De Valpaços a Vidago

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Para além das serras do Marão e do Alvão, a Norte do rio Douro, no extremo Nordeste de Portugal, encontra-se a região de Trás-os-Montes. É lá que encontramos dois produtores, Valle de Passos e Quinta de Arcossó, […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Para além das serras do Marão e do Alvão, a Norte do rio Douro, no extremo Nordeste de Portugal, encontra-se a região de Trás-os-Montes. É lá que encontramos dois produtores, Valle de Passos e Quinta de Arcossó, autênticos “must-drink” à espera de ser descobertos.

TEXTO Mariana Lopes
FOTOS Anabela Trindade
NOTAS DE PROVA Mariana Lopes e Luís Lopes

Apesar do relativo “low profile” dos vinhos transmontanos, aqui a tradição vitivinícola é secular. Esta região sempre produziu vinho para consumo local, acima de tudo pela dificuldade de acessos, tendo sido um pouco esquecida quando da industrialização de outras zonas do país. Hoje, com as melhorias consideráveis em todos esses parâmetros, Trás-os-Montes é a origem de vinhos de grande qualidade, que percorrem Portugal e são exportados para todo o Mundo. Segundo os últimos dados (2017) do Instituto da Vinha e do Vinho, actualmente, a área total de vinha ronda os 14.500 hectares, e a produção de vinho, do ano 2017/2018, foi de 85.430 hectolitros. Deste número, 14.082hl foram D.O. Trás-os-Montes e 6.218hl Regional Transmontano.
De solos maioritariamente graníticos, com manchas ocasionais de xisto, esta região é dividida em três sub-regiões: Chaves, Valpaços e Planalto Mirandês. A sua área é de grande extensão mas, não obstante o cultivo da vinha ser muito antigo, esta não era, nem é, a principal actividade agrícola, o que faz com que a predominância nos campos seja de outro tipo de cultivos, como os cereais, a oliveira ou o castanheiro, também com grande peso da criação de gado. O clima é continental, ou seja, seco, com Verões muito quentes e Invernos rigorosos, dotado de grandes amplitudes térmicas. Embora estas características se apliquem em todas as sub-regiões, cada uma delas tem a sua própria especificidade e os microclimas são evidentes. A sub-região de Chaves toca em Espanha no limite Norte de Portugal. É a mais húmida das três e também a mais chuvosa, conhecida pelas águas termais, indo dos 350 aos 400 metros de altitude. Ali, as vinhas desfilam pelas encostas de vales de pequena dimensão, que culminam no rio Tâmega. Já Valpaços localiza-se no coração da comummente chamada Terra Quente. Aqui, os solos apresentam bastantes manchas de xisto, com várias zonas de transição, e a altitude vai desde os 450 aos 650 metros. É onde faz mais calor, no Verão, e onde os valores de humidade, assim como de pluviosidade, são relativamente baixos. No Planalto Mirandês, a conversa é outra: o rio Douro tem grande influência na vinha. Os solos são mais xistosos, localizados dos 350 aos 600 metros, e as suas vinhas sentem amplitudes térmicas muito grandes e valores de humidade muito baixos, com a particularidade de existir grande incidência de vento. Estas características são, inquestionavelmente, favoráveis à inibição de certas doenças e à prática de agricultura biológica.
As castas mais presentes em Trás-os-Montes, apesar serem quase todas comuns à vizinha região do Douro, têm as suas próprias idiossincrasias, sobretudo por estas particularidades edafoclimáticas. Assim, os vinhos são eles próprios únicos e raçudos, frescos, os tintos vegetais e frutados, com taninos marcados nos primeiros anos, sublimes quando se espera por eles, e os brancos gulosos, florais e elegantes. São essas castas Tinta Amarela, Bastardo, Tinta Gorda, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca, falando de tintas, e Viosinho, Gouveio, Códega do Larinho, Rabigato, Malvasia Fina, Fernão Pires e Síria, nas brancas.
A casa vitivinícola transmontana mais clássica e com maior notoriedade junto do consumidor é, certamente Valle Pradinhos, em Macedo de Cavaleiros. Mas Trás-os-Montes tem vindo na última década a dar muito boas novas aos apreciadores, com um conjunto de produtores de apreciável qualidade. No Planalto Mirandês, fomos conhecer, há pouco mais de um ano, a casa Costa Boal – Palácio dos Távoras. Agora, nos primeiros dias do ano 2019, foi tempo de visitar mais dois produtores, Valle de Passos, em Valpaços, e Quinta do Arcossó, em Vidago, Chaves.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Quinta Valle de Passos” color=”black” style=”shadow”][image_with_animation image_url=”34260″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][vc_column_text]À entrada de Valpaços, a rotunda anuncia, em jeito de boas-vindas, as castas bandeira: Tinta Amarela, Bastardo e Códega do Larinho. Estão zero graus de temperatura nesse dia, fáceis de ignorar quando o assunto é a descoberta de projectos vínicos. Lurdes Brás e Carla Correia são mãe e filha, mas também são sócias e líderes do projecto Quinta Valle de Passos, um negócio com ambição e que já se anuncia como o maior produtor individual de uvas da região de Trás-os-Montes.
Tudo começou quando Carla, licenciada em Psicologia, mestre em Gestão de Marketing e detentora de um MBA, se viu no ponto em que nada a entusiasmava a nível profissional. Viveu no Porto durante alguns anos e passou por vários ofícios, mas “queria sempre mais qualquer coisa”, afirmou. De facto, a ligação ao vinho já existia, pois o pai detinha algumas vinhas no Douro, e Carla passou os Verões da sua infância e juventude em vindimas. No final de 2013, a jovem, agora com 37 anos, e a mãe Lurdes lançaram-se à compra de vinhas em Valpaços o que, juntamente com outros terrenos herdados, perfez um total de 80 hectares, 50 dos quais de vinha e três de vinha velha, em solos de xisto, divididos entre três quintas, onde por perto se encontra o Rio Torto. Primeiro, adquiriram 21 hectares de vinhedos que tinham sido atingidos, nesse mesmo ano, por incêndios, e que aproveitaram para restruturar. “Eram quase só Syrah, e replantámos com, por exemplo, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Amarela, Tinta Roriz e Bastardo”, disse Carla. Em 2018 já reconverteram outra área que tinha só Touriga Nacional, que apresentava muitas falhas, onde puseram Tinta Amarela e Bastardo, num rácio 50/50. Na vinha de tintos de maior extensão, com 30 hectares, há um lago onde vão buscar água para a rega gota a gota, tudo alimentado por painéis solares, não fosse Lurdes Brás proprietária de um negócio de energias renováveis. Em produção integrada, estas uvas tintas estão todas entre os 250 e os 300 metros de altitude. As uvas brancas, por sua vez, encontram-se entre os 600 e os 650 metros, sendo elas Viosinho, Códega do Larinho, Malvasia Fina, Verdelho, Gouveio, Arinto e Rabigato. Desde 2018 que o enólogo consultor é Luís Seabra, sucedendo-se à dupla Carlos Magalhães e Manuel Vieira. Com ambição de se envolver cada vez mais no processo de produção dos seus vinhos, Carla concluiu, recentemente, uma pós-graduação em enologia.
O primeiro vinho surgiu em 2014 e o portfólio inicial era constituído por dois brancos e dois tintos, um colheita e um Reserva para cada um, e um rosé. Agora, juntam-se a estes um Grande Reserva tinto e um monocasta de Tinta Amarela, numa produção total de quase 60 mil garrafas. A exportação é de 40%, essencialmente para países como os Estados Unidos, o Canadá e o Brasil. O próximo passo é a construção de adega própria e de um espaço de enoturismo, bem como o aumento da produção de vinho. Carla Correia mostra maturidade a nível de negócio, mesmo sendo nova no sector do vinho. Talvez seja o background de Gestão, mas a verdade é que a aposta tem sido, e continuará a ser, num crescimento lento e sustentado.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Em prova”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Quinta de Arcossó” color=”black” style=”shadow”][image_with_animation image_url=”34263″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][vc_column_text]Apesar de Chaves ser a sub-região mais húmida e mais chuvosa de Trás-os-Montes, o sítio onde chegamos é bem soalheiro. A Quinta de Arcossó localiza-se na micro-região da Ribeira de Oura, entre Vidago e Chaves. São 20 hectares, 12 de vinha, numa encosta exposta a sul, com uma altitude de 400 metros e um declive de 20% que, tendo uma configuração convexa muito aberta a Este e a Oeste, se torna bastante arejada e solarenga. Aqui é mais granito, com muitas camadas profundas de saibro (um tipo de alteração arenosa destes minerais, o mesmo usado no corte de ténis conhecido como sendo de terra batida). Perto do rio Tâmega, a Quinta de Arcossó está rodeada por montanhas de 1200 metros de altitude, a Este pela serra da Padrela, que separa o rio Tua do rio Tâmega, a Sudoeste pelo Monte Minhéu, a Oeste e Noroeste pelas serras do Barroso, Larouco (o segundo ponto mais alto do país), Cabreira e Gerês. Num raio de 15km, podem encontrar-se cinco águas minerais diferentes: Vidago, Campilho, Pedras Salgadas, Carvalhelhos e Chaves. A humidade sente-se bem, naquela zona, e Amílcar Salgado, proprietário do projecto, revelou uma das principais razões: “Toda a vegetação que está aqui à volta, os castanheiros, os carvalhos e os pinheiros, apresenta níveis de transpiração muito elevados, o que faz com que a humidade aumente muito aqui”. Amílcar é de Arcossó e cresceu com o vinho. “Todas as casas tinham a sua adega e os seus lagares, as suas pipas”, contou. É inspector de finanças de profissão, mas o sonho de criança está ali, no vinho. Em 2001, decidiu recuperar a propriedade que era de uma família muito antiga da região, abandonada desde 1985. Reconverteu toda a área de vinha e plantou, em 2016 e 2017, mais oito hectares numa nova área que adquiriu, e ainda reabilitou um hectare de vinha velha em 2018. Em 2005 saiu o primeiro vinho, sempre num estilo de produção mais artesanal, com pisa a pé e uma enologia de baixa intervenção e elevada vigilância, por parte do enólogo Francisco Montenegro. Na vinha inicial, plantada em 2003, estão plantadas as castas tintas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Amarela, Bastardo, Tinta Roriz e Syrah, e as brancas Fernão Pires, Arinto, Moscatel Galego, Alvarinho, Cerceal e Encruzado. Na vinha plantada em 2016 e 2017, introduziram-se Chardonnay, Riesling, Arinto, Boal, Viosinho, Alvarinho, Encruzado e Gouveio, e Pinot Noir, Bastardo, Jaen e Baga.
As referências são nove: cinco tintos, três brancos e um rosé, que representam uma produção de 60 mil garrafas, das quais 30% é exportado para os Estados Unidos, Brasil, França, Suíça, Bélgica, entre outros. Como complemento, Amílcar Salgado produz cerca de 600 garrafas de azeite, de olival seu e mistura de variedades. “Este ano tive mais 25% de produção”, declarou, com ânimo, o homem que, no seu discurso empolgante, transparece conhecimento em várias áreas, sobretudo a geográfica e histórica, mas também vitivinícola. E advertiu: “Cuidar bem da parede vegetativa é fundamental e pode evitar desastres, como os que aconteceram em muitas vinhas em 2018”.
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Edição Nº22, Fevereiro 2019

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