Casa Redondo compra licor Safari
A Casa Redondo, empresa conhecida por ser proprietária do Licor Beirão, deu um passo significativo no seu crescimento internacional com a compra do licor Safari, até agora pertencente à Diageo, uma das maiores empresas mundiais do sector de bebidas. Com esta aquisição, a empresa portuguesa procura fortalecer a sua presença em mercados estratégicos como a […]
A Casa Redondo, empresa conhecida por ser proprietária do Licor Beirão, deu um passo significativo no seu crescimento internacional com a compra do licor Safari, até agora pertencente à Diageo, uma das maiores empresas mundiais do sector de bebidas.
Com esta aquisição, a empresa portuguesa procura fortalecer a sua presença em mercados estratégicos como a Holanda, Bélgica e Alemanha. Segundo o comunicado da Casa Redondo, esta empresa prevê um crescimento de cerca de 70% nas suas exportações globais e tem, como objectivo, triplicar este valor nos próximos cinco anos. Financiada com capitais próprios, “a compra permitirá, à empresa, criar sinergias de portefólio, investir em equipas comerciais e de marketing e aprofundar as relações com os parceiros de distribuição, consolidando assim a sua posição como produtor de referência na categoria de licores”, diz o comunicado.
A Casa Redondo é uma empresa produtora de bebidas alcoólicas, gerida actualmente pela terceira geração da família de José Carranca Redondo, que fundou a empresa no início do século 20. A sua marca mais emblemática é o Licor Beirão, a referência de bebidas espirituosas mais vendida em Portugal. A empresa possui ainda o Aperitivo Per Se, a Amarguinha, o FoxTale Gin e a aguardente Aldeia Velha.
Editorial Julho: Ouro dos Tolos
Editorial da edição nrº 87 (Julho 2024) Existe a ideia generalizada de que um produtor de grande dimensão não consegue atingir o patamar máximo da excelência. Casas como a Penfolds, na Austrália, ou a Sogrape, em Portugal, para mencionar apenas estes, contrariam esse dogma. Desde os primórdios da humanidade que os bens mais […]
Editorial da edição nrº 87 (Julho 2024)
Existe a ideia generalizada de que um produtor de grande dimensão não consegue atingir o patamar máximo da excelência. Casas como a Penfolds, na Austrália, ou a Sogrape, em Portugal, para mencionar apenas estes, contrariam esse dogma.
Desde os primórdios da humanidade que os bens mais raros, difíceis de encontrar ou conseguir, são os mais valorizados. No fundo, faz parte da natureza humana tudo fazer para possuir o que os outros não têm. Veja-se o ouro, por exemplo, matéria-valor por excelência. Enquanto metal, tem muito pouca utilidade prática. E, no entanto, travaram-se guerras por ele (ainda hoje se travam guerras por petróleo, um bem, apesar de tudo, mais disponível e muito mais útil…)
O mesmo princípio se aplica a todos os bens de consumo, das roupas aos automóveis, passando pela comida e, claro, pelo vinho. No que respeita a este último, existe, até certo ponto, uma relação directa entre a qualidade e a quantidade disponibilizada. A razão é simples: nem todos os territórios (regiões) têm o mesmo potencial para alcançar excelência; mesmo nas melhores zonas das melhores regiões, nem todas as vinhas possuem a mesma aptidão qualitativa; e mesmo as melhores videiras, plantadas nos melhores locais, necessitam ter a sua produção limitada (natural ou artificialmente) para originar as melhores uvas. Os grandes vinhos não existem em grandes quantidades.
Ainda assim, podemos encontrar marcas de excelência mundial a produzir volumes apreciáveis em cada vindima. Alguns exemplos: Château Mouton Rotschild, 240 mil garrafas, sensivelmente a mesma quantidade do Lafite Rothschild; Château Latour, 200 mil; Château Margaux, 120 mil; Vega Sicilia Único, 100 mil; Sassicaia, 100 mil; Cheval Blanc, 72 mil. Tenha-se igualmente em conta que várias das melhores marcas do mundo podiam perfeitamente produzir mais garrafas com a mesma qualidade. Mas há um limite para o que o mercado pode absorver a um determinado preço num determinado momento. E é preciso gerir a escassez para que o preço não caia. O Porto Vintage é um bom exemplo: apesar de haver todas as condições qualitativas (vinha, adega e conhecimento) para se produzir bastante mais, a verdade é que a produção global é muito inferior à registada há 30 ou 40 anos.
Existe a ideia generalizada de que um produtor de grande dimensão, pela sua própria cultura empresarial, não consegue atingir o patamar máximo da excelência, ficando esse privilégio reservado aos pequenos produtores. Casas como a Penfolds, na Austrália, ou a Sogrape, em Portugal, para mencionar apenas estes, contrariam esse dogma. A Sogrape é mesmo um caso de estudo, já que produz, ao mesmo tempo, a referência mais vendida (Mateus) e a de maior notoriedade (Barca Velha).
Mas parece evidente que, em Portugal e no mundo, existe uma tendência para sobrevalorizar a raridade vínica. Os restaurantes mais exclusivos procuram oferecer aos seus clientes vinhos igualmente exclusivos, produzidos em pequeníssimas quantidades, por vezes algumas centenas de garrafas, associadas a uma boa estória que o sommelier transmite ao cliente.
Nada de errado nisto, um vinho vale aquilo que se está disposto a pagar por ele. Mas é importante que quem compra saiba, pelo menos, duas coisas. Primeiro, poucas garrafas produzidas não significam, necessariamente, qualidade acrescida. Segundo, pequeno produtor não implica maior atenção ao produto ou maior proximidade à origem – aliás, vários desses vinhos “exclusivos” foram comprados já feitos em grandes adegas e quem assina o rótulo nunca viu as vinhas onde nasceram.
Quando da corrida ao ouro em vários estados dos EUA, ao longo do século XIX, ficou famoso o “fool’s gold”, o ouro dos tolos. Basicamente, pirite de ferro que os garimpeiros menos experientes tomavam por ouro, acreditando ter ficado ricos. Muitos enlouqueciam quando descobriam a crua verdade: nem tudo o que luz é ouro.
Casa de Saima: Um clássico inovador
A Casa de Saima começou a produzir vinhos engarrafados há 41 anos. Primeiro apenas com o perfil clássico da Bairrada, que obriga os tintos a estágio prolongado antes de atingirem todo o potencial de proporcionar prazer a quem os bebe, sobretudo porque são feitos com base na casta rainha da região, a Baga. Com o […]
A Casa de Saima começou a produzir vinhos engarrafados há 41 anos. Primeiro apenas com o perfil clássico da Bairrada, que obriga os tintos a estágio prolongado antes de atingirem todo o potencial de proporcionar prazer a quem os bebe, sobretudo porque são feitos com base na casta rainha da região, a Baga. Com o tempo e a chegada ao mercado de vinhos de outras regiões, a concorrência e a evolução dos gostos dos consumidores levaram a casa a inovar e a criar uma gama de vinhos tintos do ano, mais frescos e apetecíveis a algumas faixas de consumidores. Agora, a equipa da casa procura novos caminhos para os seus espumantes, com estágios mais longos em garrafa e já estão também na calha dois novos espumantes de Pinot Noir e Chardonnay. Mas foi sobretudo a teimosia e o bom senso de manter o encepamento tradicional e a produção dos vinhos clássicos que celebrizaram a casa nos anos 90, com base nas castas tradicionais da Bairrada, que contribuiu para que a Casa de Saima mantivesse o rumo e o seu sucesso sustentado.
A casa foi fundada por Carlos Almeida e Silva e Graça Maria da Silva Miranda, a sua mulher na altura, a partir de um negócio herdado pelos pais do primeiro, de produção de vinhos para venda a granel. A mudança resultou do incentivo do enólogo bairradino Rui Moura Alves, quando este lhes demonstrou as vantagens da venda com marca própria em garrafa.
A iniciativa, de Paulo Nunes e Paulo Cêpa, o enólogo e o gestor operacional da Casa de Saima, de produzir vinhos menos graduados, leves e elegantes permitiu, à empresa, alcançar mercados que os preferem no Brasil e Estados Unidos.
Vinhas herdadas
Carlos Almeida e Silva já tinha, na altura, algumas vinhas herdadas da família, que ainda hoje integram a área produtiva da Casa de Saima. Mas o negócio foi sendo alargado, a partir da década de 90, com novas plantações e vinhas, que foram compradas nos melhores terroirs da Bairrada. Um dos objectivos era “agrupá-las para ter propriedades um pouco maiores, mais fáceis de gerir”, conta Paulo Cepa, 44 anos, gestor operacional da empresa. Exemplo disso é a Vinha da Corga, que começou por ter dois hectares e actualmente tem seis, de um total de 20 que constitui o património vitícola da empresa. Inclui, entre as castas tintas, a rainha da região, a Baga, as variedades nacionais Touriga Nacional e Castelão, e internacionais Merlot e Pinot Noir, este inicialmente plantado para dar origem à produção de espumantes. Mas apenas foi usado no blend de tinto e, mais recentemente, dá origem à produção de um monocasta do ano. Nas brancas predominam as variedades tradicionais da região, Maria Gomes, Bical e Cercial, mas também há Chardonnay, casta que também foi plantada para dar origem a espumantes.
Num processo que decorreu ao longo de vários anos, sempre com o objectivo de fazer bem e com qualidade, “foi dada prioridade às castas regionais e tradicionais portuguesas”, conta Paulo Cepa. As internacionais foram escolhidas porque os seus proprietários queriam alargar o potencial comercial da empresa. “Permitiram-nos fazer outros blends e introduzir inovações que enriqueceram o nosso portefólio”, explica.
Após a Casa de Saima ter começado a produzir vinhos engarrafados, “feitos com muita paixão e qualidade”, nos anos 90 do século passado, numa altura em que a região da Bairrada estava na berra, os seus vinhos começaram a surgir nos restaurantes de Lisboa e a ficar na moda. De tal forma que o actual presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, reconheceu os rótulos da marca, em visita à região num evento de vinhos recente. “Era uma época em que o Alentejo ainda não estava na moda e não tinham surgido os vinhos do Douro no mercado”, explica Paulo Cepa, defendendo que a marca ficou na memória dos portugueses, apesar de o início do segundo milénio ter corrido menos bem para o seu negócio, devido à separação do casal fundador.
Novos caminhos
A época que se seguiu, “foi uma altura em que se procurou encontrar caminhos”, explica Paulo Cepa, salientando que “o rumo acabou por surgir, como acontece com tudo o que se faz com empenho e paixão”.
Entretanto a responsabilidade pela enologia da casa transitou das mãos de Rui Moura Alves para as de Paulo Nunes, ou seja, “de uma filosofia mais tradicional para outra mais inovadora”, o que contribuiu para melhorar a visibilidade de uma empresa que passou a ter, para além da sua gama clássica, outros mais experimentais.
“Mesmo quando vivemos momentos menos bons, tal como aconteceu com o resto da Bairrada, nunca arrancámos a casta Baga, como o fizeram outros produtores da região e foi essa teimosia de manter tudo como está, mesmo com algum sacrifício, para produzir vinhos clássicos de qualidade, que levou o nosso barco a tomar de novo o rumo”, conta Paulo Cepa, salientando que a sua casa “é um pequeno produtor de vinhos de quinta, comercializados num número restrito de mercados”.
Para Paulo Nunes, o enólogo consultor da Casa de Saima, esse tem sido o seu principal desafio, de “uma jornada gratificante”, desde que começou a trabalhar nela em 2003, ou seja, há 20 anos: “manter o seu classicismo e ser mesmo o seu guardião e, ao mesmo tempo, criar um lado irreverente através da procura de novas abordagens e caminhos”. Para o enólogo, o percurso tem sido, ao mesmo tempo, de “uma aprendizagem fabulosa, porque não há duas vindimas iguais em lado nenhum, e muito menos na Bairrada, onde há uma condição edafoclimática e uma casta, a Baga, desafiantes”, o que tem contribuído para a empresa ser o que é hoje.
A marca é só uma, Casa de Saima, que inclui 13 referências. São quatro espumantes, um branco e um rosé, e um Chardonnay e um Pinot Noir monocastas que ainda estão em fase experimental, dentro do espírito de uma casa que vai procurando novos caminhos sem perder a sua identidade. Há, também, um branco Vinhas Velhas, o base de gama, e um Garrafeira, “com uma escolha mais apurada da matéria prima e fermentação em madeira avinhada”. O rosé, referência que existe na casa há muitos anos, é feito agora com uvas das castas Baga e Pinot Noir, “refresh dado porque este tipo de vinho está um pouco mais na moda”, o que se reflectiu também numa mudança do design do rótulo e da garrafa. Depois existem dois vinhos que surgiram de uma procura de colocar, no mercado, vinhos mais experimentais, inovadores, o Baga Tonel 10 e um Pinot Noir, ambos monocastas, ambos vinhos do ano, feitos com menos extracção e a gama mais clássica de tintos.
Lufada de ar fresco
A inovação, que já tem alguns anos, foi uma lufada de ar fresco na Casa de Saima, que lhe permitiu colocar vinhos da empresa em mercados que preferem aqueles que são menos graduados, leves e elegantes. “Começámos, primeiro com a venda do Pinot Noir e do Baga Tonel 10 para o Brasil, e depois para os Estados Unidos em 2018”, conta Paulo Cepa, realçando que este último foi destacado pelo crítico Eric Azimov, do New York Times”, aquele que é, afinal “um vinho despretensioso, um Baga do ano, em que muito gente não acreditou”, salienta o gestor.
A Casa de Saima exporta hoje cerca de 40% das suas vendas, principalmente para o Brasil, Estados Unidos e Canadá, e Macau mais recentemente. Na Europa está presente em Espanha, França, Suíça, Luxemburgo e Alemanha. Mas também no mercado da saudade, o dos portugueses que emigraram e estão um pouco por todo o mundo, através de vendas pontuais incentivadas sobretudo pela comunicação feita através da redes sociais. “Têm contribuído muito para isso, sobretudo pela proximidade e facilidade com que se pode comunicar através delas”, explica Paulo Cepa, acrescentando que, na maior parte das vezes, isso acontece “quando alguém vê um post numa plataforma como o Facebook ou Instagram, se interessa e contacta, perguntando como pode comprar os nossos vinhos, por vezes até para o resto da família e amigos”. E explica que foi este mercado que segurou as vendas da empresa quando o nacional estava parado devido à pandemia de Covid-19. Hoje, “ver os posts dos nossos consumidores lá fora, a fazerem coisas como churrascos na companhia do nosso Baga Tonel 10, dá-nos grande orgulho”, afirma o gestor.
A perseverança, desde os primeiros dias, na produção de vinhos clássicos da região da Bairrada, com base nas castas tradicionais e, um pouco mais tarde, a aposta em vinhos mais experimentais para alargar o mercado da empresa a outros consumidores, têm contribuído para diversificar mercados e sustentar melhor o negócio de uma casa que tem apostado sempre, e quase teimosamente, na manutenção da sua identidade. O mais fácil teria sido, há 15-20 anos, quando a Bairrada atravessou uma fase difícil e os seus produtores procuraram outros caminhos que não o da Baga, com a plantação de outras castas, a Casa de Saima ter optado por esse caminho. Mas felizmente manteve-se no certo, procurando, em simultâneo, espicaçar o mercado inovações como um Pinot Noir e um Baga do ano, no início da década passada, sem perder a matriz que identifica a casa. Segundo Paulo Nunes, “foram vinhos que nasceram de alguma inquietude e da necessidade de despertar a consciência do mercado para a nossa presença”. Mas, para Paulo Cepa, isto ainda não chega, porque é difícil, para um produtor como a Casa de Saima, ter um negócio estável e sustentado apenas com base na produção de 20 hectares de vinha, garantindo, em simultâneo, que os seus vinhos bairradinos mais clássicos só são colocados nos mercados após o período de estágio necessário, de cerca de oito anos. Nesta empresa é a venda de vinhos do ano, brancos e tintos, que gera a liquidez que garante o pagamento dos custos correntes e tem sustentado, até agora, o investimento em tempo a armazém para isso. Mas Paulo acredita que um pouco mais de área de vinha, até aos 25 hectares irá assegurar definitivamente uma gestão sem sobressaltos e a sustentabilidade definitiva do negócio da sua empresa. Para já estão 2,5 hectares em estudo, com plantação aprovada, onde irão ser plantadas castas tintas e brancas. “É uma parcela muito boa, onde já houve vinha”, diz ainda Paulo Cepa. Outras se seguirão.
(Artigo publicado na edição de Junho de 2024)
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Casa de Saima Garrafeira
Tinto - 2015 -
Casa de Saima Grande Reserva
Tinto - 2016 -
Casa de Saima Vinhas Velhas
Tinto - 2018 -
Casa de Saima Tonel 10
Tinto - 2022 -
Casa de Saima
Tinto - 2022 -
Casa de Saima
Rosé - 2022 -
Casa de Saima Garrafeira
Branco - 2021 -
Casa de Saima Vinhas Velhas
Branco - 2022 -
Casa de Saima
Espumante - 2021
Gala de Vinhos do Dão de 2024 distingue os melhores
A edição deste ano da Gala Os Melhores Vinhos do Dão premiou o Envelope branco, da Magnum Wines, como Melhor Vinho do Concurso entre as 36 referências distinguidas no evento de 2024. O concurso distingue, também, com Medalha de Platina, os melhores vinhos espumante, branco, rosado, tinto, varietal branco e varietal tinto. Este ano foram […]
A edição deste ano da Gala Os Melhores Vinhos do Dão premiou o Envelope branco, da Magnum Wines, como Melhor Vinho do Concurso entre as 36 referências distinguidas no evento de 2024.
O concurso distingue, também, com Medalha de Platina, os melhores vinhos espumante, branco, rosado, tinto, varietal branco e varietal tinto. Este ano foram premiados o espumante Casa de Santar Vinha dos Amores Branco 2016, da Sociedade Agrícola de Santar, o branco Envelope de 2019 e o rosado Ribeiro Santo 2019, da Magnum Wines, o tinto Casa da Ínsua Reserva 2018, dos Empreendimentos Turísticos Montebelo, e os varietais Cerceal-Branco de 2022 e tinto Touriga Nacional 2020, da Adega de Penalva. O evento atribuiu ainda 29 medalhas de ouro.
O Concurso Os Melhores Vinhos do Dão, organizado pela Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVR do Dão), decorreu nos dias 25 e 26 de Junho, no Solar do Vinho do Dão, em Viseu, com um júri composto por 25 especialistas que avaliou 169 amostras de 42 produtores. O evento tem, como principal objectivo, dar a conhecer e premiar os melhores e mais representativos vinhos da região. “Os Vinhos do Dão continuam a melhorar a sua qualidade de ano para ano e os resultados do concurso demonstram isso”, disse, a esse propósito, Arlindo Cunha, presidente da CVR do Dão.
Charles Symington é o novo presidente da Primum Familiae Vini
Todos os anos, a Primum Familiae Vini (PFV), associação de 12 famílias de prestígio do mundo do vinho, nomeia um dos seus membros para a presidência, para supervisionar a associação durante o ano e atuar como seu representante em vários eventos em todo o mundo. Este ano chegou a vez de Charles Symington, da Symington […]
Todos os anos, a Primum Familiae Vini (PFV), associação de 12 famílias de prestígio do mundo do vinho, nomeia um dos seus membros para a presidência, para supervisionar a associação durante o ano e atuar como seu representante em vários eventos em todo o mundo. Este ano chegou a vez de Charles Symington, da Symington Family Estates, em Portugal, que sucede a Véronique Drouhin, da Maison Joseph Drouhin, em França.
“Sinto-me extremamente honrado por ocupar o cargo e apoiar as nossas doze famílias, que partilham os mesmos valores de uma cultura da excelência que inclui o amor e o respeito pela terra e pelo terroir, e o forte desejo de continuar a ser uma empresa familiar e independente e de transmitir a herança dos nossos antepassados à geração seguinte”, diz Charles Symington a propósito da nomeação. Acrescentando que a PFV vive um momento particularmente estimulante, diz também que “os últimos 12 meses foram frutuosos sob a liderança de Véronique Drouhin, com grandes avanços em matéria de alterações climáticas no seio do comité técnico”. Salienta que entre as iniciativas que gostaria de desenhar, proporá que “o comité técnico se concentre na avaliação da Inteligência Artificial na viticultura e na vinificação, um tema de futuro que permitirá, às novas gerações das 12 famílias, contribuir com os seus conhecimentos e partilhá-los com todo o nosso grupo”.
Estive Lá: Vila Real – Os sabores do Chaxoila e da Lapão
O tempo estava frio, chuvoso, mas não nos demoveu de uma passeata húmida por terras de Vila Real, cidade onde passei inúmeras vezes, sobretudo a caminho da Região do Douro, mas onde apenas tinha parado para almoçar. Depois de um pequeno-almoço na Casa Lapão, feito de imperdíveis covilhetes, uma espécie de ex-libris da cidade, bem […]
O tempo estava frio, chuvoso, mas não nos demoveu de uma passeata húmida por terras de Vila Real, cidade onde passei inúmeras vezes, sobretudo a caminho da Região do Douro, mas onde apenas tinha parado para almoçar.
Depois de um pequeno-almoço na Casa Lapão, feito de imperdíveis covilhetes, uma espécie de ex-libris da cidade, bem pecaminoso, feito de massa folhada com recheio de carne, e de uma fatia da sua saborosa e bem recheada bôla, a meias, na companhia do indispensável galão de máquina, foi hora de passeio à chuva, com muitas paragens para usufruir da paisagem. Primeiro na pequena zona velha do centro da cidade. Depois, numa descida até ao rio Corgo, que estava cheio de água, ruidoso e bem bravo, para uma longa caminhada pelas suas margens. Foram várias as paragens, como não podia deixar de ser, sobretudo para ver e ouvir as águas a passar em turbilhão e a cair em cascata no meio daquela zona verde, aquilo que mais tarde alguém de lá disse ser o Parque da Cidade.
Quase três horas depois de termos iniciado o percurso, feito com a calma que todos os fins de semana prolongados merecem, estávamos de volta ao carro, de partida para o nosso destino de almoço, a Casa de Pasto Chaxoila, nesse dia para um Naco de carne de Cachena (raça bovina) fatiado com batatas de forno, na companhia de um tinto Terra a Terra reserva de 2021, depois de mais um par de covilhetes, porque são irresistíveis. Para terminar, dois tentadores bolos locais: uma Crista de Galo, que é recheada com doce de ovos, e um Pito de Santa Luzia, que leva, no interior, doce de abóbora e canela, dois dos mais tentadores bolos locais. Excesso de gulodice, eu sei, mas teve de ser, até porque não vamos a Vila Real todos os dias. A oferta da casa é mais vasta, e ainda lá voltámos para petiscar polvo à galega e umas pataniscas que estavam mesmo boas, apenas para reconfortar o corpo antes de voltar para a Casa Agrícola da Levada, um turismo de habitação familiar, com casas e quartos independentes, que fica numa quinta bem cuidada no interior da cidade. Ficámos no lagar, e gostámos.
Casa de Pasto Chaxoila
Morada: Estrada Nacional 2, Borralha, Vila Real
Tel.: 259 322 654
Pastelaria Casa Lapão
Morada: R. da Misericórdia 64, Vila Real
Tel.: 259 324 146
Casa Agrícola da Levada Eco Village
Morada: Casa Agrícola da Levada, Vila Real
Tel.: 916 594 404
Grande Prova: Douro de Ouro …por menos de €15
Se calhar sou eu que sou velho e os tempos mudaram a mil-à-hora, mas lembro-me de anos (1980s, 1990s) em que a inflação era alta a sério e os vinhos não aumentavam assim tão depressa. Então, aconteceram outras coisas, e não têm a ver com a inflação apenas. Em vez disso, penso que o que […]
Se calhar sou eu que sou velho e os tempos mudaram a mil-à-hora, mas lembro-me de anos (1980s, 1990s) em que a inflação era alta a sério e os vinhos não aumentavam assim tão depressa. Então, aconteceram outras coisas, e não têm a ver com a inflação apenas. Em vez disso, penso que o que aconteceu foi uma mudança nos padrões de consumo. Já se sabe que os apreciadores que procuram vinhos com interesse acrescido fogem das categorias de entrada de gama, que ocupam bem mais de 90% do consumo de vinho em Portugal. É para esses que escrevo, mas não é fácil obter as estatísticas (sou matemático) que reforcem estas opiniões. As médias escondem as verdades. Então vamos pela via do diálogo.
Frescura natural
Fiquei muito impressionado pelo estilo do Crasto, e falei com o enólogo Manuel Lobo de Vasconcellos sobre o vinho. Lembro, como se fosse preciso, que este senhor confeccionou o melhor tinto do país em 2023, vindo da Vinha Maria Teresa. Falamos de “a different beast”, mas nem por isso menos impressionante. É que este Crasto tem apenas 15% de madeira, e mesmo assim tem uma dinâmica em boca impressionante, com suavidade e profundidade. Então, o Manuel disse-me que este vinho é pensado não só como um cartão de visita da Quinta do Crasto, mas também como um cartão de visita dos tintos do Douro. Tendo bem presente a prova de 30 tintos que tinha acabado de fazer, não posso deixar de concordar. O Douro afirma uma identidade e uma qualidade ímpares, mesmo nesta gama, que se já não é de entrada, é a gama de entrada para os consumidores mais interessados, como confirmei mais tarde com Patrícia Santos. Já lá vamos. Segundo Manuel, esta suavidade e profundidade não aparecem por acaso. Cada vez há um trabalho mais cuidado com as madeiras, as vinhas entretanto envelheceram e estão a fornecer uvas com mais qualidade todos os anos, a enologia evoluiu para perceber melhor o seu terroir e ir cada vez mais ao encontro dos desejos dos seus clientes. Esses desejos são cada vez mais vinhos frescos, macios e bebíveis, já se sabe que poucos vinhos serão guardados para um consumo mais tardio. Em especial nesta gama.
E a gama acaba por ser a de entrada. Segundo Manuel Lobo, do Crasto já se fazem 500 a 600 mil garrafas por ano. O vinho na gama abaixo, Flor de Crasto, nem é vendido em Portugal. Uma outra observação que Manuel me fez é que o vinho já não se chama “Quinta do Crasto,” mas apenas “Crasto.” O que significa isto: é óbvio, nem todas as uvas provêm da quinta, algumas vêm da quinta da família no Douro Superior, a Cabreira, onde a altitude assegura uma frescura natural suave e integrada. Mão de mestre na arte dos lotes, e temos cada vez mais vinhos que vão ao encontro dos nossos anseios à mesa. Isto mesmo fui validar falando com quem encara diariamente o consumidor. Patrícia Santos (“filha do Boss” — mítico Arlindo Santos — da Garrafeira de Campo de Ourique) confirmou que esta é uma categoria muito forte nos dias de hoje. São os novos vinhos baratos. Por vezes, se for uma grande quantidade, por exemplo para um casamento, podem lá procurar vinhos abaixo de €10. Já se for um vinho para oferta, os clientes procuram preços mais altos, de €20 ou €30 para cima. Mesmo que para o dia-a-dia os clientes procurem vinhos mais baratos, fazem-no nos supermercados, não procuram o comércio especializado. Neste ponto de preços, o Douro é a região mais forte. O Dão compete com vinhos de grande qualidade por volta de €10, enquanto Lisboa mantém este nível de preços mas oferece um outro estilo, mais leve, para pessoas que procuram diferença. Já no Alentejo, os vinhos de qualidade estão mais caros, e o cliente facilmente gasta mais de €20.
O Douro afirma uma identidade e uma qualidade ímpares, mesmo nesta, que é a gama de entrada para os consumidores mais interessados.
Cultura de vinho
Quem visita o Douro compreende porque é que esta região se tornou, em poucas décadas, tão forte comercialmente em Portugal e com um impacto impressionante na imagem dos vinhos portugueses no mundo. Começou logo por beber da fama dos vinhos do Porto, um dos nossos vinhos tradicionalmente mais conhecidos e uma das nossas marcas mais fortes. A seguir vem o facto de a região, sendo pequena, ter uma impressionante área de mais de 40 mil hectares de vinha. Praticamente é uma mono-cultura, e isso transvasa para as pessoas que habitam no Douro. Há ali verdadeira cultura de vinha e de vinho, onde cada duriense é um guardião do seu terroir, que acaba por ser o seu tesouro.
Acertando as agulhas com a enologia, com a fortíssima aposta em formação universitária que as últimas décadas viram, com os holofotes do país e do mundo para ali voltados, com produtores-estrelas a atrair as atenções de todos, com as casas mais fortes do sector do vinho do Porto cada vez mais apostadas em comprar propriedades para controlar a produção das uvas desde a origem, a qualidade acabou por ser o padrão e a exigência de toda uma região. Temos muita sorte, como consumidores, em ter um tal farol a liderar o sector. Mas esta é uma liderança partilhada, porque temos outras regiões que também fizeram o mesmo, galgando passos nos casos em que a cultura de vinho não era tão tradicional, ou porfiando em recuperar o tempo nos casos em que as estratégias eram orientadas para outros critérios.
Hoje vemos, em muitas regiões, fortíssimas apostas em qualidade, e produtores independentes a procurar caminhos alternativos para recuperar estilos antigos ou experimentar caminhos novos. Isso também se vê no Douro, e um dos vencedores deste painel afirma claramente essa diferença. Vou ser claro, este foi um painel muito fácil, porque todos os vinhos tinham belíssima qualidade. Mas também foi muito difícil, porque o estilo era quase sempre muito parecido. Binómio Touriga Nacional e Touriga Franca, com acompanhamento e/ou tempero das outras castas usuais, maturação e extracção elevadas, embora mantendo boa frescura ácida e taninos civilizados, trabalho ajuizado com a madeira, para amaciar e temperar o vinho sem o marcar com doçuras ou especiarias demasiado óbvias. Descrevi 95% do painel. As diferenças de classificação prendem-se com detalhes, seja a integração, seja a maciez, seja o apelo guloso, seja, raras vezes, uma questão de estilo e preferência pessoal. Pormenores. Convido o leitor a experimentar todos estes vinhos, faça o seu próprio painel com qualquer subconjunto deles. Vai deleitar-se, em particular, se no fim da prova da cozinha sair um assado fumegante e acabar à mesa em festa.
(Artigo publicado na edição de Junho de 2024)
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Prazo de Roriz
Tinto - 2021 -
H.O
Tinto - 2018 -
Herédias
Tinto - 2020 -
Gaivosa Primeiros Anos
Tinto - 2021 -
Duorum
Tinto - 2020 -
Cortes do Reguengo
Tinto - 2019 -
Casa Ferreirinha Vinha Grande
Tinto - 2021 -
Vallado Superior Organic
Tinto - 2021 -
Terras do Grifo
Tinto - 2019 -
Terra a Terra
Tinto - 2021 -
Borges Quinta da Soalheira
Tinto - 2021
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Vale D. Maria
Tinto - 2021 -
Quinta dos Aciprestes
Tinto - 2021 -
Pôpa
Tinto - 2021 -
Piano
Tinto - 2017 -
Pacheca
Tinto - 2021 -
Murças Minas
Tinto - 2022 -
Zom
Tinto - 2021 -
Três Bagos
Tinto - 2020 -
São Luiz Douro Sublinhado
Tinto - 2021 -
Quinta do Ataíde Biológico
Tinto - 2018 -
Quatro Ventos Superior
Tinto - 2019
Luís Cerdeira sai do Soalheiro para novo desafio
Luís Cerdeira termina, em Julho, a relação como sócio, gestor e enólogo do Soalheiro, para abraçar um novo desafio com o filho. “Após mais de 30 anos dedicados ao Soalheiro e refletindo sobre tudo o que construí junto com a minha família, com uma equipa brilhante e um conjunto de parceiros incríveis, onde destaco o […]
Luís Cerdeira termina, em Julho, a relação como sócio, gestor e enólogo do Soalheiro, para abraçar um novo desafio com o filho.
“Após mais de 30 anos dedicados ao Soalheiro e refletindo sobre tudo o que construí junto com a minha família, com uma equipa brilhante e um conjunto de parceiros incríveis, onde destaco o Clube de Viticultores, fecho um ciclo deixando, nas mãos da minha mãe e irmã, a totalidade da empresa e um legado sólido e de futuro”, explica Luís Cerdeira. Conta, também que a chegada recente do seu filho Manuel, após terminar a sua formação de três anos em Viticultura e Enologia em Inglaterra, com a vontade de seguir as pisadas da família e abrir novos horizontes, o fez reviver as lembranças do seu início e dos sonhos que teve, o que levou à decisão de se juntarem num projeto futuro.
A Enologia do Soalheiro passou a ser assumida pela Asun Carballo, “enóloga focada e conhecedora com quem tive o prazer de partilhar a Enologia do Soalheiro nestes últimos anos”, explica Luís Cerdeira, acrescentando que confia na continuidade da gestão da mãe, Maria Palmira Cerdeira, e da irmã, Maria João Cerdeira, com o apoio de Rui Encarnação, que integra a gestão do Soalheiro há três anos e vai ficar a gerir a área de clientes.