AZORES WINE COMPANY: Entre mar e vulcão

Azores Wine Company

Como dizem os nossos vizinhos espanhóis, “primero, lo primero”, ou seja, importa começar pelo início, ainda que a história já tenha sido narrada algumas vezes. Em pleno século XV, e como era habitual um pouco por todos os territórios descobertos, também os primeiros povoadores dos Açores começaram a plantar vinha, sobretudo no Pico, nas brechas […]

Como dizem os nossos vizinhos espanhóis, “primero, lo primero”, ou seja, importa começar pelo início, ainda que a história já tenha sido narrada algumas vezes. Em pleno século XV, e como era habitual um pouco por todos os territórios descobertos, também os primeiros povoadores dos Açores começaram a plantar vinha, sobretudo no Pico, nas brechas entre rocha lávica (tecnicamente quase não há solo), muitas vezes com alguma terra trazida da ilha do Faial. A vinha era, depois, protegida dos ventos salinos do oceano por pequenos muros formando currais.
A ilha do Pico, que se imagina ter chegado a quase 15 000 hectares de vinha, sofreu intensamente com a filoxera e depois com outras doenças e ataques, de tal forma que a produção ficou limitada a pouco mais de uma centena de hectares e, à excepção da Adega Cooperativa local, a um estatuto quase familiar, com algumas castas (caso do Terrantez) à beira da extinção.

Em 2007, António Maçanita, jovem enólogo e produtor vindo do continente, mas com mais do que uma costela açoriana, conhece o economista Filipe Rocha numa formação de comida e vinhos na Escola de Formação Turística e Hoteleira, sita em Ponta Delgada, onde este último era docente e dirigente. Pouco depois, António aceita o encargo de um estudo sobre a casta Terrantez do Pico, como acima referido, à beira da extinção, associando-se aos Serviços de Desenvolvimento Agrário de S. Miguel. Por volta da mesma altura, António conhece Paulo Machado, um dos maiores pilares da vitivinicultura açoriana, produtor da marca Insula Vinus, prestando ainda assistência técnica a outros projectos insulares. Depois de muitas conversas (e, estamos certos, ainda mais tertúlias vínicas nas famosas “adegas” existentes nas várias ilhas dos Açores), os três – António, Filipe e Paulo – fundam, em 2014, a Azores Wine Company (AWC), não sem que António tenha sido, no ano anterior, convidado por Paulo para produzir um Arinto dos Açores, precisamente no Pico.

Azores Wine Company

Para António Maçanita e Filipe Rocha, fundadores e proprietários da AWC, o esforço e o investimento são sempre maiores do que o projectado no Pico, mas os vinhos também são sempre melhores.

António, que já tinha tentado plantar uma vinha anos antes nos Açores, e ensaiado algumas vinificações, ficou impressionado com o resultado obtido! E assim começou a aventura…. Ora, se podemos afirmar que os três protagonistas mencionados tinham formação sólida nas respetivas áreas, dúvidas também não existem que o enredo e o contexto contribuíram para a realização e sucesso da obra.
Em primeiro lugar, dez anos antes, a classificação da paisagem da cultura da vinha do Pico como Património Mundial tinha colocado a ilha-montanha nas bocas do mundo, tendo-se duplicado, numa década, a sua área de vinha para uns ainda pouco significativos 250 hectares. Depois, a nível internacional começou a desenvolver-se um interesse por vinhos de ilhas e mesmo até por vinhos de ilhas vulcânicas, da Sicília a Santorini, passando pelas Canárias ou pela Ilha Norte da Nova Zelândia. Os vinhos dos Açores, e do Pico em especial, tinham encontrado o seu momento de nova ascensão, séculos depois de terem agraciado fama pela Europa e EUA. Os dados estavam lançados…

De São Mateus à Criação Velha
As melhores expectativas seriam, contudo, superadas. Ainda antes de se sonhar com a adega-hotel que actualmente é um polo criativo de enologia no Pico, a AWC lança-se em busca do essencial: vinhas e uvas. Enquanto adquiriam uvas a produtores locais no Pico, ficaram responsáveis por 30 hectares em São Mateus, no sul da ilha. Ora 30 hectares no Pico não são 30 hectares de planície pronta a plantar. O trabalho de desbaste do mato cerrado e reconstrução dos currais foi tarefa hercúlea, envolvendo mais de 30 homens durante meses. Volvida uma década, António e Filipe (Paulo Machado saiu, entretanto, da sociedade) ainda têm bem presente essa aventura, apelidada ao tempo pela generalidade dos picarotos como impossível (chamavam-lhe “a vinha dos malucos”). A verdade é que o esforço foi maior do que o inicialmente projectado, mas essa, dizem ambos, é a regra no Pico. “O esforço e o investimento é sempre maior do que o projectado, mas os vinhos também são sempre melhores do que pensámos que seriam”, confessam.

Hoje é com notório orgulho que ambos olham para esta vinha como um marcador do tempo: o primeiro grande desafio superado no Pico! Sucede que António e Filipe não são apologistas de “esperar para ver” e a história, os estudos e as (muitas) provas dos vinhos que iam fazendo apontaram rapidamente para um lugar especial a partir do qual pudessem fazer mais vinho. Esse lugar foi – e é – a Criação Velha, precisamente a paisagem que contribuiu para a classificação da Unesco. Fica na parte oeste da ilha e não muito distante da Madalena. É aqui onde as vinhas mais velhas, centenárias mesmo, se podem ainda encontrar, estendidas até a meros metros ao mar (do outro lado do canal está a ilha do Faial) e com maior exposição solar, uma vez que são os terrenos que mais distam da montanha que atrai, diariamente, as nuvens. Primeiro, com vinhas na zona da Canada do Monte e, depois, mais perto do mar, a AWC compreendeu a importância do Lajido da Criação Velha e seria daqui que os seus melhores vinhos seriam, e ainda são, produzidos. Mas lá iremos… Para a história fica o registo que, logo em 2014, a AWC produziu cerca de 10 000 garrafas. Alguns anos volvidos, e com mais de 125 hectares totalmente recuperados, esse valor subiu para uma média de 50.000-60.000 garrafas por ano.

Os vinhos
António Maçanita chegou as Açores com vários anos de rodagem do Alentejo (o seu projecto com maior dimensão é a Fita Preta, próximo de Évora), para não falar dos estágios em França e EUA, e dos vinhos que produz noutras regiões nacionais. E chegou com dois propósitos bens claros e que ficam evidentes perante o extenso portefólio da AWC: por um lado, conhecer e recuperar castas antigas (lá está o estudo inicial sobre a Terrantez do Pico) e, por outro lado, fazer o melhor vinho possível naquele terroir tão particular, que, segundo António, é um dos mais vocacionados para produzir os melhores brancos do país. O caminho para o primeiro desígnio passou pelo estudo e investigação das origens das castas, algo a que Maçanita se dedica continuamente e do qual fala com grande entusiasmo. Já para o segundo propósito, o percurso seria outro.

Como não existe uma história engarrafada dos vinhos tranquilos do Pico – os vinhos do Pico eram tendencialmente licorosos –, António começou a fazer o que mais gosta: testes e experiências, na forma de vinificações, por vezes mini-vinificações. Uma vez que a AWC foi engarrafando todas essas experiências, e colocando no mercado várias delas, podemos mesmo dizer que os consumidores ficaram com o privilégio de ir conhecendo, vindima a vindima, o percurso vitícola e enológico seguido. A eleição desta ou aquela vinha para vinificar em separado, colher mais tarde ou mais cedo, recorrer, ou não, a leveduras indígenas, efectuar estágio em borras ou sem borras, utilizar primeiras ou segundas prensas e espumantizar alguns vinhos bases, sem esquecer os licorosos que deram fama à ilha… enfim, tudo isso, e mais, foi testado ao longo dos anos e deu lugar a marcas distintas de vinhos, quase todos já esgotados.

Os vinhos e as marcas foram-se sucedendo, sempre privilegiando as castas Arinto, Verdelho e Terrantez em múltiplas declinações: foi o Arinto dos Açores, em versão sur lies ou em versão solera, vinhos de mais do que uma ilha e de mais do que uma colheita, mas também os vinhos de zonas e vinhas, caso do Canada do Monte, depois a Vinha Centenária, mais recentemente o Vinha dos Utras e a novidade última com o excelente Vinha dos Aards. Insistimos na tese: o portefólio extenso da AWC reflete essa busca pelo vinho perfeito, da viticultura à enologia, e esse é dos maiores legados que a empresa nos deixa. Para o futuro, fruto da experiência acumulada, é expectável que a gama se reduza e consolide.

Azores Wine Company

 

Parte do sucesso do enoturismo desta casa deve-se ao emprenho da sua responsável, Judith Martin

 

 

A adega e as novas vinhas
A parte final de toda essa experiência já foi possível numa nova adega, que começou a ser idealizada e construída em 2018 e inaugurada no primeiro semestre de 2021. Adega não… Falamos de um edifício que dispõe de alguns quartos cuidadosamente decorados e de um restaurante panorâmico que elevou o nível gastronómico da ilha (o sucesso do enoturismo deve-se muito também à sua responsável, Judith Martin), cuja adega propriamente dita é utilizada por outros produtores locais. Dizer, assim, que esse edifício é apenas uma adega é, como vimos, redutor. É, isso sim, um dínamo para a região, atraindo turistas da natureza, gourmets arreigados, e amantes do vinho, produtores e consumidores. A adega tem as melhores condições da região e uma capacidade para 250 mil litros. Por ora, e como acima já se referiu, a média anual de vinificação para as marcas da AWC cinge-se a valores entre 1/4 a 1/5 dessa capacidade. Já houve anos, como 2018 e 2019, em que a produção foi muito superior, mas, ainda assim, muito abaixo da produção média do continente. Com efeito, a experiência demonstra que os volumes anuais de uva nos Açores raramente são constantes, tanto em quantidade como no próprio estado sanitário, existindo anos mais molhados que outros. Mas não se pense que isso é mau, pois acarreta diversidade nos perfis. Enquanto os anos mais secos dão origem a mostos mais limpos, com fruta mais viva e directa, os anos mais molhados – anos clássicos nos Açores – contribuem com mostos com mais cor e aromas mais complexos de oxidação.

À volta da adega existem 50 hectares de vinha, às quais se soma a de São Mateus de que já falámos e onde tudo começou, e ainda várias parcelas no Lajido da Criação Velha. Mas, uma vez mais, António e Filipe não ficaram parados e procuraram um novo local para desbastar. Encontraram-no numa fajã criada pela erupção de 1562 na Baía de Canas, entre a vila de S. Roque e a Prainha, na zona norte da ilha. O que agora é uma vinha com três anos, era tudo mato, num total de 40 hectares, onde se plantou sobretudo vinhas tintas, caso do Bastardo, Rufete, Castelão e Saborinho, todas castas com alguma ligação a outras castas presentes nos Açores. António e Filipe dizem que, neste local, a vinha está plantada num chão sem matéria orgânica, pelo que o desafio é enorme, mais a mais tendo em consideração que a associação de tintos à ilha do Pico é menor do que a de brancos.

 

 

 

 

Provas e mais provas
Um dia com António Maçanita é sinónimo de provar dezenas de vinhos, e outras tantas amostras retiradas diretamente de barricas e cubas (aqui quase todas horizontais). Tivemos o privilégio de provar todas as colheitas de quase todas as referências da AWC, um verdadeiro festim de vinhos brancos, frescos, ácidos e maravilhosamente salinos! Mais um outro tinto (muito bom o raro Saborinho, sobretudo na colheita de 2015), aberto na cor e elegante na prova, e alguns licorosos de grande nível. Fizemos o percurso que acima identificámos como aquele que António atravessou até chegar aos seus melhores vinhos. Provar o Vinha dos Aards e o Vinha dos Utras, os dois topos de gama, é sentir que houve um caminho anterior, que continua com os vinhos Canada do Monte e o Vinha Centenária, igualmente soberbos. São todos belíssimos, com carácter açoriano, com os primeiros a serem quase sublimes. Muitas provas depois, ficámos com a certeza de que do Pico, e da AWC, saem alguns dos melhores brancos de Portugal.

(Artigo publicado na edição de Fevereiro de 2024)

Cooperativa do Pico trouxe novos vinhos ao Palácio Ludovice, em Lisboa

Cooperativa Pico vinhos

Com a presença do enólogo Bernardo Cabral, foram dados à prova — no Palácio Ludovice, em Lisboa, no dia 16 de Janeiro de 2023 — três novos vinhos da Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico, um deles que estava «esquecido» algures na adega e que se revelou um branco de excepção: (A)parecido branco 2017, feito […]

Com a presença do enólogo Bernardo Cabral, foram dados à prova — no Palácio Ludovice, em Lisboa, no dia 16 de Janeiro de 2023 — três novos vinhos da Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico, um deles que estava «esquecido» algures na adega e que se revelou um branco de excepção: (A)parecido branco 2017, feito com Arinto dos Açores. As quantidades são “homeopáticas”, falamos de 252 garrafas. Provou-se um espumante Ilha do Pico 2017 Brut Nature (o primeiro com Denominação de Origem Pico), feito também com Arinto dos Açores e um tinto Terras de Lava 2020, de Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc. JPM

Mais sobre estes vinhos numa das próximas edições da revista Grandes Escolhas

Eruptio, vinhos vulcânicos

Eruptio Vinhos Vulcânicos

Embora a última erupção do vulcão do Pico tenha acontecido nos finais do século XVIII, ultimamente tem sido registada uma autêntica erupção de vinhos brancos fabulosos, vindos desta ilha. O novo projecto Eruptio do enólogo Bernardo Cabral, apaixonado pela Ilha do Pico, em parceria com o grupo Abegoaria, trazem à nossa mesa uma expressão líquida […]

Embora a última erupção do vulcão do Pico tenha acontecido nos finais do século XVIII, ultimamente tem sido registada uma autêntica erupção de vinhos brancos fabulosos, vindos desta ilha. O novo projecto Eruptio do enólogo Bernardo Cabral, apaixonado pela Ilha do Pico, em parceria com o grupo Abegoaria, trazem à nossa mesa uma expressão líquida da sua origem, com carácter marítimo e uma frescura inimitável.

Texto: Valéria Zeferino

Fotos: Eruptio

Eruptio Vinhos Vulcânicos
o enólogo Bernardo Cabral com Manuel Bio, CEO da Abegoaria.

A montanha, um vulcão, o mar e o vento moldam as condições extremas do cultivo das vinhas na ilha do Pico, que deram origem aos vinhos Eruptio. Para comunicar este terroir não é preciso inventar nada, já está tudo “inventado” pela natureza, basta olhar para a geografia e geologia da ilha.

Situada em pleno oceano Atlântico, a 1500 km de Portugal continental, a ilha do Pico é dominada pelo clima marítimo, caracterizado por temperaturas amenas e baixa amplitude térmica (diurna e anual), pluviosidade elevada e humidade relativa acentuada, taxas de insolação pouco elevadas (ou seja, a luz solar está frequentemente obstruída por nuvens). As chuvas são abundantes e caem praticamente durante o ano todo. Os rigorosos ventos atlânticos pulverizam as vinhas com a água do mar.

O imponente símbolo da ilha é a montanha do Pico com 2 351 m de altitude (a mais alta em Portugal) – um estratovulcão que se formou pelo magma extravasado, depositando material  das erupções numa forma de cone.

Geologicamente, a ilha do Pico é a mais recente de todo o arquipélago, com apenas cerca de 300 mil anos da existência, comparativamente com a ilha de Santa Maria com mais de 8 milhões de anos ou de  São Miguel com mais de 4 milhões de anos. Nesta ordem de grandeza, é uma “ilha bebé”, como lhe chama Bernardo Cabral. O chão é coberto de basalto, formado pelas correntes de lava. Como a pedra ainda não foi transformada em terra arável, as vinhas são plantadas nas fendas da rocha-mãe, com um pouco de terra para preencher estas fendas.

Ficam no sopé do vulcão, a uma altitude de 100 metros aproximadamente, numa faixa junto ao mar na zona das aldeias Madalena, Candelária, Criação Velha e Bandeiras, a oeste da ilha, e Santa Luzia a norte. Por um lado, a precipitação é menor nas zonas costeiras, comparativamente com as cotas mais altas; por outro, os ventos, fortes e salgados, não poupam a vinha. Para proteger as videiras, os picoenses ao longo dos 5 séculos foram construindo muros de pedra solta à volta das vinhas. Chamam-se currais e para além da protecção, criam um microclima mais quente à volta das videiras, ajudando na maturação. Esta paisagem labiríntica, austera, quase monocrómática é tão surreal como fascinante.

“Os Açores apaixonam qualquer pessoa ligada ao campo e agricultura, porque aqui a natureza toma conta de nós, sobretudo na ilha do Pico” – afirma com convicção Bernardo Cabral. “As tempestades são bem fortes, o sal inunda as vinhas. Geralmente, depois chove e o sal é lavado. Quando isto não acontece, o sol queima tudo. Chove sempre muito mas a drenagem também é rápida.” – descreve o enólogo e acrescenta: “o que é certo noutros lados, no Pico nem sempre funciona, como por exemplo, a exposição norte, não necessariamente produz mais frescura nas uvas. De ano para ano as coisas mudam bastante.”

Esta paixão e, de certa forma, a sede pelos desafios são a base do projecto. Bernardo tem família nos Açores, costuma lá ir desde pequeno e até já comprou uma casa. Manuel  Bio, CEO  do  Grupo  Abegoaria, cresceu nas vinhas alentejanas, na terra, tornando-se num empresário que sente paixão pelo que faz. Para ele “os vinhos Eruptio representam a continuada aposta na categoria de fine wines.”

Sendo responsável de enologia na Adega Cooperativa do Pico, Bernardo conhece bem as particularidades das castas autóctones, as condições locais e os pequenos viticultores que viabilizaram o projecto. Como dá para perceber, a área da vinha na ilha é muito limitada pela sua dimensão e orografia. O enólogo conta que lá existe uma medida antiga para terrenos agrícolas – “alqueire”. É preciso 10 alqueires para fazer 1 ha. Quem tiver 10 ha de terra é latifundiário. A produção é muito reduzida, colhem apenas 2500-3000 kg/ha. É nestes moldes que o projecto foi desenvolvido.

A gama Eruptio é composta por 4 vinhos de castas autóctones da Ilha do Pico – três monovarietais – Arinto dos Açores, Verdelho e Terrantez do Pico e um blend das três castas. O denominador comum de todos os vinhos é a frescura e a tensão que não compromete a leveza.

O Arinto dos Açores é uma casta exlusiva do arquipélago. Com a casta Arinto cultivada em Portugal continental partilha apenas o nome, não tendo grau de parentesco. O Verdelho nos Açores é a mesma casta que existe na Madeira, de onde o material vegetativo inicial terá sido originário. A Terrantez do Pico é também uma casta exclusiva dos Açores, e distingue-se da Terrantez cultivada no continente e da casta conhecida pelo mesmo nome na ilha da Madeira.

A abordagem enológica foi feita em função da casta. O Arinto dos Açores fermentou em balseiro de madeira; o Terrantez do Pico fermentou em barricas de carvalho americano muito velhas, utilizadas para produção dos vinhos licorosos; e o Verdelho fermentou em tanques de inox (80%) e barricas (20%); tudo com estágio de 6 meses com as borras finas. No caso do blend, as diferentes castas estagiam individualmente em cubas de aço inoxidável e com as borras finas durante 6 meses, mantendo a temperatura baixa para preservar o carácter fresco do vinho. Os rótulos foram desenvolvidos por Bianca Levy e explicam visualmente o terroir com o vulcão, o mar, as núvens e todo o meio envolvente da ilha.

Foram produzidas 20.000 garrafas de Eruptio blend, 6.100 de Arinto dos Açores, 6.919 de Verdelho e 3.210 de Terrantes do Pico. A comercialização dos vinhos está a cargo do grupo Abegoaria e do distribuidor Garcias.

(Artigo publicado na edição de Julho 2022)

Não foram encontrados produtos correspondentes à sua pesquisa.

Azores Wine Company: O cantar do caranguejo

Azores Wine Company

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]2021 é o ano em que a Azores Wine Company vê a peça que lhe faltava ganhar forma física: uma adega própria, impressionante da estética à funcionalidade. Mas, como isso não bastava, surgem também novos e ambiciosos vinhos.

Texto: Mariana Lopes
Fotos: Azores Wine Company e Mariana Lopes

Azores Wine Company 

Dizem os antigos que as melhores vinhas dos Açores são aquelas “onde se ouve o cantar do caranguejo”, ou seja, as que estão na bordadura das ilhas, mais próximas do mar. Mas também da nova adega da Azores Wine Company quase se ouve esse cantar, situada em Bandeiras, concelho da Madalena. Esta adega era um sonho da empresa, praticamente desde a sua fundação em 2014, mas já lá vamos… A sementinha que fez nascer o projecto foi plantada quatro anos antes disso. Em 2010, António Maçanita (filho de açoriano e há muito interessado nos vinhos dos Açores) ingressou num projecto de recuperação das castas locais — Arinto dos Açores, Verdelho, mas sobretudo da Terrantez do Pico, em São Miguel — apoiado pelo Governo Regional, que só aumentou ainda mais o seu entusiasmo pela região e pelos seus vinhos.

Em 2013, António teve a iniciativa de dar consultoria aos outros produtores do Pico, que nessa altura eram cerca de seis. Mas esse projecto de consultoria incluía um workshop que, embora gratuito, teve adesão apenas de um dos produtores e, à data, presidente da Comissão Vitivinícola Regional dos Açores, Paulo Machado, dos vinhos Insula. Assim, sem intenção inicial, Paulo foi o “chosen one” de António Maçanita, que acabou por lhe lançar o desafio: “Esquece o workshop, e se fizéssemos um vinho juntos?”. O produtor acabaria por ser a pessoa ideal para formar um projecto vínico com Maçanita, por ser agrónomo, vir de uma família dedicada à viticultura do Pico há varias gerações, e denotar muito conhecimento sobre a vinha e os vinhos da ilha. Desse repto, e ainda em 2013, nasceu um Arinto dos Açores que foi o pontapé de saída para tudo o estava por vir. Pouco tempo depois, juntou-se também Filipe Rocha, formador em hotelaria e turismo, em Ponta Delgada, para assumir a gestão financeira e comercial daquele projecto embrionário.

Estava formado o trio fundador da Azores Wine Company em 2014, e, como hoje é de aceitação generalizada, os vinhos do Pico estavam prestes a passar por uma revolução como nunca antes: voltaram a estar no mapa, a nível nacional e internacional, o que hoje resulta num price point das uvas e dos vinhos muito superior ao que se praticava na altura, e numa bastante maior área de vinha em produção. A qualidade esteve sempre lá, mas afinal o que lhes faltava, era alguém que a alavancasse, e que soubesse comunicar os vinhos com paixão e destreza.

Azores Wine Company
As pedras vulcânicas que compõem os muros dos currais.

(Re)Descobrir o Pico

 A Azores Wine Company começou apenas com as vinhas de Paulo Machado, que na altura totalizavam doze hectares mas, naturalmente, isso não bastava. Assim, o “trio maravilha” lançou-se na recuperação e plantação de vinhas, adquirindo terreno, arrendando parcelas e comprando uvas a outros viticultores. Hoje, têm já 56 hectares de vinha própria — 55 na zona da adega, em Bandeiras, e um na Criação Velha — e arrendam 33 em São Mateus e 38 em Baía de Canas. As castas plantadas, são sobretudo  as brancas Arinto dos Açores, Verdelho (o mesmo que há na Madeira), Terrantez do Pico, Boal de Alicante e Malvasia (chamam-lhe Boal dos Açores) e as tintas Saborinho (Tinta Negra), Bastardo, Rufete e Malvarisco. Falamos de vinhas muito especiais, únicas, diferentes de tudo o que existe no resto do Mundo. Nesta ilha, que é a mais nova do arquipélago dos Açores, com idade entre os 300 e os 400 mil anos (a mais velha é Santa Maria, nos 8.12 milhões de anos), a paisagem vitícola, sempre com o vulcão em plano de fundo, é composta por quadrículas feitas com amontoados de pedras vulcânicas, os chamados currais, que albergam as videiras e as protegem do impacto directo dos ventos salgados, que de outra forma as queimariam. Se pensarmos que já houve um cenário, antes da grande praga de oídio em 1853 e de filoxera algumas décadas mais tarde, em que o Pico teve cerca de 15 mil hectares deste tipo de vinha, é, de facto, impressionante. Em 2003, existiam apenas 120 hectares, que com muito sacrifício e paixão dos viticultores da ilha passaram para 340, em 2014. Mas mais surpreendente ainda, é o facto de, após sete anos de Azores Wine Company, esse número ter passado para o milhar. É o poder do exemplo…

Uma das prioridades da empresa foi, logo desde o início, fazer uma pesquisa genética e histórica sobre as castas, os solos, o clima (moderado a frio) e todo o Pico vitivinícola. As primeiras vinhas foram plantadas no final do século XV. Em 1580, esta já era uma ilha de vinho, com as vinhas distribuídas por toda a orla costeira, o mais próximo do mar possível (as tais vinhas do “cantar do caranguejo”). E isto tinha e tem uma razão de ser: posto de uma forma mais simples, quanto mais próximos estamos da montanha, mais chove.

No centro da ilha, caem mais de 5 mil mililitros de água por ano e, as extremidades, menos de mil. Depois, como demonstrou António Maçanita, há o efeito Foehn, no qual o vento que vem de Norte, húmido e frio, bate na montanha, sobe e depois desce, já quente. Já os solos têm características tão rústicas que só servem praticamente para viticultura, não havendo assim concorrência de culturas. São solos litólicos, extra resistentes que, em certas zonas, são compostos por terra em cima da rocha-mãe. Reduzem-se a dois tipos: o “chão de lagido”, mais duro e opaco, quase exclusivamente usado para vinha, em que as videiras estão plantadas nas fissuras das rochas, indo mais fundo à procura do que precisam; e o “chão de biscoito”, com uma textura mais de calhau (daí o “biscoito”) à superfície, o qual pode ser arável depois de retirados os componentes mais grosseiros. Depois de sabermos isto, de estarmos lá no terreno a olhar com cara de espantados para o que se estende à nossa frente, e de tentarmos transitar pelo meio dos ditos currais, percebemos porque é que a ilha do Pico tem uma das viticulturas mais caras do planeta, com uma produção média de apenas 1200kg por hectare. O trabalho nestas vinhas é todo  manual, muito exigente e minucioso, e Paulo Machado explicou-nos que, hoje, investem em operações que podem fazer diferença, mais tarde, na qualidade das uvas, como as intervenções em verde, para aumentar a exposição dos cachos ao sol e ao arejamento, promovendo a sua suspensão. A tratar das vinhas em permanência, têm 25 pessoas.

Para juntar “à festa”, a Azores está com dois hectares em processo de certificação bio, sendo os primeiros a fazê-lo. Num desses hectares, na Criação Velha, as uvas custam uns impressionantes 18 euros por quilograma. O preço-médio das uvas da ilha é de cerca de 5 euros por quilo, mas Paulo garante que já chegaram “a comprar Terrantez por 7,90, em 2019”. Não é difícil perceber que, para tudo isto ser rentável, o posicionamento de preço dos vinhos tem de ser alto.

Azores Wine CompanyAdega de sonho

 A nova adega ficou pronta este ano, e era a peça do puzzle que faltava para a Azores Wine Company fechar o ciclo. Recuando um pouco, foi em 2015 que António, Filipe e Paulo começaram a pensar no projecto adega. Sempre quiseram que ela fosse construída no meio da vinha porque, como diz Filipe, “a vinha é ela própria um museu”. Em 2018, iniciou-se a obra, que acabou por durar três anos. “Foi um projecto bem caro”, confessou António Maçanita, “só o betão é cerca de 30 a 40% mais caro aqui do que em São Miguel”. A julgar pela quantidade de “betão à vista”, não é difícil acreditar, mas foram três milhões e meio de euros que valeram muito a pena… O edifício — desenhado a quatro mãos, por duas duplas de arquitectos, os portugueses SAMI e os ingleses DRDH — perfaz um quadrado perfeitamente inserido no terreno, e foi revestido, na parte exterior, a rocha vulcânica. A vista a partir dele é idílica, sobre o mar e as ilhas São Jorge e Faial. Mas esta não é apenas uma adega, em stricto sensu.

Com sala de provas, um espaço para eventos e restaurante, cinco quartos com vista mar e um apartamento T2, além das três salas de barricas e da zona mais industrial, com todo o equipamento de recepção de uvas e vinificação, este é um autêntico centro enoturístico de luxo, como nunca antes visto no Pico. Além disto, o edifício foi construído com uma determinada inclinação, para recolher água, especificamente 1500 m3 de água por ano (as vinhas no Pico não retêm água). Bem no centro, está um logradouro com um mini-jardim, onde há tanques com água e Dragoeiras, uma árvore mítica, da Macronésia, muito típica dos Açores, que se diz ter nascido da luta entre um dragão e um leão. É também muito utilizada como tintureira, e a sua seiva vermelha é vulgarmente apelidada de “sangue do dragão”. Os quartos estão mesmo em frente, e foram uma das prioridades do projecto. “Queríamos ter quartos na adega porque, tradicionalmente, no Pico as pessoas não recebem os convidados em casa, mas sim nas adegas”, contou Filipe Rocha. A arquitecta de interiores Ana Trancoso deu-lhes um feeling industrial e minimalista, mas os apontamentos mais calorosos são da curadoria de Judith Martin, responsável de enoturismo e, como ela própria diz, “de tudo um pouco”.

Uma das maiores surpresas, foi o restaurante, que está agora a dar os seus primeiros passos. A equipa deste espaço gastronómico é bem jovem, composta pelo chef José Diogo Costa (curiosamente, Madeirense), a sub-chef Angelina Pedra e a chefe de sala Inês Vasconcelos. O que vem para a mesa, é reflexo de todo o conhecimento que José Diogo acumulou, ao lado de Inês, nas suas viagens e nas dezenas de restaurantes em que trabalharam, pelo Mundo fora: uma cozinha moderna, elegante, culta, com muito foco nas matérias-primas locais e onde todos os sabores se conjugam em harmonia.

Vinhos muito especiais

 Além das novas colheitas de vinhos que já faziam parte do portefólio da Azores Wine Company — como os Rosé e Branco Vulcânico, o Arinto dos Açores, Terrantez do Pico (já provado anteriormente na GE) ou o Vinha Centenária — foram apresentadas quatro novidades absolutas: Arinto dos Açores São Mateus, Arinto dos Açores Bandeiras, Canada do Monte e Vinha dos Utras 1os Jeirões. Estes últimos dois, juntamente com o Vinha Centenária, provêm de vinhas velhas da zona da Criação Velha, o último núcleo de vinhas velhas do Pico. Mas se, até agora, o Vinha Centenária estava no topo da hierarquia de vinhos da empresa, acabou de ser destronado pelo Vinha dos Utras 1os Jeirões 2019 e pelo Canada do Monte 2018. Este branco, com 95% de Arinto dos Açores e o resto de castas misturadas na vinha (como Verdelho, Malvasia Fina e Boal de Alicante), vem de uma parcela adquirida em 2018 pela Azores, com 60 a 80 anos de idade, quase encostada ao mar em “chão de lagido”, que recebe mais horas de sol, o que resulta “numa maior concentração e forte marca marítima”. É uma das que está em processo de conversão para biológico. O sítio é muito especial e, acreditem, tudo isto se reflecte na garrafa. Na adega, as uvas são prensadas directamente, com as primeiras prensagens (70%) a ser vinificadas em inox — em cuba deitada “para que as borras finas se estendam no fundo e fiquem em contacto com o máximo de área de vinho, protegendo-o”, como explicou Maçanita — e as segundas em barricas de carvalho francês de 3º uso, sem bâtonnage, durante 12 meses. O Canada do Monte, por sua vez, tem origem numa bolsa de vinhas com o mesmo nome, que resistiu à extinção pela filoxera. A vinificação é em tudo semelhante à do Vinha dos Utras.

Azores Wine Company
A Viticultura na Ilha do Pico é extremamente dura.

A Azores Wine Company produz hoje mais de 100 mil garrafas por ano, o que não é assim tão pouco quando consideradas as condições difíceis de viticultura e a baixa produtividade das vinhas. Acima de tudo, este foi o projecto que veio fazer a real diferença na ilha do Pico (e nos Açores) enquanto região vitivinícola e denominação de origem. E no futuro, depois deste completar de ciclo para a Azores… talvez um licoroso?

(Artigo publicado na edição de Julho 2021)

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Vinalda distribui vinhos açorianos Adega do Vulcão

Vinalda distribui Adega do Vulcão

É com o produtor Adega do Vulcão que a Vinalda alarga o seu portefólio aos Açores, assegurando a partir de agora a distribuição destes vinhos.  A Adega do Vulcão resulta da paixão de Cinzia Caiazzo e Gianni Mancassola pelo arquipélago. Este casal italiano, ao qual se juntou recentemente o filho mais velho e a esposa, […]

É com o produtor Adega do Vulcão que a Vinalda alarga o seu portefólio aos Açores, assegurando a partir de agora a distribuição destes vinhos. 

A Adega do Vulcão resulta da paixão de Cinzia Caiazzo e Gianni Mancassola pelo arquipélago. Este casal italiano, ao qual se juntou recentemente o filho mais velho e a esposa, foi viver para o Faial em 2008, decidindo em 2015 recuperar a abandonada tradição vinícola da ilha, transformando em vinha o seu jardim vulcânico com vista para o oceano. Ao lado do Vulcão dos Capelinhos, surgiram assim 7 hectares de vinha, a única do Faial — onde estão plantadas castas como Arinto dos Açores, Verdelho e Terrantez do Pico — sob a supervisão do enólogo consultor Alberto Antonini e da enóloga residente Cátia Laranjo. Em 2017, os proprietários da empresa decidiram expandir a actividade para a Ilha do Pico, tendo adquirido 3 hectares de vinhas velhas (com Arinto dos Açores, Terrantez do Pico e Verdelho) no Lagido da Criação Velha, e uma adega em S. Mateus, onde, já em Abril, será inaugurada uma sala de provas.

 

“É com enorme satisfação que, finalmente, alargamos o nosso portefólio de vinhos à região dos Açores com este produtor de excelência. São vinhos sem igual, resultantes do casamento de dois terroirs que, por si, já são singulares. Verdadeiros ‘Vinhos de Vulcão’”, comenta José Espírito Santo, director-geral da Vinalda. Por sua vez, Cinzia Caiazzo considera: “Esta parceria com a Vinalda é muito importante para nós. Somos um muito pequeno produtor, e queremos dar visibilidade à nossa marca e levar os nossos vinhos a lugares especiais, onde os apreciem e valorizem”.

Na gama de vinhos da Adega do Vulcão, encontram-se as referências Ameixambar IG Açores Colheita Selecionada branco (Faial); Terra Brum DO Pico Reserva branco e Pé do Monte DO Pico Reserva branco.

 

vinho da casa #24 – Magma Verdelho branco 2018

PicoWines abriu loja online

Loja on-line Pico Wines

A Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico, mais conhecida como PicoWines, já inaugurou a sua loja online, um serviço que permite a qualquer português adquirir vinhos deste produtor sem sair de casa. O acesso à loja online é feito através do site picowines.com, um site também ele renovado recentemente. Para festejar a efeméride, a PicoWines […]

A Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico, mais conhecida como PicoWines, já inaugurou a sua loja online, um serviço que permite a qualquer português adquirir vinhos deste produtor sem sair de casa.
O acesso à loja online é feito através do site picowines.com, um site também ele renovado recentemente. Para festejar a efeméride, a PicoWines está a fazer algumas promoções: na compra de 2 garrafas de vinho à escolha, será oferecida uma garrafa da gama Terras de Lava. E, caso o cliente compre 5 garrafas na loja online, terá como oferta uma garrafa de Frei Gigante 2018 e, na eventualidade de optar por adquirir 11 garrafas, ser-lhe-á oferecida uma de Arinto dos Açores 2018.

Grande parte do portefólio já está online, com preços desde 7 até aos 25 euros, que inclui desde os brancos e licorosos, os produtos mais conhecidos da adega, até aos rosés, tintos e inclusive espumantes. A PicoWines promete que em breve serão introduzidas mais referências vínicas na loja online.
Os portes são de 10€ para encomendas nacionais, 20€ para encomendas dentro da Europa e 30€ para o resto do mundo.

Curral Atlantis: vinhos com sabor a mar

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text] O envolvimento da família Faria com o enólogo Paulo Laureano ao longo de duas décadas tem resultado num portefólio de vinhos de inquestionável qualidade e forte identidade, vinhos que expressam da melhor forma o inimitável terroir […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

O envolvimento da família Faria com o enólogo Paulo Laureano ao longo de duas décadas tem resultado num portefólio de vinhos de inquestionável qualidade e forte identidade, vinhos que expressam da melhor forma o inimitável terroir da ilha do Pico.

TEXTO Luís Lopes

Há 20 anos, ninguém no Pico sonhava que um dia os brancos da ilha seriam louvados por jornalistas e consumidores exigentes e apresentados como exemplo de singularidade e distinção. Naquela época, o objectivo dos picarotos mais envolvidos com a vinha e o vinho não passava por fazer grandes vinhos brancos e exportá-los para o mundo. A ambição era outra, bem mais simples e prosaica: substituir progressivamente o chamado “vinho de cheiro”, elaborado a partir de videiras não viníferas e autorizado unicamente para consumo local, por vinhos tintos de castas “europeias”, capazes (acreditavam) de relançar a indústria vitivinícola da ilha.
Foi com esse objectivo que o mais experiente viveirista do continente, o alemão Jorge Bohm, fundador da Plansel, começou a visitar o Pico no sentido de ali inserir as suas plantas, enxertadas com as variedades clássicas europeias e com os híbridos desenvolvidos no centro de investigação de Geisenheim. Havia que encontrar uma casta tinta de ciclo curto que, nas condições extremas do clima local, originasse vinhos com taninos maduros e suaves. O seu principal cliente no Pico era Manuel Faria, proprietário de uma empresa de venda de produtos e alfaias agrícolas. Da relação comercial e de amizade entre os dois surgiu a ideia de criar uma empresa produtora de uva e vinho e assim nasceu a Curral Atlantis em 1995.
A dupla adquiriu terrenos e, com o apoio da Universidade de Évora, plantou 3 hectares de uma vinha experimental, com 24 castas, entre elas Viosinho, Chardonnay, Gouveio, Pinot Grigio, Merlot, Syrah, Cabernet Sauvignon e diversos híbridos, videiras que foram conduzidas de forma “moderna”, em espaldeira, ao invés dos currais tradicionais. Em 1997 chegou o enólogo Paulo Laureano para, a partir daí e ao longo dos anos seguintes, vinificar os frutos desta vinha e retirar conclusões técnicas e científicas que alicerçassem o projecto. Não levou muito a perceber que daquela amálgama de castas apenas a Viosinho e as variedades clássicas da ilha, nomeadamente Arinto, Verdelho e Terrantez (tudo castas brancas…) ofereciam as garantias de qualidade pretendida.

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A vinha é desafio permanente
O projecto Curral Atlantis inverteu assim o sentido original e, a partir de 2010, a aposta seria total na vinha e castas tradicionais. Adquiriram-se terrenos, limparam-se matos e reconstruiram-se os currais. Actualmente, a empresa dispõe de 42 hectares de vinha, dos quais 8 hectares em zona plana (outrora em espaldeira, agora transformados em condução baixa, sem arames) e os restantes espalhados pelos inconfundíveis currais de pedra vulcânica. Para além desta matéria prima, o produtor conta com mais 20 hectares alugados a viticultores da região.
Entretanto, a Curral Atlantis tornou-se numa sociedade totalmente familiar, com Manuel Faria a adquirir a parte de Jorge Böhm e a integrar os seus filhos Marco e Rui no dia a dia da empresa. Com o actual “buzz” em torno dos vinhos do Pico e as vendas a crescerem no País e em diversos mercados internacionais, impõe-se agora a construção de uma nova adega, que estará pronta em 2020, primeiro a área de vinificação, mais tarde o enoturismo. Em velocidade de cruzeiro, o projecto conta produzir 250 mil garrafas/ano. A nova adega vai fornecer outras ferramentas a Paulo Laureano para afinar o perfil dos vinhos. O enólogo quer dar consistência ao que existe mas também fazer coisas diferentes (“precisamos saber até onde podemos ir no Arinto e no Verdelho”, diz) e dar outras condições de estágio aos licorosos (que, em rigor, o não são, pois o Curral Atlantis “licoroso” é um branco doce natural, sem adição de aguardente, como é tradição de alguns produtores do Pico).

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Mas também na vinha há muito por fazer. “Os desafios vitivinícolas no Pico são diferentes dos de há 20 anos”, refere. “Temos um terroir extraordinário, mas com enorme dificuldade de maneio e, paralelamente, muita falta de mão de obra. Precisamos controlar de forma mais adequada os infestantes, melhorar a resiliência das plantas e optimizar a produção – que não passa de 1,5 ou 2 kg por cepa”, enumera Paulo Laureano.
Fazer vinha e produzir vinho no Pico não é para qualquer um, é bem evidente. A Natureza impõe-se aqui de forma esmagadora, nada é oferecido, tudo é alcançado com muito labor e cuidados. Mais uma razão para que os produtores da ilha aprendam, cada vez mais, a trabalhar em conjunto em torno de objectivos comuns.

[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”30″][image_with_animation image_url=”40754″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

“Há que saber comunicar e vender a forte identidade vínica do local”, diz Paulo Laureano. “Para o conseguirmos, salvaguardando o modelo de negócio e o estilo de cada um, deveremos todos caminhar no mesmo sentido, valorizando o Pico e os seus vinhos”. Nada mais certo.

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Edição Nº30, Outubro 2019

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