Ilha, os vinhos da Madeira e de tributo à Tinta Negra
(na foto, Diana Silva com as suas garrafas dos três vinhos Ilha. Foto de Ricardo Pinto) O mínimo que se pode dizer do projecto Ilha é que tem muito de inovador e diferente. Começou há alguns anos com Diana Silva, uma jovem já com curriculum no mundo do vinho, desempenhando várias tarefas e lidando com diferentes […]
(na foto, Diana Silva com as suas garrafas dos três vinhos Ilha. Foto de Ricardo Pinto)
O mínimo que se pode dizer do projecto Ilha é que tem muito de inovador e diferente. Começou há alguns anos com Diana Silva, uma jovem já com curriculum no mundo do vinho, desempenhando várias tarefas e lidando com diferentes produtores/enólogos. Natural da ilha da Madeira, Diana criou um sonho de aí fazer os seus primeiros vinhos. Em primeiro lugar não quis fazer o vinho tradicional da Madeira, o famoso licoroso que dispensa apresentações. Partiu para vinhos não-licorosos e a seguir escolheu a casta mais plantada na Madeira, a Tinta Negra. Mas, diga-se de passagem, não é considerada a casta mais consagrada por aquelas paragens. Mas se as primeiras escolhas tinham algo de polémico, a terceiro caminho foi ainda mais: vinificar a Tinta Negra de três maneiras diferentes, para dar lugar a um branco, um rosé e um tinto. A Tinta Negra é uma casta que produz muito bem e em 2017 foi um ano fantástico na Madeira. Os dados estavam assim lançados.
A história teve muitas peripécias pelo caminho, mas Diana e o marido (Ricardo) conseguiram fazer contratos de compra de uvas com viticultores locais, a maioria na zona de São Vicente. As uvas foram vinificadas nas instalações da Adega de São Vicente, construída pelo governo madeirense, e teve o apoio do enólogo da casa (João Pedro).
Nasceram assim 3.500 garrafas de tinto, outras tantas de branco e 3.900 garrafas de rosé. Todos de baixo teor de álcool, 11,5 a 12%. O nome dos vinhos é Ilha, mas a primeira letra teve de ser estilizada como desenho, porque não era autorizada a marca Ilha.
Diana Silva considera que a Tinta Negra, pelos seus aromas e sabores, faz pensar na casta francesa Pinot Noir. Mas na verdade, em termos genéticos, nada têm nada a ver uma com a outra.
Em prova podemos dizer que estes vinhos são diferentes, secos, muito frescos. São ainda vinhos muito gastronómicos. Houve quem gostasse, e houve quem torcesse o nariz. Parece que os que gostaram foram muitos porque as cerca de 11.000 garrafas já têm dono neste momento. A única alternativa para os adquirir é visitar algumas garrafeiras ou restaurantes de ponta (como o Belcanto e o 100 Maneiras). O preço ronda os 20 euros a garrafa no retalho.
Diana não quer quer ficar pela Tinta Negra a sua experiência madeirense. E já procura outras castas e produtores de uva para fazer novos vinhos. Tudo está ainda no segredo dos deuses. Mas apostamos que Diana ainda vai dar muito que falar. (A.F.)