Adega Mayor: Pai Chão, agora em branco

A Adega Mayor foi criada no Alentejo, em 2007, por Rui Nabeiro, nas terras de Campo Maior, onde também existem instalações da Delta, marca de café famosa há décadas e presente em todo o país. O legado deixado pelo “Sr. Rui”, como aparece na documentação da empresa, está a ser continuado pelo filho e a […]
A Adega Mayor foi criada no Alentejo, em 2007, por Rui Nabeiro, nas terras de Campo Maior, onde também existem instalações da Delta, marca de café famosa há décadas e presente em todo o país. O legado deixado pelo “Sr. Rui”, como aparece na documentação da empresa, está a ser continuado pelo filho e a neta Rita. Ainda que o sector dos vinhos represente apenas uma pequena fracção da facturação da empresa, isso não diminuiu em nada o empenho e o profissionalismo que aqui se verifica. O edifício da adega, desenhado pelo arquitecto Siza Vieira, os cuidados na viticultura, o estudo e a escolha das castas a usar e o minucioso trabalho de adega, tudo por aqui é muito profissional, procurando, em terras que antigamente sempre foram de cereais, fazer vinhos de muita qualidade. Depois da criação do Pai Chão tinto surge agora no mercado o Pai Chão na versão em branco. A aventura vínica começou há 17 anos e Paulo Laureano e Rui Reguinga são enólogos que já foram responsáveis pelos vinhos. Hoje é Carlos Rodrigues que está encarregue de gerir o puzzle das castas e os ensaios com variedades não características do Alentejo, como a Galego Dourado e o entender de diferentes terroirs, com as parcelas da serra de São Mamede – vinhas em altitude – a contribuírem também para o desenho dos vinhos.
O momento de apresentação do novo Pai Chão não foi um simples lançamento de uma marca nova. Foi a ocasião para reunir cerca de 100 pessoas que, por uma razão ou outra, fazem parte do percurso da Adega Mayor. Foi também o momento escolhido para apresentar uma brochura do escritor José Luis Peixoto, em modo de folheto que acompanha o vinho quando comprado em caixa de madeira. O texto é, naturalmente, alusivo à videira, ao vinho e ao ciclo da planta, à passagem do tempo, ao repouso e vida que nos envolve e entusiasma. O escritor esteve presente e, por momentos, esteve em palco para falar sobre o tema. Não só Rita Nabeiro falou e apresentou o vinho, também o pai esteve presente e deixou palavras para o fundador da empresa.
(Artigo publicado na edição de Fevereiro de 2025)
Esta iniciativa reúne os melhores produtores nacionais de espumantes com denominação de origem, e conta com um conjunto de actividades, nomeadamente provas comentadas e de harmonização com iguarias. Será um evento sofisticado e muito inspirado no universo da época dourada dos primeiros anos do século XX, no cenário místico, clássico e grandioso que caracteriza o […]3ª edição do Millèsime na Curia é já na próxima semana
Esta iniciativa reúne os melhores produtores nacionais de espumantes com denominação de origem, e conta com um conjunto de actividades, nomeadamente provas comentadas e de harmonização com iguarias. Será um evento sofisticado e muito inspirado no universo da época dourada dos primeiros anos do século XX, no cenário místico, clássico e grandioso que caracteriza o Curia Palace Hotel.
Cada produtor terá um espaço próprio para mostra e degustação dos seus espumantes. Além do universo dos espumantes, o visitante poderá ainda usufruir da mostra e venda de iguarias, típicas da Região da Bairrada, que harmonizam com espumante, bem como os doces típicos. Estão ainda previstos alguns momentos de animação no decorrer do evento.
Com o objectivo de incentivar e promover o consumo no comércio e serviços locais de todo o concelho de Anadia, o Município de Anadia promove este ano a acção “Participe no Millèsime – Encontro Nacional de Espumantes e ganhe Vales de Compra no Comércio Local”.
Esta campanha consiste na atribuição de vales de compras no valor de 5€ para o comércio local, a cada participante que adquira um bilhete para o evento “Millèsime – Encontro Nacional de Espumantes”. O Vale só pode ser descontado em compras iguais ou superiores a 20€ nos estabelecimentos aderentes.
A entrada no evento tem um valor de 10 euros por dia ou 15 euros para os dois dias de visita. No dia 29, o horário de funcionamento é das 15h00 às 20h00, e no dia 30, das 15h00 às 19h00.
Lista de Expositores presentes no evento:
ADEGA DE CANTANHEDE
ADEGA DE FAVAIOS
ADEGA RAMA
ALIANÇA
ALIEIXO WINES – REAL CAVE DO CEDRO
APLAUSO & REGATEIRO & PEDRA CANCELA
ATAÍDE SEMEDO
BIRTUDES
BORLIDO
CAMPOLARGO
CASA DO CANTO
CASA DOS AMADOS
CAVE CENTRAL DA BAIRRADA
CAVES ARCOS DO REI
CAVES DA MONTANHA
CAVES PRIMAVERA
CAVES SÃO DOMINGOS
CAVES SÃO JOÃO
COOPERATIVA AGRÍCOLA DO TÁVORA – ESPUMANTES TERRAS DEMO
ENCONTRO / CABRIZ / CASA DE SANTAR VINHOS
FUNDAÇÃO EUGÉNIO DE ALMEIDA
GALLIUS – BRUTO NATURAL
GIZ
KOMPASSUS BOUTIQUE WINERY
LENDA E MORGADO DO BUSSACO
LUÍS PATO
MARIA CARVALHEIRA – CARVALHEIRA WINECREATORS
MESSIAS FAMILY WINES & ESTATES
MURGANHEIRA
PEDRA SÓ
PGA – TRABUCA
PRIOR LUCAS VINHOS
QUATRO CRAVOS
QUINTA DA ATELA
QUINTA DA LABOEIRA
QUINTA DA LAGOA VELHA
QUINTA DA MATA FIDALGA
QUINTA DAS BÁGEIRAS
QUINTA DE SANTA CRISTINA
QUINTA DO ORTIGÃO
QUINTA DO PERDIGÃO
QUINTA DOS ABIBES
RAPOSEIRA
RIBEIRO SANTO
SOALHEIRO
VÉRTICE
VINHA DAS PENICAS
VINHOS ANTÓNIO MARINHA
VINHOS SIDÓNIO DE SOUSA
Enoturismo: Madeira – Uma pérola cheia de surpresas

A ilha da Madeira oferece, aos seus visitantes, uma experiência única e bastante diversificada no que se refere ao turismo vitinícola. Para além de permitir mergulhar a vista em paisagens de sonho e absorver uma cultura vínica ancestral, o seu principal encanto é precisamente a possibilidade de uma vivência de experiências contrastantes, todas elas ricas […]
A ilha da Madeira oferece, aos seus visitantes, uma experiência única e bastante diversificada no que se refere ao turismo vitinícola. Para além de permitir mergulhar a vista em paisagens de sonho e absorver uma cultura vínica ancestral, o seu principal encanto é precisamente a possibilidade de uma vivência de experiências contrastantes, todas elas ricas de histórias e autenticidade.
Estamos em presença de uma nova forma de conhecer a ilha, desfrutando de espaços que oferecem serviços e funcionalidades que podem ir de uma simples visita com prova de vinhos, a actividades recreativas, passando por experiências eno-gastronómicas e alojamentos em sítios idílicos. Há de tudo, para todos os gostos e (quase) todas as bolsas e não faltam bons exemplos de novas abordagens e descobertas inovadoras. Nesta edição trazemos ao leitor a primeira parte de uma visita memorável.
Boneca de Canudo
Foi no meio de uma disputa familiar sobre o destino a dar a uma pequena parcela de vinha em Santo da Serra, pitoresco vilarejo dividido entre os concelhos de Santa Cruz e Machico, que Elsa Franco, engenheira civil de formação, impôs a sua vontade de se dedicar à produção de vinhos tranquilos e, depois, de vinhos da Madeira. A expressão zombeteira com que foi, na altura, mimoseada – “Lá vem esta boneca de canudo” – serviu de mote e inspiração ao projecto, que hoje lidera com visível orgulho.
Como acontece quase sempre na Madeira, estamos a falar de pequenas áreas de vinha que totalizam 13 hectares, divididas por Santo da Serra, Machico e Ponta do Sol. Tudo começou em 2006, quando Elsa Franco começa a conversão das vinhas para produzir vinhos secos: Touriga Nacional, Merlot e Syrah são as tintas escolhidas. Nas brancas mantém o tradicional Verdelho, mas arrisca a inovação de introduzir o Chenin Blanc. Em 2013 faz a sua primeira vindima e, no ano seguinte, começa a comercialização dos primeiros vinhos produzidos, apenas 500 garrafas. No processo de produção Elsa teve o apoio da Justino’s, mas está em projecto a edificação de um nova adega em Machico, daqui a três anos. Entretanto uma nova experiência, com uvas da casta Caracol vindas da ilha de Porto Santo, permitiu fazer, em 2022, um vinho branco singular que, parafraseando o poeta, “primeiro estranha-se e depois entranha-se”. O próximo passo é a produção de um vinho Madeira nas versões de meio doce e meio seco que tivemos oportunidade de provar. A intenção de crescer é evidente e a distribuição, que até agora tem estado confinada a alguns restaurantes na Madeira, arrisca agora na exportação e no mercado do continente, de que a sua presença na última edição da feira Grandes Escolhas Vinhos & Sabores foi um exemplo de vontade.
Na Boneca de Canudo, o Enoturismo ainda está a dar os primeiros passos. Disponível para já estão as instalações de Santo da Serra, onde estivemos, em que o visitante pode ter uma experiência com visita às vinhas e ao pomar, uma prova de vinhos acompanhada por pão caseiro, queijos, enchidos e frutos secos, para além de chocolates próprios, azeite e mel.
Boneca de Canudo
Morada: Santo da Serra, Machico
E-mail: geral@bonecadecanudo.com
Tel.: + 351 969 237 520
Prova de Essência – Inclui vinhos, queijos, enchidos regionais, pão e frutos secos: 25€
A oferta inclui visita às vinhas e ao pomar e prova de vinhos acompanhada por pão caseiro, queijos, enchidos e frutos secos, para além de chocolates próprios, azeite e mel
Quinta de Santa Luzia
Nos arredores do Funchal, dispondo de uma vista soberba sobre a cidade e a baía, a Quinta de Santa Luzia é uma propriedade agrícola na posse da família Blandy há quase 200 anos (adquirida em 1826). Possui uma pequena área de vinha arrendada, de apenas um hectare, num patamar ligeiramente inclinado de rara beleza. As vinhas são destinadas à produção de vinho da Madeira, pelo que as castas plantadas são as tradicionais: Terrantez, Sercial, Boal e Verdelho, sendo que estas duas últimas são as mais adaptadas ao local. Integrada nesta propriedade está a unidade de Agro Turismo denominada Quinta das Malvas, que possui alojamento com seis quartos com nomes de ervas aromáticas e mais uma villa independente com oito quartos. No dia da nossa visita fomos recebidos e guiados, num curto mas interessente passeio, por Emily Blandy, responsável pelo Enoturismo da Madeira Wine Company, de que a Blandy’s faz parte.
A propriedade, vocacionada para o turismo de qualidade, revela uma natureza acolhedora, onde o verde da paisagem e o azul do Atlântico, a majestade das frondosas arvores centenárias, os pitorescos recantos dos seus jardins e a arquitectura inglesa colonial dos vetustos edifícios compõem uma atmosfera singular de charme, convidativa à contemplação e ao lazer.
O empreendimento disponibiliza um conjunto alargado de serviços, que começa na prova clássica de quatro vinhos Madeira Blandy’s 10 anos, Sercial, Verdelho, Boal e Malvasia, com o custo por pessoa de 37,50€, Estão ainda disponíveis outras provas de vinho Madeira, como verticais de Verdelho e Boal com 5, 10 e 15 anos, para além do Colheita de 2011, ao preço de 60€. Pode ainda o turista usufruir de refeições privadas para pequenos grupos, confecionadas pelo chefe Filipe Janeiro, com seis momentos, harmonizadas com os vinhos tranquilos Atlantis, depois de visita guiada à quinta, pelo custo unitário de 195€. Na época própria há ainda possibilidade de programas de vindimas com a duração de quatro horas, almoço incluído. Na mansão Quinta das Malvas, renovada em 2004, vigora o sistema de bed and breakfast, com utilização opcional de cozinha e outros equipamentos e a possibilidade de marcação de sessões de massagens e yoga.
Quinta de Santa Luzia
Morada: Rua de Santa Luzia, 113, Funchal
Site: www.quintadesantaluzia.com/pt
Tel. : + 351 291 281 663
Programas de provas de vinhos, visitas, refeições, a partir de 37,50€ por pessoa. Estadia na Quinta das Malvas em regime de bed and breakfast a partir de 90€ (época baixa)
Nos arredores do Funchal, dispondo de uma vista soberba sobre a cidade e a baía, a Quinta de Santa Luzia é uma propriedade agrícola na posse da família Blandy há quase 200 anos
Quinta das Vinhas
No Estreito da Calheta, encosta sul da ilha, a Quinta das Vinhas é uma propriedade com cerca de quatro hectares, pertença da família Welsh desde o século XVII. Existe documentação que situa o ano de 1675 como aquele em que esta família de ascendência inglesa tomou posse da propriedade. Esteve, desde sempre, ligada à actividade agrícola, primeiro com o cultivo da cana de açúcar e mais tarde com vinha. Nas primeiras décadas do século XX, a quinta esteve alugada ao Instituto do Vinho da Madeira, que ali implantou um campo ampelográfico experimental com a finalidade de estudar adaptação das diversas castas ao terroir da Madeira. Foi este projecto que permitiu a plantação de cerca de 70 castas vínicas e de sobremesa espalhadas por diversas parcelas e pequenos patamares, que deu justificação ao nome que hoje ostenta. Este contrato durou até 2017, findo o qual as vinhas passaram para o controlo dos donos, que lhe imprimiram uma orientação diferente convertendo-as em biológicas seguindo os princípios da biodinâmica. Na fase actual, segundo explicou Isabel Freitas, responsável pela gestão da propriedade, procura-se um compromisso entre a preservação da herança recebida e a sua exploração, com fortes preocupações ambientais. Isto significa uma avaliação cuidada e permanente da viabilidade das diversas castas, perante condições particulares de humidade entre 60 e 70%, privilegiando, naturalmente, aquelas que demonstram mais aptidão para a produção de vinhos de qualidade.
Em 2021 foi lançado o primeiro vinho fruto da agricultura biológica, um branco Verdelho da marca Fanal, um projecto experimental feito em colaboração com a Justino’s, a que se seguiu, em 2023, um blend de Verdelho e Boal. Em sentido inverso, as castas Terrantez e a Tinta Negra têm sido abandonadas por inaptidão, enquanto aposta recente aponta para o Bastardo e Malvasia Cândida. Comum a estes desenvolvimentos é a preocupação permanente de respeitar o ecossistema e introduzir a biodiversidade, ao mesmo tempo que se adicionam, através de aquisição, novas parcelas de vinhas à propriedade.
Mas a Quinta das Vinhas está hoje longe de se esgotar na sua vertente agrícola. Em 1997, os proprietários procederam à recuperação da Casa Mãe e a receber, a partir daí, os seus primeiros hóspedes. Depois da restauração do edifício principal e de um outro anexo, foram recuperadas ou construídas de raiz novas habitações, chamadas Casinhas Mezanines, com quarto e kitchenette e Apartamentos mais amplos para famílias numerosas, espalhadas pelos socalcos, proporcionando alojamentos familiares independentes que garantem comodidade, mesmo para estadias mais longas, e a privacidade que o perfil dos turistas reclama. Todos os quartos estão virados a sul e têm vista para o jardim e/ou vinha, e os dos pisos superiores têm também vista para o mar. Os quartos do andar térreo da casa principal oferecem, aos hóspedes, acesso direto ao terraço e à área da piscina. No total a quinta pode alojar até 70 hóspedes. Os quartos do anexo têm vistas sobre a vinha e o mar e uma área de estar privada no exterior. Pormenor curioso revelador da filosofia do projecto é a ausência de televisão em todos os quartos. O Restaurante Bago, localizado no topo da quinta, completa a oferta turística da propriedade, oferecendo uma esplanada com vista sobre a vinha até ao mar. Aberto aos jantares, pratica uma cozinha de fusão com toque local. O visitante, além das refeições, pode fazer provas de vinhos produzidos exclusivamente a partir das uvas da quinta.
Quinta das Vinhas
Morada: Estrada Regional 223, 136, Calheta
Tel.: +351 291 824 086
E-mail: infoqdvmadeira.com
Provas de três vinhos a partir de 25€.
Restaurante aberto diariamente a partir das 17:00 horas para chá e bebidas e. a partir das 18:00. para jantares. Alojamentos a partir de 120€
No Estreito da Calheta, encosta sul da ilha, a Quinta das Vinhas é uma propriedade com cerca de quatro hectares, pertença da família Welsh desde o século XVII
HM Borges
Em pleno centro do Funchal situa-se uma das mais conhecidas empresas de produção de vinho da Madeira, a H. M. Borges. Fundada em 1877 por Henrique Meneses Borges, mantém-se, desde essa data, na posse da mesma família. Hoje, na direcção da casa encontram-se duas primas, Helena e Isabel Borges, representantes da quarta geração. O edifício contempla, no mesmo espaço físico, a sede social, o centro de visitas, caves de envelhecimento e uma loja. Está em funcionamento numa das ruas mais movimentadas da cidade desde 1924.
É um local cheio de história e tradição, onde o visitante pode mergulhar no mundo fantástico do vinho da Madeira. A casa não dispõe de vinhas próprias e compra, a mais de 100 viticultores, as uvas necessárias à produção do vinho fortificado. O centro de visitas está preparado para receber, em simultâneo, dezenas de turistas, proporcionando, a todos, um programa que começa com a apresentação da história da casa e do vinho da Madeira, e continua com a visita às caves e uma prova de vinhos no final. É ali que o visitante fica a conhecer os detalhes que fazem, do Madeira, um dos grandes vinhos fortificados do mundo. São pormenores como a condução das vinhas em latadas ou pérgolas, o sistema de condução das videiras típico da ilha, que permite a utilização dos solos por outras culturas, o trabalho dos borracheiros, assim chamados aos homens que transportavam o vinho às costas dentro de um recipiente em pele e, sobretudo, o processo de estufagem indispensável ao seu amadurecimento e envelhecimento.
É impossível esquecer a história do vinho de roda que, depois de uma longa viagem marítima, cruzando os trópicos, voltava à casa de partida com qualidades em aromas e sabor que não tinha quando embarcava. A estufagem do vinho, em grandes tanques, elevando a sua temperatura a 35ºC durante 90 dias, tenta reproduzir, nas condições das caves, os maus tratos dessa infeliz/feliz viagem, Este processo, utilizado para vinhos de entrada de gama, feitos a partir da casta Tinta Negra até três anos de idade, é substituído, para os vinhos das castas nobres, com objectivo de maior tempo de envelhecimento, pelo método de canteiro, em que o vinho envelhece natural e lentamente nas barricas colocadas em locais com exposição ao calor.
A visita à cave, com os seus grande tonéis e pilhas de barricas amontoadas em altura, não deixa de impressionar o visitante que percebe, assim, o trabalho e esforço por detrás do famoso vinho. As provas de estão disponíveis na modalidade Silver (15€) para vinhos de três e 10 anos, Gold (17,50€) para vinhos de cinco e 15 anos e Diamond (34€) para seis vinhos da Madeira desde os cinco anos, chamados Frasqueiras, vinhos com mais de 20 anos de envelhecimento.
H.M. Borges
Rua 31 de Janeiro, 83, Funchal
Site: www.hmborges.com
Tel. : + 351 291 223 247
Visita e provas de vinhos desde 15€
O centro de visitas proporciona um programa que começa com a apresentação da história da casa e do vinho da Madeira, e continua com a visita às caves e uma prova de vinhos no final
(Artigo publicado na edição de Fevereiro de 2025)
Quinta das Bágeiras: De pai para filho…

Mário Sérgio é um homem instintivo e sonhador. A família, desde sempre, foi a argamassa que o moldou e transformou naquilo que o define hoje, um agricultor criador de vinhos enormes. A notoriedade jamais lhe toldou o raciocínio. É na família que encontra a segurança e daí nunca ter adquirido uma propriedade sem antes ter […]
Mário Sérgio é um homem instintivo e sonhador. A família, desde sempre, foi a argamassa que o moldou e transformou naquilo que o define hoje, um agricultor criador de vinhos enormes. A notoriedade jamais lhe toldou o raciocínio. É na família que encontra a segurança e daí nunca ter adquirido uma propriedade sem antes ter a bênção de Abel, seu pai.
Bernardo, dandie errante que passou pela Bairrada, tinha uma estima profunda pela Quinta das Bágeiras. Encontrado por Mário Sérgio a trabalhar no Mugasa, na aldeia da Fogueira, em boa hora o leva para junto de si, assumindo quase uma função de seu cuidador. Versado no inglês falado e escrito, foi um importante impulso aos primeiros tempos, permanecendo nas Bágeiras até ao seu fim terreno.
Nos últimos tempos de vida, Bernardo insistia com veemência para que Mário Sérgio comprasse uma determinada vinha em Mogofores. Uma insistência que, no entanto, não lhe aguçou a curiosidade. O assunto foi esmorecendo e acabou esquecido. Num frio dia de Dezembro, Bernardo entrega-se ao Criador e vai a enterrar, com a família das Bágeiras a acompanhá-lo até à sua derradeira casa. Nesse mesmo dia, alguém se aproxima de Mário e diz-lhe: “Sr. Mário, tenho uma vinha para vender, mas a minha família só aceita vendê-la se for a si”. Mário estranhou a abordagem, hesitou, mas disse que, no dia seguinte iria vê-la com o seu pai. Dito e feito, logo pela manhã puseram-se a caminho e, lá, encontraram a vinha que Bernardo lhe havia confidenciado desejar que adquirisse, situada num local mágico que tantas vezes Mário via de longe e dizia para o seu pai, “ainda vamos ali comprar uma vinha!”. E o que a torna ainda mais especial? As suas características de composição de solos, exposição solar e orientação são absolutamente siamesas à sua vinha de Ancas, donde nasce… o Pai Abel tinto.
Transição geracional
A apresentação comemorativa dos 35 anos da Quinta das Bágeiras, ocorrida por estes dias, marca o início de uma transição geracional. Desde 1989 e até ao seu falecimento, Rui Moura Alves foi o enólogo assumido das Bágeiras. O “Sr. Rui”, não sendo enólogo de formação, praticou-a, desde os anos 60 nas mais prestigiadas casas da Bairrada, algumas entretanto desaparecidas. Com ele nasciam vinhos austeros, fermentados com engaço, duros e bem protegidos da oxidação. Se, nos primeiros anos, eram difíceis e exigentes, volvidos muitos e muitos anos, como que renasciam para mostrar todo o encanto longevo da Bairrada. E, nas últimas três décadas, foi esse o perfil intransigente que transmitiu aos vinhos e espumantes. Somente nos últimos anos se tornou mais permissivo, passando a ouvir Mário Sérgio e a interpretar nos vinhos os seus desejos. Provavelmente, sentia-o, somente agora, preparado para seguir o seu caminho.
Entretanto, Frederico Nuno, o filho de Mário, licencia-se em enologia e passa a acompanhar mais de perto, não apenas a feitura dos vinhos, mas todos os trabalhos de vinha, ainda monitorizados de perto pelo seu avô Abel. Pouco a pouco, é a sua formação e conhecimento técnico que vão deixando marca e, nos vinhos ora apresentados – Quinta das Bágeiras Grande Reserva 2019, Pai Abel branco 2022 e Pai Abel tinto 2017 – ela já é notória.
A transição ainda não é plena, mas a verdade é que já se sente uma outra mão que ajuda a embalar cada um deles. Não será uma mudança de estilo de uma casa que ostenta orgulhosamente a virtude de apenas produzir vinhos de uvas próprias, mas há um refinamento absoluto, transformando aquilo que anteriormente revelava algumas arestas, austeridade e cariz rústico, em vinhos quase imaculados e tocados pelo Divino.

Pai Abel 2017, na sua versão tinto, é uma edição limitada (1600 garrafas) de um vinho de apenas uma parcela. Num futuro próximo, este número reduzido de garrafas irá crescer, se a vinha siamesa da original de Ancas conferir à uva a qualidade que se lhe exige para aumentar a produção deste vinho de topo da casa. 2017 permitiu acuidade plena na escolha do dia perfeito para vindima. As chuvas chegaram tardiamente, já a tocar Novembro, fator que, na Baga se mostra fundamental para ajuizar um grande ano. Já a Touriga Nacional, que tempera levemente o vinho, não é dada a tais humores. Maior rigor, estágio longo em barricas avinhadas de 225 litros e um descanso de alguns anos em garrafa trouxeram-lhe a fineza e elegância que só o tempo e a região ajudam a transformar em vinhos de culto.
É no Pai Abel branco 2022 que se revela, de modo mais notório, a transição na enologia. Para Frederico Nuno, é no controlo de temperatura que se definem os pequenos detalhes daquilo que faltava fazer na Quinta das Bágeiras. Um refinamento que atinge o seu ponto alto num sublimado Quinta das Bágeiras Grande Reserva, um Bruto Natural da colheita de 2019, elaborado com as locais Maria Gomes e Bical, resultando naquele que, muito provavelmente, será o mais perfeito espumante alguma vez criado naquela aldeia da Fogueira.
De pai para filho, a Quinta das Bágeiras recria-se, refina-se, mantendo inamovível toda a solidez e princípios que definem a casa familiar que, nunca descurando as origens, vai definindo com segurança o futuro.
Nota: O autor deste texto escreve segundo o novo acordo ortográfico
(Artigo publicado na edição de Fevereiro de 2025)
Colares contra Collares: A Lisboa do desassossego

Nem de propósito encaixo-me nas ondas que os tempos trazem. Ainda há pouco protestava que, fazendo uma prova de Lisboa, onde tanto acontece, me limitei a encarar tintos topos de gama que seguem cânones que já não são tanto destes tempos, salvas as devidamente assinaladas excepções e sem deixar de aceitar a grande qualidade dos […]
Nem de propósito encaixo-me nas ondas que os tempos trazem. Ainda há pouco protestava que, fazendo uma prova de Lisboa, onde tanto acontece, me limitei a encarar tintos topos de gama que seguem cânones que já não são tanto destes tempos, salvas as devidamente assinaladas excepções e sem deixar de aceitar a grande qualidade dos vinhos provados. Também há pouco tempo me lamentava, em tom sentimental, de como a minha terra tinha levado com o selo “Lisboa”, sendo eu da Leiria tão distante.
Pois agora a providência juntou-se com os actores certificados e não certificados e foi-me entregue um desafio: perceber o puzzle espacial, temporal, ampelográfico e estilístico (chega para começar?) de Colares. Já explico de que forma isto agrava todos os meus problemas anteriores, mas também adianto já a conclusão: enquanto houver ventos e mar, a gente não vai parar. Muito menos a gente de Colares. Ou será Collares?
Uma pequena região de velhas tradições
Começamos já com tempo e espaço. Colares é uma pequena região muito próxima de Lisboa, onde as velhas tradições impuseram regras rígidas na especificação dos vinhos. Incluída na segunda leva de criação de denominações de origem, em 1908, tinha já pergaminhos que remontavam ao século XIII, e gentes com convicções fortes sobre as regras. DOC Colares só de Malvasia ou Ramisco, com videiras plantadas em pé-franco (sem porta-enxerto americano) em terra de areia, numa área circunscrita a partes bem demarcadas de três freguesias: Colares, São João das Lampas e São Martinho. Há alguma discussão sobre a Malvasia, que é na verdade uma família de castas. Diz, quem sabe, que a Malvasia de Colares é uma casta diferente da Malvasia Fina, a Bual/Boal da Madeira. Aliás, diga-se que também na Madeira as discussões sobre as várias Malvasias são acesas e incluem a rara Malvasia Cândida e a hoje predominante Malvasia de São Jorge. Onde há diversidade há origens antigas.
A terra de areia + pé-franco tem origem na praga da filoxera, já que só em algumas condições a filoxera (americana) não destrói a velha Vitis vinífera (europeia), obrigando ao porta-enxerto de Vitis rupestris (americano). Uma dessas condições é a terra de areia, e temos Collares. Com dois Ls porque é antigo.
Estas histórias foram já todas contadas, mas há muitas, muitas mais. A Adega Regional de Colares (ARC) é uma cooperativa (1931) que agrupa vários papéis, que já incluíram o de certificador (hoje é a CVR Lisboa). Em 1941, a escassez de uvas levou à criação de uma lei que obrigava todos os produtores a entregar as uvas na ARC, que fazia o vinho para mais tarde ratear pelos seus associados. Esta obrigação durou muito mais do que a escassez de uvas, até cerca de 1994. O carácter híbrido da instituição impediu-a de se candidatar a subsídios europeus. E não se modernizou, nem pôde apoiar a modernização das vinhas da região. Hoje a ACR não tem vinhas, mas aceita uvas dos seus associados que as têm, elabora os vinhos (pela mão de Francisco Figueiredo e sua equipa), estagia-os e vende-os a produtores da região, com os quais está historicamente comprometida. Isto faz com que muitas empresas vendam na verdade o mesmo vinho, com ligeiras variações de lote e estágio. Por outro lado, a ACR faz hoje marcas próprias, incluindo os DOC Arenae, para além de outros vinhos de Chão Rijo, que aliás é sua marca registada.
Um puzzle complexo e fascinante
Em várias visitas de reportagem, e com o apoio do próprio Francisco Figueiredo e do dinâmico Diogo Baeta, da Viúva Gomes, procurei decifrar este puzzle até um ponto que vo-lo consiga explicar. Aqui importa explicar melhor o contexto. São 1000 anos de história, mas vou focar nos mais recentes.
Praticamente todos os actores de Colares são pessoas ali nascidas e criadas, que vivem profundamente um grande amor pelo seu sítio e têm um grande orgulho pela sua tradição. Se têm opiniões diferentes sobre o rumo a tomar, isso não se deve a falta desta devoção.
Ainda não falei das terras que não são de areia, o Chão Rijo, que engloba nessa definição todos os solos que não são de areia. Mas rijos ou moles, ambos têm muita variação, um incrível degradé de composições que explica a especificidade do terroir, se lhe juntarmos a proximidade ao mar (há vinhas literalmente a 40 m do Atlântico) e a exposição aos terríveis ventos salgados que tudo queimam e obrigam a carinhos e desvelos, incluindo técnicas e instrumentos próprios para evitar as humidades do solo e aproveitar os raios do sol que se podem tornar raros. Os muros e paliçadas são icónicas destas vinhas, que se fazem muito rasteiras, e ainda têm de disputar os terrenos com as muito apreciadas maçãs reinetas locais, que todos os anos têm o seu próprio festival. Terra de areia (ou seja, DO Colares) é um total de 24ha, na posse de 12 produtores de vinho e uns 20 viticultores (não necessariamente os mesmos).
Para explicar o imbróglio é preciso dizer que o amor dos locais pelo seu chão e o seu vinho não os impede de repetir, pelo contrário, paradoxalmente até o dizem com um certo orgulho, que em Lisboa se dizia amiúde: “este vinho ou está azedo ou é de Colares.” O Ramisco é uma casta feroz de taninos. A maturação não era assegurada, a enologia seria possivelmente optimista, e eu, na minha vida de provador de vinhos, habituei-me a tintos de Colares rústicos, herbáceos, magros, por vezes sujos, exigindo muitas dezenas de anos para amaciar, ou então não amaciando de todo. Mas por vezes uma réstia de esperança lá saía de dentro de uma garrafa e eu percebia algum do velho e prometido encanto.
Entram a enologia e viticultura modernas, o poder do povo, o vinho para o povo, e todos nos habituámos a vinhos mais encorpados, concentrados, macios, bebíveis mais cedo. Colares foi ficando para trás. Veja-se o que aconteceu na Bairrada, onde os Merlot e Syrah iam afastando a Baga, tal como a má moeda afasta a boa moeda. Veja-se como a Bairrada tradicional resistiu, sobreviveu e se impôs pelo carácter dos seus vinhos que respeitam o terroir local e a gastronomia. Pois o mesmo aconteceu em Colares. Começou de mansinho, com o vinho branco, a Malvasia impondo uma mudança súbita de métrica, onde a secura salina oferecia qualidades sedutoras, e depois o Ramisco, afinado aos tempos modernos, a oferecer salinidade e autenticidade com moderação da rusticidade. Em suma, num mundo mais global e globalizado, estes vinhos começaram a oferecer diferença, e a sua raridade impôs preços altos e o regresso aos radares do mercado.
Areia ou nada?
Se tudo isto é novo para o meu caro leitor, também o é para mim, só posso recomendar que volte a acreditar e vá provar os vinhos. Vai valer a pena.
O problema é que a região tem apenas 24 ha de terra de areia, e tudo o que não é terra de areia tem de cair no imenso tegão dos “Regionais Lisboa” (Como o vinho da minha terra Cortes, lembram-se? Só que as Cortes não têm o mesmo peso histórico). Os fervorosos produtores defensores de Colares querem, ao mesmo tempo, defender o seu velho cânone (chamemos-lhe, por argumento, Collares), um dos mais específicos e rigorosos de que há registo. Mas os mesmos produtores não conseguem viver das poucas garrafas que produzem (alguns fazem 200, outros 400). E para os vinhos oriundos do outro chão (que “chão rijo” é marca registada), não podem nem escrever a palavra Colares no rótulo, nem como endereço postal da sua adega. Collares vs. Colares, uma espécie de Kramer contra Krammer (cf. Google).
As uvas para DO Colares chegam a ser vendidas a €5 o quilo, e há sempre falta. Não ouvi ninguém a defender que Colares deixasse de exigir areia e pé-franco. Mas ouvi produtores protestando que há empresas e marcas que só querem ter um Colares no seu portefólio para aumentar o interesse nos seus outros vinhos, que depois vão comprar já feitos muito longe das encostas salgadas da Praia das Maçãs, Adraga ou Azenhas do Mar.
Quem acredita em Collares faz vinhos de extraordinário carácter, cada vez melhores e com uma identidade própria do lugar, um incrível terroir cuja dimensão impõe raridade e preços altos. São, sempre, vinhos para a mesa. À volta de Colares fervem projectos, com mais ou menos identidade, mas que são essenciais para manter vivas e sustentáveis as adegas. Se têm falta de um nome que os una, têm pelo menos uma vantagem. Estão próximos uns dos outros e conseguem sentar-se à volta de uma mesa. Apareça a identidade, que o nome aparecerá, porque este incrível amor pelo seu sítio vai dar frutos, e nós agradecemos esta teimosia milenar.
Quem é Quem em Colares
A Adega Regional de Colares tem 13 associados com 14ha de vinhas em chão de areia, ou seja, mais de metade da área disponível para DOC. Elabora o vinho destes associados e vende-o a alguns deles e alguns negociantes que pagam um royalty. Ou seja, há produtores com vinha e viticultores sem adega.
Viúva Gomes é um produtor já muito antigo, que passou por diversas e históricas mãos até que em 1988 foi comprado pela família Baeta. Hoje é liderado por José Baeta, pai de Diogo, que nasceu nesse mesmo ano. Diogo estudou enologia e insuflou uma nova tendência à Viúva Gomes, que pouco a pouco deixou de ser apenas “négociant” e passou a “vigneron.” O trabalho de Diogo na adega e principalmente na vinha leva a Viúva Gomes a ser um dos principais motores da renovação da região de Colares, em estreita colaboração com a ACR e em sintonia com valores locais e respeito pelo terroir e seu futuro.
António Bernardino Paulo da Silva, por vezes referido pelo nome da sua marca, Chitas, é um histórico da região. Sediado nas Azenhas do Mar, mesmo de frente para o oceano bravio, aos 96 anos ainda gere a sua companhia, com marcas históricas como o Colares Chitas ou o Beira-Mar. Não tem vinhas, compra o vinho na ARC (da qual a sua casa é sócia fundadora), e estagia-o, loteia-o e engarrafa-o na sua adega.
Daniel Afonso produz há vários anos o Baías e Enseadas. Apaixonado e rigoroso, tem fascínio pela prova e é a prova que o leva a respeitar o terroir e explorá-lo da forma menos interventiva possível, mas sempre seguindo as suas convicções.
O Casal de Santa Maria ficou famoso no mundo do vinho quando o Barão Bodo von Bruemmer plantou uma vinha, em 2006, já com a bonita idade de 96 anos. Ainda viveu muitos anos para ver o sonho de fazer o seu vinho em Almoçageme, no coração da DO Colares. Plantou castas internacionais, mas a propriedade também faz vinhos DOC de grande qualidade. Hoje liderada pelo neto, Nicholas von Bruemmer, tem enologia de António Figueiredo e Jorge Rosa Santos, que continuam a tradição dos vinhos da magnífica quinta.
João Corvo e a sua filha Ana Bárbara são os orgulhosos cuidadores das vinhas do Mare et Corvus, as vinhas mais ocidentais do continente europeus, a escassos 40m da falésia sobre a icónica – e cónica – pedra Vitoreira, uma visão deslumbrante que se eleva do mar selvagem. Os Corvos têm Ramisco e Malvasia, mas também Fernão Pires e Chardonnay, que não dão DOC, em vinhas belíssimas, cujas uvas são vinificadas à parte na ACR.
Alexandre Guedes é o responsável pela Vinhas e Vinhos, que produz os vinhos da Quinta de San Michel, com vinhas em Janas, freguesia de São Martinho. Com vinhas de Malvasia e Arinto plantadas em chão rijo, tem também Ramisco (meio hectare) e Malvasia (2ha) em terra de areia. Manuel Francisco Ramilo & filhos é um produtor familiar com vinhas no vale do rio Lizandro, incluindo a Quinta do Cameijo e a Quinta do Casal do Ramilo. Pedro e Nuno Ramilo foram desafiados pelo pai a retomar a tradição familiar de fazer vinhos e decidiram fazê-los à sua maneira, procurando inovar a tradição do chão de areia, fazendo rosés, espumantes (ambos não admitidos na DO Colares).
Haja Cortezia vinhos é explorado pelo casal Luís Duarte e Teresa Gamboa Soares. Luís é filho de António Maria Perpétuo Duarte, o proprietário das vinhas, que ficam em São João das Lampas. São 5ha, entre vinhas velhas e vinhas novas, situadas perto das praias da Samarra e São Julião. Cada parcela faz um único vinho. Os vinhos Infinitude de Osório & Gonçalves, têm João Lino na enologia, e exploram castas internacionais no chão rijo, enquanto mantêm os cânones DOC na areia. O seu Ramisco é o mesmo da ACR, com mais 6 meses de estágio. Esta tradição de vinificar em conjunto é usual na região, devido às pequeníssimas produções das parcelas.
(Artigo publicado na edição de Fevereiro de 2025)
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Mare et Corvus
Branco - 2022 -
Chitas
Tinto - 2015 -
Arenae
Branco - 2021 -
Viúva Gomes Viticultores
Tinto - 2022 -
Baías e Enseadas
Branco - 2022 -
Arenae
Branco - 2015 -
Quinta de San Michel Malvarinto
Branco - 2021 -
Collares Viúva Gomes
Tinto - 2017 -
Collares Viúva Gomes
Branco - 2021 -
Chitas
Branco - 2020 -
Baías e Enseadas
Branco - 2022 -
Casal Santa Maria
Tinto - 2011
Quinta da Plansel: Mostrar as castas através dos vinhos

Dorina Angelica Lindemann, 59 anos, enóloga e gestora da Plansel, empresa produtora de vinhos alentejana, nasceu na Alemanha e vive em Portugal desde 1993. O pai, Hans Jörg (Jorge) Böhm, tem uma grande paixão pelo país desde uma estadia forçada em Lisboa, quando tinha 18 anos, depois de o veleiro que o transportava e mais […]
Dorina Angelica Lindemann, 59 anos, enóloga e gestora da Plansel, empresa produtora de vinhos alentejana, nasceu na Alemanha e vive em Portugal desde 1993.
O pai, Hans Jörg (Jorge) Böhm, tem uma grande paixão pelo país desde uma estadia forçada em Lisboa, quando tinha 18 anos, depois de o veleiro que o transportava e mais alguns amigos se ter afundado perto da capital. A volta ao mundo em perspectiva não foi feita, mas alguns dias de estadia em Portugal sim. Era o início dos anos sessenta, numa altura em que era difícil de sair ou entrar do país sem autorização e documentos como o passaporte, que tinham mergulhado e desaparecido nas águas com a embarcação. Era o tempo da ditadura e ainda existiam fronteiras a dividir toda a Europa, o que dificultava a circulação de pessoas de e para Portugal.
Os primeiros tempos foram dedicados aos viveiros, à selecção das castas, sua plantação e às necessárias microvinificações para avaliar o comportamento dos clones.
“Esse período de tempo levou o meu pai a apaixonar-se pelo país e a querer voltar”, conta Dorina Lindemann. Descendente orgulhosa de uma família que existe há 400 anos e trabalha há cerca de 200 no sector de vinhos na Alemanha, revela que o seu pai, Jörg Böhm, envolveu-se também no negócio e chegou a ser o maior importador de vinhos portugueses para o seu país de origem. “Era uma altura em que não tinham uma qualidade estável, que variava de ano para ano”, mas o pai insistia, devido à atracção que sentia por Portugal. No entanto, aquilo que mais o apaixonava eram as plantas, a inovação e a procura da sustentabilidade no sector vitícola, e foi isso que o fez vender os seus negócios na Alemanha e vir para Portugal. Comprou um terreno em Montemor-o-Novo, “porque achava que a zona tinha um terroir muito especial, com muita mineralidade e muita frescura”, como conta Dorina, com a ideia de estudar as plantas e fazer a selecção de videiras. A filha ainda era muito jovem na altura, mas já tinha também o “bichinho” pela procura de conhecimento sobre a videiras e as suas variedades.
Pioneira num mundo de homens
Quando era uma menina, o negócio da vinha e do vinho ainda estava apenas na mão de homens na Alemanha. Mas Dorina gostava de andar e correr pelas vinhas, participar nas vindimas e cheirar os vinhos desde pequena, ao contrário do irmão, “que não aprecia coisas que têm a ver com o vinho, nem de o beber”. Por isso, foi natural que tivesse optado pela formação em vinha e vinhos, no seu caso dual, em que a primeira parte decorreu num local de trabalho, uma empresa de vinhos, e depois na universidade. Durante a primeira parte trabalhou “naquela que hoje se chama Von Winning, a Dr. Andreas Deinhard, em Deidesheim, Alemanha, uma região muito importante para a produção de vinhos da casta Riesling”, conta, realçando que gostou muito de uma experiência onde, entre outros, aprendeu a guiar um tractor, a cavar e a plantar vinhas novas, numa casa onde era a única mulher a trabalhar. Passados dois anos foi estudar enologia para a universidade de Geisenheim.
Mas como ainda se estava numa época em que, na Alemanha, se considerava que apenas os homens podiam trabalhar no sector de vinhos, teve de ouvir vozes contra esta opção. E quando começou a frequentar o ensino superior, em 1987, “eramos apenas duas mulheres e o resto eram homens, 99”, conta. Mas guarda boas recordações de um curso onde, para além do conhecimento, fez amizades e criou relacionamentos que “têm sido importantes tanto para os negócios como para a vida”. E ainda hoje mantém contactos com Geisenheim, universidade para onde é convidada para falar sobre Portugal e os seus vinhos e vinhas.
A selecção de plantas
Quando terminou o curso “não tinha vinhas nem empresa de vinhos”. Naquela altura era difícil arranjar emprego” no seu país natal, onde demorou algum tempo até as mulheres puderem fazer o seu caminho na área da enologia. Mas como já tinha paixão por Portugal, porque passava cá as férias a ajudar o pai, convenceu o primeiro marido, Thomas Lindemann, e veio em Fevereiro de 1993. Foi numa altura em que “o pai não estava nada feliz”, porque a actividade viveirista, que está sujeita a regras muito apertadas e depende subsídios que variam com os problemas económicos e políticos do país, estava em crise.
Os primeiros tempos foram intensamente dedicados aos viveiros, à selecção das castas, sua plantação e às necessárias microvinificações para avaliar o comportamento dos clones. O trabalho foi feito sob supervisão do Professor Colaço do Rosário que era, na altura, para além de docente da Universidade de Évora, o enólogo da Fundação Eugénio de Almeida. “Ele fazia trabalhos de selecção e observação, em parceria com o meu pai, e as microvinificações das plantas escolhidas”, conta Dorina Lindemann. “Cada vez que encontravam uma que achavam que tinha as condições certas, traziam-na para baixo, para ser plantada numa linha para observações do material no campo”, acrescenta. Foi também nesse período que conheceu o enólogo Paulo Laureano, com quem trabalhou em parceria durante muitos anos.
Entretanto, a paixão por fazer o próprio vinho manteve-se sempre, sobretudo espumantes. Os primeiros que fez, cerca de três mil garrafas, foram da colheita de 1996, engarrafadas de forma manual. “Fui, inclusive, buscar máquinas de colocar e tirar caricas à Alemanha, que um amigo nos emprestou, para fazer o processo e, depois, levámos tudo de volta”, conta. “Foi o início desta aventura”, acrescenta.

Vinhos de castas portuguesas
Dorina Lindemann criou a adega e empresa Quinta da Plansel em 1997, ano em que comprou os primeiros depósitos e lançou o seu primeiro vinho feito nas instalações da Universidade de Évora, com o apoio de Paulo Laureano. “Fizemos aqui a escolha das uvas e lá os trabalhos da adega, de um vinho que já foi engarrafado com a marca Quinta da Plansel”, diz. Nos três anos seguintes lançou apenas esta referência, mas, depois, passou a colocar no mercado mais, entre elas o Dorina Lindemann, o primeiro vinho de topo da casa, feito com uvas da colheita de 2000.
“A ideia foi sempre produzir vinhos a partir das nossas castas selecionadas”, revela a produtora, acrescentando que foi por isso que decidiu lançar, em 2001, monovarietais de Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Barroca. Mas não os conseguiu vender em Portugal, porque a sua empresa “não era muito conhecida” num país ainda sem apetência suficiente para este tipo de vinhos. A solução foi virar-se para a exportação. Primeiro, para o seu país natal. Depois avançou para a Suíça, Luxemburgo, Polónia e Reino Unido, antes de começar a vender no continente americano e extremo oriente. “A diversificação de mercados é importante para o negócio e também me permitiu continuar a apostar nos monocastas”, explica.
Há cinco/seis anos, a exportação da Quinta da Plansel rondava os 75 a 80%. Hoje essa proporção baixou para 50%, “o que me ajuda muito”, diz. É sabido, o reconhecimento pelo mercado nacional tem reflexos positivos sobre as marcas de vinhos portugueses no mercado externo. “Era algo que eu não me tinha percebido antes, porque só queria fazer vinho, sem pensar muito na parte comercial”, revela a produtora, que confessa que ainda não tem, em Portugal, um responsável pela parte comercial e que, fora do país, esse trabalho é feito por si e agora também pelas suas filhas, Júlia e Luísa Lindemann.
É um trabalho importante, porque as três são as caras desta empresa familiar e o vinho é muito um negócio de pessoas. “É a nossa casa e temos de ser nós, mas é um trabalho muito desgastante”, revela, acrescentando que a importância desse trabalho de ligação com os clientes verifica-se em todas as provas e feiras onde participam. E como são relacionamentos que têm de ser cultivados para serem mantidos, é “um trabalho fundamental que temos de fazer”, salienta a produtora.

Adaptação às mudanças do clima
Hoje a Quinta da Plansel, que produz entre 350 e 400 mil garrafas de vinho por ano, tem uma gama variada onde se inserem também vinhos de lote. Isso talvez tenha facilitado o crescimento das vendas em Portugal, depois de muitos anos de insistência no lançamento de monocastas. “A minha ideia sempre foi mostrar o que Portugal tem de melhor, as suas variedades”, mostrando os vinhos que podem originar.
O nome Plansel, o da empresa, significa planta selecionada, ou seja, que os vinhos da marca têm origem em clones de vinhas da casa, com idades que podem ir até aos 25 anos, para as mais velhas. “Também usamos clones novos, como uma Trincadeira de bago mais pequenino, que não rebenta logo quando chove, que é a base de um monocasta muito interessante, verdadeiro, com notas de cassis, herbáceos”, conta Dorina Lindemann, acrescentando que a sua aposta foi sempre na sustentabilidade, nas plantas, na tipicidade da sua região.
Diz que ainda hoje mantém a procura de novas variedades, mais adaptadas às condições resultantes das mudanças climáticas, pois acredita que serão a salvação do sector vitícola nos próximos 20 a 30 anos. Uma das suas preferidas é a Touriga Nacional.
“Difícil de trabalhar na vinha porque é brava, cresce para todo o lado, tem muitos cachos e, por isso, custa muito dinheiro vindimar”, explica, acrescentando que “é, no entanto, resistente ao escaldão, tem tipicidade, uma grande personalidade e adapta-se a todos os tipos de terrenos, coisas que temos de ter em conta para o futuro”. Salienta também que, “para além disso, dá origem a bons vinhos, sobretudo em solos mais frescos que permitam abrir mais o volume e libertar aromas como as notas de violetas, sem serem doces demais”. Também aprecia, entre outras, a Touriga Franca que “dá origem a vinhos frescos, com grande personalidade”, salientando que tem em casa alguns com 10 anos, “cujas características principais não mudam”.
Hoje Dorina Lindemann tem 55 hectares de vinha dedicados à produção de vinho, sobretudo da casta Touriga Nacional, que representa 25 a 28% do encepamento, porque se porta bem na sua zona. Para além da Touriga Franca, tem Aragonês, Trincadeira, pouco de Tinta Barroca, “porque é atreita ao escaldão” e Alicante Bouschet, porque a sua filha Luisa “gosta muito”. Mas a empresa apenas está a criar agora o clone agora.
Quanto às castas brancas, diz que é fã de Viosinho, “uma casta muito interessante para o futuro, tal como a Loureiro”, gosta dos vinhos que está a fazer de Azal e de Verdelho, e quer experimentar plantar Rabigato e Arinto, “uma casta muito boa no Alentejo”. Já plantou castas que arrancou depois, “porque o clima está a mudar e os produtores têm de o fazer quando as plantas já não se adaptam bem ao local”. Mas mantém sempre a aposta nas castas nacionais, convicta que está de que o “berço das castas ibéricas é Portugal” e afirma ainda que tem “a certeza de que o país poderia ser considerado o melhor produtor de vinhos do mundo se soubesse contar bem a sua história e estórias das suas vinhas e vinhos”.
(Artigo publicado na edição de Fevereiro de 2025)
GRANDE PROVA: TOURIGA NACIONAL

O painel de prova que levámos a efeito contou com a resposta de 46 produtores. Com a expansão que a casta tem tido em todo o país, este painel poderia ter 100 ou mais vinhos presentes, um sinal evidente que as qualidades que esta variedade apresenta podem expressar-se em climas e solos diferentes, sem perda […]
O painel de prova que levámos a efeito contou com a resposta de 46 produtores. Com a expansão que a casta tem tido em todo o país, este painel poderia ter 100 ou mais vinhos presentes, um sinal evidente que as qualidades que esta variedade apresenta podem expressar-se em climas e solos diferentes, sem perda de qualidade. Essa é também a marca das grandes castas, as tais que mudam de país, mudam de ares, mas produzem sempre bem e originam grandes vinhos. Nem é preciso ir mais longe. Basta pensar em variedades internacionais como Cabernet Sauvignon, Merlot ou Chardonnay para exemplificar o que estamos a dizer.
Uma grande variedade
Recordemo-nos, sucintamente, que o percurso da casta não foi fácil. Era assumida como uma grande variedade, nomeadamente no Dão onde integrou as experiências do Centro de Estudos de Nelas. Alberto Vilhena, à frente daquele Centro, levou a cabo entre 1958 e 88 muitas microvinificações que mostraram as enormes qualidades da casta e as potencialidades para gerar vinhos de guarda. Muito estudada depois pelos cientistas da vinha, como Antero Martins e Nuno Magalhães nos anos 70 e 80, a casta foi depois objecto de plantio em campos de ensaio em várias quintas, sobretudo na Quinta da Leda (Douro Superior), onde foram ensaiados 179 clones e se procedeu então à selecção dos melhores, posteriormente disponibilizados para a produção. Foi com esse estudo que se conseguiram bons resultados nas primeiras experiências feitas na quinta dos Carvalhais (Dão) em 1992, e depois nos primeiros produtores do Douro que se aventuraram a fazer vinhos que, para a época, eram uma verdadeira novidade para os consumidores. Muito rapidamente os produtores perceberam que tinham, em mãos, uma casta de elevado potencial enológico e logo de seguida ela começou a ser mencionada nas garrafas. As más-línguas vieram logo dizer que a Touriga Nacional era “a casta mais plantada nos contra-rótulos”, tal a frequência com que aparecia essa informação. Terá sido assim, no início, ninguém hoje duvida, mas a verdade é que a área de vinha de Touriga ganhou uma dimensão que a trouxe para o patamar das grandes castas nacionais.
Vejamos alguns exemplos. No Douro poderá ter começado “nos contra-rótulos”, mas adaptou-se de tal forma às condições da região que hoje ocupa 10% da área de vinha duriense, ou seja, 4 400 ha. E para ajuizar da valia da casta bastará dizer que, se se fizer uma escolha de grandes vinhos do Douro, sobretudo dos mais conhecidos topos de gama, o que mais frequentemente encontramos é tintos que resultam de um lote de Touriga Francesa com Touriga Nacional. Também existem muitos varietais da casta. Mas a ligação das duas Tourigas parece ser fórmula garantida de sucesso. Não esqueçamos que as variações de terroirs que o Douro tem, as variantes de exposição e altitude, originam vinhos de perfis diferenciados. Mais uma das características das grandes castas, camaleónicas por natureza.
Se o Douro é a região com mais área de vinha de Touriga Nacional, o Dão vem logo de seguida. Ali, onde a casta deverá (ainda sem certezas) ter nascido, a área de Touriga Nacional é de cerca de 2750 ha, qualquer coisa como 21,3% da área total de vinha. Por enquanto a Jaen ainda é a casta mais plantada (com 22,8%). A Tinta Roriz queda-se no terceiro lugar com 17,6% da área de vinha. Pelo crescimento que tem tido, a Touriga poderá vir a ultrapassar a Jaen num futuro próximo.
No Alentejo, o crescimento da casta tem sido constante, ainda que num ritmo moderado. Se em 2019 ela ocupava 1 416 ha, essa área subiu, em 2023, para 1 543 ha. Para se ter uma noção comparativa, a Touriga Nacional é actualmente a 5ª casta mais plantada no Alentejo. Em primeiro lugar temos a Aragonez, com 4 155 ha, seguida (por ordem decrescente) de Alicante Bouschet, Trincadeira e Syrah. Num quadro comparativo das áreas de vinha da região entre 2019 e 2023, percebemos que as principais castas têm tido um crescimento, ainda que moderado, e nota-se alguma quebra nas Castelão e Moreto. Onde a Touriga Nacional tem crescido mais é em Borba e Reguengos. Anotem-se mais duas informações de duas regiões. Em Lisboa a casta ocupa cerca de 500 ha e, segundo informação da CVR Lisboa, esse quantitativo tem-se mantido estável. Já em Setúbal, com uma área muito grande, que se estende do Montijo até Sines, a Touriga Nacional, que ocupa 258,38 ha, tem tido um crescimento, moderado, mas constante, de 11 ha por ano.
Se o Douro é a região com mais área de vinha de Touriga Nacional, o Dão vem logo de seguida.
Uma leitura da prova
O perfil dos vinhos de Touriga Nacional tem acompanhado o gosto dos consumidores e tem sido desafiante para os enólogos a missão de ultrapassar alguns constrangimentos inerentes à própria variedade. No primeiro tema – o gosto dos consumidores – a Touriga de hoje afasta-se bastante do perfil que tinha no início do século. Enquanto durou a “era Parker”, com o gosto moldado pelo crítico americano Robert Parker, a Touriga Nacional foi macerada, extraída e abusada de madeira nova. Vemos agora que era difícil captar-lhe todas as subtilezas com esse perfil, como o seu lado mais floral, e que o excesso de madeira nova em nada contribuía para uma melhor apreciação do vinho. Ao mesmo tempo que este estilo vigorava, os enólogos foram percebendo que algo de particular se passava com a Touriga Nacional, uma vez que ela tinha a capacidade de, já depois de engarrafada, desenvolver fenóis voláteis, o famigerado suor de cavalo. A casta é também muito rica em ácido felúrico e cumárico, que existem naturalmente nas uvas e são necessários para o metabolismo da bactéria Brettanomyces formar os fenóis voláteis. Por isso, o controlo dos níveis de sulfuroso e as filtrações são fundamentais para diminuir os riscos. Hoje o problema está ultrapassado para os produtores que aceitam os avanços e conhecimentos que advêm da ciência.
Desta prova podemos tirar algumas conclusões: que continua a haver espaço para variados tipos de tintos de Touriga Nacional, uns mais estruturados, ricos e cheios, e outros mais elegantes e finos; que o que mais se ajusta à casta é um moderado estágio em madeira nova, sendo preferível um amadurecimento em barrica usada, que tudo possa envolver mas sem marcar muito o vinho; que a qualidade elevada não é exclusivo desta ou daquela região. Os vinhos provados revelaram uma qualidade muito alta, com uma evidente vocação gastronómica, característica que, sobretudo em Portugal, convém ter sempre presente.
A Touriga veio para ficar e hoje não há quintal, por mais pequeno que seja, que não tenha a casta plantada. Estranho fascínio, quase hipnotizante, poder-se-ia dizer. Acreditamos que outras variedades não se importariam de ter o mesmo desígnio.
(Artigo publicado na edição de Fevereiro de 2025)
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Maçanita Cima Corgo
Tinto - 2022 -
Falua Unoaked
Tinto - 2021 -
Coragem
Tinto - 2021 -
Bacalhôa Vinha da Garrida
Tinto - 2019 -
Adega Mayor
Tinto - 2022 -
Adega Mãe
Tinto - 2021 -
Zom
Tinto - 2021 -
Touriga Nacional da Malhadinha
Tinto - 2022 -
Scala Coeli
Tinto - 2020 -
Ribeiro Santo
Tinto - 2021 -
Quinta do Perdigão
Tinto - 2016 -
Quinta da Romaneira Três Parcelas
Tinto - 2020
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A Touriga Vai Nua
Tinto - 2022 -
Adega de Penalva
Tinto - 2020 -
Vallado
Tinto - 2019 -
Taboadella
Tinto - 2021 -
Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo
Tinto - 2022 -
Quinta dos Termos
Tinto - 2022 -
Quinta dos Carvalhais
Tinto - 2021 -
Quinta de S. José
Tinto - 2021 -
Quinta de Pancas Special Selection
Tinto - 2018 -
Quinta da Aguieira
Tinto - 2020 -
Paço dos Infantes
Tinto - 2021 -
Mingorra
Tinto - 2021
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A Serenada
Tinto - 2019 -
Quinta Vale de Fornos
Tinto - 2016 -
Bridão
Tinto - 2018 -
Adega de Pegões
Tinto - 2021 -
Solar da Ria
Tinto - 2020 -
Quinta de Ventozelo
Tinto - 2022 -
ODE
Tinto - 2023 -
Mainada
Tinto - 2021 -
Humilitas
Tinto - 2019 -
Howard’s Folly
Tinto - 2018 -
Casa Ermelinda Freitas
Tinto - 2022 -
Casa de Santar Vinha dos Amores
Tinto - 2019
Enoturismo: Quinta dos Termos

O terroir da Beira Interior é um mosaico de riqueza e diversidade. Aqui, solos graníticos convivem com afloramentos xistoso que oferecem as suas particularidades ao néctar dos deuses que nasce das videiras. O clima desafiador, de pluviosidade “errática” e invernos rigorosos, testa a resistência das vinhas mas também as recompensa com um caráter único e […]
O terroir da Beira Interior é um mosaico de riqueza e diversidade. Aqui, solos graníticos convivem com afloramentos xistoso que oferecem as suas particularidades ao néctar dos deuses que nasce das videiras. O clima desafiador, de pluviosidade “errática” e invernos rigorosos, testa a resistência das vinhas mas também as recompensa com um caráter único e autêntico, conferindo-lhes uma acidez viva e aromas intensos. A vinha, moldada pela mão do homem, vive em simbiose com o ambiente. Os solos, ricos em minerais, transmitem aos vinhos a sua mineralidade e complexidade.
Entre as castas tintas que desabrocham neste terroir, destaca-se a Rufete, variedade que traz consigo elegância e robustez em perfeita harmonia. Nas castas brancas, a Síria e a Fonte Cal exibem um esplendor que reflete um equilíbrio quase poético no seu desenvolvimento vegetativo. É neste balanço delicado entre solos, temperatura e clima que os vinhos da Beira Interior encontram sua identidade singular.
A condução da vinha, muitas vezes em socalcos, é testemunho de um saber ancestral. A poda, a vindima e a vinificação são processos que se repetem há séculos, transmitindo, de geração em geração, o conhecimento e a paixão pela terra. As mãos que a trabalham carregam a sabedoria ancestral de gerações. É um conhecimento passado de pais para filhos, num ciclo contínuo de aprendizagem e respeito pela natureza. Cada garrafa de vinho é uma sinfonia de tradição e inovação, um testemunho do esforço humano e da generosidade da terra. É terra abençoada que pertence a uma região que olha para o futuro preservando as suas tradições e investindo em novas tecnologias. Os produtores locais, apaixonados pelo seu trabalho, procuram elaborar vinhos de alta qualidade, que reflitam a identidade da região e sejam apreciados em todo o mundo. Assim, a Beira Interior não é apenas uma região vitivinícola, é um símbolo de resistência e beleza, onde cada cálice de vinho conta uma história de dedicação, paixão e amor pela terra.
Saberes e os sabores da terra…
Na Beira Interior, a gastronomia é mais do que sustento, é uma ode ao território, onde cada prato carrega o peso da tradição e o sabor da terra. É aqui, entre montanhas imponentes e vales férteis, que o vinho e a culinária se encontram em perfeita harmonia, compondo um cenário que seduz o paladar e aquece a alma.
No coração desta região, o pão de centeio emerge como símbolo de resiliência e partilha. Assado em fornos de lenha, com casca firme e interior macio, é o companheiro fiel das refeições que celebram a autenticidade. As carnes, ricas e intensas, ganham também protagonismo na mesa beirã. O cabrito, assado em forno de lenha, temperado com ervas aromáticas e paciência, é uma experiência que dialoga com os tintos robustos da região, cheios de corpo e história. O borrego, cozinhado em caldeiradas ou grelhado de forma simples, encontra, nos seus vinhos elegantes, um parceiro ideal, onde taninos macios elevam o sabor natural da carne.O porco, com a sua versatilidade, marca presença em pratos como o bucho recheado ou os enchidos fumados, ricos em especiarias e tradição. Acompanhados por um copo de vinho encorpado, com notas de frutos maduros e especiarias, geram uma sinfonia gastronómica que enraíza o comensal no território.
E se a carne é o coração da região, os queijos são a sua alma. O Serra da Estrela, com a sua textura amanteigada e sabor inconfundível, é exaltado ao lado de um vinho branco fresco e mineral, cuja acidez equilibra a sua intensidade e prolonga o prazer de cada fatia. Os queijos de cabra e de mistura, com sabores ora suaves ora pungentes, são companhias perfeitas para os rosés, que lhes conferem leveza e brilho.
Sentar-se à mesa nesta região é viver uma experiência sensorial onde o vinho e a gastronomia se fundem, criando memórias que ultrapassam o momento. É sentir o pulsar da Beira Interior em cada garfada, em cada gole, numa dança perfeita de sabores que evocam as serras, as gentes e o legado de um território que encanta pelo paladar.
É uma cozinha de identidade, onde os saberes antigos encontram espaço na mesa moderna sem perder o sabor da tradição. É poesia que se mastiga e guarda na memória, um convite para retornar sempre. Foi neste quadro bucólico e cheio de mistério que decidi visitar a Beira Interior. E “mergulhei” num território de paisagens deslumbrantes, cultura enraizada e, acima de tudo, de vinhos que falam a língua da terra.
Nesta região de altitude, o vinho é mais do que um produto, é um testemunho vivo da relação entre o homem e a natureza, aprimorado por séculos de história e tradição. Quis viver essa história fazendo parte dela, e sentir as tradições usufruindo delas em toda a sua plenitude.
A visita à quinta permite provar os seus vinhos e entender o processo artesanal e inovador que os torna únicos.
Uma Quinta… geracional
Se há um motivo para escolher a Beira Interior como destino, é o encontro entre autenticidade e sabor. Numa tarde solarenga, dirigi-me à Quinta dos Termos, onde cada vinho é uma celebração da terra, do tempo e do talento. É o local perfeito para quem deseja, mais do que uma degustação, uma experiência inesquecível de qualidade e diversidade, com a alma que apenas as boas histórias podem proporcionar.
A Quinta dos Termos fica em Carvalhal Formoso, Belmonte, e é detida pela João Carvalho Family Estates, empresa de base familiar, produtora de vinhos na região da Beira Interior e no Douro. Possui ainda a Herdade do Lousial, Castelo Branco, na região da Beira Interior, e a Quinta do Pocinho, no Douro Superior.
A história iniciou-se em 1945, quando Alexandre Carvalho adquiriu a Quinta dos Termos. Ciente do seu potencial para a cultura da vinha, em meados da década de cinquenta decide reestruturar grande parte da área vitícola, preservando, ao mesmo tempo, algumas parcelas de vinhas velhas. Toda a produção era vendida nas tabernas da região.
Após um período de aluguer da propriedade, a gestão da Quinta dos Termos regressa novamente para a família em 1993, para as mãos de João Carvalho, filho de Alexandre Carvalho, que resolve dar corpo ao projeto de viticultura atual. Aliando a sua gestão às atividades de empresário têxtil e professor universitário, adquire novas parcelas de vinha e inicia novas plantações, aumentando a sua área até cerca de 60 hectares. Em conjunto com a sua esposa, Lurdes Carvalho, estuda e recupera muitas das castas históricas da Beira Interior, bem adaptadas aos solos graníticos pobres e ao clima agreste da região, para, desta forma, praticar uma viticultura sustentável.
Em meados da década de 2010, o negócio familiar é reforçado com a entrada da 3ª geração, Pedro Carvalho e Miguel Carvalho, que, juntamente com a 2ª, tem trabalhado no desenvolvimento de novos projetos, com forte componente experimentalista. Desta forma, em 2015 o grupo adquire a Herdade do Lousial, em Castelo Branco e, mais tarde, em 2019, faz a sua primeira incursão fora da Beira Interior, ao adquirir a histórica Quinta do Pocinho, em Vila Nova de Foz Côa, na região do Douro Superior. Neste período é ainda potenciado o enoturismo na Quinta dos Termos.
Os valores do grupo da Quinta dos Termos baseiam-se na valorização das castas autóctones e tradicionais de cada local, com um modo de produção orientado pelos princípios da sustentabilidade e da biodiversidade, com vista à criação de valor a longo-prazo para todos os agentes envolvidos, realça João Carvalho, atual proprietário. Atualmente, conta com cerca de 60 hectares de vinhas plantadas em solos graníticos, a uma altitude média de 500 metros. Nela cultivam-se 18 castas tintas, Touriga Nacional, Trincadeira, Rufete, Jaen, Tinta Roriz, Marufo, Tinto Cão, Alfrocheiro, Baga, Syrah, Petit Verdot, Sangiovese, e seis brancas, Fonte Cal, Síria, Arinto, Verdelho e Riesling, cujas uvas são trabalhadas pelo enólogo consultor, Virgílio Loureiro, e a enóloga residente, Ángela Marín. A adega segue técnicas tradicionais e da tecnologia moderna, e a vinha está certificada no modo de produção integrada, um contributo da empresa para a sustentabilidade.
A família Carvalho, movida por uma paixão inigualável pela terra e pelo vinho, iniciou este projeto com profunda reverência pela natureza e um desejo ardente de criar algo que transcendesse gerações. Cada membro trouxe consigo o seu talento e o compromisso único de transformar este sonho em realidade.
Lendas e mistérios…
A história deste lugar mágico começa com a visão audaciosa de transformar as terras da região num santuário de vinhas e vinhos excecionais. A visita à quinta permite provar vinhos de excelência e entender o processo artesanal e inovador que os torna únicos. Cada visita é uma oportunidade de explorar a essência da Quinta dos Termos, seja passeando por vinhas banhadas pelo sol ou ouvindo as histórias de quem faz do vinho uma forma de arte.
A dedicação da família em cada etapa do processo de produção, desde a escolha das castas até o envelhecimento dos vinhos, reflete um respeito profundo pelo terroir. Cada garrafa produzida na Quinta dos Termos não é apenas um vinho, é uma obra de arte líquida, uma expressão tangível da paixão e da tradição que a família defende incondicionalmente.
Foi neste quadro romântico e apaixonante que nasceu o enoturismo da Quinta dos Termos. É um local que transcende a mera visitação e se transforma numa verdadeira experiência de descoberta e contemplação. O atendimento é, aqui, uma arte refinada, onde cada visitante é recebido com uma hospitalidade calorosa e profissional, que faz com que todos se sintam parte da família. O cuidado nos detalhes, a atenção às necessidades individuais e o desejo genuíno de proporcionar uma experiência memorável são traços marcantes deste lugar. Cada encontro, cada conversa, revela uma paixão contagiante pelo vinho e pela terra que o produz.
As paisagens que cercam a Quinta dos Termos são um espetáculo à parte, de vinhas que se estendem por colinas suaves, pontilhadas por oliveiras centenárias e moldadas pela luz dourada do sol. É um cenário que convida à contemplação, onde cada vista, cada brisa, parece sussurrar histórias antigas e segredos guardados pela terra, lendas e mistérios ainda por contar.
A experiência enoturística vai, portanto, muito para além do vinho. É sobre a conexão humana, o respeito pela natureza e a celebração de um legado vinícola que atravessa gerações. E decorre num lugar onde o vinho é, mais do que uma bebida, é uma expressão de cultura, tradição e paixão, que reflete a alma destas terras magníficas.
Visitar este produtor e a sua adega é embarcar numa viagem filosófica e sensorial, onde cada momento é uma ode ao prazer de viver e ao esplendor da criação humana em sintonia com a natureza.
O queijo Serra da Estrela, os enchidos artesanais e o pão de centeio fresco, são algumas das iguarias que acompanham os vinhos desta casa.
Uma imersão nas experiências de turismo
A Quinta dos Termos oferece uma experiência de enoturismo que transcende o simples ato de provar vinhos. Este é um lugar onde a qualidade, a tradição e a autenticidade se unem, proporcionando uma imersão sensorial e cultural prazerosa para os amantes de vinho e da gastronomia. Começa no coração da propriedade, com a visita às vinhas. Estendendo-se entre os 400 e os 600 metros de altitude, as da Quinta dos Termos são cuidadas com rigor, respeitando o equilíbrio que confere às uvas o caráter único da região. Durante o passeio, os visitantes aprendem informações sobre castas autóctones como a Rufete, Síria e Fonte Cal, além das práticas sustentáveis que garantem vinhos de alta qualidade. É uma oportunidade para sentirem a conexão entre o solo, o clima e as vinhas, e compreender como contribuem para os sabores inconfundíveis dos vinhos da Quinta.
Seguindo para a adega, os visitantes têm a oportunidade para desvendar os segredos da vinificação. Na empresa, a tradição e a tecnologia coexistem harmoniosamente, num processo que combina práticas artesanais com inovação, realça Pedro Carvalho, responsável pelo Enoturismo da Quinta dos Termos. Durante o percurso explicam-se cada etapa, desde a fermentação até ao envelhecimento em barricas de carvalho, enquanto os aromas dos vinhos em maturação criam um ambiente irresistível, inebriante, que impele naturalmente a ficar.
O ponto alto da visita é a prova de vinhos, momento que celebra a essência da Quinta dos Termos. Em cada copo, encontra-se o reflexo do terroir da Beira Interior, com tintos robustos e aromáticos, brancos frescos e minerais, e rosés delicados, mas marcantes. Os vinhos são apresentados com paixão e conhecimento, através de histórias que revelam a ligação da quinta com a terra e a cultura local e regional.
Para tornar a experiência ainda mais completa, as provas podem ser harmonizadas com a gastronomia local. O queijo Serra da Estrela, os enchidos artesanais e o pão de centeio fresco são apenas algumas das iguarias que acompanham os vinhos, criando combinações que exaltam os sabores e reforçam a ligação entre o vinho e a tradição gastronómica da Beira Interior.
Na Quinta dos Termos, o enoturismo é muito mais do que uma visita, é uma viagem pelos sentidos e pelas histórias da região, salienta Pedro Carvalho, com um brilho nos olhos de quem adora o que faz. É o lugar onde o vinho se torna ponte entre o passado e o presente, onde a hospitalidade a beirã se traduz em momentos inesquecíveis. Para quem busca qualidade, autenticidade e uma experiência profundamente ligada ao território, a Quinta dos Termos é um destino obrigatório.
Nota: O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico
COMODIDADES
– Línguas faladas: inglês, francês, espanhol
– Loja de vinhos
– Sala de provas com capacidade para 40 pessoas (provas de vinhos e refeições sob consulta)
– Esplanada – 50 pessoas
– Sala de eventos – 200 pessoas
– Diferentes atividades e refeições (sob consulta)
– Parque para automóveis ligeiros e três autocarros
– Provas comentadas (ver programas)
– Refeições (ver programas)
– Wifi gratuito disponível
– Visita às vinhas
– Visita à adega
EVENTOS
Eventos corporativos – sob consulta
Atividades team building – sob consulta
PROGRAMAS
Programa 1
Visita guiada à adega e degustação de três vinhos.
Individual e grupos
Duração: 1h
Preço: 10€
Programa 2
Visita guiada à adega e degustação de cinco vinhos com lanche (pão, queijos, presuntos e enchidos)
Grupos mínimos de 10 pessoas
Duração: 1h30
Preço: 15€
Programa 3
Visita guiada à adega e degustação de cinco vinhos com almoço ou jantar vínico (entrada, prato de carne, sobremesa e café)
Grupos entre 20-50 pessoas
Duração: 2h30h
Preço: 45,00€
CONTACTOS
Quinta dos Termos
Carvalhal Formoso
6250-161 Belmonte
Responsável pelo enoturismo – Pedro Carvalho
Email geral – info@quintadostermos.pt
Tel.: +351 275 471 070
Facebook @quintadostermos
Instagram @quintadostermos
(Artigo publicado na edição de Janeiro de 2025)