Lançamento: Herdade do Sobroso Élevage

Herdade do sobroso

E, de mansinho… dois grandes vinhos No último mês de 2022, a segunda edição dos topos de gama da Herdade do Sobroso bateu à porta: Élevage, branco e tinto 2021. Únicos, de excelência, e da Vidigueira.  Texto: Mariana Lopes     Fotos: Herdade do Sobroso Na Herdade do Sobroso, situada em Pedrogão junto ao Alqueva, na […]

E, de mansinho… dois grandes vinhos

No último mês de 2022, a segunda edição dos topos de gama da Herdade do Sobroso bateu à porta: Élevage, branco e tinto 2021. Únicos, de excelência, e da Vidigueira.

 Texto: Mariana Lopes     Fotos: Herdade do Sobroso

Na Herdade do Sobroso, situada em Pedrogão junto ao Alqueva, na sub-região alentejana da Vidigueira, Filipe Teixeira Pinto e Sofia Ginestal Machado têm um projecto de vinhos igual a “eles próprios”: descontraído, moderno, divertido, com muita ambição. Ao longo dos pouco mais de 20 anos desse projecto, o mesmo tem crescido ao ritmo do desenvolvimento das vinhas (as primeiras foram plantadas em 2021) que é o mesmo que dizer de forma gradual, mas sólida. Todos os vinhos do portefólio são hoje um sucesso de vendas, segundo Sofia — dos AnAs aos Arché, passando pelos Sobroso ou os Herdade do Sobroso Reserva e Grande Reserva, com destaque para os Cellar Selection (fortíssimo na restauração) — provavelmente pelo talento de Filipe, enólogo, para fazer vinhos fiéis ao local e às castas, de elevada qualidade e perfil amplamente atractivo, e onde o seu espírito experimentativo, que o enólogo tem em barda, não arranha o resultado final. Os Élevage, topos de gama agora na segunda edição, são o reflexo de tudo isto, da maturidade das vinhas do Sobroso e de uma experimentação cuidada. “De mansinho”, porque nada aqui é feito ou comunicado com demasiada bazófia (como se tem visto cada vez mais, infelizmente, em coisas infundadas ou vazias, sem suporte), surgiram um tinto e um branco de nível elevadíssimo. O Élevage branco é um lote de Antão Vaz e Perrum, e o tinto, um monovarietal de Alicante Bouschet. Existe um hectare de Perrum na Herdade Sobroso, uma casta tradicional do Alentejo, mas rara; e sete de Antão Vaz, sendo que o do Élevage vem de uma zona mais alta e com encosta exposta a Norte, numa parte de transição entre calhau e solo arenoso, franco-argilosa, como explicou Filipe Teixeira Pinto. O Alicante Bouschet, por sua vez, vem de parcelas xisto-argilosas expostas a Sul. O tinto fermenta em lagar e o branco fermenta em ânforas, as mesmas onde ambos estagiam, as italianas de nome Tava, produzidas, como já nos tinha elucidado Filipe no lançamento da primeira edição dos vinhos, “a partir de argila de elevada pureza, à qual os oleiros aplicam um processo de cozedura de altas temperaturas, entre os 1300 e os 1400ºC”, que resulta numa baixíssima porosidade, que proporciona trocas gasosas muito controladas. O formato estreito e elegante, bem diferente das tradicionais talhas alentejanas, e a sua tampa, “permitem estágios mais prolongados”, atestou o enólogo. Assim, os Élevage estagiam nestas ânforas durante 12 meses, com a particularidade de, nesta nova colheita, parte do tinto estagiar numas pequenas ânforas de 125 litros. São dois vinhos estrondosos.

(Artigo publicado na edição de Janeiro de 2023)

Boas novidades na Herdade do Sobroso

Sofia Ginestal Machado, gestora, e Filipe Teixeira Pinto, enólogo, foram os anfitriões do evento que mostrou as mais recentes novidades desta casa alentejana, localizada na zona lesta da sub-região da Vidigueira, ali a dois passos do Guadiana e da albufeira do Alqueva. O Herdade do Sobroso Cellar Selection rosé de 2017, o Arché tinto 2015 […]

Sofia Ginestal Machado, gestora, e Filipe Teixeira Pinto, enólogo, foram os anfitriões do evento que mostrou as mais recentes novidades desta casa alentejana, localizada na zona lesta da sub-região da Vidigueira, ali a dois passos do Guadiana e da albufeira do Alqueva. O Herdade do Sobroso Cellar Selection rosé de 2017, o Arché tinto 2015 e uma aguardente vínica velha constituíram o essencial da mostra.

Três boas novidades, diga-se de passagem. O rosé, feito de Syrah, com bonita cor salmonada, foi concebido desde raiz na vinha, com a escolha das parcelas e cuidada data de vindima, para evitar perder a frescura. Com apenas 12,5 de teor alcoólico, mostrou-se seco e muito gastronómico, sem perder um bom leque de nuances aromáticas e gustativas. É o primeiro Cellar Selection rosé da marca e custa cerca de €14 no mercado. São poucas garrafas para a procura no mercado e por isso o stock começa a ficar esgotado.

Outra estreia absoluta foi para o Arché tinto 2015, o novo topo de gama da casa. O estranho nome tem a ver com a primeira parte da etimologia da palavra Arquitecto, do grego. Porquê arquitecto? O vinho é uma homenagem de Sofia ao pai, António Ginestal Machado, arquitecto de profissão e o primeiro mentor da Herdade do Sobroso, adquirida no início deste século. Quando Sofia pensou neste vinho, o marido, Filipe, tinha acabado de provar na adega um vinho que se destacou de todos os outros. E a decisão foi logo ali tomada: este seria o Arché. Feito de Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon e Syrah de parcelas seleccionadas, este tinto de excepção apenas viu serem cheias 2.495 garrafas, ao custo unitário de €55.
Finalmente, a aguardente. Não é da produção da casa, sendo antes adquirida a um destilador, já lá vão uns bons anos. O que o Sobroso fez foi estagiá-la em cascos de 225 litros, até ficar pronta para ir para o mercado, o que aconteceu agora. (AF)