Favaios é a primeira cooperativa com certificação de sustentabilidade em Portugal

A Adega de Favaios acaba de alcançar a certificação pelo Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Setor Vitivinícola (RNCSSV), que foi desenvolvido pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e é gerido pela ViniPortugal. É a primeira cooperativa do país a obter este reconhecimento, segundo informação divulgada por esta organização. Este referencial aplica-se […]
A Adega de Favaios acaba de alcançar a certificação pelo Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Setor Vitivinícola (RNCSSV), que foi desenvolvido pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e é gerido pela ViniPortugal. É a primeira cooperativa do país a obter este reconhecimento, segundo informação divulgada por esta organização.
Este referencial aplica-se a todas as organizações do sector vitivinícola nacional responsáveis e orientadas para a sustentabilidade, aquelas que estão focadas na criação de valor económico, cultural, social e ambiental, cujas práticas e resultados são partilhados com os seus intervenientes, tendo em consideração preocupações ambientais e sociais. É aplicável a diversas categorias de operadores, incluindo destiladores, engarrafadores, fabricantes de vinagre de vinho, preparadores, viticultores e vitivinicultores-engarrafadores.
Este reconhecimento mostra “a importância do sector cooperativo no setor vitivinícola português” e evidencia “a capacidade da Adega de Favaios para implementar medidas para a melhoria da competitividade, entre outros, em mercados exigentes quanto à sustentabilidade dos produtos”, salienta Mário Monteiro, o presidente da direção da cooperativa, a propósito da certificação obtida.
Quinta do Noval: Cada vez mais Douro, sem deixar o Porto

Tal como muitas outras empresas da região, a Quinta do Noval começou por apenas produzir vinhos do Porto. Mas o apetite por vinhos DOC Douro levou a empresa, que hoje pertence à AXA Millésimes (Ch. Pichon Baron, Ch. Suduiraut, Ch. Pibran, entre outros) a interessar-se, inicialmente pelos tintos e mais recentemente pelos brancos. Foi assim […]
Tal como muitas outras empresas da região, a Quinta do Noval começou por apenas produzir vinhos do Porto. Mas o apetite por vinhos DOC Douro levou a empresa, que hoje pertence à AXA Millésimes (Ch. Pichon Baron, Ch. Suduiraut, Ch. Pibran, entre outros) a interessar-se, inicialmente pelos tintos e mais recentemente pelos brancos. Foi assim que começámos por conhecer uma primeira marca DOC Douro – Quinta do Noval – e logo de seguida uma segunda marca – Cedro do Noval – também ela inicialmente apenas tinto, mas agora muito forte também nos brancos. O interesse nos tintos estendeu-se também a vinhos varietais de castas portuguesas – Touriga Nacional e Tinto Cão – e de fora, como a Syrah, a Petit Verdot ou Cabernet Sauvignon. Mas a grande surpresa, como nos confessou Carlos Agrellos, que lidera a enologia da quinta “é a procura de brancos que nos vai levar a plantar mais área de vinha com castas brancas (e reenxertar outras), porque na quinta só temos 5,6 ha de uva branca. A procura estendeu-se também aos vinhos do Porto brancos, especialmente o Dry que está a crescer, ao contrário o Porto Lágrima (mais doce) cuja procura tem vindo a diminuir”. A Quinta do Noval tornou-se mundialmente conhecida pelos seus vinhos do Porto mas, reconhece Christian Seely, o CEO da empresa, “os tempos não correm de feição para os vinhos doces e mesmo em Sauternes, o Ch. Suduiraut está hoje a fazer mais vinhos secos do que doces com Botrytis (o clássico Sauternes); é triste dizer mas estamos agora a ganhar mais dinheiro com os brancos secos do que com os Sauternes!”
O Noval alargou a sua área com a inclusão da Quinta do Passadouro, adquirida em 2019, e cujas uvas podem entrar nos vinhos da quinta, considerada como é uma parcela do Noval. No entanto, do Passadouro continuaremos a ter quer vinhos DOC Douro quer vinhos do Porto.
Este momento foi aproveitado para dar a conhecer uma boa parte do portefólio da empresa. Juntaram-se aqui as novidades, com a forte aposta nos brancos, os vinhos da colecção Terroir Series e os novos vintages, todos da edição de 2022: Quinta do Passadouro, Quinta do Noval e Quinta do Noval Nacional.
Recordemo-nos que a empresa Quinta do Noval está intencionalmente fora da clássica dicotomia (desde sempre conotada com as empresas inglesas) entre Vintage Clássico e Vintage Single Quinta. A quinta do Noval tem declarado Vintage quase todos os anos, seja ou não o ano considerado como clássico por outros operadores. O ex-libris da casa continua, naturalmente, a ser o Vintage Quinta do Noval Nacional, um vinho original e raro, envolto numa aura de mistério que, na realidade, ninguém quer mesmo desvendar. É raro, faz-se em pequena quantidade e é muito caro. Neste ano de 2022 agora provado, não houve dúvidas: como a escala só tem até 20…não pudemos dar uma nota mais alta.

Seguem-se algumas indicações sobre a origem e vinificação dos vinhos provados:
Passadouro branco 2023 – prensagem cacho inteiro, solo de xisto; a casta Códega do Larinho entra aqui em 35%, é uma variedade pouco usada noutros vinhos, o que acontece também com a Fernão Pires e Gouveio.
Cedro do Noval branco 2023 – O lote inclui Códega do Larinho, Viosinho, Gouveio, Arinto e Rabigato. A Rabigato é uma casta tardia, tal como a Arinto e foram plantadas em zonas mais quentes para se poderem vindimar mais cedo; a Viosinho resiste muito bem à madeira nova não ficando muito marcada e por isso aqui esta casta fermenta em casco. As barricas estão sobre esferas para facilitar a bâtonnage sem abrir a barrica – durante um mês a bâtonnage é diária e depois passa a semanal – e decorrem sete meses desde a fermentação até ao engarrafamento. Neste vinho, em consequência da procura, a produção passou de 6.000 para quase 50.000 garrafas.
Cedro do Noval Reserva branco 2023 – Uvas compradas em Alijó. Aqui usa-se barrica da Borgonha e Bordéus para fermentar parte do mosto. Agrellos recorda que “sempre que o Viosinho se portar bem, como em 2023, teremos Cedro do Noval Reserva branco”. 14 500 garrafas produzidas
Quinta do Noval Reserva branco 2023 – Estas uvas vêm de uma vinha situada na cota mais alta da quinta; o mosto é 100% fermentado em barrica. Na totalidade, o vinho entre fermentação e estágio fica seis meses na madeira. Este branco é também a resposta à procura crescente de brancos secos, “a categoria que mais cresce no Douro”, diz Carlos Agrellos.
Passadouro Reserva tinto 2020 – Uvas desengaçadas e fermentação em cuba. Como nos recordou o enólogo: “este ano a Touriga Francesa foi muito precoce e ficou em passa logo no início da vindima, não se sabe porquê. A casta era a espinha dorsal do vinho e deixou de ser por causa disso. Já no caso das vinhas velhas, elas estão sempre bem, faça chuva ou faça sol”. O vinho esteve 12 meses em meias barricas, 90% novas.
Quinta do Noval Reserva tinto 2020 – Neste tinto Quinta do Noval, cerca de 40% dos encepamentos são Touriga Nacional e 9% são vinhas velhas. Este tinto, após fermentação em inox, esteve um ano em barricas de 225 litros, 40% novas e 60% de segundo ano.
Terroir Series Vinhas da Marka tinto 2020 – Esta é uma colecção especial; como nos informam “aqui mandam as vinhas velhas de castas misturadas, mas nada impede que possa haver um dia um vinho desta colecção que seja varietal, quer branco quer tinto, assim surja uma parcela especial”. Esta vinha foi plantada em 1930, tem um rendimento de 15 hl/ha. A exposição da vinha é curiosa: fica em frente à Vinha Maria Teresa (Quinta do Crasto) e apesar de ter orientação sul/poente, a meio da tarde deixa de ter sol directo, o que favorece a maturação mais lenta. Esta é a 2ª edição deste tinto. Feito em inox e estagiado em barrica (80% nova).
Terroir Series Vinhas do Passadouro tinto 2020 – Vinhas com orientação NW com 5500 pés por ha e uma produção de 12 hl/ha. O momento certo da vindima “é um feeling”, refere Agrellos. Este vem de uma parcela de menos de um hectare, plantada nos anos 30. Tem todas as castas das vinhas velhas antigas, aqui são cerca de 20. Desengaçado, fermenta em cubas troncocónicas, estagia um ano em meias barricas, 90% novas.

Os Vintage, sempre
No caso dos vinhos do Porto, a empresa irá manter as marcas Passadouro e Quinta do Noval. Mas a marca Silval, que abandonaram em 2015, não voltará ser editada. Para a elaboração dos vinhos do Porto são adquiridos três a quatro lotes diferentes de aguardente e, depois, aqui fazem o lote conforme o tipo de Porto. Os Vintage agora apresentados foram de 2022, “um ano semelhante ao 2017, o mesmo calor e secura, mas os vinhos surpreenderam pela frescura apesar do calor”. Com muita regularidade têm também declarado o Noval Nacional: de 2017 a 2022 declararam todos os anos com a excepção do 2018 por causa da granizada de Maio.
Passadouro vintage 2022 – O ano 22 foi muito seco, choveu metade do que choveu em 2021. Ano seco – cachos pequenos – pouca produção – ano vintage! Esta é a sequência clássica. No entanto o classicismo choca com as alterações climáticas. “Já estávamos a fazer vinhos do Porto em finais de Agosto, não estes, mas isso é o reflexo do calor do ano”, refere o enólogo, acrescentando que “choveu a 12, 13 e 14 de Setembro, parámos a vindima e a recta final correu bem com boa maturação fenólica mas é preciso correr riscos”. Este Passadouro foi feito com pisa a pé nos lagares e estagiou 18 meses em toneis.
Quinta do Noval Vintage 2020 – O normal é começar a vindimar para Vintage em meados de Setembro e estender a vindima até Outubro. Este vintage corresponde a 6% da produção da quinta. “Seria possível fazer cinco vezes mais, mas não queremos aumentar”, afirma Christian Seely.
Quinta do Noval Nacional 2022 – A quinta tem viveiros de cepas da vinha do Nacional (uma pequena parcela em pé-franco) mas demoram vários anos a enraizar. Replantam 20 a 30 pés por ano. A vinha de pé franco demora 7 anos a dar os primeiros cachos; “fazemos uma autêntica jardinagem na vinha e na vindima pára tudo no dia x, dia em que se vindima tudo de seguida”. Pisado a pé num lagar pequeno e envelhece sempre no tonel antigo de carvalho e castanho com 2500 litros de capacidade.
(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)
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Quinta do Noval Nacional
Fortificado/ Licoroso - 2022 -
Quinta do Noval
Fortificado/ Licoroso - 2022 -
Quinta do Passadouro
Fortificado/ Licoroso - 2022 -
Terroir Series Vinhas do Passadouro
Tinto - 2020 -
Terroir Series Vinhas da Marka
Tinto - 2020 -
Quinta do Noval
Tinto - 2021 -
Passadouro
Tinto - 2020 -
Quinta do Noval
Tinto - 2020 -
Quinta do Noval
Branco - 2023 -
Cedro do Noval
Branco - 2023 -
Cedro do Noval
Branco - 2023 -
Passadouro
Branco - 2023
Concurso do Tomate Coração de Boi do Douro é já em 23 de agosto

O Palácio de Mateus, em Vila Real, vai receber o IX Concurso do Tomate Coração de Boi do Douro (TCDB) no dia 23 de Agosto. A par da prova, que vai ser decidida por um júri constituído por cozinheiros, enólogos, jornalistas e outros atores na área da gastronomia, realiza-se, a partir das 18h30, um jantar […]
O Palácio de Mateus, em Vila Real, vai receber o IX Concurso do Tomate Coração de Boi do Douro (TCDB) no dia 23 de Agosto. A par da prova, que vai ser decidida por um júri constituído por cozinheiros, enólogos, jornalistas e outros atores na área da gastronomia, realiza-se, a partir das 18h30, um jantar volante, que será um ponto de encontro entre produtores de vinhos do Douro, visitantes e turistas.
Evento itinerante
Muita luz e as grandes amplitudes térmicas típicas da região contribuem para reforçar as qualidades de textura, sabor e suculência deste fruto carnudo e com poucas sementes. São estas virtudes naturais do Tomate Coração de Boi que motivaram a criação de um concurso que começou por ser uma iniciativa de três amigos, Celeste Pereira, proprietária da empresa de comunicação e eventos Greengrape, Edgardo Pacheco, jornalista e atual curador do evento, e Abílio Tavares da Silva, produtor da Quinta de Foz Torto. Informal, festivo e envolvente, este evento é itinerante e conta com a participação de alguns dos principais produtores de vinhos do Douro, realizando-se todos os anos numa quinta diferente.
No dia 24 de Agosto, em parceria com o Projecto Capella, a Festa do Tomate decorre na aldeia de Arroios, nos arredores de Vila Real, onde o tomate está à prova na sua capela barroca, seguindo-se o mercadinho de produtos locais no largo da aldeia, incluindo Tomate Coração de Boi das hortas locais.
Tomate à mesa
A Festa do Tomate Coração de Boi do Douro integra, também, a Festa do Tomate à Mesa dos restaurantes, durante todo o mês de Agosto, com a inclusão, nas ementas, de pratos inspirados no tomate.
A festa do tomate no Douro ganhou este ano um novo impulso, com o lançamento do livro Tomate Coração do Douro – A outra riqueza do vale mágico. No âmbito deste projecto foi publicado o Guia de Boas Práticas para a produção de TCBD e o Mapa das quintas do Douro produtoras deste fruto, que são actualmente 38.
A edição deste ano do TCBD contará ainda com uma novidade italiana, já que estará presente, na festa de 2024, Erika Zandonai, especialista na defesa e promoção de produtos tradicionais como o tomate. Em workshop a realizar no âmbito da IX edição do TCBD, dia 22 de Agosto, na Casa de Mateus, esta especialista irá partilhar a sua experiência no tratamento e transformação do tomate.
Compradores Internacionais na próxima Vinhos & Sabores

Está confirmada a presença do primeiro grupo de compradores internacionais na feira Grandes Escolhas Vinhos & Sabores deste ano, que decorrerá entre 19 e 21 de Outubro na FIL, Parque das Nações, Lisboa. Estes profissionais irão estar presentes para estabelecer contactos e relações de negócio com os produtores portugueses presentes na feira. Os compradores internacionais […]
Está confirmada a presença do primeiro grupo de compradores internacionais na feira Grandes Escolhas Vinhos & Sabores deste ano, que decorrerá entre 19 e 21 de Outubro na FIL, Parque das Nações, Lisboa. Estes profissionais irão estar presentes para estabelecer contactos e relações de negócio com os produtores portugueses presentes na feira.
Os compradores internacionais confirmados são os seguintes:
NORUEGA
ProCura Wine Importers – Truls Flakstad
https://procurawine.com/
ProCura é um importador norueguês que cobre os canais Horeca (Hotelaria, restauração e cafés) e o Vinmonopolet, o Monopólio do Vinho do país. A empresa tem actualmente uma carteira de mais de 350 empresas Horeca em toda a Noruega.
O Vinmonopolet é o distribuidor governamental norueguês, o único autorizado para a venda de bebidas com mais de 4,75% de álcool no país. Duas vezes por ano publica planos de compra, convidando os importadores a participar em cerca de 80 concursos. Cada proposta contém uma descrição exata do produto requerido e é com base nestas descrições que a ProCura contacta os fornecedores para encontrar produtos correspondentes.
SUÉCIA
Concealed Wines – Simon Kallquist
https://www.concealedwines.com/
A Concealed Wines é um importador sedeado na Suécia que trabalha com os monopólios de bebidas alcoólicas da Suécia, Noruega e Finlândia. Faz a ponte com produtores de todo o mundo, para estabelecer os seus produtos nos mercados escandinavos. Dispõe de um extenso portefólio, oferecendo vinhos de qualidade adaptados às necessidades dos seus mercados, com origens que vão de pequenos produtores boutique a grandes empresas, procurando sempre levar, aos consumidores escandinavos, jóias escondidas do mundo do vinho.
SUÉCIA
Iconic Wines – Ulrika Olivestedt
https://www.iconicwines.se
Parceiro de eleição no mercado Sueco, a Iconic Wines orgulha-se de apresentar um portefólio diversificado de fornecedores de muitas das principais regiões de vinho. Representa produtores com tradição e trabalho de décadas na vinificação e produção de vinhos. Esta empresa faz parte do VIVA Wine & Spirits, o maior grupo vitivinícola da Suécia.
FINLÂNDIA
LCS Wines – Leena Stromberg
http://www.lcswines.com/
Importador de vinhos fundado em 2004, possui uma oferta vasta de vinhos e champanhes de qualidade. Representa tanto os países produtores de vinho do velho mundo como do Novo Mundo. Os seus clientes incluem a Alko – monopólio finlandês do álcool, restaurantes e muitos clientes empresariais.
ITÁLIA
Marna Distribuzione – Claudia Araneo
https://www.marnadistribuzione.com/
Marna é uma empresa italiana especializada na seleção e importação de vinhos internacionais. Fundada em Roma em 2018, comercializa-os no mercado Horeca de Itália. O seu trabalho inclui a investigação e descoberta de vinhos distintos, de produtores de excelência e com tradição nas suas regiões de origem.
ITÁLIA
Lusitania Vini – João Paulo da Palma de Brito
https://www.lusitaniavini.it/
A Lusitania Vini importa, para Itália, vinhos e especialidades portuguesas de grande qualidade, procurando seleccionar os melhores produtos e avaliar critérios de produção, valores artesanais e histórias das empresas. O seu objectivo é levar os sabores da cultura portuguesa ao conhecimento do público italiano, para proporcionar experiências felizes.
PAÍSES BAIXOS
Portugal Wijn Import – Karel Geers
https://portugalwijnimport.nl/
Portugal Wijn Import é uma empresa especializada na importação de vinhos portugueses, incluindo Porto, Moscatel de Setúbal, espumantes, vinhos de curtimenta, pet-nat e aguardente, para além de azeite virgem extra e outros produtos. Actualmente importa e comercializa mais de 150 referências portuguesas em toda a Holanda.
LITUÂNIA
Prike – Albertas Koncijalovas
https://prike.lt/
É a empresa líder na comercialização e distribuição de bebidas alcoólicas de alta qualidade nos Países Bálticos. A sua força tem por base os muitos anos de experiência nestes mercados e a sua capacidade de representar, de forma adequada, as marcas mais famosas do mundo no mercado do Báltico. Graças a uma infraestrutura bem desenvolvida, esta empresa vende para mais de 3.500 clientes na Estónia, Letónia e Lituânia.
ESTÓNIA
Vabrik – Andre Peremees
http://www.vabrik.eu/
Importador e loja de vinhos localizada no bairro de Kalamaja, o mais cool de Tallinn, capital da Estónia, oferece um portefólio versátil de vinhos de qualidade, cuidadosamente selecionados, e lotes únicos de vinhos de todo o mundo.
ESPANHA
Viavinum S. L. – Ana Saldaña
https://viavinumwinetours.com/
Agência de viagens e eventos líder em Espanha, especializada em enoturismo, concebe e organiza pacotes de férias vinícolas únicos na Europa. Organiza passeios personalizados e exclusivos sobre os temas comida e vinho, e organiza e desenvolve eventos empresariais em torno da cultura do vinho.
DINAMARCA
Carlsen Vin – Jesper Smith Carlsen
https://carlsenvin.dk/
Desde 2011 que a Carlsen vende, para alguns dos melhores restaurantes e lojas de vinho da Dinamarca, referências de vários países produtores. Participa também em muitos eventos relacionados com o vinho, incluindo de jantares vínicos, provas de vinho, grandes feiras de vinho e muito mais.
DINAMARCA
Vinogaudium – Flemming Moeller Jensen
https://vinogaudium.dk/
Vino Gaudium é uma marca dinamarquesa de renome, especializada na importação e comercialização de vinhos portugueses de qualidade. Com paixão pela história rica do sector e aromas e sabores únicos dos seus vinhos, a Vino Gaudium oferece uma seleção de mais de 100 marcas diferentes, cuidadosamente selecionadas para satisfazer até o mais exigente apreciador de vinhos.
SUÍÇA
Saveurs et Vins/and Premium Brands SARL – Rui Silva
https://www.saveursetvins.ch/
Empresa especializada na importação de vinhos portugueses para a Suíça, tem, como política comercial, a procura contínua de novos sabores e produtos de qualidade, que seleciona cuidadosamente e partilha depois com os seus clientes.
REINO UNIDO
Hidden Wines – Ryan Lewis
https://hiddenvines.co.uk
Esta empresa importa e vende diretamente, a clientes particulares, vinhos com origem em diversos mercados. Tem especial orgulho em trabalhar com pequenos produtores, vinhos de boutique e vinhos produzidos a partir de castas indígenas.
A este grupo de profissionais convidados pela organização, cuja viagem está já confirmada, podem ainda juntar-se outros convidados internacionais, entre jornalistas, sommeliers e outros compradores. A feira GE Vinhos & Sabores está a organizar um programa de acolhimento para estes convidados internacionais, que inclui masterclasses, visitas à Região Vinhos de Lisboa em colaboração com a CVR de Lisboa e contactos e reuniões de negócio com produtores portugueses presentes na feira.
Estes contactos podem assumir as seguintes modalidades:
– Meetings nas instalações da feira preferencialmente na segunda-feira, dia 21 de Outubro e domingo dia 20
– Almoços e jantares vínicos (em exclusividade ou partilhados com outros produtores) nos dias 19, 20 e 21 de Outubro, da responsabilidade dos produtores que os desejarem.
– Vinhos nas Masterclasses – Nos dias 20 e 21 de Outubro nas instalações da feira.
A organização da feira GE Vinhos & Sabores procurará acolher as solicitações dos produtores para estes contactos, recebendo as inscrições que serão consideradas pela ordem da entrada.
Adega Mayor: Do avô Rui à neta Rita

Quando se troca correspondência com alguém da Adega Mayor (e presumo que em todo o Grupo Nabeiro seja igual), recebemos sempre um mail de resposta e onde se lê no fim: Obrigado Sr. Rui, em letras grandes e negras para que não restem dúvidas de quem foi e continua a ser o inspirador do projecto. […]
Quando se troca correspondência com alguém da Adega Mayor (e presumo que em todo o Grupo Nabeiro seja igual), recebemos sempre um mail de resposta e onde se lê no fim: Obrigado Sr. Rui, em letras grandes e negras para que não restem dúvidas de quem foi e continua a ser o inspirador do projecto. Rui Nabeiro, que faleceu em 2023, foi a figura tutelar que sempre se notabilizou pela forma, muito especial, diga-se, como conduziu os negócios e como se relacionava com todos os trabalhadores, sempre de sorriso na cara. Conta-se que, quando tinha de vir a Lisboa de carro, nunca usava a auto-estrada, preferindo vir por estradas secundárias onde podia ir parando para falar com os seus clientes. A empresa editou mesmo um pequeno livro onde se lêem frases habitualmente ditas pelo Comendador e que nos ensinam que a vida é bem mais fácil de levar e mais agradável se formos generosos, simpáticos e amigos dos que connosco colaboram. Com demasiada frequência somos confrontados com gente que, como se conclui rapidamente, não leu, não sabe da existência e não está interessada na forma como Rui Nabeiro conduziu a vida e chegou a rico. É pena…
A Adega Mayor é um projecto de viticultura e enologia integrado no Grupo Nabeiro. Os vinhos geraram, em 2023, um volume de negócios de 7,39 milhões de euros, mas esse valor apenas representa uma pequena percentagem dos 500 milhões de facturação do grupo Nabeiro, no mesmo período. O vinho é, assim, um complemento pequeno de um projecto enorme que também inclui negócios na distribuição e imobiliário, entre outros.
A produção de vinhos iniciou-se antes da adega estar concluída e Paulo Laureano foi o primeiro enólogo responsável. As primeiras marcas a surgir foram Monte Mayor e Reserva do Comendador, em 2002. Hoje a Adega, dirigida por Rita Nabeiro (neta do fundador) tem 10 marcas no mercado, algumas delas com vários vinhos sob o mesmo chapéu, como é o caso dos monocasta. Um breve passeio pelas vinhas permitiu perceber a filosofia que está subjacente à faina vitícola. Francisco Pessoa dirige a equipa do campo e enquadra todo o trabalho agrícola numa visão de respeito pelo ambiente, pelos solos e pelo equilíbrio que é pretendido numa perspectiva de sustentabilidade. O caminho para uma certificação bio não é fácil e a própria vinha tem de se ir adaptando. E, neste processo, umas castas reagem melhor que outras. Por exemplo, foi uma luta tentar “domar” a casta Galego Dourado, muito famosa na região de Carcavelos e já utilizada em algumas outras regiões (como Setúbal, por exemplo). Francisco Pessoa confessa que, ao fim de alguns anos, conseguiram “finalmente perceber a casta e rentabilizá-la do ponto de vista enológico; mas foi uma luta!” Está a ser feita a zonagem e, em algumas parcelas, esse trabalho já está terminado, o que permite conhecer melhor a interacção casta/solo. A vinha, como se sabe, é empresa a céu aberto e as possibilidades do ciclo vegetativo correr mal são enormes, a começar nas doenças, as clássicas míldio e oídio, os insectos (cicadela, cochonilha) e as doenças do lenho, as que muitas dores de cabeça trazem aos lavradores e para as quais os argumentos de luta são fracos, como é o caso da esca (uma doença que ataca a cepa).

Castas muito diversas
A vinha tem rega instalada, um instrumento que pode ser fundamental em épocas de alterações climáticas. Tudo se complica mais quando o objectivo é apontar para uma certificação bio, mas, o que tem acontecido de positivo, é que as próprias empresas de produtos para a agricultura estão a trabalhar em alternativas aos clássicos insecticidas e é provável que, a médio prazo, seja possível uma viticultura mais amiga do ambiente e eficaz. Desde 2015 que o Grupo Nabeiro integra o Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo e o tema é aqui levado muito a sério, com todos os resíduos da empresa a serem preparados para futura reciclagem ou transporte para fora da quinta por empresa certificada.
As dúvidas neste momento já não existem. Por aqui as fichas todas estão colocadas no Arinto e Verdelho nos brancos e na Touriga Nacional e Alicante Bouschet nos tintos. Mas há outras que se portam bem, como a Syrah (o factor da consistência de produção e qualidade é também aqui referido), mas também a Touriga Franca e a Petit Syrah, uma variedade que está aqui desde o início do projecto.
Menos surpreendente é ouvir dizer que a Trincadeira é uma casta muito caprichosa, uma opinião que percorre quase toda a região, capaz do melhor e do pior, dependente do clima, da rega, da gestão da canópia. Não é para a amadores, está bom de ver. O que é bom de ouvir é a afirmação de Rita Nabeiro que “vamos voltar em força à casta Castelão; para já temos quatro hectares, mas vamos aumentar a área, até porque ela gera vinhos que se enquadram melhor no panorama actual, que pede vinhos mais leves e menos concentrados; ora a Castelão tem isso tudo”.
Jogando com um conjunto de castas muito alargado, a colecção dos vinhos varietais vai estar sujeita à qualidade dos vinhos, colheita após colheita. Por aqui o que não faltam são castas que poderão originar vinhos varietais: Touriga Nacional, Verdelho, Pinot Noir, Viognier, Trincadeira, Alfrocheiro, Sangiovese, Viosinho, Gouveio, Moscatel Galego Roxo, Merlot e Arinto, a que há a acrescentar a Syrah, Petit Syrah, Aragonez, Castelão, Roupeiro, Antão Vaz, Sercial, Alvarinho, Cabernet Sauvignon, Pinot Gris e Alicante Bouschet.
Na adega há projectos que poderão um dia ser concretizados, como os vinhos de talha, mas “a sério”, como salienta o enólogo Carlos Rodrigues.
De Campo Maior à Serra de São Mamede
A adega, localizada numa zona plana, pontilhada por leves ondulações de terreno, está rodeada de vinhas, com uma grande diversidade de solos. O tempo que levam de trabalho no campo, foi permitindo perceber melhor o comportamento das castas, a sua melhor localização e a adaptação a uma agricultura que se encaminha para uma certificação biológica que, como nos informaram, é um objectivo para se concluir em 2026. Entre vinhas próprias em diferentes herdades e parcelas arrendadas falamos, então, de 120 ha de vinhas em produção. Em Portalegre, na serra de São Mamede, adquirem-se uvas a produtores locais.
Na adega há projectos que poderão um dia ser concretizados, como os vinhos de talha, mas “a sério” como nos referem os dois enólogos que tomam conta da adega, Carlos Rodrigues e Soraya De La Flor, espanhola que vem da vizinha Badajoz para aqui trabalhar. A capacidade instalada é de cerca de 310.000 litros de branco e rosé e podem vinificar 160 toneladas de uvas tintas de cada vez. No ano de 2023 a produção total aproximou-se dos 850.000 litros em todas as gamas. Como as tais talhas “a sério” ainda não estão por cá, a vinificação segue os parâmetros normais entre inox e estágio em barrica. O parque de barricas atinge as 650, mantendo-se este número estável, entre compra de novas e a saída das barricas mais velhas.
As vinhas da serra de São Mamede estão na base dos vinhos da marca Altitude. Beneficiando de um clima próprio, mais fresco, e com o privilégio de trabalhar com inúmeras castas nas vinhas velhas, os vinhos são por isso bem diferentes dos que se produzem em Campo Maior. Não necessariamente melhores, mas seguramente mais personalizados e mais originais. Desta forma, a regra por aqui parece mesmo ser o não haver regas fixas e “vamos acompanhando as vinhas e os vinhos e decidimos depois, conforme a qualidade; uns vão para lotes e outros poderão originar vinhos varietais”, como nos disse Rita Nabeiro.
É também essa ideia de inovação que levou à criação da colecção Esquissos (que outros poderiam chamar Ensaios ou Projectos por serem vinhos de ensaio e experimentação), que incorporará vinhos considerados fora da produção normal da casa. Neste caso foi um palhete ou, como diria o actor António Silva no filme O Páteo das Cantigas, “um tinto apalhetado” que junta 30% de uva branca à restante uva tinta, com castas misturadas e, daí, o designativo, bem divertido, de se apelidar Tudo ao Molho. Para os próximos Esquissos já há candidatos e vamos esperar sempre algo surpreendente.
Vinho, azeite e turismo
A gama Maestro apenas se produz em magnum. Diz-nos Rita que “aqui estamos a falar em vinhos monocasta que exprimem o melhor que por aqui se faz, sempre num registo de alta qualidade”. Esta série começou por ser editada em 2020 e as castas escolhidas desde então foram a Galego Dourado, Petit Verdot, Chardonnay, Encruzado e a Rabigato, sempre com um PVP de €70. No mercado está agora o vinho feito com Rabigato, mas tivemos oportunidade de provar também o Encruzado que, apesar de estar já em ruptura de stock, se mostrou de altíssimo gabarito, revelando toda a capacidade da casta para gerar vinhos de grande intensidade gastronómica, o que foi amplamente comprovado.
O portefólio está assim muito alargado, com algumas marcas eliminadas (Solista) e outras que têm vindo a surgir. Da entrada de gama – Caiado – até ao topo – Adega Mayor Pai Chão, o leque é imenso e está à disposição dos visitantes na loja da adega. Além do vinho, o azeite é parte importante da oferta mas o peso do enoturismo ainda poderá crescer: 7000 foi o número de visitantes em 2023.
Com 91% das vendas na restauração e um preço médio de €6 por garrafa, a Adega Mayor também aposta na exportação, sobretudo nos quatro mercados preferenciais: Angola, Luxemburgo, Brasil e Dinamarca.
Em Campo Maior, a herança e o projecto idealizado por Rui Nabeiro está em boas mãos. No ar não há “cheirinho” a café, mas o ambiente está por aqui muito bem preservado: cheira a campo, a ervas, a terra e a flores. Não precisamos de mais.
(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)
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Adega Mayor Maestro
Branco - 2021 -
Adega Mayor Altitude Reserva do Comendador
Tinto - 2021 -
Adega Mayor Altitude Reserva do Comendador
Branco - 2022 -
Adega Mayor Bio Selecção
Tinto - 2021 -
Adega Mayor Bio Selecção
Rosé - 2022 -
Adega Mayor
Tinto - 2020 -
Adega Mayor Esquissos Tudo ao Molho
N/a - 2021 -
Adega Mayor
Tinto - 2011 -
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Tinto - 2020 -
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Tinto - 2021 -
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Branco - 2022 -
Adega Mayor
Branco - 2022 -
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Branco - 2022
Sustentabilidade da Quinta de Chocapalha certificada

A Quinta de Chocapalha, produtor familiar de vinhos de Alenquer, acaba de ver as suas práticas de sustentabilidade reconhecidas, ao ser certificada pelo Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Sector Vitivinícola (RNCSSV), criado pelo Instituto da Vinha e do Vinho e gerido pela ViniPortugal. O RNCSSV atribui três níveis de certificação, que incluem todas […]
A Quinta de Chocapalha, produtor familiar de vinhos de Alenquer, acaba de ver as suas práticas de sustentabilidade reconhecidas, ao ser certificada pelo Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Sector Vitivinícola (RNCSSV), criado pelo Instituto da Vinha e do Vinho e gerido pela ViniPortugal.
O RNCSSV atribui três níveis de certificação, que incluem todas as áreas da sustentabilidade. Têm, por base, 86 indicadores distintos de quatro domínios chave: ambiental, social, económico e gestão, e melhoria contínua.
A Quinta de Chocapalha obteve o nível A, a certificação mais elevada, obtida apenas pelas empresas que cumprem mais de 85% dos indicadores. A classificação foi atribuída tanto à vinha como à adega, o que permite, à empresa, utilizar o respetivo selo na sua comunicação e na sua rotulagem, em todos os produtos que tenham origem na sua vinha.
Para Sandra Tavares da Silva, enóloga e uma das proprietárias da Quinta de Chocapalha, esta distinção “é o reconhecimento de todo o trabalho que temos desenvolvido nos últimos anos, tanto na vinha como na adega, e o resultado do nosso compromisso para com a terra e as pessoas”. Sendo a Quinta de Chocapalha um projeto familiar, “só faz sentido continuar a apostar numa empresa e agricultura sustentáveis, de modo a garantir a preservação deste património para as gerações futuras, zelando pela saúde e longevidade das vinhas”, acrescenta.
Atualmente, a Quinta de Chocapalha dispõe de um total de 45 hectares de vinha e uma adega moderna com 10 anos de história. A protecção integrada da vinha mostra o grande respeito que a família tem pela natureza. Para além disso, foi construída uma barragem e plantada vegetação indígena, o que tem permitido o regresso de dezenas de espécies animais, desde répteis, peixes e aves. Há, também, uma estação de tratamento de águas residuais e os efluentes da adega são tratados antes de serem libertados na natureza.
Alentejo reforça controlo na vindima

A entrada ilegítima de vinhos e mostos de outras paragens no seio das Denominações de Origem Controlada nacionais, tem originado a preocupação generalizada de viticultores e produtores. Alguns organismos certificadores regionais já anunciaram medidas adicionais de controlo para minimizar este risco. Foi o caso, anunciado em Maio passado, do IVDP (Porto e Douro) e, mais […]
A entrada ilegítima de vinhos e mostos de outras paragens no seio das Denominações de Origem Controlada nacionais, tem originado a preocupação generalizada de viticultores e produtores. Alguns organismos certificadores regionais já anunciaram medidas adicionais de controlo para minimizar este risco. Foi o caso, anunciado em Maio passado, do IVDP (Porto e Douro) e, mais recentemente, da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA). Segundo comunicado desta entidade reguladora, “são reforçadas regras e procedimentos a seguir pelos produtores durante a vindima de 2024”. Esse controlo é “focado nos agentes económicos que, durante a vindima, recebem uvas, mostos ou vinhos de diferentes origens nas instalações de vinificação localizadas no Alentejo”.
Entre outras medidas, os produtores e engarrafadores da região passam a ter “o dever de comunicar, à CVRA, com 48 horas de antecedência, a entrada daqueles produtos nas instalações de vinificação, a cumprir o horário definido para a entrada nas instalações e a seguir regras de identificação do local onde os produtos são armazenados, que pode levar à afixação de um dístico nos depósitos”.
Todas as condições estão descritas no Comunicado de Vindima 2024, divulgado aos produtores, onde é também indicado que os produtos passarão à classificação de “sem aptidão para DO/IG” nos casos de irregularidade, com “participação às autoridades competentes para efeitos do regime geral das infrações aplicáveis ao sector vitivinícola”.
Francisco Mateus, presidente da CVRA, explica que “este reforço de controlo tem, como objectivo principal, a proteção da origem e integridade dos vinhos DOC Alentejo e Regional Alentejano, através de procedimentos nas adegas e regras muito claras, que contribuem para um controlo mais ágil e eficaz por parte das equipas da CVRA”, destacando ainda que “o período de vindima é a altura mais crítica para fazer este controlo, porque há movimentações frequentes de uvas, mostos e vinhos, logo possibilidade de entrada nas adegas de produtos que não são originários da região, o que justifica intervenção rigorosa na defesa da origem Alentejo”.
Os novos brancos do Alentejo – Por menos de 12€

Vou contando as minhas aventuras de provador aprendiz (eterno aprendiz, espero), pensando que os jovens se podem interessar pelo processo. Quando comecei a provar vinhos mais a sério, pensava que os brancos das regiões mais quentes não eram para levar a sério. Sempre pesados, um pouco moles, um pouco tristes. O teste decisivo era feito […]
Vou contando as minhas aventuras de provador aprendiz (eterno aprendiz, espero), pensando que os jovens se podem interessar pelo processo. Quando comecei a provar vinhos mais a sério, pensava que os brancos das regiões mais quentes não eram para levar a sério. Sempre pesados, um pouco moles, um pouco tristes. O teste decisivo era feito no copo. Quanto o calor apertava, num almoço de Verão, quando mais apetecia um vinho refrescante, a pequena quantidade no copo faz aumentar rapidamente a temperatura. E aí o vinho logo mostra ao que vem. Se falha neste momento a sua missão de refrescar, então falhou. E muitos falhavam. Todos, para dizer a minha experiência. Sem ser geladinhos, os vinhos morriam no copo. Desilusão.
A desilusão não terá sido só minha, porque, de repente, virava o milénio, e a situação começou a mudar. Lembro-me até de qual o vinho que me fez repensar a minha opinião, e abrir os olhos, a carteira e as garrafas aos vinhos alentejanos. Não interessa agora qual, mas foi um momento eureka. Ou melhor, de “olhem, não querem lá ver…”
E de onde veio então a mudança? Veio certamente da evolução normal de uma região onde a nova enologia entrava e começava a melhorar os processos. Veio da constatação de produtores e enólogos de que os constantes aumentos de temperatura e demais fenómenos climáticos não iriam abrandar, era preciso reagir.
As mudanças mais instantâneas incluíam vindimas nocturnas e vinificações imediatas, para manter a temperatura baixa que ajuda a preservar os compostos aromáticos das uvas. Incluía certamente muitas outras intervenções técnicas e de design dos vinhos, mas as mais importantes serão sempre a marcação da data de vindima (mais cedo para evitar a perda dos preciosos ácidos naturais das uvas enquanto elas amadurecem) e, claro, o rigor absoluto na higiene da adega.
Mas também houve mudanças mais lentas, daquelas decisões que implicam grandes custos em vontade e financeiros. Ou seja, a plantação de vinhas com novas castas que permitissem uma abordagem mais centrada na frescura do que na estrutura. Começou a explosão de castas brancas no Alentejo, uma exploração colectiva que está agora a dar frutos, mas na verdade ainda não terminou. Onde antes os vinhos eram só de Roupeiro, Antão Vaz, Perrum, Rabo de Ovelha, Manteúdo, começaram a aparecer lotes temperados com a salvadora Arinto, com Verdelho, experiências com Alvarinho, Viognier, Gouveio, Chardonnay, Sauvignon Blanc. Depois os “temperos” revoltaram-se e começaram a exigir protagonismo. O seu desempenho validava-os, e nos novos lotes as castas ganharam proporções de ingredientes. O vinho branco do Alentejo está a redefinir-se.
CADA VEZ MAIS FRESCOS
Para esta prova de brancos até €12€ compareceram à chamada um pouco menos de 30 vinhos, com um total de mais de 12 castas, utilizadas em diferentes lotes e proporções. Raros foram os mono-varietais, mas foram alguns, nomeadamente de Antão Vaz e de Arinto. Usualmente, para este segmento de preço a utilização de madeira é rara, e quando aparece, moderada. É impossível que os vinhos se mantenham muito tempo no copo na temperatura de serviço que, neste caso, rondou os 12ºC. Mas foi intencional — até fundamental — que essa prova(ção) fosse feita, para resolver de vez as minhas angústias antigas. Estes são vinhos de um novo Alentejo que se declina em branco, para acompanhar pratos saborosos, por vezes ricos, por vezes delicados, e que usam a sua acidez afirmativa, mas bem integrada, para cortar a gordura e limpar o palato nos pratos mais exigentes, ou para complementar em complexidade a harmonia dos pratos mais subtis.
Esta procura de frescura foi deliberada por parte dos agentes da região. Júlio Bastos, o histórico produtor de Estremoz, explicou-me que o seu Dona Maria é feito com Viosinho, Arinto e Antão Vaz, para que as primeiras, colhidas atempadamente, complementem a estrutura da última com a sua frescura ácida. Plantou essas castas num movimento que de certa forma antecipou, adivinhando, os anseios dos consumidores num planeta que vai aquecendo. Mesmo assim, em 2024 o tempo quente vai-se atrasando a chegar, e Júlio Bastos disse-me que estão a sair muito menos brancos e rosés do que o normal.
Uma trajectória parecida, mas cujo final ainda poderá ser reescrito, foi-me contada por Óscar Gato, enólogo da Adega Cooperativa de Borba. O rótulo de cortiça clássico, dos anos 1960, usava Roupeiro, Rabo de Ovelha, Perrum e Manteúdo. Não houve forma de o manter fresco, e foi descontinuado. A marca ressurgiu em 2009 com Arinto, Alvarinho e Verdelho, com objectivo de ser equilibrado, fresco e estruturado. Mesmo assim, o seu perfil clássico foi mantido. Esta ambição de frescura obriga a enorme rigor entre os associados da adega, que vindimam a partir das 3h da manhã, para entregar as uvas com no máximo 4h de cortadas, e antes das 11h da manhã, para alcançarem o preço com prémio de frescura. Tudo é fermentado em inox, mas o Arinto estagia algum tempo em barricas usadas. Numa cooperativa com centenas de associados, trabalham com 18 castas brancas, e vão fazendo e registando estudos não só das castas em vários sítios, mas também de vários clones de cada casta, a ver onde melhor se adaptam. Uma descoberta talvez surpreendente já originou que peçam aos associados que voltem a plantar Rabo de Ovelha. Segundo Óscar Gato, o carácter estruturado e rico desta casta não consegue ser substituído por nenhuma outra, mesmo que a sua acidez seja mais baixa. No planalto de Borba, o Antão Vaz não oferece as mesmas características do que na sua Vidigueira natal. Assim, o Rabo de Ovelha vai ser uma nova aposta, já que a frescura ácida pode vir da combinação das outras castas. O Rótulo de Cortiça, diga-se, é uma “brincadeira” de 6500 litros, uma gota no oceano da adega.
Falei ainda com Francisco Mateus, presidente da CVRA, que me explicou que o Alentejo passou nos últimos 10 anos de 20% de vinho branco para cerca de 27%, de entre os 85 milhões de litros certificados. Prevê-se que esta percentagem continue a aumentar. O Alentejo é uma região muito extensa e com uma gastronomia muito caracterizada e variada, e é normal que os vinhos acompanhem os pratos. Procurei nas notas de prova fazer uma recomendação de um prato que ligasse com o vinho, e fosse informativa, ou seja, que acrescente algo à nota de prova. O leitor vai constatar que sendo os vinhos brancos nem sempre a recomendação é um prato de peixe ou vegetariano. A verdade é que há muitos vinhos brancos que ligam bem com pratos de carne, e mesmo pratos ricos como assados. Fica o desafio para essa exploração, tal como vejo esta prova como um testemunho da exploração que o vinho alentejano está a fazer no território vinho branco. Temos variedade de estilos, de castas, de lotes, ambição, frescura, estrutura. Os preços macios ajudam a que o leitor participe nesta procura.
(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)