Uma pequena revolução na viticultura portuguesa

Imagine um estudo que levou 40 anos a ser publicado e implicou a ajuda de centenas de participantes. Imagine que este estudo tem uma metodologia que é quase revolucionária, nas suas validações científicas. Imagine que os resultados estão aí e que são pioneiros a nível mundial. Não estamos a falar da NASA, do MIT ou […]

Imagine um estudo que levou 40 anos a ser publicado e implicou a ajuda de centenas de participantes. Imagine que este estudo tem uma metodologia que é quase revolucionária, nas suas validações científicas. Imagine que os resultados estão aí e que são pioneiros a nível mundial. Não estamos a falar da NASA, do MIT ou de qualquer prémio Nobel. Estamos a falar de investigadores portugueses, de participantes portugueses e de um estudo que foi imaginado, produzido e realizado por portugueses. O estudo chama-se “Catálogo de clones seleccionados 2018” e foi editado pela PORVID, a Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira. E, diga-se de passagem, passou quase despercebido ao longo dos tempos. Das únicas excepções que conhecemos foram da equipa editorial que hoje faz a revista Grandes Escolhas e este site: esta equipa atribuiu, em 2001, o prémio de Viticultura do Ano a Antero Martins (coordenador deste estudo) e a PORVID recebeu esse mesmo prémio em 2009.
Resumindo muito, este estudo consegue indicar como se comportam no terreno 24 castas portuguesas e sete clones de cada uma. O nível de detalhe é inédito, porque tudo se passou em volta da ‘selecção massal’, ou seja, do estudo de microvinificações das uvas de cada clone, em vários sítios de Portugal ao mesmo tempo. Falamos de milhares de variáveis condensadas e consolidadas, com métodos científicos (e muita matemática envolvida) num só ficheiro. E, por tudo isso, de extrema valia para toda a viticultura portuguesa. Em termos mais práticos, hoje torna-se muito mais fácil para qualquer viticultor escolher as castas que vai plantar nos seus terrenos mas, sobretudo, os respectivos clone(s), aqueles que melhor se adaptarão ao seu clima e aos fins a que se propõe, isto é, os clones adaptados aos vinhos que quer fazer ou ao tipo de uvas que vai vender a produtores de vinho.
O tema é de grande complexidade e por isso a Grandes Escolhas vai publicar um artigo mais extenso sobre este estudo na edição de Junho. Até lá, as opiniões que consultámos por todo o país são unânimes: este trabalho é fantástico e, apesar de as suas conclusões já estarem a ser levadas à prática há algum tempo, vai tornar-se num manual de consulta obrigatória para todos os envolvidos em vinha e vinho, em Portugal e nos países onde se plantam castas portuguesas. Melhor ainda: esta informação é grátis: se quiser ter acesso ao estudo, basta puxá-lo do link seguinte: Catálogo de clones seleccionados 2018
(AF)