Estive Lá: Os cheiros e as vistas de Alcácer do Sal

Estive lá

O local é mesmo encantador. Seja a olhar a vista do casario, que desce a encosta do castelo até ao rio Sado, se espraia pelos arrozais que limitam as suas margens e termina nas colinas seguinte, seja a percorrer as suas vielas bem arranjadas, onde predomina sobretudo o branco, sabe bem lá estar. O acaso […]

O local é mesmo encantador. Seja a olhar a vista do casario, que desce a encosta do castelo até ao rio Sado, se espraia pelos arrozais que limitam as suas margens e termina nas colinas seguinte, seja a percorrer as suas vielas bem arranjadas, onde predomina sobretudo o branco, sabe bem lá estar.
O acaso e a estrada tinham-nos levado até a Alcácer do Sal para mais um passeio a pé, neste caso de redescoberta, num qualquer domingo de Inverno.
Depois de uma caminhada de rio e de deambularmos um pouco pelas ruas interiores desta cidade histórica de beira rio, nesse dia perfumada pelos aromas frescos dos lençóis lavados, estendidos nas janelas de muitas das suas casas, decidimos ir comer um pouco mais cedo. Enquanto a minha mulher pesquisava no Google os restaurantes mais pontuados, vi chegar uma família de gente em dois carros, que se deslocava com aquele ar convicto de quem vai para um almoço domingueiro. Decidi segui-los, o que nos levou, em boa hora, ao sítio onde comemos, o Restaurante Salinas. Entre as sugestões do dia, que eram apenas três das muitas da ementa, escolhemos carapaus, que estavam fritos como eu gosto e vinham com migas de tomate bem apaladadas, mais um delicioso arroz de berbigão com corvina.
O queijo de ovelha derretido com azeite e orégãos, que comemos de entrada, pedia um branco com alguma estrutura e, por isso, a companhia foi um vinho alentejano reserva, do produtor que mais preenchia uma carta bem composta e com bastantes opções, a Herdade da Mingorra. Também fez boa companhia aos carapaus, que fui comendo devagar porque estavam mesmo saborosos, e a um arroz caldoso, quase sopa. Tudo saboreado na esplanada, numa das únicas mesas que não estava marcada naquele dia de domingo solarengo. Retemperadas as forças, foi hora de subir devagar encosta acima, em direção ao que resta do castelo, para nova visita à sua cripta arqueológica, onde vale sempre a pena voltar para relembrar estórias da História. Fica no piso inferior da Pousada D. Afonso II, num subterrâneo da fortaleza e do antigo Convento de Aracaelli e oferece uma viagem no tempo, através de vestígios de todos os povos que viveram na colina desde a Idade do Ferro que remontam ao século VII antes de Cristo, até ao século XVII. Uma conversa, no final, com o recepcionista do espaço, ajudou-nos a perceber o que se tinha passado durante a sua escavação e a perceber melhor o seu conteúdo. Depois, foi hora de ver de novo a paisagem a partir do castelo, e descer até ao carro para voltar a casa.

Restaurante Salinas
Morada: Praceta da Chaminé 2, 7580-101 Alcácer do Sal
Telefone: 968 268 013; 265 613 181

Cripta Arqueológica do Castelo de Alcácer
Morada: R. do Convento de Aracoelli 12, 7580-131 Alcácer do Sal
Telefone: 265 612 058
E-mail: cripta.arqueologica@m-alcacerdosal.pt