Porto em Lisboa
As duas maiores cidades portuguesas são, cada vez mais, destinos turísticos universais. Lisboa e Porto estão no topo das preferências dos turistas que nos visitam e, entre os seus muitos argumentos de sedução, a comida e o vinho assumem protagonismo. Mas há uma grande diferença: o Vinho do Porto. Nas margens do Douro, ele é […]
As duas maiores cidades portuguesas são, cada vez mais, destinos turísticos universais. Lisboa e Porto estão no topo das preferências dos turistas que nos visitam e, entre os seus muitos argumentos de sedução, a comida e o vinho assumem protagonismo. Mas há uma grande diferença: o Vinho do Porto. Nas margens do Douro, ele é rei. E na capital? Fomos saber onde, e como, se homenageia o mais conhecido dos vinhos lusitanos por terras de Lisboa.
TEXTO Luís Francisco
FOTOS Ricardo Gomez
O Vinho do Porto é um dos produtos portugueses mais conhecidos e apreciados no mundo. Não será, até, exagero se dissermos que é “o” produto português, aquele que mais rapidamente se associa à imagem do país lá fora. Sim, há Cristiano Ronaldo e o futebol. E quase nove séculos de história que ajudaram a moldar o mundo como o conhecemos. E o mar, mais as praias de areia e as falésias que o emolduram. Mas o Vinho do Porto apresenta Portugal em todo o planeta. Em grande estilo.
Para quem nos visita, claro, é experiência quase obrigatória conhecer melhor esses néctares que os homens arrancam a uma Natureza austera e implacável. Muitos decidem-se mesmo por explorar o vale do Douro, em busca das raízes profundas do Vinho do Porto. Para os outros, tantos outros, esta “viagem” faz-se de copo na mão, provando e aprendendo com quem sabe abrir as portas desse fascinante mundo.
E há tanto para descobrir. Branco, Ruby e Tawny são os três tipos de Porto e dentro de cada uma dessas categorias há muito por onde escolher. Brancos datados, mais doces ou mais secos, as novas tendências de cocktails, como o Porto tónico. Ruby, Reserva, LBV ou Vintage. Tawny Reserva, Colheita ou com indicação de idade. O Porto é toda uma paleta de cores e sabores à espera de espíritos curiosos que a queiram explorar.
O Grande Porto, claro, é o epicentro desta actividade. As caves de Gaia e as margens do Douro são um incontornável pólo de atracção turística da região. Centenas de milhares de pessoas visitam anualmente as instalações das grandes empresas do sector – e muitas mais serão, certamente, num futuro próximo, com a anunciada aposta, por parte da Fladgate, num grande parque temático do sector, o World of Wine, cuja abertura já foi anunciada para o Verão de 2020.
Então e Lisboa? O que pode oferecer a capital a quem a visita e quer saber mais sobre o grande vinho português? À primeira vista, as notícias pareciam não ser boas: o Solar do Vinho do Porto, que durante anos foi o grande “embaixador” do néctar do Douro, encontra-se encerrado para obras, pelo menos até 2020… Das principais empresas do sector, apenas a Sogrape, com a Sandeman, tinha investido no mercado lisboeta, mas também foi sol de pouca dura. E então surgiu a informação de que a Taylor’s ia abrir um espaço próprio na capital.
O anúncio deste investimento espicaçou-nos a curiosidade: será que o Porto está bem representado em Lisboa? À falta de espaços institucionais, poderiam os wine bars que vão surgindo um pouco por toda a cidade assumir a passagem de testemunho? Fomos à procura de respostas. E regressámos com uma certeza: quem visita a capital tem muitas, e boas, propostas para mergulhar no universo Porto. Vamos conhecer algumas.
Dos espaços que visitámos, este é o mais recente: abriu a 9 de Maio, ali perto do Campo das Cebolas, uma zona cada vez mais turística por força da proximidade com a Praça do Comércio e a colina de Alfama, junto ao novo terminal de cruzeiros. Mesmo ao lado do Chafariz D’El Rei, o edifício da Taylor’s está classificado e isso, se acrescenta ao seu charme, também entrava os planos da empresa para dar mais visibilidade exterior ao seu espaço. Mas adiante, que lá dentro é que se está bem.
No piso térreo, a loja tem um pouco de tudo. Os vinhos, naturalmente, são o prato-forte, mas também encontra¬mos chocolates ou azeite, merchandising da marca (desde t-shirts e bonés até aos puzzles ou chapéus de chuva), bolsas, postais ilustrados, canecas, copos, velas de cera, enfeites de Natal, decanters… Até há meias. E modelos de garrafas para construir em Lego.
Subindo as escadas, entramos na zona de provas. São três salas, de paredes claras e despidas, tirando os cartazes com “cartoons” humorísticos relacionados com a marca, fotos antigas da faina vinhateira, um grande espelho de moldura dourada e o ecrã onde passa um vídeo que nos fala do vale do Douro e da insana teimosia dos homens que ali esculpiram uma paisagem de ficção científica em nome do vinho.
Mesas e bancos de madeira (há 100 lugares disponíveis) espalham-se pelas divisões bem iluminadas, o Tejo entrando pelas janelas, onde há também balcões e assentos que nos fazem pensar de imediato nas célebres namoradeiras. Algumas paredes conservam à vista as pedras originais e notam-se os sinais das arcadas antigas que sustentam o edifício.
A clientela faz-se maioritariamente de turistas estrangeiros, mas, garantem, nota-se uma cada vez maior curiosidade dos portugueses pelo Vinho do Porto, atraídos também pela possibilidade de saborear a copo vinhos cujos preços, à garrafa, estão normalmente fora das possibilidades do cidadão comum, como alguns Vintage e Tawnies velhos – os primeiros são mesmo os mais populares. “São vinhos de que as pessoas ouvem falar, mas não conhecem”, assume Anne Marie Faustino, directora do Centro de Visitas Taylor’s.
Mas a Taylor’s promete não ficar por aqui. Um edifício contíguo foi adquirido pela empresa para aí montar um centro de visitas. O cenário não podia ser mais adequado para emular a atmosfera das caves de Gaia: paredes em pedra, vestígios arqueológicos, abóbadas em tijolo… As obras já começaram.
Aberto todos os dias, das 11h às 19h30.
Não é necessário fazer reserva. Há 15 vinhos disponíveis a copo
(a partir de 5 euros) e uma prova de cinco Porto, entre os quais alguns ícones da casa (40 euros).
RUA CAIS DE SANTARÉM, Nº8, LISBOA
TEL: 218 863 105
MAIL: lisbon@taylor.pt
Há um ano, completo neste mês de Julho, que Lisboa se juntou às cidades do Porto e Paris no universo Portologia. Julien dos Santos, lusodescendente, é o homem por trás deste projecto e é também o dono da Hermitage – no espaço lisboeta, os Vinhos do Porto de entrada de gama são todos desta empresa, abrindo espaço nas categorias superiores para outros produtores, todos pequenos e independentes.
Situada na Baixa, a loja/sala de provas tem 30 lugares disponíveis e a clientela, assume com algum humor Gustavo Luís, o responsável pelo espaço, será “97 por cento estrangeira”. Quem entra pode fazer provas de Vinho do Porto (o cardápio é vasto, desde as provas mais básicas a outras verticais e temáticas – o folheto fala mesmo de “degustações comentadas, de 3 a 30 copos”), adquirir garrafas do generoso e de vinhos tranquilos, mas também queijos, enchidos, compotas, conservas, azeite.
Na parede, uma grande foto do vale do Douro capta de imediato o olhar, que depois se espraia pelas estantes com garrafas, pelas barricas, caixas e mesas de madeira. A de¬coração inclui ainda algumas alfaias agrícolas, decanters, rolhas. O espaço não é grande e acaba por ser dominado pelo balcão frigorífico à direita de quem entra, mas torna¬-se acolhedor e intimista. Bem à medida de um copo ao fim da tarde… “Pela hora do almoço temos algum movi¬mento, mas o período mais intenso é entre as 17h e as 20h”, confirma Gustavo Luís.
A vontade de descobrir o universo Porto é o sentimento mais comum entre os visitantes que optam por fazer provas. E, por isso, não surpreende que a mais popular seja a que junta seis tipos de Porto diferentes, uma degustação comentada que entreabre a porta para as variações deste vinho tão multifacetado. Mas também há experiências dedicadas a quem quer ir mais longe: Novos vs Velhos; Brancos Secos ou Brancos Velhos são alguns exemplos.
O conceito Portologia parece estar de pedra e cal e, se é ainda cedo para falar de localizações específicas, Gustavo Luís assume que existe a intenção de alargar o leque de espaços. Por agora, são três. Com muito vinho para provar e comprar. Um casal francês entra e prepara-se para descobrir mais sobre o Vinho do Porto; dois jovens, também estrangeiros, pesquisam nas prateleiras um vinho diferente para levar. Lá fora, já se fez noite. E os copos continuam a encher-se de magia.
Aberto todos os dias, das 11h às 24h.
Há mais de 200 vinhos disponíveis para prova e um leque
muito alargado de provas de Vinho do Porto.
RUA DE SÃO JULIÃO, Nº 36, LISBOA
TEL: 210 179 313
E-MAIL: lisboa@portologia.pt
Cláudia (ou Alexandra; ela usa os dois nomes) e Adriana eram jornalistas, mas sentiam-se saturadas da profissão. E ambas gostavam de vinho e gastronomia. Deste ponto de encontro nasceu a ideia de começarem a fazer provas de comida e vinhos portugueses. Ao princípio, em sítios que iam variando; depois, assentaram no seu próprio espaço. A 7 de Dezembro de 2015, nascia a Lisbon Winery. “Tem sido uma aventura”, resume Cláudia.
Fica no Bairro Alto e o Vinho do Porto sempre foi uma opção assumida das duas anfitriãs. “Havia muita gente que dizia que não gostava e quisemos provar que o Porto tinha muito para descobrir. As pessoas ficam agradavelmente surpreendidas, porque bebem coisas bem diferentes do que conheciam”, explica Adriana. A filosofia da casa é servir apenas vinhos de qualidade feitos por peque¬nos produtores. Isso e apostar continuamente em abrir horizontes. “Estamos sempre a renovar a carta”, garantem.
O espaço, com pouco mais de 30 lugares sentados, é informal e descontraído. A parede onde uma ilustração de um cacho de uvas está rodeada de nomes de castas portuguesas (120, no total) chama a atenção à entrada, mas o grande ex-libris está lá ao fundo: uma imponente cisterna do século XVI, classificada, que se estende desde o tecto até abaixo do nível do piso – um pavimento em vidro alinha pelo chão do espaço circundante, possibilitando o experiência de passear por ali desafiando as vertigens.
Quase metade das provas solicitadas – com predomínio evidente de estrangeiros – são de Porto. E não se trata de uma prova qualquer: a prova premium de Vinho do Porto inclui um branco seco, um branco datado, dois Tawnies e um Ruby; mais seis variedades de queijos artesanais, outras tantas de enchidos de porco preto, presunto Pata Negra e compotas tradicionais. Os vinhos são sempre de marcas menos conhecidas – a Messias e a Dalva serão as relativas excepções a esta regra, mas, no caso da segunda, neste momento apenas com um vinho: o extraordinário branco Golden Light, de 1963.
Sinal dos tempos, Cláudia e Adriana assumem elas próprias a condução das provas, face à dificuldade de encontrar pessoal especializado que lhes garanta esse serviço… Não ficam os clientes a perder, por certo. Afinal, e apesar de na maior parte dos casos já serem os produtores a pro¬curá-las para colocarem os seus vinhos, são elas que provam e seleccionam todas as referências que são servidas aqui. Sempre com aquele prazer secreto de descobrir um olhar de espanto em quem leva o copo à boca.
Aberto de terça a sábado, das 15h às 23h.
Há provas diárias às 15h30 e às 17h30 que requerem marcação. Mas pode-se sempre solicitar uma prova à entrada. A Prova Premium de Vinho do Porto custa 65 euros por pessoa.
RUA DA BARROCA, Nº13, LISBOA
TEL: 218 260 132 | 919 292 151 | 914 310 744
E-MAIL: alex@lisbonwinery.com | adriana@lisbonwinery.com
Edição Nº27, Julho 2019
Ali bem perto, também no Bairro Alto, fica o “veterano” dos espaços visitados pela nossa reportagem: o Grapes & Bites abriu portas (e garrafas) em Setembro de 2010. É um espaço de referência no panorama nacional e a sua atenção específica ao Vinho do Porto fica desde logo bem patente na decoração da casa, com pipas a servirem de mesas, garrafas por todo o lado e um armário fechado onde repousam algumas relíquias.
Aproximemo-nos. Estão aqui, ou espalhadas por outras prateleiras e no balcão, ícones como o Scion, da Taylor’s; o Ne Oublie, da Graham’s; Burmester de 1937; Kopke do mesmo ano; Real Companhia Velha 1938; Noval Nacional 2004… Os preços de algumas destas garrafas ascendem aos quatro dígitos – isso mesmo, milhares de euros. Serão algumas das excepções mencionadas pelos responsáveis da casa quando garantem que “quase todos os vinhos podem ser pedidos a copo, excepto alguns casos especiais”. Mas há duas dezenas de referências de Porto na carta, a que se junta uma escolha de vintages e colheitas mais abrangente. E, já agora, o Porto “da casa”, o Branco Grapes & Bites by Andresen.
Também aqui os estrangeiros estão em maioria, apesar de se “notar evolução no interesse dos portugueses pelo Vinho do Porto”, assume Sílvia Mendes, uma das proprietárias. A procura crescente de refeições para grupos no Grapes & Bites, que integra um hostel nos andares superiores, levou à alteração do menu e à configuração do espaço, que se assemelha mais a um restaurante. Mas o forte continua a ser o vinho, com centenas de referências à prova.
O ambiente da sala oscila entre a linha mais moderna das mesas e cadeiras e o toque arcaico das arcadas e pilares que sustentam o tecto. Pelas paredes alinham-se expositores cheios de garrafas, que também se encontram no interior das quatro pipas transformadas em mesas e por cima do balcão, ao fundo da sala. Por aqui organizam-se provas comentadas, almoços vínicos (um por mês), toca-se regularmente música ao vivo.
Há pouco mais de dois anos, surgiu a oportunidade de complementar o Grapes & Bites com mais um espaço. Nasceu assim, no Cais do Sodré (Rua de S. Paulo), The Wine Cellar, um estabelecimento mais pequeno e intimista, com clientela mais diurna e mais portuguesa. A grande superfície vidrada chama a atenção de quem passa e a oferta, sendo menos exuberante do que a da casa-mãe, também pode rapidamente beneficiar da proximidade física dos dois espaços. Em cinco minutos, qualquer garrafa “faz a viagem” a pé…
Aberto todos os dias, das 14h às 2h. Centenas de referências à prova, a maioria das quais com serviço a copo.
RUA DO NORTE, Nº81, LISBOA
TEL: 919 361 171
E-MAIL: info@grapesandbites.com
Le Monument – Qualidade genuína no Porto
O Le Monument fica em plena Avenida dos Aliados e foi criado a pensar no estrelato do fine dining. TEXTO Ricardo Dias Felner FOTOS Le Monument Palace No final de um jantar recente, o chef Julien Montbabut veio à mesa dizer aquilo que muitos chefs dizem. “Se a estrela Michelin vier, tanto melhor, mas o […]
O Le Monument fica em plena Avenida dos Aliados e foi criado a pensar no estrelato do fine dining.
TEXTO Ricardo Dias Felner
FOTOS Le Monument Palace
No final de um jantar recente, o chef Julien Montbabut veio à mesa dizer aquilo que muitos chefs dizem. “Se a estrela Michelin vier, tanto melhor, mas o que nós queremos mesmo é que os clientes gostem e voltem”. A declaração pareceu sincera, mas revendo o que se passara nas últimas duas horas, dir-se-ia que a estrela já tem carta de requisição.
Da amesentação (talheres Cutipol, copos Schott Zwiesel), à decoração (com toques sumptuosos de Art Déco), do serviço protocolar aos empratamentos, estamos sempre perante alta cozinha de estilo francês, a mais apreciada pelos ‘senhores Michelin’. No caso, essa origem é natural. O Le Monument, é um restaurante francófono dentro de um hotel de luxo francófono, o novíssimo Le Monument Palace, na Avenida dos Aliados. Inaugurado em Novembro de 2018, tem donos franceses, chef francês, pasteleira idem.
Olhando para o passado do chef, a sua formação também não deixa dúvidas sobre o tipo de escola de cozinha. Andou sempre por restaurantes de fine dining em Paris, incluindo o Christian Le Squer ao Pavillon Ledoyen, um três estrelas Michelin. Daqui trouxe o rigor nos cortes e nos empratamentos, mas uma outra obsessão, que está a tentar levar para a mesa do Le Monument: a qualidade do produto.
Esta biografia já se nota nas degustações do seu Le Monument. O foie gras convive com mexilhões e ostras de Aveiro; as reduções de molhos de carne, os famosos jus franceses, intercalam com vinagretas cítricas; o lúcio perca do Douro coabita com os valiosos — e saborosíssimos — cogumelos morchella. De resto, vêem-se outros pormenores importantes num restaurante deste nível, como o facto de haver vários tipos de pão feitos na casa ou de serem servi¬dos três azeites portugueses de topo.
Julien admite que ainda falta conhecer melhor a realidade portuguesa, nomeadamente no que respeita a carnes, sector onde ainda recorre à velha Gália. Mas a intenção é comprar o mais local possível.
Os preços no Le Monument são condizentes com o nível do restaurante. O menu de quatro pratos (com várias prendinhas pelo meio) custa 85€; o menu do chef, com seis pratos, vale 105€. Há duas harmonizações de vinhos possíveis, uma de 45€ outra de 60€. Para quem quiser uma refeição mais barata e informal, pode escolher antes o Café Monumental, o outro restaurante do hotel, ao estilo brasserie, com carta também da responsabilidade de Julien Montbabut.
MONUMENTAL PALACE HOTEL
AV. DOS ALIADOS, 151, PORTO. TEL. 22 766 2410. TER-SÁB 19.30-23.30
Edição Nº25, Maio 2019
“Esporão no Porto” abre na Rua do Almada
O Esporão acaba de abrir portas na Rua do Almada 501, no Porto, com restaurante, loja e provas de vinhos, azeites e cerveja. Esta é a primeira vez que a empresa marca presença numa cidade e fora dos seus territórios de produção. Para Catarina Santos, Directora de Marketing do Esporão, “Estar aqui no Porto reforça […]
O Esporão acaba de abrir portas na Rua do Almada 501, no Porto, com restaurante, loja e provas de vinhos, azeites e cerveja. Esta é a primeira vez que a empresa marca presença numa cidade e fora dos seus territórios de produção.
Para Catarina Santos, Directora de Marketing do Esporão, “Estar aqui no Porto reforça a proximidade do universo Esporão à rotina dos dias na cidade. Através das nossas histórias, dos nossos produtos ou da gastronomia tradicional – centrada nas regiões e na sazonalidade dos produtos – queremos proporcionar momentos de pausa e com sabores únicos, entre amigos e família”.
No Porto, o Esporão terá uma equipa de cozinha local que, com a liderança e coordenação do chef Carlos Albuquerque, executará um menu de inspiração tradicional, onde o produto, região e estação são elementos centrais. Pratos descomplicados e genuínos, exclusivos deste espaço, para usufruir com os vinhos, azeites e cervejas do Esporão.
Para além das provas, almoços e jantares, será possível petiscar durante a tarde e participar em workshops e provas especiais que serão agendadas todos os meses.
Churchill’s faz kick off no Verão com White Port Tonic Weekend
A Churchill’s lança o verão com o seu primeiro White Port Tonic Weekend – de 12 a 14 de Julho – três dias a celebrar o sol do Porto com o cocktail de Churchill’s Dry White Port. Visitantes de todo o mundo estão convidados a desfrutar dos terraços verdes do Centro de Visitas da Churchill’s, […]
A Churchill’s lança o verão com o seu primeiro White Port Tonic Weekend – de 12 a 14 de Julho – três dias a celebrar o sol do Porto com o cocktail de Churchill’s Dry White Port. Visitantes de todo o mundo estão convidados a desfrutar dos terraços verdes do Centro de Visitas da Churchill’s, e admirar as vistas do centro histórico do Porto, saboreando o refrescante Churchill’s White Port + Tonic.
Durante todo o fim de semana, os cocktails de Churchill’s White Port + Tonic serão a 5€ e tábuas de enchidos e queijos tradicionais estarão disponíveis para compra.
“Na Churchill’s sempre nos orgulhámos muito do nosso Dry White Port e estamos empolgados em ver mais pessoas desfrutando desta bebida de Verão por excelência do Porto”, afirma Zoe Graham, filha do fundador da Churchill’s, John Graham, e directora de marketing da empresa. “Este fim de semana é para desfrutar de um momento refrescante na Churchill’s, com vista para a nossa bela cidade divertir-se com família e amigos”.
O White Port Tonic Weekend coincide com a abertura do Churchill’s Garden – um oásis de relva verde e vistas deslumbrantes para o rio, no coração da antiga zona de comércio de Vila Nova da Gaia. O Jardim da Churchill’s oferece uma experiência única em Gaia, um espaço para desfrutar dos portos da Churchill’s e dos vinhos do Douro ao ritmo dos visitantes, sentado numa manta de piquenique, nos terraços de relva ou em mesas de piquenique rústicas no pátio. O Churchill’s Garden oferece bebidas, petiscos e degustações de vinho até ao final de Setembro.
Salvar o vinho e, já agora, o Planeta! – versão completa
Foram dois dias intensos, no passado mês de Março. O evento Climate Change Leadership, que começou com a conferência Solutions for the Wine Industry e culminou com o Porto Summit, e com a comunicação de Al Gore, deu um banho de realidade ao sector e expôs importantes e urgentes soluções de combate às alterações climáticas. […]
Foram dois dias intensos, no passado mês de Março. O evento Climate Change Leadership, que começou com a conferência Solutions for the Wine Industry e culminou com o Porto Summit, e com a comunicação de Al Gore, deu um banho de realidade ao sector e expôs importantes e urgentes soluções de combate às alterações climáticas. Esta é a versão completa da reportagem do evento.
TEXTO Mariana Lopes • FOTOS cortesia da organização
Na cerimónia de abertura, o anfitrião Adrian Bridge foi claro nas palavras: “Quando me pediram para patrocinar este evento, eu disse que só o faria se não nos focássemos no problema das alterações climáticas, mas sim nas soluções”. E assim aconteceu. O evento organizado pela Taylor’s, de 5 a 7 de Março, teve cerca de 50 oradores de peso provenientes de 38 países, de especialistas nas questões ambientais a produtores de vinho e gestores de negócios com práticas sustentáveis, investigadores e activistas. Todos eles com um objectivo em comum, a busca constante pela reversão dos efeitos da acção imprudente do Homem no planeta. Consequentemente, a indústria do vinho sofreu bastante e ainda sofre com estes problemas, ao ponto de não ser certa a sobrevivência de algumas reconhecidas regiões, vitivinícolas e não só, do mundo. Conseguiremos nós imaginar um Douro sem vinhas? Ou uma Índia inabitável durante o Verão? Apesar de caricatos, estes são dois cenários possíveis, até prováveis se nada ou pouco for feito, ainda neste século. As alterações climáticas não são apenas uma teoria, mas uma realidade com factos irrefutáveis que a sustentam. Já não é tempo de aceitar esses factos, esse tempo era ontem. Hoje é o tempo de consolidar as práticas e de aprender mais e mais com o exemplo do vizinho que está um passo à frente. E muito se aprendeu no Climate Change Leadership. “Fico feliz por ver que muitas empresas estão já a tomar medidas”, afirmou Adrian Bridge, “a indústria do vinho deverá ter uma posição de liderança, pois é um negócio onde se pensa muito nas gerações futuras”. Aqui ficam os momentos-chave do evento.
Sessão 1: Respostas de empresas de vinho às alterações climáticas
A conferência começou em grande com Miguel Torres a tomar o púlpito. O presidente da espanhola Torres foi irrepreensível na sua comunicação, começando por apresentar uma ilustração onde se vê a evolução do estado da Terra, desde o período Pleistoceno (entre 2,588 milhões e 11,7 mil anos atrás), com menos 5 graus de temperatura média, até ao século XXII, com mais cinco graus de temperatura média. Na imagem, via-se a quantidade de gelo, área desértica, área de bosque, oceano com vida e oceano desértico. A diferença é abismal e, com mais cinco graus, é esperada quase uma quantidade nula de gelo na Terra e uma grande parte desertificada, tanto em terra como no oceano. A ilustração sobre o estado actual é o que mais impressiona: já estamos a meio caminho deste último cenário, e a velocidade a que isto ocorre é exponencial. Em 20 mil anos, a temperatura média aumentou em seis graus celsius mas, nos últimos 50 anos, subiu um grau em Portugal e bem mais na região Árctica. No que toca às emissões de Dióxido de Carbono, estas cresceram muito desde 1990 até 2012.
Posto isto, Torres esclareceu que a assimilação deste gás é muito maior no oceano do que na atmosfera, pois o CO2 dá-se melhor em temperaturas mais baixas. Depois, outros slides se seguiram com respostas à pergunta “porque é que as temperaturas mudam?”, com a criação de gado em confinamento a representar uma das grandes causas, principalmente o bovino, devido à pegada carbónica da indústria e à quantidade de água que gasta. Miguel Torres destacou também a acção Torres&Earth, implementada em 2007 pela sua empresa, que aplicou quase 16 milhões de euros na investigação, investimento em energias renováveis e optimização das terras. Algumas das suas medidas incluem a preservação das espécies autóctones, reflorestação, recolha e tratamento de águas pluviais e da montanha, recuperação de variedades de uva ancestrais, redução do consumo eléctrico, substituição da frota a diesel por soluções híbridas, plantação de vinhas em altitude e adaptação das adegas para modelos auto-sustentáveis. Tudo isto teve já um impacto directo nas emissões de CO2, que diminuíram 26,8% por garrafa, sendo o objectivo chegar aos 30% em 2020. E aqui coloca-se uma questão fracturante: qual é o papel da agricultura orgânica? Embora tenha valores e características bastante positivas, o efeito não é linear, como demonstrou Miguel num quadro comparativo, ao qual chamou “O Paradoxo da Viticultura Orgânica”. Os dados da CIRCE – Centro de Investigação de Fontes e Consumo de Energia, revelam que as emissões de CO2 são mais elevadas no método orgânico do que no tradicional, com uma média de 1020 quilogramas emitidos por ano pelo primeiro e 770 pelo segundo. Estas conclusões não surpreendem visto que, com menos tratamentos tradicionais, as idas à vinha são bastante mais frequentes, e isso implica mais combustível para maquinaria, mais fertilizantes e respectivo transporte, mais fitossanitários (como o sulfato de cobre, que permanece no solo durante muitos anos), entre outros. “Vamos fazer do vinho um símbolo da mitigação das alterações climáticas, “descarbonizando” as empresas”, foi o desafio lançado por Miguel Torres a todos os presentes.
Seguiu-se Cristina Mariani-May, CEO da Banfi, empresa produtora de vinho em Itália e nos EUA, que apelou à protecção da terra e dos recursos, falando do que a sua família tem feito em Montalcino: dos 2830 hectares, 850 são de vinha e os restantes de floresta e outras culturas que a empresa protege de modo a que se assegure a biodiversidade da região. “A Banfi está muito empenhada na pesquisa e no estudo das variedades e dos clones” afirmou Cristina, revelando que por eles foram já editados vários livros sobre a investigação feita “em casa”, para que outros possam seguir o exemplo.
Já Margareth Henriquez, presidente da Moët Hennessy Estate & Wines e da The House of Krug, contou que nas suas propriedades alteraram todo o sistema de irrigação, cortando em 50% a utilização de água. Para conseguir a proeza, estas empresas mudaram a orientação das vinhas, uma medida que, em vez de corrigir, previne. Estas e outras acções sustentáveis, como a adopção de packaging mais consciente, valeram ao grupo a distinção Butterfly Mark.
Sessão 2: Respostas da vinha pelo mundo fora
Aqui foi a vez de Kimberly Nicholas, investigadora americana, partilhar a sua “Visão para uma indústria de vinho compatível com mais 1,5ºC até 2035”. Kimberly reforçou que tem de haver uma estratégia de adaptação ao clima, partindo do pressuposto que mais de 80% da produção mundial de vinho usa menos de 1% da diversidade de uvas disponível. “É necessário usar mais a diversidade para aumentar a resiliência”, afirmou, revelando que apenas doze variedades constituem a maior parte do vinho produzido em todo o mundo, sendo estas Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Merlot, Pinot Noir, Syrah, Sauvignon Blanc, Riesling, Moscatel de Alexandria, Gewurztraminer,
Viognier, Pinot Blanc, e Pinot Gris. O que Kimberly pretendeu transmitir foi que há todo um leque de castas diferentes, pelo mundo, com maior capacidade adaptativa a temperaturas mais altas e a grandes oscilações, numa lógica em que distintos períodos de maturação são compatíveis com condições meteorológicas específicas. As variedades autóctones, algumas até caídas em desuso, podem ser a resposta na respectiva região.
A investigadora revelou, também, as quatro principais causas globais de poluição, começando nos veículos motorizados, passando pela energia do lar, o consumo secundário e acabando na mais poluidora, as viagens aéreas. Para estes problemas há soluções que, segundo Kimberly, passam por usar transportes alternativos ao combustível e o carro eléctrico, as energias renováveis nas casas, uma dieta mais “verde” e “voar muito menos”. Quanto a esta última parte, Nicholas sugeriu, às empresas de vinho, a substituição do transporte comercial aéreo pela via marítima e ferroviária, com níveis menores de combustível fóssil.
Também António Graça, director de investigação da Sogrape, teve lugar nesta sessão, tocando num ponto fulcral: com as alterações climáticas, vêm acontecimentos que ameaçam a definição de terroir, principalmente no que toca a identidade. Tal como Kimberly, sublinhou que “é preciso definir as áreas, no mundo, com condições ideais para produzir cada casta”. Para encarar o desafio climatérico, António Graça revelou que o principal aliado é a vinha, se houver um bom estudo dos genótipos e da sua integração resiliente nos diferentes terroirs. Quanto ao que a Sogrape tem implementado nas últimas duas décadas, o investigador referiu uma agricultura livre de herbicidas, aproveitamento da água pluvial (68% da água usada no grupo), a produção integrada e certificada e a monitorização dos efeitos de fenómenos como a seca na qualidade das uvas. “Tem de ser um esforço colectivo, não só porque quem fica sozinho desaparece, mas também porque puxa os outros para baixo”, concluiu.
A fechar a segunda sessão, o chileno Gerard Casaubon, director de investigação da Concha Y Toro, apresentou os números milionários do plano estratégico da empresa até 2020: cinco milhões de dólares de investimento, metade desses com destino à investigação e desenvolvimento. Números grandes, que se adequam aos mais de 10 mil hectares que a Concha Y Toro tem no Chile. Mas o destaque da exposição de Casaubon vai para a plataforma digital criada pelo grupo: um local online com previsão dos acontecimentos climáticos naquele país, por região/área. A plataforma é muito útil, pois está ao dispor de todas as empresas que a queiram usar, ajudando-as a decidir, por exemplo, onde adquirir/plantar a próxima vinha.
Sessão 3: Expectativas do consumidor e marketing sensível
Este momento teve um formato diferente, uma conversa aberta e apelativa entre Paul Willgloss, director de Food Technology da retalhista Marks & Spencer, e António Amorim, presidente da corticeira Amorim. Moderada pelo co-fundador da Wine Intelligence, Richard Halstead, e num estilo mais informal, baseou-se a adaptação das marcas às novas exigências de produção ambientalmente sustentáveis, e o modo como essas adaptações são percebidas e assimiladas pelo consumidor. “As regras do consumo de plástico também se aplicam às rolhas de plástico nos vinhos!”, afirmou António Amorim, antes de dizer que, em 10 anos, a Amorim reciclou mais de 500 milhões de rolhas e plantou cerca de 800 mil árvores. Um ponto importante tocado por Paul Willgloss foi a comum assumpção de que se perde muito dinheiro com as medidas sustentáveis: “A ideia de que se tem de pagar um preço mais alto por aquilo que é sustentável, não faz sentido nenhum. Não podemos transformar a sustentabilidade em nicho, é preciso saber fazer as coisas.”, disse. O exemplo que deu foi irrefutável, contando que, nas suas lojas, o saco reutilizável custa cinco libras, o que é um preço alto para um simples saco, mas o consumidor, com essas cinco libras, está também a comprar um serviço ilimitado: a substituição gratuita desse mesmo saco, sempre que achar pertinente, sendo o antigo reconvertido. Este modelo gera lucro e ajuda o ambiente, em simultâneo. “A sustentabilidade não é inimiga da rentabilidade”, concordou António Amorim. Depois, falou da importância dos millennials (pessoas nascidas entre o início da década de 80 e o início dos 2000), referindo que “estão sedentos de informação e querem saber sobre vinho, consumi-lo cada vez mais, e trazem uma atitude mais sustentável porque já nasceram num mundo onde esta conversa já estava a ser tida. Os millennials querem associar-se a marcas com melhores valores e isso não deve ser ignorado”. E fez a ponte para o vinho orgânico: “Não se pode ter um vinho orgânico com uma cápsula de plástico ou um ‘plastic stopper’! Há-que ser transparente e não ser biológico só porque é uma moda”. Paul Willgloss concluiu, advertindo que os retalhistas têm a missão de tornar tudo isto interessante para o consumidor, de inspirar e de o ajudar a fazer melhores escolhas.
Sessão 4: Adegas do futuro
Aqui, o exclusivo foi de Roger Boulton, cientista e professor de Enologia e Engenharia Química na Universidade da Califórnia Davis, que apresentou uma tese sobre adegas “carbono zero”. Boulton trouxe o exemplo do projeto da sua nova adega auto-sustentável LEED Platinum para mostrar como o design destas novas adegas é importante para melhorar a eficiência energética do processo de produção. Para o cientista americano, a indústria vitivinícola deve caminhar a passos largos para um modelo de emissões negativas de carbono, focando a sua investigação no aperfeiçoamento da rede energética, da rede de água e da captura e armazenamento de CO2. Algumas medidas concretas, defendidas neste último tópico, são o apoio a esquemas de comércio internacional de carbono, a projectos de investigação, à escala mundial, focados na captação de CO2 por via da fermentação, bem como a reportação dos números das emissões a um programa internacional fiável de medição dos poluentes da fermentação, como a Carbon Trust ou a Global Reporting Initiative.
Sessão 5: Desenvolvimentos da vinha
Na quinta sessão, falaram Alejandro Fuentes Espinoza, Gilles Descôtes e José Vouillamoz, que se focaram nas abordagens, a médio e longo prazo, que optimizam a prática agrícola nas vinhas: porta-enxertos, mitigação de pragas e doenças, selecção de variedades de uva e de planta, entre outras. O destaque vai para Descôtes, da casa francesa Bollinger, que declarou usar zero herbicidas desde 2016, recorrendo apenas a fertilizante orgânico e a métodos naturais como o da confusão sexual. Analisou, também, a relação entre o aumento médio da temperatura em 1,2 graus, entre 1961 e 2017, com a antecipação média das colheitas em 18 dias, um fenómeno que afecta muitos produtores. Chamou, ainda, atenção para a necessidade de optimização dos solos e da recuperação de técnicas antigas de cultivo menos impactantes no meio ambiente.
Sessão 6: Relatório da ADVICLIM
O ADVICLIM é um projecto europeu para o desenvolvimento de estratégias de adaptação e mitigação das alterações climáticas, de aplicação nas vinhas. A sua missão é ajudar os produtores na prossecução de práticas sustentáveis, desde a medição dos seus impactos à simulação de diferentes cenários de cultivo. Carlos Miranda, Chriss Foss e Jöel Rochard, três indivíduos associados ao projecto, vindos de entidades diferentes, contribuíram para a sessão. Este último, relevou que os estudos climáticos globais não são suficientes, terão de ser também feitos à escala local, para que se possa actuar com eficácia. Já Carlos Miranda sublinhou a importância das variedades de uva autóctones e da possibilidade de novas castas, bem como de novas localizações para as vinhas, tudo em prol da adaptabilidade. Deu o exemplo da plantação em altitude, para que se aproveite a frescura das cotas mais altas.
Sessão 7: Gestão de recursos hídricos
A questão da água e da irrigação das vinhas “daria outro almoço”, como se costuma dizer. Há quem defenda que não se deve regar de todo, e há quem diga que regar somente quando necessário não é a fonte do problema.
Linda Johnson-Bell, escritora e investigadora do Instituto do Vinho e das Alterações Climáticas de Oxford, foi peremptória neste assunto, dizendo que a agricultura de sequeiro deve ser assumida como paradigma mundial e que “se não formos nós a assumi-lo, a natureza fá-lo-á por nós”. Entre outros argumentos, afirmou que a irrigação provoca a salinização dos solos e aumenta os custos associados ao uso de água, revelando que 80% da produção vitivinícola global ainda é irrigada. Mais para a frente, Linda foi arrojada nas suas palavras, afirmando categoricamente que “a irrigação destrói o conceito de terroir”, “resulta em vinhos com elevado grau alcoólico” e que “os locais onde a vinha tem de ser regada não são aptos para a produção de vinho”. Se a coisa é assim tão linear? Temos dúvidas. Se se deve reduzir ao máximo a utilização de água e regar apenas com a quantidade mínima necessária, em regime deficitário, e somente enquanto e onde a vinha pedir? Absolutamente. Claro que a gestão da rega de uma vinha não dispensa o conhecimento e estudo profundo do balanço hídrico do terroir em questão, para que a eficiência seja escrutinada ao máximo.
Já André Roux foi mais ponderado do que Linda, discursando na qualidade de director de Sustentabilidade no Departamento de Agricultura da região de Western Cape, e coordenador do projecto FruitLook. Assente numa tecnologia de satélite, o FruitLook permite uma monitorização semanal do crescimento das culturas, do uso real de água nas plantações e a sua eficiência. Entre 2011 e 2016, o FruitLook passou de 4.300 para 21.554 hectares de área abrangida e permitiu poupar entre 10% a 30% de água aos produtores que utilizaram esta tecnologia pioneira.
Sessão 8: Questões energéticas
Dois grandes produtores mundiais de cariz familiar, Gramona e Jackson Family Wines, expuseram o seu compromisso ambiental e as iniciativas tomadas por cada um. Jaume Gramona, CEO da empresa desde 1995, colocou ênfase na arquitectura bioclimática e no seu novo conceito de cobertura de adega, captadora de energia. Referiu ainda a utilização de energia geotérmica, que permite climatizar as adegas com a temperatura do sub-solo; o fabrico próprio de um composto natural para fertilização; instalação de painéis fotovoltaicos responsáveis por 15,9% do consumo energético da empresa; entre outros. Isto gera uma dependência em 59% de energias renováveis, que se reflecte numa poupança de 41% no consumo energético.
Katie Jackson trouxe a máxima que rege a filosofia da empresa e do pai, o fundador: “Tomem conta da terra e a terra tomará conta de nós”. A JFW tem vinhas na Califórnia, em Itália, França, África do Sul e Austrália, sabendo bem o que significa lidar com períodos prolongados de seca extrema. Desde 2008 que a Jackson já diminuiu o consumo de água em 41%, e já ultrapassou a sua meta para 2020 de emissão de gases de efeito de estufa, estando já numa redução de 33%.
Reforçando, como referiu Katie, que “Medidas de sustentabilidade ambiental nem sempre se traduzem num aumento dos custos para as empresas”, a JFW já poupou mais de um milhão de dólares depois de implementar vários modelos de redução de CO2, como o do uso de garrafas mais leves, a remoção de resíduos de aterro, a intensificação do uso de energias renováveis, e o aproveitamento dos seus 60% de terra disponíveis para plantar outras espécies autóctones.
Sessão 9: Sustentabilidade, biodiversidade e gestão de solos
O moderador desta sessão, João Barroso, faz parte de um projecto muito especial: o primeiro programa de sustentabilidade de uma região portuguesa, o Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo. Desde que foi implementado, em 2015, este projecto viu aumentar o número de associados de 94 para 326, representando 46% da área dos vinhos do Alentejo e 60% do volume de produção. Impulsionado pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, o PSVA tem como principais objectivos a monitorização do consumo de água, utilização de embalagens, rótulos e outros produtos certificados pelo FSC, monitorização do consumo energético, instalação de caixas-ninho ou poleiros para aves de rapina e morcegos, criação de um grupo dedicado a desenvolver e ajudar a implementação de práticas sustentáveis, prevenção de erosão dos solos, uso de compostos naturais como fertilizantes e a formação profissional. Também premeia os produtores exemplares nestes campos, com selos do programa. Em www.sustentabilidade.vinhosdoalentejo.pt, é possível encontrar toda a informação.
Gérard Bertrand, CEO da Gérard Bertrand Wines, confessou que a prática biodinâmica mudou a sua vida porque “porque não só eliminámos o uso de produtos químicos, como isso se traduziu na qualidade dos nossos vinhos e no reforço da mensagem de preservação da biodiversidade que queremos passar”. O produtor, que tem 200 hectares, neste sistema, no sul de França, expressou ainda uma indignação pertinente: “Temos registadas 7000 variedades de uva e o consumidor conhece menos de dez. Há que despertar a consciência do público e sensibilizá-lo para esta diversidade”.
A chilena Olga Barbosa, fundadora da Wine Climate Change, fez uma muito boa apresentação sobre biodiversidade, baseada na ideia de que a solução não está em mudar as vinhas, mas sim em conservar a natureza circundante, que confere protecção aos vinhedos. Partindo do princípio de que a consciencialização e transferência de conhecimento é essencial, criou uma iniciativa muito engraçada: junto dos produtores, fazem exercícios nos quais se colocam no ponto de vista de cada espécie presente nas respectivas propriedades. Segundo Olga, “isso cria perspectiva junto das equipas de trabalhadores e faz com que compreendam porque fazemos o que fazemos”.
O cientista sul-africano Heinrich Schloms alertou para o facto de a região de Western Cape estar a ser atingida por secas recordes nos últimos anos. “Estamos a começar a ficar sem água”, advertiu. “Escolher o local e a exposição correcta para plantar a vinha pode ser a decisão mais importante de todo o processo. Aspectos como a altitude, a inclinação, a radiação solar, a curvatura da vinha, a duração dos dias, distância em relação aos cursos de água têm de ser considerados nessa escolha”.
Sessão 10: Packaging e transporte
Voltando ao produto nacional, Tiago Moreira da Silva apresentou, em nome da BA Vidros, os benefícios dos suportes em vidro. “Os recipientes de vidro são feitos somente a partir de três matérias diferentes: areia, calcário e carbonato de sódio. É um elemento 100% reciclável e que pode ser usado na produção de novas garrafas sem qualquer desperdício”, demonstrou. Na verdade, 74% do vidro é reciclado na União Europeia. A BA tem, também, metas para 2030, como aumentar a dependência de energias renováveis pelo menos em 70% e reduzir a utilização de água em 75%.
Depois, Pierre Corvisier, director de New Services da JF Hillebrand Group, empresa líder global na distribuição e transporte de bebidas, apontou o transporte marítimo como o mais eficiente e sustentável, libertando apenas 3% dos gases de efeito de estufa. Em contrapartida, o terrestre e o aéreo são muito mais poluentes.
Vicente Sanchez-Migallón, fundador e director técnico da World Bulk Wine Exhibiton, sublinhou as vantagens no transporte de vinho a granel, exemplificando que “Enquanto o armazenamento de garrafas por contentor se situa entre 12 a 13 mil exemplares, um flexitank (contentor específico de armazenamento de líquidos) pode transportar o equivalente a 32 mil garrafas sem necessidade de aumentar o espaço de armazenamento”.
Estes números mostram que por cada viagem é possível transportar mais litros de vinho a granel do que vinho engarrafado e que isso representa uma considerável vantagem climática, de redução de custos e eficiência logística, originando uma redução da pegada de carbono de 40%.
A directora executiva do Food Packaging Forum, Jane Muncke, fez uma apresentação convincente sobre os perigos do plástico nos pacotes de comida e a contaminação cruzada. Que o plástico polui, mata espécies animais e intoxica o oceano, já sabemos, mas pouca é a importância que damos à contaminação dos alimentos por esse material e respectivos compostos químicos. Jane advertiu: “Para além de muitas partículas tóxicas migrarem para a comida, é real o risco que representa o plástico conseguir absorver propriedades tóxicas do meio exterior. Ao mesmo tempo que os nutrientes da comida e das bebidas são absorvidos pelo plástico, há uma constante migração de elementos do exterior para a embalagem e, consequentemente, para os alimentos. O risco aumenta com a exposição do plástico a temperaturas elevadas, com períodos longos de retenção em embalagem, com o tamanho da embalagem e com o tipo de alimentos que elas contêm”. Um exemplo do dia a dia é o aquecimento de comida em “tupperwares” plásticos no microondas. Assim, defendeu que o plástico não é viável como embalagem e alertou para o facto de a reciclagem não ser solução, pois muitos desses plásticos, precisamente por causa dessas partículas, não podem ser reciclados. A solução é evitar o seu uso.
Sessão 11: Eficiência e economia – apelo à acção
“Para o infinito e mais além”, foi a referência à personagem do filme Toy Story, Buzz Lightyear, que Mike Veseth usou para chamar a atenção do público. “O sector do vinho parece compreender que algo tem de ser feito, mas isso não basta”, afirmou o moderador da sessão, “temos de ir mais além”.
A relação entre a sustentabilidade e os lucros da actividade económica representa um desafio para as empresas e é aqui que Stephen Rannekleiv entra, a representar o banco holandês Rabobank. Esta instituição foca-se em “ajudar a gerar e promover oportunidades valiosas para os clientes e para a indústria”, em projectos de cariz sustentável. Ajudam, portanto, negócios inovadores, e nascidos da emergência ambiental, a chegar ao mercado.
Também Robert Swaak, da PwC, demonstrou como as alterações climáticas impactam a indústria do vinho, economicamente e não só: “As projecções climáticas para Portugal incluem um cada vez maior aquecimento e seca durante o período de desenvolvimento das uvas, resultando em modificações na fenologia, crescimento, características do vinho e tipologia; o sector do vinho terá de avaliar os potenciais efeitos da seca e fazer planos de contingência; a aptidão de certas regiões vitivinícolas pode desaparecer; e os custos de mão de obra para a vinha podem aumentar, pois com as condições adversas de trabalho nos vinhedos causará escassez desse recurso”. Na verdade, este é já um problema em várias regiões portuguesas.
Antes do início do Porto Summit, Adrian Bridge prestou algumas declarações, confessando a excedência das suas expectativas. “O mais importante foi termos tomado conhecimento da quantidade impressionante de trabalhos que já estão a ser feitos na indústria do vinho, trabalho esse que temos de continuar a desenvolver e fazer chegar aos nossos consumidores”, disse.
Porto Summit 2019
“Quando as gerações futuras perguntarem o que é que fizemos para ajudar a combater o clima, vamos ser capazes de olhá-las nos olhos e dizer que não ficámos de braços cruzados e que fizemos a nossa parte para assegurar o futuro deste planeta”, introduziu o administrador da Taylor’s.
O Porto Summit 2019 começou com uma comunicação capaz de deixar os presentes com lágrimas nos olhos. Afroz Shah, jovem advogado indiano e Champion of the Earth 2016 pela ONU, demonstrou o seu compromisso com o oceano. A Date with the Ocean, foi o nome da apresentação. Afroz revisitou, humildemente, o processo de limpeza da praia de Versova, em Bombaim, de onde retirou, com a ajuda de milhares de voluntários, mais de 5 milhões de toneladas de lixo do areal em 86 semanas, acção que se estende agora a muitas outras praias. Para mostrar o quão natural deveria ser esta preocupação com o meio ambiente, Shah perguntou à plateia “Quantos de vocês é que receberam prémios por limparem as vossas casas?” e frisou que o jogo de atribuição de culpas em que entrámos deixa-nos estagnados, repetindo, com pesar “It’s me, it’s me, it’s me”. “Ninguém quer viver num planeta que seja incompatível com a vida humana”, lembrou. Explicando a frase “a date with de ocean” (um encontro com o oceano), disse que “quando estamos num encontro com alguém, estamos no nosso melhor e por vezes juramos cuidar até que a morte nos separe”, contando que foi esse o laço que decidiu criar com o mar. Uma apresentação muito inspiradora.
A comunicação que se seguiu foi da primeira cadeia de fast food “climate positive”, a sueca Max Burgers. Kaj Törok, CRO da multinacional, inteirou a audiência, dizendo que em 2008 “percebemos que éramos parte do problema das alterações climáticas e assumimos que tínhamos que fazer parte da solução”. Num plano onde a pegada ecológica foi medida “desde a terra do agricultor até à mão dos consumidores”, foram implementadas medidas como a inclusão da informação da pegada de carbono em cada menu vendido, “para que os clientes pudessem basear as suas escolhas também nesses dados”, a utilização de embalagens 90% renováveis e o estabelecimento de metas concretas para inverter a pegada. Desta maneira, a Max Burgers gerou um saldo negativo para a sua pegada carbónica, que se fixou agora nos -110%, para a qual ajudou a plantação de 1,5 milhões de árvores em África. Kaj “vendeu”, ainda, o seu burguer (sem “ham”) mais ecológico nas emissões, o CrispyNoChicken, que não tem carne mas é um sucesso de vendas da cadeia, pelo seu “delicioso sabor”.
Ester Asin, da World Wide Fund for Nature (WWF), mostrou factos impossíveis de ignorar: “Os últimos cinco anos foram os anos mais quentes do planeta, sendo que onze dos anos que apresentaram recordes de temperatura ocorreram desde 2001!”.
Numa entrada divertida, em que se via, num vídeo, João Matos Fernandes a entrar na conferência num carro eléctrico e automatizado, o Ministro do Ambiente português fez uma análise do papel de Portugal na vanguarda da economia verde. Sociedade descarbonizada, valorização do território e promoção de uma economia circular foram os pilares que salientou para concretizar um plano ambicioso em termos energéticos. O ano de 2050 será aquele em que o país quer assumir o compromisso de zero carbono, dependendo em 80% de energia limpa (solar e eólica). O sector dos transportes, da agricultura, da construção e a mudança de hábitos alimentares estão na base desta transição ecológica e sustentável.
O momento mais aguardado, por muitos, do evento, chegou a encerrar o ciclo de conferências. Era Al Gore, o político ecologista norte-americano mais famoso do globo. Vice-presidente dos EUA, entre 93 e 2001, e senador do Tennessee de 85 a 93, Al Gore começou por lançar um alerta, “Estamos perante uma emergência global”. Sem piedade, acusou os combustíveis fósseis de serem “de longe” a maior fonte de poluição humana. As explicações pareceram óbvias: “Quando quadruplicamos a população da Terra e equipamos essa quantidade de gente com tecnologia poderosa, é óbvio que a relação do ser humano com o ecossistema irá mudar” e “Durante 150 anos, assumimos que os sistemas naturais da terra tinham uma capacidade de renovação sem limites. Falso!” e gritou esta última palavra. Não há dúvidas de que o Prémio Nobel da Paz 2007 tem o dom da palavra e, ao longo da sua vida, escolheu utilizá-lo para sensibilizar o ser humano para os problemas ambientais. “Perdemos um campo de futebol de árvores a cada minuto”, e aos poucos foi deixando todos de boa aberta, exaltando-se de quando em quando. Foi ele que deu a verdade mais dolorosa para o sector do vinho, afirmando que “Continuando assim, algumas regiões de vinho do mundo podem deixar de o ser, ainda a meio do século, como o Douro, por exemplo”. Uma realidade difícil de imaginar. Muito mais foi dito e demonstrado em relação aos efeitos adversos da acção do homem no Planeta, mas Al Gore, vegan há oito anos, mudou o tom do discurso antes de terminar, confessando achar que ainda há esperança e que essa passa, em grande parte, pela aposta em energias renováveis. “A liderança assumida em Portugal é um exemplo para todo o mundo”, referindo-se, por exemplo, ao facto de Portugal ser o terceiro país da EU que mais usa energia renovável, apenas atrás da Suécia e da Áustria. A produção de energia eléctrica renovável do país ultrapassou, pela primeira vez em Março do ano passado, as necessidades de consumo. Falando do The Porto Protocol, o compromisso criado por Adrian Bridge e assinado por várias empresas que as vincula aos princípios e medidas estabelecidas nestas conferências, Al Gore brincou, antes de terminar, e disse ser uma plataforma liderada por “um louco instável” que “fornece ferramentas extraordinárias para uma cooperação internacional séria, informada e comprometida com as gerações futuras”.
E se o leitor não tiver uma empresa onde aplicar todas estas resoluções e estiver aqui simplesmente porque gosta de um bom copo de vinho e de boas leituras, faça o que estiver ao alcance, reduza o consumo de plástico e de água, recicle, reutilize, plante uma árvore, conheça o que come, vá a pé… repita. Repita. E repita. O futuro do Planeta depende disso.
Quinta do Noval declara dois Vintage 2017
O Quinta do Noval Vintage 2017 e o Quinta do Noval Nacional Vintage 2017 acabam de ser anunciados pela Noval e pelo seu director-geral, Christian Seely, num comunicado de imprensa: “Estou muito satisfeito por poder anunciar a declaração do Quinta do Noval Vintage 2017 e do Quinta do Noval Nacional Vintage 2017. Considero que estes […]
O Quinta do Noval Vintage 2017 e o Quinta do Noval Nacional Vintage 2017 acabam de ser anunciados pela Noval e pelo seu director-geral, Christian Seely, num comunicado de imprensa:
“Estou muito satisfeito por poder anunciar a declaração do Quinta do Noval Vintage 2017 e do Quinta do Noval Nacional Vintage 2017.
Considero que estes vinhos fazem parte dos melhores que fizemos desde que cheguei à Noval. A decisão de declarar foi simples: Como se sabe, na Quinta do Noval não hesitamos em fazer pequenas declarações de Porto Vintage, mesmo em anos em que não há declaração geral, desde que a qualidade seja excelente. Mas 2017 é, claramente, um ano excepcional e penso que ficará para a história como uma das grandes declarações de Porto Vintage da Quinta do Noval.
O ciclo vegetativo foi seco e quente durante a Primavera e o Verão, com níveis de precipitação historicamente baixos e vagas de calor prolongadas, especialmente em Junho. O rendimento foi relativamente baixo e a maturação precoce, tendo a nossa vindima começado em Agosto e terminado antes do fim de Setembro.
Os vinhos caracterizam-se por uma maturação exuberante, muita intensidade aromática, fruta profunda e taninos fortes e aveludados. São Porto Vintage sedutores, que podem ser desfrutados agora, mas com imenso potencial de envelhecimento. Talvez dos melhores que alguma vez veremos”.
Inédito: Symington anuncia primeira declaração Vintage consecutiva
A família Symington acaba de anunciar o ano de 2017 como Porto Vintage, que assinala a primeira declaração geral de dois Vintage consecutivos na história da família, desde que Andrew James Symington chegou ao Porto em 1882. O anúncio — apenas a 6.ª declaração Vintage do século XXI — fecha um período de intenso debate […]
A família Symington acaba de anunciar o ano de 2017 como Porto Vintage, que assinala a primeira declaração geral de dois Vintage consecutivos na história da família, desde que Andrew James Symington chegou ao Porto em 1882. O anúncio — apenas a 6.ª declaração Vintage do século XXI — fecha um período de intenso debate dentro do sector sobre se 2017 justificaria uma plena declaração, uma vez que a qualidade do elogiado 2016 elevou muito a fasquia.
Este é um momento marcante na longa história da família e resulta de dois anos sucessivos muito diferentes, mas de elevadíssima qualidade para vinho do Porto. Os vinhos de 2017 foram produto de um ciclo da vinha adiantado que culminou na vindima mais precoce no percurso de 137 anos dos Symington. O comunicado de imprensa refere o facto de ter sido um ano bastante mais quente e seco do que o normal, dando origem a bagos compactos em excelentes condições, com produções entre as mais baixas deste século — 20% inferiores à média da última década. Apesar da vindima ter arrancado em Agosto, as maturações apresentaram-se muito equilibradas, o que originou vinhos caracterizados por grande intensidade, concentração e estrutura, conjugado com aromas e frescura elevados.
Estes Porto Vintage 2017, feitos com uvas das principais quintas durienses dos Symington, irão brevemente para o mercado em quantidades muito limitadas de Graham’s, Dow’s, Warre’s e Quinta do Vesúvio, além de Graham’s Stone Terraces e Capela da Quinta do Vesúvio (2017 será apenas a quarta edição destes dois últimos vinhos, produzidos unicamente “em anos verdadeiramente excepcionais”). Dadas as produções muito baixas, o Porto Vintage 2017 é, em quantidade, a mais “pequena” declaração Symington do século XXI, com os volumes en primeur cerca de um terço abaixo do 2016.
Charles Symington, enólogo principal da Symington Family Estates, mostrou-se impressionado com os vinhos de 2017: “Nos meus 25 anos como enólogo na nossa empresa familiar, nunca vi um ano como este. As produções foram muito baixas, mas a intensidade, concentração e estrutura foram de cortar a respiração. Produzimos vinhos muito bons”.
Já Johnny Symington, Chairman da Symington Family Estates, enalteceu os motivos que conduziram a esta decisão inédita: “Poucas regiões de vinhos do mundo restringem as produções de vinhos de topo com o mesmo grau de exigência que seguimos no Douro, e a decisão de declarar Portos Vintage em dois anos consecutivos não foi tomada de ânimo leve. Contudo, estes dois anos excepcionais produziram vinhos de qualidade tão elevada que tornou incontornável esta decisão histórica”.
Veja o vídeo da Declaração Symington:
A loja mais aromática da Rua do Almada
Os donos são espanhóis, os queijos — muito bem escolhidos, mais de 60 variedades — são de toda a Europa. A Queijaria do Almada trouxe outro perfume ao Porto. TEXTO Ricardo Felner A história da Queijaria do Almada é também a história recente do Porto. Dois estrangeiros apaixonaram-se pela cidade e decidiram lá viver. Mas […]
Os donos são espanhóis, os queijos — muito bem escolhidos, mais de 60 variedades — são de toda a Europa. A Queijaria do Almada trouxe outro perfume ao Porto.
TEXTO Ricardo Felner
A história da Queijaria do Almada é também a história recente do Porto. Dois estrangeiros apaixonaram-se pela cidade e decidiram lá viver. Mas não vieram de mãos a abanar: com eles trouxeram a sua cultura, os seus ofícios e os seus prazeres — no caso, alguns dos melhores — e de aromas mais intensos — queijos europeus.
Assim se explica que numa cidade até há pouco tempo gastronomicamente conservadora possamos, actualmente, comprar um Pecorino Moliterno Al Tartufo (44,95/kg), da Sardenha, ou um Comté (29,50€/kg), com 24 meses de cura, de Marcel Petit (de que são distribuidores em Portugal, como aliás de outras marcas) — mas também queijos de produtores pequenos portugueses e espanhóis.
Um dos donos já tinha uma loja montada na cidade de Lugo, na Galiza, e por isso este é o sítio ideal para conhecer o melhor de Espanha nesta matéria — que é muito. Sofia Moreira, que nos atende, sugere o queijo fumado da Campoveja (24,50€/kg), em Valladolid, de ovelha, mas também o Manchego 1605 (23€/kg), um queijo de leite de ovelha com sete meses de cura, de Herencia, na região de Castilla-La Mancha, o Cabuxa (21€/kg), um cabra excelente de Prestes, em Lugo, ou um Cabrales DOP asturiano (29,50€).
Outros clientes vão chegando e a todos se faz a pedagogia do que é diferente. É certo que há os nacionais de topo, dos Serra da Estrela aos Azeitão, do Nisa (Herdade da Maia) ao Terrincho, mas mesmo entre os portugueses aparecem queijos mais recentes. Entre eles está o já célebre Caprino de Odemira, bem como um cabra com cura de 10 meses da Granja dos Moinhos e outro óptimo cabra curado com vinho Alvarinho e pimentão, da Prados de Melgaço, um produtor que trata como ninguém os seus animais: “As cabras dele ouvem música clássica e são massajadas”, diz Sofia Moreira.
Em alternativa aos queijos, a Queijaria do Almada também vende manteiga francesa da marca Échiré ou a açoriana Rainha do Pico, bem como doces da Quinta do Freixo.
O espaço, muito bonito, com prateleiras de enormes queijos São Jorge à entrada, fica na lindíssima Rua do Almada, ao lado da Avenida dos Aliados, hoje cheia de lojas de comidas e outros lazeres.[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_gallery type=”image_grid” images=”34584,34585,34586″ layout=”3″ gallery_style=”1″ load_in_animation=”none”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#ddc1c3″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Queijaria do Almada
Rua do Almada, 348, Porto. 22 208 0453. Seg-Sáb 10.00 – 19-00.