Sogevinus: As novas pepitas da Boavista

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A Quinta da Boavista, com uma área de 80 ha, dos quais 36 ha de vinha, está localizada estrategicamente na margem direita do Douro, entre a Régua e o Pinhão. Orgulha-se do seu passado e tem presenteado os enófilos com vinhos DOC Douro de enorme classe. A existência de vinhas velhas na quinta, em particular […]

A Quinta da Boavista, com uma área de 80 ha, dos quais 36 ha de vinha, está localizada estrategicamente na margem direita do Douro, entre a Régua e o Pinhão. Orgulha-se do seu passado e tem presenteado os enófilos com vinhos DOC Douro de enorme classe.
A existência de vinhas velhas na quinta, em particular nas vinhas do Oratório e do Ujo e a intenção de as preservar, levou a Sogevinus a optar pela geolocalização das suas videiras, trabalho que tem tanto de tecnologia avançada (localização por satélite) como de saber empírico acumulado, que hoje só alguns classificadores, já de idade avançada e com trabalho feito na Casa do Douro, são capazes de levar a cabo. Ao que nos disseram, os classificadores não tiveram dúvida alguma na identificação das castas das duas vinhas emblemáticas. Essa tarefa está concluída. Todas as cepas foram identificadas e o resultado é espantoso: 56 castas diferentes na vinha do Oratório e 28 na vinha do Ujo. Este trabalho de minúcia só é possível numa época especial do ano porque, para a identificação das castas, é preciso que as videiras tenham folhas e cachos, os dois elementos que formam o cartão de identidade da casta. A conservação deste património e respectiva variabilidade genética estão assim asseguradas.

 

A Quinta da Boavista irá editar sempre alguns varietais, dependendo do comportamento das castas da propriedade, susceptíveis de serem vinificadas e comercializadas separadamente.

 

Anos quentes e secos

Os vinhos apresentados foram das colheitas de 2020 e 2021, dois anos diferentes, mas com um denominador comum: anos secos e quentes. No caso de 2020, o tempo seco manteve-se durante todo o ciclo e também durante a vindima, com uma (repentina e inexplicável, ao que nos dizem…) desidratação da Touriga Franca, o que ocorreu em Setembro. Já o ano de 2021, ainda que seco, teve chuva na Primavera e permitiu uma maturação lenta. O Verão foi ameno, algo sempre de grande valia, sobretudo para os vinhos brancos. Como resultado das mais recentes alterações climáticas e o gosto do consumidor por brancos com mais frescura e acidez, tudo isso justifica a precocidade das vindimas dos brancos que, aqui, aconteceram ainda em Agosto. Os temores do futuro próximo são óbvios: a precocidade da época da vindima “choca” com hábitos e tradições das pessoas da terra, interfere com as festas das aldeias e pode mesmo levar a que falte mão de obra para tarefas tão indispensáveis como pulverizações de “socorro” a pragas como a cicadela, algo que se verificou na passada vindima.

Para além dos vinhos que já fazem o corpo principal das propostas anuais, a Boavista irá editar sempre alguns varietais, dependendo do comportamento das castas da quinta, susceptíveis de serem vinificadas e comercializadas separadamente. Este ano foi a casta Donzelinho tinto, mas outras estarão na calha.
O branco da Vinha do Levante conheceu agora a segunda edição. As uvas foram vindimadas a meio de Agosto, de vinhas situadas nas cotas altas e viradas a nascente, localização favorável para vinhos brancos. Primeiro a Viosinho, que corresponde a 30% do lote, casta com uma janela de vindima muito apertada e, mais tarde, a Arinto. A fermentação da Viosinho decorreu em barrica nova e usada, a Arinto fez maceração pelicular e fermentou em inox.

Castas antigas

A Donzelinho, que teve a primeira edição em 2017, foi feita exclusivamente em inox, o que acontece com outras castas antigas. É depois da fermentação e estágio que se decide se vai sair como varietal ou se irá integrar lotes com outras castas. O enólogo Ricardo Macedo refere que a casta “tem tudo menos cor”, característica que hoje é aplaudida, mas há 20 anos era altamente penalizadora. A casta fermentou durante duas semanas com as películas mas, mesmo assim, não se consegue outro resultado. “Ela deu tudo o que tinha para dar”. Mas tem a vantagem de ser resistente ao calor, conservando aromas e acidez, factores muito positivos.

No caso do Reserva tinto, a fermentação decorreu em inox e parte em barrica de 500 litros. O estágio em madeira (40% nova) prolongou-se por 18 meses. Ficou dois anos na garrafa antes da comercialização.

Falando dos ícones da empresa, a vindima na Vinha do Oratório foi feita terraço a terraço. Apesar de ter 56 castas diferentes, é de notar que tem sempre cerca de 30% de Touriga Francesa. Fermentado em lagar, teve 18 meses de barrica, 40% nova. A vinha do Ujo tem uma exposição norte e nascente e estende-se por altitude variada, com a vindima a começar de cima para baixo. Fermenta em barrica de 500 litros e estagia na madeira durante dois anos e outros dois em garrafa. Jean-Claude Berrouet, ex-enólogo do Château Pétrus, continua a ser o consultor da Boavista e está sempre presente nas principais decisões enológicas.

(Artigo publicado na edição de Abril de 2024)

 

2015 é ano de Barca-Velha

Barca - Velha

A mais recente edição de Barca-Velha, um dos vinhos mais icónicos de Portugal, irá chegar ao mercado em Junho próximo. Desde 1952, até hoje, apenas foram lançadas 21 referências, de um tinto que é o expoente máximo da Casa Ferreirinha. “Graciosidade, carácter e persistência” são alguns dos adjetivos que o enólogo Luís de Sottomayor utiliza […]

A mais recente edição de Barca-Velha, um dos vinhos mais icónicos de Portugal, irá chegar ao mercado em Junho próximo. Desde 1952, até hoje, apenas foram lançadas 21 referências, de um tinto que é o expoente máximo da Casa Ferreirinha.

“Graciosidade, carácter e persistência” são alguns dos adjetivos que o enólogo Luís de Sottomayor utiliza para descrever um vinho que destaca pela sua “impressionante capacidade de guarda”. Foi isso que ditou a decisão final de lançamento do Barca-Velha 2015.

Declarado apenas em anos verdadeiramente excecionais, o Barca-Velha é, desde a sua criação, produzido a partir de uvas selecionadas em diferentes altitudes no Douro Superior. A Quinta da Leda, com 170 hectares de vinha, dá atualmente origem à maior parte do lote, que é composto por castas tradicionais da região.

“O anúncio de um novo Barca-Velha é sempre um momento muito especial e de enorme alegria”, salienta Fernando da Cunha Guedes, presidente da Sogrape, acrescentando que “por um lado, há o orgulho de ver nascer um dos mais emblemáticos e reconhecidos vinhos nacionais e, por outro, a consciência do cuidado imprescindível para escrever um novo capítulo, nesta história sem igual no setor vitivinícola”.

Crasto: Na vinha, onde tudo começa

Quinta do Crasto

Na Quinta do Crasto, nem todos os anos são anos de “Maria Teresa” ou “Ponte”. Do mesmo modo, os varietais de Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz não surgem em todas as vindimas, dependendo do comportamento de cada casta na vinha, mais regulares as duas primeiras, mais temperamental a última, exigindo também ao vinho […]

Na Quinta do Crasto, nem todos os anos são anos de “Maria Teresa” ou “Ponte”. Do mesmo modo, os varietais de Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz não surgem em todas as vindimas, dependendo do comportamento de cada casta na vinha, mais regulares as duas primeiras, mais temperamental a última, exigindo também ao vinho mais tempo de garrafa até chegar ao mercado. Precisamente, ao mercado chegaram agora os tintos de topo da Quinta do Crasto da colheita de 2019, desde logo o Vinha Maria Teresa (essa vindima não “deu” Vinha da Ponte), o Touriga Franca e o Touriga Nacional.
Para o enólogo Manuel Lobo “2019 foi um ano excepcional, caracterizado por uma produtividade acima da média (mais do que em 2017 e18). No entanto, a Primavera e Inverno foram bastante secos, levando níveis de reservas de água no solo demasiado baixos para as necessidades das videiras”. Porém, o deficit hídrico acabou por não afectar as videiras, uma vez que nos meses de Verão (Junho, Julho, Agosto) as temperaturas foram amenas (“menos 5ºC do que a média dos últimos 5 anos na Quinta do Crasto”, refere o enólogo). “As videiras mostravam áreas foliares equilibradas e de aparência saudável”, diz, e a vindima, iniciada com as uvas brancas no dia 26 de Agosto (as tintas começaram a 31 de Agosto), decorreu com noites frias e dias quentes. “Essencial mesmo foi a chuva que chegou nos dias 21 e 22 de Setembro, que ajudou a apurar a maturação das castas mais tardias”, adianta Manuel Lobo. No Crasto, a colheita encerrou no dia 11 de Outubro, com as uvas das vinhas situadas a maior altitude. “Um ano perfeito, de maturações lentas, como eu gosto”, confessa o enólogo.
Aqui, como em muitas outras propriedades no Douro, as diversas parcelas têm comportamentos muito distintos consoante a sua idade, castas plantadas, composição do solo, altitude ou exposição solar. Este último factor, por exemplo, é determinante nas vinhas (e consequentemente nos vinhos) Vinha Maria Teresa e Vinha da Ponte. Enquanto a primeira aprecia os anos quentes (“protegida do sol, às 4 da tarde já está à sombra”, diz Manuel Lobo), a segunda, mais soalheira, prefere os anos mais frios.
De qualquer modo, por melhores que sejam as uvas, para os vinhos de topo é feita muita selecção à entrada da adega. E depois da vinificação (na super-equipada “adega das vinhas velhas”, como lhe chamam na casa) e do estágio em madeira, só mesmo as melhores barricas chegam ao lote final de Maria Teresa ou Vinha da Ponte. As restantes vão parar ao Crasto Vinhas Velhas Reserva, que assim beneficia da qualidade e carácter que estas emblemáticas vinhas transmitem aos vinhos.

Quinta do Crasto
Miguel Roquette está envolvido na gestão da propriedade familiar, aqui acompanhado pelo enólogo Manuel Lobo.

MARIA TERESA, PLANTA A PLANTA

Na Quinta do Crasto, rodeados por aquela paisagem magnífica, espraiando os olhos pelo rio Douro, qualquer conversa começa e acaba com as vinhas. E quando abordamos os três tintos de 2019 agora apresentados, isso torna-se ainda mais inevitável, já que todos têm uma origem bem precisa. E Tiago Nogueira, o responsável de viticultura da empresa, conhece-a melhor do que ninguém.
Maria Teresa, cujo nome deriva da neta de Constantino de Almeida, fundador da Quinta do Crasto, é uma vinha mais do que centenária, e é também uma das maiores (se não a maior) vinha velha do Douro, com os seus impressionantes 4,7 hectares em socalcos tradicionais virados a nascente. São 54 castas as que ali se encontram identificadas. Representa uma autêntica arca do tesouro que a família Roquette, proprietária da quinta, tem procurado preservar e multiplicar, já que, como é natural em vinhas desta idade, muitas videiras vão morrendo ao longo do tempo (na Maria Teresa há 30% de falhas).
O primeiro grande passo no sentido dessa preservação foi o projecto PatGen Vineyards, implementado em 2013, já lá vão mais de 10 anos, portanto. “Precisávamos de salvaguardar e, consequentemente, perpetuar o património genético das vinhas velhas, dada a antiguidade destas plantações e a multiplicidade de variedades, incluindo as minoritárias ou mesmo inexistentes noutros locais”, explica Tiago Nogueira.
Assim, numa primeira abordagem, foi então realizada a piquetagem da vinha (com geo-referenciação diferencial com precisão à videira) resultando no mapeamento das 58 parcelas que compõem a vinha Maria Teresa e a sua integração num Sistema Integrado de Gestão de Propriedades (SIGP). No final, foram contabilizados 31.825 pontos de plantação com coordenadas GPS (que representam o somatório do número de videiras, falhas e bacelos), das quais 21.922 são videiras. Com recurso a drone e imagens de satélite, que possibilitam imagens de alta resolução, é igualmente possível antecipar a perda de material genético e a contagem de plantas em risco. Toda esta informação fica disponível de forma digital, funcionando como uma espécie de “vigia”, que permite perceber o estado de saúde de cada uma das plantas que existem na vinha, cuidando-as de forma mais optimizada às suas necessidades.
“Com a informação fornecida, as equipas de viticultura e enologia podem intervir, por exemplo, na fertilização manual de videiras que estejam mais vulneráveis ou em falência, e até decidir a data de vindima. Esta tecnologia permite igualmente identificar os pontos débeis e actuar com rapidez, fazendo as correcções necessárias na planta ou salvaguardar esse material genético”, refere Tiago Nogueira.
No âmbito deste trabalho, foi igualmente feita uma classificação ampelográfica das videiras, por parte de ex-colaboradores do IVDP, culminando na identificação visual das tais 54 variedades, maioritariamente tintas (tais como Alvarelhão, Casculho, Pilongo, São Saul), contabilizando-se também uma variedade tinta desconhecida e 4 brancas (Alvaraça, Malvasia Fina, Malvasia Rei e Gouveio). Como base em todo este manancial de informação, foi criado um campo de multiplicação de genótipos na propriedade, ou seja, uma espécie de “viveiro reserva” onde todas estas castas estão representadas, o que permite proceder à reposição das videiras que morrem por variedades geneticamente idênticas, perpetuando, desta forma, o encepamento integral da vinha Maria Teresa. Numa terceira abordagem, em parceria com a UTAD, está-se a proceder à caracterização genética, agronómica e química/enológica das castas desta histórica vinha.
“Queremos ter um conhecimento mais profundo da tipicidade e diversidade de variedades do Douro, um dos factores diferenciadores mais importantes da região. Quanto maior for esse conhecimento, maiores serão também as hipóteses de fazer face a pragas, doenças e alterações climáticas”, diz o viticólogo. Num futuro próximo, a Quinta do Crasto espera extrapolar este trabalho para as restantes vinhas velhas da propriedade, nomeadamente a igualmente histórica Vinha da Ponte.

VINHA NOVA, À MODA ANTIGA

No entanto, apesar de todos os cuidados, a vinha Maria Teresa não vai durar eternamente. Do mesmo modo, como acontece em todas as vinhas velhas, nem todas as castas que lá se encontram são excelentes do ponto de vista enológico. Assim, de forma faseada, em 2019, 2021 e 2023, a Quinta do Crasto resolveu plantar dois hectares de vinha em socalcos tradicionais suportados por muros de pedra de xisto. O material genético para as enxertias veio, naturalmente, da vinha Maria Teresa, mas das 54 variedades ali identificadas foram seleccionadas “apenas” 40, aquelas que se enquadram no perfil enológico pretendido por Manuel Lobo, descartando-se as castas que por norma são rejeitadas no campo e na mesa de escolha durante vindima. Das castas seleccionadas, foram pré-definidos “blends de variedades” para em função dos conhecimentos existentes sobre cada casta, se poderem aplicar especificamente a diferentes zonas da parcela, tentando obter o melhor enquadramento entre a casta e as características microclimáticas e de solo. Ou seja, sendo um field blend, a localização/enxertia de cada casta não foi feita forma aleatória. Tiago Nogueira exemplifica: “Numa zona mais fértil e húmida da parcela, fez parte do blend de variedades pré-definido, por exemplo a Tinta Barroca e o Sousão, e evitamos nestas micro-zonas, a presença, por exemplo, de Tinta Roriz ou Tinta Amarela, que naturalmente ocuparam zonas de solo mais pobre e seco.” Ou seja, respeitando os princípios tradicionais, estes foram aplicados de forma científica e com base nos conhecimentos de hoje. Das três plantações de porta-enxertos, a de 2019 já se encontra enxertada e em produção, a de 2021 foi enxertada no ano que passou, e a de 2023 será enxertada em 2025. A plantação, em alta densidade (6500 videiras por hectare) está a ser conduzida no tradicional Guyot e apoiada por rega gota-a-gota para garantir o sucesso da implantação.
“Este modelo tem muitas vantagens”, defende Tiago Nogueira. “Desde logo, a maior densidade de plantação implica menor vigor e menos produção por cepa, o que irá aumentar a qualidade da uva e dos mostos sem baixar a produtividade por hectare. Por outro lado, acreditamos que não vamos precisar de esperar tantos anos quanto num modelo convencional para obter vinhos de primeira linha. E conseguimos obter o blend pretendido directamente do campo para a adega, tentando mimetizar as vinhas velhas mais importantes da Quinta do Crasto. Há também uma componente estética: a beleza da vinha tradicional enquadra-se no património paisagístico da propriedade.”
Nem tudo são vantagens, porém. O declive dos socalcos e o compasso de plantação não permitem a mecanização da maioria das tarefas, sendo muito dependente de mão de obra, um bem cada vez mais escasso no Douro. “É uma questão de proporção”, diz Tiago Nogueira. “Por enquanto, a capacidade operativa da estrutura de viticultura da empresa consegue lidar bem com a área de vinha tradicional existente”.

TOURIGAS, NACIONAL E FRANCA

A verdade é que nem só de field blend e castas raras com nomes estranhos vivem os vinhos de topo da Quinta do Crasto. As igualmente clássicas, ainda que menos “exóticas”, Touriga Nacional e Touriga Franca são muito importantes para a construção do vasto portefólio da empresa. E, desde logo, para os seus mais famosos vinhos varietais. No entanto, tal como acontece com os tintos Maria Teresa e Vinha da Ponte, também aqui a vinha faz diferença, e muito. E estas parcelas de Nacional e Franca (e Roriz, já agora) têm também uma estória para contar.
Antes de mais, é preciso ver o contexto: nos anos 80, a Quinta do Crasto produzia unicamente vinho do Porto. Antecipando, quem sabe, a possibilidade de desenvolver um projecto de vinhos Douro (o que viria a acontecer na vindima de 1994), o casal Leonor e Jorge Roquette decidiu plantar cerca de 10 hectares de vinha nas encostas da Quinta do Crasto. Para tal, solicitaram o apoio do conceituado viticólogo Professor Nuno Magalhães que os aconselhou a plantar as três castas mais estruturantes da região: Tinta Roriz, Touriga Nacional e Touriga Franca. Escolheram-se as parcelas de meia encosta, entre os 250 e os 350 metros de altitude, situadas acima das emblemáticas vinhas velhas da Quinta que, contra o pensamento dominante na época, entenderam preservar. Assim, em 1984, 1985 e 1986, numa encosta com um declive de 30 a 40% de inclinação, exposta maioritariamente a Sul, construíram-se os patamares de 2 linhas de plantação que começavam a surgir no Douro como forma de permitir a mecanização das vinhas, até à data pouco frequente. A plantação foi feita com porta-enxertos, depois enxertados com varas de selecção massal recomendadas por Nuno Magalhães. Estas novas parcelas, plantadas em sequeiro (sem rega), totalizaram 5 ha de Tinta Roriz, 3,5 de Touriga Nacional (a Touriga “antiga”, não a de selecção clonal) e 1,5 ha de Touriga Franca.
A enxertia foi feita em ‘rupestres du lot’ e (“afortunadamente”, como diz Tiago Nogueira), foram utilizados clones pouco produtivos. “No caso da Tinta Roriz é por demais evidente, quando comparamos a produção desta parcela com as parcelas de Roriz plantadas mais recentemente, estas produzem 3 a 4 vezes mais”, refere o técnico. Somando a isto o facto de as parcelas em causa estarem bem expostas, em solos de baixa fertilidade, e serem constituídas por videiras com quase 40 anos é relativamente fácil perceber que a fruta ali originada “merece ser vinificada de forma isolada e aparecer no mercado em vinhos varietais”, remata o enólogo Manuel Lobo.

DE VOLTA AO VINHO

Ainda que não envolvidas nos vinhos agora apresentados, importa referir que a Quinta do Crasto tem também uvas brancas, de parcelas plantadas entre 2015 e 2017 nas zonas mais altas da propriedade. São cerca de 10 hectares de vinha ao alto, a mais de 500 metros de altitude, plantada com as castas Viosinho, Gouveio, Verdelho, Folgasão e Arinto. Nos últimos anos tem sido ali feito um trabalho muito intenso de melhoria da fertilidade do solo e em 2023 foi instalado um sistema de rega-gota-a-gota para complementar a disponibilidade hídrica das plantas e promover o seu equilíbrio. O destino destas uvas é o Crasto branco.
Para terminar esta volta por algumas das mais emblemáticas vinhas do Crasto, nada como regressar ao ponto de partida, o tinto Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa. Ao lado do 2019 agora apresentado, tive oportunidade de provar os 2017 e 2018. E, mais uma vez, como tantas outras ao longos destes 30 e muitos anos de escrita de vinhos, fiquei convencido de que só percebemos inteiramente a grandeza de um vinho quando o colocamos ao lado de outros potencialmente tão grandes quanto ele. Se o 2018 se mostra fechado de aroma, mais em elegância do que potência, muito redondo, polido, profundo, rico, cheio de classe, o 2017 é ainda uma criança, enorme, tenso, pleno de raça, com fruta madura de enorme qualidade, textura de seda, especiaria, muita frescura e imenso brilho, com anos e anos pela frente. Só que, comparado com estes, o 2019 vai ainda mais longe, atingindo uma dimensão até agora, porventura, inalcançada. A nota de prova reflecte aquilo que o Maria Teresa 2019 mostra ser: absoluta perfeição numa garrafa.

(Artigo publicado na edição de Janeiro de 2024)

 

Manoella, Guru, Pintas: No coração do Douro

manoella wine & soul

Regressar à Manoella é sempre um prazer. Estamos nas margens do rio Pinhão e logo no trajecto entre a estrada e a casa no coração da quinta somos familiarizados com a extensa floresta de mata mediterrânica que se estende por 30 ha e pelas diversas casas em ruínas espalhadas pela propriedade, umas que foram armazéns, […]

Regressar à Manoella é sempre um prazer. Estamos nas margens do rio Pinhão e logo no trajecto entre a estrada e a casa no coração da quinta somos familiarizados com a extensa floresta de mata mediterrânica que se estende por 30 ha e pelas diversas casas em ruínas espalhadas pela propriedade, umas que foram armazéns, outras que foram adegas.

Hoje – em época de explosão do enoturismo – logo nos interrogamos se para elas há projectos a curto prazo mas Sandra, cautelosa, lá vai dizendo que “para já não, temos outras prioridades mas… mais premente é o restauro da casa principal da quinta que se apresenta muito carente de obras”. O caminho é demorado e a estrada de terra obriga a condução cautelosa. Dá para ir percebendo que, por aqui, há quase tudo – vinhas, oliveiras, medronheiros, muitas árvores de fruto, apiário e ervas aromáticas indígenas. Um verdadeiro microcosmos.

É nesta quinta que funciona o centro de operações da Wine & Soul para o vinho do Porto, com a adega cheia de tonéis, balseiros e barricas. Com o tempo, e tendo começado no DOC Douro, a Wine & Soul tem vindo a produzir, adquirir e armazenar vinho do Porto e o portefólio já se estende por muitas categorias como Tawny e Ruby Reserva, Branco 10 anos e 10 anos Extra-Dry, tawny 10 e 20 anos, todos com a chancela Manoella e o Vintage, da marca Pintas. Bem guardado e à espera do momento certo para ser lançado, há também em arquivo um Porto branco muito, muito velho que cirurgicamente é dado à prova e que se inscreve naquela categoria do “néctar dos deuses”, algo que pudemos comprovar no local.

manoella Wine&soul

É na Manoella que funciona o centro de operações da Wine & Soul para o vinho do Porto, com a adega cheia de tonéis, balseiros e barricas.

 

Uma vertical de Guru

As nossas provas desenrolaram-se em dois momentos. Parte foi feita ao jantar, na casa que Jorge e Sandra têm no Pinhão e onde moraram antes de zarparem para Vila Real com os filhos em idade escolar; a segunda parte foi nas instalações da empresa em Vale de Mendiz, localizadas por cima da adega dos lagares onde, desde sempre, se fizeram os vinhos tintos. Ao jantar, e em ambiente descontraído, pudemos revisitar algumas colheitas mais antigas como o Guru 2012 em magnum, um branco notável, mineral e rico com excelente acidez; nos tintos, o sempre surpreendente Pintas Character 2008, o Pintas 2011 em magnum, a revelar-se muito firme na imensa qualidade que apresenta e o Porto Vintage Pintas 2003 também ele a mostrar uma boa evolução.
Já em Vale de Mendiz tivemos a oportunidade de conhecer quase toda a equipa (neste momento são 23 pessoas) e onde se incluem alguns estagiários e quatro timorenses a quem, em acordo com a Caritas, a Wine & Soul se dispôs a dar casa e trabalho. Aqui funciona também o enoturismo com imensas visitas (com provas), com equipa destacada para o efeito.
Junto à adega existe um armazém onde se vinificam os brancos em barrica; não é bonito, nada tem de fashion, mas cumpre, como nos diz Jorge, a função primordial “conseguimos aqui vinificar os brancos com controle de temperatura de fermentação barrica a barrica, porque elas não são iguais e os mostos também não; estamos nisto desde 2012.” A isto pode-se chamar uma enologia de precisão, conceito que Jorge e Sandra aplicam sobretudo aos brancos que produzem.

O momento – uma mini vertical de brancos da marca Guru – foi também aproveitado para revisitar algumas colheitas mais antigas. A marca nasceu em 2004 e o vinho é feito com uvas das zonas mais altas e frescas, de Porrais e Martim. Sempre que é possível, Jorge e Sandra continuam por ali a comprar parcelas de vinhas. São zonas de xisto em transição para granito, um xisto rico em quartzo e minerais. É uma região onde domina a casta branca Códega do Larinho. As vinhas que estão na base do Guru obrigam a duas semanas de vindima, são vindimadas parcela a parcela e há uma hierarquia de momentos de vindima. “É um vinho de precisão”, como nos foi referido e como são muitas parcelas e há pouco tempo para fazer a vindima, é muito exigente em mão de obra. Provámos o Guru 2009, citrino, fcom ruta madura, leve floral, cheio de classe, sem excessiva evolução; ainda cheio de força na boca, com vida pela frente, em muito boa forma.

Na altura já não era só barrica nova. (18,5); o 2010 um pouco mais carregado na cor, menos falador no aroma, discreto na fruta madura, bem na boca mas com mais evolução, com menos promessa de vida em cave (18); o 2013 com muito fósforo no aroma, mesmo em dose excessiva mas, algo surpreendentemente, resulta muito bem na boca, evolui bem no copo, é vinho mais para falar do que para beber (18); da colheita de 2015 chegou-nos um Guru notável no equilíbrio que mostra entre o aroma e o sabor, uma frescura incrível e muito fino na boca, dá imenso prazer a beber e é obviamente um branco apto para a cave, perfeito na fruta citrina e na acidez (18,5); um notável vinho em prova foi o 2019 com grande perfeição aromática, com fruta de grande requinte. Fino e elegante, com toques minerais e a elegância a percorrer toda a prova (18,5/19)

manoella Wine&soul

 

A mini vertical de Guru foi também aproveitada para revisitar algumas colheitas mais antigas. A marca nasceu em 2004 e o vinho é feito com uvas das zonas mais altas e frescas, de Porrais e Martim.

 

 

Novidades na mesa

A novidade agora apresentada, o Guru Vinha da Calçada, tem origem numa única parcela de quase 100 anos “seguramente anterior a 1932”, com 0,5 ha, a 600 metros de altitude e com mistura de castas. Fermentação e estágio em foudre durante 2 anos e mais um ano em garrafa. A madeira não tem tosta “o que favorece a tensão nos vinhos e o formato do foudre gera uma movimentação de borras finas de forma natural”, refere Sandra Tavares da Silva.
Os tintos são feitos a lagar com corte a pé e pisa a pé à noite durante 3 noites. Durante o dia usam a pisa mecânica para baixar a manta. Os tintos fazem a maloláctica já na barrica porque “isso ajuda a integrar muito melhor a madeira no vinho, mas correm-se alguns riscos porque o vinho está desprotegido sem sulfuroso” salienta Jorge Borges. Mais atenção e mais precisão, de novo.
Para o Pintas Character entram 5 parcelas em Vale Mendiz, com castas misturadas, lagar e barrica usada; no caso do Pintas “sempre pensámos o vinho em termos de mercado externo e o PVP (mesmo alto) é sempre o mesmo lá e cá; desde o princípio que procurámos diversificar os mercados e, entre outros, estamos na Suíça, Alemanha, Inglaterra, USA, Brasil, Macau. Trabalhamos com 25 países e vamos agora exportar para a Austrália”, contou Sandra.

No Porto Vintage esta é a 14ª edição, “estamos a vindimar para Vintage mais cedo do que mandava a tradição, não exagerando na sobrematuração das uvas, mas é uma luta vender estes vintages porque quem compra vai sempre dirigir a escolha para as marcas consagradas”. Tempos nem sempre fáceis para os pequenos produtores de Porto, para quem estes vinhos são muito mais um complemento de portefólio do que propriamente uma boa fonte de rendimento.
Da Quinta da Manoella, a grande novidade apresentada foi o tinto Vinha Alecrim que tem origem numa parcela plantada pelo trisavô de Jorge Borges instalada em terraços pré-filoxéricos, rodeado de alecrim e floresta mediterrânica. Foi engarrafado em 2017 e teve 6 anos de garrafa. Como nos diz Sandra “tem origem numa parcela que sempre se distinguiu, sempre originou um vinho diferenciador”. Com tanta vinha de vetusta idade não será de espantar que outras parcelas da Manoella sejam, no futuro, escolhidas para vinhos muito especiais.

(Artigo publicado na edição de Novembro de 2023)

Fraga do Calvo: O retomar de um sonho adiado

Fraga do calvo

Em 1951, José Marinho era apenas um jovem quando iniciou a aventura da emigração, longe das suas origens, do outro lado do Atlântico. As razões foram as mesmas de muitos conterrâneos e compatriotas: a busca de uma vida melhor. As longas horas de trabalho muito duro no Brasil não obstaculizaram alguns períodos de ócio que […]

Em 1951, José Marinho era apenas um jovem quando iniciou a aventura da emigração, longe das suas origens, do outro lado do Atlântico. As razões foram as mesmas de muitos conterrâneos e compatriotas: a busca de uma vida melhor. As longas horas de trabalho muito duro no Brasil não obstaculizaram alguns períodos de ócio que permitiram desenvolver ligações sociais. Num desses momentos de descontracção, conheceu Etelvina Alves, a mulher que o encantou e com a qual regressou a Portugal, na década de 60, para casar e constituir família.
Com o dinheiro amealhado resolveu retomar um velho sonho e comprou a Fraguita, uma propriedade no Douro com três hectares, situada em Cabeda, no concelho de Alijó, na qual desenvolveu com grande entusiasmo a produção de vinho, que depois vendia na movimentada taberna do centro da povoação, por onde passava a Estrada Nacional 15, sendo na altura a única ligação entre a cidade do Porto e os territórios situados para lá da Serra do Marão. Contudo, a finitude da vida colocaria um ponto final na sua paixão.
Em 2014, um dos netos quis dar continuidade ao legado do seu avô. “Foi preciso tempo e algumas pessoas para que o meu desejo de colocar as mãos na terra ganhasse a força necessária para eu recomeçar uma história e dar continuidade a um sonho antigo, o sonho adiado de José Marinho”. Refere Gil Taveira, o actual mentor e enólogo do projecto.

Uma nova fase de expansão

Como seria de esperar, os novos empreendimentos vínicos não estão isentos de numerosos desafios e dificuldades. “O meu projecto de vida é pautado por muitos episódios de luta e persistência, que desaguam em singulares momentos de felicidade”, diz Gil Taveira.
Um dos maiores constrangimentos que teve de ultrapassar foi o arrendamento de novos vinhedos, com características semelhantes aos originais, que oferecessem garantias de qualidade. Actualmente, o projecto apresenta um total de cinco hectares de vinha, compostos pelas castas brancas Códega do Larinho, Gouveio e Viosinho. Relativamente às castas tintas, o encepamento passa por Touriga Franca, Touriga Nacional e Tinta Roriz.
Ano após ano, tudo foi crescendo, e o que começou com uma pequena vinha no Douro transformou-se num projecto vínico viável, que inclui uma parceria com viticultores na região da Beira Interior, iniciada em 2018, dando início a uma nova marca e a vários vinhos.
O sonho não acaba aqui porque, ao que parece, haverá novos desenvolvimentos. Diz o enólogo, “hoje sei que a emoção e o amor são duas das mais valiosas ferramentas que utilizarei para que este sonho não mais seja adiado. O futuro não está planeado, mas… é inevitável”.

(Artigo publicado na edição de Outubro de 2023)

WineStone: Grupo José de Mello cria holding e investe no Douro e Vinhos Verdes

WineStone

No sector do vinho, o Grupo José de Mello já não significa apenas “Ravasqueira”. Oitenta anos depois da aquisição, pela família José de Mello, da propriedade em Arraiolos, Monte da Ravasqueira, que viria a ser a base deste projecto alentejano, o grupo cria uma holding de investimentos, WineStone, e anuncia as primeiras apostas: as propriedades […]

No sector do vinho, o Grupo José de Mello já não significa apenas “Ravasqueira”. Oitenta anos depois da aquisição, pela família José de Mello, da propriedade em Arraiolos, Monte da Ravasqueira, que viria a ser a base deste projecto alentejano, o grupo cria uma holding de investimentos, WineStone, e anuncia as primeiras apostas: as propriedades Quinta do Retiro Novo e Quinta do Côtto, no Douro; Paço de Teixeiró, na região dos Vinhos Verdes; e a marca de vinho do Porto Krohn.

A WineStone vem reforçar, segundo o grupo, a vontade de crescimento “em diferentes áreas da actividade económica” e de posicionamento “no top 3 da liderança do sector do vinho”.

Num evento para a imprensa (que aconteceu no dia 17 de Outubro), o Grupo José de Mello descortinou, ainda, outros objectivos ambiciosos: crescer, até 2030, pelo menos dois dígitos percentuais por ano; passar dos actuais 21 milhões de euros anuais, em facturação, para 60 milhões; e duplicar as exportações, dos 30% de hoje para 60%.

Em relação à Quinta do Retiro Novo e à respectiva marca Krohn, foi feita aquisição directa, enquanto que na Quinta do Côtto, na mesma região, e no Paço de Teixeiró, nos Vinhos Verdes, foi feito um contrato de exploração total, sem terem sido revelados valores ou prazos. As equipas das propriedades agora adquiridas e geridas serão mantidas, mas David Baverstock, recentemente integrado na Ravasqueira, assume a liderança de toda a enologia. O reconhecido enólogo confessou, à Grandes Escolhas, que já supervisionou a vindima deste ano nas três regiões.

Além da entrada do grupo numa nova categoria de vinhos, vinho do Porto, com a marca Krohn, a WineStone — que apresenta Pedro Pereira Gonçalves como Presidente Executivo — vai também trazer desenvolvimento do segmento de vinhos “luxury”, como dito pelos próprios, mas o maior foco será “no meio da pirâmide”, os vinhos “premium”.

Pedro Pereira Gonçalves liderou, nos últimos anos, o processo de desenvolvimento e afirmação da Ravasqueira. “O nosso principal objectivo é desenvolver uma estratégia de crescimento com ambição, consistência e sustentabilidade, numa perspetiva de longo prazo, para conseguirmos produzir e comercializar vinhos de qualidade em todas as regiões em que estamos presentes, com marcas admiradas pelos consumidores dos diferentes segmentos, no mercado nacional e com impacto nos mercados internacionais”, afirma o Presidente Executivo da WineStone.

Já Salvador de Mello, Presidente Executivo do Grupo José de Mello, reforça que “a criação da nova plataforma de negócios WineStone representa mais um passo na concretização da nossa ambição de crescimento e constitui também um desafio para assumirmos, a exemplo das outras áreas de negócios em que estamos presentes, uma posição de liderança no sector do vinho”.

A WineStone garante, adicionalmente, que tenciona vir a entrar na região de Lisboa e expandir a acção no Alentejo, bem como desenvolver enoturismo no Douro.

Falua compra Quinta de S. José e expande-se ao Douro

Falua S. José

A empresa de vinhos Falua — hoje pertencente ao grupo Roullier — acaba de adquirir a maioria do capital da Quinta de S. José, em Ervedosa do Douro, concretizando uma expansão estratégica à região vitivinícola do Douro. A Falua estava já presente nas regiões do Tejo e dos Vinhos Verdes. A Quinta de S. José, […]

A empresa de vinhos Falua — hoje pertencente ao grupo Roullier — acaba de adquirir a maioria do capital da Quinta de S. José, em Ervedosa do Douro, concretizando uma expansão estratégica à região vitivinícola do Douro. A Falua estava já presente nas regiões do Tejo e dos Vinhos Verdes.

A Quinta de S. José, situada na sub-região duriense do Cima Corgo, tem uma área total de 20 hectares, 15 dos quais com vinha — incluindo vinhas velhas — com exposição total a Norte.

O primeiro registo da quinta é de 1892, mas o projecto como o conhecemos foi iniciado pela família de João Brito e Cunha, e desenvolvido pelo enólogo nos últimos anos. João Brito e Cunha continuará ligado à Quinta de S. José, integrando a equipa da Falua.

Para Antonina Barbosa, directora-geral da Falua, “esta aquisição representa não só a expansão da Falua a outras regiões, mas também a aposta reforçada em terroirs diferenciados, que são já imagem de marca do nosso grupo. É com muito entusiasmo que entramos na emblemática região do Douro e abraçamos este novo projecto. Temos um comprometimento com a excelência na viticultura e na enologia, e este é mais um desafio que nos motiva a explorar os vinhos durienses e a sua história, assim como a expandir o nosso know how”.

Vinhos Lello celebraram 110 anos com arte e novo rótulo

Vinhos Lello 110 anos

A Casa Indulgent, no Porto, foi o local escolhido para celebrar os 110 anos da marca de vinhos Lello, criada pela Sociedade dos Vinhos Borges. A ocasião foi comemorada num ambiente repleto de arte e música, com a divulgação da nova imagem do rótulo do vinho tinto Lello. Este foi o primeiro evento que retratou […]

A Casa Indulgent, no Porto, foi o local escolhido para celebrar os 110 anos da marca de vinhos Lello, criada pela Sociedade dos Vinhos Borges. A ocasião foi comemorada num ambiente repleto de arte e música, com a divulgação da nova imagem do rótulo do vinho tinto Lello. Este foi o primeiro evento que retratou um momento emblemático da história da família e, num futuro próximo, serão lançados mais três episódios.

Mário Ferreira foi o pintor convidado para interpretar em tela a personagem principal, desta história intitulada “O início de uma grande jornada”, que narra e perpetua o momento da chegada de Artur Lello à Quinta da Soalheira, no início do século XX.

Artur Lello deixou a sua marca através da aposta na secção de vinhos, em detrimento de outras bebidas que compunham o portefólio da empresa, e da preocupação demonstrada na criação de marcas próprias, sendo que algumas das quais viriam a tornar-se emblemáticas até aos dias de hoje, como o caso da Lello, registada em 1913, um dos primeiros vinhos tranquilos a ser lançado no Douro.

vinhos Mello 110 anos

“Demos início a uma nova jornada com uma linha inspiradora, criativa e única de novos rótulos que transparecem as raízes da história da Borges. Celebramos estes 110 anos com a divulgação da primeira nova imagem, a do Lello Tinto. Este é um dos quatro episódios que serão lançados gradual e individualmente, que retratam momentos emblemáticos da história da família Lello. Um rótulo, uma pintura, uma história, um vinho! Acima de tudo queremos homenagear oito décadas em que a família Lello, mais especificamente Artur e Carlos Lello, desempenharam funções de gerência na Sociedade, durante as quais impulsionaram a expansão da marca, negócio e empresa num percurso distinto, deixando um legado de paixão pelo vinho, dedicação, excelência, bem como uma rica herança cultural!”, explica Ana Montenegro, directora de marketing da JMV – José Maria Vieira.