Fortaleza do Guincho tem novo programa promocional, e vale a pena

Hotel Fortaleza do Guincho Relais & Châteaux está agora a estrear o novo programa Visit Guincho, que propõe uma “escapadinha num cenário único” e é composto por uma refeição para dois no recentemente inaugurado Spot by Fortaleza do Guincho, uma noite de alojamento e pequeno almoço servido no restaurante Panorâmico, tudo pelo preço de 295 […]

Hotel Fortaleza do Guincho Relais & Châteaux está agora a estrear o novo programa Visit Guincho, que propõe uma “escapadinha num cenário único” e é composto por uma refeição para dois no recentemente inaugurado Spot by Fortaleza do Guincho, uma noite de alojamento e pequeno almoço servido no restaurante Panorâmico, tudo pelo preço de 295 euros. 

Restaurante Panorâmico.

“Desfrutar da magia do oceano, da gastronomia nacional e dos bons ares da Serra de Sintra” é a sugestão do hotel do Guincho.

Este programa é válido de 1 de Outubro a 23 de Dezembro, e as reservas podem ser efectuadas através do e-mail reservations@guinchotel.pt ou do telefone 214 870 491.

A Semana da Gastronomia Chinesa no JNcQUOI Asia está quase aí

É de 29 de Setembro a 7 de Outubro que o JNcQUOI Asia — situado no número 144 da Avenida da Liberdade, em Lisboa — promove a Semana da Gastronomia Chinesa. Para este evento, o chef Ku Yan criou um menu exclusivo, pleno de iguarias chinesas inovadoras. Como entrada, a sugestão é Dumpling de lavagante […]

É de 29 de Setembro a 7 de Outubro que o JNcQUOI Asia — situado no número 144 da Avenida da Liberdade, em Lisboa — promove a Semana da Gastronomia Chinesa. Para este evento, o chef Ku Yan criou um menu exclusivo, pleno de iguarias chinesas inovadoras.

Como entrada, a sugestão é Dumpling de lavagante (19€), Hot and sour soup de caranguejo (20€) ou Beringela com sésamo e alho frito (12€). Nos pratos principais, a selecção inclui Lula grelhada com molho picante em folha de bananeira (24€), Mapoh Tofu (21€) e Kung Pao Chicken (19€). Para sobremesa, a escolha pode recair sobre Bolo de banana com creme de côco e pandan (9€) ou Gelatina de citronela com sorbet de lima (9€).

O chef Ku Yan é da Malásia e já uma figura reconhecida da gastronomia asiática. Especializado em dim sum — o dumpling tradicional da província chinesa de Cantão — o chef está neste restaurante do grupo Amorim Luxury desde a sua abertura em 2019.

As reservas para a Semana da Gastronomia Chinesa, disponíveis para o almoço e jantar, podem ser realizadas através do e-mail bookatable@jncquoiasia.com ou do telefone 210513000.

The One: Cozinha de luxo, com vista de encantar

Ganhou o Prémio de Excelência da revista americana Wine Spectator e nós fomos ver se era verdade. Não só se confirma a excelência, como se recomenda pelo “whole package”: serviço, cozinha, ambiente e vista dançam juntos para proporcionar uma experiência de luxo, no restaurante do Tivoli Carvoeiro. Mariana Lopes Um final de tarde ameno convidava […]

Ganhou o Prémio de Excelência da revista americana Wine Spectator e nós fomos ver se era verdade. Não só se confirma a excelência, como se recomenda pelo “whole package”: serviço, cozinha, ambiente e vista dançam juntos para proporcionar uma experiência de luxo, no restaurante do Tivoli Carvoeiro.

Mariana Lopes

Um final de tarde ameno convidava a jantar na varanda do The One, e a preguiça do sol em pôr-se deu-nos um início de experiência com toda a bonita luz e vista para o mar do Carvoeiro a que tínhamos direito. Com o desenrolar das ondas a fazer as honras da música de fundo, fomos introduzidos à refeição por Francisco Meira, chefe de sala e sommelier do restaurante do Tivoli Carvoeiro. Sem pretensões exageradas e com pedagogia, precisão e conhecimento no serviço de vinhos, Francisco foi a primeira boa surpresa da noite. 

O menu de degustação principal do The One, começa com “crème brûlée” de foie gras, gelatina do mesmo feita com vinho Madeira Blandy’s Verdelho 5 Anos (o mesmo vinho com que harmonizou o prato), sorvete de cereja e crumble, com um amor-perfeito no topo. A combinação é óptima, com a cereja gelada a cortar a gordura delicada do foie, e o crumble a dar crocância ao prato. Depois, com o rosé algarvio Villa Alvor de Moscatel Galego Roxo — projecto da Aveleda nesta região — vem filete de sardinha com carpaccio de tomate, também tomate cereja e alongado, broa de milho e espuma de pimento vermelho, naquilo que Francisco Meira explicou ser “uma homenagem do Chef aos Santos Populares”. O rosé, bem seco e apto para acompanhar comida, conseguiu ligar-se bem a todo o tomate do prato, algo que sabemos ser uma harmonização bem difícil de concretizar, e ao peixe gordo que é a sardinha. O que se segue é polvo em tempura com um arroz malandrinho de berbigão, de revirar os olhos, pleno de sabor mas muito fino, ao lado do branco Colinas Chardonnay. Por esta altura, e antes do prato de carne, já é tempo de lavar o palato com um tira gosto e é isso que chega, de rum com maracujá, côco, eucalipto, num shot de frescura muito agradável. A fechar os pratos principais, é servido um magret de pato com gnocchi de batata doce roxa, jus de pato com figo e legumes biológicos, acompanhado do tinto Cabrita Negra Mole, uma casta autóctone do Algarve que imprime originalidade ao pairing, num tinto leve mas com estrutura, que combina exemplarmente com o pato. A pré-sobremesa deliciosa poderia deixar cair o “pré”, um gelado de maracujá com gelatina do mesmo e crocante de côco num conjunto muito fresco e revitalizante, que é mesmo o que se quer após uma refeição de vários pratos. Aqui juntou-se ao branco doce Cabrita Moscatel. A sobremesa de chocolate, no entanto, é uma perdição para os fãs do doce, e remata tudo junto do L.B.V da Graham’s.[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_gallery type=”parallax_image_grid” images=”47203,47201,47195,47196,47197,47198,47199,47200,47204,47202″ display_title_caption=”true”][/vc_column][/vc_row]Tivemos ainda oportunidade de provar, como terceiro momento, um prato que não faz parte do menu de degustação, mas que está na carta e que merece todas as vénias: lavagante e finíssimo raviolli com molho Bisque e alga Tosaka, tudo com textura de chorar por mais, a par do espumante Filipa Pato 3B (um Bruto de Baga e Bical) que ligou sem falhas.

Este menu custa 75 euros por pessoa, mais 35 com o pairing de vinhos (opcional), um preço que consideramos francamente bom para a qualidade da experiência. Para quem desejar apenas um prato ou dois, a carta inclui os do menu e muitos outros para escolher. A lista de vinhos, por sua vez, tem uma oferta grande e bastante diversificada de vinhos nacionais e estrangeiros, organizada de forma exemplar. Está também disponível uma degustação vegetariana com o mesmo número de pratos, por 65 euros, no qual chama a atenção o linguini de chilli e limão com bolonhesa de legumes, e o risotto de côco e lima, com tempura de legumes e molho de soja.

O chef Bruno Augusto não estava presente nessa noite, mas a causa era nobre: meteu-se em “sarilhos” a dobrar, e acorreu ao que soubemos, no dia seguinte, ter sido um falso alarme. Pelo que conseguimos apurar, o nascimento dos gémeos está previsto para o final de Outubro. Mas uma coisa é certa, a cozinha do The One manteve a excelência sem a presença do chef e sob o comando do sous-chef Fábio Bernardo, o que mostra que a consistência é mais um ponto forte deste restaurante. Vale muito a pena a visita ao Algarve para aqui jantar e, porque não, ficar a relaxar no Tivoli Carvoeiro…

Associação Bagos d’Ouro lança livro de receitas solidário

A Bagos d’Ouro — associação sem fins lucrativos que apoia jovens e crianças do Douro a vários níveis — juntou alguns do mais conhecidos Chefs da cozinha portuguesa, num livro de receitas cujas vendas ajudarão a apoiar a missão desta IPSS. De Norte a Sul e ilhas, cinquenta grandes nomes da cozinha nacional conceberam receitas […]

A Bagos d’Ouro — associação sem fins lucrativos que apoia jovens e crianças do Douro a vários níveis — juntou alguns do mais conhecidos Chefs da cozinha portuguesa, num livro de receitas cujas vendas ajudarão a apoiar a missão desta IPSS.

De Norte a Sul e ilhas, cinquenta grandes nomes da cozinha nacional conceberam receitas com produtos tradicionais do Douro, disponíveis agora no livro “Receitas Bagos d’Ouro” (€6), à venda na plataforma DOTT.

E sendo este o ano em que a associação festeja o seu décimo aniversário, e trabalhando esta com crianças, a Bagos d’Ouro celebra também o regresso às aulas em parceria com o Município de São João da Pesqueira (local onde foi criada). De 21 a 23 de setembro, o “street artist” Tiago Godmess associar-se-á a esta causa solidária e pintará um mural no Centro Escolar desta localidade, juntamente com jovens e crianças da associação. “A Associação procura, através deste projeto de arte participativa, dar motivação à comunidade educativa e às crianças e respetivas famílias de uma região que já é, por si só, bastante isolada, bem como acompanhá-las neste regresso atípico às aulas”, diz a Bagos d’Ouro em comunicado.

Tomate Coração de Boi do Douro volta a ser estrela 

Desta vez não há o já habitual concurso (seria a 5ª edição), mas o festim está de regresso: os melhores tomates Coração de Boi das tradicionais hortas do Douro voltam à prova nos restaurantes referenciais da região. Durante todo o mês de agosto, os apreciadores podem degustar esta iguaria carnuda, suculenta e de sabor único. […]

Desta vez não há o já habitual concurso (seria a 5ª edição), mas o festim está de regresso: os melhores tomates Coração de Boi das tradicionais hortas do Douro voltam à prova nos restaurantes referenciais da região. Durante todo o mês de agosto, os apreciadores podem degustar esta iguaria carnuda, suculenta e de sabor único. Na própria região onde é produzido, por inúmeros agricultores do Douro que, por causa da nossa paixão por tomate, recuperaram as velhas hortas. 

Assim, em saladas ou em pratos especiais concebidos para este mês, 14 restaurantes durienses vão colocar nas suas ementas emblemático tomate Coração de Boi. Pratos clássicos ou modernos, com nomes de crescer água na boca como Sopa de Tomate Coração de Boi, Tataki de atum, húmus de grão-de-bico e granizado de Tomate Coração de Boi, Arroz de Tomate Coração de Boi, Cherne, Molho fricassé e o Tomate Coração de Boi, Cuscus Transmontanos de Tomate Coração de Boi e Trio de Porco Bísaro, Queijo de ovelha com doce de Tomate Coração de Boi ou Tomate Coração de Boi com gelado de ervas, vão estar à sua espera. A organização é, mais uma vez, da Greengrape e da incansável Celeste Pereira e conta com a curadoria do jornalista Edgardo Pacheco. A lista dos restaurantes aderentes, que abrange toda a região, pode ser consultada aqui.

Concurso Beira Interior Gourmet está de volta e já tem data

Beira Interior concurso restaurantes

A primeira edição do Concurso Beira Interior Gourmet irá finalmente “para a estrada”! Um evento que decorrerá entre os dias 10 de de Julho e 10 de Agosto, com todas as medidas de segurança garantidas pelos restaurantes aderentes. Em conjunto com os produtores de vinhos da região, estes restaurantes pretendem potenciar um dos ex-libris da […]

A primeira edição do Concurso Beira Interior Gourmet irá finalmente “para a estrada”! Um evento que decorrerá entre os dias 10 de de Julho e 10 de Agosto, com todas as medidas de segurança garantidas pelos restaurantes aderentes. Em conjunto com os produtores de vinhos da região, estes restaurantes pretendem potenciar um dos ex-libris da Beira Interior, a sua gastronomia e os seus vinhos. Esta iniciativa tem agora um significado adicional: ajudar a impulsionar negócios que tanto foram prejudicados pela pandemia do novo coronavírus.

Estarão diferentes pratos a concurso, harmonizados com vinhos da região, que o público terá oportunidade de provar durante este período. Os restaurantes estarão em competição no âmbito das seguintes categorias:

O menu a concurso é composto por entrada, prato principal e sobremesa, que deverão ser acompanhados por vinhos da Beira Interior certificados (DO e/ou IG) inseridos na carta de vinhos do restaurante.

Esta iniciativa insere-se na estratégia de promoção do enoturismo da região, no qual a recentemente criada Rota dos Vinhos da Beira Interior faz deste evento uma aposta no desenvolvimento da região. Para avaliação, foi reunido um júri das áreas da cozinha; turismo e cultura; ensino e enologia, cuja presidência estará a cargo de Fernando Melo, conceituado crítico de vinhos e cozinha, também colaborador da Grandes Escolhas.

20 tendências gastronómicas para 2020

O ano vai voltar a ter muitos vegetais no prato e podemos até ver entrar nos cardápios um inhame roxo raro, oriundo das Filipinas. Mas muitas outras coisas boas deverão acontecer, mesmo com o previsível arrefecimento do turismo.  TEXTO Ricardo Dias Felner Vegetais e mais vegetais Restaurantes vegetarianos que parecem alta cozinha, cheios de sabor. […]

O ano vai voltar a ter muitos vegetais no prato e podemos até ver entrar nos cardápios um inhame roxo raro, oriundo das Filipinas. Mas muitas outras coisas boas deverão acontecer, mesmo com o previsível arrefecimento do turismo. 

TEXTO Ricardo Dias Felner

  1. Vegetais e mais vegetais

Restaurantes vegetarianos que parecem alta cozinha, cheios de sabor. Cozinha vegetariana que não sabe a alface sobre rúcula. A tendência já começou no ano passado, com bons exemplos a Sul e a Norte. Quer em restaurantes ‘plant-based’ como o Fava Tonka (Porto) ou o Senhor Uva e o Arkhe (Lisboa), quer em restaurantes omnívoros como o Prado (Lisboa) ou o Apego (Porto), os vegetais são hoje muitas vezes o centro do prato e arrebatam até os clientes mais proteico-dependentes. A onda verde vai continuar a crescer.

  1. Carnes certificadas

Portugal tem um longo caminho a fazer no comércio de carnes de qualidade e certificadas. Noutros países europeus é frequente os talhos terem os certificados de origem, com raça, data de abate, região, etc. Por cá, com raras excepções, é “Novilho”, “Entrecosto”, “Borrego” — e pouco mais. Ora, alguma restauração já começou a mudar isto, vendendo carnes (sobretudo maturadas) com indicação da raça e da data de abate e espera-se que isso passe para a grande distribuição. Vamos comer menos carne em 2020, sobretudo de vaca, mas de melhor qualidade e de raças nacionais, como sejam a maronesa, mirandesa, arouquesa ou barrosã.

  1. Pão artesanal para todos

A padaria artesanal explodiu em 2019 e irá confirmar a tendência de crescimento em 2020. Cadeias como a Padaria Portuguesa viram crescer as vendas dos seus pães com farinhas antigas, como espelta; outro exemplo é a expansão do Copenhagen Coffee Lab, também com produção própria e a expectativa de abrir mais lojas em Lisboa e no Porto. As grandes superfícies também têm procurado acompanhar a tendência, nalguns casos fazendo as suas próprias massas e já integrando técnicas de fermentação lenta. A expectativa é a de vermos mais panificação com farinhas de cereais antigos (barbela, espelta) ou exóticas (como a teff etíope).

  1. Tudo se fuma

Os fumados existem desde que existe fogo, mas nunca como agora sentimos tanto sabor a fumo em tudo, desde chás a manteigas, passando por vegetais ou cocktails. Em alguns restaurantes, a excitação é tal que tudo sabe a fumo, criando-se um enjoo tóxico. A verdade, no entanto, é que o fumo traz complexidade e conforto à comida, sobretudo em pratos de vegetais.

  1. Dar fogo à peça

O fumo está ligado a uma outra moda. No caso, uma moda com dois milhões de anos. Terá sido por essa altura, mais milénio menos milénio, que alguém atirou um pedaço de comida para cima de uma fogueira e fez magia culinária. O combustível de eleição é a madeira e os equipamentos variam: fornos, grelhas, potes de ferro e outras estruturas mais complexas. Vale tudo, desde que o aroma do fumo e a combustão lenta e homogénea façam o seu trabalho. Para assistir ao vivo ao espectáculo, sugerem-se o Elemento, no Porto, e o recém-inaugurado Fogo, em Lisboa.

  1. Pizza de couve-flor

Ainda está para aparecer em força, mas alguns indicadores dizem-nos que este ano a moda chega a Portugal. Algumas aplicações móveis ligadas à entrega de comida em casa, como a Uber Eats e a Yelp, indicaram a pizza de couve-flor como uma das grandes tendências nos EUA em 2019. Reparem que não estamos a falar de uma pizza com couve-flor. Estamos a falar de uma base de couve-flor (e ovo e queijo e…), com outros ingredientes por cima. Sem glutén e sem hidratos.

  1. Cozinha coreana

De entre as cozinhas asiáticas, a coreana ainda é relativamente desconhecida por cá, mas das mais célebres em cidades como Nova-Iorque ou Londres. Muitas das bases são chinesas, frequentemente com pastas de chiles vermelhos adicionados, e nota-se uma propensão para o barbecue. Ora é precisamente através do barbecue que ela se está a introduzir em Lisboa. O exemplo mais recomendável é o Han Table Barbecue, mas também o restaurante do Mercado Oriental, no Martim Moniz (a especialidade é o bimbibap), ambos em Lisboa.

  1. Chefs-agricultores

    Foto de Anabela Trindade

A cozinha de produto local e sazonal vai continuar a florescer, mas pode-se esperar a subida a um outro patamar: restaurantes em que os próprios cozinheiros/chefs produzem parte dos seus produtos. O cultivo de ervas aromáticas, mesmo dentro das instalações de restaurantes, sobretudo de fine dining, já existe há algum tempo, mas a existência de horta própria, em que o chef é uma espécie de curador ou mete mesmo as mãos na terra, ainda está por concretizar de forma consistente. 2020 pode ser o ano do chef-agricultor.

  1. Japão, Japão e Japão

O Japão está na moda e vai estar mais ainda, com os Jogos Olímpicos de Tóquio a começar em Julho. Toda a gente parece querer viajar até ao Japão, conhecer tudo sobre o Japão. Da arquitectura à jardinagem, do feng shui ao cinema, há um modo delicado e uma ética no fazer que cativa o mundo — e a comida não escapa a essa admiração. As sopas ramen deverão crescer e irão aparecer muitos outros petiscos que têm estado mais ou menos bloqueados pela febre do sushi.

  1. Sandes katsu sando

Um desses petiscos japoneses por descobrir são as sandes katsu sando. Podíamos aliás alargar a tendência para todo o tipo de sandes gastronómicas, em que se usa pão especial, recheio feito de ingredientes seleccionados, fermentados, picles caseiros — ou seja, sandes com técnica de alta cozinha. O Porto tem uma longa tradição a fazer bem sandes, mas em Lisboa há escassez de bons exemplares. Uma das pedradas no charco são estas katsu sando, que vão aparecendo em casas asiáticas modernas, restaurantes de autor (Plano Restaurante), ou em lojas de street food (Mercado Oriental).

  1. Ube halaya, a nova beterraba

A ube halaya é muito popular nas Filipinas, e foi a partir daí que chegou aos EUA, onde se tornou um dos alvos favoritos dos instagrammers, sobretudo quando na forma de gelado. A razão tem a ver com a cor. É que a ube halaya é um inhame roxo, que depois de processado em pasta ou pó transforma tudo o que toca em foto bonitinha. A avaliar pela inventividade das gelatarias em Portugal, é bem possível que a ube entre nos cardápios muito em breve.

  1. Cozinha regional de chef

    Taberna Albricoque

Os chefs andam cada vez mais a olhar para o receituário tradicional. Mas agora não tanto para transformá-lo, mas procurando ser fiéis aos sabores regionais, dando muito menos ênfase a criatividades espúrias. Um exemplo é Bertílio Gomes, chef que já andou no fine dining e que abriu agora a Taberna Albricoque, onde se notam influências algarvias; outro é Leopoldo Garcia Calhau, que na sua Taberna do Calhau pratica sobretudo sabores alentejanos. Mas faltam ainda bons restaurantes que cubram toda a nossa diversidade regional, dos Açores a Trás-os-Montes, do Minho às Beiras.

  1. Fine dining social

     

    The Art Gate

Apesar da crise do fine dining clássico, continuará a haver espaço para restaurantes excepcionais, onde podemos ter refeições únicas. Dito isto, o ambiente dos restaurantes de alta cozinha deverá deixar de ser tão protocolar e passar a ser mais social. Exemplos disso são o Ceia, que faz uso de uma mesa comunitária, ou o novo pop up do projecto We Are Ona (ver texto nestas páginas). Não surpreenderia, igualmente, que no futuro aparecessem restaurantes de fine dining só com um balcão.

  1. Cozinhas abertas

A apetência por espaços que propiciem o convívio e os intercâmbios está relacionada com outra tendência: as cozinhas abertas. Os restaurantes são cada vez mais montras de showcooking, como se os clientes quisessem estar dentro de um programa de culinária e poder fazer perguntas directamente aos seus anfitriões. Não interessa já só o que está no prato, mas como a comida chega ao prato, quem a faz, como a faz, como a serve. O restaurante não é mais só a sala, é tudo, da recepção às casas de banho, e é sobretudo a cozinha.

  1. Empratamentos simples

Os empratamentos muito desenhados, trabalhados como joalharia ou jardinagem, com florzinhas decorativas, bolinhas de gel e risquinhos, estão a cair em desuso. A ideia é cada vez mais o foco estar nos ingredientes e no sabor. Muitas vezes, para se fazer um empratamento complexo é preciso ter uma mise en place gigante, o que acaba muitas vezes por fazer com que a comida saiba a prato requentado. Poucos elementos, pouca confusão, máximo sabor. É esse o caminho.

  1. Restaurantes ambientalistas

As preocupações ambientais são uma tendência em todas as áreas e a cozinha não será excepção. Procurar produtos sustentáveis ou biológicos, diminuir a pegada ecológica, acabar com o desperdício, reciclar. Ainda não há em Portugal nenhum restaurante que se comprometa com todas estas questões ao mesmo tempo (como há o Silos, em Londres, por exemplo), mas cada vez há mais gente a esforçar-se por isso.

  1. A vez da cozinha africana

Alguns gastrónomos gostam de arredar a culinária africana das grandes cozinhas do mundo. Muitos são os mesmos eurocêntricos que também desdenhavam do que se fazia na China e um pouco por toda a Ásia. Podem estar enganados. O continente africano é grande demais para caber numa tendência, mas a verdade é que esse enorme território desconhecido tem despertado cada vez mais interesse no Ocidente, não apenas por ser origem de alguns super-alimentos como por ter uma culinária própria. Basta ver que o vencedor de O Melhor Restaurante do Mundo em 2019, eleito pelo World Restaurant Awards, fica na África do Sul.

  1. Sopas de massa

Há mais de 15 anos, quando o saudoso restaurante Assuka começou a fazer ramen para uns poucos de clientes estrangeirados, pouca gente vaticinava que a famosa sopa japonesa se tornasse num caso de sucesso. Ainda hoje, não há uma casa de ramen com a categoria que tinha o Assuka, entretanto desaparecido por causa de problemas financeiros, mas há várias boas e, aparentemente, muito procuradas, no Porto e sobretudo em Lisboa. E não são só os noodles japoneses que vencem, mas sim todas as sopas asiáticas que têm na sua essência noodles e caldos filtrados de carne e ossos, de que é também exemplo o pho vietnamita.

  1. Hambúrgueres sem carne

Os mais ortodoxos dirão que um hambúrguer tem de ser feito com carne de vaca e conter nunca menos de 30 por cento de gordura animal. Mas a maior parte do mundo parece não estar de acordo. É impressionante o sucesso dos hambúrgueres vegetarianos, ao ponto de as grandes cadeias multinacionais, como a Burger King, estarem a apostar cada vez mais neste mercado. Vamos ter rodelas de muita coisa sem ser carne, dentro de pão, em 2020.

   20. Restaurantes na periferia

Restaurante Tutto Combinato, Ramada – Odivelas. Foto de Mariana Lopes

Com as grandes cidades, sobretudo de Lisboa e do Porto, a verem as rendas subir exponencialmente nos últimos tempos, irão aparecer restaurantes ambiciosos e interessantes também em bairros periféricos ou mesmo noutras localidades em redor dos grandes núcleos urbanos. Já vimos isso acontecer em Lisboa, com grandes actores a tomarem Alvalade ou Marvila. Previsivelmente esse movimento vai continuar a deslocar-se para terrenos ainda mais baratos.

 

Edição nº 34, Fevereiro de 2020

Do Mercado – Alheira

Ricardo Dias Felner Um dos enchidos portugueses verdadeiramente original é a alheira. E é com a chegada do frio e das matanças que elas estão na máxima forma. A questão é: onde encontrá-las? Para comer uma verdadeira alheira temos de esquecer os canais habituais de distribuição. Uma verdadeira alheira encontra-se nas feiras de fumeiro (vá […]

Ricardo Dias Felner

Um dos enchidos portugueses verdadeiramente original é a alheira. E é com a chegada do frio e das matanças que elas estão na máxima forma. A questão é: onde encontrá-las? Para comer uma verdadeira alheira temos de esquecer os canais habituais de distribuição. Uma verdadeira alheira encontra-se nas feiras de fumeiro (vá para Norte) ou nas casas das pessoas ou em talhos de província que conhecem essas casas das pessoas. De resto, nas lojas do costume pode encontrar exemplares com certificação IGP (Vinhais, Mirandela, Barroso-Montalegre…), mas não vai encontrar a melhor alheira, aquela alheira que o vai deixar a suspirar para sempre por uma alheira.

A minha alheira preferida tem pouco pão e leva, para além de carne de porco (sobretudo da cabeça), carne de animais de capoeira, como galinha ou pato ou coelho. O uso de chiles picantes é facultativo, mas eu aprecio. Na hora de escolher uma alheira não vá pelas muito direitinhas, mas pelas com saliências na tripa e que estejam bem secas. Para cozinhar em casa, o ideal é colocá-las sobre uma frigideira antiaderente, com o calor muito baixo (nível 4 da indução), e deixá-las assar lentamente até que a pele fique estaladiça, quase vidrada. Acompanhe só com grelos e um fio de azeite.

 

Edição nº 34, Fevereiro de 2020