Do Douro ao Alentejo: As aventuras vínicas de um fundo de investimento
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Há já vários anos que nos habituámos a ouvir falar em fundos de investimento interessados em negócios do vinho. Associamos a este tipo de investimento um conceito de lucro rápido, folha Excel e balancete mensal analisado à […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Há já vários anos que nos habituámos a ouvir falar em fundos de investimento interessados em negócios do vinho. Associamos a este tipo de investimento um conceito de lucro rápido, folha Excel e balancete mensal analisado à lupa. E quando o negócio não dá, muda-se a agulha do investimento. Mas nem sempre é assim e os fundos também podem ter rosto. Como é o caso do Segur Estates. Com ele as empresas Roquevale, Encostas de Estremoz e Quinta do Sagrado ganham novo fôlego.
TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga
Corria o ano de 2016 quando se soube que a Quinta do Sagrado (Douro) tinha vendido a maioria do capital a um fundo de investimento, conservando José Maria Cálem uma parte do capital. Depois veio a público em 2017 que a Roquevale tinha mudado de mãos (53% do capital, mas com opção de compra do restante) e logo de seguida as Encostas de Estremoz (100% do capital, incluindo instalações, casas, etc) – duas empresas de dimensão considerável no Alentejo – tinham sido vendidas ao mesmo fundo de investimento. Foi motivo mais do que suficiente para visitarmos as propriedades alentejanas e falarmos com as pessoas. São muitas e têm uma carteira de projectos que merecem ser conhecidos.
Tudo começou com a compra de vinhas na zona de Redondo em 2015, parte pertencente ao produtor Joaquim Madeira e a restante adquirida a Vitor Matos, conhecido negociante na área do vinho. De então para cá têm-se sucedido os investimentos e, ficámos a saber, dentro de um mês haverá um novo negócio a associar a estes “e é de grande dimensão, com volumes anuais de 10 milhões de euros”, diz-nos o gestor do fundo, João Barbosa.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27566″ alignment=”center” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Corria o ano de 2016 quando se soube que a Quinta do Sagrado (Douro) tinha vendido a maioria do capital a um fundo de investimento, conservando José Maria Cálem uma parte do capital. Depois veio a público em 2017 que a Roquevale tinha mudado de mãos (53% do capital, mas com opção de compra do restante) e logo de seguida as Encostas de Estremoz (100% do capital, incluindo instalações, casas, etc) – duas empresas de dimensão considerável no Alentejo – tinham sido vendidas ao mesmo fundo de investimento. Foi motivo mais do que suficiente para visitarmos as propriedades alentejanas e falarmos com as pessoas. São muitas e têm uma carteira de projectos que merecem ser conhecidos.
Tudo começou com a compra de vinhas na zona de Redondo em 2015, parte pertencente ao produtor Joaquim Madeira e a restante adquirida a Vitor Matos, conhecido negociante na área do vinho. De então para cá têm-se sucedido os investimentos e, ficámos a saber, dentro de um mês haverá um novo negócio a associar a estes “e é de grande dimensão, com volumes anuais de 10 milhões de euros”, diz-nos o gestor do fundo, João Barbosa.
Por norma um fundo representa um conjunto de investidores. Esses investidores colocam o seu dinheiro em determinados negócios, cuja gestão é entregue a pessoas que procuram rentabilizar os investimentos realizados. Neste caso trata-se de um fundo familiar – da família Ségur – radicada no Brasil e que “descobriu” Portugal como local de investimento através de João Barbosa, sem ligação anterior ao vinho mas que no Brasil já estava ligado à família Ségur.
O nome Ségur, para quem conhece vinhos de Bordéus, surge rapidamente associado ao Chateau Calon-Ségur. Tem razão de ser, mas a ligação é tão antiga quanto o seu corte, ou seja, já passaram 200 anos desde que a família vendeu as propriedades em Bordéus. Os actuais descendentes – Louis Ségur é o rosto deste fundo familiar – já não têm negócios relacionados com o vinho. Isto, claro, até terem chegado ao Alentejo e ao Douro. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27569″ alignment=”center” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Pode naturalmente ficar no ar a questão de saber como se convence a investir em Portugal uma pessoa que vive no Brasil e cuja ligação familiar ao vinho se esfumou há dois séculos. Pedro Paixão, director comercial do grupo, revelou-nos que houve um trabalho de “explicação” das vantagens do investimento aqui, dado o bom momento que os vinhos portugueses atravessam, em termos de imagem, nos mercados externos. Mas João Barbosa confirmou que o investimento em Portugal não se tratou de qualquer tipo de “saudosismo vínico”. É puro negócio e foi no vinho como poderia ser noutro ramo de actividade. Os investimentos feitos até agora chegaram já aos 9 milhões de euros com capitais próprios, mas decorrem negociações com investidores para aumentar a aposta até aos 50 milhões, o que mostra que há intenção de alargar os negócios. Mas, confirmou-nos, “não deixa de ser um negócio de ‘turnover, em que existe a preocupação clara de remunerar o investidor”: “A vantagem de este fundo ser familiar é que aqui falamos de prazos mais alargados, mais conservador se comparado com outros fundos de investimento. Aqui falamos de 10 anos e não 4 ou 5, como acontece mais frequentemente.”
O facto de estarmos a falar com pessoas sem ligação anterior (profissional ou familiar) ao vinho torna a conversa menos emocional, mas também mais objectiva. João Barbosa não deixa dúvidas: “Temos a vantagem de ser portugueses e de não vir do sector dos vinhos nem de famílias ligadas ao vinho. Isso dá-nos uma independência que é importante e trazemos conhecimento e prática de outras áreas na resolução de problemas; tivemos a sorte de encontrar neste sector dos vinhos as pessoas certas que o conhecem e que nos ajudam no projecto.”[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27570″ alignment=”center” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”30″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Uma equipa grande” title_align=”separator_align_left”][vc_column_text]Quando fomos recebidos no Alentejo percebemos que há uma enorme equipa a trabalhar nestes projectos. São 52 pessoas, entre as que já estavam ligadas e ficaram – como é caso das equipas de enologia, de campo e serviços – e as que chegaram de fora, vindas de outros negócios. Falar com gente que vem de outras áreas obriga a permanente consulta ao dicionário: metade dos termos são em inglês e para evitar o downsizing fazendo um outsourcing acompanhado de um refreshing é sempre bom fazer uma “consulting” ao dicionário para poder “acompanhing” a conversa!
Falando de enologia, o novo grupo empresarial vai contar com o enólogo do Sagrado – João Pires –, que se mantém; Joana Roquevale, que irá continuar ligada à casa que tão bem conhece, acompanhada por Margarida Barrancos Vieira, enóloga das Encostas de Estremoz e que irá colaborar com Joana; Frederico Vilar Gomes, que irá supervisionar a enologia das várias propriedades; e Frederico Rosa Santos, que fará a ligação da enologia com a produção, supervisionando toda a relação com fornecedores. Como consultant winemaker estará o bem conhecido e experiente Peter Bright, com a função de desenhar novos vinhos, criar marcas que possam funcionar como especialidades, como projectos originais, ainda que em pequena escala.
A escala, essa, existe claramente na Roquevale, uma marca muito forte nas grandes superfícies e que foi também uma das bandeiras do importador brasileiro (Adega Alentejana), mas que foi perdendo o seu lugar nesse importante mercado. A Roquevale vai conhecer mudanças: o vinho bag-in-box vai deixar de ser Regional, está a haver uma renovação da imagem dos vinhos – projecto este extensível às marcas todas – e os resultados aparecem, com os vinhos, que incorporam uvas de várias propriedades compradas, a serem reposicionados num preço de prateleira superior, como foi o caso do Terras de Xisto. A adega irá servir como polo engarrafador e pretende-se levar por diante um projecto de vinhos de talha, contando aqui com a experiência de Joana Roquevale. Os vinhos Encostas de Estremoz serão engarrafados na Roquevale e o pavilhão industrial existente será também usado para armazenamento dos vinhos do Douro, engarrafados na região e de seguida transportados para aqui.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_gallery type=”image_grid” images=”27572,27571,27573″ layout=”3″ gallery_style=”1″ load_in_animation=”none”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Objectivos ambiciosos” title_align=”separator_align_left”][vc_column_text]Há muito que as Encostas de Estremoz estavam em processo de venda. O projecto era familiar, tinha boa dimensão (52ha), mas era difícil de gerir e já não havia mais espaço para suprimentos. A venda acabou por incluir a totalidade do capital e todas as instalações, quer de adega quer sociais. Os vinhos premium do grupo sairão debaixo do “chapéu” Encostas de Estremoz e os vinhos-base associados ao nome Roquevale. Em seis meses foi possível relançar as marcas da Encostas de Estremoz e as vendas subiram 35% e na Roquevale há já contratos fechados que irão mais do que duplicar a facturação de 2017.
A Quinta do Sagrado será uma aposta forte dos novos proprietários, em particular a marca VT, agora rebaptizada Sagrado VT. Além desta, passará a existir o Sagrado Grande Reserva e como topo de gama, apontando para um nível muito alto, o Quinta do Sagrado. Tradicionalmente havia cerca de 15 fornecedores de uva, que se irão manter, e a quinta, além de Douro, também produz Vinho do Porto em várias categorias. Cerca de 70% da produção do Sagrado destina-se à exportação e tem havido já um evidente crescimento dos números: “Quando pegámos no projecto a marca fazia 200.000€/ano e fechámos 2017 com 700.000€ de facturação”, diz Pedro Paixão.
A Segur Estates tem um objectivo claro: adquirir projectos que tenham potencial evidente de crescimento e de aumento de valor. Tornou-se evidente que as casas agora ligadas a este fundo familiar estavam num beco sem saída, já sem músculo financeiro para poderem recuperar o prestígio e posicionamento no mercado. Nova forma de gestão, mais folga financeira e projectos bem desenhados podem fazer renascer marcas e criar espaço para que outras surjam com impacto quer nos canais da distribuição moderna (super e hipermercados) quer no canal Horeca. O sucesso que os projectos da Segur Estates estão a ter em tão pouco tempo atrai necessariamente a atenção de investidores estrangeiros. João Barbosa fecha o ciclo: “Até onde iremos é difícil de dizer, mas a ambição existe!”[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27576″ alignment=”center” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#dddddd” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Marcas com história”][vc_column_text]As três casas agora agrupada sob o “chapéu” Segur Estates representam marcas e propriedades com história nas respectivas regiões. Provámos alguns vinhos mais antigos destas marcas, que traçam o percurso de cada uma. O Tinto da Talha, da Roquevale, lançado em 1989, foi de facto feito em talha até 1995. Com a marca a crescer teve de se alterar o método de produção, tendo-se conservado o nome. O Tinto da Talha Grande Escolha de 2003 está claramente evoluído mas ainda em boa forma, o 2004 mais fino e elegante, e o 2008 muito sério e bem estruturado.
Na marca Encostas de Estremoz a Touriga Nacional sempre teve um peso muito forte, funcionando como elemento distintivo e identitário. Estas vinhas situam-se em Sousel, a 20 km de Estremoz, onde dominam solos argilo-calcários. Da prova de Encostas de Estremoz Reserva, são de destacar o 2003 (perfumado, com o floral da Touriga ainda bem evidente), o 2007 (ainda com fruta bonita e elegante) e o 2011 (balsâmico, mentolado, com muita vida pela frente).
Do Alentejo para o Douro e para a Quinta do Sagrado, localizada perto do Pinhão. Da marca mais conhecida da casa, o VT, provámos vários vinhos, destacando o 2004 (a primeira colheita da marca, muito rico na fruta, sem sinais de cansaço), o 2007 (mentolado, com taninos finos e feito para durar) e o Sagrado VT Grande Reserva 2008, elegante, delicado e com classe.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Edição nº14, Junho 2018
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Quinta Vale D. Maria
Martim Guedes, Francisca Van Zeller, António Guedes e Cristiano Van Zeller Edição nº12, Abril 2018 Douro 20 anos intensos TEXTO Luís Lopes São duas décadas de história de um dos nomes mais representativos do “novo Douro”. Com a integração na Aveleda, realizada há menos de um ano, a Quinta Vale D. Maria ganhou impulso […]
Martim Guedes, Francisca Van Zeller, António Guedes e Cristiano Van Zeller
Edição nº12, Abril 2018
Douro
20 anos intensos
TEXTO Luís Lopes
São duas décadas de história de um dos nomes mais representativos do “novo Douro”. Com a integração na Aveleda, realizada há menos de um ano, a Quinta Vale D. Maria ganhou impulso para ir ainda mais longe nos seus ambiciosos objectivos.
Relembrar o passado, através de vinte colheitas de Quinta Vale D. Maria, e mostrar as novidades das últimas vindimas, foi o propósito do encontro promovido no Douro pelas famílias Van Zeller e Guedes (Aveleda). Um evento em que ficou bem patente a cumplicidade familiar (afinal de contas, são primos…) e o empenho em tornar esta quinta, suas marcas e vinhos, em sólidas referências internacionais.
Cristiano van Zeller sabe muito de Douro, dos seus vinhos e de como os comunicar. Afinal de contas, para além de membro da família proprietária da Noval, ajudou a conceber e implementar, entre outros, dois grandes projectos vínicos durienses, a Quinta do Crasto e a Quinta do Vallado. A estas duas empresas, Cristiano juntaria mais tarde a sua Quinta Vale D. Maria para, em conjunto com a Niepoort e a Quinta do Vale Meão, fundarem a associação Douro Boys, que tanto contribuiu para a afirmação mundial da região.
A Quinta Vale D. Maria, no entanto, foi sempre o “seu” projecto. Seu e da sua mulher Joana, a cuja família adquiriram em 1996 esta propriedade com 45 hectares de vinha, localizada no vale do rio Torto. Com origens que remontam ao século XVIII, a quinta tem uma grande diversidade de vinhas, algumas plantadas há pouco mais de uma dúzia de anos, outras praticamente centenárias. A diversidade é imensa, contribuindo para ela sobretudo as vinhas antigas, com dezenas de castas misturadas, e as diferentes exposições solares a que cada parcela está submetida. Não surpreende, por isso, que os vinhos de vinha e os vinhos de parcela assumam um papel de relevo nos topos de gama da casa.
As vinhas que dão nome aos vinhos
Em propriedades como a Quinta Vale D. Maria, cada parcela tem a sua própria identidade, que transmite naturalmente aos vinhos que origina. Nem todas essas identidades são positivas, como é óbvio, e por isso as vinhas/parcelas de excelência foram sendo identificadas logo a partir da primeira colheita de 1996, e vindima após vindima esse conhecimento foi sendo aprofundado e confirmado. Com o tempo, Cristiano van Zeller, com o apoio da enóloga Joana Pinhão (que ali fez o primeiro estágio em 2007) e da sua filha Joana van Zeller, decidiu engarrafar separadamente as uvas de duas vinhas muito distintas na idade e composição de castas: a Vinha do Rio e a Vinha da Francisca.
A Vinha do Rio é a vinha mais antiga da propriedade, e também, como o nome indica, a mais próxima do rio Torto, a cerca de 160 metros de altitude. Foi a primeira a ver os seus vinhos engarrafados à parte, na vindima de 2009. São quase 30 as castas ali misturadas, predominando, no entanto, a Tinta Barroca, com cerca de 48% do total.
Já a Vinha da Francisca, com 4,5 hectares, exposta a sul, foi plantada em 2004, para assinalar o 18º aniversário de Francisca van Zeller. Vinha mais jovem, portanto, plantada com cerca de 50% de Sousão, mais Touriga Nacional, Touriga Franca e ainda algumas castas antigas menos “comuns”, como Tinta Francisca e Rufete.
Nem todos os vinhos de topo produzidos na Quinta Vale D. Maria são oriundos de vinhas da propriedade. O conhecimento que Cristiano e a sua equipa possuem da região leva-os a descobrir noutras zonas do Douro autênticos tesouros. É o caso das uvas que deram origem ao Vale D. Maria Vinha de Martim e que vêm de uma vinha situada em Martim, Murça. É uma vinha muito especial que a empresa explora desde a colheita de 2015. Virada a norte, plantada a 450 metros de altitude, esta vinha com mais de 80 anos tem muitas castas brancas misturadas, predominando Rabigato, Viosinho, Gouveio e Códega do Larinho.
Outra marca assente em uvas durienses de diferentes terroirs e que passou a integrar desde 2014 o portefólio da empresa é o Vale D. Maria VVV Valleys, branco e tinto. Os três “V” simbolizam três vales, os vales dos rios Pinhão, Torto e Douro, onde 15 gerações da família Van Zeller trabalharam ao longo de séculos. No caso do VVV Valleys tinto de 2015, por exemplo, juntam-se uvas de vinhas velhas da Quinta Vale D. Maria e mais duas parcelas maioritariamente plantadas com Touriga Franca.
Para além destas, a empresa tem no mercado outras marcas em diferentes segmentos de preço, desde o entrada de gama Rufus (com excelente relação qualidade-preço) ao raro (e caro!) CV, no patamar superior da excelência, passando pela linha Van Zellers e VZ.
A história que o vinho conta
A história de uma marca conta-se através dos vinhos. Infelizmente, nem sempre os vinhos resistem ao tempo ou, mais frequentemente ainda, nem sempre os produtores conservam em sua posse os vinhos de cada colheita. Não foi o caso da família Van Zeller, que manteve esse património vivo que são os vinhos, ao longo de 20 vindimas.
Todos os Quinta Vale D. Maria foram e são pisados a pé nos lagares de granito da propriedade, indo depois o vinho para barricas de carvalho francês. Com o tempo, as barricas 100% novas foram partilhando o espaço com barricas de segundo ano, até chegar ao actual modelo de 60% nova, 40% usada. A complexidade das vinhas velhas e das dezenas de castas que as compõem estão bem patentes nestes vinhos, bem como o perfil próprio de cada ano de colheita:
1996– Foi ano de grande produção e pouca concentração (o vinho tem 12% de álcool), corpo médio, mas revela-se ainda hoje muito leve, muito fresco, bonito e elegante. 17
1997– Complexo de aroma, alguns fumados, frutos secos, especiarias, envolvente e fresco no longo final. 17,5
1998– Sente-se um ano de baixa produção, com volume, complexidade, taninos sólidos, sempre com frescura e equilíbrio. O tanino presente revela que o vinho ainda tem muito para dar. Está super equilibrado, com muito sabor e final fantástico. 18
1999– Tem concentração e profundidade aromática, mas alguma “brett” e as suas notas menos limpas de couro molhado prejudicam-no. Na boca está sólido e cheio, ainda que com taninos um pouco secos. 16,5
2000– Maduro, profundo, sumarento, nota de ameixa e muitas especiarias num estilo vibrante, longo, profundo. Excelente equilíbrio entre álcool e acidez. 17,5
2001– Sente-se a partir daqui um salto enológico face às colheitas anteriores. Os vinhos são mais polidos e afinados, sem perderem autenticidade. Tem grande presença aromática, muito profundo, muito complexo, cacau, especiaria. Sabor rico, ainda jovem, com taninos perfeitos, pleno de brilho e presença. Excelente evolução. 18
2002– Nota-se uma evolução evidente no aroma, mas ainda com fruto bonito. Cremoso na boca, com corpo médio (sente-se a vindima chuvosa) mas muito boa acidez, um tom vegetal no final apimentado. 16,5
2003– Ano de calor evidente, patente no fruto bem maduro, uva passa, ameixa. No entanto, as vinhas velhas aguentaram a acidez, e mantiveram o vinho fresco e vivo, graças também aos taninos poderosos. Final longo e fumado. 17
2004– Sério, austero, firme, com muito boa presença, apontamentos de esteva e ervas do campo, tabaco, balsâmicos. Taninos muito sólidos, sabor cheio mas sempre com um fino traço de frescura. Impositivo. 18
2005– Encorpado, envolvente, com taninos firmes mas sedosos, um estilo potente e harmonioso ao mesmo tempo. Sério e maduro, mas fresco. 17,5
2006– Apontamentos fumados no primeiro impacto aromático, balsâmicos, especiarias. Bastante frescura assente numa acidez vincada, conjunto muito equilibrado e harmonioso. 17,5
2007– Espantoso nariz, com uma frescura de fruta surpreendente para a idade. Enorme equilíbrio de boca, com corpo, sólida estrutura de taninos, cheio de sabor e complexidade, muita vibração, final interminável. Grande vinho. 18,5
2008– O aroma assenta no fruto bem maduro e nas especiarias. Perfeita harmonia na boca, com taninos sedosos, num conjunto muito cremoso, muito bonito, em excelente forma. 18
2009– Morno e maduro, ameixa e compotas de bagas silvestres. Profundo, encorpado, sólido, envolvente, sensação de fruta madura e doce no final longo. 17
2010– Muito bonito e elegante, de aroma fino, com fruto expressivo e puro. A boca de corpo médio deixa os taninos um pouco a descoberto, mas o conjunto é elegante, perfumado, muito apelativo. 17,5
2011– O ano de 2011 está bem patente. O vinho tem tudo, concentração mas frescura, profundidade mas austeridade. Está ainda super jovem, fechado, com enorme estrutura de taninos, solidez de cimento, tudo ainda a precisar de tempo. Um monumento. 18,5
2012– Grande nariz, excelente fruto, enorme equilíbrio, leves amargos, bastante frescura, muita firmeza, muita elegância, equilíbrio total, um belíssimo vinho. 18
2013– Sério, ainda bastante jovem, com taninos ainda muito evidentes, fruto bem fresco no aroma. Encorpado, vigoroso mas elegante, potente mas domado. 17,5
2014 – Mostra o carácter do ano no estilo mais leve, com fruto muito bonito e delicado. Corpo médio, mas mais do que suficiente para envolver bem os taninos, a fruta é muito expressiva, um tom de frescura e elegância atravessa todo o vinho. 17,5
Apesar de a empresa produzir várias marcas, o tinto Quinta Vale D. Maria é a grande bandeira da casa, o vinho mais significativo, quer no impacto no mercado quer, acredito, no espaço que ocupa no coração da família Van Zeller e, agora, no da família Guedes. A prova de 20 colheitas desta marca revela um percurso de grande consistência qualitativa, assente no respeito pelo carácter de cada parcela de vinha e no conhecimento do seu contributo para o lote final. São vinhos sentidos, vinhos de terroir, cada um deles contando uma estória e contribuindo individualmente para fazer a história de uma grande marca duriense.
Produtores do Douro unem-se em circuito enoturístico
A iniciativa conjunta de 16 produtores de vinho da Região Demarcada do Douro, todos com quintas no circuito central do rio, entre o Peso da Régua e o Pinhão, permitiu criar a primeira Rota Privada de Enoturismo do Douro. É o passo decisivo de uma relação de cooperação que já unia estas casas. A primeira […]
A iniciativa conjunta de 16 produtores de vinho da Região Demarcada do Douro, todos com quintas no circuito central do rio, entre o Peso da Régua e o Pinhão, permitiu criar a primeira Rota Privada de Enoturismo do Douro. É o passo decisivo de uma relação de cooperação que já unia estas casas.
A primeira materialização desta iniciativa traduziu-se na edição do guia de bolso “All Around Douro – in the heart of the Unesco wine region”, em inglês, onde o turista encontra uma breve apresentação das quintas que integram o projecto, horários das visitas e de provas de vinhos, serviços de restaurante ou alojamento disponíveis, bem como informação sobre acessos, seja por estrada, comboio, barco ou helicóptero. A publicação é gratuita e está disponível nas quintas do Douro, museus, postos de turismo, hotéis, garrafeiras e restaurantes selecionados, especialmente do Porto e região norte, mas também com divulgação por outras zonas do país.
Os produtores envolvidos na Rota Privada de Enoturismo do Douro são: Quinta do Vallado, Quinta do Crasto, Quinta dos Murças, Quinta da Marka, Quinta Nova N.S. Carmo, Quinta de la Rosa, Quinta do Bomfim, Quinta da Roêda, Quinta das Carvalhas, Quinta do Seixo, Quinta do Panascal, Quinta do Pôpa, Quinta do Tedo, Quinta Maria Izabel, Quinta da Casa Amarela, Quinta de Tourais.
Poças: Simbolicamente falando…
Após um interregno de três anos, o tinto Símbolo voltou a reinar na Poças Júnior como o seu topo de gama, e com novas vestes. No lançamento que o teve como estrela, ficámos também a conhecer mais quatro novos vinhos da empresa. TEXTO Mariana Lopes NOTAS DE PROVA Luís Lopes FOTOS João Ferrand AS […]
Após um interregno de três anos, o tinto Símbolo voltou a reinar na Poças Júnior como o seu topo de gama, e com novas vestes. No lançamento que o teve como estrela, ficámos também a conhecer mais quatro novos vinhos da empresa.
TEXTO Mariana Lopes NOTAS DE PROVA Luís Lopes FOTOS João Ferrand
AS três parcelas de vinhas velhas (com predomínio de Touriga Franca) da Quinta de Santa Bárbara, no Cima Corgo do Douro, já não originavam Símbolo desde 2011, inclusive. Em 2014, o primeiro ano sob consultoria do enólogo de Bordéus Hubert de Boüard, a Poças Júnior decidiu que era tempo de o trazer de volta.
Apesar de ter sido um ano de viticultura menos fácil (confirma Jorge Pintão, enólogo da casa), o francês viu nas uvas o potencial necessário para o topo de gama. “Foi nos pequenos detalhes que investimos. Fizemos uma enologia de pormenor, quer ao nível da selecção das uvas, quer da vinificação, da guarda e envelhecimento”, comentou Jorge Pintão. Pedro Pintão, director comercial, explicou que o vinho provém de parcelas em altitudes e exposições solares diferentes, e adiantou: “As cotas são relativamente baixas, mas procurou- se a acidez das zonas mais altas dessa vinha.” Assim, surgiram as cinco mil garrafas de um vinho elegante e polido, mas complexo e longevo, também com uma nova imagem, um rótulo simples mas futurista, a marcar bem o início de uma nova era.
Volvidos dezoito meses de estágio em barrica e um ano em garrafa, o Símbolo tinto 2014 apresentou-se ao mundo no restaurante Antiqvvm, do estrelado Chef Vítor Matos, no Porto, e trouxe consigo mais quatro novidades: Poças Reserva tinto 2015, Poças Porto Colheita 2003, Poças LBV 2012 e Poças Vintage 2015.
O Poças Reserva tinto 2015 foi posicionado em segundo lugar na hierarquia, mas não fica de todo atrás do “cabeça de lista”. Também de vinhas velhas da Quinta de Santa Bárbara, este vinho tem Touriga Nacional da Quinta Vale de Cavalos (Douro Superior) e estagiou doze meses em barricas e seis em garrafa. São 10.000 garrafas de um vinho com um grande potencial de envelhecimento.
Apesar de produzir vinhos Douro desde 1990, três anos após Jorge Pintão ter assumido a liderança da equipa de enologia, a grande tradição da Poças Júnior está nos Vinhos do Porto. Da gama mais clássica da casa, o Poças Porto Colheita 2003 é já o segundo colheita lançado este ano, a seguir ao 2007, tendo envelhecido em pipa de carvalho. Já o encorpado e maduro Poças LBV 2012 estagiou cinco anos. O Poças Vintage 2015, fruto de um ano de excepção, foi super-controlado e provado durante o estágio de dois anos em balseiro. É um Vintage muito aromático, poderoso e que adivinha um futuro promissor na garrafa.
Douro bate recordes em 2017
As vendas de vinhos da região demarcada do Douro e do Porto em 2017 ascenderam a 556 milhões de euros, correspondentes a 13,7 milhões de caixas de 12 garrafas. Os números anunciados em comunicado pelo IVDP – Instituto dos Vinhos Do Douro e do Porto representam um crescimento de 3,6 por cento no volume de […]
As vendas de vinhos da região demarcada do Douro e do Porto em 2017 ascenderam a 556 milhões de euros, correspondentes a 13,7 milhões de caixas de 12 garrafas. Os números anunciados em comunicado pelo IVDP – Instituto dos Vinhos Do Douro e do Porto representam um crescimento de 3,6 por cento no volume de negócios e 2,2 por cento em quantidade face a 2016.
Do total das vendas, a fatia maior cabe ao Vinho do Porto (380,3 milhões de euros), enquanto os DOC Douro batiam um recorde com 157,3 milhões de euros. Moscatel (10,8 milhões de euros) e Regional Duriense (6,5 milhões de euros) completam o cenário. Destaque para o desempenho dos vinhos DOC, que geraram uma receita 10,7 por cento maior do que em 2016, com uma subida de 11,8% em quantidade.
Mantendo a tendência dos últimos anos, o Vinho do Porto vendeu-se menos, mas por preços mais altos, com as categorias especiais a reforçarem o seu protagonismo: representaram em 2017 42,7% do valor total e 22,4% da quantidade, mais dois recordes. Por mercados, Portugal destronou a França do primeiro lugar e tornou-se o principal destino de Vinho do Porto no mundo.
Monte Xisto: a ciência encontra a tradição
O Cais Novo, no Porto, foi o sítio ideal para o lançamento de um vinho com o selo Nicolau de Almeida. Debaixo de abóbadas de pedra maciça que encerram em si tempos idílicos, conhecemos o Quinta do Monte Xisto tinto 2015. TEXTO Mariana Lopes NOTA DE PROVA Luís Lopes FOTOS Anabela Trindade “O nascimento […]
O Cais Novo, no Porto, foi o sítio ideal para o lançamento de um vinho com o selo Nicolau de Almeida. Debaixo de abóbadas de pedra maciça que encerram em si tempos idílicos, conhecemos o Quinta do Monte Xisto tinto 2015.
TEXTO Mariana Lopes NOTA DE PROVA Luís Lopes FOTOS Anabela Trindade
“O nascimento do nosso vinho é como a eleição do Papa: fechamo-nos todos numa sala e, se sair fumo branco, vamos em frente!” As palavras de João Nicolau de Almeida descortinam a seriedade que a sua família coloca em cada projecto, desde a criação do grande Barca Velha, pelo seu pai Fernando Nicolau de Almeida, passando pela enologia e administração da Casa Ramos Pinto pelo próprio, até à Quinta do Monte Xisto, criação conjunta com a sua esposa os seus três filhos. Este “fumo branco” refere-se à nova colheita, 2015, do tinto Quinta do Monte Xisto, quinto da sua linhagem, lançado agora para o mercado.
Os 40 hectares da Quinta do Monte Xisto começaram a ganhar forma em 1993, mas só em 2004 se encetava o processo de plantação dos 10 hectares de vinha da propriedade. Numa grande mancha de cereal em Vila Nova de Foz Côa, no Douro Superior, o solo era virgem e pronto para explorar. Por esta altura, os filhos de João Nicolau de Almeida, Mateus e João, estavam prestes a acabar os estudos em enologia e viticultura e foram, desde logo, incluídos no seu desafio: plantar as vinhas em altitude (entre 200 e 300 metros), numa área bastante reduzida. A filha Mafalda, por sua vez, assumiu a comunicação e a imagem do projecto.
Dizer que foi fácil seria mentir. O patriarca vinha com o seu próprio método e com o hábito de muitos anos e de umas quantas revoluções vitivinícolas na região do Douro, e os filhos frescos e com novas abordagens… mas a convergência era inevitável. “Algumas coisas foram feitas às minhas escondidas!”, confessou João Nicolau de Almeida em tom de brincadeira e, simultaneamente, de ternura. Imediatamente, Mateus repeliu: “É verdade, mas o meu pai sempre se interessou pela descoberta de novas aproximações à vinha. É muito gira, esta constante procura.”
Esta relação tão especial, entre eles e com a própria vinha, levou-os a enveredar pelo regime biológico com princípios de biodinâmica. “Quanto mais tempo passamos na vinha, melhor percebemos o que ela quer”, explicou Mateus, enquanto mostrava fotografias das parcelas. A biodiversidade era óbvia nas imagens, com os tons de lilás e vermelho das flores a sobressaírem entre os verdes e castanhos das videiras.
O novo Quinta do Monte Xisto tinto 2015 é a expressão disto mesmo, da terra e das pessoas. De Touriga Nacional, Touriga Franca e um pouco de Sousão, o vinho foi fermentado em lagares com pisa muito leve. Referindo-se aos seus filhos, Mateus Nicolau de Almeida brincou: “Para este efeito utilizamos crianças, é mais barato, mais leve e levanta menos problemas”, e todos nos rimos. O estágio foi feito em barricas, por 18 meses, na cave de rocha e ferro, debaixo do chão. Pelo semblante francamente feliz e descontraído de João Nicolau de Almeida, percebemos a sua sensação de dever cumprido. “O que pretendemos aqui é aplicar a ciência aos valores tradicionais. Acho que, com este vinho, cumprimos o objectivo que tínhamos: um vinho firme, que se aguentasse muitos anos, fácil de beber mas que contivesse em si todos os bons atributos.” Acho que “mestre João” até foi modesto…
Quinta da Pacheca 2.0
Não é fácil um produtor tradicional suplantar-se e tornar-se um produtor moderno e cheio de novidades. Em poucos anos foi isso que a Quinta da Pacheca conseguiu alcançar. Sem renegar um passado consistente, e sem alienar uma marca que é um símbolo de qualidade, a Quinta da Pacheca está hoje melhor do que nunca. […]
Não é fácil um produtor tradicional suplantar-se e tornar-se um produtor moderno e cheio de novidades. Em poucos anos foi isso que a Quinta da Pacheca conseguiu alcançar. Sem renegar um passado consistente, e sem alienar uma marca que é um símbolo de qualidade, a Quinta da Pacheca está hoje melhor do que nunca.
TEXTO Nuno de Oliveira Garcia FOTOS Cortesia do produtor
NUM primeiro olhar, pouca coisa mudou… Mantêm-se José Serpa Pimentel no pelouro comercial e Maria Serpa Pimentel na área da enologia. Todavia, mal os vinhos caem nos copos, há um mar de diferenças em relação ao passado recente. Novos vinhos, muitos vinhos novos, brancos e rosés como antes nunca tínhamos provado e tintos muito aprumados, ambiciosos mesmo, de grande categoria.
A Quinta da Pacheca é uma marca sólida da região duriense. Bem próxima da Régua, do outro lado da margem, é uma propriedade de prestígio com 57 hectares sitos não muito longe da fronteira entre o Baixo e o Cima Corgo, com referências desde 1738. Há alguns anos, esteve na liderança da primeira vaga do turismo na região, com a alienação de terrenos para o então Aquapura (Vale de Abraão) e com a inauguração de um pequeno hotel de charme na propriedade (The Wine House Hotel) que nunca teve o sucesso que merecia. Os primeiros passos estavam, contudo, lançados com a mais nova geração da família Serpa Pimentel aos comandos de todo o projeto, e os vinhos – então essencialmente tintos, dada a localização a baixa altitude e num terroir quente – não desapontavam. Um feliz golpe de asa viria, contudo, a surgir um pouco depois, com o investimento realizado pelos empresários Maria do Céu Goncalves e Paulo Pereira. Podemos mesmo afirmar que esse acontecimento mudou para melhor quase tudo no projeto, mantendo-se muita da moldura e do capital humano já existente. O hotel melhorou o seu já óptimo nível, e passou a ter mais visibilidade, e os vinhos também viram a qualidade a aumentar.
A verdade é que a Quinta da Pacheca deixou de ser autossuficiente, e isso fez com que se procurassem novas vinhas e quintas, inclusivamente em pleno Cima Corgo (junto ao rio Pinhão) e mesmo do Douro Superior (muito próximo de Foz Côa). Esta nova política permitiu não só ir buscar uvas brancas a cotas altas junto a Sabrosa (como sucede com tantos outros produtores), como utilizar uvas tintas de terroirs muito diferentes, inclusivamente do Douro Superior. Não que isso seja uma novidade, pois essa é a opção – e a razão do sucesso – de vários dos melhores viticultores da região (em DOC e em Portos, diga- se). E, assim, os vinhos Quinta da Pacheca passaram a ter apenas a marca Pacheca (o que, ademais, facilita nos mercados internacionais), e a qualidade dos néctares aumentou e muito!
Não há dúvida de que ser um produtor duriense permite ir buscar o que melhor faz a região, e que não faz sentido estar-se circunscrito aos limites de uma quinta. Basta pensar que são raríssimos (menos de meia dúzia, com a Quinta da Gaivosa e a Quinta do Vallado à cabeça) os casos de uma única propriedade na região capaz de fazer, simultaneamente, grandes brancos e tintos. Em suma: vida longa para a nova vida da Quinta da Pacheca é o que desejamos!
Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo já tem museu
Chama-se Wine Museum Centre Fernanda Ramos Amorim, nasceu na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo e é o mais recente museu do Douro. Com mais de 12.000 turistas anuais, o projecto enoturístico desta quinta situada na margem direita do rio, perto do Pinhão, que já contempla alojamento e restaurante, fica ainda mais completo. O […]
Chama-se Wine Museum Centre Fernanda Ramos Amorim, nasceu na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo e é o mais recente museu do Douro. Com mais de 12.000 turistas anuais, o projecto enoturístico desta quinta situada na margem direita do rio, perto do Pinhão, que já contempla alojamento e restaurante, fica ainda mais completo.
O museu resulta do sonho da coleccionadora, Fernanda Amorim, de preservar a memória cultural da região do Douro, partilhando-a com todos os amantes de vinho que a visitam. O edifício foi desenhado por Arnaldo Barbosa, considerado um dos “arquitectos do Douro”, e os conteúdos estiveram a cargo da empresa de museologia MUSE, com a colaboração da Fundação Museu do Douro. O espólio reflecte a tradição secular do Douro, agora apresentada num acervo representativo do ciclo produtivo do Vinho do Porto, com peças dos séculos XIX e XX, reunidas ao longo de vários anos por Fernanda Ramos Amorim.