Baga Friends com programas especiais no Dia Internacional da Baga

Baga Friends Dia Internacional

No próximo dia 6 de Maio festeja-se, na Bairrada, o Dia Internacional da Baga, criado em 2022 quando do décimo aniversário dos Baga Friends, a associação de produtores da região fundada, em 2012, para promover a casta tinta mais emblemática da Bairrada. Com o lema “A Baga nas suas 7 quintas”, os sete produtores que […]

No próximo dia 6 de Maio festeja-se, na Bairrada, o Dia Internacional da Baga, criado em 2022 quando do décimo aniversário dos Baga Friends, a associação de produtores da região fundada, em 2012, para promover a casta tinta mais emblemática da Bairrada.

Com o lema “A Baga nas suas 7 quintas”, os sete produtores que actualmente integram os Baga Friends — Filipa Pato, Luís Pato, Quinta da Vacariça, Quinta das Bágeiras, Quinta de Baixo, Sidónio de Sousa e Vadio — terão, neste dia, programas especiais nas suas adegas, das 10h00 às 18h00, com provas de vinho, animação e pratos típicos.

Mário Sérgio Nuno, proprietário da Quinta das Bágeiras, comenta: “A Baga é uma casta muito versátil, que tanto produz vinhos espumantes, rosés e tintos jovens como tintos com grande capacidade de guarda. Num país como o nosso, em que a tradição é o lote de castas, a Baga, sozinha, tem a acidez, os taninos e a estrutura aromática para fazer grandes vinhos, sem precisar de outras castas. Por trabalharmos com a Baga há tantos anos, e lhe conhecermos as qualidades e as dificuldades, sabemos que é uma grande casta e que merece ser distinguida e reconhecida no mundo inteiro, e celebrada com um Dia Internacional dedicado”.

Para participar nas actividades dos Baga Friends, no Dia Internacional da Baga, é necessário adquirir um passe que dá acesso às sete adegas. Este tem duas modalidades: o passe “normal”, com um custo de €30; e o passe VIP, de €80, que inclui entrada no jantar final, que decorrerá no restaurante Rei dos Leitões, na Mealhada (limitado a 200 lugares).

Segundo dados da Comissão Vitivinícola da Bairrada, a Baga “representa 4% da área de vinha plantada em Portugal, sendo a sétima mais utilizada na produção de vinho. Dos mais de 8 mil hectares plantados em todo o país, na Bairrada tem o maior peso, na ordem dos 3500 hectares”.

Vocalista de Iron Maiden vem a Portugal para o Wine Future 2023

Wine Future Iron Maiden

De “Fear of the Dark” para “Love for the Beer”: O vocalista da banda de heavy metal britânica Iron Maiden, Bruce Dickinson, irá participar na 4ª edição do Wine Future, em Coimbra, que acontecerá de 7 a 9 de Novembro de 2023. O evento, que será realizado no Convento de São Francisco, terá como tema […]

De “Fear of the Dark” para “Love for the Beer”: O vocalista da banda de heavy metal britânica Iron Maiden, Bruce Dickinson, irá participar na 4ª edição do Wine Future, em Coimbra, que acontecerá de 7 a 9 de Novembro de 2023. O evento, que será realizado no Convento de São Francisco, terá como tema “Quebrar Barreiras” e contará, entre outros momentos, com palestras de Bruce Dickinson sobre seus projectos empreendedores e a sua relação entre a música e os negócios.

Além da sua carreira musical, Bruce é empresário e mestre cervejeiro, tendo já criado uma marca de cerveja com assinatura Iron Maiden, “Trooper”, nome que é uma referência ao segundo single do quarto álbum de estúdio da banda, Piece of Mind, lançado em 1983.

Wine Future Iron Maiden
Trooper, a marca de cervejas criada por Bruce Dickinson. Fonte: ironmaidenbeer.com

Adicionalmente, Dickinson é piloto comercial e o actual presidente da Cardiff Aviation, empresa criada por si em 2012. Ainda na mesma área, já desempenhou funções enquanto director de marketing, na Astraeus Airlines.

O Wine Future 2023 é organizado pela Chrand Events USA — empresa fundadora das Wine Future Conferences e dos summits Green Wine Future — e terá a participação de respeitados nomes do mundo do vinho, bem como personalidades de outros sectores. A Wines of Portugal, marca da ViniPortugal, será co-organizadora do evento, tendo já sido patrocinadora de título do Wine Future 2021.

Projecto “Take Action” mostra aos jovens o potencial profissional do Douro

Take Action Douro

A Associação Bagos d’Ouro desenvolveu o projecto “Take Action – Realiza-te no Douro”, com o objectivo de orientar os jovens durienses nas suas escolhas académicas e profissionais, integrando-os na vida activa e, em simultâneo, e retendo-os na região. Este ano, o programa — que oferece oportunidades formativas e de estágio de curta duração em mais […]

A Associação Bagos d’Ouro desenvolveu o projecto “Take Action – Realiza-te no Douro”, com o objectivo de orientar os jovens durienses nas suas escolhas académicas e profissionais, integrando-os na vida activa e, em simultâneo, e retendo-os na região.
Este ano, o programa — que oferece oportunidades formativas e de estágio de curta duração em mais de 30 empresas da região do Douro — teve a participação de 40 jovens do 3º Ciclo e Ensino Secundário, que visitaram e estagiaram em dezenas de empresas de diferentes áreas, incluindo hotelaria, turismo, indústria e energia.

Com o Take Action, a Bagos d’Ouro visa encorajar a exploração vocacional dos alunos do 3º Ciclo e auxiliar no processo de tomada de decisão dos estudantes do Ensino Secundário, em relação aos seus estudos e vida profissional. Anualmente, a associação proporciona a dezenas dos jovens — que apoia nos municípios de Alijó, Armamar, Mesão Frio, Murça, Sabrosa, São João da Pesqueira e Tabuaço — a oportunidade de contactarem directamente com o mercado de trabalho.

“O Take Action visa mostrar aos jovens que o futuro pode estar mais próximo do que imaginam. Por isso, o programa incluiu empresas da região do Douro ou que estão aqui representadas, desde os grandes grupos, como EDP, Unilabs ou Sogrape, a outros negócios que vão ao encontro dos sonhos destes jovens”, explica Maria Inês Taveira, coordenadora geral da Bagos d’Ouro. “Além de acreditarmos muito no potencial da região, não queremos que os alunos condicionem os seus sonhos com base na percepção de que aqui não terão tantas oportunidades. É na desmistificação desta ideia que trabalhamos, diariamente, há mais de dez anos, através da aproximação das nossas crianças e jovens às diferentes oportunidades educativas e, no caso do Take Action, profissionais”, desenvolve.

Adamus é a primeira aguardente bagaceira DOC Bairrada biológica

Adamus aguardente biologica

A Destilaria Levira lançou, com a sua marca Adamus, aquela que é a primeira, e até ao momento a única, aguardente bagaceira DOC Bairrada com certificação biológica. Com esta nova aguardente Adamus, a empresa explica que pretende “destacar o melhor de uma tradicional aguardente bagaceira, tornando-a mais amiga do ambiente”. Para obtenção da certificação biológica, […]

A Destilaria Levira lançou, com a sua marca Adamus, aquela que é a primeira, e até ao momento a única, aguardente bagaceira DOC Bairrada com certificação biológica.

Com esta nova aguardente Adamus, a empresa explica que pretende “destacar o melhor de uma tradicional aguardente bagaceira, tornando-a mais amiga do ambiente”. Para obtenção da certificação biológica, a Destilaria Levira revela ainda que “desde a vinha e da vinificação, até à posterior destilação, foram respeitados todos os critérios qualitativos. Na sua produção não são utilizados pesticidas ou produtos químicos prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. A destilação é realizada de forma 100% artesanal e o vapor utilizado para a destilação é gerado por uma caldeira alimentada com biomassa ecológica, proveniente de subprodutos desidratados da vinha e da própria uva”.

Disponível para compra na loja online da Adamus, nas lojas Garcias ou através da equipa comercial desta distribuidora, a Adamus Aguardente Bagaceira Biológica DOC Bairrada apresenta, ainda, uma garrafa com tampa de cortiça 100% natural e decoração feita com tintas “naturais e ecológicas”, como atesta o produtor.

Adega de Favaios organiza Encontro Sobre Viticultura Regenerativa

Encontro Sobre Viticultura Regenerativa

O Encontro do Ciclo Sobre Viticultura Regenerativa é uma iniciativa da Adega de Favaios, cuja terceira edição acontece já neste mês de Abril, no dia 14. Os dois temas em debate neste evento da adega cooperativa duriense — “Viticultura Regenerativa” e “O solo como ferramenta de adaptação ao impacto das alterações climáticas na vinha” — […]

O Encontro do Ciclo Sobre Viticultura Regenerativa é uma iniciativa da Adega de Favaios, cuja terceira edição acontece já neste mês de Abril, no dia 14.

Os dois temas em debate neste evento da adega cooperativa duriense — “Viticultura Regenerativa” e “O solo como ferramenta de adaptação ao impacto das alterações climáticas na vinha” — contarão com a participação de profissionais com experiência na área, como Miguel Soares (Zona Agro) e Pedro Tereso (Agrosustentável).

“Não podemos aceitar a ideia de que, para termos uvas de qualidade, as videiras têm que sofrer e produzir pouco. Na agricultura regenerativa, tenta-se compreender os mecanismos naturais de regeneração dos ecossistemas para que os possamos mimetizar, adaptando-os à nossa exploração agrícola”, refere Miguel Soares.

Encontro Viticultura Regenerativa

Já “a perda de nutrientes e destruição do solo, que a agricultura convencional, incluindo algumas práticas da agricultura biológica, tem causado”, é uma das questões a merecer a atenção de Pedro Tereso.

Por sua vez, Mário Monteiro, presidente da direcção da Adega de Favaios, cometa que “pela sua história e dimensão, a Adega Cooperativa de Favaios tem uma grande importância na região duriense e, nesse sentido, queremos o mais possível implicar a Adega no desenvolvimento e nas questões prementes da agricultura e ecologia actuais, acreditando que estamos assim a dar o nosso contributo para a sustentabilidade e futuro do território”.

A entrada no Encontro do Ciclo Sobre Viticultura Regenerativa é gratuita, mas limitada aos lugares disponíveis, que podem ser reservados através dos contactos liliana@adegadefavaios.com.pt, 967897926 e 259957310.

Páscoa doce: o que beber com as sobremesas da época

Páscoa Doce

Não há dúvida de que um dos pontos mais altos de uma refeição de Páscoa é o momento em que se adoça o palato. Dos bolos de chocolate aos queijos, passando pelos doces de ovos ou de amêndoa, muitas são as sobremesas portuguesas típicas desta época, com variações de região para região. Aqui fica uma […]

Não há dúvida de que um dos pontos mais altos de uma refeição de Páscoa é o momento em que se adoça o palato. Dos bolos de chocolate aos queijos, passando pelos doces de ovos ou de amêndoa, muitas são as sobremesas portuguesas típicas desta época, com variações de região para região.

Aqui fica uma selecção de vinhos para harmonizar com doces de diferentes famílias de sabores – avaliados por vários provadores da Grandes Escolhas –  com preços que não vão levar ninguém à ruína finaceira.

 

BOLOS DE CHOCOLATE:

 

DOCES COM AMÊNDOA E OUTROS FRUTOS SECOS:

 

DOCES COM LARANJA:

 

DOCES DE OVOS E BOLO DE MEL:

 

FOLARES DE ERVA – DOCE OU CANELA:

 

QUEIJOS AZUIS OU PICANTES:

 

OUTROS QUEIJOS:

Vinhos de 2022 da José Maria da Fonseca recebem certificação FAIR’N GREEN

José Maria Fonseca certificação

A José Maria da Fonseca recebeu, recentemente, a certificação de sustentabilidade FAIR’N GREEN para todos os seus vinhos da colheita de 2022. Esta é a única empresa portuguesa a integrar a lista de 130 produtores com a certificação FAIR’N GREEN, um projecto iniciado em 2013 por produtores de vinho alemães. António Soares Franco, presidente da […]

A José Maria da Fonseca recebeu, recentemente, a certificação de sustentabilidade FAIR’N GREEN para todos os seus vinhos da colheita de 2022. Esta é a única empresa portuguesa a integrar a lista de 130 produtores com a certificação FAIR’N GREEN, um projecto iniciado em 2013 por produtores de vinho alemães.

António Soares Franco, presidente da José Maria da Fonseca, comenta: “Depois da certificação que alcançámos no ano passado com o Periquita Reserva, uma das nossas grandes referências, quisemos expandir a certificação de sustentabilidade FAIR’N GREEN à totalidade do nosso portefólio. Se queremos continuar a preservar os recursos naturais, tal como fazemos há várias décadas, o caminho a percorrer teria de ser este. Estamos muito felizes com esta certificação, mas conscientes de que ela nos traz mais responsabilidades na adopção de práticas mais conscientes e amigas do ecossistema”.

No âmbito das políticas e práticas sustentáveis, a José Maria da Fonseca afirma que apostou recentemente “na instalação de um sistema solar fotovoltaico para autoconsumo, na Quinta da Bassaqueira, em Vila Nogueira de Azeitão, que irá permitir a poupança energética de 38%. Este sistema irá também evitar a emissão de 250 toneladas de CO2 por ano, que equivalem a 55 hectares de floresta ou à retirada de 139 carros da estrada por ano”. Ainda neste campo, o produtor refere que mantém práticas como “a redução de consumos de água, com objectivos e metas anuais, incluindo o tratamento e reutilização de todas as águas residuais”, e que “a empresa não faz descargas da sua Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) no meio hídrico desde 2007”.

A Serenada: O espírito criativo e irreverente de Jacinta Sobral

Jacinta Sobral serenada

Jacinta Sobral da Silva herdou, em 2006, dois hectares de vinha velha perto de Grândola. O pai tinha-a plantado em 1961 e 1970, num terreno de 23 hectares propriedade da família há 300 anos. Era um field blend de castas tintas e brancas, cujas uvas vinificava e vendia a granel na região. A actual proprietária […]

Jacinta Sobral da Silva herdou, em 2006, dois hectares de vinha velha perto de Grândola. O pai tinha-a plantado em 1961 e 1970, num terreno de 23 hectares propriedade da família há 300 anos. Era um field blend de castas tintas e brancas, cujas uvas vinificava e vendia a granel na região.

A actual proprietária de A Serenada é farmacêutica de formação, curso que tirou na Universidade de Lisboa. Na altura em que tomou posse da herdade tinha poucos conhecimentos sobre vinho e a sua produção, o que a levou a tirar o mestrado em enologia e viticultura no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa. Queria “meter mãos à obra” e dar continuidade à actividade do pai, mas precisava de conhecimento para o fazer.

Jacinta Sobral Serenada
Jacinta Sobral

Para além da terra, e da vinha, o pai, que tinha falecido em novembro, pouco depois da vindima, deixara-lhe quatro cubas cheias de vinho de 1000 litros, oito de 500 litros, várias de 150 e mais outras mais pequenas. Parecia que adivinhava o gosto da filha para fazer pequenos volumes de vinho, que procura que sejam diferentes, e certamente apelativos para quem os consome. E tenham o cunho do terroir, mas também da alma criativa que teima em continuar a experimentar, à procura que as suas ideias se transformem no vinho que quer fazer, até o conseguir. “É isso que me permite fazer as coisas à minha maneira”, explica. Uma delas é vinificar o tinto em cubas de 1500 litros ou em cubas de 225 ou 500 litros, a que abre os topos. Talvez por isto, mas certamente, por nostalgia, ficou com todos os recipientes herdados, e já acrescentou mais alguns. E diz que está a pensar vender a cuba de maior dimensão, aquela que aconselharam a comprar quando se meteu no projecto.

Conhecimento e inspiração

Começou a engarrafar o vinho a partir de 2010, também com base no aprendeu em algumas viagens em que gosta de misturar turismo com aquisição de conhecimento. Fez isso a regiões de Espanha, França e Suíça, “sempre a coisas pequenas”, mas também à Austrália e África do Sul.

Diz que duas das regiões que mais a influenciaram foram as de Valdeorras e Bierzo, pelas características dos seus vinhos das castas Mencia (Jaen) e Godello (Gouveio). Já tinha a última na vinha, a partir da qual produz “um vinho muito elegante, que seria o meu preferido se eu fosse chefe de cozinha, porque é suave, delicado e tem personalidade”. Também faz um monocasta de Verdelho, “de características mais marcantes”. É produzido com base nas uvas de uma vinha plantada por Jacinta Sobral em 2008, na zona de cima da propriedade. “Nessa altura havia poucos vinhos de Verdelho à venda em Portugal e eu tinha provado os desta casta na Austrália numa viagem que fiz ao país em 2005, e gostei”, conta. Diz, também, que não foi fácil arranjar o material vegetativo e foram os contactos que tinha estabelecido com a Estação Vitivinícola Nacional, em Dois Portos, quando estava a fazer o mestrado, que lhe permitiram saber que esta entidade estava a plantar uma vinha da casta. “Foram eles que me prepararam e forneceram as varas”, conta. O primeiro vinho que engarrafou desta variedade foi da colheita de 2013. Ainda está a vender o do ano seguinte e começou há pouco a colocar no mercado o de 2015 porque decidiu, há alguns anos, vender estes vinhos sempre com tempo em garrafa.

Os vinhos da mina

A ideia surgiu-lhe depois de ter provado um vinho do Esporão que estava, há muito tempo, no restaurante onde tinha ido e que “ninguém queria por ter o rótulo estragado. “Estava maravilhoso”, comenta, dizendo que isso a levou a fazer uma experiência semelhante na A Serenada e guardar o vinho alguns anos antes para comercializar apenas quando considera que estão prontos. Os das colheitas de 2016 a 2019 estão a estagiar, engarrafados, na Galeria Valdemar da Mina do Lousal, “para os termos em condições mais standard e estabilizadas, em condições semelhantes às dos vinhos que são mergulhados na água do mar: ausência de luz e temperatura constante e muito fresca. Faço tenção de os deixar lá muito tempo”, afirma a proprietária de A Serenada. A iniciativa para este projecto, a que aderiram também a Companhia Agrícola da Barrosinha, a Herdade do Canal Caveira e o Monte da Carochinha, partiu da Câmara Municipal de Grândola.

Jacinta Sobral diz que tem a vantagem de não ter ninguém acima a quem prestar contas, o que lhe permite fazer os vinhos como gosta, arriscando e experimentando, sem medo de errar. Na sua vinha, cujo maneio decorre com base método de produção integrada, a poda decorre habitualmente em dezembro e a vindima começa em agosto. Este ano a 15, e pela casta Verdelho. Ambas as operações são feitas à mão “porque, de outra forma, não saía nada de jeito com tanta coisa pequenina”, explica.

A proprietária de A Serenada diz que a decisão mais difícil que toma todos os anos é a da marcação do início da vindima. Sobretudo na vinha antiga, apesar de fazer sempre controlo de maturação com colheita de uvas, por vezes cachos inteiros, para análise e de prova de bagos. Nela “é difícil fazer a amostragem”. Para além disso, “as pessoas têm a tendência de apenas colher uvas da zona mais exterior, que amadurecem mais cedo do que as estão na zona mais interior, que precisam de mais um dia ou dois para estarem no ponto certo”, conta, explicando que é, por isso, que não deixa a decisão do dia da colheita da vinha velha para qualquer outra pessoa da sua equipa. Explica, no entanto, que esta é a sua vinha mais certa, porque é vindimada habitualmente entre cinco e sete de setembro e dá em média cerca de 2,5 toneladas de uva.

Jacinta Sobral serenada

 Uma nova marca

Talvez por isso respondeu logo ao desafio da sua filha, de criar uma marca com um nome pequeno, que fosse fácil de diferenciar e fixar.  E deu-lhe a designação do antigo código matricial da quinta, Y14, que se apropriava ao conceito e reflecte, um pouco, a criatividade e irreverência de Jacinta Sobral. Basta contar que o primeiro branco lançado no mercado, da colheita de 2019, foi produzido com Moscatel Graúdo fermentado em talha. No ano seguinte experimentou fazê-lo em spinbarrels. Como não gostou muito do resultado, a colheita de 2021 foi fermentada em barrica e estagiada em talha. Das experiências, conta que “o primeiro vinho é, talvez, o mais consensual, mas os taninos ficam mais vivos quando a extracção é maior, o que é interessante para quem gosta de vinhos diferentes”.

A Serenada tem um espaço de enoturismo com oito quartos, alguns deles com uma vista que parece quase infinita e termina, a norte, na Serra da Arrábida. Disponibiliza também uma loja e um espaço para refeições onde organiza provas de vinhos, jantares vínicos com quatro tipos de harmonizações. Talvez por isso consiga vender, ali, entre 25 a 30% das 15 mil garrafas de vinho que a propriedade produz, uma boa parte comprada pelos seus hóspedes, que gostam e compram, ou encomendam para entrega nas suas casas, já que a maior são turistas estrangeiros.

O enoturismo de A Serenada foi recuperado a partir de uma ruína que Jacinta Sobral, que é de Grândola, e o marido, queriam fazer uma casa no seu monte. Apesar de morar em Lisboa, e ainda exercer a sua actividade como consultora da indústria farmacêutica, diz que é sobretudo uma agricultora, e que gosta é de estar na vinha e na adega.

Mas a família do marido está ligada à hotelaria, e “ele, que tem o bicho deste negócio, sugeriu fazermos o enoturismo, com quartos e salas de refeições”, conta a proprietária de A Serenada, acrescentando que as suites foram construídas mais tarde. Diz, também, que apesar do seu cepticismo em relação a este negócio, começou a ter reservas a partir do dia em que se ligaram ao site booking.com, e o hotel nunca mais parou de evoluir positivamente. De tal forma, que a facturação do enoturismo é significativamente superior à da venda de vinhos.

É a produzi-los na vinha e na adega que Jacinta Sobral gosta de estar. No dia da nossa conversa, a nossa entrevistada preparava-se para partir para mais uma viagem de férias com o marido, depois de um ano intenso e cheio de trabalho. “Só agora é que conseguimos fazê-lo”, disse, à laia de despedida, certamente para mais uma viagem de descoberta onde o vinho seria componente indispensável, porque é isso que gosta de fazer.