definitiva para Portugal.

O vinho sempre lhe despertou o interesse, servindo de motivação para investir nesta área. Em 2019 Thomas adquiriu a Quinta da Folgorosa com 46 hectares de vinha. No final do mesmo ano fez um negócio com um casal estrangeiro e ficou com a Cortém, uma pequena propriedade com apenas 6 hectares de vinha em produção biológica. Para ser autosustentável o negócio precisava de escalar, e em 2020 surgiu uma oportunidade no Tejo de aquisição da Quinta Vale do Armo com 94 hectares de vinha. No final do ano passado realizou-se mais um investimento, agora no Alentejo – a Herdade de Cabeceira com 50 hectares e possibilidade de plantar mais 40. Os primeiros vinhos desta propriedade só serão lançados em 2023.

Visão estratégica

 Depois de aquisição das propriedades, investiu-se nas vinhas, nas instalações e no equipamento para assegurar a qualidade de produção, e só agora chegou a vez da área comercial para alargar as vendas. Antes tinham e continuam a ter clientes privados em Portugal e fora.

Sustentabilidade é um conceito profundamente enraizado na Lindeborg Wines. Utilizam vidro mais leve, as caixas fecham-se sem utilização de cola ou plástico. Estão a estudar a possibilidade de substituir as cápsulas convencionais por outras de materiais alternativos sustentáveis que permitem a sua reciclagem ou cuja produção reduz significativamente a pegada de carbono. O papel para os rótulos é feito de massa a partir de grainha de uva. Estas medidas levam ao aumento de custos de produção, mas são mais sustentáveis de ponto de vista ambiental.

Sendo um líder por natureza, Thomas sabe que é na equipa que se deve apostar para alcançar o resultado pretendido. Sabe motivar as pessoas e dar-lhes oportunidades. “Não se preocupem com a parte financeira, esta preocupação é minha. A vossa é fazer vinhos de alta qualidade” – esta é a mensagem de Thomas para os seus colaboradores.

Pessoa chave na equipa é Diogo Pereira, o responsável de enologia do grupo. Entrou em 2009 na Quinta da Folgorosa e já tem mais de 10 anos de aprendizagem sobre as suas condições, pois as diferenças entre as regiões são grandes. Antes trabalhou no Alentejo, onde os taninos são naturalmente mais maduros e redondos. Na região de Lisboa encontrou taninos mais reactivos e agressivos e no Tejo teve que aprender a lidar com taninos secos. À sua responsabilidade fica a definição de gamas das quintas todas e a abordagem geral de produção.

Quinta da Folgorosa – frescura atlântica

A Quinta da Folgorosa fica perto de Sobral de Monte Agraço no concelho de Torres Vedras. É uma propriedade muito antiga com morgadio desde 1711 e antes das guerras napoleónicas já tinha vinhas. A parte mais alta da vinha fica a uma altitude de cerca de 300 metros, as ondulações do terreno não são acentuadas. Algumas parcelas são vindimadas à mão, outras, onde as condições de terreno e a dimenção da vinha permitem, vindimam-se à máquina.

No meio da vinha fica um velho moinho que acaba por servir de miradouro natural e dar um traço pitoresco à propriedade. Também é retratado nos rótulos.

A idade dos vinhedos anda pelos 12 a 18 anos mas, ao contrário do habitual na região, as produções por hectare são muito baixas, apenas 2-3 toneladas, derivado da falta de investimento em anos anteriores. As vinhas estão quase decrépitas, situação que está a ser corrigida agora. Aliás, os primeiros investimentos foram feitos precisamente na vinha e na adega logo depois da aquisição. O investimento na promoção e na área comercial só se verifica a partir de agora.

A grande parte de vinhos era vendida a granel, prática com a qual Thomas acabou. E também baniu completamente a adição de açúcar e pasteurização mesmo nas gamas de entrada.” O vinho tem que ser honesto, ou não vale a pena fazê-lo”, diz. A partir da colheita 2021 os vinhos vão ser certificados como DOC Torres Vedras. Os sete vinhos do portefólio são apropriados para vegans, ou seja, na sua produção, não são utilizados produtos de origem animal.

A proximidade atlântica traz frescura necessária para fazer brancos com frescura e carácter. O Arinto representa 60% do encepamento, é a base dos lotes. Diogo prefere apanhar o Arinto com o máximo de 12,5% de álcool provável, “pois quando atinge mais de 13%, começa a transmitir aromas que lembram maçã raineta e laranja confitada”, refere.

O Moscatel foi plantado como tempero para integrar nos lotes. Em 2020 fizeram o primeiro monovarietal, ainda com o objectivo de lotear. Sobrou cerca de 1000 litros e era muito bom. Foi para barrica durante 3 meses e chegaram à conclusão que vale a pena dar protagonismo à casta na gama Quinta da Folgorosa.

Plantou-se mais Moscatel e Alvarinho. Sauvignon Blanc também tem uma expressão interessante e vão apostar num monovarietal dentro da gama Quinta da Folgorosa. O Fernão Pires é bom para fazer lotes aos quais confere volume, mas não representa uma grande aposta a solo.

Está previsto também ter dois monovarietais tintos: de Touriga Nacional e provavelmente de Castelão. Futuramente vai haver um espumante e talvez uma aguardente. Em tempos, a quinta esteve ligada à aguardente CR&F, o que é sempre bom augúrio…

Cortém – vinhos biológicos

 Esta pequena propriedade rústica com uma adega bastante artesanal, também fica na região de Lisboa, situada em Caldas da Rainha. Apenas o chão e o tecto da casa original foram alvos de renovação, mantendo o traço original e todo o encanto de uma pequena quinta.

A apenas 15 km da costa em linha recta, o clima apresenta forte influência atlântica, ainda mais pronunciada do que na Quinta da Folgorosa. A vinha, inicialmente com 6 hectares e mais 3 adquiridos mais tarde, é plantada em dois vales – vale de Cortém, mais húmido e vale dos Mosteiros, mais seco. Os nevoeiros aparecem sempre de manhã e mantêm-se até às 11-12 horas, e depois acumulam-se novamente a partir das 5-6 horas da tarde.

Os antigos proprietários, o casal Price, apostaram na viticultura orgânica, o que tem sido um enorme desafio nesta zona pela humidade e a carga de doenças. A produção é baixíssima, não ultrapassa 3-4 tn/ha e em anos mais chuvosos a colheita fica fortemente comprometida. De acordo com a filosofia anterior, os vinhos passavam 2 anos em depósitos e ainda mais 2 anos em garrafa.

Quinta Vale do Armo – a expressão do Tejo

 Mudámos para a região do Tejo. A Quinta Vale do Armo encontra-se perto da pequena vila de Sardoal no concelho de Santarém, conhecida como Vila Jardim por ter muitas plantas e flores na decoração das casas. O rio Tejo fica a 6 km a norte da quinta.

Começou em 2004 com apenas 9 ha e cresceu até mais de 90 ha. Tiago Alves, responsável pela viticultura, foi encarregado de adquirir vinhas na zona para aumentar a área de plantação. Na conservatória onde se registava a passagem dos direitos, já toda a gente o conhecia, depois do registo de 42 cadernetas!

A colecção de castas tintas inclui Touriga Nacional, Touriga Franca, Aragonez, Trincadeira (não muito boa), Syrah, Petit Verdot, Merlot, Cabernet Sauvignon, Alicante Bouschet e algumas vinhas velhas. Para brancos têm Alvarinho, Viosinho, Arinto, Verdelho e Sauvignon Blanc. As castas brancas são plantadas nas zonas mais baixas com um pouco mais de fertilidade do solo; as tintas nas zonas mais altas com alguma encosta. As geadas representam aqui um problema grande. Há anos que há “zero Verdelho ou Touriga Nacional”, conta Tiago Alves.

Tiago considera Aragonez e Syrah duas castas estruturais. Touriga Franca, na sua opinião, é a casta de futuro nesta mudança climática. Para amadurecer e quebrar o tanino seco precisa de calor e aguenta-o muito bem. Não sofreu nada no famoso escaldão de 2018, não dá problemas fitossanitários e potencia os lotes.

Os solos nesta zona são muito pobres, explica Tiago, é difícil produzir mais de 6 tn/ha. Noutro polo de vinhas que ocupa 65 ha conseguem produzir cerca de 9 tn/ha, o que está muito longe das produções médias do Tejo. Por ano, produzem cerca de 500 000 litros de vinho, dos quais 70 000 são de brancos.

Embora a zona se aproxime territorialmente à Beira Interior e ao Alentejo, Tiago aponta diferenças essenciais nas condições climatéricas. As temperaturas no Tejo e no Alentejo são semelhantes, facilmente chegam aos 40˚C com a diferença que no Alentejo esta temperatura é atingida muito mais cedo e dura mais horas durante o dia do que no Tejo.

Se na Quinta da Folgorosa não precisam de rega, aqui é inevitável. Os solos são franco-limosos e argilo-calcários, com uma boa drenagem, mas não retém água por muito tempo. Para a rega têm dois depósitos de água: um de 150 mil litros com a captação de um furo e outro de 300 mil litros com captação do rio Tejo.

A colheita de 2021 já foi vinificada pela nova equipa a 100% e com a filosofia e abordagem enológica do grupo. Provei alguns ensaios muito interessantes que ainda estão em cubas e em barricas. A próxima colheita promete! Embora cada quinta tenha a sua própria adega, as instalações da Quinta Vale do Armo irão tornar-se num hub logístico e de engarrafamento da Lindeborg Wines.

O próximo passo é solidificar e harmonizar a imagem dos vinhos feitos em cada quinta com identidade do grupo e redefinir os portfólios. Como diz Thomas, e bem, “Portugal transmite paixão e felicidade aos quais eu junto estrutura e foco para um futuro de sucesso.”

(Artigo publicado na edição de Maio 2022)

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Começa hoje e até Domingo – Trafaria com Prova

TRAFARIA COM PROVA

O Trafaria Com Prova está de regresso para três dias de degustação de vinhos e petiscos, provas de vinho comentadas, visitas guiadas e animação no passeio ribeirinho desta vila piscatória. De 8 a 10 de julho, venha conhecer duas dezenas de produtores de vinhos nacionais e os restaurantes e pastelarias que irão propor iguarias de […]

O Trafaria Com Prova está de regresso para três dias de degustação de vinhos e petiscos, provas de vinho comentadas, visitas guiadas e animação no passeio ribeirinho desta vila piscatória. De 8 a 10 de julho, venha conhecer duas dezenas de produtores de vinhos nacionais e os restaurantes e pastelarias que irão propor iguarias de sabor local. Além dos vinhos e petiscos, há ainda visitas guiadas ao núcleo histórico da Trafaria, nos dias 9 e 10, e animação para toda a família ao longo do fim de semana.

Trafaria com Prova

O acesso ao recinto é livre. Para quem vai de Lisboa, uma óptima opção será apanhar o barco da Transtejo que sai de Belém. Consulte horários aqui.

A degustação dos vinhos expostos é condicionada à compra do copo (5 €).

Para inscrições prévias nas provas comentadas envie um e-mail para: eventos@grandesescolhas.com

Local

Passeio ribeirinho da Trafaria

Horários

8 e 9 julho | 17h-22h

10 julho | 15h-20h

Programa

Sexta-feira – 8 de julho

17h | Abertura
17h | 19h – Banda d’Aldeia (animação de rua) “São cinco os Espantalhos que compõem a Banda da Aldeia. A Gaita de Foles, o Acordeão, O Saxofone e o Tambor são os instrumentos que vão animar miúdos e graúdos, com música alegre de raiz tradicional!  Há sempre um truque na manga, e a Banda da Aldeia surpreende o público com números de malabarismo e magia cómica!”
17h | 22h –  DJ com música ambiente
20h | Atuação da tuna masculina da FCT NOVA – ANTUNIA
22h | Encerramento do recinto

Sábado – 9 de julho

17h – Abertura
17h – Atuação do Coro Polifónico da Trafaria RDT
18h – Visita guiada ao Núcleo Histórico da Trafaria, organizado pelo Centro de Arqueologia de Almada. Ponto de encontro: Junto à Estação Fluvial (gratuito, sem marcação prévia)
17h | 22h –  DJ com música ambiente | Animação infantil (jogos tradicionais, pinturas faciais e modelagem de balões) | Animação de Rua

19h30 – Prova de vinhos comentada por crítico da Revista Grandes Escolhas – Vinhos Brancos – Terroir e Personalidade – no Auditório da Junta de Freguesia da Trafaria. Entrada livre mediante inscrição prévia no Balcão de Atendimento do evento ou através de email: eventos@grandesescolhas.com

20h – Atuação da tuna feminina da FCT NOVA – TunaMaria
22h –  Encerramento do recinto e início das Festas da Vila da Trafaria, no largo da Igreja

Domingo – 10 de julho

15h | Abertura
15h | 20h –  DJ com música ambiente | Animação infantil (jogos tradicionais, pinturas faciais e modelagem de balões) | Animação de Rua
17h – Visita guiada ao Núcleo Histórico da Trafaria, organizado pelo Centro de Arqueologia de Almada. Ponto de encontro: Junto à Estação Fluvial (gratuito, sem marcação prévia)

18h30 – Prova de vinhos comentada por crítico da Revista Grandes Escolhas – Vinhos Tintos – elegância e equilíbrio – no Auditório da Junta de Freguesia da Trafaria. Entrada livre mediante inscrição prévia no Balcão de Atendimento do evento ou através de email: eventos@grandesescolhas.com

19h – Atuação da tuna do Instituto Universitário Egas Moniz – Inspiritus
20h – Encerramento do evento

Alijó celebrou os vinhos e sabores dos “Altos”

Alijó Vinhos sabores

Pelo 3º ano, mas com dois de intervalo devido à pandemia, Alijó celebrou a especificidade dos vinhos do planalto de Alijó e Favaios. Desta vez no espaço agradável e mais fresco do Parque da Vila, 30 expositores de vinhos e um dezena de sabores regionais expuseram durante três dias os seus produtos aos milhares de […]

Pelo 3º ano, mas com dois de intervalo devido à pandemia, Alijó celebrou a especificidade dos vinhos do planalto de Alijó e Favaios. Desta vez no espaço agradável e mais fresco do Parque da Vila, 30 expositores de vinhos e um dezena de sabores regionais expuseram durante três dias os seus produtos aos milhares de visitantes que ali acorreram.

Numa organização do Município de Alijó e com produção da Grandes Escolhas, a Feira de Vinhos e Sabores dos Altos procura evidenciar e divulgar as características únicas dos vinhos produzidos nas zonas mais elevadas do Douro, plenos de elegância e frescura. Isso mesmo foi evidenciado durante as provas de vinhos comentadas pelos especialistas da Grandes Escolhas, Fernando Melo, Valéria Zeferino e Luis Antunes. Paralelamente decorreu um concurso de vinhos muito participado com mais de 60 vinhos em prova que foram avaliados por um painel qualificado de 14 jurados. Fazendo jus à qualidade evidenciada, o júri atribuiu 25 medalhas, entre Ouro, Prata, e Melhores Vinhos em cada uma das categorias consideradas: Brancos, tintos e vinhos fortificados.

Alijó Vinhos sabores
Preparação do Concurso no museu de Favaios.
Alijó vinhos sabores
Vencedores do concurso.

Os grandes vencedores foram Família Silva Branco 2019 na categoria vinhos brancos, da Branco Wines Family, Costureiro 2016, da Foz do Tua, nos vinhos tintos, e Fragulho Moscatel do Douro Reserva 2011, da Casa dos Lagares na categoria Vinhos Fortificados.

Portugal Vineyards – Vinhos de Portugal para o mundo

Portugal Vineyards

A Portugal Vineyards começou como loja online de vinhos portugueses na internet, para vender e entregar na casa dos consumidores de países da União Europeia. Sete anos depois de abrir portas, alargou a oferta a mais de nove mil referências e tem clientes em todos os continentes. A principal diferença: o serviço prestado a cada […]

A Portugal Vineyards começou como loja online de vinhos portugueses na internet, para vender e entregar na casa dos consumidores de países da União Europeia. Sete anos depois de abrir portas, alargou a oferta a mais de nove mil referências e tem clientes em todos os continentes. A principal diferença: o serviço prestado a cada um deles

Texto: José Miguel Dentinho

Fotos:  Portugal Vineyards

Quando se começa, é tudo ainda experimental. Ao longo do tempo vai-se evoluindo, procurando disponibilizar o melhor serviço possível, aquele que faz os clientes de uma empresa comercial repetirem as compras e contar a sua experiência aos conhecidos e amigos. “Mais do que vender vinho, é isso que faz os clientes procurarem-nos”, diz Miguel Almeida Diniz, proprietário e CEO da Portugal Vineyards.

Quando se mudou para o Porto, em 2013, já pensava em investir numa empresa comercial e de logística ligada ao sector de vinhos, projecto que imaginara e desenhara muitos anos antes, mas que não avançara ainda devido ao seu envolvimento noutros negócios. Em 2014 abriu a empresa. No ano seguinte já tinha um volume de negócios superior a 500 mil euros, valor que cresceu até aos cerca de 10 milhões de euros em 2021.

Segundo Miguel Almeida, são precisos muitos anos para lá chegar. Numa loja tem-se porta aberta para a rua e os passantes entram atraídos, por exemplo, pela forma como está decorada e por aquilo que está em exposição na montra. “Ao final de algum tempo, e se a experiência for boa, ganha-se reputação e as pessoas voltam ao local”, explica.

Já no negócio online é preciso comunicar que a empresa existe, o que faz, e as vantagens de quem opta por lá comprar, ou seja, “é necessário investir muito em marketing online, em todos os formatos, para ganhar reputação suficiente para que as pessoas comecem a procurar a loja”, diz o gestor. “É preciso ter paciência, saber esperar, porque não há certeza de que as vendas expludam apenas um par de anos depois de se abrir a empresa”, adianta. Isto significa que é preciso capacidade financeira e resiliência para abrir um negócio como este.

Serviço premium

 Claro que o serviço oferecido é essencial para garantir que os clientes se mantêm satisfeitos e voltem a comprar. Para o comércio online, isso significa que, depois de fazerem a encomenda, recebem o produto que pediram, com as características e qualidade anunciada no site, no período de tempo e no prazo acordado.

Para além de ter criado embalagens próprias para assegurar que o produto chega intacto aos destinos, a Portugal Vineyards usa os serviços de três transportadoras internacionais conceituadas no mercado, a UPS, a Fedex e a DHL, nas opções de transporte terrestre e aéreo. Mas é preciso que, antes, os clientes façam as suas encomendas.

Como é evidente, a experiência que as pessoas têm deve ser aliciante e o mais fácil possível. Por isso, Miguel Almeida Diniz procurou implementar as melhores práticas de venda online. Logo na primeira página existe uma montra de tudo o que está disponível para venda, de vinhos aos produtos gourmet. Há produtos novos, promoções, e por aí adiante e os vinhos podem ser pesquisados por tipo, produtor, região de origem, preço, produtos mais vendidos, recomendações, formatos especiais e em leilão.

Portugal VineyardsEuropa é mercado principal

 A Portugal Vineyards vende vinhos, cervejas, destilados e produtos gourmet nacionais para países onde consegue entregar mercadoria, porque os seus parceiros garantem a qualidade da entrega e não há constrangimentos à entrada de produtos. “Não faz sentido ter clientes em países como o Afeganistão, porque não consigo lá entrar”, explica Miguel Almeida Diniz. Conta que começou o seu negócio vendendo inicialmente a países da União Europeia, e foi avançando para outros depois de saber tudo o que era necessário para estar presente nesses mercados.

Actualmente, a União Europeia representa cerca de 60% das vendas em valor. Para além disso, a empresa vende sobretudo para o Reino Unido e Suíça, para além da Albânia, Israel, Noruega, Islândia. O resto da Europa totaliza cerca de 30% das suas vendas em valor. Hoje, também vende para países do continente americano, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia.

O mercado asiático é constituído essencialmente pela Coreia do Sul e Hong Kong, apesar de a empresa vender para outros destinos. Como a Portugal Vineyards não conseguiria gerir diretamente as redes sociais nesses países, devido à dificuldade em entender as suas línguas, contratou uma agência de comunicação quando iniciou a sua actividade na região, também “para contactar wine influencers, escanções que escrevem e fazem cursos e formações sobre vinhos, para fazerem o mesmo com os nossos”, explica Miguel Almeida. Acrescenta que, hoje, a empresa tem uma rede com este tipo de contactos em todos os mercados onde está presente.

A travessia do Brexit

 Às 23h00 do dia 31 de janeiro de 2020, o Reino Unido deixou de ser um Estado-Membro da União Europeia. Nesse momento entrou em vigor o Acordo de Saída, garantindo uma partida ordenada desse país da União Europeia, e iniciou-se um período transitório, que terminou no dia 31 de dezembro de 2020. Nos últimos meses do ano, a Portugal Vineyards estava a despachar, para o país, entre 10 e 15 paletes de Porta 6, um vinho da Vidigal Wines, por semana. “Chegavam a ser 120 garrafas por encomenda, numa altura em que os britânicos estavam a acumular vinhos antes do Brexit”, conta Miguel Almeida Diniz. Depois, no início de janeiro de 2021, a sua empresa cessou a sua atividade no país, para estudar as novas contingências do mercado. No final do mês reabriram de novo. “Nesse período registámo-nos nas Finanças do país, e tratámos de realizar todos os processos necessários para garantir que tudo o que era preciso ia nas facturas e restantes documentações das encomendas e evitar, assim, devoluções por não conformidades com a legislação do Reino Unido, diz o gestor.

Portugal VineyardsNa Ásia o negócio é diferente

 Quando a Portugal Vineyards entrou no mercado da Coreia do Sul, sabia que os seus cidadãos escolhiam as marcas que compravam pela forma como estas os inspiravam. Eram sobretudo tawnies velhos, de marcas históricas como a Graham’s e a Taylor’s. “As pessoas optavam por este tipo de produtos porque sentiam que lhes davam estatuto”, conta o administrador. A partir do trabalho feito com o apoio dos wine influencers, começaram por experimentar outros tipos de vinhos do Porto, vinhos Madeira e, agora, “já compram um pouco de tudo”. Segundo o gestor, este país, Hong Kong e restantes mercados asiáticos representam, hoje, cerca de 600 a 800 mil euros de facturação, mas este valor deverá aumentar ainda mais, dado que as vendas para estes mercados estão a crescer 50% ao ano.

E Portugal?

 A Portugal Vineyards não começou logo a sua actividade pelo seu país, porque teria de concorrer, entre outros, com as empresas da Distribuição Moderna, e as margens baixas que teria de praticar poderiam prejudicar o seu negócio. “Como iriámos ser entendidos, pelos portugueses, como mais caros que as grandes superfícies ou as garrafeiras físicas que também vendem online, pensámos que seriamos pouco interessantes para o mercado nacional, pelo menos numa fase inicial, quando não eramos conhecidos”, explica Miguel Almeida Diniz, defendendo que “tem de se ganhar dinheiro para se poder investir e crescer, vendendo muito com margens pequenas, ou pouco com margens maiores”. Por isso, lançou-se primeiro lá fora, dado que “os mercados externos estavam preparados para pagar o nosso preço porque, para além do produto, os seus consumidores querem ter, como parceiros, empresas de confiança que lhes entreguem os produtos com qualidade e a tempo e horas”, defende mais uma vez. Para além disso, os consumidores desses mercados não compram nas grandes superfícies.

Portugal Vineyards
A loja foi aberta antes da pandemia, para receber os clientes que vão buscar as suas encomendas às instalações.

Passados alguns anos, a Portugal Vineyards começou a ter procura por parte de estrangeiros que pretendiam vir cá. Muitos são clientes que fazem férias em Portugal. Hoje, o nosso país é um mercado que está a crescer.

Os investimentos em comunicação nos canais online, que a Portugal Vineyards está atualmente a fazer, deverão contribuir para a intensificação das vendas da empresa em território nacional. Mas essa evolução não será feita à conta da diminuição das margens, já que Miguel Almeida não pretende abdicar das que coloca nos vinhos, sempre as mesmas, independentemente dos mercados onde vende. “Apesar de sermos caros em relação a alguns vinhos mais correntes, provavelmente somos baratos noutros, porque não faço especulação”, diz, acrescentando, no entanto, que há algumas excepções, como a marca Barca Velha por exemplo, “porque as empresas pedem para não o fazer, já que não produzem mais do que um número restrito de garrafas em cada colheita”.

Oito anos após o início da actividade, que começou com a oferta de vinhos e se alargou para os destilados, cervejas e produtos gourmet, inclui, hoje, também leilões online de produtos raros e distintos, a Portugal Vineyards está já a preparar e irá lançar mais uma área de negócio até ao final do ano, que ainda está em segredo. A ver vamos.

Portugal Vineyards

Rosés ambiciosos, a não perder

rosés ambiciosos

Depois de dois anos de pandemia, o verão de 2022 poderá ser o mais redentor e prazeroso dos últimos tempos com um rosé ambicioso no copo.  A qualidade, traduzida em expressão de fruta, equilíbrio, frescura e, em vários casos, carácter regional, está toda lá. Portanto, deixe de lado os preconceitos e agarre um (ou vários) […]

Depois de dois anos de pandemia, o verão de 2022 poderá ser o mais redentor e prazeroso dos últimos tempos com um rosé ambicioso no copo.  A qualidade, traduzida em expressão de fruta, equilíbrio, frescura e, em vários casos, carácter regional, está toda lá. Portanto, deixe de lado os preconceitos e agarre um (ou vários) destes rosés. Verá que vai valer a pena.

 Texto: Nuno de Oliveira Garcia

Fotos: Ricardo Palma Veiga

Após anos a afirmar a qualidade crescente dos rosés nacionais, bem como o seu evidente e natural lugar à mesa lusitana e internacional, é tempo de atacar o tema por onde, porventura, é mais difícil: por si, o consumidor! Com efeito, já dissemos quase tudo noutros trabalhos sobre o tema. Falámos, então, dos clássicos lançados nos mercados mundiais a partir dos anos 40 do século passado, como Mateus Rosé (Sogrape), Gatão (Borges), Lancers (José Maria da Fonseca) ou Casal Mendes (Aliança), e das novas referências, com outro perfil qualitativo, como sejam Redoma (Niepoort) com mais de vinte anos no mercado, Colecção DSF (José Maria da Fonseca), MR Premium (Ravasqueira), Vinha Grande (Sogrape), Dona Maria (Júlio Bastos) e mais recentemente Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo (da propriedade duriense com o mesmo nome). Em todos eles destacámos a qualidade e coragem dos produtores em lançarem produtos com ambição, mesmo que num país onde o imaginário do que era um rosé se assemelhava a uma sangria de vinho tinto, com doçura evidente e gás carbónico adicionado. A verdade é, pois, esta: os rosés actuais em nada ficam a dever aos brancos e tintos, e vamos comprovar isso mesmo de seguida, desmistificando cada um dos dogmas que ainda subsistem.

rosés ambiciososDogma 1: o rosé é feito com menos cuidado

É importante dizer com veemência que, na adega, a vinificação de um vinho rosé não perde em complexidade, técnica e rigor, para os restantes tipos de vinho, bem pelo contrário. E na vinha, todos os cuidados também são poucos: na eleição da parcela em termos de exposição solar e altitude, por exemplo, das castas, do momento da vindima e controlo da maturação, sobretudo nos níveis de acidez e do álcool, pois ninguém quer um rosé mole e pesado. Este cuidado especial é tanto mais relevante quando justifica, muitas vezes, uma vindima mais precoce para rosés (o mesmo sucede para espumantes) do que para tintos e alguns brancos, o que, obviamente, torna o processo mais complexo e exigente. Voltando à adega, o rosé requer atenção e cuidado enológico particulares, sendo, inclusivamente, um dos tipos de vinho no qual as opções enológicas determinam de forma mais significativa o produto final, o que não significa, de todo em todo, que o seu processo de vinificação seja menos natural. Com efeito, atenção na adega é permanente: da definição do nível óptimo de extracção e prensa (de preferência apenas lágrima) que se pode perder com a mais pequena desatenção, até à temperatura de fermentação escolhida. O mesmo se diga para opção pela ‘bâtonnage’ (agitação das borras), podendo-se eleger uma menor influência de oxigénio ou, como sucede com alguns produtores, permitir até alguma oxidação que venha a ajudar a proteger o vinho para uma maior longevidade. Entre as várias outras opções, pode-se proceder à utilização de borras de vinho branco (com ou sem bâtonnage, contribuindo tanto com cremosidade como com acidez crocante para o produto final), existindo até casos em que se utiliza parte de mosto de tinto sangrado que se mistura com outra parte constituída por um rosé de bica aberta (levíssimo contato pelicular e fermentação realizada com uvas sem pele), ou então mosto de tinto sangrado que é prensado com as películas de vinho branco e depois fermentado (por exemplo numa barrica, com ou sem tampo). Por fim, é hoje muito comum que nos rosés de topo de gama se proceda à fermentação, em parte ou totalmente, em barrica (Quinta do Monte d’ Oiro, MR Premium, Redoma, Vallado Tinto Cão, Nélita, Olho de Mocho, Quinta da Biaia, entre tantos outros), e mais ainda habitual que, pelo menos, os vinhos passem por estágio em madeira. Como se vê, a diversidade de estilos é grande e em todos eles o resultado pode ser excelente, o que, tudo somado, desmistifica o preconceito da simplificação da elaboração de rosés.

Dogma 2: o rosé vem de castas menos nobres

Outra ideia muito presente é a de que o rosé é feito da mistura de vinho branco e tinto, o que não é o caso, e que são utilizados vinhos de lotes e/ou castas menos nobres ou com menor concentração. Nada podia, pelo menos nos rosés de ambição que provámos, estar mais errado! Em primeiro lugar, em quase todos os vinhos deste painel, a colheita da uva foi feita propositadamente para rosé, sendo apenas utilizadas as melhores uvas que cada produtor entendeu que seriam as indispensáveis para o tipo de rosé de excelência que pretendiam. Por outro lado, não existe qualquer discriminação de castas no que respeita ao seu valor de mercado ou qualidade, sendo disso bom exemplo o facto de parte significativa dos vinhos em prova serem exclusiva, ou parcialmente, produzidos a partir de Touriga Nacional (MR Premium, Vinha Grande, Monte da Raposinha, Síbio, Quinta da Pacheca, Manoella, Caminhos Cruzados, Casa Santa Eulália, entre outros) uma das mais afamadas e caras uvas do nosso país vitícola. O mesmo se passa com a casta Baga nos rosés da Bairrada, Moscatel Roxo na Península de Setúbal e Palmela, Alvarinho e Sousão nos Vinhos Verdes, e Tinto Cão no Douro (uma casta igualmente com procura e preço crescentes). Existem até castas estrangeiras, e algumas pouco habituais, que estão presentes em lotes ambiciosos, sendo o caso mais expressivo a uva borgonhesa Pinot Noir (Phenomena, Vicentino, Adega Mãe, Casa Ermelinda Freitas neste caso com loteado com Merlot), mas também Syrah (Quinta do Monte d’ Oiro, Herdade do Sobroso; Quinta do Paral), Cabernet Sauvignon (Quinta do Sobreiró) e até Sangiovese, a casta-rainha da Toscana (Herdade das Servas e Monte das Bagas). Destes todos, o fenómeno do Pinor Noir é, efectivamente, o mais paradigmático e exemplar pela enorme qualidade dos vinhos rosés apresentados, ainda que a sua utilização para tintos nacionais não tenha ainda conseguido trazer os resultados esperados. Quanto à escolha maioritária por castas como Touriga Nacional, Syrah ou Moscatel Roxo, essa explica-se pelos seus registos aromáticos mais evidentes, algo muito relevante quando a uva (como sucede com os rosés) é vindimada muito cedo, ou seja, ainda com pouca maturação fenólica. A opção pela uva Mourisco (Quinta da Biaia) revela a vontade de mostrar o lado delicado desta casta bem presente na Beira Interior, e o uso da variedade Tinto Cão (Quinta do Vallado) leva em consideração o facto da mesma, quando vindimada abaixo dos 13% álcool provável, proporcionar vinhos abertos de cor (acima dos 14% a cor é precisamente o inverso) e uma capacidade de proporcionar néctares com uma elegância e exotismo únicos. Na verdade, produzem-se excelentes rosés com recurso a várias castas, e praticamente em todo o território nacional, apesar de o terroir resultar menos marcado nos rosés precisamente pelo facto de as uvas serem colhidas muito cedo, muitas vezes sem a referida maturação fenólica estar completa (por isso também, as temperaturas altas e a perda de acidez típicas de parte do Douro e Alentejo não são um problema nos rosés).

Dogma 3: o rosé evolui mal e é inferior a um branco ou tinto

Outras duas ideias a abater… A primeira diz respeito à evolução em garrafa dos rosés, e nesse capítulo dúvidas não existem que, nos vinhos com qualidade e ambição, essa evolução ocorre sem grandes perturbações. Efectivamente, em prova tivemos alguns vinhos com 4 e 5 anos em garrafa (MR Premium e Nélita, respectivamente), e vários com 3 anos (Quinta do Monte de Ouro, Vicentino, Quinta das Cerejeiras, Adega de Borba) sem que em nenhum deles a evolução fosse outra que não positiva. Aliás, nenhum dos vinhos em prova (mais de 4 dezenas…) se revelou cansado, nem, de resto, apresentou defeito evidente. Acresce, que várias foram as garrafas que, uma vez abertas, permaneceram no frio e sem bomba de vácuo, sendo que a sua prova 24 horas depois se revelou igualmente prazerosa. O facto de estes vinhos serem vinificados em ambientes redutores (com pouco contacto de oxigénio) pode explicar essa circunstância, o mesmo se podendo dizer dos níveis elevados de acidez totais (quase sempre acima das registadas em tintos). A segunda ideia a reverter é que um rosé nunca pode ter o mesmo nível de um branco e tinto da mesma gama, no que respeita a complexidade. Pois bem, não vemos como um Redoma rosé ou um Vinha Grande rosé, e o mesmo poderíamos dizer do Olho de Mocho rosé ou Casa Santar rosé, seja menos interessante do que as correspondentes versões tintas, ou brancas. Mesmo ao nível da complexidade, reconhecendo que num rosé essa característica é mais difícil de alcançar para o produtor e para o consumidor, temos dificuldades em perfilhar a posição de que encontramos, necessariamente, mais sofisticação num tinto, ou num branco, do que num rosé. De resto, o recurso a fermentação e estágio em barrica permite mesmo uma aproximação dos estilos e de perfil qualitativo dos rosés aos seus irmãos brancos e tintos.

Dogma 4: os rosés são baratos e para beber no Verão

A visão do rosé como sendo um produto vínico fresco e acessível tem, obviamente, justificação. Foi esse o modelo dos rosés nacionais durante muitos anos, e a adopção de um perfil fácil a preço cordato explica também o seu enorme sucesso na exportação. Em muitos casos, sobretudo os nascidos na última década e meia, são rosés feitos de sangrias de vinhos tintos, afinados e engarrafados à medida das encomendas com altíssimas produções. Naturalmente, os vinhos que participaram nesta Grande Prova nada têm que ver com rosés massificados, sendo, ao invés, alguns deles verdadeiras preciosidades líquidas dos quais apenas estão disponíveis algumas centenas garrafas, ou pouco mais (Fogueira, Quinta do Monte d’Oiro, Paulo Coutinho Fusion, entre outros). Aliás, quanto a qualidade e preços, note-se que foram 14 (cerca de 1/3 dos vinhos em prova) os vinhos classificados com as notas 18 e 17,5, sendo que a média de preços destes vinhos anda acima de €25! Tal justifica-se, obviamente, pelos custos com os cuidados modernos na viticultura e na vinificação que atrás descrevemos. Mas também se justifica pelo actual posicionamento dos vinhos rosés no mercado, ou seja, pela existência de uma gama de rosés premium que há uma década nem se imaginava ser possível de vir a existir. Esta oferta e diversificação de rosés com ambição só é possível por existirem consumidores que os procuram, seja na restauração, seja nas garrafeiras mais selectas. A circunstância de Portugal ser um destino turístico, sobretudo nos meses mais quentes, em conjunto com uma crescente população estrangeira residente no nosso país, é outro factor relevante, tal como nos confidenciaram alguns proprietários de garrafeiras no Algarve e em Lisboa. Com efeito, muitos estrangeiros residentes em Portugal trouxeram dos seus países de origem o hábito de começarem uma refeição com vinhos que, sendo leves e frescos, têm grande qualidade, ao mesmo tempo que se revelam eficazes na hora de casarem com pratos condimentados (como são tradicionalmente os lusitanos), o que fez aumentar a procura de rosés elegantes e com personalidade. Naturalmente, um PVP mais elevado permite que os produtores invistam mais na hora de elaborarem um rosé, tanto mais quanto não faltam em Portugal enólogos talentosos e cada vez mais cientes das modas e exigências internacionais.

Conclusão

Aqui chegados a conclusão é óbvia. Portugal tem hoje dezenas de rosés a um nível muito alto que em nada ficam atrás do que melhor se faz nos restantes países produtores. Cabe ao consumidor eleger o(s) seu(s) estilo(s) preferido, saber se o prefere beber novo ou passados alguns anos, e se vai juntá-lo a uma refeição ou apenas servi-lo como aperitivo sofisticado. Quer isto dizer que o ónus está agora em si – o consumidor. Até porque o actual elevado nível de qualidade e diversidade de rosés nacionais só se poderá manter se os mesmos forem procurados e bebidos, e se forem consumidos com alguma regularidade. Estamos convencidos que haverá sempre lugar para alguns rosés de topo que serão procurados por este ou aquele nicho de consumidores. Mas para manter as dezenas de rosés com a ambição ao nível que os agora provados revelam é preciso mais; é necessário deixar para trás preconceitos sobre os vinhos rosés, embarcar na aventura de provar o que de melhor se faz em Portugal, e partir para a descoberta das múltiplas harmonizações possíveis com esta maravilhosa bebida rosada. Venha daí!

ROSÉS AMBICIOSOS

 

 

Editorial: A cor do vinho

Luís Lopes

Parecendo não lhe dar grande importância, a verdade é que o consumidor (e, por arrasto, o mercado) continua a olhar para a cor de um vinho (seja branco, rosé ou tinto) como um factor importante na avaliação da qualidade geral do produto. Mas será que é mesmo assim? Existem cores (ou intensidades de cor) certas […]

Parecendo não lhe dar grande importância, a verdade é que o consumidor (e, por arrasto, o mercado) continua a olhar para a cor de um vinho (seja branco, rosé ou tinto) como um factor importante na avaliação da qualidade geral do produto. Mas será que é mesmo assim? Existem cores (ou intensidades de cor) certas ou erradas?

Editorial da edição nº 62 (Junho 2022)

A cor, enquanto atributo qualitativo na avaliação de um vinho, não é uma coisa recente. Na cultura do vinho do Porto, por exemplo, a intensidade de cor foi, durante séculos, o primeiro indicador qualitativo na apreciação de um vinho, só depois vindo o aroma e sabor. Ainda hoje, muitos provadores ao olharem para um Porto Vintage condicionam desde logo a sua avaliação pela intensidade da cor. Tão importante era (ou é) este factor que se tornaram famosos os “concentrados” de baga de sabugueiro que alguns lavradores durienses tradicionalmente juntavam aos seus vinhos para lhes aumentar a cor e, consequentemente, o seu valor junto dos compradores de Gaia.

Mas a obsessão pela intensidade corante não se resumia ao negócio do Porto. Nos anos 60 e 70 do século XX, sobretudo, também os vinhos de mesa transacionados a granel por todo o país eram frequentemente “tintados” para aumentar o seu valor. Nem sempre foi assim, porém. No final do século XIX e durante a primeira metade do século seguinte, a forte influência da cultura francesa junto das elites nacionais, levou a que muitos agentes com responsabilidades no sector do vinho privilegiassem a delicadeza em detrimento da potência, colocando no lugar mais elevado do podium vinhos com pouca cor natural, como os tintos de Colares, do Dão ou de Lafões, os palhetes (mistura de uvas brancas e tintas) ou os sofisticados claretes, estes últimos o mais próximo que havia dos famosos tintos abertos que Bordéus sempre fez até ao advento da “parkerização” dos anos 80 e 90.

Demos um salto na história até aos dias de hoje. E o que encontramos? No que aos tintos respeita, podemos assumir que a importância conferida à cor varia em função do segmento de preço em que o vinho se insere. Os vinhos mais simples e baratos são oriundos de produções vitícolas com elevados rendimentos por hectare e, portanto, necessariamente menos concentrados e com menos cor. Mas o consumidor que paga €3 ou €4 por uma garrafa valoriza bastante a cor, que associa de imediato a vinhos mais ambiciosos. Portanto, um vinho de cor intensa nesse segmento de preço tem sucesso garantido, sobretudo se tiver também macieza e doçura, claro.

A cor continua a ser muito importante nos segmentos superiores, de €10, €20, €30 ou acima, mesmo que muitos consumidores não o admitam. Cor é concentração, concentração é qualidade, acredita-se. Porém, à medida que a escala de preço sobe, a importância da cor atenua-se. E começam a aparecer tendências vitícolas e enológicas que, embora orientadas para mercados de nicho ou super nicho, mostram desenvolvimento crescente e sustentado. Uma delas assenta na colheita mais precoce, fugindo assim das sobrematurações. Outra, actualmente com bastantes seguidores junto dos produtores de topo, aposta na menor e mais suave extracção das componentes corantes e fenólicas das uvas, fazendo, por exemplo, menos remontagens nas cubas (em alguns casos mais extremados, abandonando-as por completo) e macerações menos prolongadas.

Outra ainda, cada vez mais notória, passa pela reabilitação de castas antigas e abandonadas por, entre outros motivos, terem “falta de cor”. É o caso de variedades como, por exemplo, Bastardo, Rufete, Alvarelhão, Tinta Carvalha, Tinta Francisca, Moreto e até, em certa medida e dependendo da origem, Jaen e Castelão. Junte-se a isto a recuperação de métodos de vinificação ancestrais (como a talha de barro) e percebe-se que a intensidade de cor, nos vinhos tintos, não é hoje motivo de preocupação junto de enólogos/produtores, em particular nas gamas mais altas da pirâmide de marcas.

Já no que aos brancos respeita, a conversa é outra. Seja qual for o segmento de preço, os brancos com mais cor do que o “socialmente aceitável” estão votados ao ostracismo. Isso significa que o vinho branco de cor mais intensa, a rondar o limão maduro, é imediatamente percepcionado pelo consumidor como estando demasiado evoluído, cansado, oxidado, fora de prazo. É uma preocupação adicional para os enólogos, sobretudo os que trabalham em regiões mais quentes ou com castas brancas que, naturalmente, retiram mais cor da película na prensagem. Muitos são obrigados, apenas por causa da cor “incorrecta”, a utilizar produtos enológicos descorantes, aí sim, com efeitos colaterais negativos na estrutura do vinho.

Mas também nos vinhos brancos há, felizmente, lugar aos super-nichos. É o caso dos brancos de curtimenta, fermentados total ou parcialmente com as películas e que acabam por ficar com a tal cor de limão maduro. E estes vinhos podem mesmo ser objecto de uma abordagem mais extremada através de oxidação controlada para produzir os conhecidos “orange wines”, bem alaranjados. Portanto, enquanto o mundo dos tintos aceita, progressivamente, diferentes gradações de cor, o mundo dos brancos é altamente polarizado: a quase totalidade dos consumidores quer vinhos com muito pouca cor e uma minúscula aldeia de irredutíveis rebeldes paga o que for preciso por um vinho laranja.

Ainda mais estranho, inexplicável mesmo à luz de tudo o que é racional, é o que se passa com os rosés. Há 10 ou 15 anos, havia dois tipos de rosés: os rosés de bica aberta, com muito pouco contacto pelicular, e de cor mais aberta, em diferentes gradações de rosa; e os rosés obtidos a partir de sangria de cubas de tintos, com cores de cereja, quase a rondar o palhete.

A dada altura, a “onda Provence” foi subindo de sul para norte, a partir do Algarve, com a pressão dos turistas estrangeiros, primeiro, e dos consumidores nacionais, depois, a exigir a cor que caracteriza os vinhos rosados daquela região francesa. Primeiro, foram apenas os rosés de topo, mais caros e ambiciosos, a adoptar a cor Provence, bem mais exigente em termos de colheita e prensagem das uvas. Mas rapidamente quase todos os outros produtores, mesmo para os rosés mais simples e baratos, foram obrigados a seguir o modelo. Frequentemente, é preciso descorar o vinho para afinar a cor. E, por vezes, o zelo é tanto que o vinho se confunde com água. Também aqui, porém, existem excepções. A mais notável é, sem sombra de dúvida, a do icónico Mateus. O rosé mais famoso do mundo não vai em ondas e mantém a cor, hoje “fora de moda”, que sempre o caracterizou. E, ao que parece, o mercado não queixa, com as vendas a continuarem em alta. Também, aqui e ali, começam a aparecer produtores a fazer rosés caros e corados. Talvez tenham chegado à conclusão de que, se a cor Provence deixou de ser distintiva, uma vez que todos a seguem, então mais vale destacar-se pela diferença voltando às cores de antigamente.

A grande, incontornável verdade, é que cor nada tem a ver com qualidade. Está tão dependente da origem do vinho, das variedades de uva, dos métodos de produção, do perfil do enólogo ou produtor, que procurar uma relação entre a cor e a excelência de um vinho é tarefa fútil e insensata. A cor pode dar-nos sinais, isso sim, sugerir-nos maior ou menor concentração, maior ou menor evolução, climas mais quentes ou mais frios, castas mais ou menos coradas. Mas um tinto de Rufete não é inferior a um outro de Alicante Bouschet apenas por ter menos cor.

O vinho tem tantas cores quanto aromas e sabores. E desde que nos dê prazer a beber, não existem cores certas e cores erradas.

Alijó Vinhos e Sabores dos Altos de 17 a 19 de Junho

Alijó Vinhos Altos

Em 2022, o Município de Alijó regressa aos grandes eventos de promoção do território com a Feira Vinhos e Sabores dos Altos, que se realiza de 17 a 19 de junho, no Parque da Vila de Alijó. A designação “vinhos dos Altos” diz respeito aos vinhos produzidos em cotas mais altas, nomeadamente no planalto do concelho […]

Em 2022, o Município de Alijó regressa aos grandes eventos de promoção do território com a Feira Vinhos e Sabores dos Altos, que se realiza de 17 a 19 de junho, no Parque da Vila de Alijó.
A designação “vinhos dos Altos” diz respeito aos vinhos produzidos em cotas mais altas, nomeadamente no planalto do concelho de Alijó. É uma zona onde é possível produzir vinhos mais frescos e aromáticos, de muita qualidade, entre 500 e 700 metros de altitude.
A Feira dos Vinhos e Sabores dos Altos associa a promoção dos vinhos à gastronomia, harmonizando provas de vinho comentadas por especialistas com demonstrações gastronómicas. Conta ainda com a presença de expositores de gastronomia e produtos locais, nomeadamente pão, azeite, fumeiro, queijos, amêndoa, entre outros.
Um evento com provas de vinho comentadas, showcooking de produtos locais, Concurso Escolha de Imprensa Vinhos dos Altos, concertos dos 4 e meia, Carolina Deslandes, FF, DJ Rita Mendes e muita animação.
alijó vinhos altos
Programa da Feira:

SEXTA-FEIRA 17

17h00 – Abertura do Evento

17h30 – Inauguração Oficial

18h00 – Prova Comentada “Grandes Vinhos Brancos dos Altos”

19h00 – Showcooking: Tapas e Petiscos com um Copo de Vinho

22h00 – Concerto “Os Quatro e Meia”

00h30 – DJ Pantaleão

 SÁBADO 18

09h00 – Concurso Escolha de Imprensa Vinhos dos Altos 2022
(Museu de Favaios)

10h00 – Demonstração de Equipamentos de Viticultura
(Quinta Da Granja)

17h00 – Abertura da Feira

18h00 – Entrega de Prémios Escolha de Imprensa Vinhos dos Altos 2022

18h30 – Prova Comentada “Grandes Vinhos Tintos dos Altos”

19h00 – Showcooking: Pratos Regionais

22h00 – Concerto Carolina Deslandes

00H30 – DJ Rita Mendes

 DOMINGO 19

16h00 – Abertura da Feira
– Animação Cultural

18h00 – Prova Comentada Moscatel

19h00 – Showcooking: Cocktails com Moscatel

21h30 – FF com Banda Filarmónica de São Mamede de Ribatua

23h00 – Arraial de Encerramento

Confraria do Periquita reuniu-se para o XXIV Capítulo

Confraria Periquita

A Confraria do Periquita, reuniu-se no passado dia 31 de maio, em Azeitão, para a realização do XXIV Capítulo. Com mais de 100 pessoas reunidas na Casa Museu José Maria da Fonseca, a Confraria da marca de vinho de mesa mais antiga em Portugal entronizou 19 novos Confrades e Confreiras de várias nacionalidades.  Além de […]

A Confraria do Periquita, reuniu-se no passado dia 31 de maio, em Azeitão, para a realização do XXIV Capítulo. Com mais de 100 pessoas reunidas na Casa Museu José Maria da Fonseca, a Confraria da marca de vinho de mesa mais antiga em Portugal entronizou 19 novos Confrades e Confreiras de várias nacionalidades.

 Além de portugueses, esta edição contou com Confrades e Confreiras oriundos do Brasil, Noruega, Suécia, EUA e Luxemburgo. Com o Primeiro Capítulo realizado a 31 de Maio de 1993, a Confraria do Periquita reúne-se actualmente em anos pares para “promover o Prestígio e a Tradição do Vinho do mesmo nome, divulgar as suas características singulares de Aromas e Sabores e proporcionar Momentos de Glória a todos os seus apreciadores”.

A Adega dos Teares Novos, na Casa Museu José Maria da Fonseca, foi palco de mais um jantar  que terminou com um concerto do músico Francisco Rebelo de Andrade. A Confraria conta com mais de 240 membros já entronizados, incluindo o ex-Presidente da República Jorge Sampaio, Ana Maria Braga, Fafá de Belém, Ricardo Pereira, os chefs Leonel Pereira, Rui Paula, Marlene Vieira e Hélder Chagas.