12º Festival do Vinho do Douro Superior: 23, 24 e 25 de Maio

O programa da 12ª edição do evento inclui, para além do reconhecido Concurso de Vinhos do Douro Superior, provas comentadas de vinhos e azeites, um colóquio e mostras de produtos regionais do Douro, Trás os Montes e Beira Interior. A abertura do Festival do Vinho do Douro Superior está marcada para as 17:00 horas do […]

O programa da 12ª edição do evento inclui, para além do reconhecido Concurso de Vinhos do Douro Superior, provas comentadas de vinhos e azeites, um colóquio e mostras de produtos regionais do Douro, Trás os Montes e Beira Interior.

A abertura do Festival do Vinho do Douro Superior está marcada para as 17:00 horas do dia 23 de Maio, sexta-feira, sendo a abertura oficial com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Foz Côa, João Paulo Sousa às 18:00h.  Neste primeiro dia, os visitantes poderão assistir à prova comentada dos “Grandes tintos do Douro Superior”, por Valéria Zeferino, crítica da revista Grandes Escolhas, e ainda ao espetáculo David Antunes e The Midnight Band (22h00).

No sábado, dia 24, o destaque vai para o Concurso de Vinhos do Douro Superior, que reúne, durante a manhã, especialistas e outros profissionais reconhecidos, incluindo importadores dos Paises Baixos e Alemanha. Este é um concurso que se tem revelado importante para a afirmação dos vinhos da região, com a participação  de grandes, médios e, sobretudo, pequenos produtores.

Em simultâneo ao concurso de vinhos, no dia 24, às 10:00 horas, decorrerá um Colóquio dirigido aos produtores da região e outros interessados com o tema “A hora dos vinhos brancos: o potencial do Douro Superior e as repostas na vinha e na adega”. Participam com intervenções e com a prova de alguns dos seus vinhos os enólogos Alvaro Van Zeller, Duarte da Costa, João Perry Vidal, Luciano Madureira e Mateus Nicolau de Almeida

No sábado dia 24, a feira abre portas para a população em geral pelas 15h00, estando reservadas, para este dia, duas provas comentadas, uma de “Azeites do Douro Superior e Trás-os-Montes”, por Francisco Pavão, Presidente da Associação dos Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro (APPITAD), e outra dedicada aos “Grandes brancos do Douro Superior”, pelo crítico Luis Antunes da Grandes Escolhas. Matias Damásioe e Mickael Carreira fecham a noite, com um concerto às 22h00.

No último dia do evento será possível assistir ao anúncio dos resultados do Concurso de Vinhos do Douro Superior e à última prova comentada, desta vez sobre “Vinho do Porto”, por Luís Antunes. A complementar o programa de atividades, os visitantes do festival poderão provar e comprar os diversos vinhos e produtos locais na zona dos expositores, onde também se encontram tasquinhas com diferentes opções gastronómicas.

O Festival do Vinho do Douro Superior é organizado pela Câmara Municipal de Foz Côa e pela revista Grandes Escolhas, com o objectivo apoiar os produtores e mostrar o trabalho desenvolvido na região.

Editorial Maio: Hard Times

Editorial

Editorial da edição nrº 97 (Maio de 2025) Um amigo enviou-me cópia de um artigo publicado na revista Time, a 14 de abril último. O título diz praticamente tudo: “Como relaxar e espairecer sem beber álcool”. O artigo assenta na premissa de que a bebida alcoólica é o meio mais utilizado para libertar a mente […]

Editorial da edição nrº 97 (Maio de 2025)

Um amigo enviou-me cópia de um artigo publicado na revista Time, a 14 de abril último. O título diz praticamente tudo: “Como relaxar e espairecer sem beber álcool”. O artigo assenta na premissa de que a bebida alcoólica é o meio mais utilizado para libertar a mente e a tensão após um dia difícil no trabalho. Antes de retorquirmos que isto é coisa de americano e de bebidas espirituosas, pensemos melhor. Mesmo para quem não conhece intimamente a sociedade norte-americana, sobretudo a mais urbana, basta ver um filme ou ler um livro para perceber que o vinho é, naquele e noutros países, (alguns do norte da Europa, por exemplo), mais utilizado neste contexto de “relaxante”, do que como complemento de uma refeição.

“Historicamente assim tem sido”, diz o artigo assinado por Angela Haupt, “mas a maré está a mudar”. Um dos pontos de viragem foi o relatório do Surgeon General (o Director Geral de Saúde lá do sítio), de janeiro passado, afirmando que mesmo pequenas quantidades de álcool podem causar cancro. A peça da Time refere uma recente sondagem que indica que metade dos americanos está a cortar no consumo de álcool, mais 44% do que em 2023.

Contextualizado o “problema”, surge a pergunta: “O que é que podemos fazer para relaxar e espairecer sem beber álcool? Há uma maneira mais saudável de libertar a mente?” Os psicólogos e académicos consultados concordam que é difícil – “pegar num copo de vinho é tão mais fácil do que fazer caminhada ou ir a uma aula de yoga”, diz um – mas que depois de encontrada a “alternativa saudável” – recuperar hobbies antigos, ginásio, meditação, spa, escolher amigos que “não nos pressionam a beber”, são algumas das apontadas – “há um enorme sentimento de libertação”.

Colocar o vinho ao nível das chamadas “drogas recreativas” é algo tremendamente estranho para um consumidor português, espanhol, francês ou italiano. Para o apreciador, o vinho não é um meio para atingir um fim, seja o relaxamento ou, no limite, o oblívio. Nós bebemos vinho porque seus aromas e sabores nos dão prazer. Apreciamos vinho porque nele descobrimos incontáveis nuances e uma complexidade sensorial semelhante à que obtemos ao admirar uma obra de arte ou uma paisagem natural. E não apenas gostamos de o beber, como também de aprender e falar sobre ele, uma forma de enriquecimento cultural. Acontece que o chamado “americano médio” não compreende isto. Nem o compreendem muitos europeus, sobretudo das gerações mais jovens.

O relatório do OIV (o regulador internacional da vinha e do vinho, reunindo 51 países), apresentado no passado dia 16 de abril, mostra o efeito da crescente cruzada contra o álcool e o vinho. Deixo alguns dados relevantes: em 2024 o consumo global de vinho manteve tendência de descida, caindo 3,3% face a 2023 (total de 214 milhões de hectolitros), o valor mais baixo desde 1961; nos Estados Unidos, o maior mercado, o consumo baixou 5,8%; na base do decréscimo geral estarão “factores económicos e geopolíticos que geram inflação e incerteza” (ou seja, o vinho está mais caro – e ainda não chegaram as tarifas de Trump!); também mercados tradicionais caíram “devido à evolução das preferências de estilo de vida, mudanças de hábitos sociais e mudanças geracionais no comportamento do consumidor”. Há boas notícias? Talvez duas: vários países combinam “forte consumo global e muito grande população, oferecendo enorme margem de crescimento”; e, na Europa, Espanha (+1,2%) e Portugal (+0,5%) contrariaram a tendência de queda (haja turismo!). A estes juntaria um outro aspecto positivo, não mencionado no relatório: a comprovada resiliência do sector do vinho europeu, em geral, e português em particular. Vai ser decisiva nos tempos que se avizinham. L.L.

 

Cas’Amaro: Perfumes do Alentejo

Cas’Amaro

O lançamento dos tintos da Cas’Amaro do Alentejo, com a marca Implante, decorreu no Casal da Vinha Grande, em Alenquer, a primeira propriedade que Paulo Amaro, o fundador desta casa, empresário com negócios na área do imobiliário e da distribuição de instrumentos médicos e hospitalares, adquiriu. Nesse dia foram apresentados, à imprensa, o Implante Tinto […]

O lançamento dos tintos da Cas’Amaro do Alentejo, com a marca Implante, decorreu no Casal da Vinha Grande, em Alenquer, a primeira propriedade que Paulo Amaro, o fundador desta casa, empresário com negócios na área do imobiliário e da distribuição de instrumentos médicos e hospitalares, adquiriu. Nesse dia foram apresentados, à imprensa, o Implante Tinto de 2023, um monovarietal de Tinta Caiada e o Implante Tinto de 2022, um vinho produzido com uvas das castas Aragonês, Castelão e Trincadeira, todas plantadas na Herdade do Monte do Castelête, no Alentejo, a segunda propriedade que Paulo Amaro adquiriu, após ter decidido investir no sector vitivinícola. Com 70 hectares, dos quais 48 de montado e 22 de vinha com mais de 30 anos, fica perto de Estremoz e tem um monte que a empresa está a transformar numa unidade de enoturismo com alojamento, que deverá estar pronta no final deste ano.

 

 

Aposta no enoturismo

O projecto Cas’Amaro começou a ser construído há nove anos, com a aquisição do Casal da Vinha Grande. Depois foram compradas mais quatro propriedades em outras tantas regiões vitivinícolas portuguesas: Alentejo, Dão, Vinhos Verdes e Douro. “Uma das condicionantes por detrás destas aquisições foi as propriedades terem, para além de vinha, edifícios atractivos com potencialidade para serem reconvertidos em unidades de enoturismo explicou Rui Costa, director geral da Cas’Amaro, durante o evento. Foi essa a filosofia base seguida na aquisição da herdade alentejana, da Quinta da Fontalta, no concelho de Santa Comba Dão, que inclui um solar e 16 hectares de vinha, e também na propriedade da Região dos Vinhos Verdes, com 40 hectares, que integra um solar antigo. No Douro, a Cas’Amaro adquiriu as Quintas de S. João e S. Joaquim, com 18 hectares de vinha e socalcos virados uma para a outra. Apesar de uma das propriedades possuir uma adega, não tinha condições para se vinificar. Por isso, os primeiros vinhos do Douro e Porto produzidos nesta região foram vinificados em Cheleiros. Mas já está a ser pensada a construção de uma adega em Armamar.

Perfil definido

Até hoje, apenas está terminado o projecto de enoturismo da empresa na região de Lisboa, que inclui um restaurante e a unidade de alojamento em Alenquer, com três quartos. E como a empresa só tem adega na região de Lisboa, vinifica em instalações de parceiros nas outras. No Dão, na Adega das Boas Quintas, de Nuno Cancela de Abreu; no Alentejo, na Adega do Monte Branco, de Luís Louro; no Douro, na Adega Dona Matilde, com o apoio do seu enólogo, João Pissarra e, na Região dos Vinhos Verdes, na AB Valley Wines, de António Sousa. “São as mais próximas das nossas vinhas e são geridas por pessoas com quem nos conseguimos identificar, com as quais criámos métodos de trabalho”, explicou o gestor, salientando que, assim, é possível Ricardo Santos, o director de enologia, acompanhar de forma mais próxima de todo o processo, o que é essencial para se produzir, todos os anos, o perfil de vinho definido pela sua equipa para cada região.

(Artigo publicado na edição de Março de 2025)

A Torre de Anselmo

Anselmo Mendes

Anselmo Mendes trabalha a casta há mais de 30 anos, estudando os diferentes solos, exposições e técnicas de vinificação, projetando, como ninguém e de forma pioneira, os vinhos monovarietais de Alvarinho, da sub-região de Monção e Melgaço, quer nacional quer internacionalmente. Consultor de enologia, enveredou pela produção própria em 1997, com a compra de uma […]

Anselmo Mendes trabalha a casta há mais de 30 anos, estudando os diferentes solos, exposições e técnicas de vinificação, projetando, como ninguém e de forma pioneira, os vinhos monovarietais de Alvarinho, da sub-região de Monção e Melgaço, quer nacional quer internacionalmente. Consultor de enologia, enveredou pela produção própria em 1997, com a compra de uma quinta. “Comprei uma pequena quinta em Melgaço, toda em patamares, e comecei a fazer vinho de garagem”, conta.

Um ano depois lança o icónico Muros de Melgaço, fermentado em barrica, uma novidade na região, com uma garrafa troncocónica que o identifica imediatamente. Seguiram-se as experiências com curtimenta, “outra heresia, fermentar um branco como se fosse um tinto”, refere, ou a maceração pelicular – deixar em contacto com película da uva sem deixar que fermente. O seu crescimento enquanto produtor coincidiu com o da notoriedade da sub-região. Monção e Melgaço é diferente das outras sub-regiões do Vinho Verde porque está protegida por montanhas, o que cria uma barreira ao Atlântico e lhe dá uma certa continentalidade climática. A casta Alvarinho sente-se ali em casa. Com a disponibilidade da vinha da Quinta da Torre, o portefólio Anselmo Mendes foi também aumentando e, hoje, há vários vinhos num patamar de preço médio-alto, referências como Expressões, Parcela Única, Tempo ou Private que evidenciam o melhor que esta variedade é capaz de oferecer.

Nos últimos 15 anos, o enólogo dedicou-se a estudar a diversidade de solos desta quinta. tendo identificado oito parcelas associadas a esses diferentes tipos de solo.

 

A LIGAÇÃO À TERRA

Anselmo Mendes é um homem da terra, dos solos, e hoje explora vários hectares de vinha em duas sub-regiões dos Vinhos Verdes – Monção e Melgaço e Lima. Em Melgaço, onde tudo começou, situa-se a adega. Mas é na Quinta da Torre, em Monção, que se encontram localizados 50 hectares de vinha da casta Alvarinho, a maior área contínua da região (e de Portugal). Não muito distante da Torre localiza-se Rabo de Cuco, com sete hectares de uvas tintas, castas antigas como o Alvarelhão (5ha), Pedral (1ha) e Verdelho-Feijão (1ha), que terão estado na origem dos primeiros vinhos portugueses exportados para Inglaterra, que Anselmo pretende resgatar. “Estas castas tintas dão vinhos claretes muito finos, elegantíssimos. É um tributo ao passado glorioso dos tintos”.

Na propriedade do vale do Lima, a Loureiro tem grande preponderância e representa 55 hectares, sendo os restantes 15 ha da casta Alvarinho. “Esta é a sub-região com maior influência atlântica de toda a região dos Vinhos Verdes, na qual a casta Loureiro se exprime de forma única. É também uma casta fascinante, capaz de produzir brancos de eleição”, refere o enólogo. Fortemente ligado à região e à terra, Anselmo dá grande importância ao estudo dos solos e suas texturas: “neste momento utilizamos o método de condutividade elétrica para estudarmos os solos. Identificamos oito texturas diferentes de solo na Quinta da Torre e este método permite-nos obter mais dados, mais rapidamente, tirando assim melhor partido do terroir” explica. Ao seu lado e na gestão da empresa desde sempre, está a esposa, Fernanda Grilo, a que se junta o filho Tiago Mendes. Anselmo sempre foi alguém que gosta de ensinar, transmitir conhecimento e dar liberdade a quem trabalha consigo, pelo que conta na enologia com a colaboração de duas jovens e promissoras enólogas Ângela Silva e Joana Moutinho. Inovação continua a ser o caminho – sempre.

Anselmo Mendes

Ao seu lado e na gestão da empresa desde sempre, está a esposa, Fernanda Grilo, a que se junta o filho Tiago Mendes.

 

QUINTA COM HISTÓRIA

A Quinta da Torre, localizada em Monção, conta uma história de seis séculos, por onde passaram várias famílias nobres com ligações reais, cujos registos atestam a presença de vinhas na propriedade. Após várias sucessões na família, a partir dos séculos XVII e XVIII, a casa intensificou a produção de vinho, cultivo do milho, do linho e do azeite. Em 2008, Anselmo Mendes começa por tratar os 12 hectares de vinhas desta quinta algo abandonada pelos proprietários da altura e, de imediato, apaixona-se, reconvertendo-a em seguida, e plantando mais 30 hectares de vinha ao longo dos anos seguintes. É só em 2016, porém, que concretiza a sua aquisição, para a renovar depois profundamente, mantendo os seus traços históricos e distintivos.

O enoturismo está a funcionar em pleno, e quem quiser ficar a conhecer melhor este espaço rodeado de espigueiros, camélias, oliveiras milenares e uma paisagem de cortar a respiração, poderá pernoitar numa das cinco suites disponibilizadas para o efeito. Com um total de 50 hectares de vinha da casta Alvarinho, com o rio Gadanha, afluente do rio Minho, a passar na quinta e uma grande diversidade e riqueza de solos, é o berço dos grandes vinhos da casta Alvarinho de Anselmo Mendes. As vinhas estão entre os 50 e os 100 metros de altitude e os solos, de origem granítica e de texturas de aluvião e terraços fluviais, têm provas dadas, ao longo dos anos, pois exprimem a finura e elegância da casta Alvarinho.
Nos últimos 15 anos, o enólogo dedicou-se a estudar a diversidade de solos desta quinta. tendo identificado oito parcelas associadas a esses diferentes tipos de solo. O seu “centro de experiências”, com oito cubas, uma por cada parcela, e duas barricas por parcela, permite-lhe estudar as expressões diferentes da casta. “O conhecimento de cada parcela é importantíssimo.

A triagem e escolha dos melhores cachos deve ser feita na vinha. Tudo conjugado, resultará num vinho de elevada qualidade”, defende.
Apenas a título de curiosidade, o vinho Parcela Única resulta exclusivamente da vinha do Paço. O vinho A Torre é, no fundo, o resultado do melhor de cada parcela da Quinta da Torre, com predominância das parcelas Olival, Paço, Torre e Rainha. Um vinho que apenas sairá para o mercado em anos considerados excecionais, como foi 2019. O Crème de la crème! Hoje, a Quinta da Torre é um símbolo na história de Monção, pelo seu passado e seu terroir de excelência. Aqui nasce o vinho A Torre, que presta homenagem à memória secular deste lugar e ao apaixonado e visionário que não a deixou perder-se no tempo.

Nota: O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

(Artigo publicado na edição de Março de 2025)

Real Companhia Velha: Real de inspiração asiática

Real Companhia Velha

A apresentação destes vinhos esteve a cargo de Pedro Silva Reis (filho) e do enólogo Jorge Moreira. A ideia era provar especialidades, algumas delas com castas estrangeiras. O tema, hoje mais pacífico do que já foi, foi abordado por Silva Reis, que relembrou alguns factos históricos. Até 1960, a Real Companhia Velha não tinha um […]

A apresentação destes vinhos esteve a cargo de Pedro Silva Reis (filho) e do enólogo Jorge Moreira. A ideia era provar especialidades, algumas delas com castas estrangeiras. O tema, hoje mais pacífico do que já foi, foi abordado por Silva Reis, que relembrou alguns factos históricos. Até 1960, a Real Companhia Velha não tinha um pé de vinha e as melhores uvas iram sempre para Vinho do Porto. Foi com a chegada de Jerry Luper, enólogo americano com quem Jorge Moreira começou a trabalhar, que se fizeram as primeiras plantações de castas francesas, sempre naquele balanço de dúvida entre porquê? e porque não? Luper defendia que também seria possível fazer grandes vinhos tranquilos, além do Vinho do Porto, e Silva Reis sente-se à vontade no assunto porque, recordou, “ninguém tem feito mais do que a Real Companhia Velha para a recuperação e valorização das antigas castas do Douro e ignorar estas castas de fora também poderia ser um absurdo”.

Com 30 anos de experiência no Douro, hoje já se sabe onde estão as melhores vinhas em função da exposição e altitude, onde cada casta dá melhores resultados, onde se podem fazer vinhos mais leves e que vão ao encontro das tendências da moda, e onde estão as melhores parcelas para Porto. Agora é não estragar e não inventar onde não é preciso.

Real Companhia Velha

Tensão e austeridade

Os espumantes apresentados incluíram uma estreia, o Blanc de Blancs de 2019, um vinho que teve três anos de estágio antes do dégorgement. O facto de ser Chardonnay, dizem-nos, permite fazer um vinho com oito gramas de acidez e um pH de 3.1, “algo muito difícil, se estivéssemos a falar de Gouveio”, referiu o enólogo. O Grande Reserva, sendo de 2014, incluiu, na cuvée, vinhos de reserva, de 2011 e 2012. A base são vinhas velhas e faz-se uma vindima precoce para espumante, conseguindo-se, assim, mostos de menor graduação e acidez mais elevada, mas com boa tensão e austeridade (de inspiração Krug, confessaram…), algo que a madeira também ajudou.

O Marquis branco é feito com Sauvignon Blanc, variedade plantada em 1993 que, segundo Jorge Moreira, requer solos azotados. Isso obriga a um mapeamento da vinha, linha a linha, e só as melhores são vindimadas para este vinho. Ano após ano têm sido sempre as mesmas as usadas. O vinho estagiou por oito meses em barricas usadas e teve anteriores edições em 2014 e 2018. O Cabernet Sauvignon que entra no tinto foi plantado pela primeira vez em 1993. Esta marca é a sucessora da Grantom, essa sim uma marca muito antiga na casa. Esta nova versão, em ligação com a Touriga Nacional, teve a primeira edição em 2001. Anteriormente existia um Marquis de Soveral tinto, que fazia parte do portefólio da Real Vinícola.

O Grandjó Late Harvest é um vinho branco cuja produção, apesar da boa vontade e investimento da empresa, está sempre totalmente dependente das condições climáticas, as que permitem que se forme uma podridão que não seja acética. Fala-se em investimento, porque se deixam cerca de 2 ha de vinhedos por vindimar à espera de que o tal “milagre” se opere. Como se pode ver pelas edições que teve, houve muitos anos em que os tais 2 ha produziram uvas para deitar fora. A nova era do Grandjó Late Harvest, nascido na quinta da Granja, iniciou-se com a colheita de 2002 e, de lá para cá, foi editado em 2004, 05, 06, 07, 08, 12, 13 e, agora, com a colheita de 2021. É feito a partir da casta Boal, por coincidência a mesma casta que em Sauternes (França) se chama Sémillon, e daí este poder ser um DOC Douro.

Real Companhia Velha

Balanço perfeito

À mesa pudemos provar Quinta do Cidrô Marquis branco 2014, a mostrar-se ainda em boa forma. Por curiosidade, provámos também um Marquis de Soveral (era então o nome que ostentava no rótulo) de 1964, que se revelou uma boa surpresa apesar de ter sido preciso abrir várias garrafas até encontrar algumas ainda com saúde. Nos tintos provámos ainda um Marquis de 2001, que se bateu muito bem com a carne Wagyu.

De salientar o excelente trabalho de sommelerie feito com estes vinhos em relação ao menu, com o perfeito balanço que foi encontrado entre texturas e aromas. Pode parecer fácil mas dá trabalho. Muito trabalho.

(Artigo publicado na edição de Março de 2025)

 

Estive Lá: No Rossio Gastrobar

Rossio Gastrobar

Já não me lembro do número de vezes que calcorreei a Avenida da Liberdade acima e abaixo, 1,5 km de prédios antigos que foram sendo paulatinamente substituídos por edifícios modernos, de grande dimensão e, muitas vezes, de gosto duvidoso, onde ficam hoje algumas lojas das marcas mais mediáticas e caras de Portugal, essas geralmente de […]

Já não me lembro do número de vezes que calcorreei a Avenida da Liberdade acima e abaixo, 1,5 km de prédios antigos que foram sendo paulatinamente substituídos por edifícios modernos, de grande dimensão e, muitas vezes, de gosto duvidoso, onde ficam hoje algumas lojas das marcas mais mediáticas e caras de Portugal, essas geralmente de montras ornamentadas com melhor gosto que alguns prédios que as albergam. Nesse final, de uma sexta-feira recente, o destino foi o hotel Altis Avenida, que fica entre os Restauradores e o Rossio, para um cocktail e um repasto no restaurante/bar do seu topo.

O Rossio Gastrobar, que tem uma varanda com vista para a Baixa de Lisboa e o Castelo de S. Jorge, mais ao longe, é agradável. Nesse final de dia fresco ficámos no exterior, confortados pelas chamas dos aquecedores a gás a usufruir de um espaço que esteve sempre cheio de gente, sobretudo turistas que iam ali para estar um pouco numa das poucas esplanadas com vista sobre Lisboa e talvez também para saborear um dos cocktails de Flavi Andrade, chefe de Bar do hotel que alberga este espaço, que foi eleita a melhor barmaid do ano na edição de 2024 do Lisbon Bar Show. Foi também o que fizemos e valeu a pena.

Depois de uma pequena conversa com a autora, para perceber melhor o que a inspira a criar os seus cocktails, optei pelo seu Cacilheiro, já que estávamos tão perto do Tejo, e fiz bem. O repasto que se seguiu foi criado pelo chefe João Correia, com a entrada a ser composta por Mini tarteletes de cogumelos e pickle de limão, Crocantes de gamba da costa e maionese de coentros e Pastéis de massa tenra, vitelão e cebolinho, o primeiro e o último a fazerem muito boa companhia ao Caves S. João Pulo do Lobo Arinto de 2020. Para além de um Arroz Saboroso, regado com o suco da cabeça de camarão tigre,  e feito ao estilo da paelha valenciana, em parceria de um tinto Porta de Cavaleiros Reserva 2019, muito equilibrado e elegante, também saboreámos, para terminar, uma Tarte de Noz Pecan e gelado de aguardente. Tudo isto servido, de forma eficiente, por pessoas simpáticas e agradáveis. Soube bem.

 

Rossio Gastrobar

Rua 1º Dezembro, 118, Lisboa

Tel.: + 351 210 440 018

Email: rossio@altishotels.com

 

 

Chocolate: Um ingrediente sedutor e romântico

Chocolate

Vou na sexta década de existência, e aquilo que conheço como chocolate mudou várias vezes. A primeira configuração de que fui sempre fã foi, até que desapareceu, a de uma tablete chamada “Comacompão”, que vinha numa embalagem alaranjada com uma diagramação apetecível de sanduíche de chocolate. O modo de usar era, para mim, simples e […]

Vou na sexta década de existência, e aquilo que conheço como chocolate mudou várias vezes. A primeira configuração de que fui sempre fã foi, até que desapareceu, a de uma tablete chamada “Comacompão”, que vinha numa embalagem alaranjada com uma diagramação apetecível de sanduíche de chocolate. O modo de usar era, para mim, simples e cómodo, pois bastava abrir um papo-seco a meio e colocar dentro a tablete inteira. Não tinha muito açúcar – nunca gostei de coisas muito doces – e tinha minúsculas passas de uva que tornavam a exploração mais saborosa.
Entretanto, muita água passou por debaixo da ponte e o mundo do chocolate revelou-se descoberta empolgante. Apareceram marcas e estilos diferentes, em resultado sobretudo da abertura de Portugal ao mundo, com a consequente invasão de produtos importados.

O chocolate em pó tinha um sabor amargo pronunciado. Vim a saber que resultava da extrusão por pressão da parte escura da fava de cacau. Nunca, contudo, me habituei a colocá-lo no leite e o termo de comparação que tinha era o do fabuloso chocolate quente, que bebia nas vezes em que lanchava com as minhas tias na pastelaria Suíça ou na Mexicana. Curiosamente, ambas as casas continuam a existir e a servir chocolate quente e continua delicioso. Nada a ver, contudo, com a fabulosa combinação de chocolate com churros que, nas frequentes deslocações a Madrid, me era dado provar. Espessura quase de pudim, muito sabor e a ligação com os pequenos fritos frisados sempre me fascinou.

Cada casa, em Portugal ou Espanha, tinha o seu próprio chocolate mas, no fundo, existia o denominador comum de se tratar de chocolate de leite. Foi também em Espanha que provei pela primeira vez chocolate branco, aquilo que rodeia a semente da fava e se consegue separar facilmente. Em rigor, não se devia chamar chocolate. Mas, na prática, passava por tal por conter partes derivadas da dita fava, a que se acrescentava açúcar. Exactamente nos antípodas daquilo que me atraía no chocolate e, por isso, passei a desprezar. A maioria dos trabalhos de moldagem de chocolate são contudo conseguidos graças ao chocolate branco ou manteiga de cacau, depois tingidos a gosto. Os chips de cacau, obtidos a partir da camada intermédia da fava por manipulação com pressão ou calor, cobrem um espectro vasto de aplicações em proporções variadas. É a partir de produto dessa zona que se faz o que conhecemos como chocolate de leite. Normalmente parte-se de chocolate em pó e depois tempera-se até atingir a doçura e a consistência desejadas. Até 60% de cacau, considera-se chocolate de leite na maioria das aplicações e marcas. Acima disso, começamos a atingir o chamado chocolate negro, rico em antioxidantes. Acima de 70%, podemos considerar que estamos perante chocolate negro, a que muitos erradamente chamam chocolate amargo.

 

Chocolate

 

Os frutos do cacaueiro reconhecem-se facilmente, pois são pendentes coloridos com o formato oblongo de bolas de râguebi. O interior contém um material esbranquiçado e sementes, das quais se obtém o cacau.

 

Vinho e chocolate

A bondade da ligação de vinho com chocolate tem origem nas muitas pontes de sabor que facilmente se estabelecem entre ambos. No vinho temos álcool, acidez, polifenóis e açúcar como base de degustação e diferenciação. No chocolate temos açúcar, acidez e amargos. Nas inúmeras provas que tive o privilégio de orientar, criei uma espécie de regra de três simples, estritamente extraída da experiência. Com chocolate branco, moscatel de Setúbal; com chocolate de leite, vinho Madeira Malvasia; com chocolate negro, vinho do Porto ruby. Nos tempos idos do evento Chocolate em Lisboa, assisti a autênticas epifanias no lado do consumidor, quando as pessoas passaram a ter o comando sobre o racional da prova. Perceberam sobretudo que os flavonóides do chocolate têm correspondência directa com os taninos do vinho. Uns e outros correspondem aos elementos antioxidantes, e podem ser, além disso e a propósito, os elementos saudáveis de que precisamos para uma alimentação equilibrada. Como em tudo, os excessos são de evitar. Mas se soubermos seleccionar o que nos faz bem, as nossas vidas correm melhor.

 

Um pouco de história

A chamada árvore de cacau existe sobretudo na América Central e o fruto reconhece-se facilmente, pois trata-se de pendentes coloridos que têm o formato oblongo de bolas de râguebi. O interior contém um material abundante e esbranquiçado e sementes, das quais se obtém o cacau. As ditas sementes só se obtêm nos territórios de que falamos, numa história notável que nos faz recuar até dois mil anos antes de Cristo. As civilizações maia e asteca criaram um filão que encantou o descobridor espanhol Hernan Cortés no séc. XVI, a ponto de chegar a ver nele uma riqueza infindável.

Do que nos foi até hoje revelado, o chocolate era essencialmente consumido na forma líquida. As quantidades diárias ingeridas eram estratosféricas e apenas sacerdotes e governantes tinham acesso à bebida, talvez por isso mesmo. O célebre líder asteca Montezuma II consumia, segundo relatos do próprio Cortés, 50 chávenas de chocolate quente por dia. Terá sido por isso que a bebida foi rapidamente levada para Espanha, passando a ter honras até então reservadas ao chá e ao café. A Europa do final do séc. XVII, início do séc. XVIII. estava totalmente rendida ao grande novo valor do chocolate. As pessoas lotavam todas as salas disponíveis para beber uma chávena de chocolate quente. No final do séc. XVIII, o chocolate não podia estar mais na moda e a tablete ou barra impuseram-se enquanto forma individualizada de o consumir.

A grande revolução acontecia a olhos vistos, e o truque, da autoria do suíço Rodolphe Lindt, foi adicionar manteiga de cacau ao chocolate líquido. O procedimento industrial foi baptizado de conchagem (conching) e, no dealbar do séc. XIX, estabelecia-se toda uma nova ordem, coroando de glória a grande invenção. Nascia o chocolate da era moderna. Além de mais sólido, era também mais durável. Podia conservar-se facilmente num armário doméstico ou na despensa. O fascínio, esse, permanece vivo na mente e no coração dos actuais criadores. A marca Lindt é a que ainda hoje conhecemos e deve-se ao grande inventor e chocolateiro suíço. Muitos outros se lhe seguiram, diluindo bastante o seu protagonismo.

Chocolate

O célebre líder asteca Montezuma II consumia, segundo relatos do próprio Cortés, 50 chávenas de chocolate quente por dia.

 

Compliquemos um pouco

O assunto chocolate cobre bastante mais do que a simples enumeração de ingredientes e técnicas de produção. O estado actual das coisas aponta para a proveniência da fava como factor determinante para conseguir chegar ao pináculo do conhecimento. Percorremos o catálogo da Michel Cluizel, um dos melhores fabricantes de chocolate do mundo, e abismamos perante o triunfo da diversidade que este grande produtor oferece. Vahlrona, Callebaut – provavelmente a maior de todas as marcas -, Neuhaus e muitas outras marcas povoam densamente o universo superior da arte do chocolate. Todas têm o seu manifesto próprio quanto a origens das suas plantas de cacau e, por isso mesmo, todas também fazem marcação cerrada à concorrência. Por cá temos grandes intérpretes do chocolate, chefs que se distinguiram pela originalidade das suas criações. Rui Costa, da pastelaria Marbela, em Esposende, é um grande exemplo. Francisco Siopa, do Hotel Penha Longa, em Sintra, apresenta sistematicamente novas criações que nos fazem vibrar e enternecer. Francisco Melgão e seu irmão Serafim desenvolveram marca própria e dominam todas as técnicas industriais. No seu reduto, em Montemor-o-Novo, vão-nos brindando com as suas inovações. Pode visitar-se e comprar no local, ou encomendar e receber em casa. Cito apenas três, dos vários que poderia citar, com um critério de elencagem estritamente geográfico. Portugal está cheio de talentos por descobrir, que fazem trabalho notável. Eventos aqui e ali vão-nos dando pistas para novas descobertas, mas o país tem massa crítica para ir mais longe na ambição. Fica o modesto repto.

 

Fama com (muito) proveito

Todo o português leva ao peito os produtos da sua preferência mas, na doçaria, somos ainda tímidos. O bolo de chocolate cobre o planeta inteiro e cabe-nos a nós epicuristas provar e aprovar alguns. Aquele que me prendeu mais a alma até hoje provei-o na Suécia e é muito popular por lá. É baseado em chocolate negro, parco no açúcar e muito denso. É desafiante do ponto de vista da harmonização, mas resulta bem com um Pinot Noir novo e sem madeira. É fantástica a torta caprese, que me ficou na memória quando, em 1993, visitei a ilha italiana de Capri. Não leva qualquer tipo de farinha mas leva amêndoa, que lhe dá uma tonalidade com algum corpo, mas pede leveza no vinho. Um Porto branco com mais de vinte anos faz-lhe bem as honras.

O truque mais famoso do mundo pasteleiro é cozer pouco o bolo de chocolate e quando isso é feito intencionalmente o impacte é sempre grande. Os americanos chamam-lhe lava cake, pelo efeito do chocolate a escorrer, evocativo da lava de um vulcão em erupção. Nós chamamos-lhe coração de chocolate quente, ou fondant de chocolate. Um vinhão sem madeira da região dos vinhos verdes, desde que servido a temperatura inferior a 16ºC faz-lhe bem as loas. Pode parecer demasiado arriscado mas o sucesso é garantido, até pelo contraste de temperaturas.

Só fui duas vezes a Viena, e a primeira incursão tinha de ser coroada com a visita ao célebre café Sacher. Mas confesso desde já a minha desilusão. Foi criada na primeira metade do séc. XIX por Franz Sacher, que na altura tinha apenas 16 anos, para o então príncipe chanceler da Áustria. Leva doce de alperce e tem uma espessa camada de chocolate. Até hoje ainda não consegui acertar na maridagem certa. A que funcionou melhor foi com licor de tangerina. A Sacher-Tarte foi, desde aquele dia de 2002, um projecto aberto que vou tentando fechar em beleza. Para contrabalançar a experiência menos feliz, entrego-me facilmente e sem hesitações a um bolo brigadeiro. É um autêntico festival de chocolate e a sua estrutura húmida ajuda a gula a cumprir o seu desígnio. Apesar da estrutura baseada em chocolate negro, a minha opção vínica vai invariavelmente para Porto Tawny 40 anos. A cremosidade é preservada e o vinho sustenta com frescura e eficácia o brigadeiro gigante.

Chocolate

 

O bolo de chocolate cobre o planeta inteiro e cabe-nos a nós epicuristas provar e aprovar alguns.

 

As pequenas coisas

O gengibre revestido com chocolate é grande amigo do vinho, especialmente se for servido em pequenas tiras, ou fingers. Nesta harmonização, contudo, o ingrediente mais importante é o gengibre e não o chocolate que o reveste. A melhor experiência nesta abordagem aconteceu, sem surpresa, com um Arinto de Lisboa com mais de dez anos. Se o revestimento exterior for feito com chocolate de leite, opte por um aragonês alentejano novo e sem madeira. A reacção da casta ao gengibre é inesquecível. O celebrado bombom After Eight cabe nesta categoria e pede assessoria vínica certeira, e irá bem com um Alicante Bouschet de talha, também de terroir alentejano. Estamos no domínio da guloseima e o caso da laranja e chocolate é namoro antigo. Faz crescer água na boca a lasca de casca de laranja passada por chocolate negro. Se for acompanhada de um Gewurztraminer, é o céu. Aconselho esta mesma configuração, com pimento vermelho passado por chocolate negro. A explosão de sensações é fantástica, neste caso.

Passando ao domínio dos frutos secos, o simples revestimento de um pistáchio torrado com chocolate branco é toda uma emoção. E se lhe acrescentar piripiri ainda melhor. Maridagem mais delicada, mas proveitosa, é a que se consegue com um moscatel de Setúbal com mais de vinte anos. Um fruto seco que há que expor ao chocolate é a noz. Faça a experiência com chocolate de leite e depois harmonize com um bom malvasia da Madeira. Também gosto muito de maridar tâmaras passadas por chocolate negro e com vinho do Porto branco seco, sem madeira. Se tem experiência e confiança para entrar nos bombons, não deixe de experimentar foie gras ligado com chocolate negro. Abra um bom Porto Vintage e regozije com a experiência. Faça vários, porque vai ter muita audiência na família ou no grupo de amigos. Boas provas!

(Artigo publicado na edição de Março de 2025)

Tintos de 2015: Notável demonstração de classe

Tintos 2015

Numa prova em que todos os vinhos são de uma só colheita, no caso de 2015, é fundamental começar por recordar como foi esse ano. Ora, como tantas vezes sucede, o ano meteorológico esteve em linha com o ano vitivinícola, ainda que não inteiramente coincidentes, como veremos. Ou seja, enquanto os registos revelam que o […]

Numa prova em que todos os vinhos são de uma só colheita, no caso de 2015, é fundamental começar por recordar como foi esse ano. Ora, como tantas vezes sucede, o ano meteorológico esteve em linha com o ano vitivinícola, ainda que não inteiramente coincidentes, como veremos. Ou seja, enquanto os registos revelam que o ano 2015 em Portugal Continental foi extremamente seco e muito quente, sendo, até então, o sétimo ano mais quente desde 1931, e o segundo desde 2000, já os relatórios de vindima e os vinhos provados revelam esse ano cálido, mas ainda assim com muito equilíbrio nas maturações e menos stress hídrico do que outros anos.

Chuva nos momentos certos

Comecemos, então, pelo calor… Em 2015, o valor médio da temperatura máxima do ar foi o mais alto dos 18 anos anteriores, sendo que em cada mês o registo foi sempre superior ao normal, exceto nos meses de janeiro, fevereiro e setembro. Olhando para estes números, imaginar-se-ia que o ano vitivinícola seria de pouca produção, com ciclo vegetativo curto, e/ou marcado por uvas num perfil de grande maturação. Mas não foi bem assim… A grande pluviosidade sentida de setembro a novembro em 2014, e chuvas ocasionais nos ‘momentos certos’ de 2015 ajudaram, desde o início, ao favorável desenvolvimento da videira e ao bom vingamento do fruto.

Por outro lado, o tempo seco ao longo do ciclo evitou o desenvolvimento de doenças, mesmo nas áreas costeiras e chuvosas com maior pressão, e permitiu que os trabalhos de viticultura decorressem adequadamente em todas as regiões, contribuindo para que as uvas terminassem o seu ciclo vegetativo em muito boas condições. Houve, é certo, alguns picos de calor, mas a sorte esteve com os produtores, pois nas épocas mais determinantes para a colheita o calor não foi extremo e existiam reservas de água no solo decorrentes das chuvas de setembro e outubro do ano anterior. No Alentejo, por exemplo, as temperaturas veraneantes foram altas como é habitual, mas longe de terem sido extremas. A circunstância da vindima ter sido feita num período seco e temperado também ajudou e muito. Não espanta assim que, de norte a sul do país, a produção tenha aumentado e qualidade foi evidente.

 

Foi unânime, entre os provadores, que esta prova dos tintos de 2015 foi a melhor das já realizadas com este objetivo de provar topos de gama com 10 anos de evolução.

 

Muita qualidade e equilíbrio

Sim, foi um ano quente, com vinhos de grande expressão de fruta, mas, ao lado de outros anos, revelam-se muito equilibrados, o que se comprova pelos níveis de álcool que, na nossa prova, não excederam os 14,5%. 2015, mais quente que 2014 ou 2010, revelar-se-ia menos intenso que 2016 e 2017 que lhe sucederam, no que a vinhos tintos diz respeito. No que a Porto Vintage concerne, sempre, um bom indicador para anos quentes, os vinhos de 2015 revelaram-se excelentes desde o início, e logo com boa evolução, com alguns produtores a pretenderem mesmo que fosse declarado ano clássico. Porém, já com a certeza de que os vinhos de 2016 (e 2017) eram mais maduros e tensos, a declaração não vingou. Nos Vinhos Verdes, 2015 foi uma das melhores colheitas até à altura, muito boa também na Bairrada e Dão, e as regiões a sul beneficiaram de um verão menos escaldante que o habitual.

A expetativa era, assim, enorme. E a prova não defraudou, pelo contrário. Com efeito, fazemos esta prova de topos de gama tintos com 10 anos há muito tempo, e temos os registos, pelo menos, desde a colheita de 2003. Pois bem, foi unânime entre os provadores que esta prova dos tintos de 2015 foi a melhor das já realizadas com este objetivo de provar topos de gama com 10 anos de evolução. Naturalmente, para tal não contribuiu apenas o ano vitícola quase perfeito, mas também a experiência e o acerto das equipas de viticultura e enologia. Contatámos enólogos que trabalharam nesse ano em várias regiões do país e todos recordaram uma colheita com poucos problemas (para tintos, mas também para brancos), boa produção geral, e um perfil de fruta limpo e definido.

Trabalho feito, tudo na prova correu muito bem, com os vinhos a darem excelente prestação, muito limpos e com fruta definida, acidezes ainda presentes, e quase todos num perfil jovem e com muitos anos pela frente. Mais, todos vinhos mostraram-se com ótima integração de barrica, revelando, também neste campo, uma evolução significativa face a provas de outros anos. Olhando para o grau alcoólico, houve também surpresa positiva, com vários vinhos a declararem 13,5%, e um com 12,5%, valores muito sensatos num ano quente, comprovando que é possível combinar, com harmonia, maturação com comedimento no grau. Registou-se, por fim, um único caso de TCA e só por três vezes houve necessidade de provar nova garrafa para confirmar algum aspeto mais discutido entre os provadores. Nos primeiros lugares, com as classificações de 19 e 18,5, tivemos vinhos de praticamente todas as regiões em prova o que é bem demonstrativo da qualidade geral da colheita de 2015 pelo país inteiro. Que venham mais colheitas assim, é o nosso desejo!

 

Todos vinhos mostraram-se com ótima integração de barrica, revelando, também neste campo, uma evolução significativa face a provas de outros anos.

19  M.O.B. Gauvé

Dão tinto 2015

Moreira, Olazabal & Borges

Cor e aroma denotando juventude. Fruto puro, negro e azul, leve grafite, bosque, percepção de vibração e tensão, presumindo-se terroir frio. Mais fino em boca do que o aroma faria prever, cremoso e saboroso, tanino fino mas acutilante, especiado, e focado em frescura com notas de floresta. Fabuloso. (14%)

19 Quinta da Manoella VV

Douro tinto 2015

Wine & Soul

Aroma espantoso, com muito fruto, quase exuberante, azul e negro, perfil fino e elegante, notas a chocolate e pêssego, leves apontamentos da barrica. Amplo e saboroso em boca, médio-encorpado, cremoso, novamente fruto azul, agora com apontamentos de pimenta, acidez média, taninos perfeitos e final longo. (14%)

19 Quinta de Foz Arouce Vinhas Velhas de Santa Maria

Reg. Beira Atlântico tinto 2015

Conde Foz de Arouce Vinhos

Baga. Aroma muito jovem, com a casta a sentir-se numa versão mais madura, mas envolta em frescura. Fruto negro, mentol, chocolate, evidente perfil bordalês. Prova de boca encorpada, ágil e saboroso, nota a café, fruto negro, muito especiado, belíssima textura polida, termina fresco e longo. (14%)

19 Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa

Douro tinto 2015

Quinta do Crasto

Aroma típico da referência, que entrega fruto azul e preto em camadas, muita especiaria, fruta cristalizada, cachimbo, tudo rico e num perfil barroco. Taninos polidos em boca, muito sabor, fruto encarnada e perfil mais fresco que no aroma faria prever, termina amplo, macio e longo, pontuado por doçura frutada. (14,5%)

18,5 Júlio B. Bastos

Alentejo Alicante Bouschet Grande Reserva tinto 2015

Júlio Bastos

Aroma jovem que abre para um perfil marcadamente vegetal, alcaçuz, louro fresco, nota de eucalipto e perfil balsâmico, tudo com sensação frescura. Meio corpo em boca, novamente jovem com taninos sérios, fruto negro não macerado, com a madeira mais descoberta do que no aroma. Termina com leve secura gastronómica. (13,5%)

18,5 (1500ml) Marquês de Borba

Alentejo Reserva tinto 2015

J.Portugal Ramos

Aroma complexo a revelar óptima evolução, com fruto encarnado maduro, notas a café, grafite, musgo, especiados da barrica, floral fresco no fundo, leve pimento, tudo com ótima intensidade e muito limpo. Muito bem também em boca, tenso e frutado, tanino presente sem ferir, saboroso e longo. (14,5%)

18,5 Mouchão

Alentejo tinto 2015

Vinhos da Cavaca Dourada

Cor muito concentrada e o aroma a revelar boa evolução. Nota a terra molhada, chão de tijoleira, fruto encarnado, flores maduras, rosa e figo, especiaria fina. Mais jovem na prova de boca, com muito tanino, maduro e sério, boa acidez geral, revela grande equilíbrio entre maturação e uma percepção surpreendente de frescura. (14,5%)

 18,5 O.Leucura

Douro tinto 2015

Duorum Vinhos

Muito jovem na cor e no aroma. Fechado, pede arejamento e abre com notas latentes de fruto negro e azul, caruma, fruto seco, chocolate negro, tudo muito bonito num perfil clássico do Douro Superior. Concentrado na boca, mas muito polido, saboroso, ervas secas e fruto azul, tanino sério e maduro, mais fresco do que o aroma dá a entender e grande qualidade geral. (14%)

18,5 Poeira

Douro tinto 2015

Jorge M. Nobre Moreira

36 barricas. Aroma fino e latente, a pedir arejamento, abre para notas de fruto azul, ervas do monte, leve violeta, e chá. Muito bem em boca, com bom volume, todo proporcionado, bela textura, envolvente e saboroso nos taninos, revela-se num perfil de finesse com final longo. (14%)

 18,5 Quinta do Vale Meão

Douro tinto 2015

F. Olazabal & Filhos

Muito aromático desde o início, muito fruto à frente, toque mineral, matizes da barrica perfeita, chocolate, num conjunto que denota classe. Especiado em boca, ervas do monte, alcaçuz, textura cremosa e com alguma potência, termina com muito sabor. Conjunto impressionante. (14%)

 18,5 Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo Referência

Douro Grande Reserva tinto 2015

Quinta Nova de Nossa Sr.ª do Carmo

Tinta Roriz e vinha velha em field blend. Muito jovem no aroma, abre com barrica de qualidade, seguida de fruto negro puro e de grande intensidade, amora, pimenta, leve balsâmico. Prova de boca mais vegetal, intenso e saboroso, novamente chocolate, bastante mais fresco na boca do que o aroma faria prever. Excelente! (14%)

 18,5 Villa Oliveira

Dão Serra da Estrela Touriga Nacional tinto 2015

O Abrigo da Passarela

Aroma cativante com notas complexas de fruto encarnado e azul, amparadas por presença significativa de barrica, num perfil complexo e sedutor, com a casta a não se evidenciar. Jovem em boca, complexo e de nuances várias, boa acidez, envolvente e saboroso, termina amplo mantendo um registo de elegância. Belíssimo! (14%)

 18,5 Luis Pato Vinha Barrosa

Bairrada tinto 2015

Luis Pato

Um pouco aberto na cor, de cor encarnada escura e muito brilho. No aroma abre com notas a eucalipto, fruto encarnado aberto, bagas frescas, vegetal seco, denotando frescura. Mantém o registo em boca, leve e ginasticado, com óptima acidez, fruto vermelho, floral fresco também, termina vibrante e gastronómico. Para durar! (12,5%)

18 Chryseia

Douro tinto 2015

Prats & Symignton

Tourigas Nacional e Franca. Aroma muito polido, com nota de fruto negro e encarnado (cereja), especiados da barrica, chocolate, tudo num perfil limado e apurado. Meio corpo em boca, tanino granulado e maduro, muito sabor e alguma frescura, mantém o perfil de grande equilíbrio e sedução. (14%)

 18 Esporão

Alentejo Alicante Bouschet tinto 2015

Esporão

Aroma exuberante com notas balsâmicas, vegetais, casca de árvore e azeitona, fruto maduro, leve couro também. Mantém o perfil em boca, mas com maior frescura e nitidez, saboroso, novamente vegetal seco, boa acidez, com boa saúde para viver mais anos em garrafa. (14,5%)

 18 Dolium by Paulo Laureano

Alentejo Vidigueira tinto 2015

PL Wines

Field Blend. Aroma exuberante e jovem, com notas sedutoras de ameixa, pimentas, terra húmida, groselha preta, orégãos e manjericão. Na boca revela-se lácteo e arredondado, com tanino firme e saboroso, acidez média, nota a especiaria doce e muito fruto negro. Óptima evolução! (14,%)

18 J de José de Sousa

Reg. Alentejo tinto 2015

José Maria da Fonseca Vinhos

Grand Noir, Tourigas Francesa e Nacional. Aromaticamente segue o perfil desta referência com notas vegetais atractivas, louro, azeitona, leve couro, cacau preto. Esta silhueta mais rústica continua em boca com terra húmida, pimentas, fruto maduro e notas terciárias. Está muito bem no perfil que proporciona imenso prazer, sobretudo à mesa. (13,5%)

18 Kompassus Private Collection

Bairrada Baga tinto 2015

Kompassus Vinhos

Vinhas velhas, 18 meses de barrica. Aroma austero, com notas de barro molhado, terra húmida, tomilho, barrica muito discreta, e boa percepção de frescura. A prova de boca confirma um perfil sólido e firme, meio corpo, óptima acidez, fruto encarnado maduro, leve fruto seco, termina austero. (14%)

18 Quinta da Leda

Douro tinto 2015

Sogrape Vinhos

Aroma com muito fruto, encarnado e azul, nota floral evidente também, café, bagas silvestres, e barrica ao fundo. Mantém o perfil em boca, ágil e com meio corpo, fruto encarnado, resina de esteva, chocolate e cacau, tanino saboroso de média intensidade e final elegante. (13,5%)

18 Quinta das Bágeiras

Bairrada Garrafeira tinto 2015

Mário Sérgio Nuno

Revela bem o perfil da marca, com fruto encarnado, aroma a tonel avinhado, tijoleira, vegetal seco, verniz. Tanino firme em boca, fruto mais maduro do que o nariz faria prever, muito saboroso e jovem, meio corpo, tenso e com óptima acidez num final longo e bem apimentado. (13,5%)

 18 Quinta do Monte d’ Oiro Parcela ‘24

Reg. Lisboa tinto 2015

José Bento dos Santos

Syrah. Aroma muito sedutor e complexo, com fruta encarnado e negro, bagas silvestres, muita especiaria (cominhos), nota a carne e chocolate. Mais ligeiro e ginasticado no corpo, muito fruto novamente, chocolate, acidez média, belíssimos taninos, termina longo com leve secura final. Cheio de classe! (14%)

18 Quinta dos Roques

Dão Reserva tinto 2015

Quinta dos Roques

Jovem no perfil, com fruto encarnado, floral evidente, alguma nota a barrica no fundo. Muito sabor em boca, envolvente, taninos finos, mas com boa estrutura geral, fruto negro e ervas do campo, acidez no ponto, leve doçura frutada que surpreende mas fica bem. Notável harmonia de conjunto. (13,5%)

 18 Scala Coeli

Reg. Alentejano Touriga Nacional tinto 2015

FEA

Aroma exuberante e jovem, abre com notas de grafite, fruto negro, muitas nuances da barrica, cereja e violetas também, canela ao fundo, com a casta pouco evidente. Na boca revela-se encorpado e intenso, saboroso na vertente frutada, chocolate, café, bom equilibro apesar de muita intensidade, termina com amargos finais. (14,5%)

 18 Terrenus

Alentejo-Portalegre Reserva tinto 2015

Rui Reguinga

Aroma bonito e elegante, com ataque a fruta madura, ameixa, ervas do monte, pimentas, percepção de barrica de qualidade e muita sedução. Saboroso em boca, meio corpo com boa frescura, leve couro, tanino fino mas vivo, perfil seco e gastronómico apesar da vertente frutada em evidência. (14,5%)

18 Tributo

Reg. Tejo tinto 2015

Rui Reguinga

Syrah, Grenache e um pouco de Viognier. Aroma com notas a pimenta preta, fruto maduro bonito e sedutor, nota a carne, leve grafite. Perfil mais barroco em boca, com notas de barrica e muito fruto, largo e amplo, saboroso e cremoso, revela muita especiaria doce e fruto confitado no largo final. (14%)

 18 Quinta dos Carvalhais Único

Dão tinto 2015

Quinta dos Carvalhais

Aroma jovem e de perfil floral, bergamota, chá earl grey, musgo e mentol, pinheiro, aroma muito limpo e directo, com a barrica bem integrada. Prova de boca com sabor, leve, mas com intensidade, fruta cristalizada, fruto negro, boa acidez geral, termina longo com doçura frutada. (14,5%)

 18 Vallado Vinha da Granja

Douro tinto 2015

Quinta do Vallado

Muito aromático, fruto encarnado complexo, perfil de fruta fresca, muitas ervas, especiado também e com barrica no ponto. Em boca revela tanino vivo e firme, granulado com meio corpo, boa acidez geral, também vegetal bonito e muito especiado, com final longo marcado por fruta encarnada. (14,5%)

 17,5 Falcoaria

Reg. Tejo Grande Reserva tinto 2015

Casal Branco

Jovem no aroma, fechado, abre com nota terrosa e levemente química, fruto negro de qualidade e barrica impecável, chocolate e after-eight. Mais vegetal em boca do que o aroma fazia prever, mantém-se, todavia, austero, com tanino muito firme, fruto negro e frescura balsâmica. (14%)

 17,5 Quinta da Bacalhôa

Reg. Península de Setúbal Cabernet Sauvignon tinto 2015

Bacalhôa Vinhos de Portugal

Aroma a revelar boa evolução, tudo de pendor vegetal, pimentão doce, casca de árvore, fruto maduro também com nota a ameixa desidratada. Meio corpo em boca, boa leveza de conjunto ágil, tanino fino e maduro, acidez bem presente, termina com leve doçura frutada envolvente. (14%)

 17,5 Teixuga

Dão tinto 2015

Caminhos Cruzados

Touriga Nacional. Abre exuberante com nota a fruta encarnada, bergamota, chá earl-grey, cítrico (toranja), barrica muito bem integrada, violeta e café. Fruto maduro em boca, sedutor, denso e cremoso, muita concentração, canela e chocolate, termina amplo e capitoso. (14%)

17,5 Xisto

Douro tinto 2015

Roquete & Cazes

Tourigas Nacional e Franca e Tinta Roriz. Aroma exuberante, nota a violeta, chocolate, mentol, caixa de charutos, marcado ainda por uma nota a verniz. Mais vegetal em boca, envolvente e com óptima barrica, meio corpo, acidez no ponto, termina amplo e com bom comprimento, novamente marcado pelo perfil químico. (14,5%)

Nota: O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

(A Grandes Escolhas agradece o apoio da Churrasqueira Dom Pedro, casa onde foram realizadas as fotos.)

Artigo publicado na edição de Março de 2025