As melhores sombras de Beja

Assim à primeira vista, falar de Beja como terra de vinhos pode parecer estranho. Mas no “forno” de Portugal a cultura da vinha não é um capricho de insensatos nem uma missão impossível: há bons e grandes produtores de vinho. Com um foco muito especial no enoturismo. Talvez seja difícil encontrar em Portugal uma concentração […]

Assim à primeira vista, falar de Beja como terra de vinhos pode parecer estranho. Mas no “forno” de Portugal a cultura da vinha não é um capricho de insensatos nem uma missão impossível: há bons e grandes produtores de vinho. Com um foco muito especial no enoturismo. Talvez seja difícil encontrar em Portugal uma concentração de unidades de grande fôlego como a que descobrimos na cintura sul da capital do Baixo Alentejo.

TEXTO Luís Francisco
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Imaginemo-nos em Beja. De preferência à sombra, que o Verão está esquisito, mas não falha. Se apontarmos a sul, não precisamos de ir muito longe para encontrarmos pequenos paraísos onde o vinho marca o ritmo dos acontecimentos. Num raio de duas ou três dezenas de quilómetros, são várias as unidades de enoturismo que se afirmam como referência a nível nacional. É como se quem recebe fizesse questão de recompensar quem ali chega, longe das principais rotas turísticas e debaixo de um sol abrasador.
Nesta surtida por terras de estio, visitámos a Herdade da Mingorra, a Casa de Santa Vitória e a Herdade do Monte Novo e Figueirinha. Não terão, talvez, a notoriedade de alguns dos seus vizinhos, como a Herdade da Malhadinha Nova ou a Herdade dos Grous, mas os padrões de excelência impostos por estes enoturismos de elite estabelecem um padrão a que não se pode fugir, para se ser minimamente competitivo…
Ponto prévio à mesa: quando a equipa de reportagem da Grandes Escolhas se dirigiu a Beja, o Verão estava a dar os seus primeiros sinais de vida. Calorzinho já a rondar a barreira dos 30 graus, os primeiros escaldões do ano a darem sentido a uma paisagem que ganha a sua real dimensão quando o termómetro se anima. Nas terras onde se registou a mais alta temperatura de sempre em território português (47,4ºC na Amareleja, em 2003), o calor não é propriamente notícia, mas este ano de 2018 está a dar cabo de muitas ideias feitas…
Enfrentemos então o que o Verão tem para nos atirar contando com três bons aliados: as sombras que a Natureza e os humanos souberam criar, os planos de água onde podemos reequilibrar o termostato e os bons vinhos da região, pretexto ideal para fazer uma pausa e respirar o silêncio de uma terra imensa. A primeira paragem é na Herdade da Mingorra, onde tudo está preparado para alargar o leque de ofertas turísticas.]Um pequeno desvio do IC2 leva-nos até à Herdade da Mingorra, onde os 170 hectares de vinha acabam por nem ser a marca mais forte de uma paisagem onde encontramos oliveiras, sobreiros e – agora – também amendoeiras. Estamos a entrar numa propriedade com 1.400 hectares, na qual, além da agricultura, também a actividade cinegética (essencialmente, caça à perdiz, mas também javalis) sustenta a aposta turística. Aliás, surpresa, quando esperamos visitar uma unidade com visitas e provas de vinho, eis que encontramos um projecto já com alojamento em fase de afirmação!
A adega, situada num pequeno cabeço, a escassa distância do núcleo habitacional, funciona como pólo central da actividade agrícola e turística, concentrando os escritórios, o laboratório e todas as restantes unidades de apoio num edifício moderno e pensado para receber visitantes. Prova disso mesmo é a galeria metálica que permite dar a volta à adega lá pelo alto, enquanto ficamos a conhecer os processos de vinificação e a história dos vinhos da casa.
O aumento da produção, das actuais 900 mil garrafas/ano para umas expectáveis 1,3 milhões, impõe um alargamento do edifício e, com essa intervenção, ficam prometidas novidades também neste circuito turístico, nomeadamente o alargamento e enriquecimento do espaço da loja, que é também recepção. Já passámos pela cave de barricas e espreitámos a varanda panorâmica onde os visitantes se podem sentar para saborear um copo de vinho. A paragem seguinte fica a escassos 100 ou 200 metros de distância, mas há muito para falar durante o percurso.
Acontece que a Herdade da Mingorra há muito recebe grupos de caça e criou condições para que os visitantes pudessem pernoitar. Agora, a aposta é divulgar esta oferta e alargar o leque de visitantes que podem desfrutar desta funcionalidade. Ao todo, são quatro quartos independentes e mais dois (no espaço comum da casa de família) para quem cumpra o exclusivo programa Wine Experience. Para além dos quartos, mobilados em estilo rústico e com camas em ferro, os turistas têm ao seu dispor vários espaços comuns.
Sim, há uma sala de estar, uma cozinha e até um ginásio (!), mas o que se destaca é mesmo o belo pátio interior, enquadrado por um telheiro onde se fazem as refeições, cadeiras, mesas (cada uma com o seu guarda-sol) e um tanque de água tratada onde cabem todas as tentações de frescura. É por aqui que ficamos, de volta da mesa, dos petiscos e do vinho. As horas passam ao ritmo da conversa. Talvez soe a desculpa, mas está muito calor lá fora…

HERDADE DA MINGORRA
Herdade da Mingorra, 7800-761, Trindade, Beja
Tel: 284 952 004
Fax: 284 952 005
Mail: geral@mingorra.com
Web: www.mingorra.com
Solicita-se marcação com uma semana de antecedência para as visitas à adega com prova de vinhos, cujos preços variam entre os 17 euros por pessoa (três vinhos), os 24 euros (cinco vinhos + queijo) e os 30 euros (sete vinhos + aperitivos). A prova de seis vinhos com almoço, por 60 euros, exige um mínimo de seis participantes. O programa Wine Experience, que possibilita o contacto directo com os proprietários, tem um custo de 160 euros por pessoa (mínimo: seis participantes) e os alojamentos custam 90 (quarto single) ou 95 euros (duplo). O aluguer conjunto dos quatro quartos sai por 350 euros.
Originalidade (máx. 2): 1,5
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 1,5
Prova de vinhos (máx. 3): 3
Venda directa (máx. 3): 2,5
Arquitectura (máx. 3): 2,5
Ligação à cultura (máx. 3): 2,5
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2

AVALIAÇÃO GLOBAL: 17,5
E, no entanto, é preciso seguir caminho. Não muito longo, mas rumo a uma realidade bastante diferente. Não na exuberância dos números, que agora sobem para um total de 1.620 hectares de propriedade e um milhão de garrafas/ano, mas sim na filosofia do projecto. Da exploração familiar para a unidade mais distintiva de um grande grupo hoteleiro, as diferenças são muitas, mas na Casa Santa Vitória, apesar do “peso” dos 81 quartos da unidade (Vila Galé Clube de Campo) com ela geminada, a actividade agrícola também é nuclear.
Com mais de 16.000 visitantes anuais, este é dos enoturismos alentejanos com maior movimento e se é verdade que a “colagem” a um hotel pode inflacionar os números, a verdade é que a adega e a propriedade têm todos os argumentos necessários para receber bem quem as visita. Esta é uma peça única no universo Vila Galé, grupo com três dezenas de unidades hoteleiras em Portugal e no estrangeiro, mas em breve terá companhia, quando a Quinta da Amendoeira, no Douro, for apresentada. Até lá, os vinhos do grupo são todos originários daqui – e uma parte significativa, mais de 30%, da produção, acaba por ser consumida internamente.
A adega, situada a menos de 50 metros do hotel, é espaçosa e desenhada a pensar nos visitantes (todos os corredores da área visitável são verdadeiras galerias), que podem começar a visita assistindo a um vídeo sobre o vinho – a sala onde é projectado tem janelas panorâmicas sobre a adega. E também se fazem aqui provas de azeite (há 150 hectares de olival e azeites da casa para descobrir). Depois de conhecer a adega e as caves (onde dezenas e dezenas de barricas abrigam a lenta alquimia do envelhecimento dos vinhos), saímos para um átrio mobilado com peças antigas e dirigimo-nos à loja para a prova de vinhos e petiscos.
Do outro lado do parque de estacionamento, há restaurantes, bares, quartos acolhedores, piscina, relvados, fontes, esplanadas, uma quinta pedagógica, courts de ténis, quartos ecológicos em tendas índias, picadeiro. À volta, terras agrícolas, com pomares, vinha e olival. Uma capela espreitando do outro lado do espelho de água da barragem do Roxo, onde se podem fazer passeios de caiaque. Do alto dos seus ninhos, as cegonhas presidem solenemente a esta paisagem que conjuga o melhor de dois mundos: o Alentejo rústico e o cosmopolitismo de um moderno hotel de família.[

CASA SANTA VITÓRIA
Vila Galé Clube de Campo
Herdade da Figueirinha – Santa Vitória, 7800-730 Beja
Tel: 284 970 100 / 284 970 170 (adega)
Fax: 284 970 150 / 284 970 175 (adega)
Mail: campo@vilagale.com / campo.reservas@vilagale.com
Web: www.santavitoria.pt
GPS: N37º 53º ’20’ – W8º 01′ 14′
As provas de vinho custam quatro euros por pessoa (3 vinhos Versátil), 6€ (três vinhos Santa Vitória), 11€ (quatro vinhos Santa Vitória) e 23€ (quatro varietais Santa Vitória). Regularmente, há jantares vínicos (40€), os piqueniques custam 20 ou 35€ e o programa de actividades no hotel é vastíssimo, incluindo passeios de balão, jipe, moto4 ou bicicleta, tiro aos pratos, cavalos, ténis e badmington, canoagem e gaivotas, paintball…
Originalidade (máx. 2): 2
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 2
Prova de vinhos (máx. 3): 3
Venda directa (máx. 3): 2,5
Arquitectura (máx. 3): 2,5
Ligação à cultura (máx. 3): 2
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2

AVALIAÇÃO GLOBAL: 18
E, por falar nisso, na ligação entre tradição e modernidade, eis chegada a altura de deixar um alerta à Câmara Municipal de Lisboa, proprietária, e à Casa Santos Lima, entidade exploradora: o título de “vinha do aeroporto”, aplicado à exploração situada junto à rotunda do Relógio, na capital, pode muito bem ser contestado pela Herdade do Monte Novo e Figueirinha, cujas vinhas se estendem na planura contígua ao novo (e polémico) Aeroporto Internacional de Beja. Na verdade, entre a saída da aerogare e a entrada da adega, mediam umas meras centenas de metros de estrada…
O volume de produção é aqui semelhante aos dois destinos visitados anteriormente: a Herdade do Monte Novo e Figueirinha (com perto de 80 hectares de vinha, aqui e na zona da Vidigueira), produz um milhão de garrafas por ano. E também se afirma em outros produtos, como o azeite (200ha de olival) ou as amêndoas (30ha). Tudo fica bem visível quando subimos ao alto da torre metálica que integra o complexo do lagar, uma “aventura” não recomendável a quem sofra de vertigens, mas que proporciona uma vista fantástica sobre a herdade.
Não é por causa do aeroporto, cujo reduzido movimento (para sermos simpáticos) não potencia a localização privilegiada da propriedade, mas a ligação especial à Alemanha (entre 1967 e 1987, a Base Aérea nº11 foi ocupada em exclusivo pela Luftwaffe, que a usava para instrução) criou aqui raízes e os alemães são o principal (e esmagador) contingente de visitantes – cerca de 15.000 por ano. À sua espera encontram uma adega com muitas histórias para contar e uma característica muito especial: uma nascente no interior, que ajuda a refrescar as instalações.
Depois de passarmos pela loja e recepção, visitamos a zona de produção do azeite (outra semelhança com os dois projectos visitados neste roteiro é a valorização crescente da vertente turística desta cultura) e entramos depois na adega. Deparamos de imediato com cinco talhas (a mais antiga data de 1843), que em breve servirão para ensaiar o primeiro vinho de talha do produtor. A sala de barricas (há mais de 400 unidades), um salão com varanda capaz de albergar uma centena de pessoas e a sala de provas com janelas panorâmicas para a zona de vinificação são os espaços mais marcantes do complexo.
Provamos alguns vinhos dos depósitos e depois regressamos ao calorzinho de Junho e à luz forte que reinam cá fora. A atmosfera é informal e familiar – bem adequada a um projecto criado por avô e neto, em 1998. Há gente a trabalhar um pouco por todo o lado, os passarinhos cantam e um Airbus está estacionado na placa do aeroporto. Até pode parecer estranho, mas tudo se encaixa.[

HERDADE DO MONTE NOVO E FIGUEIRINHA
Herdade do Monte Novo e Figueirinha, 7800-740, São Brissos, Beja
Tel: 284 311 260
Fax: 284 311 269
Mail: adega@figueirinha.pt
Web: www.figueirinha.pt
GPS: N38º03.032 – W7º55.615
A herdade está aberta a visitas de segunda a sexta-feira entre as 9 e as 13h e das 14 às 18h; ao fim-de-semana, recomenda-se marcação. As visitas ao lagar e adega, com possibilidade de provas de vinhos do depósito, são livres. Caso os clientes queiram provar vinhos específicos, ou acompanhar com petiscos, será acordado um preço.

Originalidade (máx. 2): 1,5
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 2
Prova de vinhos (máx. 3): 2,5
Venda directa (máx. 3): 3
Arquitectura (máx. 3): 2
Ligação à cultura (máx. 3): 2
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2

AVALIAÇÃO GLOBAL: 17

ESTAÇÃO DE SERVIÇO
Com um roteiro muito curto em termos de quilometragem, concentrando-se na região sul de Beja, e uma cidade com tanto para conhecer, o mais lógico é concentrar os “reabastecimentos” sólidos e líquidos na capital de distrito. Ficam duas sugestões, uma mais típica e tradicional (A Pipa, no centro), a outra moderna e funcional (Espelho d’Água, no parque da cidade). Em comum, a atenção muito especial dedicada aos vinhos da região.
TABERNA A PIPA – Rua da Moeda, 8, Beja; 284 327 043 / 968 115 032
ESPELHO D’ÁGUA – Rua de Lisboa, Restaurante do Parque da Cidade, Beja; 284 325 103 / 966 427 113 / 917 553 487; espelho_dagua@sapo.pt

Edição nº15, Julho 2018

 

Julia Kemper: Paixão pelo vinho e respeito pela Natureza

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]As vinhas de Julia Kemper têm uma história que começou nos seus antepassados, mas está agora com ela, que aterrou neste mundo vinda de outra profissão. O maior destaque é mesmo o respeito pelo ambiente e a […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]As vinhas de Julia Kemper têm uma história que começou nos seus antepassados, mas está agora com ela, que aterrou neste mundo vinda de outra profissão. O maior destaque é mesmo o respeito pelo ambiente e a certificação biológica desde o início. Nada fácil no Dão, diga-se de passagem.

TEXTO António Falcão
NOTAS DE PROVA João Paulo Martins
FOTOS Anabela Trindade

“Nunca na vida fui agricultora; eu era advogada em São Paulo e Lisboa, mas fui a escolhida para herdar esta quinta. E levei três anos a dizer que sim.” É assim que começa a insólita história recente desta casa de Mangualde, contada pela própria Julia Kemper (www.juliakemperwines.com). Só aceitou com duas condições: “Se passássemos para a agricultura biológica. E assim foi.” E que começassem a vender vinho, “porque a quinta nunca o vendeu”. Nunca? Na verdade, a família (enorme) consumia o vinho, ou dava-o a amigos e clientes (um conjunto com mais de mil pessoas, recorda Julia). O restante ia para outras paragens…
Isto não significa que se tratasse a uva e o vinho ‘às três pancadas’, nada disso. Julia diz-nos que o seu avô “era muito vaidoso do seu vinho”: “Chegou a fazer milhares de quilómetros para o mostrar numa exposição em Berlim.” [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]E ganhou mesmo um prémio, exibido com orgulho numa das paredes da adega, sob forma de diploma emoldurado. Apenas não precisava de vender. Outro indício do amor à terra do avô, que aqui passava uma parte do ano, vindo de Lisboa, era o investimento em capital humano: quando aqui chegou, Julia diz-nos que a quinta (de 60 hectares) tinha 54 empregados!
O avô faleceu e, alguns anos depois, Julia começa a trabalhar na quinta, mas, como não percebia nada, chamou “uns franceses”. “Não porque eles saibam fazer melhor vinho do que nós, mas porque são mestres a vender. Ora, os franceses eram a favor dos vinhos varietais e eu queria também introduzir algumas diferenças em relação à tradição.” Por exemplo, deixar de fazer apenas um branco e um tinto (com as castas todas misturadas) e passar a fazer alguns ‘monocastas’.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”27938″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Isso obrigou Julia a alterar o encepamento, plantando por parcelas e castas. Com a reestruturação, acabou por reduzir a área de vinha. Optou por ficar com 20 hectares (menos de metade), receando, sensatamente, dar um passo maior do que a perna. Mas, confessa, “hoje teria mantido tudo”. E sabemos também que teria preservado alguma vinha muito velha (Julia fala em plantas com bem mais de 100 anos!) mas, por acidente, foi tudo fora. A escolha do novo encepamento foi para as castas tintas Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz e Jaen, e, nas brancas, Encruzado, Malvasia Fina e Verdelho. Muito típico do Dão.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Biologia polémica na região
Por aqui passaram muitos especialistas, incluindo técnicos de agricultura biológica. “Gastei muito dinheiro”, diz Julia, que acabou a contratar a empresa Vines & Wines, famosa no Dão, para continuar todo o processo. António Lopes, o encarregado de sempre (já falecido), e conhecedor profundo do terreno, assistia a tudo com alguma incredulidade. Os métodos biológicos eram estranhos para ele, mas aceitou e terá mesmo tentado evangelizar os amigos da região, que lhe diziam “ó António, tens a vinha cheia de ervas”.
Para Julia, a natureza tem forma de se equilibrar e só em casos anormais o humano tem de intervir. Ainda assim, não faltaram vozes na região (e fora dela) a augurar o ‘estampanço’ do projecto. Um técnico consagrado disse uma vez a Julia que aquilo tudo era “uma estupidez pegada”.
Afinal, o equilíbrio natural prevaleceu e o projecto foi avançando. “Comecei em 2003 a replantar a vinha, mas o primeiro vinho só saiu da colheita de 2008. Decidi não ter pressa. Sempre assim foi na minha vida.” A falta de pressa continua hoje, como se pode ver pelas notas de prova anexas, de vinhos tintos de 2011 e 2012. Não há mesmo pressas, e ainda bem. Os vinhos agradecem…[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_gallery type=”image_grid” images=”27937,27940,27939″ layout=”3″ gallery_style=”1″ load_in_animation=”none”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Para o desenvolvimento da actividade e da região, José Castelo Branco não esquece que “o dinamismo do Alqueva veio dar um aqui boost muito grande. Proporcionou mais investimento nas redondezas, trouxe o movimento financeiro que estava a faltar”.
Ao longo da propriedade, que acompanha as margens do rio Guadiana, existem nove pequenas barragens, nove “oásis no deserto” que embelezam ainda mais aquilo que já é um local pleno de encanto. Percorrendo os caminhos da herdade, uma surpresa a cada passo, uma perdiz a descansar na estaca de uma vinha sem preocupações, o Guadiana a espreitar, quando menos se espera, entre dois montes que o encerram como que a impedir que ele fuja, o olhar sereno de um vitelo, um campo de flores silvestres a pintar o quadro de amarelo. A produção integrada e a consciência ecológica são evidentes.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Terroir de altitude
A Quinta do Cruzeiro está situada numa região de altitude, e os vinhos resultantes precisam de tempo para ‘casar’ na garrafa e, no caso dos tintos, amaciar os taninos. As vinhas estão situadas entre os 450 e 520 metros, mas os terrenos estão protegidos por quatro serras – Estrela, Caramulo, Buçaco e Nave. Lá em baixo, um conjunto de casarios forma a aldeia chamada Oliveira.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]De resto, é típico Dão, até na decoração do terreno: só vemos a vinha quando lá chegamos. Tudo se encontra no meio da floresta. Esta zona, aliás, foi fustigada por um fogo em 2016 e só se salvou porque os meios aéreos chegaram a tempo. Ainda assim, Júlia perdeu um dos 10 imóveis da quinta, completamente destruído pelas chamas. A outra característica típica de (algum) Dão é o predomínio do granito. A prová-lo estão vários rochedos de imponente tamanho que se encontram junto à vinha. Mas também existem alguns pedaços com solo xistoso.
O sistema de rega está instalado, mas pouco funciona, porque não tem sido necessário. O subsolo tem muita água e o velho António Lopes sabia isso muito bem. E contrariou inclusive, com razão, a varinha de um vedor que foi contratado para ver onde havia água. Facto curioso: uma história de análises e observações indica que os terrenos que mais fazem sofrer a vinha são aqueles de onde vêm as melhores uvas e onde se fazem os melhores vinhos.
Vê-se que a proprietária gosta de passear pela vinha. Ou melhor, correr, como tinha feito nessa madrugada. “Na agricultura biológica temos que ver a vinha todas as semanas, mesmo no Inverno.” Não é só a visão romântica do assunto, mas também uma maneira de perceber se algo se está a passar: “Aqui temos que jogar sempre em antecipação”, confessa a proprietária.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27951″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Rumo à adega
A fazer vinhos há mais de um século, a Quinta do Cruzeiro possuía, claro, uma adega própria. O avô de Julia ampliou-a e a neta também. Mas não foi preciso fazer muita coisa. O avô era visionário e mandou fazer depósitos em cimento, uma revolução na altura. Julia dividiu os depósitos em espaço mais pequenos, para flexibilizar o armazenamento dos vinhos. E mandou fazer revestimentos em epoxy e instalar sistemas de controlo de temperatura. Outra inovação do antepassado foi para o percurso da uva e mostos: tudo é feito por gravidade, sem se usarem bombas. A adega comporta ainda lagares de pedra, que ainda hoje são usados para fazer a pisa a pé nos tintos. As maiores modificações ocorreram nos brancos, feitos com recurso à tecnologia mais moderna, com controlo de temperatura e inertização. Infelizmente há pouca uva branca, situação que deverá mudar num futuro próximo. Até porque Julia passou a gostar muito de brancos, especialmente depois de estagiarem alguns anos.
A vindima chega a juntar 30 ou 40 pessoas, algumas delas com um histórico de décadas: “Temos inclusive emigrantes que vêm fazer a nossa vindima, porque gostam”, diz-nos a proprietária. Tudo é feito à mão, para caixas de pequeno tamanho, mas, mesmo assim, existe uma mesa de escolha vibratória na adega, para refugar qualquer cacho ou bago em más condições. Ou seja, a uva é aqui muito bem tratada, da vinha à adega.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Em Prova”][divider line_type=”No Line” custom_height=”30″][vc_column_text]

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Edição Nº15, Julho 2018

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Paço do Conde: Vinhos do Alentejo profundo

Baleizão foi terra de cereais e hoje é sobretudo terra de olival, pastagens e vinho, sob a égide da Herdade Paço do Conde. Com um portefólio de produtos variado, este gigante agrícola do Baixo Alentejo serve paisagem numa bandeja. TEXTO Mariana Lopes NOTAS DE PROVA Luís Lopes FOTOS Ricardo Palma Veiga João Tordo, escritor português, […]

Baleizão foi terra de cereais e hoje é sobretudo terra de olival, pastagens e vinho, sob a égide da Herdade Paço do Conde. Com um portefólio de produtos variado, este gigante agrícola do Baixo Alentejo serve paisagem numa bandeja.

TEXTO Mariana Lopes
NOTAS DE PROVA Luís Lopes
FOTOS Ricardo Palma Veiga

João Tordo, escritor português, descreveu a aldeia de Baleizão da seguinte maneira, no seu livro Anatomia dos Mártires: “É um conjunto de casas brancas com telhados em tijolo castanho, janelas de cantaria e portas extraordinariamente pequenas onde, durante as tardes, os locais se abrigam do calor. Tem uma escola, uma Junta de Freguesia e, no centro da aldeia, um busto de Catarina Eufémia sobre uma coluna branca cercada por uma pequena vedação onde, ao final da tarde, os velhos se sentam a descansar. (…) Andei ao acaso pelas ruas de alcatrão quente e as portas baixinhas, de laranjeiras podadas e cães vadios farejando as bermas.”

Ao largo desta aldeia, carregada de simbologia, encontra-se a Herdade Paço do Conde, que está nas mãos da família Castelo Branco há mais tempo do que se consegue contar. Os actuais proprietários, José António Castelo Branco, Luís Miguel Castelo Branco e Maria Luísa Castelo Branco Schmidt, são os netos do fundador da actual empresa, que nasceu em 1928. A parte materna da família já pratica agricultura tradicional na região há muitas gerações. Já a parte paterna é da Beira, especificamente de Vila Nova de Poiares. O referido avô fundador, vindo dessa zona, viu-se um dia perante uma oportunidade de investimento no Alentejo, que acabou por se concretizar na Herdade de Paço do Conde.

Um dos seus filhos, advogado de profissão, era aficionado de agricultura e da região, e o fundador, que mais tarde resolveu vender tudo, acabou por não o fazer, por essa razão. Assim, fez-se uma sociedade agrícola entre ele, o filho advogado e as duas filhas. Estas faleceram cedo, mas o filho acabou por lá casar e ser pai de José António Castelo Branco e dos irmãos. “Nasci em Lisboa, mas passava muitas temporadas em Baleizão com o meu pai, sempre que ele tinha férias”, contou José António. Na verdade, muitos proprietários, naquela altura, desertaram dali, mas a família Castelo Branco ficou, até hoje. E hoje chegam-se à frente, na gestão e na supervisão agrícola, Filipe Castelo Branco e Pedro Castelo Branco Schmidt, filhos de José António e de Maria Luísa, respectivamente.

Do Guadiana a Vilares
A Herdade Paço do Conde estende-se por cerca de 4.000 hectares com uma flora (e até fauna…) bastante diversificada. O principal negócio, o azeite, vem de 1.900 ha de olival, mas a herdade é também berço de outras culturas como o trigo, o girassol, o milho, a papoila e vários produtos hortícolas. Só 1.700 ha representam pastagem natural e semeada para alimentação das cerca de 1.000 vacas. A vinhas, todas próprias, materializam-se em 260 ha na totalidade, sendo que 50 desses são na Vidigueira, com mais 15 para breve. Em Baleizão, o solo dos vinhedos comporta muito xisto e alguma areia, enquanto que na Vidigueira são compostos, sobretudo, por argila. Para a plantação das vinhas, que se iniciou em 1995, escolheram-se as castas tintas Alicante Bouschet, Aragonês, Cabernet Sauvignon, Castelão, Merlot, Syrah, Touriga Nacional e Trincadeira; e as brancas Antão Vaz, Arinto e Viognier. Este investimento na vinha e no olival representa o esforço dos Castelo Branco em reconverter a actividade agrícola que muito passava pelo cereal de sequeiro, focando-se em culturas mais competitivas como aquelas. “Estamos a considerar entrar na amêndoa, para diversificar ainda mais a nossa oferta” contou Pedro Schmidt.

Para o desenvolvimento da actividade e da região, José Castelo Branco não esquece que “o dinamismo do Alqueva veio dar um aqui boost muito grande. Proporcionou mais investimento nas redondezas, trouxe o movimento financeiro que estava a faltar”.
Ao longo da propriedade, que acompanha as margens do rio Guadiana, existem nove pequenas barragens, nove “oásis no deserto” que embelezam ainda mais aquilo que já é um local pleno de encanto. Percorrendo os caminhos da herdade, uma surpresa a cada passo, uma perdiz a descansar na estaca de uma vinha sem preocupações, o Guadiana a espreitar, quando menos se espera, entre dois montes que o encerram como que a impedir que ele fuja, o olhar sereno de um vitelo, um campo de flores silvestres a pintar o quadro de amarelo. A produção integrada e a consciência ecológica são evidentes.

Da adega e do lagar
A adega começou a ser erguida em 2002, ano em que o Paço do Conde começa a produzir os seus vinhos, com apenas 30 a 40 ha de vinha. De construção moderna, o edifício esconde no seu interior abóbadas e arcadas, mas também uma tecnologia de vinificação com capacidade para 1.410.000 litros. A marcas Herdade Paço do Conde (marca-mãe), Encostas do Guadiana, Herdade das Albernoas (muito presente lá fora, especialmente no Canadá), Vilares e 3 Herdades perfazem, actualmente, uma produção de 1,5 milhões de garrafas, número “a duplicar em breve”, descortinou Pedro Schmidt. O tinto representa 65% da produção, e o branco 35%. Na verdade, o forte aqui ainda é a exportação, mas a vontade da família é dar cada vez mais importância ao mercado nacional. “A previsão, este ano, é ficar 50/50”, adiantou.

O enólogo, que está na empresa desde o início da actividade vinícola, é o experiente Rui Reguinga, que nos explicou: “A intenção aqui sempre foi fazer vinhos com excelente relação qualidade-preço”.
Em 1998, iniciaram a plantação do olival, selecionando as variedades Galega, Cobrançosa, Frantoio, Arbequina e Picual, e em 2007 começou a produção em lagar próprio, com capacidade para processar 650 toneladas por dia. Hoje, a produção anual é de 2 000 000kg de azeite que se divide em dois engarrafados, Herdade Paço do Conde e outro com o mesmo nome e designativo Exclusive Selection (para lojas gourmet), e uma grande parte que é vendida a granel, sendo que “Itália é um excelente mercado” para esta última. Não obstante, querem vender cada vez mais azeite engarrafado.
Pedro Schmidt foi muito claro no que toca aos objectivos actuais da empresa. “O nosso grande foco é crescer no vinho e no azeite, pois achamos que são as duas culturas que mais fazem sentido no Alentejo”. O sucesso desta sociedade agrícola, que conta já com cerca de 70 pessoas empregadas, não se baseia em nenhum segredo nem numa malha complexa de gestão. Pedro tem a fórmula, e esta é simples: “Começámos com os pés bem assentes na terra”.

 

Edição Nº15, Julho 2018

Monte Branco: Um projecto com Alento

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Em 2004, Estremoz foi berço de mais um player de peso. Hoje, passados 14 anos, o Monte Branco continua a dar cartas com as novas colheitas de Alento e da marca homónima da adega. E continua a […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Em 2004, Estremoz foi berço de mais um player de peso. Hoje, passados 14 anos, o Monte Branco continua a dar cartas com as novas colheitas de Alento e da marca homónima da adega. E continua a crescer…

TEXTO Mariana Lopes
NOTAS DE PROVA Luís Lopes
FOTOS Cortesia do produtor[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Luís Louro tem aquilo que é fundamental ao sucesso de qualquer empreendimento: visão e rumo. Quando fundou a Adega do Monte Branco, há 14 anos, resolveu chamar Alento ao seu vinho, o que já indiciava que sabia o que “andava ali a fazer”. A adega, por sua vez, erguida em 2006, é mais um exemplo de sustentabilidade e de inteligência tecnológica e energética. Agora imagine-se isto num edifício de linhas simples e funcionais, varandas e recantos com vista para as vinhas e, lá no fundo, o castelo de Estremoz. Bem cool, certo?
Sim, se juntarmos os vinhos. Alento (branco, tinto e rosé) e Monte Branco (tinto e branco). Juntos representam uma produção de 150.000 garrafas – e disto, adicionando a marca exclusiva para o mercado externo, são exportados 73%. Luís Louro contou que “primeiro nasceram os Alento, depois houve necessidade de criar um vinho que fosse ainda mais Alentejo no carácter, e aí nasceu o Monte Branco”. O primeiro destes é de 2010 e a proveniência são as melhores parcelas de Alicante Bouschet e Aragonez, dos 27 hectares de vinha que estão ao dispor da Adega do Monte Branco em regime de arrendamento. Segundo o enólogo “são duas castas com maturações muito diferentes, que nós fermentamos em conjunto”. Na verdade, esta co-fermentação é uma opção dos “co-enólogos” Luís Louro e Inês Capão, transversal a quase todos os vinhos do portfólio.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27757″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Na nossa visita, provámos todas as colheitas da marca Monte Branco, que revelaram uma consistência assinalável, ao nível da qualidade e perfil. O vinho de estreia, 2010, mostra excelente evolução e muita classe; no 2011 sente-se o ano mais maduro, mas mantendo a frescura; 2012 é um grande vinho, preciso, elegante, afirmativo, pleno de carácter. O 2013, agora apresentado, está ainda jovem, mas imensamente prometedor.
Num registo um pouco diferente no estilo está o tinto Monte Branco 10 Anos 2014, o vinho comemorativo que marca uma década de vindimas e que saiu agora para o mercado, volvidos quatro anos em garrafa. Foram feitas apenas 1400 garrafas. De Alicante Bouschet, Aragonez e Trincadeira, é um vinho sério, com complexidade, fruta profunda e uma acidez muito elevada. “Mesmo como eu gosto”, brincou Luís.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27755″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Os novos Alento branco, ambos de 2017, não dispensam Arinto, que, para Luís Louro, é “a grande casta branca”. Os dois têm Arinto e Antão Vaz no lote, mas um deles tem ainda Roupeiro. Já o Alento rosé 2017 é feito de Aragonez e Touriga Nacional, uvas sempre colhidas muito cedo: “Abrimos sempre a adega com o rosé”, revelou Luís. O tinto 2016, de uma frescura notável, inclui Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet e Touriga Nacional. Por último, o Alento Reserva tinto 2014 apenas tira a Trincadeira e substitui-a por Syrah.
O próximo passo é plantar mais vinha própria. Cinco hectares de videiras já estão a crescer, no próximo ano serão mais 14 e a selecção é original, com algumas castas pouco comuns no Alentejo, como a Tinta Miúda, Sercial da Madeira, Galego Dourado, Rabigato, Sousão e as típicas Arinto, Alicante Bouschet e Aragonez.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº14, Junho 2018

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Do Douro ao Alentejo: As aventuras vínicas de um fundo de investimento

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Há já vários anos que nos habituámos a ouvir falar em fundos de investimento interessados em negócios do vinho. Associamos a este tipo de investimento um conceito de lucro rápido, folha Excel e balancete mensal analisado à […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Há já vários anos que nos habituámos a ouvir falar em fundos de investimento interessados em negócios do vinho. Associamos a este tipo de investimento um conceito de lucro rápido, folha Excel e balancete mensal analisado à lupa. E quando o negócio não dá, muda-se a agulha do investimento. Mas nem sempre é assim e os fundos também podem ter rosto. Como é o caso do Segur Estates. Com ele as empresas Roquevale, Encostas de Estremoz e Quinta do Sagrado ganham novo fôlego.

TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Corria o ano de 2016 quando se soube que a Quinta do Sagrado (Douro) tinha vendido a maioria do capital a um fundo de investimento, conservando José Maria Cálem uma parte do capital. Depois veio a público em 2017 que a Roquevale tinha mudado de mãos (53% do capital, mas com opção de compra do restante) e logo de seguida as Encostas de Estremoz (100% do capital, incluindo instalações, casas, etc) – duas empresas de dimensão considerável no Alentejo – tinham sido vendidas ao mesmo fundo de investimento. Foi motivo mais do que suficiente para visitarmos as propriedades alentejanas e falarmos com as pessoas. São muitas e têm uma carteira de projectos que merecem ser conhecidos.
Tudo começou com a compra de vinhas na zona de Redondo em 2015, parte pertencente ao produtor Joaquim Madeira e a restante adquirida a Vitor Matos, conhecido negociante na área do vinho. De então para cá têm-se sucedido os investimentos e, ficámos a saber, dentro de um mês haverá um novo negócio a associar a estes “e é de grande dimensão, com volumes anuais de 10 milhões de euros”, diz-nos o gestor do fundo, João Barbosa.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27566″ alignment=”center” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Corria o ano de 2016 quando se soube que a Quinta do Sagrado (Douro) tinha vendido a maioria do capital a um fundo de investimento, conservando José Maria Cálem uma parte do capital. Depois veio a público em 2017 que a Roquevale tinha mudado de mãos (53% do capital, mas com opção de compra do restante) e logo de seguida as Encostas de Estremoz (100% do capital, incluindo instalações, casas, etc) – duas empresas de dimensão considerável no Alentejo – tinham sido vendidas ao mesmo fundo de investimento. Foi motivo mais do que suficiente para visitarmos as propriedades alentejanas e falarmos com as pessoas. São muitas e têm uma carteira de projectos que merecem ser conhecidos.
Tudo começou com a compra de vinhas na zona de Redondo em 2015, parte pertencente ao produtor Joaquim Madeira e a restante adquirida a Vitor Matos, conhecido negociante na área do vinho. De então para cá têm-se sucedido os investimentos e, ficámos a saber, dentro de um mês haverá um novo negócio a associar a estes “e é de grande dimensão, com volumes anuais de 10 milhões de euros”, diz-nos o gestor do fundo, João Barbosa.
Por norma um fundo representa um conjunto de investidores. Esses investidores colocam o seu dinheiro em determinados negócios, cuja gestão é entregue a pessoas que procuram rentabilizar os investimentos realizados. Neste caso trata-se de um fundo familiar – da família Ségur – radicada no Brasil e que “descobriu” Portugal como local de investimento através de João Barbosa, sem ligação anterior ao vinho mas que no Brasil já estava ligado à família Ségur.
O nome Ségur, para quem conhece vinhos de Bordéus, surge rapidamente associado ao Chateau Calon-Ségur. Tem razão de ser, mas a ligação é tão antiga quanto o seu corte, ou seja, já passaram 200 anos desde que a família vendeu as propriedades em Bordéus. Os actuais descendentes – Louis Ségur é o rosto deste fundo familiar – já não têm negócios relacionados com o vinho. Isto, claro, até terem chegado ao Alentejo e ao Douro. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27569″ alignment=”center” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Pode naturalmente ficar no ar a questão de saber como se convence a investir em Portugal uma pessoa que vive no Brasil e cuja ligação familiar ao vinho se esfumou há dois séculos. Pedro Paixão, director comercial do grupo, revelou-nos que houve um trabalho de “explicação” das vantagens do investimento aqui, dado o bom momento que os vinhos portugueses atravessam, em termos de imagem, nos mercados externos. Mas João Barbosa confirmou que o investimento em Portugal não se tratou de qualquer tipo de “saudosismo vínico”. É puro negócio e foi no vinho como poderia ser noutro ramo de actividade. Os investimentos feitos até agora chegaram já aos 9 milhões de euros com capitais próprios, mas decorrem negociações com investidores para aumentar a aposta até aos 50 milhões, o que mostra que há intenção de alargar os negócios. Mas, confirmou-nos, “não deixa de ser um negócio de ‘turnover, em que existe a preocupação clara de remunerar o investidor”: “A vantagem de este fundo ser familiar é que aqui falamos de prazos mais alargados, mais conservador se comparado com outros fundos de investimento. Aqui falamos de 10 anos e não 4 ou 5, como acontece mais frequentemente.”
O facto de estarmos a falar com pessoas sem ligação anterior (profissional ou familiar) ao vinho torna a conversa menos emocional, mas também mais objectiva. João Barbosa não deixa dúvidas: “Temos a vantagem de ser portugueses e de não vir do sector dos vinhos nem de famílias ligadas ao vinho. Isso dá-nos uma independência que é importante e trazemos conhecimento e prática de outras áreas na resolução de problemas; tivemos a sorte de encontrar neste sector dos vinhos as pessoas certas que o conhecem e que nos ajudam no projecto.”[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27570″ alignment=”center” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”30″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Uma equipa grande” title_align=”separator_align_left”][vc_column_text]Quando fomos recebidos no Alentejo percebemos que há uma enorme equipa a trabalhar nestes projectos. São 52 pessoas, entre as que já estavam ligadas e ficaram – como é caso das equipas de enologia, de campo e serviços – e as que chegaram de fora, vindas de outros negócios. Falar com gente que vem de outras áreas obriga a permanente consulta ao dicionário: metade dos termos são em inglês e para evitar o downsizing fazendo um outsourcing acompanhado de um refreshing é sempre bom fazer uma “consulting” ao dicionário para poder “acompanhing” a conversa!
Falando de enologia, o novo grupo empresarial vai contar com o enólogo do Sagrado – João Pires –, que se mantém; Joana Roquevale, que irá continuar ligada à casa que tão bem conhece, acompanhada por Margarida Barrancos Vieira, enóloga das Encostas de Estremoz e que irá colaborar com Joana; Frederico Vilar Gomes, que irá supervisionar a enologia das várias propriedades; e Frederico Rosa Santos, que fará a ligação da enologia com a produção, supervisionando toda a relação com fornecedores. Como consultant winemaker estará o bem conhecido e experiente Peter Bright, com a função de desenhar novos vinhos, criar marcas que possam funcionar como especialidades, como projectos originais, ainda que em pequena escala.
A escala, essa, existe claramente na Roquevale, uma marca muito forte nas grandes superfícies e que foi também uma das bandeiras do importador brasileiro (Adega Alentejana), mas que foi perdendo o seu lugar nesse importante mercado. A Roquevale vai conhecer mudanças: o vinho bag-in-box vai deixar de ser Regional, está a haver uma renovação da imagem dos vinhos – projecto este extensível às marcas todas – e os resultados aparecem, com os vinhos, que incorporam uvas de várias propriedades compradas, a serem reposicionados num preço de prateleira superior, como foi o caso do Terras de Xisto. A adega irá servir como polo engarrafador e pretende-se levar por diante um projecto de vinhos de talha, contando aqui com a experiência de Joana Roquevale. Os vinhos Encostas de Estremoz serão engarrafados na Roquevale e o pavilhão industrial existente será também usado para armazenamento dos vinhos do Douro, engarrafados na região e de seguida transportados para aqui.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_gallery type=”image_grid” images=”27572,27571,27573″ layout=”3″ gallery_style=”1″ load_in_animation=”none”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Objectivos ambiciosos” title_align=”separator_align_left”][vc_column_text]Há muito que as Encostas de Estremoz estavam em processo de venda. O projecto era familiar, tinha boa dimensão (52ha), mas era difícil de gerir e já não havia mais espaço para suprimentos. A venda acabou por incluir a totalidade do capital e todas as instalações, quer de adega quer sociais. Os vinhos premium do grupo sairão debaixo do “chapéu” Encostas de Estremoz e os vinhos-base associados ao nome Roquevale. Em seis meses foi possível relançar as marcas da Encostas de Estremoz e as vendas subiram 35% e na Roquevale há já contratos fechados que irão mais do que duplicar a facturação de 2017.
A Quinta do Sagrado será uma aposta forte dos novos proprietários, em particular a marca VT, agora rebaptizada Sagrado VT. Além desta, passará a existir o Sagrado Grande Reserva e como topo de gama, apontando para um nível muito alto, o Quinta do Sagrado. Tradicionalmente havia cerca de 15 fornecedores de uva, que se irão manter, e a quinta, além de Douro, também produz Vinho do Porto em várias categorias. Cerca de 70% da produção do Sagrado destina-se à exportação e tem havido já um evidente crescimento dos números: “Quando pegámos no projecto a marca fazia 200.000€/ano e fechámos 2017 com 700.000€ de facturação”, diz Pedro Paixão.
A Segur Estates tem um objectivo claro: adquirir projectos que tenham potencial evidente de crescimento e de aumento de valor. Tornou-se evidente que as casas agora ligadas a este fundo familiar estavam num beco sem saída, já sem músculo financeiro para poderem recuperar o prestígio e posicionamento no mercado. Nova forma de gestão, mais folga financeira e projectos bem desenhados podem fazer renascer marcas e criar espaço para que outras surjam com impacto quer nos canais da distribuição moderna (super e hipermercados) quer no canal Horeca. O sucesso que os projectos da Segur Estates estão a ter em tão pouco tempo atrai necessariamente a atenção de investidores estrangeiros. João Barbosa fecha o ciclo: “Até onde iremos é difícil de dizer, mas a ambição existe!”[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27576″ alignment=”center” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#dddddd” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Marcas com história”][vc_column_text]As três casas agora agrupada sob o “chapéu” Segur Estates representam marcas e propriedades com história nas respectivas regiões. Provámos alguns vinhos mais antigos destas marcas, que traçam o percurso de cada uma. O Tinto da Talha, da Roquevale, lançado em 1989, foi de facto feito em talha até 1995. Com a marca a crescer teve de se alterar o método de produção, tendo-se conservado o nome. O Tinto da Talha Grande Escolha de 2003 está claramente evoluído mas ainda em boa forma, o 2004 mais fino e elegante, e o 2008 muito sério e bem estruturado.
Na marca Encostas de Estremoz a Touriga Nacional sempre teve um peso muito forte, funcionando como elemento distintivo e identitário. Estas vinhas situam-se em Sousel, a 20 km de Estremoz, onde dominam solos argilo-calcários. Da prova de Encostas de Estremoz Reserva, são de destacar o 2003 (perfumado, com o floral da Touriga ainda bem evidente), o 2007 (ainda com fruta bonita e elegante) e o 2011 (balsâmico, mentolado, com muita vida pela frente).
Do Alentejo para o Douro e para a Quinta do Sagrado, localizada perto do Pinhão. Da marca mais conhecida da casa, o VT, provámos vários vinhos, destacando o 2004 (a primeira colheita da marca, muito rico na fruta, sem sinais de cansaço), o 2007 (mentolado, com taninos finos e feito para durar) e o Sagrado VT Grande Reserva 2008, elegante, delicado e com classe.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição nº14, Junho 2018

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Amphora Wine Day foi sucesso no Rocim

Texto: Mariana Lopes Fotos: cortesia Rocim Dia de São Martinho é dia de abertura das talhas no Alentejo. A 11 de Novembro, celebra-se o momento mais esperado da milenar tradição vivitinícola alentejana, da prática que faz parte do dia-a-dia da população, sobretudo nas zonas mais rurais, a produção do vinho de talha. Até esta altura, […]

Texto: Mariana Lopes
Fotos: cortesia Rocim

Dia de São Martinho é dia de abertura das talhas no Alentejo. A 11 de Novembro, celebra-se o momento mais esperado da milenar tradição vivitinícola alentejana, da prática que faz parte do dia-a-dia da população, sobretudo nas zonas mais rurais, a produção do vinho de talha. Até esta altura, as massas vínicas aguardam pacientemente dentro da ânfora.
Foi para marcar o acontecimento que Catarina Vieira e Pedro Ribeiro organizaram, na Herdade do Rocim, situada entre Vidigueira e Cuba, no Baixo Alentejo, uma autêntica festa do vinho de talha, uma espécie de “open day” onde 23 produtores de todo o país (e até do estrangeiro) e o próprio Rocim partilharam os seus vinhos, vinhos esses que em algum momento do processo de vinificação estiveram dentro de uma ânfora. Porque isto do vinho de talha não é de todo linear, e tem mais diversidade do que se pensa. Quer seja de talhas portuguesas, espanholas, italianas ou de qualquer outra nacionalidade, mais tradicionais ou mais modernas, vinhos só com fermentação no recipiente de barro, só com estágio ou com ambos, em contacto mais ou menos tempo com as películas e engaços, as possibilidades são imensas. Todos os produtores presentes no Amphora Wine Day atestaram esta diversidade, vindos de várias regiões, com alguns estreantes na matéria.

Catarina Vieira e Pedro Ribeiro

É o caso do projecto XXVI Talhas, de Vila Alva, uma pequena freguesia do concelho de Cuba, que embora assente numa antiga tradição familiar, nasceu como marca em 2018 e já tem um branco e um tinto muito interessantes (Branco do Tareco e Tinto do Tareco), de castas antigas do Alentejo. Já a Lusovini esteve no evento com o seu recém-lançado Tapada do Coronel Vinho de Talha, da Serra de S. Mamede, em Portalegre, e até com um vinho de talha do Dão que ainda não está no mercado. Também Joana Santiago deu a provar o vinho Santiago na Ânfora do Rocim, uma colaboração bem-sucedida entre os dois produtores com Alvarinho da região de Monção e Melgaço e ânfora do anfitrião da festança. Dos Vinhos Verdes veio Márcio Lopes com o seu Selvagem, um branco original de antigas vinhas de enforcado e de grande nível. Titan do Douro foi também um nome novo, um vinho de Luís Leocádio. Entre outras novidades estiveram também casas mais experientes no assunto, como Esporão, José de Sousa, Casa Relvas, Adega Cooperativa da Vidigueira, Amareleza, etc. De fora do país vieram Rocco di Carpeneto, de Itália, Sebastien David e Stéphane Yerle, de França, Zorah Wines, da Arménia, e Rendé Masdéu, de Espanha.
Após a prova livre de todos estes vinhos e mais alguns, cerca de uma hora antes do encerramento, deu-se o ponto alto do dia, a abertura das talhas do Rocim, dos vinhos brancos e tintos. Com o cante alentejano em plano de fundo, o público assistiu com entusiasmo enquanto o adegueiro introduziu a torneira de madeira no orifício um pouco acima da base da primeira talha, momentos antes do líquido cristalino começar a verter para uma pequena selha de barro vermelho. À porta da adega, contabilizaram-se mais de 1000 entradas, bem acima das cerca de 850 esperadas, um sucesso que fez justiça à irrepreensível organização.

Vinhos da Symington no Alentejo têm a marca Quinta da Fonte Souto

Os primeiros vinhos da primeira incursão da Symington Family Estates fora do Douro sairão para o mercado no início do Verão de 2019, sob a chancela Quinta da Fonte Souto, exactamente o nome da propriedade na serra de S. Mamede, Portalegre, adquirida pela empresa no início de 2017. Os primeiros vinhos da marca serão exactamente […]

Os primeiros vinhos da primeira incursão da Symington Family Estates fora do Douro sairão para o mercado no início do Verão de 2019, sob a chancela Quinta da Fonte Souto, exactamente o nome da propriedade na serra de S. Mamede, Portalegre, adquirida pela empresa no início de 2017. Os primeiros vinhos da marca serão exactamente os dessa colheita de 2017.

A Symington faz, entretanto, um balanço muito positivo da campanha de 2018: “O Alicante Bouschet e Syrah, de duas vinhas maduras de baixas produções, produziram vinhos excecionais, assim como uma pequena parcela de excelente Touriga Nacional. Este apresenta uma acidez muito equilibrada, consequência direta da cota elevada das vinhas. Os vinhos de Fonte Souto de 2018 têm uma intensa concentração com frescura natural e elegância — resultado de maturações muito equilibradas”, pode ler-se em comunicado.

A Quinta da Fonte Souto está situada em cotas que vão dos 490 aos 550 metros de altitude e as noites frescas “foram determinantes no ciclo final das maturações na vinha”: “Ao longo do mês de Setembro, e já em Outubro, as pronunciadas amplitudes térmicas, fruto das cotas elevadas, resultaram em condições perfeitas para o desenvolvimento das vinhas.”

Depois de um ano precoce como 2017, a campanha de 2018 afirmou-se pelo “ciclo de maturação gradual e longo”. Ambas as colheitas foram vinificadas na adega da propriedade, que beneficiou de profundas modificações após a aquisição, pela equipa de enologia dirigida por Charles Symington e que conta com o enólogo residente José Daniel Soares.

 

Quatro novidades e mais histórias das Servas

Ricardo Constantino, André Lourenço Marques, Luis Serrano Mira e Carlos Serrano Mira Edição nº11, Março 2018 Lançamento O começo da nova aventura da família Serrano Mira data de 1998, mas há mais história para trás e estes produtores reclamam para si uma tradição que vem de 13 gerações ligadas ao vinho. Mas, mesmo com esse […]

Ricardo Constantino, André Lourenço Marques, Luis Serrano Mira e Carlos Serrano Mira

Edição nº11, Março 2018

Lançamento

O começo da nova aventura da família Serrano Mira data de 1998, mas há mais história para trás e estes produtores reclamam para si uma tradição que vem de 13 gerações ligadas ao vinho. Mas, mesmo com esse passado, é com um pé no futuro que pretendem estar. Voltaram a Lisboa para trazer quatro novos vinhos, dois em estreia absoluta.

TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Cortesia do produtor

Para os leitores da Grandes Escolhas, ouvir falar da Herdade das Servas, e dos novos vinhos que vão colocando no mercado, já se tornou um hábito. Um hábito bom que também nos diz que a família Serrano Mira quer mostrar o que de novo vai produzindo e tem a preocupação de o fazer periodicamente. Entre muitos outros métodos, este é um, bem útil para que o nome Servas continue a fazer parte do quotidiano dos consumidores. Este momento foi agora o escolhido para anunciar que as Servas vão apoiar a edição de um livro onde se irá contar a história da família, recuando até 1667. É essa herança de 13 gerações que querem assumir e a nova inscrição nas garrafas quer dizer isso mesmo: Family Winegrowing Legacy. O momento escolhido foi apenas usado para mostrar quatro novidades.
A Herdade das Servas fica no concelho de Estremoz e ocupa uma área de 350 hectares, com as vinhas espalhadas por oito parcelas, muitas delas plantadas recentemente mas também com algumas a mostrarem a bonita idade de 70 anos. Solos variados, ligeiras diferenças de altitude das parcelas e o clima específico de Estremoz explicam a diversidade dos vinhos produzidos. Os trabalhos de viticultura e enologia, a cargo de Ricardo Constantino e os irmãos Carlos e Luís Mira, abrangem as 11 castas tintas e as 9 brancas plantadas na sua propriedade.
Os novos vinhos agora apresentados incluem a nova edição do branco Reserva, do tinto Vinhas Velhas e, em estreia, dois vinhos licorosos: um branco de Colheita Tardia e um Licoroso tinto. Ambos respondem a novas tendências do consumo. Os licorosos tintos sempre foram produtos escondidos e muito pouco divulgados, tradicionalmente ligados a algumas adegas cooperativas. No entanto, mesmo no Alentejo, havia tradição antiga (caso do Mouchão) de fazer este tipo de vinho, inspirado no Vinho do Porto. Nos anos mais recentes surgiram vários licorosos alentejanos no mercado e há assim campo para a divulgação deste tipo de vinho. São normalmente uma grande surpresa em prova cega. Os colheita tardia são vinhos que estão a interessar produtores um pouco por todo o país e temos vindo a conhecer novas marcas todos os anos. Ambos, embora feitos em quantidades muito pequenas, podem ser produtos bem interessantes e que valorizam o portefólio.


O Reserva branco estagia 9 meses em barrica mas só 50% corresponde a barrica nova. Tem Arinto (50%), com Verdelho e Alvarinho em partes iguais. O vinhas velhas tinto vai na quarta edição, vem de vinha velha com mais de 50 anos implantada em terrenos pedregosos, de baixa produção. Inclui Alicante Bouschet, Trincadeira, Touriga Nacional e Petit Verdot, por ordem de importância no lote. O estágio prolongou-se por 18 meses em carvalho francês e americano, mas, dizem-nos, no futuro será apenas francês.
O licoroso tinto resulta de um conjunto de três castas, o Alicante Bouschet em 60% e depois Trincadeira e Aragonez em partes iguais. São várias as colheitas que entram no lote e por isso não tem data de colheita. Estagiou 24 meses em barricas usadas e mais um ano em inox. É comercializado em meias-garrafas e terá edição anual daqui em diante.
A outra novidade, o colheita tardia, resulta de uvas da castas Sémillon, parcialmente atacadas de botrytis (podridão nobre), a que se juntaram outras apenas desidratadas pelo longo tempo que passaram na vinha. Foram vindimadas ao mesmo tempo. A parcela, plantada em 2007, tem apenas 2ha e é uma vinha não regada. A vindima foi em Outubro. Fermentou e estagiou em inox durante 18 meses. É comercializado em meias-garrafas.