Estive Lá: Ilha da Armona, mais próximo do paraíso

Estive Lá

Assistir ao movimento das marés na barra da Ilha da Armona proporciona uma sensação muito agradável. E não só para mim. Sente-se na forma de estar das pessoas que passam a pé pela beira de água, nas que se banham nela e nas que apenas se sentam a apreciar a vista, como gosto de fazer […]

Assistir ao movimento das marés na barra da Ilha da Armona proporciona uma sensação muito agradável. E não só para mim. Sente-se na forma de estar das pessoas que passam a pé pela beira de água, nas que se banham nela e nas que apenas se sentam a apreciar a vista, como gosto de fazer por vezes. À medida que a maré baixa vários bancos de areia vão surgindo, convidando a um mergulho nas águas límpidas das lagoas que se vão formando ou a apanhar conquilhas e berbigões. Mais uma vez não resisti ao convite aos mergulhos. Quanto às conquilhas, este ano só as encontrei no prato, como se verá adiante.

É pelo prazer que me dá que volto à Armona todos os anos, mesmo que isso me obrigue a dar pelo menos 12 mil passos ida e volta, desde o lugar onde costumo deixar o automóvel até ao cais onde apanho o barco e, depois, pelo interior da ilha até à barra. Tal como é habitual o meu dia começou com uma tosta mista num dos cafés do mercado de Olhão, aquele onde vou sempre, na companhia de um sumo de laranja algarvia bem-apessoado, e de um café para acordar. A verdade é que não há melhor tosta mista para mim, principalmente pelos sabores e aromas irresistíveis e inimitáveis do pão, ligeiramente barrado, por fora, com manteiga, onde se aconchegam molemente o queijo e o fiambre. É impossível deixar de repetir.

Enquanto espero a encomenda, vou sempre ao mercado do peixe porque me sabe bem fazê-lo e me ajuda a manter o olhar treinado. No verão, se se for cedo, há quase sempre sardinha, carapau de todos os tamanhos, safia, dourada e sargo, pescada, robalo, salmonete, chaputa, raia, cação, atum e muitos outros peixes e mariscos. Por isso, vou sempre lá abastecer-me, o melhor que consigo, antes de voltar para Lisboa. Mas se, for sábado, tem de ser cedo, porque, a partir das 10h, a oferta já rareia. A frescura, os sabores e aromas e a relação qualidade/preço valem sempre o investimento.

A ida mais recente à Armona levou-me, na volta, ao Restaurante Grupo Naval de Olhão. Estava a apetecer-me lá voltar e fica mesmo perto do cais de embarque para as ilhas. Foi um lanche ajantarado que se iniciou perto das 4h30 da tarde, na esplanada, composto por ostras da Ria Formosa, como não podia deixar de ser, conquilhas à Bolhão Pato que ainda souberam melhor na companhia do pão fresco, cheiroso e gostoso que só se consegue arranjar no Algarve, tal como a salada de polvo de cores vivas e os carapaus alimados. Tudo na boa companhia do vinho Sebastião, da casta Chardonnay, que seleccionei entre as cerca de duas dezenas de sugestões de uma carta com opções para todos os gostos e bolsas. A sua frescura, a fruta discreta mas presente e o ligeiro toque de madeira e de especiarias contribuíram para que fizesse boa companhia a todos os petiscos. Foi um belo final de tarde de beira ria neste verão.

Restaurante Grupo Naval de Olhão
Morada: Av. 5 de Outubro, Olhão
Tel.: 289 050 543

Mercados de Olhão
Morada: Av. 5 de Outubro, Olhão
Tel.: 289 817 024
Site: www.mercadosdeolhao.pt

Bilheteira Olhão – Ferry para as Ilhas
Morada: Av. 5 de Outubro 2A, Olhão

(Artigo publicado na edição de Setembro de 2024)