Concurso Vinhos de Portugal chega a décima edição

Concurso Vinhos de Portugal

O Concurso Vinhos de Portugal, iniciativa da ViniPortugal que visa distinguir os melhores vinhos nacionais, chega este ano à sua décima edição, decorrendo de 8 a 12 de Maio de 2023, em Santarém e na Guarda. Ao longo das últimas 9 edições, o Concurso Vinhos de Portugal contou com a inscrição de 11509 referências de […]

O Concurso Vinhos de Portugal, iniciativa da ViniPortugal que visa distinguir os melhores vinhos nacionais, chega este ano à sua décima edição, decorrendo de 8 a 12 de Maio de 2023, em Santarém e na Guarda.

Ao longo das últimas 9 edições, o Concurso Vinhos de Portugal contou com a inscrição de 11509 referências de vinhos nacionais, que foram sujeitas à avaliação de um júri conhecedor, nacional e internacional. Foram atribuídas 3168 medalhas aos melhores Vinhos de Portugal, entre elas 255 Grandes Ouro, 740 Ouro e 2044 Prata.

Para a edição que se avizinha, o registo dos vinhos pode ser feito até ao dia 2 de Abril, no site oficial do Concurso Vinhos de Portugal. Já o Regulamento do Concurso pode ser consultado aqui.

“O Concurso Vinhos de Portugal é hoje uma referência para o sector e estes números ilustram isso mesmo. Além de ser o local onde são seleccionados os melhores dos melhores, é também o ponto de encontro de produtores, especialistas, sommeliers e influenciadores, nacionais e internacionais, que durante estes dias aproveitam para trocar experiências. A excelência dos nossos vinhos tem vindo a crescer de ano para ano, e cada vez mais a tarefa do júri se torna mais complicada, o que torna este Concurso cada vez mais interessante”, comenta Frederico Falcão, Presidente da ViniPortugal.

«No Show», o maior pesadelo dos restaurantes

The Fork Restaurantes

A expressão é inglesa mas o fenómeno é bem português, a avaliar pelas estatísticas apresentadas pela plataforma de reserva TheFork que coloca Portugal como um dos países em que este problema mais se faz sentir. Falamos das reservas feitas em restaurantes em que o cliente depois nem aparece nem se dá ao trabalho de cancelar […]

A expressão é inglesa mas o fenómeno é bem português, a avaliar pelas estatísticas apresentadas pela plataforma de reserva TheFork que coloca Portugal como um dos países em que este problema mais se faz sentir. Falamos das reservas feitas em restaurantes em que o cliente depois nem aparece nem se dá ao trabalho de cancelar quando decide não comparecer.  Como é evidente, esta situação acarreta graves prejuízos para os restaurantes que não só deixam de ter disponível uma quantidade de mesas e lugares que ficam sem ser utilizados, como leva a um desperdício de comida, de mobilização de recursos humanos e de perdas económicas. Segundo aquela plataforma, a par da Espanha, Itália, e Reino Unido, Portugal é um dos países mais afectados por estas faltas de comparência sem aviso que atingirá mais de 4% do total das reservas efectuadas.

Segundo TheFork, que realizou um estudo sobre este assunto em Outubro de 2021, as razões apontadas pelos clientes para a não comparência são “os imprevistos de última hora” (47%), “esquecimento” (21%), mudanças de opinião (5%), reservas em múltiplos restaurantes (3%) e “vergonha em cancelar” (2%).

A plataforma TheFork, do grupo Tripadviser, quer ajudar a combater esta prática através da adopção de medidas que ajudem os restaurantes a combater este flagelo. Estão entre estas, um sistema de reconfirmação de reservas por email, sms ou pela aplicação, o impedimento do utilizador em fazer mais que uma reserva para o mesmo dia e serviço e por ultimo na atribuição a cada utilizador da plataforma de um índice de confiança, uma espécie de lista negra com a informação sobre o histórico das now shows realizados nos últimos meses. Outra hipótese consiste em permitir que os clientes possam avisar previamente a desistência da reserva através da plataforma, uma vez que uma percentagem significativa deles revelou ser constrangedor ligar para o restaurante a cancelar.

Kranemann Wine Estates inaugura enoturismo

Kranemann Enoturismo

A  Quinta do Convento de São Pedro das Águias, com raízes no Séc. XII, passa a receber experiências em torno da vinha e do vinho. Visitas e provas incluem uma “Masterclass” com a enóloga Susete Melo e estão disponíveis por marcação. Propriedade icónica do Douro, a Quinta do Convento de São Pedro das Águias foi […]

A  Quinta do Convento de São Pedro das Águias, com raízes no Séc. XII, passa a receber experiências em torno da vinha e do vinho. Visitas e provas incluem uma “Masterclass” com a enóloga Susete Melo e estão disponíveis por marcação.

Propriedade icónica do Douro, a Quinta do Convento de São Pedro das Águias foi adquirida em 2018 pelo enófilo Christoph Kranemann, que descobriu em Portugal os vinhos nacionais e, mais tarde, esta quinta no Vale do Távora. “Existe sítio mais perfeito do que este? As vinhas, o rio, toda esta paisagem fantástica… A arquitetura… Tenho raízes alemãs e sempre me interessei muito por arquitetura e história. Então este convento do século XII, com estes claustros e toda esta memória, é uma espécie de sítio perfeito, que reúne aquilo de que mais gosto. É um sítio mágico!, afirma Christoph Kranemann, lembrando o porquê da sua escolha.

O projeto vitivinícola arrancou em 2018, com a enologia a cargo de Maria Susete Melo e Diogo Lopes, trazendo ao mercado vinhos DOC Douro e Porto diferenciadores, bem como um azeite, produtos marcados pelo terroir de altitude onde surge a propriedade. A produção de vinho esteve sempre presente, desde o séc. XII, quando os monges da Ordem de Císter se estabeleceram, introduziram a prática agrícola e as bases do convento que hoje existe. E é este mesmo convento, um miradouro que se ergue perante o vale, conhecido pelos seus claustros e antiga capela, que acolhe as experiências de enoturismo agora disponíveis.

Consulte toda a informação e programação AQUI.

As marcações e esclarecimentos fazem-se através do email info@kranemannestates.com e do telefone 254782070.

 

Viniportugal na Prowein

Portugal Prowein

A ViniPortugal está a caminho da Alemanha para marcar presença na 27ª edição da ProWein que decorre de 19 a 21 de Março, em Düsseldorf. No evento, que é considerado o mais importante do sector vitivinícola a nível mundial, a ViniPortugal apresenta-se através da sua marca para os mercados internacionais, a Wines of Portugal, com […]

A ViniPortugal está a caminho da Alemanha para marcar presença na 27ª edição da ProWein que decorre de 19 a 21 de Março, em Düsseldorf. No evento, que é considerado o mais importante do sector vitivinícola a nível mundial, a ViniPortugal apresenta-se através da sua marca para os mercados internacionais, a Wines of Portugal, com um espaço localizado no Pavilhão 12, que contará com 157 expositores de diferentes produtores e regiões vitivinícolas, um extenso programa com 19 seminários, visitas guiadas e uma zona de degustação que proporcionará a todos os visitantes um olhar intensivo sobre o mundo português.

A conduzir os seus seminários, a Wines of Portugal conta com personalidades de renome do sector, tais como: Caro Maurer MW, Konstantin Baum MW, o especialista português David Schwarzwälder, a autora de vinhos Christine Fischer, bem como o autor de vinhos Sebastian Bordthäuser, Carine Patricio – vencedora do Melhor Sommelier Portugal 2020, Rubina Vieira do Instituto do Vinho da Madeira, o enólogo Tiago Macena, e ainda Sofia Salvador como Educadora de Vinhos de Portugal.

Sobre esta presença, Frederico Falcão, Presidente da ViniPortugal refere A Alemanha ocupa o 6º lugar ao nível das exportações, sendo para nós importante continuar a apostar neste mercado, reforçando a presença dos vinhos portugueses e dando continuidade a todo o trabalho que temos vindo a desenvolver. Nesta edição vamos contar com a presença de 150 produtores nacionais e uma zona de degustação que permitirá a todos os interessados descobrir a versatilidade dos vinhos portugueses. Todos os participantes poderão ainda participar nas nossas Visitas Guiadas, onde os especialistas portugueses dedicam o seu tempo a explorar as regiões, castas ou estilos de vinho juntamente com os visitantes, dependendo dos seus desejos e necessidades. Não temos dúvidas que será um evento de grande sucesso onde pretendemos capitalizar ao máximo a nossa presença e enaltecer a qualidade dos nossos vinhos.”

 

 

Quinta das Areias Country House – O novo Turismo Rural do Solar da Pena

Solar da Pena

O produtor de vinhos verdes Solar da Pena  inaugurou a sua unidade de turismo rural denominada “Quinta das Areias Wine Country House”. Situado junto ao Rio Cávado, este empreendimento está implantado numa antiga propriedade agrícola totalmente recuperada onde permanece no edifício a traça tradicional do Minho que esteve na sua origem. A Quinta das Areias […]

O produtor de vinhos verdes Solar da Pena  inaugurou a sua unidade de turismo rural denominada “Quinta das Areias Wine Country House”. Situado junto ao Rio Cávado, este empreendimento está implantado numa antiga propriedade agrícola totalmente recuperada onde permanece no edifício a traça tradicional do Minho que esteve na sua origem.

A Quinta das Areias Wine Country House é composta por cinco quartos, dos quais 3 duplos e dois familiares, equipados com todas as comodidades para proporcionar uma estadia memorável. Contíguo ao edifício principal, existe também um sequeiro de arquitectura tradicional do Minho transformado numa suite familiar totalmente independente com localização e exposição solar privilegiadas. Existe ainda um bungalow com uma varanda privada suspensa sobre a vinha com jacuzzi. A inauguração do alojamento serviu ainda para apresentação da gama de vinhos do Solar da Pena, actualmente com sete referências: 4 brancos, um tinto, um rosé e um espumante.

O Solar da Pena situa-se em Braga na Rua de Areias, nº 185

Castas Minoritárias por Luís Antunes

tempo dos vinhos

Portugal possui, como é sabido, um património genético vitícola de valor incalculável, em boa parte preservado, graças ao trabalho de entidades como a PORVID e ao esforço individual de muitos produtores. Já Espanha “afunilou” as suas variedades quase até alcançar o ponto de não retorno. Felizmente, também do lado de lá, alguém se chegou à […]

Portugal possui, como é sabido, um património genético vitícola de valor incalculável, em boa parte preservado, graças ao trabalho de entidades como a PORVID e ao esforço individual de muitos produtores. Já Espanha “afunilou” as suas variedades quase até alcançar o ponto de não retorno. Felizmente, também do lado de lá, alguém se chegou à frente (ITACyL) para evitar a perda irreparável. Portugueses e espanhóis juntaram-se à mesa, com copos e conversa. Na ementa, Negro Sauri, Puesta en Cruz, Cornifesto, Tinta da Barca, Malvasia Preta ou Cenicienta.  

Temos muitas castas de vinhos em Portugal. Muitas, muitas, e com nomes difíceis de pronunciar e de explicar. O nosso vinho é de lote, com raras excepções: Bucelas-Arinto, Bairrada-Baga, Monção e Melgaço-Alvarinho, generosos de Setúbal-Moscatel, mais os Madeiras, onde a casta é também um estilo de vinho e um nível de doçura. Simplificando, é isto. No resto do país vinho, impera o lote. E o lote, na viticultura antiga, começava logo na vinha, com cada casta adequada ao tipo de chão, exposição solar, pendência do terreno, profundidade do solo, etc. Na viticultura mais moderna plantaram-se talhões de castas, e o lote é feito na adega, pelos enólogos. Sempre perseguindo um ideal: o equilíbrio do vinho, o seu respeito pelo estilo tradicional de cada lugar, muitas vezes respeitando uma bonita co-evolução com a gastronomia local. Talk about terroir, na essência é isto mesmo.

As modas que afectaram os sítios deixaram rasto, com mudanças na estrutura dos lotes. Em particular, a febre da Touriga Nacional gerou uma certa invasão do país, e a Touriga, originária do Dão e que tinha muito pouca expressão nas vinhas, galgou degraus e rapidamente entrou no top 10 das castas mais plantadas. Mas já antes Portugal tinha sobrevivido a uma febre parecida, a do Cabernet Sauvignon, nada autóctone, mas que gerou um certo medo de perda de identidade. Talvez esse medo primordial nos tenha defendido mais tarde das febres invasoras e/ou unitárias.

O mesmo não aconteceu em Espanha. Talvez por causa do nosso atávico e tradicional atraso (de vida, vejam lá, somos pobrezinhos blá blá blá, conversa que detesto…), conseguimos sobreviver com muito mais variedade genética de castas e clones do que nos países mais avançados. Vejamos, a Borgonha de tintos tem Pinot Noir e um pouco de Gamay, optimizaram. Também optimizaram os brancos, com Chardonnay e um pouco de Aligoté. Bordéus tem Cabernet Sauvignon, Merlot, e temperam isto com Cabernet Franc e Petit Verdot.

castas minoritárias futuro
É nas vinhas antigas, como na Quinta do Caedo, que se encontram castas do passado que podem vir a ser o futuro.  © Luís Lopes

As regiões mais conhecidas de Espanha também estreitaram as castas até ao “óptimo”. Jerez com Palomino, só Palomino. Rioja, Ribera del Duero ou Toro com Tempranillo. Só Tempranillo. Mas temprano quer dizer cedo, e com o aquecimento global esta casta de ciclo curto começou a trazer ansiedades. Os produtores tentaram adaptar-se trazendo castas internacionais (ou francesas) como Cabernet Sauvignon ou Syrah. Foi aí que investigadores como Alberto Martín, do ITACyL (Instituto Tecnológico Agrario de Castilla y León) decidiram estudar as velhas tradições, as velhas vinhas, o que estava antes, e que alguns velhos ainda conheciam. De vinha em vinha, de cepa em cepa, foram descobrindo, classificando e catalogando 130 castas de uvas. Destas, seleccionaram 29 para salvar e explorar, verificar o seu potencial enológico. De uma destas, havia apenas três cepas, a Cenicienta. Ou seja, este era um trabalho de heróis. Desde 2002 até hoje, estas 29 foram multiplicadas, salvas, estudadas com microvinificações, até chegarem a 100 cepas de cada uma, o suficiente para 40 garrafas de vinho anuais. As microvinificações levantam sempre problemas técnicos, não são uma boa fotografia do potencial de uma variedade. Por isso algumas foram mais exploradas, para fazer já vinificações de dimensões dignas. Os vinhos foram entregando as suas promessas e o ITACyL foi fazendo o seu trabalho não só de investigação, mas também de transferência de tecnologia para o sector vitivinícola, e propondo alterações aos regulamentos das denominações de origem, para incluir estas novas castas que vão ao encontro dos objectivos dos produtores, mas também dos desejos dos consumidores.

Em Portugal começámos de uma situação menos grave, na verdade, uma situação confortável em termos de variedade de castas, mas os nossos técnicos perceberam cedo o problema e não perderam tempo. A PORVID é uma associação do sector (público e privado em associação estreita) que mantém uma vinha em Pegões onde tem exemplares de todas as castas conhecidas, e não só isso, focando na maximização do número de clones de cada casta. Um tesouro para os investigadores em vitivinicultura, mas acima de tudo um seguro de vida para o sector, e uma garantia de que o foco da nossa produção de vinhos não é a optimização de um tipo ou estilo de vinhos que esteja correntemente na moda. Em vez disso, como afirmou António Graça (I&D da Sogrape e PORVID), é a enologia que abraça a nossa variedade genética e encontra os vinhos que optimizam as castas e clones existentes em cada local. António deu um exemplo simples: se não tivesse sido criado o Champagne, o Pinot Noir e o Pinot Meunier já estariam possivelmente extintos.

Contou-me ainda o António Graça que em Bordéus já perceberam o drama de estreitar demasiado as opções nas castas e nos clones “melhores” e começaram a plantar outras castas, inclusive a nossa Touriga Nacional. Mas fazem-no com a mesma atitude de outrora: encontrar a nova superstar, a panaceia, que vai resolver todos os problemas. A atitude deve ser outra: olhar para o que se tem, tentar entender as razões antigas da escolha dessas castas/clones, e preservar a variedade genética como a manutenção de opções abertas para o futuro.

Em Espanha, 20 anos depois, são já os vignerons que recorrem ao ITACyL para os ajudar a encontrar as tais castas que podem apontar aos vinhos do futuro. Aproveitando a visita de Alberto Martín a Lisboa, organizei um jantar onde provámos vinhos de castas raras de um e outro lado da fronteira. É que em Portugal, se não estreitámos tudo só a uma casta, também fizemos apostas num número pequeno de variedades. No Douro, de um estudo preliminar de José António Rosas e João Nicolau de Almeida, tiraram-se conclusões definitivas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca e Tinto Cão. Mas as vinhas velhas fizeram de almofada, e seguraram boas quantidades de um grande número de castas. Algumas que tiveram sempre apostas para as cinco seguintes, como a Tinta Amarela (Trincadeira), Sousão, Alicante Bouschet, Tinta da Barca, Tinta Francisca e muitas outras. Mas também outras que, permanecendo nas vinhas, estão hoje disponíveis para vinhos de estilos mais leves e onde a cor é menos premente. Rufete, Cornifesto, Malvasia Preta, Bastardo.

De umas e outras provámos na Manja#Marvila, para nos maravilharmos perante um mundo novo de castas que nos dão vinhos deslumbrantes para desfrutar à mesa. Os nomes espanhóis por vezes contrastam com os nossos, mas a sinonímia sempre será fonte de conversa: Bastardo-Negro Sauri-Merenzao; Rabigato-Puesta en Cruz; Cornifesto-Gajo Arroba. Adivinho que a Tinta da Barca vai explodir em breve como uma grande casta, primeiro do Douro e depois nacional. A seguir, quem sabe? Do que provei, Malvasia Preta e Cornifesto. São grandes dias para os amantes de vinho.

(Artigo publicado na edição de Fevereiro de 2023)

 

Editorial: As nossas escolhas

luis lopes editorial

Como habitualmente, a edição de março é dedicada aos Prémios Grandes Escolhas. É aquele momento tão especial em que celebramos todos aqueles (vinhos, pessoas, empresas, organizações) que se distinguiram ao longo do ano que passou. Discutíveis, como todas as escolhas, estas são as nossas Grandes Escolhas. Editorial da edição nrº 71 (Março 2023) Tal como […]

Como habitualmente, a edição de março é dedicada aos Prémios Grandes Escolhas. É aquele momento tão especial em que celebramos todos aqueles (vinhos, pessoas, empresas, organizações) que se distinguiram ao longo do ano que passou. Discutíveis, como todas as escolhas, estas são as nossas Grandes Escolhas.

Editorial da edição nrº 71 (Março 2023)

Tal como a primavera que aí vem, símbolo do renascer, do novo ciclo nos campos e nas vinhas, também os prémios Grandes Escolhas celebram a nova temporada vitivinícola começando por aplaudir os vinhos e as entidades que mais se destacaram na anterior. E, felizmente, são cada vez mais e mais fortes os motivos para aplaudir o vinho de Portugal.

Enquanto apreciadores, o que mais nos surpreende é o facto de ainda conseguirmos ficar surpreendidos (passe o pleonasmo) com o consistente crescimento qualitativo dos vinhos que nos chegam à mesa de provas. Mais do que qualidade (que já se tornou tão comum que virou banal), falamos de excelência, um patamar que, há uma década, estava só ao alcance de alguns, e hoje é evidenciado por muitos. Excelência essa que, cada vez mais, se apresenta associada a carácter, uma conjugação outrora quase inexistente. Tudo isso encontramos, sobretudo, nos nossos Top30 e, em particular, nos cinco vinhos vencedores, um por cada em cada categoria vínica: o espumante Murganheira Assemblage 2005, o branco Anselmo Mendes Parcela Única Alvarinho 2019, o rosé Kompassus Tête de Cuvée Nature 2017, o tinto Casa da Passarella Vindima 2011 e o fortificado Kopke 50 anos branco.

Os vinhos são feitos para serem bebidos, quase sempre acompanhados por comida, e na área da horeca e retalho o cliente/consumidor foi muito apaparicado em 2022, ao nível da oferta, da apresentação, do serviço. E foi-o em restaurantes incontornáveis na sua categoria ou perfil (Prado, De Raiz ou Ruvida são os nossos eleitos); em enoturismos absolutamente modelares, como o da Quinta de Ventozelo; em eventos únicos e inimitáveis, como o Amphora Wine Day; e em lojas ou bares de vinho onde nos sentimos em casa, como Estado d’Alma, Pátio d’As Marias e Garage Wines. E tantos foram os vinhos e clientes que beneficiaram do luxo de serem servidos pelo grande sommelier que é Ricardo Morais!

Muitas empresas e produtores, grandes e pequenos, excederam as nossas expectativas (e, acredito, por vezes, as suas próprias). Dona Sancha foi a grande revelação, vinda da região do Dão. Já a Herdade da Lisboa, do Alentejo, confirmou em 2022 a enorme solidez dos vinhos e do projecto. Outros procuraram, através da singularidade, brilhar num universo vínico demasiado homogéneo, como a dupla de enólogos que criou o modelo Lés a Lés. Mas também houve produtores bem mais antigos que se souberam reinventar, aparecendo fulgurantes, mudados por dentro e por fora, casos da Adega Coop. de Ponte da Barca ou da Sociedade Vinícola de Palmela. E depois, claro, há aqueles, como a Aveleda, em que a própria cultura empresarial, cimentada ao longo de mais de 150 anos, busca o sucesso não numa revolução, mas num planeamento cuidado a muito longo prazo.

Empresas e projectos bem sucedidos não nascem por geração espontânea. Na sua base estão, sempre, grandes profissionais. Como o vencedor do Prémio David Lopes Ramos, Ricardo Nogueira, cujo trabalho em torno do leitão da Bairrada merece todos os encómios. Em áreas mais directamente ligadas ao conteúdo das garrafas, destacamos o saber e versatilidade de Ana Mota, que trata por tu as cepas do Douro e do Dão; e o talento puro de quem mete, literalmente, a mão na massa, espelhado pelos enólogos Johnny Graham e Diogo Lopes.

Finalizo, como sempre, com o máximo galardão, entregue unicamente a quem muito ofereceu ao vinho de Portugal, ao longo de uma vida. E quem mais merecedor do que a grande Senhora do Vinho, Leonor Freitas?

 

CONHEÇA OS MELHORES VINHOS DE 2022 E AS GRANDES NOVIDADES PARA 2023

Prémios Grandes Escolhas

Já são conhecidos os vencedores dos Prémios Grandes Escolhas 2022, revelados na cerimónia de entrega de prémios que se realizou no dia 3 de Março, em Sangalhos, com a presença de dezenas de produtores e outros profissionais da área. Dos 30 melhores vinhos portugueses de 2022, segundo a redação da Grandes Escolhas, saíram vencedores o […]

Já são conhecidos os vencedores dos Prémios Grandes Escolhas 2022, revelados na cerimónia de entrega de prémios que se realizou no dia 3 de Março, em Sangalhos, com a presença de dezenas de produtores e outros profissionais da área. Dos 30 melhores vinhos portugueses de 2022, segundo a redação da Grandes Escolhas, saíram vencedores o ‘Murganheira Assemblage Távora-Varosa Grande Reserva Espumante branco 2005’, na categoria de Melhor Espumante, ‘Anselmo Mendes Parcela Única Vinho Verde Monção e Melgaço Alvarinho branco 2019’, como Melhor Vinho Branco, ‘Kompassus Coleção Privada Tête de Cuvée Nature Bairrada Baga rosé 2017’, o Melhor Vinho Rosé, ‘Casa da Passarella Vindima Dão tinto 2011’, na categoria de Melhor Vinho Tinto, e a distinção de Melhor Vinho Fortificado foi para o ‘Kopke Porto 50 Anos branco’.

Prémios grandes Escolhas

No decorrer da cerimónia, foram também atribuídos os 20 Troféus Grandes Escolhas, nas diversas categorias: Restaurante Cozinha Tradicional Portuguesa 2022 – ‘DeRaiz, Rebordinho, Viseu’; Restaurante Cozinha do Mundo 2022Ruvida, Lisboa’; Restaurante 2022 – ‘Prado, Lisboa’; Sommelier 2022Ricardo Morais, Amorim Luxury Group’; Prémio David Lopes Ramos 2022 – ‘Ricardo Nogueira do restaurante Mugasa, em Sangalhos’; Loja Gourmet 2022 – ‘Pátio das Marias, Porto’; Garrafeira 2022Estado d’Alma, Lisboa’; Wine Bar 2022Garage Wines Wine Bar, Matosinhos’; Enoturismo 2022 – ‘Quinta de Ventozelo, Douro’; Iniciativa do Ano 2022 –Amphora Wine Day, da Herdade do Rocim’; Viticultura 2022 –Ana Mota, da Amorim Family Estates’; Adega Cooperativa 2022 – ‘Adega Ponte da Barca e Arcos de Valdevez’; Produtor Revelação 2022 – ‘Quinta Dona Sancha, Dão’; Produtor 2022 – ‘Herdade da Lisboa, Alentejo’; Empresa Vinhos Generosos 2022 – ‘Sociedade Vinícola de Palmela, Península de Setúbal’; Empresa 2022 – Aveleda, várias regiões; Prémio Singularidade 2022 – ‘Lés a Lés, várias regiões’; Enólogo Vinhos Generosos 2022 – Johnny Graham, da Churchill’s; Enólogo 2022 – Diogo Lopes, Adega Mãe e outras; Senhor/a do Vinho 2022 –Leonor Freitas, Casa Ermelinda Freitas’.

Este é um evento que ano após ano assume uma maior complexidade no que respeita à eleição e escolha dos melhores, dada a excelência do que temos em Portugal no setor vitivinícola e gastronómico. É sempre um desafio escolher entre tanta qualidade, tendo por base critérios de objetividade, rigor, isenção e profissionalismo, dentro do que é possível nestas áreas”, afirma João Geirinhas, diretor de negócio da revista Grandes Escolhas.

Para além dos prémios já referidos, foram ainda anunciados os Melhores Vinhos por região, num total de 299 vinhos.

De acordo com Luís Lopes, diretor da revista, “Conseguimos reunir, nesta edição, inúmeros protagonistas do mundo dos vinhos e da restauração/gastronomia, que são a prova viva que o nosso país se destaca nestes setores. Para a nossa equipa foi um enorme prazer premiar os melhores de 2022 sejam eles produtores de vinho, chefs de cozinha, enólogos, viticólogos, sommeliers, comerciais, proprietários de restaurantes e outros profissionais da área, se bem que esta tarefa vai sendo cada vez mais difícil tendo em conta a qualidade dos projetos. Mas diria que os vinhos portugueses estão de parabéns, e que o setor está cada vez mais consistente e mais forte para se impor também no mercado internacional”.

Grandes novidades a chegar

Prémios Grandes Escolhas

 

Além dos premiados, a Grandes Escolhas teve ainda a oportunidade de anunciar e apresentar três grandes novidades. O novo website, no qual os utilizadores podem não só saber mais acerca dos vinhos, como já acontecia anteriormente, mas agora também terão acesso à compra dos produtos, através de um protocolo de colaboração com as principais garrafeiras. “É como se fossemos o trivago ou o booking dos vinhos. Queremos tornarmo-nos o website de referência no que toca não só a informações sobre o mundo dos vinhos, como também o ‘go-to’ quando alguém pretende adquirir uma determinada garrafa. Além disso, acabámos também por fazer uma melhoria geral no website, tornando-o mais user friendly, mais moderno, mais rápido e funcional”, explica João Geirinhas.

O site conta atualmente com mais 100 mil visitantes mensais e meio milhão de visualizações de páginas também por mês e “por isso estamos apenas a tirar proveito deste interesse e a dar a todos os consumidores a oportunidade de ter toda a informação num só sítio, permitindo encontrar o que pretendem de uma forma mais rápida”, acrescenta o mesmo.

Quando o utilizador entra na página do vinho que pretende para ver as informações disponíveis como a classificação ou a descrição, encontrará um botão para comprar. Quando clicar, o website irá automaticamente buscar um print em tempo real da disponibilidade, em stock, para que possa ver, sem navegar fora do website, quais as garrafeiras que têm o produto disponível. Se encontrar o que pretende, é só clicar na garrafeira em questão e entrar diretamente na página do produto dessa mesma garrafeira, avançando com a compra.

Outra novidade anunciada foi a nova app da Grandes Escolhas que vai permitir que o utilizador, ao tirar uma foto ao rótulo, receba de imediato informações como a descrição do vinho, o preço médio, entre outras informações relevantes. “No caso da app Grandes Escolhas, a classificação será baseada na opinião dos nossos jornalistas e críticos, o que torna automaticamente este fator diferenciador perante o que já existe no mercado. Contamos que a mesma entre em funcionamento no início do verão”, esclarece João Geirinhas.

Os Prémios Grandes Escolhas, organizados pela revista Grandes Escolhas, vão já na sua sexta edição com a atual equipa, e podem ser vistos ou revistos online no site da Grandes Escolhas, uma vez que a cerimónia foi transmitida em streaming, ficando assim disponível a todos. A gala que distingue e premeia os melhores vinhos, bem como empresas, profissionais e instituições na área de vinhos e gastronomia, em Portugal, contou com mais de 800 convidados, que se no reuniram C.A.R. – Centro de Alto Rendimento (Velódromo), em Sangalhos para uma noite dedicada aos Melhores do Ano.