The Fladgate Partnership compra Quinta do Portal

The Fladgate Partnership compra Quinta do Portal

A The Fladgate Partnership (TFP) adquiriu a Quinta do Portal, empresa especializada na produção de vinho do Douro, expandindo, assim, o seu portefólio aos vinhos tranquilos da região. Irão fortalecer a presença internacional da Fladgate Still & Sparkling Wines, a divisão de vinhos tranquilos da TFP, nos mercados de exportação, complementando a sua oferta de […]

A The Fladgate Partnership (TFP) adquiriu a Quinta do Portal, empresa especializada na produção de vinho do Douro, expandindo, assim, o seu portefólio aos vinhos tranquilos da região. Irão fortalecer a presença internacional da Fladgate Still & Sparkling Wines, a divisão de vinhos tranquilos da TFP, nos mercados de exportação, complementando a sua oferta de Vinhos Verdes, Dão e Bairrada resultante da aquisição anterior da IdealDrinks, em Setembro de 2023.

A transação inclui, para além da Quinta do Portal, a do Confradeiro e a da Abelheira, num total de 53 hectares, adega e armazém de envelhecimento projetado pelo Arquiteto Álvaro Siza Vieira, juntamente com os stocks, o boutique hotel Casa das Pipas e o restaurante. Com décadas na produção de vinhos de mesa de qualidade, a Quinta do Portal conta, desde 1992, com o apoio técnico do enólogo Pascal Chatonnet, que também supervisiona a Fladgate Still & Sparkling Wines.

Para Adrian Bridge, CEO da TFP, esta aquisição reflete o compromisso da empresa “com a produção de vinhos distintos e a nossa aposta nos vinhos tranquilos portugueses que, juntamente com os nossos vinhos do Porto, reforçarão a imagem de Portugal como produtor de excelência.”

MILLÈSIME – 2º ENCONTRO NACIONAL DE ESPUMANTES A 23 E 24 DE MARÇO

Depois do êxito que constituiu a 1ª edição do Millèsime, consumidores e produtores exigiram voltar de novo à Curia, Anadia,  para a grande festa dos espumantes portugueses. Millèsime – Encontro Nacional de Espumantes reúne no mesmo espaço os melhores produtores nacionais de espumantes com denominação de origem e alguns convidados internacionais. No cenário deslumbrante do […]

Depois do êxito que constituiu a 1ª edição do Millèsime, consumidores e produtores exigiram voltar de novo à Curia, Anadia,  para a grande festa dos espumantes portugueses.

Millèsime – Encontro Nacional de Espumantes reúne no mesmo espaço os melhores produtores nacionais de espumantes com denominação de origem e alguns convidados internacionais.

No cenário deslumbrante do Curia Palace Hotel, este é um evento sofisticado, com uma imagem inspirada na época dourada dos primeiros anos do século XX, com glamour e classe. Cada produtor presente têm um espaço / stand próprio para mostra e degustação dos seus espumantes.

Millèsime é um evento único, concebido para apreciadores de espumantes e que convoca também os profissionais ligados ao sector. O acesso do público ao evento faz-se mediante a compra de um copo que tem o valor de 10€. Uma loja de espumantes a instalar no espaço permite a venda ao público dos espumantes dos produtores presentes que o desejarem. Para além da degustação dos vinhos presentes, teremos também a mostra e venda de produtos gourmet.

Programa:

Sábado, 23 de Março 2024

15:00 – Inauguração do Millèsime – Encontro Nacional de Espumantes – Abertura da mostra e degustação dos Espumantes

16:00 – Prova comentada: «Espumantes de Portugal e Espanha» por Luís Lopes, Director da Grande Escolhas

18:00 – Prova comentada: «Harmonias – Espumantes e Leitão» por Agostinho Peixoto, especialista em gastronomia, turismo e vinhos

20:00 – Encerramento da Exposição

 

Domingo, 24 de Março 2024

15:00 – Abertura da mostra e degustação dos Espumantes

16:00 – Prova comentada: «Espumantes da Bairrada» por Luís Lopes, Director da Grande Escolhas

18:00 – Prova Comentada: «Harmonias – Espumantes e Iguarias» por Agostinho Peixoto, especialista em gastronomia, turismo e vinhos

19:00 – Encerramento do Millèsime – Encontro Nacional de Espumantes

 

Inscrições nas Provas Comentadas através de: inscricoes@grandesescolhas.com

Inscrições limitadas à Capacidade da sala.

Valor de cada inscrição: 10€ (IVA incluído)

 

HOWARD’S FOLLY: A arte de saber sonhar… E fazer

Howard’s Folly

Há coisas que começam assim. Com uma conversa, uma troca de ideias, um desafio. Foi talvez desta forma que se iniciou o projecto Howard’s Folly do enólogo David Baverstock e de Howard Bilton, presidente do The Sovereign Group, uma das maiores consultoras financeiras privadas do mundo, com presença em 20 países, e da fundação Sovereign […]

Há coisas que começam assim. Com uma conversa, uma troca de ideias, um desafio. Foi talvez desta forma que se iniciou o projecto Howard’s Folly do enólogo David Baverstock e de Howard Bilton, presidente do The Sovereign Group, uma das maiores consultoras financeiras privadas do mundo, com presença em 20 países, e da fundação Sovereign Art, que apoia crianças desfavorecidas em diversos países.
Os dois já se conheciam há alguns anos quando decidiram produzir vinhos juntos no Alentejo. Nem tudo foi fácil nos primeiros tempos, porque eram vinificados em adegas emprestadas, quando David ainda estava focado na produção de vinhos do Esporão, onde esteve durante 30 anos. E foi só 12 anos após o lançamento dos primeiros vinhos, em 2017, com a construção da adega em Estremoz, que a produção de vinhos da empresa começou a ser mais bem controlada e as suas características e qualidade passaram a ter o perfil desejado pelo enólogo.

Um australiano em Portugal

David Baverstock nasceu na Austrália há 68 anos e é, para além de co-fundador, o enólogo chefe da Howard’s Folly. Cresceu perto da cidade de Adelaide, em Barossa Valley, uma das principais regiões vitivinícolas do seu país, o que lhe fez ganhar o gosto pelo vinho e o conduziu à formação em enologia na School of Agriculture, Food & Wine da universidade de Adelaide. “Nessa época, a década de 1970, quase ninguém conhecia os vinhos australianos, que apenas começaram a ganhar notoriedade na seguinte”, conta. Acrescenta que, por isso, muita da matéria que lhe foi dada abordava os vinhos europeus, o que lhe fez crescer o apetite por conhecer o continente, que visitou logo a seguir a terminar o curso.
O primeiro emprego como enólogo levou-o à Saltram Wines. David Baverstock, que chegou logo após a aquisição, diz que a sua primeira experiência foi essencial para o resto da sua vida profissional, porque lhe permitiu fazer um pouco de tudo, desde os vinhos da casta Riesling de Eden Valley, aos Syrah de Barossa Valley e Cabernet Sauvignon de Coonawarra, num trabalho que incluía a produção de “Sherry” e “Porto”. “Foi uma experiência fantástica, também por ter decorrido numa adega que transformava 10 mil toneladas de uvas todos os anos”, conta.
Voltou para Portugal em 1982, por razões familiares. Esteve primeiro nas Caves Aliança, durante seis meses, depois foi para a Croft, mais dois anos, e em seguida para o Grupo Symington, onde esteve mais oito. Nessa altura fazia apenas vinho do Porto.

 

Howard’s Folly

 

Vinhos no Alentejo

Mas como sentia saudades de fazer outro tipo de vinhos, foi criando pequenos lotes na casa onde trabalhava, que eram apreciados pela família proprietária que, no entanto, nunca se interessou por avançar para a produção de vinhos não fortificados. Estava-se na década de 80 do século passado, muitos anos antes da mediatização dos vinhos do Douro e do crescimento da sua produção. Foi só a partir de 1991, quando Sophia Bergqvist assumiu os destinos da Quinta de la Rosa e quis começar a fazer vinhos de mesa, é que David Baverstock iniciou o seu primeiro projecto de vinhos não fortificados na região. “Foi ela que convenceu o Peter Symington a deixar-me fazê-los”, conta o enólogo.
No ano seguinte, José Roquette contactou-o e pediu-lhe para fazer uma visita ao Esporão. O projecto já estava lançado, mas não a decorrer como o seu fundador queria. “Passei um dia lá e adorei, porque era uma iniciativa incrível em qualquer parte do mundo, com imenso potencial para ter sucesso, que não estava a correr bem na altura, porque o projecto arrancou antes de ser criado o seu modelo de negócio”, conta David Baverstock que, como se sabe, aceitou o desafio.
E foi com o seu trabalho e de toda a equipa, onde salienta a ajuda de enólogos como Luis Duarte, Luis Patrão, Sandra Alves e outros, e das pessoas das aéreas comerciais e de marketing, que o Esporão conseguiu o sucesso e o tem mantido até aos dias de hoje. Após 30 anos, e já com o sentimento de dever cumprido e trabalho feito, com 66 anos, decidiu reformar-se e trabalhar um pouco menos, para dedicar mais tempo à família.

Os primeiros passos

David Baverstock já se tinha cruzado pela primeira vez com Howard Bilton, financeiro inglês que tinha a sua actividade sedeada em Hong Kong, há alguns anos, quando decidiram iniciar o projecto Howard’s Folly, ou seja a Loucura do Howard, designação criada pelo seu sócio maioritário, talvez por ser uma área sobre a qual tinha pouco conhecimento na altura.
Os primeiros vinhos, da colheita de 2005, foram feitos na adega da Azamor Wines. Outros se seguiram, e o trabalho foi decorrendo colheita a colheita, sempre com a dificuldade acrescida de ter de ser feito na casa dos outros. Os vinhos eram engarrafados quando tinham qualidade suficiente, ou vendidos para outros quando isso não acontecia. Até que, em 2017, Howard Bilton e David Baverstock tomaram a decisão de levar o projecto mais a sério. Primeiro, com o aluguer, por 20 anos, de uma vinha de sete hectares de uvas tintas da região de Portalegre, que dá origem aos vinhos com o estilo elegante e fresco que o enólogo procurava. Encontrada com o apoio de Ian Richardson, dono da Herdade do Mouchão, está plantada, em talhões, com as castas Syrah, Trincadeira, Alicante Bouschet, Aragonez e Touriga Nacional. “Para mim, a adega poderia ser em qualquer lado, mas era fundamental aproveitar a altitude”, afirma David Baverstock, salientando que isso era essencial, não só para produzir o tipo de vinhos que queria, mas também porque acredita que localização da vinha a uma altitude superior atenua os efeitos do aquecimento global. Fica na zona de transição entre o Baixo Alentejo e o Alto, e produz vinhos com maior maturação, que “constituem uma boa base para fazer as referências da marca Sonhador e os reserva”. Mas não era suficiente para o perfil de vinho desejado e, por isso, foi necessário encontrar vinhas situadas mais acima, a altitudes superiores, que pertencem a pequenos produtores. Segundo David Baverstock, as uvas produzidas em altitude trazem, aos vinhos, “maior concentração, frescura, complexidade e intensidade”.

Vinhas plantadas em altitude

São atualmente 10 hectares, que foram selecionados por Cristina Francisquinho, profissional de viticultura com muitos anos de trabalho e conhecimento. É, hoje, a responsável pelas vinhas da Howard’s Folly e dos seus fornecedores, que perfazem um total de 17 hectares.
A escolha de Estremoz como localização para a adega teve a ver essencialmente com a procura turística desta cidade, já que as vendas à porta são sempre importantes para qualquer empresa de vinhos. Foi construída em 2018, num antigo edifício que tinha sido ocupado por um grémio no tempo de Salazar. Mais tarde foi aberto o restaurante, que fechou uma semana depois por causa da epidemia causada pelo Covid-19. “Agora está a estabilizar e a ganhar nome como uma das grandes referências da gastronomia de Estremoz”, salienta David Baverstock, que divide a vida de trabalho entre a Howard’s Folly e a Ravasqueira, onde entrou há dois anos como consultor, após sair do Esporão.
Hoje a empresa de Howard Bilton e David Baverstock produz entre 60 e 70 mil litros de vinho por ano. Mas foi só após a construção da adega é que o segundo sentiu que tinha condições para produzir brancos e rosés, e vinhos tintos de guarda produzidos em pequenos volumes. Hoje, “além da qualidade da matéria prima, dispomos de todos os equipamentos necessários e todas as condições para a produção de grandes vinhos”, defende o enólogo.

 

O que é um grande vinho para David Baverstock?

“Tem de ter equilíbrio, frescura, ou seja, uma boa acidez e ser longo de boca. Quando jovem tem de ter potencial para durar muitos anos, o que não significa que seja taninoso, mas sim equilibrado. Irá proporcionar grande prazer a quem os bebe, no mínimo com cinco anos e, no máximo 10, porque gosto de sentir nos vinhos os aromas de fruta e não apenas as notas terciárias.”

 

O ciclo produtivo

É Cristina Francisquinho que controla todo o ciclo de produtivo no campo. Com o aproximar da vindima, David Baverstock e Pedro Furriel, o enólogo residente da empresa começam a ir também às vinhas para ver como tudo está a evoluir. São feitas as provas de uvas e as análises necessárias para a marcação da data de vindima para cada casta da vinha da empresa, já que isso é mais difícil de fazer com as vinhas velhas dos fornecedores de uva. Como estão a maior altitude, a sua colheita inicia-se sempre depois de terminada a da vinha própria. “Mesmo a maturação das castas brancas é sempre posterior à das nossas tintas”, diz o enólogo. Pelo único lagar da adega passam as uvas da casta Syrah e as destinadas a produzir o tinto Cristina, o topo de gama da empresa da empresa, “porque a remontagem e maceração é mais intensa, tal como a extração”, explica o enólogo.

Como surgiu o Sonhador

Depois de fechado o ciclo com a construção da adega, David Baverstock fez-se ao caminho para começar a vender os seus vinhos lá fora. Nas primeiras deslocações ao Brasil e Estados Unidos, percebeu que o nome Howard’s Folly era difícil de pronunciar no primeiro país e não fazia sentido para um vinho português no segundo, por ser em inglês. “Como me aconselharam que criasse um nome latino, pensei que era interessante adaptar o de um vinho da casta Viognier que um amigo meu faz na Austrália, que se chama The Dreamer, ou Sonhador, como marca”. E assim o fez, “porque sonhar também faz parte do nosso trabalho e é um bom nome para os nossos vinhos”. E foi assim que foi criada a marca, que registou logo. As suas vendas representam 60 mil das 80 mil garrafas produzidas por ano na empresa, entre brancos rosés e tintos, enquanto nome Howard’s Folly é a marca dos vinhos reserva e monocastas. “É muito mais fácil de implantar uma marca de nome Sonhador do que Howard’s Folly, que se destina sempre a vinhos que são colocados no mercado com volumes mais pequenos”, explica o enólogo.
Cerca de 50% das vendas ocorrem em Portugal, enquanto o resto vai para o Brasil, Reino Unido e Suíça. Os Estados Unidos ainda se mantêm como um sonho por realizar de David Baverstock, que está convicto de que é preciso continuar a tentar apesar de ser difícil de abrir portas, e que as vendas para este país vão acabar por ocorrer no futuro. “Quando isso acontecer, o projecto ficará estabilizado”, diz.

(Artigo publicado na edição de Fevereiro de 2024)

Kopke lança Library Collection de vinhos do Porto com 100 anos

A Kopke lançou, no mercado, a Library Collection, uma edição especial com três vinhos com 100 anos, composta por um Porto Very Very Old Tawny, um Vermute e um Quinado, estes criado a partir de uma base de vinho do Porto. Integram a “livraria” histórica da Kopke, a casa mais antiga de vinho do Porto, […]

A Kopke lançou, no mercado, a Library Collection, uma edição especial com três vinhos com 100 anos, composta por um Porto Very Very Old Tawny, um Vermute e um Quinado, estes criado a partir de uma base de vinho do Porto. Integram a “livraria” histórica da Kopke, a casa mais antiga de vinho do Porto, cuja fundação data de 1638, ou seja, têm estado em repouso há muito tempo nas suas caves de Vila Nova de Gaia.

Segundo Carlos Alves, diretor de viticultura e enologia do Grupo Sogevinus,  onde a empresa está integrada, são vinhos que estão em barrica há mais de um século, que são apenas lançados em edições especiais, como esta, ou são guardados como memória, sobretudo quando as quantidades já são muito pequenas, para servirem de exemplo a quem faz hoje os Vinhos do Porto desta casa.

“Para produzir esta edição também foi feito um pequeno trabalho de investigação, que permitiu contar melhor a história destes vinhos que nasceram no Douro e desceram o rio para ficarem armazenados nas caves da Kopke”, contou Carlos Alves durante o lançamento, que decorreu na sala do tribunal do Palácio da Bolsa, no Porto. A The Library Collection, que é comercializada numa caixa em formato de livro com três garrafas de 37,5 cl é, assim, uma edição que pretende mostrar o resultado de tradições e métodos ancestrais.

Após uma demorada imersão ao espólio de vinhos antigos e raros da Kopke, detentora de uma autêntica biblioteca vínica, as três referências históricas foram resgatadas pela sua equipa de enologia para comemorar o longo percurso deste produtor de vinhos do Porto. Os três seleccionados, cuja curadoria tem atravessado gerações, contam histórias passadas de forma singular. O Very Very Old Tawny, um lote criado por Carlos Alves com vinhos do Porto de 1890 a 1930, mostra nariz expressivo e intenso, fresco e complexo, onde se salientam notas de chá preto, caramelo, turfa, um pouco de verniz e madeira, resultantes dos anos de envelhecimento em pipas. A boca, fresca, tem volume e doçura, e um final onde se salientam notas de frutos secos e açúcar queimado. Um vinho maravilhoso, para apreciar numa pausa bem longa, como todas as coisas boas o devem ser.

Foi lançado também um Vermute, criado a partir de uma receita secreta que remonta ao começo do século passado, que permaneceu em cave, quase intocado, durante mais de 100 anos. No seu aroma complexo e atractivo, para além de notas de Porto envelhecido em cascos, salientam-se alguns frutos secos, turfa, água oxigenada e acetona. É um vermute que nunca foi replicado, porque a receita que lhe deu origem se perdeu, e só existe um pequeno volume ainda em barricas. Uma raridade e uma tentação pela sua qualidade ao fim de tanto tempo.

A terceira novidade deste lançamento foi um Quinado, género outrora abandonado, agora resgatado para completar esta tríade desta edição limitada, cuja caixa está à venda por três mil euros. É um vinho também distinto, que mostra aromas de frutos secos, acetona e madeira encerada e uma boca doce, com persistência de notas de bolacha maria, lápis aparado e castanhas e um final longo e ligeiramente amargo. Este tipo de vinho, feito com base em Vinho do Porto, levava quinino e era vendido para as antigas colónias portugueses, onde servia ao mesmo tempo de bebida e de medicamento para a malária. J.M.D.

AZORES WINE COMPANY: Entre mar e vulcão

Azores Wine Company

Como dizem os nossos vizinhos espanhóis, “primero, lo primero”, ou seja, importa começar pelo início, ainda que a história já tenha sido narrada algumas vezes. Em pleno século XV, e como era habitual um pouco por todos os territórios descobertos, também os primeiros povoadores dos Açores começaram a plantar vinha, sobretudo no Pico, nas brechas […]

Como dizem os nossos vizinhos espanhóis, “primero, lo primero”, ou seja, importa começar pelo início, ainda que a história já tenha sido narrada algumas vezes. Em pleno século XV, e como era habitual um pouco por todos os territórios descobertos, também os primeiros povoadores dos Açores começaram a plantar vinha, sobretudo no Pico, nas brechas entre rocha lávica (tecnicamente quase não há solo), muitas vezes com alguma terra trazida da ilha do Faial. A vinha era, depois, protegida dos ventos salinos do oceano por pequenos muros formando currais.
A ilha do Pico, que se imagina ter chegado a quase 15 000 hectares de vinha, sofreu intensamente com a filoxera e depois com outras doenças e ataques, de tal forma que a produção ficou limitada a pouco mais de uma centena de hectares e, à excepção da Adega Cooperativa local, a um estatuto quase familiar, com algumas castas (caso do Terrantez) à beira da extinção.

Em 2007, António Maçanita, jovem enólogo e produtor vindo do continente, mas com mais do que uma costela açoriana, conhece o economista Filipe Rocha numa formação de comida e vinhos na Escola de Formação Turística e Hoteleira, sita em Ponta Delgada, onde este último era docente e dirigente. Pouco depois, António aceita o encargo de um estudo sobre a casta Terrantez do Pico, como acima referido, à beira da extinção, associando-se aos Serviços de Desenvolvimento Agrário de S. Miguel. Por volta da mesma altura, António conhece Paulo Machado, um dos maiores pilares da vitivinicultura açoriana, produtor da marca Insula Vinus, prestando ainda assistência técnica a outros projectos insulares. Depois de muitas conversas (e, estamos certos, ainda mais tertúlias vínicas nas famosas “adegas” existentes nas várias ilhas dos Açores), os três – António, Filipe e Paulo – fundam, em 2014, a Azores Wine Company (AWC), não sem que António tenha sido, no ano anterior, convidado por Paulo para produzir um Arinto dos Açores, precisamente no Pico.

Azores Wine Company

Para António Maçanita e Filipe Rocha, fundadores e proprietários da AWC, o esforço e o investimento são sempre maiores do que o projectado no Pico, mas os vinhos também são sempre melhores.

António, que já tinha tentado plantar uma vinha anos antes nos Açores, e ensaiado algumas vinificações, ficou impressionado com o resultado obtido! E assim começou a aventura…. Ora, se podemos afirmar que os três protagonistas mencionados tinham formação sólida nas respetivas áreas, dúvidas também não existem que o enredo e o contexto contribuíram para a realização e sucesso da obra.
Em primeiro lugar, dez anos antes, a classificação da paisagem da cultura da vinha do Pico como Património Mundial tinha colocado a ilha-montanha nas bocas do mundo, tendo-se duplicado, numa década, a sua área de vinha para uns ainda pouco significativos 250 hectares. Depois, a nível internacional começou a desenvolver-se um interesse por vinhos de ilhas e mesmo até por vinhos de ilhas vulcânicas, da Sicília a Santorini, passando pelas Canárias ou pela Ilha Norte da Nova Zelândia. Os vinhos dos Açores, e do Pico em especial, tinham encontrado o seu momento de nova ascensão, séculos depois de terem agraciado fama pela Europa e EUA. Os dados estavam lançados…

De São Mateus à Criação Velha
As melhores expectativas seriam, contudo, superadas. Ainda antes de se sonhar com a adega-hotel que actualmente é um polo criativo de enologia no Pico, a AWC lança-se em busca do essencial: vinhas e uvas. Enquanto adquiriam uvas a produtores locais no Pico, ficaram responsáveis por 30 hectares em São Mateus, no sul da ilha. Ora 30 hectares no Pico não são 30 hectares de planície pronta a plantar. O trabalho de desbaste do mato cerrado e reconstrução dos currais foi tarefa hercúlea, envolvendo mais de 30 homens durante meses. Volvida uma década, António e Filipe (Paulo Machado saiu, entretanto, da sociedade) ainda têm bem presente essa aventura, apelidada ao tempo pela generalidade dos picarotos como impossível (chamavam-lhe “a vinha dos malucos”). A verdade é que o esforço foi maior do que o inicialmente projectado, mas essa, dizem ambos, é a regra no Pico. “O esforço e o investimento é sempre maior do que o projectado, mas os vinhos também são sempre melhores do que pensámos que seriam”, confessam.

Hoje é com notório orgulho que ambos olham para esta vinha como um marcador do tempo: o primeiro grande desafio superado no Pico! Sucede que António e Filipe não são apologistas de “esperar para ver” e a história, os estudos e as (muitas) provas dos vinhos que iam fazendo apontaram rapidamente para um lugar especial a partir do qual pudessem fazer mais vinho. Esse lugar foi – e é – a Criação Velha, precisamente a paisagem que contribuiu para a classificação da Unesco. Fica na parte oeste da ilha e não muito distante da Madalena. É aqui onde as vinhas mais velhas, centenárias mesmo, se podem ainda encontrar, estendidas até a meros metros ao mar (do outro lado do canal está a ilha do Faial) e com maior exposição solar, uma vez que são os terrenos que mais distam da montanha que atrai, diariamente, as nuvens. Primeiro, com vinhas na zona da Canada do Monte e, depois, mais perto do mar, a AWC compreendeu a importância do Lajido da Criação Velha e seria daqui que os seus melhores vinhos seriam, e ainda são, produzidos. Mas lá iremos… Para a história fica o registo que, logo em 2014, a AWC produziu cerca de 10 000 garrafas. Alguns anos volvidos, e com mais de 125 hectares totalmente recuperados, esse valor subiu para uma média de 50.000-60.000 garrafas por ano.

Os vinhos
António Maçanita chegou as Açores com vários anos de rodagem do Alentejo (o seu projecto com maior dimensão é a Fita Preta, próximo de Évora), para não falar dos estágios em França e EUA, e dos vinhos que produz noutras regiões nacionais. E chegou com dois propósitos bens claros e que ficam evidentes perante o extenso portefólio da AWC: por um lado, conhecer e recuperar castas antigas (lá está o estudo inicial sobre a Terrantez do Pico) e, por outro lado, fazer o melhor vinho possível naquele terroir tão particular, que, segundo António, é um dos mais vocacionados para produzir os melhores brancos do país. O caminho para o primeiro desígnio passou pelo estudo e investigação das origens das castas, algo a que Maçanita se dedica continuamente e do qual fala com grande entusiasmo. Já para o segundo propósito, o percurso seria outro.

Como não existe uma história engarrafada dos vinhos tranquilos do Pico – os vinhos do Pico eram tendencialmente licorosos –, António começou a fazer o que mais gosta: testes e experiências, na forma de vinificações, por vezes mini-vinificações. Uma vez que a AWC foi engarrafando todas essas experiências, e colocando no mercado várias delas, podemos mesmo dizer que os consumidores ficaram com o privilégio de ir conhecendo, vindima a vindima, o percurso vitícola e enológico seguido. A eleição desta ou aquela vinha para vinificar em separado, colher mais tarde ou mais cedo, recorrer, ou não, a leveduras indígenas, efectuar estágio em borras ou sem borras, utilizar primeiras ou segundas prensas e espumantizar alguns vinhos bases, sem esquecer os licorosos que deram fama à ilha… enfim, tudo isso, e mais, foi testado ao longo dos anos e deu lugar a marcas distintas de vinhos, quase todos já esgotados.

Os vinhos e as marcas foram-se sucedendo, sempre privilegiando as castas Arinto, Verdelho e Terrantez em múltiplas declinações: foi o Arinto dos Açores, em versão sur lies ou em versão solera, vinhos de mais do que uma ilha e de mais do que uma colheita, mas também os vinhos de zonas e vinhas, caso do Canada do Monte, depois a Vinha Centenária, mais recentemente o Vinha dos Utras e a novidade última com o excelente Vinha dos Aards. Insistimos na tese: o portefólio extenso da AWC reflete essa busca pelo vinho perfeito, da viticultura à enologia, e esse é dos maiores legados que a empresa nos deixa. Para o futuro, fruto da experiência acumulada, é expectável que a gama se reduza e consolide.

Azores Wine Company

 

Parte do sucesso do enoturismo desta casa deve-se ao emprenho da sua responsável, Judith Martin

 

 

A adega e as novas vinhas
A parte final de toda essa experiência já foi possível numa nova adega, que começou a ser idealizada e construída em 2018 e inaugurada no primeiro semestre de 2021. Adega não… Falamos de um edifício que dispõe de alguns quartos cuidadosamente decorados e de um restaurante panorâmico que elevou o nível gastronómico da ilha (o sucesso do enoturismo deve-se muito também à sua responsável, Judith Martin), cuja adega propriamente dita é utilizada por outros produtores locais. Dizer, assim, que esse edifício é apenas uma adega é, como vimos, redutor. É, isso sim, um dínamo para a região, atraindo turistas da natureza, gourmets arreigados, e amantes do vinho, produtores e consumidores. A adega tem as melhores condições da região e uma capacidade para 250 mil litros. Por ora, e como acima já se referiu, a média anual de vinificação para as marcas da AWC cinge-se a valores entre 1/4 a 1/5 dessa capacidade. Já houve anos, como 2018 e 2019, em que a produção foi muito superior, mas, ainda assim, muito abaixo da produção média do continente. Com efeito, a experiência demonstra que os volumes anuais de uva nos Açores raramente são constantes, tanto em quantidade como no próprio estado sanitário, existindo anos mais molhados que outros. Mas não se pense que isso é mau, pois acarreta diversidade nos perfis. Enquanto os anos mais secos dão origem a mostos mais limpos, com fruta mais viva e directa, os anos mais molhados – anos clássicos nos Açores – contribuem com mostos com mais cor e aromas mais complexos de oxidação.

À volta da adega existem 50 hectares de vinha, às quais se soma a de São Mateus de que já falámos e onde tudo começou, e ainda várias parcelas no Lajido da Criação Velha. Mas, uma vez mais, António e Filipe não ficaram parados e procuraram um novo local para desbastar. Encontraram-no numa fajã criada pela erupção de 1562 na Baía de Canas, entre a vila de S. Roque e a Prainha, na zona norte da ilha. O que agora é uma vinha com três anos, era tudo mato, num total de 40 hectares, onde se plantou sobretudo vinhas tintas, caso do Bastardo, Rufete, Castelão e Saborinho, todas castas com alguma ligação a outras castas presentes nos Açores. António e Filipe dizem que, neste local, a vinha está plantada num chão sem matéria orgânica, pelo que o desafio é enorme, mais a mais tendo em consideração que a associação de tintos à ilha do Pico é menor do que a de brancos.

 

 

 

 

Provas e mais provas
Um dia com António Maçanita é sinónimo de provar dezenas de vinhos, e outras tantas amostras retiradas diretamente de barricas e cubas (aqui quase todas horizontais). Tivemos o privilégio de provar todas as colheitas de quase todas as referências da AWC, um verdadeiro festim de vinhos brancos, frescos, ácidos e maravilhosamente salinos! Mais um outro tinto (muito bom o raro Saborinho, sobretudo na colheita de 2015), aberto na cor e elegante na prova, e alguns licorosos de grande nível. Fizemos o percurso que acima identificámos como aquele que António atravessou até chegar aos seus melhores vinhos. Provar o Vinha dos Aards e o Vinha dos Utras, os dois topos de gama, é sentir que houve um caminho anterior, que continua com os vinhos Canada do Monte e o Vinha Centenária, igualmente soberbos. São todos belíssimos, com carácter açoriano, com os primeiros a serem quase sublimes. Muitas provas depois, ficámos com a certeza de que do Pico, e da AWC, saem alguns dos melhores brancos de Portugal.

(Artigo publicado na edição de Fevereiro de 2024)

Cerimónia do Guia Michelin pela primeira vez em Portugal

michelin

A primeira cerimónia de atribuição dos prémios do Guia Michelin, exclusiva para Portugal, decorreu recentemente no Palácio dos Congressos em Albufeira, e foi apresentada por Catarina Furtado. No evento, foi anunciado mais um restaurante com duas estrelas, o Antiqvvm, do chef Vitor Matos, no Porto, que ostentava já uma, e mais quatro novos restaurantes com […]

A primeira cerimónia de atribuição dos prémios do Guia Michelin, exclusiva para Portugal, decorreu recentemente no Palácio dos Congressos em Albufeira, e foi apresentada por Catarina Furtado.

No evento, foi anunciado mais um restaurante com duas estrelas, o Antiqvvm, do chef Vitor Matos, no Porto, que ostentava já uma, e mais quatro novos restaurantes com uma estrela: o Two Monkeys, dos chefs Vítor Matos e Francisco Quintas e o Sála, de João Sá, ambos em Lisboa, o Desarma, de Octávio Freitas, no Funchal, e o Ó Balcão, de Rodrigo Castelo, em  Santarém. Este último adicionou, ao currículo, uma estrela verde, de sustentabilidade, à semelhança da Malhadinha Nova, no Alentejo, que também se estreou na constelação Michelin.

Assim, a partir de agora há oito restaurantes com duas estrelas Michelin (“cozinha excelente, vale a pena o desvio”) e 31 ostentam uma estrela (“cozinha de grande nível, merece uma paragem”). Destes, quatro entraram para o lugar de três que saíram da lista. Ao todo há, atualmente, 39 restaurantes com direito a estrela à porta.

No primeiro guia reservado exclusivamente a Portugal, cuja gastronomia ganha independência em relação ao vizinho ibérico, Rita Magro, do Blind (Porto), onde trabalha com o chef Vítor Matos, recebeu o prémio Jovem Chef, na estreia de atribuição de prémios especiais, três ao todo, em Portugal. Pedro Marques, responsável de sala do restaurante The Yeatman, em Vila Nova de Gaia, foi o vencedor da categoria “sala” e Leonel Nunes, do restaurante Il Gallo D’Oro, do Funchal, foi considerado o melhor sommelier.

Quase cem anos depois da atribuição das primeiras estrelas entre nós, o que aconteceu, em 1929, para o Santa Lusia, em Viana do Castelo, e para o Hotel Mesquita, em Famalicão, a alta cozinha nacional tem novos motivos para celebrar, com a primeira edição exclusivamente portuguesa do Guia Michelin.

RESTAURANTES DISTINGUIDOS PELO GUIA MICHELIN

Com duas estrelas

NOVO Antiqvvm (Porto, chef Vítor Matos)

Alma (Lisboa, chef Henrique Sá Pessoa)

Belcanto (Lisboa, chef José Avillez)

Casa de Chá da Boa Nova (Leça da Palmeira, chef Rui Paula)

Il Gallo d’Oro (Funchal, chef Benoît Sinthon)

Ocean (Alporchinhos, chef Hans Neuner)

The Yeatman (Vila Nova de Gaia, chef Ricardo Costa)

Vila Joya (Albufeira, chef Dieter Koschina)

 Com uma estrelas

Two Monkeys (Lisboa, chefs Vítor Matos e Francisco Quintas)

Desarma (Funchal, chef Octávio Freitas)

Ó Balcão (Santarém, Rodrigo Castelo)

Sála (Lisboa, João Sá)

100 Maneiras (Lisboa, chef Ljubomir Stanisic)

A Cozinha (Guimarães, chef António Loureiro)

Al Sud (Lagos, chef Louis Anjos)

A Ver Tavira (Tavira, chef Luís Brito)

Bon Bon (Carvoeiro, chef José Lopes)

CURA (Lisboa, chef Pedro Pena Bastos)

Eleven (Lisboa, chef Joachim Koerper)

Encanto (Lisboa, chef José Avillez)

Epur (Lisboa, chef Vincent Farges)

Esporão (Reguengos de Monsaraz, chef Carlos Teixeira)

Euskalduna Studio (Porto, chef Vasco Coelho Santos)

Feitoria (Lisboa, chef André Cruz)

Fifty Seconds by Martín Berasategui (Lisboa, chef Rui Silvestre)

Fortaleza do Guincho (Cascais, chef Gil Fernandes)

G Pousada (Bragança, chef Óscar Gonçalves)

Gusto by Heinz Beck (Almancil, chef Libório Buonocore)

Kabuki Lisboa (Lisboa, chef Sebastião Coutinho)

Kanazawa (Lisboa, chef Paulo Morais)

LAB by Sergi Arola (Sintra, chefs Sergi Arola e Vladimir Veiga)

Le Monument (Porto, chef Julien Montbabut)

Loco (Lisboa, chef Alexandre Silva)

Mesa de Lemos (Viseu, chef Diogo Rocha)

Midori (Sintra, chef Pedro Almeida)

Pedro Lemos (Porto, chef Pedro Lemos)

Vila Foz (Porto, chef Arnaldo Azevedo)

Vista (Portimão, chef João Oliveira)

William (Funchal, chef Luís Pestana)

Com estrela verde

Ó Balcão (Santarém)

Malhadinha Nova (Albernoa)

Esporão (Reguengos de Monsaraz)

Mesa de Lemos (Passos de Silgueiros)

Il Galo d’Oro (Funchal)

Artemis: Do Dão para o Algarve e Douro

artemis

António Vicente Marques é um advogado e empresário, com uma carreira de sucesso e escritórios em Angola, Portugal e Moçambique. Criado pelo avô e avó em Carregal do Sal, no Dão, a nostalgia da sua infância e o seu amor à Natureza levou-o a regressar a casa, depois de uma vida cheia de experiências em […]

António Vicente Marques é um advogado e empresário, com uma carreira de sucesso e escritórios em Angola, Portugal e Moçambique. Criado pelo avô e avó em Carregal do Sal, no Dão, a nostalgia da sua infância e o seu amor à Natureza levou-o a regressar a casa, depois de uma vida cheia de experiências em diversos países e continentes.

Investiu pacientemente na compra e junção de propriedades, para finalmente lançar em 2017 os seus vinhos do Dão. A empresa chama-se Artemis, mas a marca Dom Vicente é uma homenagem ao avô, tal como os novos Douro se chamam Dona Amélia, para homenagear a avó. Previamente tinha comprado propriedades no Algarve, em Luz de Tavira, onde desde logo a proximidade do mar, a menos de 1km, o levou a plantar, em 2017, castas adequadas à produção de espumante: Baga, Arinto, Síria e Encruzado.

artemis

 

Os primeiros vinhos algarvios são de 2019. Em 2020 fez os primeiros vinhos do Douro, de uvas compradas. Entretanto António comprou já uma quinta no Douro, em Nagoselo, junto a São João da Pesqueira, são 4,5ha de vinhas. A adega foi construída em 2023, e esta vindima já foi feita na nova adega. A vinha tem Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Tinta Barroca, mas esta vai ser reconvertida em Sousão.

As uvas do tinto de 2020 provêm da mesma zona, assegurando desde o princípio a identidade do vinho. Foi numa tarde chuvosa que o experiente enólogo António Narciso se juntou a António Vicente Marques no interessante e pitoresco restaurante Graça 77, em Lisboa, para junto com uma comida sensata e saborosa se provarem os novos vinhos da Artemis. A gama da Artemis é vasta, e mais novidades devem chegar em breve.

 

(Artigo publicado na edição de Janeiro de 2024)

 

Quinta do Pessegueiro: Do Douro para o mundo

Pessegueiro

À mesa do restaurante esperavam-nos Célia Varela — a directora-geral que deixou o ensino para se dedicar em exclusivo a este projecto desde a sua fundação — António Beleza, o director comercial (um profissional com uma vasta experiência na comercialização de vinhos, que integrou a equipa em 2013) e, por fim, o enólogo João Cabral […]

À mesa do restaurante esperavam-nos Célia Varela — a directora-geral que deixou o ensino para se dedicar em exclusivo a este projecto desde a sua fundação — António Beleza, o director comercial (um profissional com uma vasta experiência na comercialização de vinhos, que integrou a equipa em 2013) e, por fim, o enólogo João Cabral Nicolau de Almeida, sobejamente conhecido no Douro, descendente de uma vasta e renomada linha de enólogos que marcaram a história da região.
Os semblantes abertos, descontraídos e quase radiantes prometiam boas notícias e melhores novidades. Numa mão traziam uma boa notícia, a Quinta do Pessegueiro deverá voltar a encerrar o ano de 2023 com um volume de negócios na ordem de um milhão de euros. Muito embora o actual contexto económico internacional ter provocado, como referiu António Beleza, “um pouco de recessão de consumo, sobretudo no que respeita aos vinhos de preço mais elevado”. Para 2024, o responsável comercial estimou um crescimento entre 10 e 15%, face ao corrente ano, despoletado, entre outros factores, pela solidificação da marca nos diferentes mercados, a entrada em novos países e pelo lançamento das novas referências vínicas. O objectivo passará pelo alavancamento das exportações e levar o nome da Quinta do Pessegueiro, situada em Ervedosa do Douro, a diversos países do mundo.
Com estas notícias estava dado o mote para a apresentação de quatro novos vinhos com que esperam atingir os objectivos. Um deles, o Quinta do Pessegueiro branco 2022 mostra aptidão gastronómica combinando facilmente com qualquer refeição, desde os pratos mais simples aos mais compostos.

Pessegueiro
A segunda novidade apresentada foi o Quinta do Pessegueiro Grande Reserva Tinto 2019. Trata-se de um vinho muito especial, cheio de carácter duriense capaz de mostrar bem, no plano internacional, a sua identidade. Oxalá assim o entendam.
Uma outra notícia divulgada em primeira mão estava ligada à monocasta Tinta Roriz, do ano de 2021, e produzido a partir de uma vinha com cerca de 45 anos, com exposição a poente, a 300 metros de altitude. Nas palavras do enólogo, este vinho tratou-se de “uma conquista porque há muito que a Quinta do Pessegueiro almejava produzir uma das castas mais conhecidas e plantadas na Península Ibérica, mas que exige um trato muito especial para se conseguir um vinho distinto”.
Por fim, provámos vinho do Porto Quinta do Pessegueiro LBV datado de 2018, um interessante exemplar que envelheceu durante 4 anos antes de ser engarrafado e apresentou muitas notas de frutos vermelhos e aromas de bosque.
No total, serão disponibilizadas cerca de 1000 garrafas do Tinta Roriz 2021 para o mercado, enquanto o Quinta do Pessegueiro tinto 2019 terá uma produção de 16 mil garrafas. Do Quinta do Pessegueiro branco 2022 serão produzidas 1200 garradas, e do Porto LBV 2018 terá serão postas à venda pouco mais de 4000 garrafas.

(Artigo publicado na edição de Janeiro de 2024)

Alves de Sousa: MEMÓRIAS Os capítulos de uma história perfeita

Alves de Sousa

Domingos Alves de Sousa, nos anos 80, esteve destinado a outras façanhas na sua área de formação académica, a Engenharia Civil. Quis a boa fortuna que os astros se tenham conciliado para o levar para a vitivinicultura, onde implementou, após emancipação do negócio que levava a família a vender uva às grandes casas durienses, uma […]

Domingos Alves de Sousa, nos anos 80, esteve destinado a outras façanhas na sua área de formação académica, a Engenharia Civil. Quis a boa fortuna que os astros se tenham conciliado para o levar para a vitivinicultura, onde implementou, após emancipação do negócio que levava a família a vender uva às grandes casas durienses, uma forma de olhar sobre o Douro como região apta a criar vinhos tranquilos de enorme qualidade e potencial de notoriedade que os colocasse ao nível dos vinhos do Porto. O chamamento da terra e o rigor técnico, tornaram-no um dos mais notáveis e reputados produtores nacionais, um dos nomes maiores do vinho português.
Abandonando a actividade profissional em 1987, aceitou o legado de vinhas no Baixo Corgo, que herdou da família, prestando juramento eterno à nobre arte de criar vinhos referenciais, lançando as bases para um novo paradigma duriense de dar ao mundo vinhos tranquilos plenos de personalidade, reflexo de uma região onde a viticultura é heroica. O Cima Corgo é adoptado mais tarde, através da aquisição da Quinta da Oliveirinha à irmã e cunhado. A partir daqui, estavam reunidos todos os predicados para completar a obra.

Alves de Sousa
Desde o prefácio, iniciado em 1991 com o lançamento do primeiro vinho, muitos foram os capítulos escritos nestes trinta anos, todos eles de notório sucesso. E já lá vão 30 anos!
Para celebrar a última das três décadas dedicadas ao vinho, Domingos Alves de Sousa, cuja caminhada segura é agora acompanhada pelos seus dois filhos, Tiago, que assume de forma plena a enologia, e Patrícia, a responsável financeira por manter as contas em dia, lança agora a segunda edição do “Memórias” Alves de Sousa, uma compilação vínica onde se condensaram num único vinho os testemunhos de 10 anos dos seus maiores tributos. Uma década onde cada vinho conta um capítulo de vinhas (Gaivosa, Abandonado, Lordelo, Vale da Raposa, Caldas e Oliveirinha) e dos vinhos que delas brotaram.
O “Memórias conta-se em 7 capítulos de sentido cronologicamente decrescente. O seu I Capítulo nasce do Quinta da Gaivosa, Vinha do Lordelo 2019, a mais velha vinha da Gaivosa, onde 30 castas autóctones, plantadas em conjunto, pintam um quadro sublime e raro, que estabelece um diálogo entre os solos, a vinha e o clima, potenciado por uma vinificação onde se destacam castas à beira da extinção e o estágio de 22 meses em barricas de carvalho francês, metade novas e metade usadas de segundo ano.
Há um II Capítulo que se mostra como dedicatória à Tinto Cão, casta autóctone duriense, capaz de se afirmar em vinhos de perfil elegante, cor mais aberta, mas profundamente autênticos. Vale da Raposa Tinto Cão 2018 é uma página de um percurso do campo experimental nesta vinha para o estudo das castas, concebido em 1999, onde a Tinto Cão assumiu, desde início, um papel de destaque.

A terceira parte, faz-nos subir ao Cima Corgo, onde o Vinha Franca 2017 da Quinta da Oliveirinha, se expressa, dando predominância à Touriga Franca, polvilhada por breves apontamentos das demais castas autóctones. Foram necessários dez exaustivos anos de estudo para uma total compreensão dos solos e vinhas, nesta que era a primeira incursão de Alves de Sousa no Cima Corgo. Com um perfil de um Douro mais clássico, e quente, este retalho do “Memórias”, exala a vertente floral e a suculência da fruta, com um toque de pimenta preta.
Para o IV Capítulo ficou destinado um ano improvável, 2016, que, mostrando amplitudes térmicas elevadas, conseguiu alcançar uma elegância notável no Quinta da Gaivosa Vinha do Lordelo 2016. Aqui, o destaque foi potenciado pela Tinta Amarela, outra das castas que esteve em risco de extinção e, actualmente, volta a surgir, conferindo elevada frescura e autenticidade ao lote.
O Quinta da Gaivosa 2015, encerra o V Capítulo, trazendo a expressividade da origem de tudo, onde as vinhas pré-centenárias observam o Marão e a floresta desenha nos vinhos um carácter inimitável e terroso.

Alves de Sousa
O testemunho da resiliência, surge no “Memórias” contado pelo Abandonado 2013, um vinho impossível, nascido de vinhas cujas raízes venceram a dureza xistosa, onde nenhuma outra vegetação resiste, apenas a vinha velha que apruma a personalidade do Douro.
O derradeiro Capítulo ficou reservado para o Alves de Sousa Reserva Pessoal, encerrando com o magnífico ano de 2011 os sete passos das Memórias de uma década de afirmação nacional e internacional, onde a marca Alves de Sousa é, hoje, garantia de valor maior e seguro do Douro.
“Memórias” Alves de Sousa, mais que um vinho, é um manifesto de uma carreira ao longo da qual nos foram ofertados alguns dos melhores vinhos portugueses. “Memórias”, une as partes para criar um vinho majestoso.

(Artigo publicado na edição de Janeiro de 2024)

 

2015 é ano de Barca-Velha

Barca - Velha

A mais recente edição de Barca-Velha, um dos vinhos mais icónicos de Portugal, irá chegar ao mercado em Junho próximo. Desde 1952, até hoje, apenas foram lançadas 21 referências, de um tinto que é o expoente máximo da Casa Ferreirinha. “Graciosidade, carácter e persistência” são alguns dos adjetivos que o enólogo Luís de Sottomayor utiliza […]

A mais recente edição de Barca-Velha, um dos vinhos mais icónicos de Portugal, irá chegar ao mercado em Junho próximo. Desde 1952, até hoje, apenas foram lançadas 21 referências, de um tinto que é o expoente máximo da Casa Ferreirinha.

“Graciosidade, carácter e persistência” são alguns dos adjetivos que o enólogo Luís de Sottomayor utiliza para descrever um vinho que destaca pela sua “impressionante capacidade de guarda”. Foi isso que ditou a decisão final de lançamento do Barca-Velha 2015.

Declarado apenas em anos verdadeiramente excecionais, o Barca-Velha é, desde a sua criação, produzido a partir de uvas selecionadas em diferentes altitudes no Douro Superior. A Quinta da Leda, com 170 hectares de vinha, dá atualmente origem à maior parte do lote, que é composto por castas tradicionais da região.

“O anúncio de um novo Barca-Velha é sempre um momento muito especial e de enorme alegria”, salienta Fernando da Cunha Guedes, presidente da Sogrape, acrescentando que “por um lado, há o orgulho de ver nascer um dos mais emblemáticos e reconhecidos vinhos nacionais e, por outro, a consciência do cuidado imprescindível para escrever um novo capítulo, nesta história sem igual no setor vitivinícola”.