Gaivosa multiplex

Quinta da Gaivosa com novas colheitas mas atentos à tradição.

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Setembro 2020 Marca clássica do Douro, nascida na colheita de 1992, a Quinta da Gaivosa desdobra-se hoje num vasto conjunto de referências, entre brancos e tintos, oriundos de vinhas mais jovens e mais antigas, com parcelas muito […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Setembro 2020

Marca clássica do Douro, nascida na colheita de 1992, a Quinta da Gaivosa desdobra-se hoje num vasto conjunto de referências, entre brancos e tintos, oriundos de vinhas mais jovens e mais antigas, com parcelas muito distintas umas das outras. Mas independentemente da origem e das opções de adega, a verdade é que o carácter Gaivosa está sempre presente, como se comprova nas novas colheitas agora colocadas no mercado.

TEXTO Luís Lopes

Quinta da Gaivosa com novas colheitas mas atentos à tradição.
Domingos Alves de Sousa e Tiago Alves de Sousa

Multiplex, definição: conjunto muito variado de elementos que se cruzam numa relação complexa.

A encosta da Gaivosa é conhecida desde os primórdios da nacionalidade, sendo o monte referido na “Carta de doação e couto da ermida de Santa Comba” assinada por D. Afonso Henriques em 1139. Será de supor que então existisse vinha naquele local, que hoje se situa junto à antiga Estrada Nacional 2, na freguesia da Cumieira, a 4 km de Santa Marta de Penaguião. Garantidamente, a vinha já era ali a cultura dominante à época da demarcação da região do Douro, com as célebres Memórias Paroquiais de 1758 (questionário que o Marquês de Pombal mandou fazer em todas as paróquias do reino) a referirem expressamente o “sítio da Gaivoza, bem conhecido pelos exquesitos vinhos”.

A propriedade situa-se na margem direita do rio Corgo e as vinhas estão plantadas entre os 240 e os 450 metros de altitude em solos de xisto bastante pedregosos. Neste extremo noroeste do Baixo Corgo o clima é mais ameno do que na maior parte da região do Douro, para o que contribui também a proximidade do Marão e a floresta da quinta.

A família Alves de Sousa produz ali uvas e vinhos desde há muitos, muitos anos. Domingos Alves de Sousa representa a quarta geração de viticultores e foi ele que protagonizou a grande mudança na vocação familiar, passando de fornecedor de vinho do Porto a granel às principais casas de Gaia, para produtor de vinho do Douro engarrafado.

A estreia, na vindima de 1992, do Quinta da Gaivosa tinto, faz parte da história do Douro moderno e foi o primeiro passo para a consagração da marca. O Quinta da Gaivosa, resultado da fermentação conjunta das uvas das melhores parcelas da propriedade, com a consultoria enológica de Anselmo Mendes, apareceria apenas nos melhores anos, surgindo depois em 1994, 1995, 1997, 1999 e 2000. Na vindima de 2003 optou-se por uma outra abordagem, com a vinificação separada por parcela, fazendo-se o lote no final. Os Gaivosa que se seguiram (2005, 2008, 2009, 2011, 2013, 2015 e 2017) mantiveram o conceito.

A separação das parcelas possibilitou igualmente o nascer de novas referências, como o Vinha de Lordelo e o Abandonado.  Entretanto, a enologia da casa foi assumida por Tiago Alves de Sousa, com a quinta geração a dar continuidade à saga familiar.

Quinta da Gaivosa com novas colheitas mas atentos à tradição.

Vinhas diferenciadoras

A propriedade onde nascem as várias declinações do Quinta da Gaivosa tem 25 hectares de vinha, com diversas orientações solares (predominando poente nas castas tintas e nascente na brancas), declives (entre os 30 e 45%), sistemas de plantação e condução, e idades. As castas tintas representam 75% e as brancas 25%. Quase metade dos vinhedos é constituído por videiras muito velhas, algumas centenárias, com as castas tradicionais misturadas.

É nestas vinhas mais antigas que têm origem o Quinta da Gaivosa, o Vinha de Lordelo e o Abandonado. Estão ali representadas mais de 50 variedades de uva, 30 tintas e 20 brancas, incluindo nomes que raramente aparecem nos contra-rótulos durienses: Donzelinho Tinto, Tinta Bairrada, Malvasia Preta, Tinta da Barca, Touriga Brasileira, Alicante Bouschet, Ratinho, Chasselas, Avesso, Tamarez, Cerceal, Moscatel de Alexandria…

Mas a quinta tem igualmente uma área de vinha ao alto, uma outra de patamares e ainda, desde 2014, uma parte constituída por “vinhas tradicionais novas”. Esta última é a “menina dos olhos” de Tiago Alves de Sousa. “Temos hoje a possibilidade de comparar os vários modelos adoptados ao longo da história do Douro – vinhas tradicionais, patamares, vinha ao alto”, refere. “Quais as mais bem adaptadas às condições naturais, mais preparadas para os desafios climáticos, mais amigas do ambiente, mais longevas, as que dão vinhos de maior qualidade e maior identidade?”, é a pergunta que deixa, adivinhando-se a resposta.

O futuro, assegura, está nas “novas vinhas velhas”. No fundo, trata-se de recriar a vinha tradicional do Douro, aproveitando as suas melhores características e combinando-as com uma viticultura moderna e de precisão. O que significa a preservação da topografia natural da encosta, mantendo os antigos muros de xisto, com as videiras plantadas segundo as curvas de nível; a opção pelo sistema clássico de condução em Guyot duplo; a alta densidade de plantação (8.000 videiras/hectare); a mistura de castas, mas não de forma aleatória, antes organizadas em linhas ou micro-blocos; e a preservação nestas vinhas do património genético das castas oriundas das vinhas mais velhas da Gaivosa.

A partir de 2014, todas as novas vinhas da Gaivosa foram feitas desta forma e o tinto Gaivosa Primeiros Anos de 2017 que aqui provámos foi o primeiro fruto do actual modelo de plantação.

É, pois, desta amálgama de tradição e modernidade que são feitos os vinhos hoje produzidos na Gaivosa. “Estamos a preparar o futuro, preservando as vinhas do passado, por um lado e, por outro, plantando as vinhas do amanhã para as novas gerações”, diz Tiago. “E essas vinhas assentam na sustentabilidade e na identidade”, conclui.

Quinta da Gaivosa com novas colheitas mas atentos à tradição.[/vc_column_text][vc_column_text]

Não foram encontrados produtos correspondentes à sua pesquisa.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Siga-nos no Instagram

[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.instagram.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Siga-nos no Facebook

[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Siga-nos no LinkedIn

[/vc_column_text][mpc_qrcode url=”url:https%3A%2F%2Fwww.linkedin.com%2Fin%2Fvgrandesescolhas%2F|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” url=”#” size=”small” open_new_tab=”” button_style=”regular” button_color=”Accent-Color” button_color_2=”Accent-Color” color_override=”” hover_color_override=”” hover_text_color_override=”#ffffff” icon_family=”none” el_class=”” text=”Assine já!” margin_top=”15px” margin_bottom=”25px” css_animation=”” icon_fontawesome=”” icon_iconsmind=”” icon_linecons=”” icon_steadysets=”” margin_right=”” margin_left=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][/vc_column][/vc_row]

Cozinhas de pescador, pastor e hortelão, sabe o que são?

Todo o prato do receituário nacional visa a partilha e a festa e nem sempre nos damos conta do que está por detrás, em termos de produto, técnica e história, tal é a alegria com que o português se senta à mesa, especialmente onde à espera está um tacho. Vale a pena ir um pouco […]

Todo o prato do receituário nacional visa a partilha e a festa e nem sempre nos damos conta do que está por detrás, em termos de produto, técnica e história, tal é a alegria com que o português se senta à mesa, especialmente onde à espera está um tacho. Vale a pena ir um pouco mais fundo, para chegar aos tempos em que a alegria era mesmo o único alimento. Mar, campo e horta, e os pequenos luxos da suave mantença.

TEXTO Fernando Melo
FOTOS Mário Cerdeira

Assunto romântico aos olhos do mundo, a cozinha de raizes e proximidade esconde em si os primórdios da vida civilizada e na verdade é a principal responsável por existirmos ainda enquanto espécie. E se é verdade que para a maioria não passa de chavão para descrever qualquer coisa que não se chega nunca a perceber, felizmente a bem povoada comunidade de gastrónomos lúcidos a que pertencemos tem prazer em viajar devagar no tempo, olhando com calma para o imenso património que a cada movimento se vai revelando. Temos muitas gastronomias locais, que interagem entre si e constroem um perfil nacional, até hoje temos felizmente resistido a distinguir umas das outras, antes integrando-as todas. A imensa linha de costa portuguesa define por si só uma influência marítima forte que quase nos explica inteiramente, tendo sido em cima dela que cresceu a que conhecemos, celebramos e veneramos como cozinha de pescador. Receituário desenvolvido a bordo, na praia, ou nas cozinhas mais modestas, partes menos nobres, peixes normalmente utilizados como isco, vísceras diversas no fundo de caldos inefáveis, consolidaram ao longo dos anos um legado único no mundo. Outro grande pilar da cozinha portuguesa está escondido em pratos simples, nascidos no campo, com o que o campo dá e que o processamento mais cândido de simples fixou como cozinha de pastor. Proximidade geográfica é a chave para a entender e praticar e é dela que nasce a utilização de ervas aromáticas e medicinais, tanto por estarem disponíveis pelos campos fora como pelo gosto e prática de mezinhas curativas com base em plantas específicas. São de pastor por isso também as infusões, tantas vezes utilizadas em pratos da grande tradição. E chegamos à figura do hortelão, não fora a horta quase tão importante como a criação, e como se não lhe devêssemos em grande parte o facto de crescer de forma nutritiva nos núcleos familiares. Batata, cenoura, couves, alfaces, frutos, tomate, pepino, o desfile é infindável e muitos deles são indispensáveis para a produção culinária quotidiana.[/vc_column_text][vc_gallery type=”nectarslider_style” images=”40399,40396,40398,40397,40394,40395″ bullet_navigation_style=”see_through” onclick=”link_no”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Cozinha de pescador, o hino dos hinos”][vc_column_text]O conhecimento íntimo dos peixes e as descobertas acidentais formam grande parte do património culinário a que chamamos cozinha de pescador. O bacalhau, não sendo embora pescado nas nossas águas, é assunto bem português, ai de quem diga o contrário. O fiel amigo conviveu connosco por muitas e boas gerações, na forma seca, o mesmo tipo de preparação que se dava outrora à raia, lampreia, polvo e outros, para conservar e guardar, a regeneração acontecia pela demolha. A primeira intervenção, contudo, era o corte da cabeça e a desvisceração, o que dava acesso a partes moles que são concentrados de proteína e colagénio. A lógica de produto inteiro é plenamente cumprida no tratamento do bacalhau, das línguas, e da bexiga natatória, ou sames – espécie de canal exterior que existe logo a seguir à boca e que serve para a orientação do peixe pelo mar fora – fazia-se um caldo ainda a bordo que era de comer e chorar por mais, por isso chamado chora. Na Figueira da Foz encontramos ainda a chora de línguas e feijoada de sames, e nos restaurantes de Lisboa e Porto esses pratos vão marcando presença. A mesma ideia da cozinha a bordo está subjacente nas caldeiradas monoproteína e sem água, em que é o suado da cebola que produz o caldo maravilhoso que legumes e peixe vão produzindo. As caldeiradas multiproteína, historicamente baseadas no safio ou congro, ligado com pata roxa ou caneja e tamboril ou xarroco, são tão gloriosas quanto copiosas, repletas de sabor e valor. A cozinha de pescador tem mil recursos e tudo o que dela sai tem sabores intensos e únicos. Massas secas e arroz são componentes vezeiros nas suas preparações, pimento, tomate e batata menos, mas mesmo assim vai-se encontrando, aqui e ali.

Feijoada de sames
O prato e os vinhos
A riqueza do prato em colagénios, de que os sames de bacalhau são copiosos, mereceu a interpretação do chef Vítor Sobral, da Peixaria da Esquina, em Lisboa, semelhante à de uma feijoada tradicional. Extracção no bom ponto, ligação com a leguminosa impecável, é um hino à arte de bem comer e aos antigos, que no tempo da míngua nela se apoiaram. São bem vindos os brancos com acidez pronunciada, para o corte do prato que é contundente, assim como os tintos da proximidade atlântica, pela aparente salinidade e parceria feliz.

[/vc_column_text][image_with_animation image_url=”40388″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Cozinha de pastor, o processamento mais cândido”][vc_column_text]Se quisermos ser literalistas, é a pastorícia que dá origem a esta cozinha, mas trata-se de uma cozinha bem mais abrangente, que quase remonta ao tempo dos antigos gregos e romanos, a coroar a sedentarização. A vaca deixa de ser força motriz apenas, nos campos e terras lavradas e no transporte pela via terrestre, para se tornar ela própria alimento central, incluindo o maravilhoso leite de que ainda hoje fazemos mais alimento directo do que transformamos em queijo. Queijo que é, diga-se, pedra de toque para revolução grande sentir quase universal de um povo que é queijeiro, mas de leite de ovelha, a maior transumância portuguesa, os rebanhos em excursão de longa duração, assistidos pelo venerável pastor, este por sua vez a recolher o que de imediato vai tendo à sua volta. Nascem do talento e do momento os ensopados, que no tempo das favas e das ervilhas orlam vitela, borrego, cabrito e leitão. A beldroega rasteira, folha insubstituível na que pode bem ser a melhor sopa do mundo, aqui a pontificar, com a adição de um quejinho de ovelha que leva dentro e coze no caldo. É um dos muitos pratos nacionais que transforma água em ouro, e merece conferência sempre que surge numa carta do Portugal profundo. Tudo o que é à pastor tanto pode ser feito em tacho em casa, como em lume de chão ao ar livre. E quando é feito em casa, o espírito autêntico do prato é conseguido apenas quando a manipulação é mínima e quando leva cogumelos, ervas, leguminosas ou hortícolas da estação.

Jardineira de vitela
O prato e os vinhos
A cozinha do Bem-Haja, em Lisboa, é de inspiração da Beira Alta e tem o condão de atrair tanto os locais das terras altas do granito e da geada como os gourmets mais urbanos, orientados para os sabores simples. Prato de base muito simples, no processamento e na apresentação, é dos mais consensuais em toda a cozinha portuguesa.

[/vc_column_text][image_with_animation image_url=”40387″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Cozinha de hortelão, a chave do futuro”][vc_column_text]Sabemos hoje que é quase inevitável o regresso aos primórdios da alimentação, quando a proteína animal era rara ou inexistente, frutos, legumes e sopas, normalmente ponteadas por grão de bico ou feijão, foram a base da mantença da espécie humana. Passaram milhares de anos sem que a dieta fosse sequer beliscada e sem dúvida por isso, a horta, quadradinho dourado adjacente à casa do português da província, é ainda hoje a garantia de que a fome não vai levar a melhor. Pastinaca, tomate, abóbora, cenoura, pepino e tantos outros formam a base da alquimia que vai abençoar a sopa que a fervura ligeira vai aprimorar. O gaspacho é uma preparação a frio, sem lume, que é profilático da desidratação a que na canícula estamos expostos e queremos que fique à porta. O gaspacho andaluz, de base de tomate triturado, é muito utilizado em Portugal, mas o alentejano, com os legumes migados em brunesa média e condimentados com orégãos secos, é genuinamente nosso. As sopas de legumes caem nesta categoria e por serem acompanhadas normalmente por pão são refeição completa, por isso as devemos ter a um tempo como chave do futuro e regresso ao passado. Ao contrário do que se pensa, a sopa não tem temperatura ideal de consumo e foi pensada pelos nossos antepassados para estar pronta na cozinha à nossa espera, e tanto a podemos comer gelada como a escaldar, o conforto pretendido é que dita o modo de usar. Por uma questão de pureza e salubridade, não devemos utilizar batata, pois o amido é um açúcar e altera sabor e composição em tudo o que compõe.

Gaspacho
O prato e os vinhos
Batemos à porta do Galito, em Lisboa, onde pontifica Henrique Galito, que aprendeu com sua mãe, a nossa Dona Gertrudes, que já não está entre nós, praticante indefectível da simplicidade desarmante dos sabores e processamentos directos. Estamos na época do tomate, o hortícola que tem a duplicidade vocacional de ser o fruto com mais água e o legume com mais açúcar e que tem o dom da saciedade plena no tempo do Verão. Tomate, pimento verde, pepino, alho e cebola em brunesa média, depois azeite vinagre e orégãos secos, está o gaspacho feito.

[/vc_column_text][image_with_animation image_url=”40393″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][vc_column_text]

Edição Nº26, Junho 2019