Ravasqueira: Começou uma nova era

Estamos no Monte da Ravasqueira, em Arraiolos, 25 anos depois da plantação das primeiras videiras, para passar o dia junto dos vinhos mais ambiciosos, que saem daqueles 45 hectares de vinha, e sentir as características únicas do local. Quem nos acompanha é a equipa de enologia, composta por David Baverstock — enólogo chefe, chegado recentemente […]
Estamos no Monte da Ravasqueira, em Arraiolos, 25 anos depois da plantação das primeiras videiras, para passar o dia junto dos vinhos mais ambiciosos, que saem daqueles 45 hectares de vinha, e sentir as características únicas do local. Quem nos acompanha é a equipa de enologia, composta por David Baverstock — enólogo chefe, chegado recentemente à Ravasqueira para impulsionar as gamas superiores — o seu “braço direito” Vasco Rosa Santos (que já conhece a casa como a palma das suas mãos) e a enóloga assistente Ana Filipa Pereira. “O meu papel na Ravasqueira é fazer vinhos com elegância, complexidade e longevidade. Temos aqui talhões muito diferentes uns dos outros, e estamos a reflectir isso na adega”, sublinhou David Baverstock, que, já junto às vinhas, explicou o que a propriedade pode oferecer aos vinhos: “O micro-clima especial deste sítio tem que ver com os vales, as ribeiras, as encostas… Há aqui grandes amplitudes térmicas. Esta zona de Arraiolos é mesmo interessante, e a frescura daqui vai ser muito importante para os próximos anos, sobretudo para lidar com o aquecimento global”. Sobre a vindima deste ano, o enólogo lembrou que foi iniciada cedo, com alguns dias de paragem em meados de Setembro, devidos à chuva. “Surpreendentemente, foi uma vindima com bastante produção”, afirma.
Provar o futuro e o passado
Uma caminhada pelas vinhas até à adega levou-nos a uma prova de vinhos em estágio, essencialmente uma prova de tintos monocasta, uns com o destino traçado, outros ainda a aguardar sentença. O futuro Reserva da Família branco e um antigo Vinha das Romãs tinto, ambos lotes de duas castas, juntaram-se à festa. Um momento curioso e esclarecedor, passado na companhia das barricas e da dupla de enólogos da Ravasqueira. O Reserva da Família branco 2023 junta Alvarinho e Viognier e mostra-se promissor, com acidez vincada e pureza de fruta. Já o vinha das Romãs tinto 2016, que junta Syrah à Touriga Franca, foi um regresso ao passado, para melhor compreender o vinho que está agora no mercado e que provámos no mesmo dia mais tarde, de 2021. Surpreendentemente, o 2016 apresenta-se ainda com alguma juventude de corpo, mas com evolução positiva nos aromas, sobretudo especiarias e fruta negra, também leve tabaco.
A prova dos monocasta tintos, todos de 2022, mostrou porque é que estes vinhos não saem da adega tão cedo. Mesmo já com um ano de estágio, o fio condutor é o nervo e a pujança, com os taninos ainda a precisar claramente de uma “achega”. O Alicante Bouschet, todo ele terroso, vegetal, e o couro a sobressair. Já o Syrah traz-nos fruta de perfil atractivo, mas com estrutura e complexidade de conjunto. O Touriga Franca, nem é bom pensar em bebê-lo (não é por nada que a colheita actualmente no mercado é a de 2019…), a revelar-se o tinto com os taninos mais aguerridos e jovens da prova. Já o Alfrocheiro tem data marcada para lançamento, enquanto monocasta, em 2024. Apesar da juventude, já denota elegância e algumas das características aromáticas da casta, como pureza de fruta silvestre e um perfil florestal.
Num momento mais focado, mas igualmente interessante, fez-se uma (mini) vertical do Touriga Franca, escolhido pelo produtor pela originalidade (há outros vinhos no Alentejo monocasta de Touriga Franca, mas não são muitos), e para representar a aposta actual da casa nos monovarietais, como uma das estratégias do segmento premium. Começando no 2012, este aponta, no aroma, muita fruta silvestre bem madura, levíssimo balsâmico e nota resinosa envelhecida. Na boca mostra-se mais vivo e fresco, com óptima acidez e amplitude, e também suculência, dada sobretudo pelo lado vegetal (17). O 2013, por sua vez, dá um grande salto no nariz, ainda com pureza de fruta e as especiarias vivas, complexidade, levíssima gordura fumada, agulha de pinheiro e um lado resinoso expressivo. Na boca tem uma componente lenhosa bastante vincada, muito nervo, fruta negra, bastante herbáceo (17,5). O 2017 confirma o denominador comum aromático que são os balsâmicos e a fruta silvestre madura, mas este com um lado mais exótico nas especiarias e sândalos. Na boca é fogoso, elegante, sedoso nos taninos, com boa fruta.
A Ravasqueira quis mostrar que, cada vez mais, quer apostar em vinhos ambiciosos, com capacidade de envelhecimento, colocando o “spotlight” nos monovarietais. Um lado do produtor ainda não conhecido por todos, mas que veio para ficar.
(Artigo publicado na edição de Novembro de 2023)
Chocapalha: Uma família, uma quinta, uma adega

A paisagem é convidativa, montes e vales em ligeira ondulação, serras ao fundo, mar não muito longe, terrenos apropriados, vento quanto baste e javalis também por perto. Tudo assim se conjugou para o desenvolvimento de um projecto de família, que assentou arraiais numa quinta em tempos pertença de um inglês e, posteriormente, na posse da […]
A paisagem é convidativa, montes e vales em ligeira ondulação, serras ao fundo, mar não muito longe, terrenos apropriados, vento quanto baste e javalis também por perto. Tudo assim se conjugou para o desenvolvimento de um projecto de família, que assentou arraiais numa quinta em tempos pertença de um inglês e, posteriormente, na posse da família de João Portugal Ramos. Foi em resultado da conjugação feliz de vários factores que a família Tavares da Silva tomou posse da quinta nos finais dos anos 80. E não faltou muito para que Sandra, uma das filhas, já então ligada à enologia, desafiasse o pai para fazer um vinho. Assim começou a história dos vinhos Chocapalha, inicialmente numa adega de garagem (que ainda conheci), e mais tarde apostando numa adega de raiz que comemora agora 10 anos. Motivo mais que suficiente para mostrar o que se tem feito e o que está para vir. À nossa espera estavam os pais de Sandra, Paulo e Alice, a irmã Andrea (economista e directora executiva da casa) bem como toda a equipa da adega e quinta.
Logo no projecto inicial houve castas que marcaram território – Arinto, Castelão e Touriga Nacional, esta última com garfos que se foram buscar ao Dão. O Castelão, dizem-nos agora, “era difícil de vender porque tinha pouca cor. Mas com a mudança do gosto, agora o ter pouca cor é uma vantagem. É incrível como tudo muda tão depressa»”, refere Sandra. A aposta no Arinto revelou-se muito acertada e a área de vinha irá alargar-se. Sandra Tavares da Silva não esconde que «” Arinto é a casta de eleição do meu pai; ele é o verdadeiro guardião das vinhas, às vezes sai de casa fora de horas para ir ver como está tudo”. Com sorte, dizemos nós, ainda se cruza com um javali, dos muitos que há na zona e que se escondem nos arvoredos que proliferam na propriedade. Apontamos para uma parcela vazia, sem nada plantado e indagamos o que se vai plantar ali; a resposta é desconcertante: nada, aquele terreno vai ficar em pousio por 3 ou 4 anos, dizem-nos! Para que conste…
A Arinto é a casta de eleição de Paulo Tavares da Silva; ele é o verdadeiro guardião das vinhas, às vezes sai de casa fora de horas para ir ver como está tudo.
Adega nova, problemas antigos
Foi para comemorar os 10 anos da nova adega que se juntaram na quinta a família e a comunicação social. Passados estes anos, está a acontecer o que era previsível: a adega já não comporta tudo o que é preciso e já se suspira por um espaço que possa albergar mais cubas e mais barricas. Porquê? Porque a filosofia da casa, a saber, conservar os vinhos mais tempo em cave antes de os colocar no mercado, obriga a mais espaço. São as dores do crescimento numa empresa familiar que, de repente, percebeu que já tem 15 referências no portefólio. A quinta produz mais do que comercializa, “ainda vendemos muitas uvas, infelizmente pagas a muito baixo preço”, como Paulo Tavares da Silva (oficial de marinha, convertido em agricultor) nos confidenciou, e a produção actual – situada nas 180.000 garrafas -, poderia alagar-se mais. Mas a ideia de conservar os vinhos em cave por longo tempo acaba por impedir esse crescimento. Para termos uma ideia, somos informados que ainda têm em cave as colheitas de 2019, 20 e 21 engarrafadas e a de 22 em barrica, tudo à espera de um dia ir para o mercado. Internamente são distribuídos pela Decante e só vendem no canal Horeca, com a excepção do Corte Inglès e do Supermercado Apolónia, no Algarve. Exportam boa parte da produção e, no caso do Quinta de Chocapalha tinto, as vendas lá fora atingem mesmo 65% do engarrafado.
A casta Arinto é a menina dos olhos de Paulo Tavares da Silva. Ele é, de resto, o verdadeiro guia do processo, apaixonado pela terra e pela vinha, sempre atento e vigilante. Foi do Centro de Estudos de Nelas que trouxe as primeiras varas de Touriga Nacional que aqui plantaram e que depois alargaram a outras castas, como a Viosinho, Sauvignon Blanc, Chardonnay, Alicante Bouschet e Castelão, por exemplo. Na adega estão a dar cada vez mais uso às barricas usadas e, mesmo comprando apenas 25 a 30 barricas novas por ano, a verdade é que adega das barricas começa a ficar sobrecarregada.
A filosofia da casa, a saber, conservar os vinhos mais tempo em cave antes de os colocar no mercado, obriga a mais espaço. São as dores do crescimento numa empresa familiar que, de repente, percebeu que já tem 15 referências no portefólio.
Fizemos uma prova alargada dos vinhos da casa e ao almoço provámos apenas vinhos da colheita de 2013, a colheita que, tal como a adega, comemora agora 10 anos de vida. Foi uma prova e tanto, com os vinhos a mostrarem que 10 anos não é tempo demais para eles, com o Arinto a dar cartas, terpénico e num registo que se poderia confundir, tanto com Alvarinho como com Riesling. Parentescos, quem sabe…
Toda a família presente, pais, irmãs e equipa de enologia e viticultura que mantém o projecto bem vivo. Nos vinhos há novas edições de marcas já consagradas, como Vinha Mãe, os Reserva e o CH (Confederação Helvética) que “é um tributo à minha mãe que é suíça”, diz Sandra. Alice Tavares da Silva, nascida no cantão alemão, o tal que fala uma língua que ninguém entende mas, como nos confidenciou “vou várias vezes por ano à Suíça e acabo por falar a minha língua natal”.
Nas novas edições, destaca-se o Arinto Antigo, um branco de curtimenta que tem longa espera antes de ser comercializado e o Guarita, um varietal de Alicante Bouschet, uma casta bem difícil porque, como lembrou Sandra “é preciso muita paciência porque só nos dá uma pequena janela para fazermos a vindima no ponto certo; se deixarmos passar esses dias fica tudo em passa; e só quando a vinha atingiu os 30 anos é que entendemos que as uvas tinham qualidade suficiente para o vinho ser comercializado como varietal”.
Em final de vindima estavam os lagares com pisa mecânica a trabalhar e na adega a azáfama era a habitual – mangueiras por um lado, água em abundância para tudo lavar, bombas a trasfegar e aquele cheiro característico das adegas onde fermentam as uvas. Tudo normal, portanto…
(Artigo publicado na edição de Novembro de 2023)
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Guarita da Chocapalha
Tinto - 2016 -
Quinta de Chocapalha Arinto Antigo Vinhas Velhas
Branco - 2020 -
CH by Chocapalha
Branco - 2020 -
Chocapalha Vinha Mãe
Tinto - 2017 -
CH by Chocapalha
Tinto - 2020 -
Quinta de Chocapalha
Tinto - 2019 -
Quinta de Chocapalha
Rosé - 2022 -
Chocapalha
Branco - 2022 -
Quinta de Chocapalha
Branco - 2021
Emirates revela carta de vinhos para os seus voos em 2024

A Emirates dá a conhecer, a partir deste mês, a sua nova selecção de vinhos que estará disponível a bordo dos seus voos em 2024, dando continuidade ao investimento numa área que, no ano passado, ultrapassou os 186 milhões de Dirhams (50 milhões de dólares). Os armazéns da Emirates em França albergam, atualmente, cerca de […]
A Emirates dá a conhecer, a partir deste mês, a sua nova selecção de vinhos que estará disponível a bordo dos seus voos em 2024, dando continuidade ao investimento numa área que, no ano passado, ultrapassou os 186 milhões de Dirhams (50 milhões de dólares). Os armazéns da Emirates em França albergam, atualmente, cerca de 6 milhões de garrafas de vinho, sendo que algumas só serão servidas em 2037.
Novos vinhos a bordo da Emirates
Nos próximos meses, a Emirates irá apresentar uma selecção dos melhores vinhos brancos da Borgonha, incluindo os Premier e Grand Crus, como Montrachet 2011, Chevalier-Montrachet 2013 e Corton-Charlemagne 2014, além dos Grand Crus como Échezeaux, Clos Vougeot e Chambertin.
A Emirates tem como critério para a selecção de vinhos um processo altamente detalhado, escolhendo rótulos que são conhecidos por se destacarem tanto em terra como no ar, monitorizando constantemente os resultados. Os principais factores considerados incluem o conteúdo da fruta, a acidez, os níveis de tanino e a influência do carvalho, assim como a maturidade do vinho, que impacta diretamente os níveis de tanino. Muitos dos vinhos escolhidos são produzidos para serem apreciados após um envelhecimento significativo, sendo que a adega da Emirates inclui vinhos que datam da colheita de 2003. Os vinhos de Bordéus escolhidos para a Classe Executiva passam por um período mínimo de envelhecimento de 8 a 10 anos, enquanto os da Primeira Classe recebem um mínimo de 12 a 15 anos de envelhecimento, todos eles armazenados nas instalações da companhia aérea em França. Os vinhos são seleccionados quando estão prontos para serem servidos a bordo e estrategicamente posicionados em todo o mundo.
Vinhos de classe mundial para cada classe de cabine
Cada uma das quatro cabines da Emirates apresenta uma selecção de vinhos distinta, que é actualizada de duas em duas semanas para garantir que os passageiros habituais têm ao seu dispor uma carta de vinhos variada.
Na Classe Económica, a Emirates oferece um vinho tinto e um vinho branco, ambos de qualidade indiscutivelmente elevada. As adições recentes incluem vinhos “AOP” e “Biodinâmicos” de M. Chapoutier, Domaines Baron de Rothschild, um Sauvignon Blanc sul-africano do campeão da sustentabilidade, a família Gabb, e o vinho tinto Antinori Santa Cristina. A AOP é uma norma da União Europeia (UE) semelhante ao sistema AOC francês, realçando a origem geográfica dos vinhos e os métodos de produção específicos. A vinificação biodinâmica dá ênfase a uma agricultura holística e sustentável e a uma intervenção mínima pós-colheita, criando vinhos conhecidos pela sua expressão terroir pronunciada.
Na Premium Economy, a Emirates serve vinho espumante vintage, vinho tinto premium e vinho branco premium. Os exemplos incluem o Château La Garde 2011, o Cloudy Bay Sauvignon Blanc e o Domaine Chandon 2016 – um vinho espumante que é exclusivo da Emirates Premium Economy.
Na Classe Executiva e na Primeira Classe, a Emirates adapta as suas seleções de vinhos a seis regiões: Reino Unido e EUA; Europa; África; Médio Oriente; Australásia e Ásia. Esta abordagem permite que a Emirates ofereça uma selecção de vinhos alinhada com as preferências de paladar dos passageiros de cada zona, possibilitando que os passageiros provem vinhos das regiões que vão visitar. A Emirates também oferece vinhos do Porto de qualidade superior, incluindo vinhos do Porto Tawny vintage, como o Graham’s de 1979 e o Dow’s de 1981.
O Cacau da Herdade Grande regressa para ajudar a Associação São Francisco de Assis

“À chegada à Herdade Grande, o Cacau fazia a recepção a quem chegasse sempre no seu jeito bondoso e divertido. Era um Labrador com uma empatia muito especial, calma e subitamente irreverente, que a todos apaixonava. Tornou-se um dos símbolos da casa. E se era da casa, era da família. Depois o Cacau adoeceu e […]
“À chegada à Herdade Grande, o Cacau fazia a recepção a quem chegasse sempre no seu jeito bondoso e divertido. Era um Labrador com uma empatia muito especial, calma e subitamente irreverente, que a todos apaixonava. Tornou-se um dos símbolos da casa. E se era da casa, era da família. Depois o Cacau adoeceu e em junho de 2022 morreu. Deixou um vazio enorme na Herdade Grande e a homenagem impôs-se como evidente – que se honrasse o espírito do Cacau no rótulo de um vinho e se partilhassem as memórias que deixou”, lembra o produtor alentejano, da Vidigueira, que assim fez.
E agora o Cacau dá mais um passo: além de uma nova imagem, vai chegar ainda a mais pessoas, através de prateleiras da grande distribuição, como as do Auchan e da Sonae, e do site da Herdade Grande.
Desta forma, o produtor quer convocar a máxima atenção para a causa da Associação São Francisco de Assis – Cascais. Através do Cacau, todos os consumidores poderão apoiar a actividade desta instituição especializada e reconhecida na recolha e protecção de animais de companhia, abandonados ou perdidos, já que 1% das vendas reverte a favor da associação.
Mariana Lança, directora-geral da Herdade Grande, explica a iniciativa: “Sempre tivemos uma ligação especial aos animais e choca-nos muito, sobretudo nos dias de hoje, que aqueles que devem ser animais de companhia continuem a ser alvo de abandono e maus-tratos. No último ano foram abandonados quase 42 mil animais em Portugal! O Cacau era querido e desejado. Importa convocar as atenções para isso mesmo, para que as pessoas decidam se de facto querem comprometer-se com a companhia e trato devido de um animal”.
Assim, o novo rótulo do Cacau tinto 2021 (€5,99) apresenta um QR Code que serve de ligação para uma página de informação da campanha.
Loureiro é a casta da mais recente cerveja Sovina Grape Ale

A terceira edição da Sovina 500 Saison Grape Ale Loureiro é, mais uma vez, uma colaboração com a Quinta do Ameal, propriedade do Esporão na região do Vinho Verde, sub-região do Lima Esta grape ale Sovina ilustra, segundo os próprios, “uma combinação pouco habitual entre a tradição cervejeira artesanal e a excelência vinícola da Quinta […]
A terceira edição da Sovina 500 Saison Grape Ale Loureiro é, mais uma vez, uma colaboração com a Quinta do Ameal, propriedade do Esporão na região do Vinho Verde, sub-região do Lima
Esta grape ale Sovina ilustra, segundo os próprios, “uma combinação pouco habitual entre a tradição cervejeira artesanal e a excelência vinícola da Quinta do Ameal, reunindo 30% do mosto de Loureiro da vindima de 2023 com 70% do mosto de cerveja, co-fermentados com levedura Saison”.
O mestre cervejeiro Pedro Lima, por sua vez, explica que recorreu a “uma estirpe de levedura utilizada tradicionalmente em cervejas de inspiração belga, que co-fermentou um mosto leve de maltes e lúpulos europeus, ao qual foi adicionado mosto de Loureiro”. O resultado, explica, “é uma cerveja fresca e versátil, de cor palha e espuma branca persistente, de aroma rico em ésteres frutados e um toque a especiarias. Sabor pouco amargo, com presença elegante de cereal, seguida por um toque moderado a citrinos e fruta madura. Na boca sente-se um corpo médio-baixo, carbonatação assertiva e um final seco que convida ao próximo gole”. Já o responsável de Enologia e Viticultura da Quinta do Ameal, Lourenço Charters, destaca o papel da casta na cerveja, dizendo que “as notas vivas e citrinas do Loureiro do Ameal dão uma muito boa frescura a esta grape ale”.
A Sovina 500 Saison Grape Ale pode ser bebida a solo, mas, “graças ao seu elevado potencial gastronómico”, diz o Esporão, “pode facilmente acompanhar receitas de carácter mais rústico, pratos asiáticos, queijos de casca mole ou mesmo petiscos simples, como tremoços”.
Vinhos de Lisboa elegeram os melhores da região

O Concurso de Vinhos de Lisboa 2023 revelou, recentemente, os seus vencedores, numa cerimónia que teve lugar na Quinta da Pimenteira. Houve medalhas de Excelência, de Ouro e de Prata, e ainda medalha para o Melhor Arinto e para o Melhor Vital. Nos prémios de Excelência, o Azulejo 2022, da Casa Santos Lima, foi o […]
O Concurso de Vinhos de Lisboa 2023 revelou, recentemente, os seus vencedores, numa cerimónia que teve lugar na Quinta da Pimenteira.
Houve medalhas de Excelência, de Ouro e de Prata, e ainda medalha para o Melhor Arinto e para o Melhor Vital. Nos prémios de Excelência, o Azulejo 2022, da Casa Santos Lima, foi o Melhor Branco; Nevão Leve rosé 2021, da Adega Cooperativa da Labrujeira, o Melhor Leve; Quinta do Gradil Tannat 2021, o Melhor Tinto; Quinta do Rol VSOP, a Melhor Aguardente Vínica DOP Lourinhã; e Empatia Vital branco 2022, da Adega da Labrujeira, foi o Melhor DOP de Lisboa. A lista completa dos vencedores e medalhas pode ser consultada AQUI.
A entrega de prémios contou com a presença do Vereador Ângelo Pereira, da Câmara Municipal de Lisboa, Instituto da Vinha e do Vinho, Confrarias da região, Direcção Regional de Agricultura de Lisboa e Vale do Tejo, autarcas e CIM Oeste, Turismo de Portugal, jornalistas e enófilos convidados e produtores da região vitivinícola de Lisboa.
“Com este evento celebrámos, mais uma vez, o trabalho dos viticultores de Lisboa e o sucesso da Região Demarcada, bem como projectos que primam pela excelência na promoção, divulgação e serviço dos vinhos da região, e homenageámos, com o prémio de Mérito de Carreira, o Enólogo João Melícias”, comenta a Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa, organizadora do Concurso dos Vinhos de Lisboa.
OIV estima que 2023 terá menor produção mundial de vinho dos últimos 60 anos

Com base na informação recolhida em 29 países, que perfizeram, em 2022, 94% da produção de vinho global, a OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho) estima que a produção mundial de 2023 ficará entre os 241,7 e os 246,6 milhões de hectolitros. Isto representa uma diminuição de 7% em relação ao ano transacto. […]
Com base na informação recolhida em 29 países, que perfizeram, em 2022, 94% da produção de vinho global, a OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho) estima que a produção mundial de 2023 ficará entre os 241,7 e os 246,6 milhões de hectolitros. Isto representa uma diminuição de 7% em relação ao ano transacto.
Esta poderá ser a produção mais diminuta deste 1961 (214 milhões de hectolitros), ainda menor do que outra historicamente baixa: em 2017, produziram-se 248 milhões de hectolitros. Segundo a OIV, o cenário negativo de 2023 “pode ser atribuído a diminuições significativas nalguns dos mais importantes países produtores de vinho, de ambos os hemisférios. Enquanto que, no hemisfério Sul, Austrália, Argentina, o Chile, a África do Sul e o Brasil registaram variações entre -10% e -30%, no hemisfério Norte, Itália, Espanha e Grécia foram os países que mais sofreram com más condições climáticas durante a época de vindima. Apenas os Estados Unidos da América e alguns países da União Europeia, como Alemanha, Portugal e Roménia, tiveram condições favoráveis que resultaram em volumes acima da média”.
As condições climáticas extremas, referidas pela OIV, prendem-se com geada precoce, chuva intensa e seca, acontecimentos que impactam largamente as produções mundiais.
“Estes números devem ser, contudo, analisados com precaução, visto que há países de grande dimensão, como a China, que ainda não disponibilizaram a informação. Adicionalmente, a alta volatilidade nos volumes de produção observados nos últimos anos, tanto ao nível dos países como das regiões, faz com que o exercício de previsão seja ainda mais difícil”, explica a OIV, e acrescenta que “no entanto, num contexto em que o consumo global de vinho tem vindo a diminuir e em que as acções estão em alta em várias regiões do mundo, a esperada baixa produção poderá trazer equilíbrio ao mercado mundial”.
Quinta do Carvalhido – Paixão e razão: duelo de titãs

Os primeiros registos documentais da Quinta do Carvalhido datam de 1909, com assinatura de Sancha Augusta Almada Menezes Pimentel, Viscondessa de Barcel e trisavó dos actuais proprietários, Maria de Fátima Drummond Borges, herdeira da quinta em 2013, e o seu marido Pedro Drummond Borges. A pequena propriedade, que até ao início dos anos 70 tinha […]
Os primeiros registos documentais da Quinta do Carvalhido datam de 1909, com assinatura de Sancha Augusta Almada Menezes Pimentel, Viscondessa de Barcel e trisavó dos actuais proprietários, Maria de Fátima Drummond Borges, herdeira da quinta em 2013, e o seu marido Pedro Drummond Borges. A pequena propriedade, que até ao início dos anos 70 tinha produzido vinho do Porto para outras casas, estava nessa altura em estado de abandono, mas Pedro Drummond Borges, toda a vida gestor de empresas tecnológicas, viu para além da cabeleira — neste caso vinha — despenteada, e apaixonou-se assolapadamente. “Pus-me a pensar no que poderia fazer daquilo, porque ter a quinta em mau estado não era hipótese para mim”, diz-nos o empresário, com o entusiasmo de quem conta as peripécias de uma aventura que acabou em bem. Para tomar a decisão mais informada e perceber o real potencial das vinhas, que totalizavam apenas cinco hectares (só um aproveitável no momento), chamou o viticólogo José Miguel Teles. “Ele disse-me que teríamos de reconverter a maioria das parcelas, mas que conseguiríamos fazer, inicialmente, umas seis mil garrafas de tinto DOC Douro”. Assim, entre 2014 e 2015, começaram a tratar de reconverter 2,7 hectares, concluindo uma plantação em 2017 e outra em 2018, “já com castas estudadas e a pensar no nosso projecto”, revela Pedro Drummond Borges. “Mas estava a fazer tudo isto sem ter a noção exacta ou certeza de qual seria meu objectivo… Não poderia ser só eu a dedicar-me ao projecto, se era para o levar adiante. Tenho cinco filhos, e na altura decidi colocar a família a par do esforço que estava a fazer, sobretudo financeiro…”, recorda.
O passo seguinte foi contratar um enólogo. “Um bom enólogo, para fazer vinhos de topo”, sublinha Pedro Drummond Borges, “não sei fazer as coisas de forma amadora”, atira. O escolhido foi Francisco Baptista, sócio e responsável de enologia no projecto Lua Cheia-Saven, cuja adega serviu, até 2022, inclusive, para produção dos vinhos da Quinta do Carvalhido. Estavam as condições criadas para avançar com o primeiro vinho, Carvalhido tinto 2017, que viria a ser lançado em 2020, com imagem da autoria de Rita Rivotti. “O negócio do vinho, falando em linguagem de gestor, é um negócio de “cash flow”, e se não o tivermos, estamos tramados. Antes do nosso primeiro vinho sair para o mercado, tive produzir fazer também em 2018 e 2019… E pensei ‘agora tenho este bebé de 1500 garrafas nas mãos, o que faço com ele?’, mas a verdade é que as vendi num ápice”, confessa o produtor. Devagar, devagarinho, foi mantendo essa quantidade de produção, até que em 2021 começou a perceber que a aventura tinha pernas para andar. Depois de tomar a grande decisão de recuperar toda a quinta, incluindo os edifícios, chamou o filho Tiago, que deixou o seu trabalho na Tabaqueira para se dedicar à Quinta do Carvalhido no início de 2022, altura em que o projecto arrancou em força. Em 2022, produziram-se ali 13500 garrafas, e o objectivo é crescer rapidamente para as 25 mil. O gestor é assertivo nas palavras: “Não quero ficar com vinho por vender e dizer que vendo tudo. Sou muito cuidadoso nestas coisas. Ou faço segundo os cânones, ou não faço. Um passo de cada vez, tudo muito bem analisado”.
Os primeiros meses de 2022 foram também o momento em que a recuperação da antiga adega ficou finalizada, um empreendimento pessoal de Pedro Drummond Borges. “Achei que era uma grande mais-valia, não económico-financeira, mas de imagem, porque a adega é lindíssima. Ainda não pudemos vinificar lá em 2022 por falta de equipamento, pois tinha apenas uns pipos muito velhos, que ainda cheiravam a vinho”, explica. Já em 2023, a Quinta do Carvalhido começa a produzir na sua adega reabilitada e devidamente equipada. Por agora, estão no mercado cinco vinhos — Carvalhido branco, rosé e tinto; e Quinta do Carvalhido branco e tinto — e depois da prova percebemos que, quando disse que não fazia coisas amadoras, Pedro Drummond Borges não estava a mentir: elegância, frescura e complexidade não lhes falta, com os topo de gama Quinta do Carvalhido a deixar uma fortíssima impressão, surpreendente dada a juventude do projecto. O branco, lote de Viosinho, Rabigato e Arinto, fez doze horas de maceração pré-fermentativa e acabou a fermentação em barricas de 300 litros de carvalho francês, de 4º e 5º uso, onde estagiou nove meses sobre borras finas, com bâtonnage. O tinto, por sua vez, junta Touriga Nacional e Touriga Franca e estagiou doze meses em barricas novas. Estas três castas brancas e duas tintas são, actualmente, as predominantes na quinta.
No sentido de aumentar a produção, a família comprou, recentemente, mais duas propriedades com vinha, também no rio Tua, tal como a Quinta do Carvalhido. Estão as duas prontas a produzir, mas uma delas terá de ser, em parte, reconvertida. Com estas aquisições, o projecto duplicou a área de vinha, totalizando agora doze hectares. Segundo Pedro Drummond Borges, poderá haver novidades também ao nível dos métodos de vinificação, mas o produtor não revela mais. Não quer atrair má sorte nem garantir o que ainda não está garantido, mas os olhos brilham enquanto nos deixa o “teaser”. É a voz do gestor racional a falar, e deixamos que assim seja.
(Artigo publicado na edição de Outubro de 2023)