Mulheres solidárias na Malhadinha

O grupo United Wine Women – Blended for a Cause (UWW), composto por 23 mulheres do sector do vinho, aliou-se à Herdade da Malhadinha Nova para uma celebração solidária do Dia da Mulher, dia 8 de Março. São maioritariamente enólogas e produtoras, de empresas de vinho de vários pontos do país, unidas por uma causa […]
O grupo United Wine Women – Blended for a Cause (UWW), composto por 23 mulheres do sector do vinho, aliou-se à Herdade da Malhadinha Nova para uma celebração solidária do Dia da Mulher, dia 8 de Março. São maioritariamente enólogas e produtoras, de empresas de vinho de vários pontos do país, unidas por uma causa maior: o Refúgio Aboim Ascensão, em Faro, que procura acolher, enquadrar e reencaminhar crianças apartadas de família.
Na Herdade, em Albernoa, no Alentejo, irá reunir-se um cabaz com vinhos oferecidos por cada uma das integrantes do grupo e pelos convidados Telmo Alves (sócio-gerente da OenO-Tech) e António Lopes (sommelier). Este cabaz irá ser leiloado e “servirá de mote para a angariação de fundos que reverterão na totalidade para o Refúgio”, mas todos estão convidados a contribuir. A entrega ao vencedor irá ser feita pelo grupo UWW no dia 22 de Junho, nas instalações da instituição já referida, com a comparência do seu fundador, Luís Villas Boas.
O evento contará, também, com a presença dos actores Pedro Lamares e Albano Jerónimo. Saiba como contribuir para o cabaz, enviando e-mail para unitedwinewomen@malhadinhanova.pt.
Sogrape adquire mais uma propriedade em Espanha

A Sogrape acaba de anunciar em comunicado o reforço da sua presença em Espanha, com a aquisição das Bodegas Aura, na região de Rueda. A propriedade, que pertencia à Pernod Ricard Winemakers Spain, tem 40 hectares de vinha da casta Verdejo e produz actualmente dois vinhos de reconhecida qualidade, numa adega com capacidade para cerca […]
A Sogrape acaba de anunciar em comunicado o reforço da sua presença em Espanha, com a aquisição das Bodegas Aura, na região de Rueda. A propriedade, que pertencia à Pernod Ricard Winemakers Spain, tem 40 hectares de vinha da casta Verdejo e produz actualmente dois vinhos de reconhecida qualidade, numa adega com capacidade para cerca de 900 mil litros.
Este é o segundo investimento da Sogrape em território espanhol, depois de, em 2012, ter adquirido as Bodegas LAN, que, para além da operação principal na famosa região de Rioja, incorpora também a prestigiada marca Santiago Ruiz, nas Rias Baixas, e outros projetos em desenvolvimento recente nas regiões de Rueda e Ribera del Duero.
“A partir do momento em que redefinimos as nossas linhas de orientação estratégica e assumimos que a focalização seria essencial à eficiência e crescimento da Sogrape, o reforço da nossa operação em Espanha foi sempre um objetivo”, comenta Fernando da Cunha Guedes, CEO da Sogrape, citado em comunicado da empresa. A aquisição de Aura, em Rueda, é um passo natural para complementar o portfólio do grupo relativamente à origem Espanha, desenvolvendo a posição da LAN naquela que é já hoje uma das principais denominações de origem em Espanha e líder destacada nos vinhos brancos deste país.
Com as vendas a crescer de forma consistente desde 2000, os vinhos da Rueda são especialmente relevantes em Espanha. Este mercado, que vale atualmente cerca de 60% para a LAN, apresenta-se em 3º lugar no ranking de principais mercados para o Grupo Sogrape. Fernando da Cunha Guedes garante que a intenção é “continuar a crescer”, para “ganhar escala em Espanha, quer pelo aumento da oferta relativamente a esta origem, quer pelo reforço inevitável da distribuição neste mercado, em particular no canal on-trade”.
Fundada em 1942 por Fernando Van Zeller Guedes, a Sogrape é hoje um grupo de empresas e marcas. Partindo da região do Douro, a Sogrape chegou a todo mundo, e produz hoje vinho em Portugal (Sogrape Vinhos Portugal), Espanha (Bodegas LAN), Argentina (Finca Flichman), Chile (Viña Los Boldos) e Nova Zelândia (Framingham). Com empresas de distribuição na Europa, na América, em África e na Ásia, faz chegar os seus vinhos a mais de 120 países.
Wine Summit regressa a Cascais de 20 a 22 de Junho

O MUST – Fermenting Ideas, Wine Summit Cascais´18 regressa ao Centro de Congressos do Estoril de 20 a 22 de Junho. A 2ª edição desta cimeira única no mundo vai reunir alguns dos maiores especialistas internacionais do setor vitivinícola, um dos mais dinâmicos da economia mundial. A cimeira reúne especialistas do setor vinícola de diversas […]
O MUST – Fermenting Ideas, Wine Summit Cascais´18 regressa ao Centro de Congressos do Estoril de 20 a 22 de Junho. A 2ª edição desta cimeira única no mundo vai reunir alguns dos maiores especialistas internacionais do setor vitivinícola, um dos mais dinâmicos da economia mundial. A cimeira reúne especialistas do setor vinícola de diversas áreas – investigação, produção, comércio, enoturismo e marketing – num formato que fomenta o debate entre especialistas e potencia a partilha de experiências.
Esta edição conta com um painel de respeitados oradores. Vai ser possível ouvir o contributo de Gérard Basset, um dos mais prestigiados sommelier mundiais; Robert Joseph, fundador do IWC, editor da Meininger’s, produtor e criador de conteúdos; Willi Klinger, diretor do Austrian Wine Marketing Board; Maureen Downey, conhecida como a Sherlock Holmes dos Vinhos; Charles Spence, Professor Universitário especializado em neurociência; o enólogo italiano Alberto Antonini; Felicity Carter, uma das mulheres mais poderosas do sector; Mariette du Toit-Helmbold, uma das maiores autoridades internacionais sobre enoturismo; Laura Catena, diretora da Bodega Catena Zapata; Heini Zachariasse, fundador e CEO da Vivino, a maior comunidade mundial de vinhos; a conceituada jornalista e master of wine Debra Meiburg; o produtor de vinhos naturais Frank Cornelissen; o jornalista francês e mais conceituado provador de vinhos Michel Bettane; e Rui Falcão, um dos maiores críticos de vinhos em Portugal.
O MUST Fermenting Ideas é um evento profissional, aberto a qualquer participante (limitado a 500 lugares). Promovido por Rui Falcão, crítico de vinhos, e Paulo Salvador, jornalista, o evento conta com o apoio da Câmara Municipal de Cascais e do Turismo de Portugal. A edição de estreia, em 2017, contou com a participação de 20 oradores e mais de 450 especialistas de 22 países.
Para a edição deste ano, o valor da inscrição é de 300€ + iva. As inscrições deverão ser feitas online em www.mustfermentingideas.com.
Omdesign distinguida no Wine Design Challenge

A Omdesign, agência de design e publicidade de Leça de Palmeira, acaba de conquistar dois Ouros no Wine Design Challenge, uma competição da revista “Drinks International”. Um prémio foi atribuído ao projeto de autopromoção Packaging Omdesign 2016, na categoria Alternative Wine Packaging Design; o outro à edição especial e limitada 130YO Gran Cruz, na categoria […]
A Omdesign, agência de design e publicidade de Leça de Palmeira, acaba de conquistar dois Ouros no Wine Design Challenge, uma competição da revista “Drinks International”. Um prémio foi atribuído ao projeto de autopromoção Packaging Omdesign 2016, na categoria Alternative Wine Packaging Design; o outro à edição especial e limitada 130YO Gran Cruz, na categoria New Design of a Wine Brand.
O Packaging Omdesign 2016 reflete e consolida as fortes preocupações ambientais que a agência defende desde a sua fundação, em 1998. Todo o conceito desta embalagem está retratado no filme “Our commitment to the future” (https://www.youtube.com/watch?v=50P8iTlKzoc). Por sua vez, o projeto da Gran Cruz, que assinala e celebra os 130 anos da empresa sob o mote “130 anos de saber-fazer e de paixão”, é apresentado numa edição numerada e exclusiva, que pretende eternizar este marco histórico.
Caves Cockburn’s dão a provar Tawnies de 10, 20, 30 e 40 Anos

Depois da reabertura – após uma profunda reabilitação em julho de 2017 –, as Caves da Cockburn’s apresentam agora uma nova prova de Vinhos do Porto, desta feita uma seleção transversal de Tawnies de idade da Symington Family Estates. Os visitantes têm assim a oportunidade de desfrutar, nas maiores caves da zona histórica de Vila […]
Depois da reabertura – após uma profunda reabilitação em julho de 2017 –, as Caves da Cockburn’s apresentam agora uma nova prova de Vinhos do Porto, desta feita uma seleção transversal de Tawnies de idade da Symington Family Estates. Os visitantes têm assim a oportunidade de desfrutar, nas maiores caves da zona histórica de Vila Nova de Gaia, de quatro vinhos com um envelhecimento entre os 10 e os 40 anos: Cockburn’s 10 Year Old Tawny, o Cockburn’s 20 Year Old Tawny, o Dow’s 30 Year Old Tawny e o Graham’s 40 Year Old Tawny.
A Symington Tawny Tasting, que tem um preço de 45 euros, acontece na Sala John Smithes, um espaço exclusivo que deve o seu nome a um brilhante provador e grande amante do Douro, para além de ter sido um dos pioneiros na pesquisa das castas autóctones da região. Com esta novidade, as Caves da Cockburn’s passam a contar com seis provas de vinhos da Symington, que permitem um conhecimento abrangente das propostas da família.
As provas no lodge estão incluídas na visita guiada ao espaço onde se pode conhecer o museu – que contém uma coleção de aguarelas do século XIX, de Barão de Forrester –, bem como a última tanoaria em operação nas Caves de Vinho do Porto. Os visitantes têm a oportunidade de ver os trabalhos dos mestres tanoeiros (de segunda a sexta-feira em horário laboral), que empregam as mesmas técnicas e as mesmas ferramentas que os seus antepassados usaram no passado. O preço da visita começa nos 12 euros, sendo necessário salvaguardar uma pré-reserva.
Jornada formativa sobre protecção da vinha decorreu em Almeirim

Atenta à necessidade de formar e informar os viticultores sobre as boas práticas agrícolas de gestão da vinha, a Adega Cooperativa de Almeirim recebeu em Fevereiro, nas suas instalações, cerca de 100 sócios numa ação de formação co-organizada pela Borrego Leonor & Irmão e pela Bayer. A mensagem central da formação consistiu na importância da […]
Atenta à necessidade de formar e informar os viticultores sobre as boas práticas agrícolas de gestão da vinha, a Adega Cooperativa de Almeirim recebeu em Fevereiro, nas suas instalações, cerca de 100 sócios numa ação de formação co-organizada pela Borrego Leonor & Irmão e pela Bayer. A mensagem central da formação consistiu na importância da adopção de uma estratégia preventiva de proteção da vinha contra pragas e doenças.
Avelino Balsinhas, responsável da Bayer para as culturas da vinha e olival na Península Ibérica, afirmou que “é importante que os produtos tenham uma ação preventiva e curativa, mas não devem ser usados numa estratégia exclusivamente curativa”. A Bayer anunciou que está a preparar o lançamento em Portugal do serviço Movida®, que vai ajudar os viticultores a posicionar os tratamentos da vinha no momento exato, considerando as condições do clima e o risco de aparecimento das doenças, mediante o envio de um alerta via telemóvel com uma recomendação de plano de tratamentos.
A Borrego Leonor & Irmão está alinhada com esta estratégia de inovação e sustentabilidade preconizada pela Bayer e é sua parceira nesta oferta de serviços. “No futuro iremos ser inovadores na agricultura digital, onde podemos contar com os melhores serviços internacionais e nacionais dos nossos parceiros tecnológicos e comerciais”, revela Paula Borrego.
A Adega Cooperativa de Almeirim engarrafa por ano 12 milhões de litros de vinho, produzidos a partir de uvas entregues por cerca de 200 sócios, que detêm uma área de 1.500 hectares de vinha.
Adega do Cartaxo brilha no concurso Mundus Vini

Os vinhos da Adega do Cartaxo ficaram especialmente bem cotados no concurso Mundus Vini Spring Tasting, que se celebrou recentemente na Alemanha. Das quatro medalhas portuguesas Grande Ouro – o prémio máximo – a Adega do Cartaxo trouxe três! (A quarta foi para o Douro, para o duriense Quinta da Gaivosa 2013). Não contente com […]
Os vinhos da Adega do Cartaxo ficaram especialmente bem cotados no concurso Mundus Vini Spring Tasting, que se celebrou recentemente na Alemanha. Das quatro medalhas portuguesas Grande Ouro – o prémio máximo – a Adega do Cartaxo trouxe três! (A quarta foi para o Douro, para o duriense Quinta da Gaivosa 2013). Não contente com isto, a Adega do Cartaxo conseguiu ainda 6 medalhas de Ouro. Outro produtor que se saíu muito bem foi a Casa Santos Lima, conquistando 11 medalhas de Ouro e o título de “Melhor Produtor Português”. A Adega de Cantanhede, com 10 Ouros, ficou logo a seguir.
Portugal trouxe 321 medalhas no total, entre as 2.702 atribuídas (cerca de 11,9% do total). Para além das 4 Medalhas Grande Ouro (das 33 atribuídas), os vinhos lusos conseguiram 130 de Ouro (1.102) e 187 de Prata (1.575). A organização atribuiu ainda a designação “Best of Show” para o vinho melhor classificado dentro de determinada região ou denominação.
O concurso decorreu em finais de Fevereiro na Alemanha e contou com a participação de quase 6.770 vinhos de mais de 150 regiões produtoras de vinho de todo o mundo. Os vinhos foram avaliados por um conjunto de 270 provadores de mais de 40 países diferentes. (AF)
Grand Gold para vinhos portugueses
Quinta da Gaivosa tinto 2013 (Alves de Sousa) (Best of Show Douro)
Bridão Touriga Nacional Tejo tinto 2015 (Adega do Cartaxo) (best of Show Tejo)
Coudel Mor Tejo Reserva tinto 2015 (Adega do Cartaxo)
Bridão Tejo Reserva tinto 2015 (Adega do Cartaxo)
Gold e “Best of Show”
Best of Show Vinho Verde
Quinta da Raza Alvarinho Trajadura branco 2017 (Quinta da Raza)
Best of Show Bairrada
Quinta dos Abibes Reserva tinto 2013 (Quinta dos Abibes)
Best of Show Dão
Titular Reserva tinto 2015 (Caminhos Cruzados)
Best of Show Lisboa
Touriz tinto 2014 (Casa Santos Lima)
Best of Show Reg. Alentejano
Blog Alicante Bouschet e Syrah tinto 2015 (Tiago Cabaço)
Best of Show Alentejo
Herdade do Peso Essência do Peso tinto 2015 (Sogrape Vinhos)
Best of Show Port
Cálem Porto Colheita 1998 (Sogevinus)
Boas Esperanças

Mesmo ao pé da Zibreira, concelho de Torres Vedras, um recente produtor decidiu enveredar pela produção de vinho com uma filosofia que aponta para a elevada qualidade. E em boa hora o fez a Quinta da Boa Esperança… TEXTO António Falcão NOTAS DE PROVA João Paulo Martins e Nuno Oliveira Garcia FOTOS Ricardo Palma […]
Mesmo ao pé da Zibreira, concelho de Torres Vedras, um recente produtor decidiu enveredar pela produção de vinho com uma filosofia que aponta para a elevada qualidade. E em boa hora o fez a Quinta da Boa Esperança…
TEXTO António Falcão NOTAS DE PROVA João Paulo Martins e Nuno Oliveira Garcia FOTOS Ricardo Palma Veiga
ARTUR Gama não é um desconhecido nos vinhos. Juntamente com a sua mulher, Eva Moura Guedes, adquiriram esta quinta em Dezembro de 2014. Localizada a leste de Torres Vedras, a quinta foi imediatamente rebaptizada com o nome de Quinta da Boa Esperança. O nome ‘Esperança’ pode indicar um milhão de coisas diferentes, mas o casal prefere pensar num período notável da história de Portugal, quando os intrépidos navegadores portugueses – chefiados por Bartolomeu Dias – dobraram finalmente por mar o cabo da Boa Esperança, na pontinha a sul da África, e assim conseguiram encurtar sobremaneira o acesso às índias. Na altura, recorde-se, nem sequer se sabia se existia alguma ligação entre o oceano Atlântico e o oceano Índico…
O investimento do casal foi por isso vultuoso e basicamente uma decisão de vida, há muito aguardada e, quem sabe, tentada. Façanhas à parte, vamos ver um pouco a terra que foi comprada. Geograficamente, a Quinta da Boa Esperança está naquilo a que poderíamos chamar zona de transição: não está tão exposta ao Atlântico como quintas mais próximas do mar, mas não é tão quente e seca como outras zonas da região de Lisboa mais para sul e interior, ou eventualmente mais protegidas por conjuntos montanhosos. O mar fica a 20 quilómetros. Os solos são predominantemente de perfil argilo-calcário. A orientação da vinha é sobretudo este-oeste, em encostas relativamente suaves.
A caminho do biológico
A produção de vinho foi, desde logo, uma ambição. A vinha já existia na quinta, mas os responsáveis de produção – Paula Fernandes, residente, e Rodrigo Martins, consultor – consideraram que não estava em grande estado. O primeiro passo foi, assim, compor o vinhedo, seja por arrancar e replantar, seja por recuperar algumas parcelas. O primeiro instinto foi arrancar o Alicante Bouschet, casta mais indicada para climas quentes. Enquanto a decisão era considerada, decidiram controlar a produção do Alicante (para metade) durante 2015 e colhê-lo apenas quanto estava ligeiramente desidratado. Fez-se a vindima e, surpresa das surpresas, foi a casta que melhor vinho deu nesse ano! E é, segundo Rodrigo, o vinho que maior mostra dá de longevidade. Afinal, só saiu metade do Alicante. Entraram Arinto e Sau- vignon Blanc, duas castas brancas com boas capacidades enológicas. Outra ambição dos responsáveis é ir subindo no respeito pelo ambiente. Em 2018 querem deixar de usar herbicidas, e, se os resultados forem bons, ir aumentando a parada, ano após ano, até chegarem à verdadeira agricultura biológica. “Cada ano é um ano de aprendizagem”, diz Rodrigo Martins.
Ficar apenas com o melhor
Só uma parte do vinho aqui feito é engarrafado com o nome Quinta da Boa Esperança. O resultado é que a produção total é curta, para já: cerca de 15.000 litros de branco e entre 15 a 20.000 litros de tinto. O restante, que não chega ao padrão exigido, é vendido a terceiros.
A vindima é feita, claro, à mão e os cachos vão directo da vinha para a adega. Nem sequer há tapete de escolha: a selecção dos cachos é feita logo na vinha.
Os melhores varietais são mantidos assim mesmo, sem lotear com outras castas. Por isso a casa tem muitos. Por outro lado, estão em barricas os primeiros topos-de-gama tintos: um Reserva e um Grande Reserva. Vão sair mais tarde, especialmente o Grande Reserva, que se espera vir a ter dois anos de madeira.
Os anos são todos diferentes e, por isso, nas edições de 2016 poderão existir outros varietais. Em 2017, por exemplo, deverá haver um Castelão, que se portou muito bem. Foi também um ano fantástico para brancos, disse-nos Paula Fernandes.
A adega
A adega nasceu pouco depois e, segundo os enólogos, tem tudo o que é preciso para fazer bons vinhos. Mas, diz Rodrigo, “o maior investimento vai sempre para a vinha”. Ainda assim, é bem possível que tenham de ampliar a adega nos tempos mais próximos.
A cave de barricas já tem um bom conjunto de unidades (225, 500 e 700 litros) e percebe-se porquê. À falta de um histórico, a equipa está a fazer experiências com vários fornecedores de barricas e com variações de tostas. Mas as duas tanoarias portuguesas têm-se portado muito bem, mesmo contra marcas famosas de França. O estágio em boa madeira – e não só – tem ajudado a amaciar e complexar os vinhos, especialmente os tintos. De outra forma teriam tendência a exibir taninos um pouco aguerridos. E o que é facto é que se bebem muito bem desde já: suaves no geral, taninos presentes, mas discretos, madeira a notar-se, mas não impositiva.
À procura da velocidade de cruzeiro
A exportação já leva 40% dos vinhos da casa, mas é intuito dos proprietários aumentar esta quota, possivelmente até aos 60%. No mercado nacional, os vinhos estão sobretudo em lojas especializadas.
Agora que as coisas vínicas estão a começar a entrar em velocidade de cruzeiro, o casal está a olhar para os restantes imóveis, que estavam em pobre estado de conservação. Ao lado do armazém onde almoçamos (antiga adega com depósitos de cimento) nasce a futura casa de habitação, onde Artur e Eva esperam vir a morar brevemente. E assim cumprir um sonho, dobrando o cabo da Boa Esperança.