Porto com twist
O Dia Nacional do Cocktail, que é celebrado a 18 de Maio, foi o pretexto para o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto antecipar a efeméride, abrindo, no dia 10 de maio passado, as portas do Wine Bar do IVDP, dando a conhecer novas formas de consumo do clássico vinho do Porto que, […]
O Dia Nacional do Cocktail, que é celebrado a 18 de Maio, foi o pretexto para o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto antecipar a efeméride, abrindo, no dia 10 de maio passado, as portas do Wine Bar do IVDP, dando a conhecer novas formas de consumo do clássico vinho do Porto que, face aos novos desafios e necessidade de conquistar novos consumidores, se dessacraliza e reinventa.
E porque não em cocktails frescos e ousados?
Após a aposta vencedora do Porto tónico, é tempo de dar palco aos mixologistas na criação de novas e coloridas propostas que cativem um público mais jovem e urbano. E foi pelas mãos do bartender José Mendes, do bar portuense “Torto”, que nasceram o “Gomo”, numa base de Porto White Dry e Tangerina, e o “Baga”, ousada abordagem de um Porto Tawny 10 anos, com Aguardente Velha, jus de romã, chocolate negro e drop de noz. A conduzir esta ação, esteve Paulo Russel Pinto, que chefia o Serviço de Comercialização e Marketing do IVDP.
Bebida de meditação, que se bebia após a refeição pelos nossos pais e avós, ou como aperitivo, o Vinho do Porto estava desligado, em termos comunicacionais, da mesa propriamente dita. Assim, durante os últimos anos, a estratégia de comunicação do Vinho do Porto direcionou-se para a restauração, propondo-o à refeição, com sobremesas, inicialmente, complementando os outros vinhos servidos à refeição, descobrindo-se uma versatilidade que não era, até então, muito conhecida. Vinho do Porto associado às sobremesas com chocolate, ou aos vários tipos de queijos, de pasta mole, pasta dura, de cabra, vaca ou ovelha, como também à doçaria tradicional portuguesa, nomeadamente a conventual (ovos, caramelizados, amêndoas) é hoje, um lugar mais comum.
Após a aposta vencedora do Porto tónico, é tempo de dar palco aos mixologistas na criação de novas e coloridas propostas que cativem um público mais jovem e urbano.
Asas à criatividade
Vencido esse desafio, outros se avizinham, nomeadamente, alcançar novos consumidores, mostrando-lhes propostas inovadoras, em tempos desafiantes onde o seu consumo se ressente. O consumidor que se pretende hoje alcançar será mais jovem, numa faixa etária acima dos 25 anos, e que se afasta de uma outra categoria que comunga de ideias pré-concebidas acerca do vinho do Porto. E é aqui que entra este novo padrão de público que se identifica com o cocktail e com a mixologia. Nesta nova comunhão com novos apreciadores, houve uma necessidade de adaptação comunicacional por parte do IVDP. Há uma linguagem que é necessário dominar para se ser mais eficaz a comunicar novos momentos de consumo e dinâmicas associadas a este novo público. A nova onda de mixologia rompe com o passado. Já não é executada nos bares por um austero bartender, mas por jovens urbanos e descontraídos que dominam um sector em franco crescimento, a consumir bebidas de alto valor acrescentado. E aqui entra o Porto não apenas como ingrediente para dar sabor a um cocktail, mas com os mixologistas e bartenders atuais a dar-lhe relevância de protagonista principal, incutindo-lhe um cunho personalizado e autoral, à semelhança do que fazem hoje os chefs de cozinha. E, claro, a “portugalidade”, tendo no vinho do Porto uma identidade e representação nacional. Nesta nova etapa, procura-se mostrar a enorme versatilidade do Porto, que possui quase 20 categorias, permitindo-se desta abrangência dar asas à criatividade e imaginação.
(Artigo publicado na edição de Junho de 2024)