Taylor’s Vintage 2018: os “porquês” e os “porque não?” de uma terceira declaração seguida
TEXTO Mariana Lopes O grupo The Fladgate Partnership anunciou hoje, 23 de Abril – como já é tradição para a empresa, no dia de São Jorge – a declaração do Taylor’s Vintage 2018, o único “clássico” do trio apresentado, e os Fonseca Guimaraens Vintage 2018 e Croft Quinta da Roêda Vintage 2018. A designação “clássico”, […]
TEXTO Mariana Lopes
O grupo The Fladgate Partnership anunciou hoje, 23 de Abril – como já é tradição para a empresa, no dia de São Jorge – a declaração do Taylor’s Vintage 2018, o único “clássico” do trio apresentado, e os Fonseca Guimaraens Vintage 2018 e Croft Quinta da Roêda Vintage 2018. A designação “clássico”, apesar de não reconhecida oficial e formalmente pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, é para os produtores de Vinho do Porto um sinal de que se atingiu, nesse ano e para uma localização em concreto, uma qualidade muito elevada.
Neste caso de 2018, David Guimaraens, director técnico e de enologia da Fladgate, elucida: “A colheita de 2018 produziu excelentes Vintage, embora o ano tenha tido os seus desafios. Um deles foi a severa tempestade de granizo que devastou muitas vinhas do vale do Pinhão, no dia 28 de Maio, entre elas a Quinta do Junco da Taylor’s. É importante notar que os vinhos de 2018 têm a mais alta intensidade de cor dos últimos anos, o que é normalmente um sinal de boa extracção e longevidade”.
A apresentação dos Vintage 2018 foi feita por Adrian Bridge, administrador do grupo, através de um “directo” na página de Instagram @taylorsportwine. Adrian começou por dizer que “o que tornou 2018 num ano tão bom, foi ter feito bastante calor no Verão, e mesmo no resto do ano o calor ter sido relativamente elevado”. Quanto ao facto de o Taylor’s ser o único dito “clássico” dos três, o CEO explicou que na localização da Quinta de Vargellas (na foto principal e uma das quintas que lhe dão origem), no Douro Superior, “teve óptimas condições meteorológicas para uvas de vinho do Porto, muitas delas vindas de vinhas velhas, o que nos permitiu declarar este Taylor’s como Vintage clássico”. Já o Fonseca Guimaraens, por exemplo, que vem das Quintas Cruzeiro, Santo António e Panascal, viu estas localizações mais frescas do que Vargellas, este ano. Em relação a este Vintage Guimaraens, que é o primeiro de seu nome desde 2015, David Guimaraens afirma “acredito que o 2018 seja um dos melhores exemplos recentes de um Guimaraens Vintage, com os seus ricos e densos frutos da floresta e taninos resistentes, mas optimamente integrados”. Adrian Bridge, durante a apresentação online, acrescentou que “o conceito do Fonseca Guimaraens é o de um vinho com a mesma constituição e carácter que os clássicos Vintage Fonseca, mas feito num estilo mais acessível”. Quanto ao Croft Quinta da Roêda Vintage 2018, Bridge desvenda que este “oferece a fruta madura e perfumada característica dos vinhos da Roêda, juntamente com os taninos tensos”.
Com uma terceira declaração seguida de um Vintage clássico, algo que é inédito no grupo Fladgate e também noutros, é natural que o consumidor se pergunte sobre o que poderá estar na origem de “tantos anos favoráveis” a vinho do Porto Vintage. Adrian Bridge confirmou que, entre outras razões, os grandes avanços técnicos na viticultura e na enologia desempenham um papel muito importante nessa matéria. Também as alterações climáticas terão, com certeza, uma palavra a dizer aqui. “Nunca declarámos três Taylor’s de seguida. É ‘unusual’, mas é o que é. Debatemos muito esta questão, porque seria algo único e inovador para a nossa empresa e por causa da crise mundial que estamos a atravessar, mas chegámos à conclusão de que, se a qualidade está lá, vamos fazê-lo. Se não o fizéssemos por conta do coronavírus, isso não estaria conforme aos nossos standards de qualidade”, reiterou o administrador.
Numa pré-avaliação do futuro do vinho do Porto da sua casa, Adrian confessa: “Vamos ser desafiados por este ano 2020 porque a manutenção da segurança dos trabalhadores será garantida, através, por exemplo, da distância de segurança na vinha ou até nos lagares, o que nos vai levar a mudanças, mas no final a nossa produção manterá a qualidade”.
Do Taylor’s foram feitas 7800 caixas, do Fonseca Guimaraens, 4700, e do Croft Quinta da Roêda, 2000. Estes três Vintage começarão a ser vendidos no início de 2021.
Vintage 2018: Taylor’s vai ser ‘clássico’, mas é o único do grupo
Da colheita de 2018 apenas será engarrafado como Porto Vintage a marca Taylor’s, anunciou o grupo The Fladgate Partnership. As marcas Fonseca e Croft não serão Vintage “clássico”, antes usando segundas designações, a saber: Fonseca Guimaraens Vintage 2018 e Croft Quinta da Roeda Vintage 2018. A designação “clássico”, apesar de não reconhecida “oficialmente” pelo Instituto […]
Da colheita de 2018 apenas será engarrafado como Porto Vintage a marca Taylor’s, anunciou o grupo The Fladgate Partnership. As marcas Fonseca e Croft não serão Vintage “clássico”, antes usando segundas designações, a saber: Fonseca Guimaraens Vintage 2018 e Croft Quinta da Roeda Vintage 2018. A designação “clássico”, apesar de não reconhecida “oficialmente” pelo Instituto do Vinho do Douro e Porto, é, em alguns produtores de Vinho do Porto, um sinal de que se atingiu nesse ano uma qualidade muito elevada.
Esta é a terceira vez consecutiva que a Taylor’s declara Vintage “clássico”, algo muito raro, até porque, em média, apenas sucede três vezes por década.
O lançamento destes Vintage acontecerá hoje, dia 23 de Abril às 16h00, via Instagram Live da @taylorsportwine.
Taylor’s em Lisboa promove prova de vinho do Porto com chocolate
A Taylor’s Port em Lisboa, morada de uma das mais antigas e prestigiadas casas de vinho do Porto na capital, promove, no dia 13 de Março, uma prova harmonizada de vinho do Porto e chocolates, em associação com a marca portuguesa Annobon. A experiência convida a conhecer e provar quatro estilos diferentes de vinho do […]
A Taylor’s Port em Lisboa, morada de uma das mais antigas e prestigiadas casas de vinho do Porto na capital, promove, no dia 13 de Março, uma prova harmonizada de vinho do Porto e chocolates, em associação com a marca portuguesa Annobon. A experiência convida a conhecer e provar quatro estilos diferentes de vinho do Porto, em duetos perfeitos com chocolates e trufas, cuja combinação realça o melhor de cada um.
A prova comentada irá permitir distinguir os aromas, texturas e sabores tanto dos vinhos como dos chocolates, identificando características como a complexidade, volume de boca e acidez.
Os vinhos em prova convidam a descobrir o universo da casa Taylor’s, com mais de três séculos de história, atravessando diferentes estilos de vinho do Porto: Taylor’s Chip Dry, Taylor’s LBV, Taylor’s Quinta de Vargellas Vintage 2012 e Taylor’s Tawny 10 Anos.
Esta experiência de prova (€25) tem início marcado para as 19h00, com duração aproximada de uma hora, e requer reserva antecipada, sendo que a participação estará limitada a 20 pessoas.
Com uma localização privilegiada no bairro histórico de Alfama, vizinha do Chafariz d’El Rei, a Taylor’s Port em Lisboa pretende ser uma janela aberta para a história e tradição do vinho do Porto, disponibilizando uma das mais amplas colecções de vinhos da marca, para prova ou venda.
Morada:
Rua Cais de Santarém 6-8, 1100-104 Lisboa
Contactos para reservas:
Telf.: 218 863 105
E-mail: ana.sofia@taylor.pt
Horário:
Todos os dias, das 11h00 às 19h30.
Taylor’s lança edição comemorativa do 50º aniversário do seu LBV
LBV é o acrónimo de Late Bottled Vintage, um Vinho do Porto que a Taylor’s afirma ter dinamizado em 1970 (da colheita de 1965), em resposta a solicitações do mercado. De facto, muitos enófilos pretendiam um “Vinho do Porto de alta qualidade a preço acessível e sem complicações relativamente ao consumo”. As palavras são de […]
LBV é o acrónimo de Late Bottled Vintage, um Vinho do Porto que a Taylor’s afirma ter dinamizado em 1970 (da colheita de 1965), em resposta a solicitações do mercado. De facto, muitos enófilos pretendiam um “Vinho do Porto de alta qualidade a preço acessível e sem complicações relativamente ao consumo”. As palavras são de Alistair Robertson, presidente não executivo da Taylor’s e o homem que dirigia os destinos da casa na altura. Os Vintage não só eram mais caros, como precisavam de anos de envelhecimento (em garrafa) e depois a decantação na altura de servir. O LBV, envelhecido durante 5 anos em cascos de madeira, estava mais ‘pronto’ a ser degustado. Diz a história que, na altura, o conceito, apesar de arriscado, teve grande sucesso e acabou por ser seguido por outras casas do Vinho do Porto. Segundo Adrian Bridge, CEO da Taylor’s, “o lançamento do LBV em 1970 desencadeou um grande aumento da procura por vinhos do Porto de alta qualidade”. O interesse começou sobretudo na Grã-Bretanha, mas alastrou rapidamente o interesse para a América do Norte, com os Estados Unidos e o Canadá a tornarem-se clientes muito importantes.
Ainda sobre o LBV, Alistair Robertson explica a filosofia de criação: “o LBV era um vinho de um só ano, de alta qualidade, com preço acessível, pronto a ser e bebido na altura do engarrafamento, sem necessidade de decantação e que podia ser apreciado ao copo, ao longo de várias semanas”.
Adrian Bridge continua: “a crescente procura de LBV levou a Taylor’s a fazer grandes investimentos, tendo introduzido métodos e tecnologias paradigmáticas quer na viticultura, quer na enologia, e construído novos armazéns com condições óptimas para o envelhecimento do LBVs. A Taylor’s hoje está presente em 103 mercados”.
David Guimaraens, director Técnico e de Enologia da casa, descreve o estilo LBV da casa: “o Taylor’s LBV é o final perfeito para qualquer refeição, poderoso e autoritário apresenta aromas elegantes, perfumados e florais, com notas dominantes de fruta vermelha e preta onde a cereja preta tem lugar de destaque. Na boca, os sabores a chocolate negro e framboesas e taninos sempre elegantes e bem integrados”.
Para comemorar a efeméride dos 50 anos, a Taylor’s vai lançar o seu LBV 2015 (cerca de 15€ no retalho).
Adrian Bridge: “Vale a pena proteger o ambiente. Afinal, esta é a nossa casa”
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Ao longo da última década e meia Adrian Bridge tem vindo a revolucionar completamente o grupo de vinho do Porto “Taylor Fonseca”. Inovação no produto e na forma de o comunicar, aposta forte na hotelaria, na cultura, na gastronomia são a sua imagem de marca. Mais recentemente, a criação do Porto Protocol revelou ao mundo a sua preocupação com a sustentabilidade ambiental. Acredita que o sector do vinho pode liderar a luta contra as alterações climáticas e explica-nos porquê.
TEXTO Luís Lopes
FOTOS Anabela Trindade
Adrian Bridge teve o primeiro contacto com o sector do vinho do Porto em 1982, quando conheceu a sua esposa Natasha, a filha mais velha de Alistair Robertson, presidente do grupo The Fladgate Partnership, detentor das marcas Taylor’s e Fonseca, entre outras. Após quase uma década ligado à carreira militar e à gestão financeira, Adrian veio com Natasha para o Porto, onde fixou residência e começou a trabalhar na empresa. Em 2000 assumiu o cargo de Director Geral do grupo, tendo promovido a aquisição de outras casas do sector como a Croft e a Delaforce, e reorganizado toda a estrutura empresarial. De então para cá, o crescimento tem sido constante, assente em grandes investimentos em vinhas e adegas, renovação de marcas clássicas e criação de novos produtos (como o Croft Pink ou os chamados “super tawnies” – velhos, grandiosos e caros), estreando novas formas de comunicar e promover o vinho do Porto. O ano de 2010 marcou o início de uma nova era no grupo: a hotelaria de luxo, com a inauguração do The Yeatman em Vila Nova de Gaia, a que se seguiu mais tarde a aquisição e reformulação do Vintage House, no Pinhão e Infante de Sagres, no Porto. Em fase adiantada de construção está o World of Wine, um grandioso complexo cultural, gastronómico e comercial situado ao lado da Taylor’s, em Gaia.
Adrian Bridge é igualmente líder e mentor do Porto Protocol, uma iniciativa global para mitigar as alterações climáticas, nascida na sequência das conferências Climate Change Leadership promovidas pela Taylor’s. Aos 56 anos, adepto e praticante de montanhismo, esqui, fotografia e aguarelas tem uma relação íntima com a natureza, e a preservação do ambiente, a biodiversidade e a sustentabilidade estão no centro das suas preocupações. Ao nível pessoal, mas também profissional. Porque, como nos diz, “Sentimos o efeito directo das alterações climáticas no nosso negócio. E temos de fazer alguma coisa”.
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O que é que o motivou a avançar para o desafio de organizar anualmente a conferência Climate Change Leadership?
A nossa empresa está profundamente envolvida com o tema há mais de 20 anos, preocupada com a diversidade e a sustentabilidade ambiental. Em 1998, por exemplo, lançámos um vinho do Porto elaborado com uvas orgânicas, um primeiro indício das nossas preocupações nessa área. De então para cá avançámos muitíssimo em práticas sustentáveis nas nossas vinhas, adegas e empresas. Mas a verdade é que nada se consegue sozinho. O clima nas nossas quintas não é diferente do clima nas quintas dos vizinhos. A partir de 2015 temos vindo a sentir de forma cada vez mais acentuada os efeitos das alterações climáticas e achámos que tínhamos de fazer alguma coisa para chamar a atenção para este problema. Pessoalmente, penso que o sector do vinho tem uma grande capacidade de liderar a luta global para contrariar e minimizar os efeitos das alterações climáticas. O projecto Climate Change Leadership é o resultado de tudo isso.
[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”30″][vc_column_text]Onde é que o sector do vinho faz a diferença?
Essencialmente, em quatro aspectos. Em primeiro lugar, a vinha e o vinho estão presentes em muitos locais remotos do mundo onde constituem a única actividade económica relevante. Nós, enquanto sector do vinho, protegemos esses ambientes e evitamos a sua desertificação. Depois, uma enorme parte da economia da vinha e do vinho assenta em empresas familiares, é um negócio geracional baseado em muito do que avós e pais fizeram. E aquilo que hoje fazemos é feito a pensar nos nossos filhos e netos, a quem queremos deixar um futuro melhor. Em terceiro lugar, o vinho é praticamente o único produto agrícola que é vendido com marcas. Nós comemos três ou quatro refeições por dia e, na esmagadora maioria dos casos, não temos qualquer ideia de onde veio aquilo que comemos. Com o vinho isso não acontece. Há uma origem, uma marca responsável, podemos falar directamente com quem o produziu e até visitar o local de produção. Finalmente, o mundo do vinho tem uma grande capacidade de comunicar directamente com o consumidor. E isso é uma enorme vantagem quando sabemos que o consumidor está cada vez mais preocupado com as alterações climáticas e com o ambiente.
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Acha que a comunicação do vinho com o consumidor tem sido a mais correcta e eficaz?
Não, mas tudo isso pode mudar. O marketing dos vinhos está demasiado focado em fornecer ao consumidor informações que não lhe interessam, por exemplo, como o vinho foi fermentado, quantos meses esteve nas barricas, onde e quando fez a maloláctica… Mas se eu der informação relevante, por exemplo, se eu disser ao consumidor que para produzir este vinho utilizámos dois litros de água e para fazer aquele foram utilizados dez litros, ele vai certamente optar pelo que tem menos impacto nos recursos naturais. Há cada vez mais consumidores a optar por vinhos orgânicos porque pensam que o orgânico é melhor para o ambiente, o que nem sequer é necessariamente verdade. O orgânico é bom para muitas coisas, mas a pegada de carbono da viticultura orgânica é mais pesada do que a da viticultura convencional. Na Fladgate, mais do que uma viticultura orgânica, nós praticamos uma viticultura sustentável.
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Em resumo, acredita que sector do vinho pode liderar o processo global de mudança para práticas mais sustentáveis…
Sem dúvida. As alterações climáticas têm um efeito visível no nosso negócio, o sector do vinho tem a capacidade de mobilizar as preocupações e atenções em torno deste assunto e podemos liderar porque somos uma indústria que abarca o mundo inteiro interagindo muito directamente com os consumidores e a população.
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O que espera do Porto Protocol?
Ghandi disse algo como, “o que quer que faças, provavelmente não será muito notado, mas é importante que o faças”. Cada contribuição isolada conta pouco, mas se todos fizermos alguma coisa, isso já terá um impacto grande. De forma simplificada, o Porto Protocol é, em primeiro lugar, um compromisso entre os seus subscritores, oriundos de vários sectores de actividade, para adoptar práticas sustentáveis. Em segundo lugar, o Porto Protocol implica partilhar. Os produtores de vinho têm a mesma planta, que plantam um pouco por todo o mundo. Muitos destes produtores estão bastante avançados em práticas sustentáveis e em mecanismos de defesa das suas vinhas contra as alterações climáticas. Não há tempo nem necessidade de reinventar a roda. Há soluções mais do que testadas, colocadas em prática com sucesso. Partilhar informação é absolutamente fundamental, não apenas na área da vinha e do vinho mas também noutros sectores. Um dos parceiros do Porto Protocol é a Toyota, por exemplo, mas está também a Amorim, da indústria da cortiça, e diversos parceiros da área da logística.
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Ter sido a Taylor’s a dar o primeiro passo é importante para credibilizar o projecto?
Nós fizemo-lo, em primeiro lugar, porque nos preocupamos. E depois, porque temos 327 anos e isso dá-nos credibilidade para falar sobre o que vai acontecer daqui a 20 ou 50 anos. Há também outra razão: o Porto não faz concorrência às grandes marcas de vinho no mundo. A Taylor’s é uma marca bem conhecida e prestigiada, mas é um nicho. E assim as grandes empresas de vinho do mundo não terão problemas em associar-se a um projecto iniciado por nós.
Mas é importante que fique claro: eu não estou a promover a Taylor’s. Eu estou a promover soluções para os problemas existentes. Mas é evidente que, dentro no nosso grupo, entre acionistas e colaboradores, há orgulho por termos assumido esta pasta. Numa empresa com 327 anos o lucro é importante, precisamos dele, mas não é tudo. Precisamos sobretudo de proteger as pessoas, o território, o vale do Douro, a cidade do Porto que é a nossa casa há mais de três séculos. E vale a pena proteger o ambiente em que vivemos. Esta é a nossa casa.
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Como podemos, em conjunto, direcionar consumidores e produtores numa via mais sustentável?
Dou-lhe um exemplo. Há muitos produtores a engarrafar vinhos em garrafas pesadas, de 900 gramas ou 1 quilo, porque muitos consumidores associam as garrafas pesadas a vinhos de maior qualidade. Mas nós sabemos que não há qualquer relação entre o peso da garrafa e a qualidade do vinho. Se nós comunicarmos isto claramente e chamarmos a atenção ao consumidor de que garrafas pesadas não ajudam ninguém dentro da rede logística, de que garrafas pesadas deixam uma maior pegada ambiental, o consumidor vai acabar por preferir vinhos em garrafas leves. Eles querem vinho, não vidro. E se o consumidor rejeitar garrafas pesadas, os produtores vão adoptar outro comportamento.
Nunca devemos esquecer que o consumidor reage rápido. Só há dois ou três anos é que se começou a falar do plástico a sério. Hoje em dia é uma preocupação generalizada do consumidor e as empresas são obrigadas a encontrar soluções diferentes.
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A Fladgate tem investido bastante (e com sucesso, diga-se) no sector hoteleiro. Em que medida é que o negócio de viagens e hotelaria está ciente da necessidade de implementar soluções que vão ao encontro da sustentabilidade ambiental?
Efectivamente, trata-se de um sector com peso importante nesta área. Existe a nível mundial um grande debate sobre a pegada de carbono gerada pelo tráfego aéreo. Mas a verdade é que as pessoas vão continuar a viajar. Não é menos verdade que a optimização de gestão e a evolução tecnológica fazem com que as pessoas viagem, hoje em dia, em aviões cheios e em aviões modernos, bem mais eficientes em termos de consumo. Mas os viajantes quando chegam ao hotel também têm a expectativa que o hotel respeite o ambiente. No caso do Yeatman, por exemplo, todo o aquecimento de águas é feito através de painéis solares. A água oferecida ao cliente, para beber, é recolhida na rede pública, filtrada, refrigerada e gaseificada por nós. As águas utilizadas nos banhos são captadas em minas existentes debaixo do hotel. E depois dos banhos, as águas são tratadas e reutilizadas nos sanitários e na rega dos jardins. Estima-se que, diariamente, no mundo inteiro, há um bilião de pessoas que utiliza água bebível na descarga das sanitas; e mais de dois biliões de pessoas não têm água potável para beber. Esta é, infelizmente, uma realidade e, portanto, o uso racional da água é muito importante para nós.
Mas existem outras vertentes onde a hotelaria pode fazer muito mais e melhor. A forma como se utiliza energia é crucial. Porque é que um cliente precisa chegar ao quarto e ter a televisão ligada? Em alguns hotéis de luxo, por vezes, um cliente sai para jantar, desliga a electricidade, mas quando volta, quatro horas depois ,está tudo ligado de novo porque entretanto um camareiro passou no quarto. Não tem lógica, quando um simples cartão pode ligar à entrada e desligar à saída… O tratamento de lixos é outra vertente importante. No Yeatman, por exemplo, possuímos uma máquina de compostagem do lixo da cozinha. Mas, como disse, há ainda muito para melhorar na hotelaria e nos restaurantes do ponto de vista ambiental.
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Permita-me uma transição temática para o Vinho do Porto, no fundo, a razão da existência desta casa. Dir-se-ia que os tempos não vão a favor do Porto: é um vinho doce e com teor alcoólico elevado, ao arrepio dos padrões de consumo…
Mas é muito bom!
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Estamos de acordo. Mas o que é possível fazer para tornar o Porto mais atractivo para os novos consumidores?
A nossa empresa, que está muito focada nas categorias especiais (os Porto de nível superior) tem o seu negócio em crescimento. Lento, é certo, mas a crescer. O que é preciso? Sobretudo, inovação. Inovação de produtos, de “packaging”, de qualidade. O consumidor é exigente e tem acesso a muita informação, pelo que devemos conhecer bem o que ele pretende, o que bebe, quando e como bebe. Muitas vezes, o problema não está no consumidor, mas na rede de distribuição. Basta que alguém diga que não quer um determinado vinho na sua rede de 500 supermercados para que milhões de pessoas fiquem sem acesso a esse produto. Não porque não o queiram, mas porque não está lá.
É verdade que o Porto tem 20 graus de álcool, mas o gin tem 40 graus e fez um enorme trabalho de regeneração de toda a categoria. O álcool não é o problema. Os australianos fazem muitos Shiraz com 15 e 15,5%. Não há assim tanta diferença para o Porto. Quanto ao ser doce, há muita gente que diz que não quer doce, mas gosta de doce. Temos é que saber quando e como servir o Porto. Não faz sentido sugerir um Porto LBV para acompanhar uma picanha, há vinhos de mesa que cumprem melhor esse papel. Mas se sugerirmos esse mesmo LBV com um brownie de chocolate, então temos um casamento perfeito.
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O renascer do interesse pela mixologia, pelos cocktails, pode ajudar o negócio do Vinho do Porto?
É óbvio. Os mixologistas têm uma mente aberta, estão acostumados a experimentar coisas novas. O Croft Pink , por exemplo, pode deixar desconfiado um sommelier, porque não o estudou na escola, mas é bastante atractivo para um mixologista que pode utilizá-lo como base para desenvolver a sua criatividade. Há um restaurante chamado Little Big’s em Houston, Texas, que faz um granizado com o rosé. Nós fazemos agora um granizado com o ruby Fonseca Bin27.
O vinho do Porto tem orgulho nas suas tradições e beneficia delas, mas devemos incentivar a inovação e, sobretudo, a acessibilidade ao vinho do Porto, deixando de lado a ideia de que este vinho só se bebe com fato escuro ou sentado à lareira. Ou, pior ainda, quando temos cabelos brancos. Nós precisamos relaxar! Não estou aqui para fazer regras, mas sim para fazer um bom produto e deixar que as pessoas o integrem na sua vida.
Não há uma forma certa e errada de beber Porto. Nem um local certo ou errado. Abrimos recentemente um winebar Taylor’s em Lisboa. Porquê só oferecer Porto ao turista na cidade do Porto ou no norte do País? Vinho do Porto é Portugal!
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Salvar o vinho e, já agora, o Planeta! – versão completa
Foram dois dias intensos, no passado mês de Março. O evento Climate Change Leadership, que começou com a conferência Solutions for the Wine Industry e culminou com o Porto Summit, e com a comunicação de Al Gore, deu um banho de realidade ao sector e expôs importantes e urgentes soluções de combate às alterações climáticas. […]
Foram dois dias intensos, no passado mês de Março. O evento Climate Change Leadership, que começou com a conferência Solutions for the Wine Industry e culminou com o Porto Summit, e com a comunicação de Al Gore, deu um banho de realidade ao sector e expôs importantes e urgentes soluções de combate às alterações climáticas. Esta é a versão completa da reportagem do evento.
TEXTO Mariana Lopes • FOTOS cortesia da organização
Na cerimónia de abertura, o anfitrião Adrian Bridge foi claro nas palavras: “Quando me pediram para patrocinar este evento, eu disse que só o faria se não nos focássemos no problema das alterações climáticas, mas sim nas soluções”. E assim aconteceu. O evento organizado pela Taylor’s, de 5 a 7 de Março, teve cerca de 50 oradores de peso provenientes de 38 países, de especialistas nas questões ambientais a produtores de vinho e gestores de negócios com práticas sustentáveis, investigadores e activistas. Todos eles com um objectivo em comum, a busca constante pela reversão dos efeitos da acção imprudente do Homem no planeta. Consequentemente, a indústria do vinho sofreu bastante e ainda sofre com estes problemas, ao ponto de não ser certa a sobrevivência de algumas reconhecidas regiões, vitivinícolas e não só, do mundo. Conseguiremos nós imaginar um Douro sem vinhas? Ou uma Índia inabitável durante o Verão? Apesar de caricatos, estes são dois cenários possíveis, até prováveis se nada ou pouco for feito, ainda neste século. As alterações climáticas não são apenas uma teoria, mas uma realidade com factos irrefutáveis que a sustentam. Já não é tempo de aceitar esses factos, esse tempo era ontem. Hoje é o tempo de consolidar as práticas e de aprender mais e mais com o exemplo do vizinho que está um passo à frente. E muito se aprendeu no Climate Change Leadership. “Fico feliz por ver que muitas empresas estão já a tomar medidas”, afirmou Adrian Bridge, “a indústria do vinho deverá ter uma posição de liderança, pois é um negócio onde se pensa muito nas gerações futuras”. Aqui ficam os momentos-chave do evento.
Sessão 1: Respostas de empresas de vinho às alterações climáticas
A conferência começou em grande com Miguel Torres a tomar o púlpito. O presidente da espanhola Torres foi irrepreensível na sua comunicação, começando por apresentar uma ilustração onde se vê a evolução do estado da Terra, desde o período Pleistoceno (entre 2,588 milhões e 11,7 mil anos atrás), com menos 5 graus de temperatura média, até ao século XXII, com mais cinco graus de temperatura média. Na imagem, via-se a quantidade de gelo, área desértica, área de bosque, oceano com vida e oceano desértico. A diferença é abismal e, com mais cinco graus, é esperada quase uma quantidade nula de gelo na Terra e uma grande parte desertificada, tanto em terra como no oceano. A ilustração sobre o estado actual é o que mais impressiona: já estamos a meio caminho deste último cenário, e a velocidade a que isto ocorre é exponencial. Em 20 mil anos, a temperatura média aumentou em seis graus celsius mas, nos últimos 50 anos, subiu um grau em Portugal e bem mais na região Árctica. No que toca às emissões de Dióxido de Carbono, estas cresceram muito desde 1990 até 2012.
Posto isto, Torres esclareceu que a assimilação deste gás é muito maior no oceano do que na atmosfera, pois o CO2 dá-se melhor em temperaturas mais baixas. Depois, outros slides se seguiram com respostas à pergunta “porque é que as temperaturas mudam?”, com a criação de gado em confinamento a representar uma das grandes causas, principalmente o bovino, devido à pegada carbónica da indústria e à quantidade de água que gasta. Miguel Torres destacou também a acção Torres&Earth, implementada em 2007 pela sua empresa, que aplicou quase 16 milhões de euros na investigação, investimento em energias renováveis e optimização das terras. Algumas das suas medidas incluem a preservação das espécies autóctones, reflorestação, recolha e tratamento de águas pluviais e da montanha, recuperação de variedades de uva ancestrais, redução do consumo eléctrico, substituição da frota a diesel por soluções híbridas, plantação de vinhas em altitude e adaptação das adegas para modelos auto-sustentáveis. Tudo isto teve já um impacto directo nas emissões de CO2, que diminuíram 26,8% por garrafa, sendo o objectivo chegar aos 30% em 2020. E aqui coloca-se uma questão fracturante: qual é o papel da agricultura orgânica? Embora tenha valores e características bastante positivas, o efeito não é linear, como demonstrou Miguel num quadro comparativo, ao qual chamou “O Paradoxo da Viticultura Orgânica”. Os dados da CIRCE – Centro de Investigação de Fontes e Consumo de Energia, revelam que as emissões de CO2 são mais elevadas no método orgânico do que no tradicional, com uma média de 1020 quilogramas emitidos por ano pelo primeiro e 770 pelo segundo. Estas conclusões não surpreendem visto que, com menos tratamentos tradicionais, as idas à vinha são bastante mais frequentes, e isso implica mais combustível para maquinaria, mais fertilizantes e respectivo transporte, mais fitossanitários (como o sulfato de cobre, que permanece no solo durante muitos anos), entre outros. “Vamos fazer do vinho um símbolo da mitigação das alterações climáticas, “descarbonizando” as empresas”, foi o desafio lançado por Miguel Torres a todos os presentes.
Seguiu-se Cristina Mariani-May, CEO da Banfi, empresa produtora de vinho em Itália e nos EUA, que apelou à protecção da terra e dos recursos, falando do que a sua família tem feito em Montalcino: dos 2830 hectares, 850 são de vinha e os restantes de floresta e outras culturas que a empresa protege de modo a que se assegure a biodiversidade da região. “A Banfi está muito empenhada na pesquisa e no estudo das variedades e dos clones” afirmou Cristina, revelando que por eles foram já editados vários livros sobre a investigação feita “em casa”, para que outros possam seguir o exemplo.
Já Margareth Henriquez, presidente da Moët Hennessy Estate & Wines e da The House of Krug, contou que nas suas propriedades alteraram todo o sistema de irrigação, cortando em 50% a utilização de água. Para conseguir a proeza, estas empresas mudaram a orientação das vinhas, uma medida que, em vez de corrigir, previne. Estas e outras acções sustentáveis, como a adopção de packaging mais consciente, valeram ao grupo a distinção Butterfly Mark.
Sessão 2: Respostas da vinha pelo mundo fora
Aqui foi a vez de Kimberly Nicholas, investigadora americana, partilhar a sua “Visão para uma indústria de vinho compatível com mais 1,5ºC até 2035”. Kimberly reforçou que tem de haver uma estratégia de adaptação ao clima, partindo do pressuposto que mais de 80% da produção mundial de vinho usa menos de 1% da diversidade de uvas disponível. “É necessário usar mais a diversidade para aumentar a resiliência”, afirmou, revelando que apenas doze variedades constituem a maior parte do vinho produzido em todo o mundo, sendo estas Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Merlot, Pinot Noir, Syrah, Sauvignon Blanc, Riesling, Moscatel de Alexandria, Gewurztraminer,
Viognier, Pinot Blanc, e Pinot Gris. O que Kimberly pretendeu transmitir foi que há todo um leque de castas diferentes, pelo mundo, com maior capacidade adaptativa a temperaturas mais altas e a grandes oscilações, numa lógica em que distintos períodos de maturação são compatíveis com condições meteorológicas específicas. As variedades autóctones, algumas até caídas em desuso, podem ser a resposta na respectiva região.
A investigadora revelou, também, as quatro principais causas globais de poluição, começando nos veículos motorizados, passando pela energia do lar, o consumo secundário e acabando na mais poluidora, as viagens aéreas. Para estes problemas há soluções que, segundo Kimberly, passam por usar transportes alternativos ao combustível e o carro eléctrico, as energias renováveis nas casas, uma dieta mais “verde” e “voar muito menos”. Quanto a esta última parte, Nicholas sugeriu, às empresas de vinho, a substituição do transporte comercial aéreo pela via marítima e ferroviária, com níveis menores de combustível fóssil.
Também António Graça, director de investigação da Sogrape, teve lugar nesta sessão, tocando num ponto fulcral: com as alterações climáticas, vêm acontecimentos que ameaçam a definição de terroir, principalmente no que toca a identidade. Tal como Kimberly, sublinhou que “é preciso definir as áreas, no mundo, com condições ideais para produzir cada casta”. Para encarar o desafio climatérico, António Graça revelou que o principal aliado é a vinha, se houver um bom estudo dos genótipos e da sua integração resiliente nos diferentes terroirs. Quanto ao que a Sogrape tem implementado nas últimas duas décadas, o investigador referiu uma agricultura livre de herbicidas, aproveitamento da água pluvial (68% da água usada no grupo), a produção integrada e certificada e a monitorização dos efeitos de fenómenos como a seca na qualidade das uvas. “Tem de ser um esforço colectivo, não só porque quem fica sozinho desaparece, mas também porque puxa os outros para baixo”, concluiu.
A fechar a segunda sessão, o chileno Gerard Casaubon, director de investigação da Concha Y Toro, apresentou os números milionários do plano estratégico da empresa até 2020: cinco milhões de dólares de investimento, metade desses com destino à investigação e desenvolvimento. Números grandes, que se adequam aos mais de 10 mil hectares que a Concha Y Toro tem no Chile. Mas o destaque da exposição de Casaubon vai para a plataforma digital criada pelo grupo: um local online com previsão dos acontecimentos climáticos naquele país, por região/área. A plataforma é muito útil, pois está ao dispor de todas as empresas que a queiram usar, ajudando-as a decidir, por exemplo, onde adquirir/plantar a próxima vinha.
Sessão 3: Expectativas do consumidor e marketing sensível
Este momento teve um formato diferente, uma conversa aberta e apelativa entre Paul Willgloss, director de Food Technology da retalhista Marks & Spencer, e António Amorim, presidente da corticeira Amorim. Moderada pelo co-fundador da Wine Intelligence, Richard Halstead, e num estilo mais informal, baseou-se a adaptação das marcas às novas exigências de produção ambientalmente sustentáveis, e o modo como essas adaptações são percebidas e assimiladas pelo consumidor. “As regras do consumo de plástico também se aplicam às rolhas de plástico nos vinhos!”, afirmou António Amorim, antes de dizer que, em 10 anos, a Amorim reciclou mais de 500 milhões de rolhas e plantou cerca de 800 mil árvores. Um ponto importante tocado por Paul Willgloss foi a comum assumpção de que se perde muito dinheiro com as medidas sustentáveis: “A ideia de que se tem de pagar um preço mais alto por aquilo que é sustentável, não faz sentido nenhum. Não podemos transformar a sustentabilidade em nicho, é preciso saber fazer as coisas.”, disse. O exemplo que deu foi irrefutável, contando que, nas suas lojas, o saco reutilizável custa cinco libras, o que é um preço alto para um simples saco, mas o consumidor, com essas cinco libras, está também a comprar um serviço ilimitado: a substituição gratuita desse mesmo saco, sempre que achar pertinente, sendo o antigo reconvertido. Este modelo gera lucro e ajuda o ambiente, em simultâneo. “A sustentabilidade não é inimiga da rentabilidade”, concordou António Amorim. Depois, falou da importância dos millennials (pessoas nascidas entre o início da década de 80 e o início dos 2000), referindo que “estão sedentos de informação e querem saber sobre vinho, consumi-lo cada vez mais, e trazem uma atitude mais sustentável porque já nasceram num mundo onde esta conversa já estava a ser tida. Os millennials querem associar-se a marcas com melhores valores e isso não deve ser ignorado”. E fez a ponte para o vinho orgânico: “Não se pode ter um vinho orgânico com uma cápsula de plástico ou um ‘plastic stopper’! Há-que ser transparente e não ser biológico só porque é uma moda”. Paul Willgloss concluiu, advertindo que os retalhistas têm a missão de tornar tudo isto interessante para o consumidor, de inspirar e de o ajudar a fazer melhores escolhas.
Sessão 4: Adegas do futuro
Aqui, o exclusivo foi de Roger Boulton, cientista e professor de Enologia e Engenharia Química na Universidade da Califórnia Davis, que apresentou uma tese sobre adegas “carbono zero”. Boulton trouxe o exemplo do projeto da sua nova adega auto-sustentável LEED Platinum para mostrar como o design destas novas adegas é importante para melhorar a eficiência energética do processo de produção. Para o cientista americano, a indústria vitivinícola deve caminhar a passos largos para um modelo de emissões negativas de carbono, focando a sua investigação no aperfeiçoamento da rede energética, da rede de água e da captura e armazenamento de CO2. Algumas medidas concretas, defendidas neste último tópico, são o apoio a esquemas de comércio internacional de carbono, a projectos de investigação, à escala mundial, focados na captação de CO2 por via da fermentação, bem como a reportação dos números das emissões a um programa internacional fiável de medição dos poluentes da fermentação, como a Carbon Trust ou a Global Reporting Initiative.
Sessão 5: Desenvolvimentos da vinha
Na quinta sessão, falaram Alejandro Fuentes Espinoza, Gilles Descôtes e José Vouillamoz, que se focaram nas abordagens, a médio e longo prazo, que optimizam a prática agrícola nas vinhas: porta-enxertos, mitigação de pragas e doenças, selecção de variedades de uva e de planta, entre outras. O destaque vai para Descôtes, da casa francesa Bollinger, que declarou usar zero herbicidas desde 2016, recorrendo apenas a fertilizante orgânico e a métodos naturais como o da confusão sexual. Analisou, também, a relação entre o aumento médio da temperatura em 1,2 graus, entre 1961 e 2017, com a antecipação média das colheitas em 18 dias, um fenómeno que afecta muitos produtores. Chamou, ainda, atenção para a necessidade de optimização dos solos e da recuperação de técnicas antigas de cultivo menos impactantes no meio ambiente.
Sessão 6: Relatório da ADVICLIM
O ADVICLIM é um projecto europeu para o desenvolvimento de estratégias de adaptação e mitigação das alterações climáticas, de aplicação nas vinhas. A sua missão é ajudar os produtores na prossecução de práticas sustentáveis, desde a medição dos seus impactos à simulação de diferentes cenários de cultivo. Carlos Miranda, Chriss Foss e Jöel Rochard, três indivíduos associados ao projecto, vindos de entidades diferentes, contribuíram para a sessão. Este último, relevou que os estudos climáticos globais não são suficientes, terão de ser também feitos à escala local, para que se possa actuar com eficácia. Já Carlos Miranda sublinhou a importância das variedades de uva autóctones e da possibilidade de novas castas, bem como de novas localizações para as vinhas, tudo em prol da adaptabilidade. Deu o exemplo da plantação em altitude, para que se aproveite a frescura das cotas mais altas.
Sessão 7: Gestão de recursos hídricos
A questão da água e da irrigação das vinhas “daria outro almoço”, como se costuma dizer. Há quem defenda que não se deve regar de todo, e há quem diga que regar somente quando necessário não é a fonte do problema.
Linda Johnson-Bell, escritora e investigadora do Instituto do Vinho e das Alterações Climáticas de Oxford, foi peremptória neste assunto, dizendo que a agricultura de sequeiro deve ser assumida como paradigma mundial e que “se não formos nós a assumi-lo, a natureza fá-lo-á por nós”. Entre outros argumentos, afirmou que a irrigação provoca a salinização dos solos e aumenta os custos associados ao uso de água, revelando que 80% da produção vitivinícola global ainda é irrigada. Mais para a frente, Linda foi arrojada nas suas palavras, afirmando categoricamente que “a irrigação destrói o conceito de terroir”, “resulta em vinhos com elevado grau alcoólico” e que “os locais onde a vinha tem de ser regada não são aptos para a produção de vinho”. Se a coisa é assim tão linear? Temos dúvidas. Se se deve reduzir ao máximo a utilização de água e regar apenas com a quantidade mínima necessária, em regime deficitário, e somente enquanto e onde a vinha pedir? Absolutamente. Claro que a gestão da rega de uma vinha não dispensa o conhecimento e estudo profundo do balanço hídrico do terroir em questão, para que a eficiência seja escrutinada ao máximo.
Já André Roux foi mais ponderado do que Linda, discursando na qualidade de director de Sustentabilidade no Departamento de Agricultura da região de Western Cape, e coordenador do projecto FruitLook. Assente numa tecnologia de satélite, o FruitLook permite uma monitorização semanal do crescimento das culturas, do uso real de água nas plantações e a sua eficiência. Entre 2011 e 2016, o FruitLook passou de 4.300 para 21.554 hectares de área abrangida e permitiu poupar entre 10% a 30% de água aos produtores que utilizaram esta tecnologia pioneira.
Sessão 8: Questões energéticas
Dois grandes produtores mundiais de cariz familiar, Gramona e Jackson Family Wines, expuseram o seu compromisso ambiental e as iniciativas tomadas por cada um. Jaume Gramona, CEO da empresa desde 1995, colocou ênfase na arquitectura bioclimática e no seu novo conceito de cobertura de adega, captadora de energia. Referiu ainda a utilização de energia geotérmica, que permite climatizar as adegas com a temperatura do sub-solo; o fabrico próprio de um composto natural para fertilização; instalação de painéis fotovoltaicos responsáveis por 15,9% do consumo energético da empresa; entre outros. Isto gera uma dependência em 59% de energias renováveis, que se reflecte numa poupança de 41% no consumo energético.
Katie Jackson trouxe a máxima que rege a filosofia da empresa e do pai, o fundador: “Tomem conta da terra e a terra tomará conta de nós”. A JFW tem vinhas na Califórnia, em Itália, França, África do Sul e Austrália, sabendo bem o que significa lidar com períodos prolongados de seca extrema. Desde 2008 que a Jackson já diminuiu o consumo de água em 41%, e já ultrapassou a sua meta para 2020 de emissão de gases de efeito de estufa, estando já numa redução de 33%.
Reforçando, como referiu Katie, que “Medidas de sustentabilidade ambiental nem sempre se traduzem num aumento dos custos para as empresas”, a JFW já poupou mais de um milhão de dólares depois de implementar vários modelos de redução de CO2, como o do uso de garrafas mais leves, a remoção de resíduos de aterro, a intensificação do uso de energias renováveis, e o aproveitamento dos seus 60% de terra disponíveis para plantar outras espécies autóctones.
Sessão 9: Sustentabilidade, biodiversidade e gestão de solos
O moderador desta sessão, João Barroso, faz parte de um projecto muito especial: o primeiro programa de sustentabilidade de uma região portuguesa, o Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo. Desde que foi implementado, em 2015, este projecto viu aumentar o número de associados de 94 para 326, representando 46% da área dos vinhos do Alentejo e 60% do volume de produção. Impulsionado pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, o PSVA tem como principais objectivos a monitorização do consumo de água, utilização de embalagens, rótulos e outros produtos certificados pelo FSC, monitorização do consumo energético, instalação de caixas-ninho ou poleiros para aves de rapina e morcegos, criação de um grupo dedicado a desenvolver e ajudar a implementação de práticas sustentáveis, prevenção de erosão dos solos, uso de compostos naturais como fertilizantes e a formação profissional. Também premeia os produtores exemplares nestes campos, com selos do programa. Em www.sustentabilidade.vinhosdoalentejo.pt, é possível encontrar toda a informação.
Gérard Bertrand, CEO da Gérard Bertrand Wines, confessou que a prática biodinâmica mudou a sua vida porque “porque não só eliminámos o uso de produtos químicos, como isso se traduziu na qualidade dos nossos vinhos e no reforço da mensagem de preservação da biodiversidade que queremos passar”. O produtor, que tem 200 hectares, neste sistema, no sul de França, expressou ainda uma indignação pertinente: “Temos registadas 7000 variedades de uva e o consumidor conhece menos de dez. Há que despertar a consciência do público e sensibilizá-lo para esta diversidade”.
A chilena Olga Barbosa, fundadora da Wine Climate Change, fez uma muito boa apresentação sobre biodiversidade, baseada na ideia de que a solução não está em mudar as vinhas, mas sim em conservar a natureza circundante, que confere protecção aos vinhedos. Partindo do princípio de que a consciencialização e transferência de conhecimento é essencial, criou uma iniciativa muito engraçada: junto dos produtores, fazem exercícios nos quais se colocam no ponto de vista de cada espécie presente nas respectivas propriedades. Segundo Olga, “isso cria perspectiva junto das equipas de trabalhadores e faz com que compreendam porque fazemos o que fazemos”.
O cientista sul-africano Heinrich Schloms alertou para o facto de a região de Western Cape estar a ser atingida por secas recordes nos últimos anos. “Estamos a começar a ficar sem água”, advertiu. “Escolher o local e a exposição correcta para plantar a vinha pode ser a decisão mais importante de todo o processo. Aspectos como a altitude, a inclinação, a radiação solar, a curvatura da vinha, a duração dos dias, distância em relação aos cursos de água têm de ser considerados nessa escolha”.
Sessão 10: Packaging e transporte
Voltando ao produto nacional, Tiago Moreira da Silva apresentou, em nome da BA Vidros, os benefícios dos suportes em vidro. “Os recipientes de vidro são feitos somente a partir de três matérias diferentes: areia, calcário e carbonato de sódio. É um elemento 100% reciclável e que pode ser usado na produção de novas garrafas sem qualquer desperdício”, demonstrou. Na verdade, 74% do vidro é reciclado na União Europeia. A BA tem, também, metas para 2030, como aumentar a dependência de energias renováveis pelo menos em 70% e reduzir a utilização de água em 75%.
Depois, Pierre Corvisier, director de New Services da JF Hillebrand Group, empresa líder global na distribuição e transporte de bebidas, apontou o transporte marítimo como o mais eficiente e sustentável, libertando apenas 3% dos gases de efeito de estufa. Em contrapartida, o terrestre e o aéreo são muito mais poluentes.
Vicente Sanchez-Migallón, fundador e director técnico da World Bulk Wine Exhibiton, sublinhou as vantagens no transporte de vinho a granel, exemplificando que “Enquanto o armazenamento de garrafas por contentor se situa entre 12 a 13 mil exemplares, um flexitank (contentor específico de armazenamento de líquidos) pode transportar o equivalente a 32 mil garrafas sem necessidade de aumentar o espaço de armazenamento”.
Estes números mostram que por cada viagem é possível transportar mais litros de vinho a granel do que vinho engarrafado e que isso representa uma considerável vantagem climática, de redução de custos e eficiência logística, originando uma redução da pegada de carbono de 40%.
A directora executiva do Food Packaging Forum, Jane Muncke, fez uma apresentação convincente sobre os perigos do plástico nos pacotes de comida e a contaminação cruzada. Que o plástico polui, mata espécies animais e intoxica o oceano, já sabemos, mas pouca é a importância que damos à contaminação dos alimentos por esse material e respectivos compostos químicos. Jane advertiu: “Para além de muitas partículas tóxicas migrarem para a comida, é real o risco que representa o plástico conseguir absorver propriedades tóxicas do meio exterior. Ao mesmo tempo que os nutrientes da comida e das bebidas são absorvidos pelo plástico, há uma constante migração de elementos do exterior para a embalagem e, consequentemente, para os alimentos. O risco aumenta com a exposição do plástico a temperaturas elevadas, com períodos longos de retenção em embalagem, com o tamanho da embalagem e com o tipo de alimentos que elas contêm”. Um exemplo do dia a dia é o aquecimento de comida em “tupperwares” plásticos no microondas. Assim, defendeu que o plástico não é viável como embalagem e alertou para o facto de a reciclagem não ser solução, pois muitos desses plásticos, precisamente por causa dessas partículas, não podem ser reciclados. A solução é evitar o seu uso.
Sessão 11: Eficiência e economia – apelo à acção
“Para o infinito e mais além”, foi a referência à personagem do filme Toy Story, Buzz Lightyear, que Mike Veseth usou para chamar a atenção do público. “O sector do vinho parece compreender que algo tem de ser feito, mas isso não basta”, afirmou o moderador da sessão, “temos de ir mais além”.
A relação entre a sustentabilidade e os lucros da actividade económica representa um desafio para as empresas e é aqui que Stephen Rannekleiv entra, a representar o banco holandês Rabobank. Esta instituição foca-se em “ajudar a gerar e promover oportunidades valiosas para os clientes e para a indústria”, em projectos de cariz sustentável. Ajudam, portanto, negócios inovadores, e nascidos da emergência ambiental, a chegar ao mercado.
Também Robert Swaak, da PwC, demonstrou como as alterações climáticas impactam a indústria do vinho, economicamente e não só: “As projecções climáticas para Portugal incluem um cada vez maior aquecimento e seca durante o período de desenvolvimento das uvas, resultando em modificações na fenologia, crescimento, características do vinho e tipologia; o sector do vinho terá de avaliar os potenciais efeitos da seca e fazer planos de contingência; a aptidão de certas regiões vitivinícolas pode desaparecer; e os custos de mão de obra para a vinha podem aumentar, pois com as condições adversas de trabalho nos vinhedos causará escassez desse recurso”. Na verdade, este é já um problema em várias regiões portuguesas.
Antes do início do Porto Summit, Adrian Bridge prestou algumas declarações, confessando a excedência das suas expectativas. “O mais importante foi termos tomado conhecimento da quantidade impressionante de trabalhos que já estão a ser feitos na indústria do vinho, trabalho esse que temos de continuar a desenvolver e fazer chegar aos nossos consumidores”, disse.
Porto Summit 2019
“Quando as gerações futuras perguntarem o que é que fizemos para ajudar a combater o clima, vamos ser capazes de olhá-las nos olhos e dizer que não ficámos de braços cruzados e que fizemos a nossa parte para assegurar o futuro deste planeta”, introduziu o administrador da Taylor’s.
O Porto Summit 2019 começou com uma comunicação capaz de deixar os presentes com lágrimas nos olhos. Afroz Shah, jovem advogado indiano e Champion of the Earth 2016 pela ONU, demonstrou o seu compromisso com o oceano. A Date with the Ocean, foi o nome da apresentação. Afroz revisitou, humildemente, o processo de limpeza da praia de Versova, em Bombaim, de onde retirou, com a ajuda de milhares de voluntários, mais de 5 milhões de toneladas de lixo do areal em 86 semanas, acção que se estende agora a muitas outras praias. Para mostrar o quão natural deveria ser esta preocupação com o meio ambiente, Shah perguntou à plateia “Quantos de vocês é que receberam prémios por limparem as vossas casas?” e frisou que o jogo de atribuição de culpas em que entrámos deixa-nos estagnados, repetindo, com pesar “It’s me, it’s me, it’s me”. “Ninguém quer viver num planeta que seja incompatível com a vida humana”, lembrou. Explicando a frase “a date with de ocean” (um encontro com o oceano), disse que “quando estamos num encontro com alguém, estamos no nosso melhor e por vezes juramos cuidar até que a morte nos separe”, contando que foi esse o laço que decidiu criar com o mar. Uma apresentação muito inspiradora.
A comunicação que se seguiu foi da primeira cadeia de fast food “climate positive”, a sueca Max Burgers. Kaj Törok, CRO da multinacional, inteirou a audiência, dizendo que em 2008 “percebemos que éramos parte do problema das alterações climáticas e assumimos que tínhamos que fazer parte da solução”. Num plano onde a pegada ecológica foi medida “desde a terra do agricultor até à mão dos consumidores”, foram implementadas medidas como a inclusão da informação da pegada de carbono em cada menu vendido, “para que os clientes pudessem basear as suas escolhas também nesses dados”, a utilização de embalagens 90% renováveis e o estabelecimento de metas concretas para inverter a pegada. Desta maneira, a Max Burgers gerou um saldo negativo para a sua pegada carbónica, que se fixou agora nos -110%, para a qual ajudou a plantação de 1,5 milhões de árvores em África. Kaj “vendeu”, ainda, o seu burguer (sem “ham”) mais ecológico nas emissões, o CrispyNoChicken, que não tem carne mas é um sucesso de vendas da cadeia, pelo seu “delicioso sabor”.
Ester Asin, da World Wide Fund for Nature (WWF), mostrou factos impossíveis de ignorar: “Os últimos cinco anos foram os anos mais quentes do planeta, sendo que onze dos anos que apresentaram recordes de temperatura ocorreram desde 2001!”.
Numa entrada divertida, em que se via, num vídeo, João Matos Fernandes a entrar na conferência num carro eléctrico e automatizado, o Ministro do Ambiente português fez uma análise do papel de Portugal na vanguarda da economia verde. Sociedade descarbonizada, valorização do território e promoção de uma economia circular foram os pilares que salientou para concretizar um plano ambicioso em termos energéticos. O ano de 2050 será aquele em que o país quer assumir o compromisso de zero carbono, dependendo em 80% de energia limpa (solar e eólica). O sector dos transportes, da agricultura, da construção e a mudança de hábitos alimentares estão na base desta transição ecológica e sustentável.
O momento mais aguardado, por muitos, do evento, chegou a encerrar o ciclo de conferências. Era Al Gore, o político ecologista norte-americano mais famoso do globo. Vice-presidente dos EUA, entre 93 e 2001, e senador do Tennessee de 85 a 93, Al Gore começou por lançar um alerta, “Estamos perante uma emergência global”. Sem piedade, acusou os combustíveis fósseis de serem “de longe” a maior fonte de poluição humana. As explicações pareceram óbvias: “Quando quadruplicamos a população da Terra e equipamos essa quantidade de gente com tecnologia poderosa, é óbvio que a relação do ser humano com o ecossistema irá mudar” e “Durante 150 anos, assumimos que os sistemas naturais da terra tinham uma capacidade de renovação sem limites. Falso!” e gritou esta última palavra. Não há dúvidas de que o Prémio Nobel da Paz 2007 tem o dom da palavra e, ao longo da sua vida, escolheu utilizá-lo para sensibilizar o ser humano para os problemas ambientais. “Perdemos um campo de futebol de árvores a cada minuto”, e aos poucos foi deixando todos de boa aberta, exaltando-se de quando em quando. Foi ele que deu a verdade mais dolorosa para o sector do vinho, afirmando que “Continuando assim, algumas regiões de vinho do mundo podem deixar de o ser, ainda a meio do século, como o Douro, por exemplo”. Uma realidade difícil de imaginar. Muito mais foi dito e demonstrado em relação aos efeitos adversos da acção do homem no Planeta, mas Al Gore, vegan há oito anos, mudou o tom do discurso antes de terminar, confessando achar que ainda há esperança e que essa passa, em grande parte, pela aposta em energias renováveis. “A liderança assumida em Portugal é um exemplo para todo o mundo”, referindo-se, por exemplo, ao facto de Portugal ser o terceiro país da EU que mais usa energia renovável, apenas atrás da Suécia e da Áustria. A produção de energia eléctrica renovável do país ultrapassou, pela primeira vez em Março do ano passado, as necessidades de consumo. Falando do The Porto Protocol, o compromisso criado por Adrian Bridge e assinado por várias empresas que as vincula aos princípios e medidas estabelecidas nestas conferências, Al Gore brincou, antes de terminar, e disse ser uma plataforma liderada por “um louco instável” que “fornece ferramentas extraordinárias para uma cooperação internacional séria, informada e comprometida com as gerações futuras”.
E se o leitor não tiver uma empresa onde aplicar todas estas resoluções e estiver aqui simplesmente porque gosta de um bom copo de vinho e de boas leituras, faça o que estiver ao alcance, reduza o consumo de plástico e de água, recicle, reutilize, plante uma árvore, conheça o que come, vá a pé… repita. Repita. E repita. O futuro do Planeta depende disso.
Fladgate declara Vintage das suas quatro casas
As quatro casas históricas de vinho do Porto do grupo The Fladgate Partnership – Taylor’s, Fonseca, Croft e Krohn – acabam de anunciar a sua decisão de declarar Vintage 2017. Para além destes quatro Vintage clássicos, há ainda dois engarrafamentos de vinhas velhas: Taylor’s Vargellas Vinha Velha e Croft Sērikos. Estes dois últimos, de quantidades […]
As quatro casas históricas de vinho do Porto do grupo The Fladgate Partnership – Taylor’s, Fonseca, Croft e Krohn – acabam de anunciar a sua decisão de declarar Vintage 2017. Para além destes quatro Vintage clássicos, há ainda dois engarrafamentos de vinhas velhas: Taylor’s Vargellas Vinha Velha e Croft Sērikos.
Estes dois últimos, de quantidades muito reduzidas e sujeitos a alocação, são referências bastante raras. O Vargellas Vinha Velha 2017 é um Vintage produzido com uvas das vinhas mais antigas da Quinta de Vargellas, sendo apenas o oitavo lançamento da sua espécie. Já o Croft Sērikos 2017 é uma estreia, um vinho proveniente das vinhas velhas da Quinta da Roêda. O seu nome significa “seda” em grego, numa referência ao período pós-filoxera da Quinta da Roêda, altura em que a devastação da vinha levou à plantação de amoreiras para produção de seda.
Adrian Bridge, director-geral da The Fladgate Partnership, comenta: “Após o longo intervalo que seguiu a declaração do Vintage 2011, é com grande satisfação que vemos os muito aclamados Vintage 2016 serem sucedidos pelos excepcionais vinhos de 2017. Todas as nossas casas e as suas quintas produziram vinhos extraordinários que impressionam pela sua densidade, profundidade e potencial aromático”.
E enólogo e director técnico do grupo, David Guimaraens, revelou alguns pormenores sobre os vinhos: “As uvas perfeitamente maduras, com as suas películas muito espessas, produziram vinhos densos, muito bem estruturados e profundos, exibindo grandes reservas de aroma. Alguns vinhos apresentam uma agradável dimensão mineral que confere um toque de elegância e sobriedade ao frutado muito intenso e poderoso.”
Os Vintage 2017 do grupo The Fladgate Partnership estarão disponíveis no Outono.
Notáveis Vintage Taylor’s em colecção exclusiva
A Heritage Wines vai distribuir, em exclusivo, a colecção especial de seis Porto Vintage da Taylor’s: 1985, 1994, 1997, 2003, 2007 e 2009. É um objecto de culto de apenas 50 exemplares, com o qual a Taylor’s pretende acordar os coleccionadores para a a descoberta dos seus vinhos mais célebres e raros, desafiando também para […]
A Heritage Wines vai distribuir, em exclusivo, a colecção especial de seis Porto Vintage da Taylor’s: 1985, 1994, 1997, 2003, 2007 e 2009.
É um objecto de culto de apenas 50 exemplares, com o qual a Taylor’s pretende acordar os coleccionadores para a a descoberta dos seus vinhos mais célebres e raros, desafiando também para sentir, através dos mesmos, a passagem do tempo. Também a peça de mobiliário que se vê na imagem acompanha a colecção, tendo o conjunto o valor de €1000. Adrian Bridge, director geral da empresa, explica: “A nossa história tem confirmado que estes vinhos são capazes de evoluir ao longo de anos, ou décadas, para aquilo a que chamamos de “quintessência” de um grande vinho do Porto”.
Os vinhos do Porto Vintage da Taylor’s são elaborados a partir de lotes dos melhores vinhos de três propriedades do produtor: Quinta de Vargellas, Quinta da Terra Feita e Quinta do Junco.