Vinho do Porto e Madeira mencionados em popular publicação de dietas de 1863

Letter on Corpulence, Addressed to the Public (1863), foi um dos primeiros e mais populares livros sobre dietas, escrito pelo londrino William Banting (1797-1878). William era um agente funerário pertencente à classe média-alta, cuja família teve os direitos de enterro da família real britânica durante cinco gerações, até 1928. Além disto, foi também o primeiro a […]

Letter on Corpulence, Addressed to the Public (1863), foi um dos primeiros e mais populares livros sobre dietas, escrito pelo londrino William Banting (1797-1878).

William era um agente funerário pertencente à classe média-alta, cuja família teve os direitos de enterro da família real britânica durante cinco gerações, até 1928. Além disto, foi também o primeiro a popularizar uma dieta baixa em hidratos de carbono e elevada em gorduras, que acabou por ser a base de muitas dietas da época moderna.

Tudo começou quando Banting – homem de estatura baixa que aos 66 anos pesava quase 100 kg – notou que estava a ter graves problemas na sua visão e audição. Depois de procurar opinião e tratamento junto de vários médicos, o agente funerário encontrou um cirurgião auditivo que relacionou a falência de audição com o excesso de gordura de William. Assim, o cirurgião prescreveu-lhe uma dieta que cortava em pão, manteiga, leite, açúcar, cerveja e batatas, e obrigava a fazer quatro refeições por dia, compostas por carne, vegetais, fruta e vinho (seco). Resultado: a dieta funcionou, em apenas alguns meses Banting perdeu cerca de 20 kg e, no total, quase 40 kg, tendo a sua audição melhorado drasticamente. Entusiasmado com o método, William Banting decidiu, em 1863, publicar o seu testemunho, uma espécie de fascículo intitulado Letter on Corpulence, Adressed to the Public, onde documentou a sua alimentação durante o período de restrição e algumas das suas típicas refeições. Num excerto desta publicação, pode ler-se:

“Para jantar, 150 gramas de qualquer peixe excepto salmão, ou qualquer carne excepto porco, qualquer vegetal excepto batata, uma torrada seca, fruta, qualquer tipo de ave, e dois ou três copos de um bom vinho clarete [que para um inglês clássico significa Bordéus], Xerez ou Madeira. Champagne, vinho do Porto e cerveja são proibidos”.

Será seguro assumir que o vinho português é parte importante de uma dieta saudável, desde o século XIX? Aqui anuímos, até prova em contrário.

Mariana Lopes

Vinhos Madeira do século XVIII e XIX vão a leilão

Um lote de raros vinhos Madeira descobertos em Julho do ano passado num museu de New Jersey vai a leilão, em Nova Iorque, a 7 de Dezembro. As cerca de duas dezenas de garrafas e quatro garrafões de cinco galões (18,9 litros) foram datadas de meados do século XIX até finais do século XVIII. Francisco […]

Um lote de raros vinhos Madeira descobertos em Julho do ano passado num museu de New Jersey vai a leilão, em Nova Iorque, a 7 de Dezembro. As cerca de duas dezenas de garrafas e quatro garrafões de cinco galões (18,9 litros) foram datadas de meados do século XIX até finais do século XVIII. Francisco Albuquerque, enólogo da Madeira Wine Company, autenticou e classificou os vinhos, que foram novamente rolhados, com a assistência da Apcor, a Associação Portuguesa da Cortiça.
A notícia da descoberta dos vinhos, encontrados numa sala esquecida do Liberty Hall Museum durante obras de requalificação, foi saudada com grande interesse nos EUA, visto algumas das garrafas serem quase tão antigas como o próprio país (a Declaração de Independência data de 4 de Julho de 1776). E esse interesse ganhou novo fôlego com o anúncio do leilão. O museu, situado no campus da Kean University, guardou uma parte dos achados e vai exibi-los numa área intitulada “História numa Garrafa” – a receita do leilão vai financiar as obras que equiparão o edifício com acessos para pessoas com deficiência.