As melhores sombras de Beja

Assim à primeira vista, falar de Beja como terra de vinhos pode parecer estranho. Mas no “forno” de Portugal a cultura da vinha não é um capricho de insensatos nem uma missão impossível: há bons e grandes produtores de vinho. Com um foco muito especial no enoturismo. Talvez seja difícil encontrar em Portugal uma concentração […]

Assim à primeira vista, falar de Beja como terra de vinhos pode parecer estranho. Mas no “forno” de Portugal a cultura da vinha não é um capricho de insensatos nem uma missão impossível: há bons e grandes produtores de vinho. Com um foco muito especial no enoturismo. Talvez seja difícil encontrar em Portugal uma concentração de unidades de grande fôlego como a que descobrimos na cintura sul da capital do Baixo Alentejo.

TEXTO Luís Francisco
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Imaginemo-nos em Beja. De preferência à sombra, que o Verão está esquisito, mas não falha. Se apontarmos a sul, não precisamos de ir muito longe para encontrarmos pequenos paraísos onde o vinho marca o ritmo dos acontecimentos. Num raio de duas ou três dezenas de quilómetros, são várias as unidades de enoturismo que se afirmam como referência a nível nacional. É como se quem recebe fizesse questão de recompensar quem ali chega, longe das principais rotas turísticas e debaixo de um sol abrasador.
Nesta surtida por terras de estio, visitámos a Herdade da Mingorra, a Casa de Santa Vitória e a Herdade do Monte Novo e Figueirinha. Não terão, talvez, a notoriedade de alguns dos seus vizinhos, como a Herdade da Malhadinha Nova ou a Herdade dos Grous, mas os padrões de excelência impostos por estes enoturismos de elite estabelecem um padrão a que não se pode fugir, para se ser minimamente competitivo…
Ponto prévio à mesa: quando a equipa de reportagem da Grandes Escolhas se dirigiu a Beja, o Verão estava a dar os seus primeiros sinais de vida. Calorzinho já a rondar a barreira dos 30 graus, os primeiros escaldões do ano a darem sentido a uma paisagem que ganha a sua real dimensão quando o termómetro se anima. Nas terras onde se registou a mais alta temperatura de sempre em território português (47,4ºC na Amareleja, em 2003), o calor não é propriamente notícia, mas este ano de 2018 está a dar cabo de muitas ideias feitas…
Enfrentemos então o que o Verão tem para nos atirar contando com três bons aliados: as sombras que a Natureza e os humanos souberam criar, os planos de água onde podemos reequilibrar o termostato e os bons vinhos da região, pretexto ideal para fazer uma pausa e respirar o silêncio de uma terra imensa. A primeira paragem é na Herdade da Mingorra, onde tudo está preparado para alargar o leque de ofertas turísticas.]Um pequeno desvio do IC2 leva-nos até à Herdade da Mingorra, onde os 170 hectares de vinha acabam por nem ser a marca mais forte de uma paisagem onde encontramos oliveiras, sobreiros e – agora – também amendoeiras. Estamos a entrar numa propriedade com 1.400 hectares, na qual, além da agricultura, também a actividade cinegética (essencialmente, caça à perdiz, mas também javalis) sustenta a aposta turística. Aliás, surpresa, quando esperamos visitar uma unidade com visitas e provas de vinho, eis que encontramos um projecto já com alojamento em fase de afirmação!
A adega, situada num pequeno cabeço, a escassa distância do núcleo habitacional, funciona como pólo central da actividade agrícola e turística, concentrando os escritórios, o laboratório e todas as restantes unidades de apoio num edifício moderno e pensado para receber visitantes. Prova disso mesmo é a galeria metálica que permite dar a volta à adega lá pelo alto, enquanto ficamos a conhecer os processos de vinificação e a história dos vinhos da casa.
O aumento da produção, das actuais 900 mil garrafas/ano para umas expectáveis 1,3 milhões, impõe um alargamento do edifício e, com essa intervenção, ficam prometidas novidades também neste circuito turístico, nomeadamente o alargamento e enriquecimento do espaço da loja, que é também recepção. Já passámos pela cave de barricas e espreitámos a varanda panorâmica onde os visitantes se podem sentar para saborear um copo de vinho. A paragem seguinte fica a escassos 100 ou 200 metros de distância, mas há muito para falar durante o percurso.
Acontece que a Herdade da Mingorra há muito recebe grupos de caça e criou condições para que os visitantes pudessem pernoitar. Agora, a aposta é divulgar esta oferta e alargar o leque de visitantes que podem desfrutar desta funcionalidade. Ao todo, são quatro quartos independentes e mais dois (no espaço comum da casa de família) para quem cumpra o exclusivo programa Wine Experience. Para além dos quartos, mobilados em estilo rústico e com camas em ferro, os turistas têm ao seu dispor vários espaços comuns.
Sim, há uma sala de estar, uma cozinha e até um ginásio (!), mas o que se destaca é mesmo o belo pátio interior, enquadrado por um telheiro onde se fazem as refeições, cadeiras, mesas (cada uma com o seu guarda-sol) e um tanque de água tratada onde cabem todas as tentações de frescura. É por aqui que ficamos, de volta da mesa, dos petiscos e do vinho. As horas passam ao ritmo da conversa. Talvez soe a desculpa, mas está muito calor lá fora…

HERDADE DA MINGORRA
Herdade da Mingorra, 7800-761, Trindade, Beja
Tel: 284 952 004
Fax: 284 952 005
Mail: geral@mingorra.com
Web: www.mingorra.com
Solicita-se marcação com uma semana de antecedência para as visitas à adega com prova de vinhos, cujos preços variam entre os 17 euros por pessoa (três vinhos), os 24 euros (cinco vinhos + queijo) e os 30 euros (sete vinhos + aperitivos). A prova de seis vinhos com almoço, por 60 euros, exige um mínimo de seis participantes. O programa Wine Experience, que possibilita o contacto directo com os proprietários, tem um custo de 160 euros por pessoa (mínimo: seis participantes) e os alojamentos custam 90 (quarto single) ou 95 euros (duplo). O aluguer conjunto dos quatro quartos sai por 350 euros.
Originalidade (máx. 2): 1,5
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 1,5
Prova de vinhos (máx. 3): 3
Venda directa (máx. 3): 2,5
Arquitectura (máx. 3): 2,5
Ligação à cultura (máx. 3): 2,5
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2

AVALIAÇÃO GLOBAL: 17,5
E, no entanto, é preciso seguir caminho. Não muito longo, mas rumo a uma realidade bastante diferente. Não na exuberância dos números, que agora sobem para um total de 1.620 hectares de propriedade e um milhão de garrafas/ano, mas sim na filosofia do projecto. Da exploração familiar para a unidade mais distintiva de um grande grupo hoteleiro, as diferenças são muitas, mas na Casa Santa Vitória, apesar do “peso” dos 81 quartos da unidade (Vila Galé Clube de Campo) com ela geminada, a actividade agrícola também é nuclear.
Com mais de 16.000 visitantes anuais, este é dos enoturismos alentejanos com maior movimento e se é verdade que a “colagem” a um hotel pode inflacionar os números, a verdade é que a adega e a propriedade têm todos os argumentos necessários para receber bem quem as visita. Esta é uma peça única no universo Vila Galé, grupo com três dezenas de unidades hoteleiras em Portugal e no estrangeiro, mas em breve terá companhia, quando a Quinta da Amendoeira, no Douro, for apresentada. Até lá, os vinhos do grupo são todos originários daqui – e uma parte significativa, mais de 30%, da produção, acaba por ser consumida internamente.
A adega, situada a menos de 50 metros do hotel, é espaçosa e desenhada a pensar nos visitantes (todos os corredores da área visitável são verdadeiras galerias), que podem começar a visita assistindo a um vídeo sobre o vinho – a sala onde é projectado tem janelas panorâmicas sobre a adega. E também se fazem aqui provas de azeite (há 150 hectares de olival e azeites da casa para descobrir). Depois de conhecer a adega e as caves (onde dezenas e dezenas de barricas abrigam a lenta alquimia do envelhecimento dos vinhos), saímos para um átrio mobilado com peças antigas e dirigimo-nos à loja para a prova de vinhos e petiscos.
Do outro lado do parque de estacionamento, há restaurantes, bares, quartos acolhedores, piscina, relvados, fontes, esplanadas, uma quinta pedagógica, courts de ténis, quartos ecológicos em tendas índias, picadeiro. À volta, terras agrícolas, com pomares, vinha e olival. Uma capela espreitando do outro lado do espelho de água da barragem do Roxo, onde se podem fazer passeios de caiaque. Do alto dos seus ninhos, as cegonhas presidem solenemente a esta paisagem que conjuga o melhor de dois mundos: o Alentejo rústico e o cosmopolitismo de um moderno hotel de família.[

CASA SANTA VITÓRIA
Vila Galé Clube de Campo
Herdade da Figueirinha – Santa Vitória, 7800-730 Beja
Tel: 284 970 100 / 284 970 170 (adega)
Fax: 284 970 150 / 284 970 175 (adega)
Mail: campo@vilagale.com / campo.reservas@vilagale.com
Web: www.santavitoria.pt
GPS: N37º 53º ’20’ – W8º 01′ 14′
As provas de vinho custam quatro euros por pessoa (3 vinhos Versátil), 6€ (três vinhos Santa Vitória), 11€ (quatro vinhos Santa Vitória) e 23€ (quatro varietais Santa Vitória). Regularmente, há jantares vínicos (40€), os piqueniques custam 20 ou 35€ e o programa de actividades no hotel é vastíssimo, incluindo passeios de balão, jipe, moto4 ou bicicleta, tiro aos pratos, cavalos, ténis e badmington, canoagem e gaivotas, paintball…
Originalidade (máx. 2): 2
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 2
Prova de vinhos (máx. 3): 3
Venda directa (máx. 3): 2,5
Arquitectura (máx. 3): 2,5
Ligação à cultura (máx. 3): 2
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2

AVALIAÇÃO GLOBAL: 18
E, por falar nisso, na ligação entre tradição e modernidade, eis chegada a altura de deixar um alerta à Câmara Municipal de Lisboa, proprietária, e à Casa Santos Lima, entidade exploradora: o título de “vinha do aeroporto”, aplicado à exploração situada junto à rotunda do Relógio, na capital, pode muito bem ser contestado pela Herdade do Monte Novo e Figueirinha, cujas vinhas se estendem na planura contígua ao novo (e polémico) Aeroporto Internacional de Beja. Na verdade, entre a saída da aerogare e a entrada da adega, mediam umas meras centenas de metros de estrada…
O volume de produção é aqui semelhante aos dois destinos visitados anteriormente: a Herdade do Monte Novo e Figueirinha (com perto de 80 hectares de vinha, aqui e na zona da Vidigueira), produz um milhão de garrafas por ano. E também se afirma em outros produtos, como o azeite (200ha de olival) ou as amêndoas (30ha). Tudo fica bem visível quando subimos ao alto da torre metálica que integra o complexo do lagar, uma “aventura” não recomendável a quem sofra de vertigens, mas que proporciona uma vista fantástica sobre a herdade.
Não é por causa do aeroporto, cujo reduzido movimento (para sermos simpáticos) não potencia a localização privilegiada da propriedade, mas a ligação especial à Alemanha (entre 1967 e 1987, a Base Aérea nº11 foi ocupada em exclusivo pela Luftwaffe, que a usava para instrução) criou aqui raízes e os alemães são o principal (e esmagador) contingente de visitantes – cerca de 15.000 por ano. À sua espera encontram uma adega com muitas histórias para contar e uma característica muito especial: uma nascente no interior, que ajuda a refrescar as instalações.
Depois de passarmos pela loja e recepção, visitamos a zona de produção do azeite (outra semelhança com os dois projectos visitados neste roteiro é a valorização crescente da vertente turística desta cultura) e entramos depois na adega. Deparamos de imediato com cinco talhas (a mais antiga data de 1843), que em breve servirão para ensaiar o primeiro vinho de talha do produtor. A sala de barricas (há mais de 400 unidades), um salão com varanda capaz de albergar uma centena de pessoas e a sala de provas com janelas panorâmicas para a zona de vinificação são os espaços mais marcantes do complexo.
Provamos alguns vinhos dos depósitos e depois regressamos ao calorzinho de Junho e à luz forte que reinam cá fora. A atmosfera é informal e familiar – bem adequada a um projecto criado por avô e neto, em 1998. Há gente a trabalhar um pouco por todo o lado, os passarinhos cantam e um Airbus está estacionado na placa do aeroporto. Até pode parecer estranho, mas tudo se encaixa.[

HERDADE DO MONTE NOVO E FIGUEIRINHA
Herdade do Monte Novo e Figueirinha, 7800-740, São Brissos, Beja
Tel: 284 311 260
Fax: 284 311 269
Mail: adega@figueirinha.pt
Web: www.figueirinha.pt
GPS: N38º03.032 – W7º55.615
A herdade está aberta a visitas de segunda a sexta-feira entre as 9 e as 13h e das 14 às 18h; ao fim-de-semana, recomenda-se marcação. As visitas ao lagar e adega, com possibilidade de provas de vinhos do depósito, são livres. Caso os clientes queiram provar vinhos específicos, ou acompanhar com petiscos, será acordado um preço.

Originalidade (máx. 2): 1,5
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 2
Prova de vinhos (máx. 3): 2,5
Venda directa (máx. 3): 3
Arquitectura (máx. 3): 2
Ligação à cultura (máx. 3): 2
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2

AVALIAÇÃO GLOBAL: 17

ESTAÇÃO DE SERVIÇO
Com um roteiro muito curto em termos de quilometragem, concentrando-se na região sul de Beja, e uma cidade com tanto para conhecer, o mais lógico é concentrar os “reabastecimentos” sólidos e líquidos na capital de distrito. Ficam duas sugestões, uma mais típica e tradicional (A Pipa, no centro), a outra moderna e funcional (Espelho d’Água, no parque da cidade). Em comum, a atenção muito especial dedicada aos vinhos da região.
TABERNA A PIPA – Rua da Moeda, 8, Beja; 284 327 043 / 968 115 032
ESPELHO D’ÁGUA – Rua de Lisboa, Restaurante do Parque da Cidade, Beja; 284 325 103 / 966 427 113 / 917 553 487; espelho_dagua@sapo.pt

Edição nº15, Julho 2018

 

As muitas faces da Bairrada

A região da Bairrada caracteriza-se pela sua paisagem diversificada, vinhos especiais e gastronomia vibrante. Neste cantinho do país que se estende pelos distritos de Aveiro e Coimbra, há muito para descobrir e saborear – razão mais do que suficiente para nos fazermos à estrada. No roteiro, um museu, uma cave tradicional e uma adega moderna. […]

A região da Bairrada caracteriza-se pela sua paisagem diversificada, vinhos especiais e gastronomia vibrante. Neste cantinho do país que se estende pelos distritos de Aveiro e Coimbra, há muito para descobrir e saborear – razão mais do que suficiente para nos fazermos à estrada. No roteiro, um museu, uma cave tradicional e uma adega moderna. E alguns bons restaurantes, claro.

TEXTO Luís Francisco
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Há muito tempo que o Museu do Vinho Bairrada, na Anadia, se tornou um destino central para quem visita a região. O edifício de arquitectura moderna inaugurado em 2003 e as suas colecções (as temporárias, abertas a uma variedade de temáticas e autores; e a permanente, à volta do vinho) atraem uma média de 2.000 visitantes por mês e servem, muitas vezes, de porta de entrada para o universo vitivinícola da região. Foi também esse o caminho que escolhemos: chegámos à Bairrada e dirigimo-nos ao museu do seu vinho. E fizemo-lo antes do almoço, saliente-se, porque o leitão é muito bom, mas a Bairrada tem muito mais para oferecer…Situado bem no centro da cidade de Anadia, junto à Estação Vitivinícola e à vinha que une os dois edifícios, fazendo a ponte entre o passado e o futuro, o Museu do Vinho Bairrada alinha-se num volume esguio e elegante. No primeiro piso, o espaço do lobby de entrada cola-se ao espaço do auditório e a áreas de exposição, povoadas agora por obras de Júlio Resende (até ao final de Maio), que nos transportam aos lugares que influenciaram os seus traços. Chama-se “A Experiência do Lugar” e é um excelente exemplo de como o museu trabalha outras áreas que não apenas a que lhe está no nome – uma iniciativa recente são as “Quintas no Museu”, série de tertúlias à quinta-feira à noite com gente com história e histórias para contar. Em Junho, será a vez de Júlio Pereira. A entrada é livre.
É no andar inferior que o enoturista vai encontrar a temática do vinho e da vinha. Descemos ao longo de um átrio onde, em lugar de destaque, repousa um lagar com tanque de madeira e prensa de vara. E então encaramos um comprido corredor, com salas laterais que nos levam pelo “Percurso do Vinho”. Primeiro a sala “Vinha”, depois a “Vindima” e por aí fora… Em todos estes espaços, o testemunho físico dos objectos do passado é complementado com imagens do presente projectadas na parede. Nalgumas salas, painéis com linguagem pictográfica ajudam a passar a mensagem a quem tenha limitações cognitivas.
Lá mais para a frente entraremos no espaço dedicado ao espumante – que tem, como é natural, papel de protagonista no museu. Encontramos máquinas de meados do século XIX e outras da viragem para o século XX, testemunhando o carácter pioneiro dos primeiros produtores da Bairrada. Fora dos olhos do grande público, o centro de documentação do museu disponibiliza a consulta de documentos dessa era. Os primeiros rótulos da época anunciavam então o “Champagne Portuguez”.
Três colecções, já no final do percurso, chamam imediatamente a atenção. Uma, a Colecção Comandante José Rafeiro, é constituída por cerca de 250 tambuladeiras (recipiente para provar o vinho, agora em desuso) de prata. A segunda, a colecção de saca-rolhas da família Adolfo Roque, exibe centenas destes instrumentos, dos mais elaborados aos mais simples, em metal, plástico, madeira, marfim. Já foi considerada uma das melhores 50 do mundo. A terceira colecção ocupa duas salas e mostra-nos garrafas, rótulos e publicidade do passado da região. Ficamos a saber que o licor Junípera é “o melhor produto estomacal”. E que houve em tempos um vinho chamado Matateu.

MUSEU DO VINHO BAIRRADA
Av. Engenheiro Tavares da Silva, 3780-203 Anadia
Tel: 231 519 780
Mail: museuvinhobairrada.m.anadia@gmail.com; m.anadia.p.dias@gmail.com
Web: cm-anadia.pt/2014-04-02-16-11-20/museu-do-vinho-bairrada
O museu está aberto todos os dias excepto à segunda-feira (10h/13h e 14h/18h aos dias de semana; 11h/19h aos fins-de-semana e feriados). A entrada custa um euro. Para além da exposição permanente sobre o mundo do vinho, há mostras temporárias de artes e autores diversos, bem como um auditório para 80 pessoas, biblioteca, mediateca e um espaço para eventos, com capacidade para 100 pessoas no interior e mais 50 num pátio interior (aluguer: 300 euros/dia).

Originalidade (máx. 2): 2
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 2
Prova de vinhos (máx. 3): *
Venda directa (máx. 3): *
Arquitectura (máx. 3): 3
Ligação à cultura (máx. 3): 3
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2

AVALIAÇÃO GLOBAL: 17,5*
* Nota ponderada. A filosofia do espaço não contempla estas actividades.A devoção especial ao espumante criou na Bairrada um tipo muito especial de instalações vinícolas, as caves. A sua história já teve altos e baixos – muitas destas casas não resistiram ao desaparecimento dos mercados das ex-colónias e desapareceram no último quartel do século XX, mas outras deram a volta e souberam renascer, adaptando-se às novas realidades. Um destes casos está ali bem perto da Anadia, na localidade de Ferreiros. Um longo edifício cor-de-rosa sinaliza que chegámos às Caves do Solar de São Domingos.
A entrada, discreta, faz-se por uma escadaria que leva a um pequeno pátio interior e, daí, à loja. A seguir, descemos para um salão onde se alinham uma centena de grandes barricas de 650 litros (há mais 500 na cave), guardiãs das aguardentes que envelhecem. Ao meio, uma mesa, num dos topos, duas salas com garrafas – são memórias da casa (uma delas, a Garrafeira Abílio Santos, homenageia um antigo colaborador com mais de 50 anos de empresa, que ainda visita as instalações de quando em vez). Uma escadaria abre caminho para as caves e é por aí que seguimos.
Os visitantes são recebidos na sala de cima e ficam a conhecer a história da casa (as instalações foram remodeladas em 1986, após um severo incêndio), mas é nas caves que encontramos a essência da Bairrada. Longas galerias “decoradas” com fungos pendurados do tecto e das paredes, o esqueleto de um antigo elevador de garrafas de corrente metálica, salas pequenas, um túnel amplo que em breve será preenchido com as garrafas que tilintam noutra zona, na linha de enchimento. E, claro, vinho, muito vinho – nestas caves repousam cerca de dois milhões de garrafas.
Num dos extremos, um túnel muito baixinho foi escavado à mão, para dar acesso a outra galeria, 12 metros abaixo do solo. Ainda são visíveis nas paredes as marcas da picareta, agora ornadas de gotículas de água que cristalizam em formas suaves. É preciso baixarmo-nos bastante para passar por aqui – muitos visitantes são mesmo desaconselhados de o fazer – e a explicação é simultaneamente pragmática e anedótica: quando o construtor perguntou de que altura deveria fazer o túnel, disseram-lhe para o fazer da altura de um homem. E ele fez, da sua altura…
Da atmosfera mágica e temperatura constante das caves para o espaço dos andares superiores. Passámos, entretanto, pelo armazém e entramos no edifício principal, onde encontramos os salões de eventos. Mesas enormes, peças de alambique, máquinas antigas, pés de vide – estamos na sala Bairrada. No andar de cima está outra sala, ainda maior, com janelas amplas e espaço para mais de uma centena de convivas. É aqui que abrimos uma garrafa de espumante e provamos uma das aguardentes da casa. Ao olhar para o tecto, percebemos que estamos na sala Baga. Bairrada de cima a baixo.

CAVES DO SOLAR DE SÃO DOMINGOS
R. Elpídio Martins Semedo, 42, 3780-473 Anadia
Tel: 231 519 680
Mail: info@cavesaodomingos.com
Web: www.cavesaodomingos.com
De segunda a sexta-feira, há dois horários fixos de visita (11h e 15h – encerra para almoço entre as 12 e as 14h); outros horários e sábado, solicita-se marcação antecipada. Há quatro programas de visita e prova (Momentos Moderados, Tranquilos, raros e Deliciosos), com preços que variam entre os 7,5 e os 27,5 euros, conforme os vinhos e os petiscos de acompanhamento. O programa Momentos Intensos inclui refeição quente e fica por 45 euros por pessoa – os jantares não podem prolongar-se para lá das 24h. O programa Roteiro Vitivinícola da Bairrada, com actividades em várias quintas, visita às caves e almoço custa 75 euros por pessoa.
Originalidade (máx. 2): 2
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 1,5
Prova de vinhos (máx. 3): 2,5
Venda directa (máx. 3): 2,5
Arquitectura (máx. 3): 2,5
Ligação à cultura (máx. 3): 2,5
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2

AVALIAÇÃO GLOBAL: 17,5

De dia, a adega da Quinta do Encontro é bonita e, situada num ponto alto sobre uma confluência de estradas, constitui um verdadeiro marco na paisagem. Mas à noite fica ainda melhor. Mesmo que a meteorologia obrigue a esperar pacientemente por uma aberta sem chuva até se poder enquadrar este conjunto de linhas suavizadas e matizadas pelas luzes interiores e exteriores. Havemos de voltar na manhã do dia seguinte, para a conhecer mais em pormenor.
A quinta foi comprada em 2000 pela então Dão Sul, agora Global Wines e, embora a sua reduzida dimensão (apenas 4 hectares) não lhe permita assumir grande protagonismo num grupo que produz vinho em seis regiões portuguesas e no Brasil, a verdade é que a construção da adega (iniciada em 2005 e com inauguração em 2007) trouxe a esta propriedade da Bairrada uma relevância muito especial. O projecto, do arquitecto Pedro Mateus, emula o movimento circular do vinho num copo, com rampas circulares ascendentes e descendentes em redor de uma adega central.
Em 2017, passaram por aqui umas dez mil pessoas, metade das quais cumpriram a visita à adega (que é gratuita) – as outras são visitantes que apenas passam pela loja ou se dirigem ao restaurante para refeições que podem ser de degustação ou de filosofia mais executiva (aos almoços, de semana). De uma forma ou de outra, todas são atraídas pela silhueta circular do edifício e pela forma simultaneamente harmoniosa e imponente como domina a paisagem em redor.
Uma paisagem que, diga-se, fica muito enriquecida pelas vinhas de dois outros produtores, Campolargo e Colinas de S. Lourenço, cujas instalações se situam nas proximidades. São estas vinhas que compõem o cenário quando subimos à galeria exterior e estendemos o olhar em volta. E há muito para ver: nos dias sem nuvens, a silhueta da serra da Estrela mostra-se ao longe, mais perto temos o Caramulo, ondulações suaves nas proximidades, bosques, matas e vinhas.
Lá em cima, uma sala multifunções está disponível para eventos. Cá em baixo, na cave, as barricas e as garrafas de espumante alinham-se numa galeria circular em volta da adega, com dois conjuntos semi-circulares de cubas de alumínio. O andar do meio, térreo, é composto pela recepção e loja – onde uma bela lareira central fornece um toque de conforto familiar a um ambiente moderno e luminoso – e ainda pelo restaurante, muito popular entre as gentes locais e chamariz para os turistas nas épocas altas.
Na Quinta do Encontro, como se o nome tivesse sido escolhido por isso mesmo, deparamo-nos com uma amostra bem alargada do portefólio da Global Wines, cujo epicentro se situa no Dão. Mas manda a tradição da casa que o vinho servido a quem bate à porta, mesmo que não seja possível efectuar a visita, seja um espumante local. Ou não estivéssemos na Bairrada…

QUINTA DO ENCONTRO
São Lourenço do Bairro, 3780-907 Anadia
Tel: 231 527 155
Mail: enoturismo@quintadoencontro.pt
Web: www.globalwines.pt/enoturismo
A adega está aberta a visitas, mas apenas mediante marcação – a boa notícia é que a entrada não é paga e quem entra pode sempre saborear uma flute de espumante. O restaurante está aberto de terça a sábado para almoço e jantar (12h/15h, 19h/22h) e aos domingos para almoço (12h/16h); encerra à segunda-feira. Organizam-se eventos com preços sob consulta.

Originalidade (máx. 2): 2
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 1,5
Prova de vinhos (máx. 3): 2
Venda directa (máx. 3): 2,5
Arquitectura (máx. 3): 3
Ligação à cultura (máx. 3): 2
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2

AVALIAÇÃO GLOBAL: 17
Para qualquer português que goste de sentar à mesa, Bairrada é sinónimo de leitão assado. Mas há muito mais na gastronomia bairradina para nos proporcionar o devido reabastecimento nas estações de serviço para humanos. Aqui ficam três sugestões: um restaurante centrado no leitão (Mugasa), outro que partiu do pequeno reco para criar uma oferta ampla e requintada (Rei dos Leitões), e um terceiro que assenta os seus trunfos nos produtos do mar (Magnun’s & Co). Em qualquer deles, é pecado não pedir um espumante da região para acompanhar a comida.
MUGASA – Largo da Feira, Fogueira, Sangalhos; 234 741 061
REI DOS LEITÕES – EN1 Av. Restauração, Nº 17, Mealhada; 231 202 093
MAGNUN’S & CO – Av. Floresta 120, Mealhada; 960 024 268

Edição nº13, Maio 2018

 

O Vale no topo do mundo vinícola

Edição nº11, Março 2018 Napa Valley Desde a primeira vinha plantada com fins comerciais, em 1858, que Napa Valley amadurece num plano superior. Passou pela filoxera, pela Lei Seca e pela Grande Depressão. A recuperação destes reveses gerou uma das regiões vinícolas e enoturísticas mais distintas e lucrativas à face da Terra. TEXTO Marco Cerdeira […]

Edição nº11, Março 2018

Napa Valley

Desde a primeira vinha plantada com fins comerciais, em 1858, que Napa Valley amadurece num plano superior. Passou pela filoxera, pela Lei Seca e pela Grande Depressão. A recuperação destes reveses gerou uma das regiões vinícolas e enoturísticas mais distintas e lucrativas à face da Terra.

TEXTO Marco Cerdeira Pereira
FOTOS Marco Cerdeira Pereira e Sara Wong

Tenha em mente que estamos a abordar uma zona realmente virtuosa dos EUA. Outro vale, o de Silicon, e as suas incontáveis multinacionais multimilionárias situam-se a meros 150 quilómetros para sul. Adaptado à área ideal em termos geológicos e meteorológicos, o vizinho Napa Valley provou-se prodigioso a condizer.
O momento da confirmação foi uma prova de olhos vendados do Paris Wine Tasting de 1976. Vários rótulos franceses há muito reputados estavam em competição. Quatro deles, Chardonnay, foram batidos pelo vencedor Chateau Montelena Chardonnay de Calistoga. Dois outros Chardonnay dos EUA ficaram nos quatro primeiros lugares. Já o Cabernet Sauvignon Stag’s Leap Wine Cellars derrotou quatro contendentes franceses. Com este resultado, os vinhos dos Estados Unidos conquistaram também um respeito mundial que não mais viriam a perder. Boa parte do mérito pertenceu ao privilegiado Napa Valley.
O solo deste vale californiano ascende de forma suave desde o nível do mar do oceano Pacífico, a Oeste, aos meros 110 metros do sopé do Monte Santa Helena. Delimitam-no uma tal de cordilheira Mayacamas e a, a Leste, a vertente setentrional das Montanhas Vacas. Para sul, esse mesmo solo é feito de sedimentos acumulados por sucessivos avanços e recuos de uma baía baptizada San Pablo. A Norte, inclui uma boa percentagem de lava e cinza legadas pela mesma actividade vulcânica que produziu os outeiros comedidos no âmago da região.
Sem surpresa, a meteorologia de Napa Valley varia consoante a morfologia do terreno e das influências geográficas complementares. O lado Sul é aberto ao oceano e mais fresco durante a época de crescimento das uvas. A secção norte, fechada pelo terreno, é muito mais quente. O Leste, apartado das tempestades invernais pelas montanhas e colinas do Oeste, prova-se mais árido. E toda esta diversidade meteorológica, orológica e de composição de solos de Napa há muito que proporciona aos bons enólogos uma base criativa inesgotável.
Em Napa Valley, a produção comercial de vinho pioneira teve início em 1858, às mãos de John Patchett. Várias adegas familiares aproveitaram a boleia. As primeiras medalhas de ouro foram conquistados pela adega Inglewook, hoje propriedade de Francis Ford Coppola e família. Era a única na região dedicada a produzir vinhos estilo Bordeaux. Arrecadou as medalhas na Feira Mundial de Paris de 1889. Daí em diante, mesmo se a casta mais disseminada se mantinha a Zinfandel, a produção vinícola de qualidade pegou de estaca no vale.
No final do século XIX, as adegas eram já 140. Dessas produtoras, hoje seculares, várias continuam a maturar os seus vinhos: Charles Krug, Mayacamas, Beringer, Beaulieu, Markham Vineyeards e outras. E isto apesar de os tempos que se seguiram lhes terem reservado uma sequência de sérios revezes.
Na aurora do século XX, a filoxera destruiu muitas das vinhas. A Lei Seca (Proibição) de 1920 encerrou as adegas que não conseguiram justificar a sua actividade com uma falsa produção de vinho sacramental. A fechar uma era catastrófica, a Grande Depressão instalou-se nos EUA e atrasou ainda mais o desenvolvimento vinícola da região.

Vinho e Clark Gable

A Beringer Vineyards foi a primeira adega a reagir. Convidou os participantes na Golden Gate International Exhibition a visitar a sua propriedade e, ao mesmo tempo, uma série de vedetas de Hollywood, em que se incluiu o carismático Clark Gable. Esta acção promocional de 1939 é, ainda hoje, considerada a origem do turismo ennológico que sustenta parte da economia de Napa Valley. Daí em diante e sobretudo após a II Guerra Mundial, várias personalidades contribuíram para o estrelato que esta região vinícola ostenta: Timothy Christian, da Christian Brothers; ou o hoje icónico Robert Mondavi, que se separou da adega da família Charles Krug Estate e fundou a sua própria em Oakville.
Nos anos 80 – já no rescaldo do sucesso surpreendente do Judgement of Paris, como ficou também conhecido o emblemático Paris Wine Tasting – uma praga moderna de filoxera assolou o vale. Foi o pretexto de que precisavam cerca de três quartos dos proprietários para dotarem as suas vinhas de castas mais bem adaptadas aos cerca de trinta solos distintos e ao clima da região. Essa reacção e o facto de, a partir do ano 2000, empresas norte-americanas e internacionais de monta terem começado a comprar pequenas adegas, vinhas e marcas propulsionou o desenvolvimento ímpar de Napa Valley.
Nos dias que correm, o Napa Valley alberga cerca de 475 adegas e, destas, 95% são familiares. Em Napa, 700 produtores distintos cultivam diversas castas que dão origem a mais de 1000 marcas de vinho. Entre as castas destacam-se Cabernet Sauvignon (47 por cento da área), Chardonnay (15%), Merlot (11%), Pinot Noir (6%), Sauvignon Blanc (6%) e Zinfandel (3%). Os vinicultores, por sua vez, dividem-se por 16 sub-regiões que ocupam 17.500 hectares (175 km2) de vinhas. Muitos deles criam os seus vinhos como parte dessas sub-regiões específicas ou, em alternativa, resultado de uma mixagem de uvas cultivadas em diferentes sub-regiões do vale e das vertentes que o delimitam. Por norma, quando empregam uvas de duas ou mais sub-regiões, usam a denominação Napa County, em vez da mais abrangente Napa Valley AVA (Área Viticultural Americana).
A quantidade de combinações entre os terroirs peculiares do vale com cada uma das suas envolventes meteorológicas e climáticas e as castas usadas gera uma miríade de possíveis acentuações, aquilo a que o escritor Matt Kramer chamou de “somewherenesses” (lugaridades) vinícolas que cada “rótulo” de Napa Valley contém e que revela ao apreciador. Se concordarmos em considerar a Cabernet Sauvignon a casta-rainha de Napa Valley e a isolarmos em diversos lugares, de cada um deles desvendaremos vinhos saborosos, apimentados e defumados, se provenientes de vinhas das zonas mais montanhosas como o Stag’s Leap District e a Howell Mountain; ou opulentos, frutados, com tons de amora e de moca, se oriundos das terras mais baixas do vale.

Cabernet, Merlot, Chardonnay…

Os Cabernet Sauvignon mais prodigiosos de Napa Valley são tão bons ou melhores do que os vinhos sublimes de Bordéus. Se ainda tiver dúvidas, prove, por exemplo, os seguintes: Inglenook Rutherford Rubicon 2012, Cain Five Spring Mountain 2011, Spring Mountain Vineyard 2010, Laura Zahtila Vineyards 2007, Corison Cabernet Sauvignon 2006.
Merlot é a segunda casta tinta do vale. Como as restantes, beneficia da diversidade local dos solos e das práticas de cultivo evoluídas. Por si só, esta casta dá origem a alguns vinhos leves, encorpados e repletos de textura, que, snobismos vinícolas à parte, são aptos a acompanhar refeições como qualquer Cabernet Sauvignon faria. É o caso, por exemplo, do Cakebread Cellars 2013, o Duckhorn Vineyard 2013 e o Ridge Estate Merlot 2013.
Quanto aos brancos, o Chardonnay é de longe o predominante. Foi tornado famoso por enólogos que, mesmo partindo de fortes traços pessoais, confluíram numa direcção: restrição do carvalho, do açúcar e da manteiga por forma a deixar as frutas (principalmente os citrinos) resplandecerem em vinhos perfeitos para refeições. Entre os bons exemplos contam-se: Grgich Hills Estate 2013 Paris Tasting Commemorative. O’Shaughnessy Estate Winery 2014, Clos Pegase 2014 Mitsuko’s Vineyard Los Carneros, Anderson’s Conn Valley Vineyards 2013.
Esta diversidade e excelência vinícola e a tradição e dinâmica turística conseguida desde o convite a Clark Gable levaram a outra expressão de sucesso. Quase 4,5 milhões de pessoas visitam Napa Valley todos os anos. O vale destaca-se, assim, como um dos destinos californianos mais populares, com uma indústria turística que gerou, em 2016, quase dois mil milhões de euros de lucro.
Quase 90% do vinho produzido nos EUA tem origem na Califórnia. Cerca de um terço desta percentagem avassaladora são vinhos com origem em Napa Valley. Cinquenta por cento dos vinhos californianos que custam mais de 15 dólares são de Napa Valley. O retorno médio de uma tonelada das uvas de Napa Valley é de 3600 dólares, enquanto que a região dos Estados Unidos que se segue, a vizinha Sonoma, só atinge os 2200. Uma única garrafa de Screaming Eagle Cabernet Sauvignon pode custar para cima de 2000 dólares.
Sem surpresa, em 2016, a indústria vinícola do vale chegou a um impacto financeiro local de 13 mil milhões dólares. No que diz respeito ao P.I.B dos E.U.A., esse impacto ultrapassou os 50 mil milhões de dólares. O vinho e o enoturismo de Napa dão emprego a 46.000 pessoas só no vale. Em termos nacionais, o número passa os 300.000 empregos.
A reputação superior conquistada ao longo do tempo por esta zona demarcada dos Estados Unidos justifica sem mácula o valor incrível a que ascendeu e a reputação superior dos seus rótulos.

GUIA DE VIAGEM

Como ir

Pode viajar para São Francisco com a Star Alliance www.staralliance.com numa combinação de voos da TAP www.flytap.com e da American Airlines www.aa.com via Londres e Chicago. Os preços começam nos 900 euros. De Frisco, uma hora de carro é suficiente para chegar a Napa Valley.

Onde Ficar

Napa Valley está dotado de cerca de 70 hotéis, resorts, pousadas e B&B. Não espere do vale o mesmo acesso democrático às adegas e ao alojamento que as regiões vinícolas australianas concedem aos visitantes.

Sugerimos-lhe:

Sem Olhar a Gastos:
Calistoga Ranch (Auberge Resort)
www.calistogaranch.aubergeresorts.com
Intermédio:
Carneros Resort & SPA
www.carnerosresort.com
Mais Acessível:
Craftsman Inn
www.craftsmaninn.com

Adegas a Não Perder

Algumas das mais famosas – Mondavi (robertmondaviwinery.com),Opus One (opusonewinery.com), Beringer (beringer.com) e Beaulieu Vineyards (bvwines.com) foram adquiridas por enormes grupos empresariais e tornaram-se mais comerciais e provavelmente demasiado procuradas.
Outras adegas – como a Frogsleap Winery (frogsleap.com) propuseram-se a desenvolver vinhas sustentáveis e produzem os seus vinhos de forma orgânica e com recurso apenas a energia solar.
Ou – caso da cliffledevineyars (cliffledevineyars.com) – combinam vinho e arte e complementam a oferta da sua adega com galerias de arte moderna e jardins com esculturas.
A de Francis Ford Coppola (www.francisfordcoppolawinery.com) é procurada pela curiosidade do visitante de ficar a conhecer o universo vinícola do realizador.
À parte das adegas, pode, ainda, explorar as diversas sub-regiões de Napa Valley a bordo do histórico Napa Valley Wine Train.
www.winetrain.com

INFORMAÇÕES ÚTEIS

Documentos

Para viajar para os Estados Unidos é necessário pedir e obter uma ESTA (Electronic System for Travel Authorization), o que pode ser feito através do site www.esta.cbp.dhs.gov. Além disso, o passaporte deve ser electrónico e ter uma validade superior a 6 meses.

Moeda

Dólar dos Estados Unidos (USA) – 1 dólar vale actualmente 0,73 euros. A maior parte dos estabelecimentos aceita pagamentos com cartão de crédito.

Indicativo

001 (para os Estados Unidos) + 707 (região de Napa Valley)

Quando ir

Qualquer altura do ano é boa para visitar a região. O estado da Califórnia, no geral, tem um clima temperado e, na zona de Napa Valley, em específico, o clima é de tipo mediterrânico.

MAIS INFORMAÇÕES

Embaixada dos EUA em Portugal
Embaixada dos E.U.A.
Avenida das Forças Armadas
1600-081 Lisboa
Tel.: + 351 21 7273300
Email: lisbonweb@state.gov

Turismo da Região de Napa Valley
www.visitnapavalley.com