Quinta do Bomfim: “Merenda na Vinha” regressa com o sol e o calor

Quinta do Bomfim

Com as temperaturas a subir e os dias cada vez mais longos, a Quinta do Bomfim – propriedade da família Symington, reconhecida pela produção dos vinhos do Porto Dow’s – reabre o espaço “Merenda na Vinha”, um local para desfrutar de piqueniques, petiscos e de uma seleção de vinhos Symington. As visitas guiadas à Quinta […]

Com as temperaturas a subir e os dias cada vez mais longos, a Quinta do Bomfim – propriedade da família Symington, reconhecida pela produção dos vinhos do Porto Dow’s – reabre o espaço “Merenda na Vinha”, um local para desfrutar de piqueniques, petiscos e de uma seleção de vinhos Symington.
As visitas guiadas à Quinta do Bomfim são uma oportunidade de conhecer os espaços e os “segredos” do vinho ali produzido. Conduzidas por guias, as visitas revelam a história da propriedade, não esquecendo o presente e o futuro, com passagem pelas adegas e pelo armazém, uma construção de 1896 onde o velho contrasta com o novo, homenageando o legado da quinta.

No final do passeio não pode faltar um refresco ou um piquenique para retemperar energias, e a sugestão da família Symington passa pela “Merenda na Vinha”. O espaço, inaugurado em 2023, oferece todas as condições necessárias para momentos de lazer e repouso. Este ano, os cocktails e o menu de petiscos são novidade, sendo possível desfrutar de diversas opções, como o sortido de enchidos, crackers e espetada de queijo com tomate cherry, ou uma taça de amêndoas e batatas fritas.

O menu de piquenique, elaborado pela equipa do restaurante da propriedade – Bomfim 1896 with Pedro Lemos (Guia Michelin 2024) –, pode ser desfrutado de segunda-feira a domingo, das 13h00 às 17h00. Uma seleção de pão, sopa fria de tomate coração-de-boi, salada de verduras, carapau de escabeche, covilhetes e queijo curado são as escolhas para o menu, que conta ainda com fruta da época e toucinho do céu para sobremesa. A garrafa de Altano Branco (para duas pessoas) e um copo de vinho do Porto Dow’s Tawny 10 Anos ou LBV complementam o piquenique do Bomfim, com um custo de 40 euros por pessoa. Opções vegetarianas são também uma possibilidade, com broa de milho e pão de centeio a integrarem a seleção de pão, juntamente com covilhetes de legumes, legumes assados e queijo merendeira.

A reserva das visitas e restantes atividades é aconselhada, sendo necessário reservar os piqueniques com 48 horas de antecedência. As reservas podem ser realizadas por e-mail (quintadobomfim@symington.com). As visitas estão disponíveis todos os dias da semana, das 10h00 às 17h30.

Chef Vítor Sobral inaugura a Petiscaria da Esquina em Lisboa

petiscaria da esquina

O chef Vítor Sobral convida à partilha e ao convívio no seu novo restaurante localizado no centro de Lisboa. A Petiscaria da Esquina apresenta os mais emblemáticos petiscos tradicionais portugueses, reinterpretados pelo chef, com uma cozinha preparada para receber clientes durante todo o dia. Em linha com o conceito do Grupo Vítor Sobral, de homenagem […]

O chef Vítor Sobral convida à partilha e ao convívio no seu novo restaurante localizado no centro de Lisboa. A Petiscaria da Esquina apresenta os mais emblemáticos petiscos tradicionais portugueses, reinterpretados pelo chef, com uma cozinha preparada para receber clientes durante todo o dia.

Em linha com o conceito do Grupo Vítor Sobral, de homenagem à gastronomia tradicional portuguesa, o chef Vítor Sobral apresenta um novo espaço, em Lisboa, na Avenida da República.

Chama-se Petiscaria da Esquina e, tal como o nome indica, apresenta uma carta de petiscos, a maioria bem conhecida dos portugueses, como as moelas em tomatada (9€), pica-pau de novilho (14,50€), berbigão à Bulhão Pato (14,90€) ou a salada de orelha de porco de coentrada (8,50€), por exemplo, todos temperados com a assinatura do chef Vítor Sobral.

“Este é um espaço que honra a nossa gastronomia, sobretudo a cultura da partilha à mesa, a boa conversa e um copo de vinho. Temos os petiscos mais emblemáticos e outros que quis apresentar como uma reinterpretação da nossa cozinha, como bochecha de porco, pimentão da horta e pickles ou lulas salteadas com limão e salsa. São quase duas dezenas de petiscos, além das ofertas de pratos. Motivos não faltam para ir à Petiscaria da Esquina”, refere o chef Vítor Sobral.

Com uma cozinha aberta durante todo o dia até às 23h00, entre as 15h00 e as 20h00 os motivos para ir ao restaurante são ainda maiores, com as Happy Hours a oferecer imperial Super Bock a apenas 1 euro. Para quem prefere um bom vinho, a carta é composta por vinhos portugueses, do Douro, Dão, Lisboa, Setúbal e Alentejo, além de espumantes e licorosos. A Petiscaria da Esquina tem também televisão, para que os dias de jogos sejam vividos à mesa, em boa companhia. Para quem preferir petiscar em sua casa, está também disponível o serviço de take away e de delivery pela Uber Eats.

Economia Circular | Reciclar para Reflorestar

Rolha a rolha… em 2022 plantámos 180 árvores! Obrigada a todos. Foram recolhidos cerca de 40 kg de rolhas no Vinhos & Sabores de 2022. Quase 9000 rolhas de cortiça o que equivale à plantação de 180 árvores. A Grandes Escolhas, retoma a parceria com o Green Cork e a AMORIM, para a edição de […]

Rolha a rolha… em 2022 plantámos 180 árvores! Obrigada a todos.

Foram recolhidos cerca de 40 kg de rolhas no Vinhos & Sabores de 2022. Quase 9000 rolhas de cortiça o que equivale à plantação de 180 árvores.

A Grandes Escolhas, retoma a parceria com o Green Cork e a AMORIM, para a edição de 2023 do evento VINHOS & SABORES. O Green Cork já conseguiu reciclar mais de 500 Ton de rolhas de cortiça usadas e já foram plantadas mais 1.400.000 árvores autóctones, contribuindo para uma crescente capacidade instalada de absorção de CO2, assim como já foi evitada a emissão de várias Toneladas. Mas queremos aumentar as rolhas recicladas e árvores plantadas, e por isso contamos com a sua visita e participação.    

O projeto “Rolha a Rolha, Semeie a Recolha” em parceria com a Lipor e os municípios da sua área de gestão, e conta com o apoio da Amorim, BA Glass e da Extruplás, tem como objetivo criar redes de recolha seletiva municipais no canal HORECA. Foram já implementados dois projetos pilotos nos municípios da Maia e Vila do Conde, com uma rede de recolha em cerca de 100 restaurantes. Durante o ano 2023 está em implementação a rede no município do Porto já com mais 200 estabelecimentos aderentes, e estamos a iniciar a implementação nos municípios de Matosinhos e Póvoa de Varzim. Por cada 50 rolhas recolhidas será plantada uma árvore autóctone e com as rolhas recicladas em 2022 foram plantadas cerca de 1300 árvores autóctones nos municípios da Maia e Vila do Conde.

www.greencork.org/rolha-a-rolha-semeie-a-recolha

A Campanha Green Cork Escolas/IPSS/Escuteiros em parceria com a Amorim e a Missão Continente, onde as escolas, IPSS e Escuteiros de todo o País são desafiadas a recolher rolhas usadas junto das comunidades e entrega-las numa das lojas do Continente, sendo atribuídos prémios às entidades que mais contribuírem. Também são desafiadas a desenvolverem várias atividades ao longo do ano letivo, submetendo o resultado dos trabalhos para serem divulgados e votados nas redes sociais, sendo premiados os que alcançarem mais votos.

www.greencork.org/campanha

A iniciativa “Vinhos que vão bem com o ambiente” levada a cabo em parceria com a José Maria da Fonseca e produtores associados Ravasqueira, Lima &Smith e Lagoalva, foi criada uma campanha promocional com mais de uma dezena de centros de recolha em várias lojas por todo o país. Foram instalados depósitos de rolhas, e foram oferecidos os rolhinhas aos clientes. Por cada 10 rolhas de cortiça recicladas será plantada uma árvore autóctone. Esta iniciativa teve inicio no dia 5 junho e terminará no final de outubro, culminando com uma plantação das árvores correspondentes no dia 23 de novembro, dia da Floresta Autóctone.
Com os resultados desta iniciativa no ano passado, foi possível plantar mais de 3800 árvores autóctones no Parque Natural da Serra de Sintra e Cascais.

www.jmf.pt/index.php?id=850

Estas campanhas, projetos e iniciativas no âmbito Green Cork, são alguns bons exemplos de transição para Economia Circular e para uma sociedade regenerativa que contribuí para a recuperação do nosso capital natural, e para um futuro melhor das gerações vindouras.

Visite-nos, receba o seu rolhitas e colabore na recolha.

 
 

ViniPortugal promove vinhos nacionais nos EUA

Viniportugal

A ViniPortugal leva os produtores nacionais a participar em provas nos Estados Unidos até ao próximo dia 18 de Abril, para promover a notoriedade dos vinhos portugueses e identificar novas oportunidades de negócio. Os eventos, que decorrem em Chicago, Houston, Nova Iorque e São Francisco, são realizados com produtores que já têm distribuição neste mercado […]

A ViniPortugal leva os produtores nacionais a participar em provas nos Estados Unidos até ao próximo dia 18 de Abril, para promover a notoriedade dos vinhos portugueses e identificar novas oportunidades de negócio.

Os eventos, que decorrem em Chicago, Houston, Nova Iorque e São Francisco, são realizados com produtores que já têm distribuição neste mercado e destinam-se a profissionais e consumidores.

Segundo Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, “estas iniciativas são de grande relevância para a promoção dos vinhos portugueses fora de portas, sobretudo no mercado dos Estados Unidos”. Trata-se do segundo destino externo dos vinhos portugueses, onde o sector tem vindo a obter “excelentes resultados”. Para este responsável, “este é um mercado que tem vindo a mostrar um crescente interesse em vinhos internacionais e onde os Vinhos de Portugal têm estado em destaque, sobretudo pela qualidade, diversidade e tradição das referências nacionais, atributos muito apreciados pelos consumidores norte-americanos”.

Para além das provas, serão incluídas outras acções de promoção dos vinhos portugueses nestes eventos, como seminários e workshops sobre a dinâmica do mercado.

Provocação de sabores no Barreiro

Provocação de sabores

Provocação de Sabores é um evento que vai juntar, no Mercado Municipal 1.º de Maio, no Barreiro, mais de 60 produtores nacionais de vinhos. Em paralelo, irá decorrer uma mostra gastronómica e provas comentadas sobre vários temas, que irão levar vários especialistas nacionais, ao Barreiro, nos dias 4 e 5 de Maio, entre as 15h00 […]

Provocação de Sabores é um evento que vai juntar, no Mercado Municipal 1.º de Maio, no Barreiro, mais de 60 produtores nacionais de vinhos.

Em paralelo, irá decorrer uma mostra gastronómica e provas comentadas sobre vários temas, que irão levar vários especialistas nacionais, ao Barreiro, nos dias 4 e 5 de Maio, entre as 15h00 e as 20h00. A primeira tem o tema “Cozinha no Mundo” e será conduzida pelo sommelier Augusto Brumatti. Um pouco mais tarde falar-se-á de doçaria, numa sessão que terá, como anfitrião, o sommelier Tiago Simões. Haverá ainda um Tema Livre, apresentado pelo sommelier Pedro Durand, e uma sessão dedicada aos queijos, com Ivo Custódio e a enóloga Mafalda Perdigão.

Os ingressos já se encontram à venda e podem ser adquiridos na Ticketline, Posto de Turismo do Barreiro e no local, no dia do evento.

Valores: 8€ para um dia e 12€ para dois dias (o bilhete inclui copo e porta copos).

Provocação de Sabores

Millèsime: A festa do espumante na Bairrada

Millèsime

(veja todas as imagens do evento AQUI) Durante dois dias, muitas centenas de pessoas rumaram de todo o país até à Curia, para viver de perto o Millèsime, festa que celebra o espumante e toda a sua essência. A festa decorreu, pelo segundo ano consecutivo, no Curia Palace Hotel, um pedaço de charme da arquitectura […]

(veja todas as imagens do evento AQUI)

Durante dois dias, muitas centenas de pessoas rumaram de todo o país até à Curia, para viver de perto o Millèsime, festa que celebra o espumante e toda a sua essência.

A festa decorreu, pelo segundo ano consecutivo, no Curia Palace Hotel, um pedaço de charme da arquitectura imaginado, no início do século 20, por Manuel Joaquim Norte Júnior, e inaugurado e conservado, até agora, pela família Alexandre Almeida como ícone de uma vida de outros tempos, mesmo após a renovações mais recentes.

Era difícil de encontrar um sítio melhor para um evento de encanto como aquele que reuniu 45 produtores de espumantes portugueses e internacionais.

Nos dois dias, quem comprou o bilhete foi trazido em carros dos anos 20 do século passado, motorizados e puxados a cavalo, passando pelos jardins fronteiriços ao Palace Hotel, para entrar no seu foyer de época, marcado pela grandiosa escadaria em caracol, pelo elevador e pela elegante varanda do andar superior. Lá dentro, um músico tocava piano de cauda e algumas personagens, que retratavam as pessoas dos dourados (ou loucos, segundo se diz também) anos 20, passeavam e conversavam com os visitantes sem sair dos seus papéis.

No interior dos grandes salões estavam os produtores, principalmente os da Bairrada, a apresentar os seus espumantes, mas também havia representações das regiões dos Vinhos Verdes, Douro, Távora Varosa, Dão, Beira, Tejo, Lisboa, Alentejo e Cava, em Espanha e decorria a festa, com muita gente interessada em provar os seus vinhos e conhecer melhor quem os fez. Para além da degustação de espumantes, havia também, nas amplas varandas viradas para os jardins da propriedade, uma mostra e venda de produtos gourmet. Em paralelo ao evento, decorreram visitas para jornalistas, escanções, profissionais de turismo e proprietários de garrafeiras, convidados pela organização para visitar os produtores Luís Pato, Quinta dos Abibes, Idálio Estanislau Wines e Caves da Montanha. J.M.D.

Domingos Soares Franco: Reformo-me muito confiante na 7ª geração!

Domingos Soares Franco

Chegada a hora de passar a pasta da enologia na José Maria da Fonseca, Domingos Soares Franco aceitou partilhar connosco algumas memórias e momentos das 40 vindimas que fez na empresa, de que também é sócio. Não escolheu ser enólogo, ainda que as vinhas e o vinho sempre o tenham cativado. A atracção pelo campo […]

Chegada a hora de passar a pasta da enologia na José Maria da Fonseca, Domingos Soares Franco aceitou partilhar connosco algumas memórias e momentos das 40 vindimas que fez na empresa, de que também é sócio. Não escolheu ser enólogo, ainda que as vinhas e o vinho sempre o tenham cativado. A atracção pelo campo era proporcional à aversão à cidade e onde se sentia bem era entre vinhas, cavalos e ovelhas. Foi assim natural a intenção de se inscrever no Instituto Superior de Agronomia (ISA) após terminar o liceu em 1974. A escola era o local onde a viticultura e a enologia lhe poderiam interessar. E foi assim que tudo começou.

Estivemos com ele na sede em Azeitão e fomos à casa dos segredos, a adega velha onde há pó e teias de aranha em quantidade. E o segredo é tão grande que o próprio esteve 10 minutos a tentar abrir a porta. Isto das fechaduras seculares tem inúmeras vantagens anti-roubo… O receio do “tédio da reforma” não existe já que, como afirmou “tenho imensa coisa para fazer”. Boas notícias.

Foi fácil entrar no ISA?

Não, naqueles tempos conturbados, o facto de eu ser Soares Franco, e da família que detinha a José Maria da Fonseca, foi quanto bastou para me barrarem a entrada. O meu pai levou-me então a França e, quer em Bordéus, Montpellier ou Dijon era possível entrar, mas tinha de recuar dois anos por não falar francês e isso eu não queria. Geisenheim tinha problema idêntico, porque não falo alemão e fiquei à deriva. Em 1975 estávamos com o nosso sócio americano da Internacional Vinhos e ele propôs que eu fosse para os Estados Unidos da América, inicialmente para Connecticut e posteriormente para a Califórnia, em duas universidades. Terminei os estudos em Davis em enologia e viticultura, incluindo uma pós-graduação, e fiz tudo excepto uma cadeira sobre fenóis que me recomendaram que não tinha interesse. Mais tarde arrependi-me de não fazer. Fiz também, a conselho do meu pai, um trabalho sobre moscatéis.

Fez algum estágio em adegas?

Não, porque na altura era proibidíssimo. Era preciso visto de trabalho. Nem dizendo que não queria ser remunerado era razão suficiente. Assim, a aplicação dos conhecimentos que lá adquiri só pude pôr em prática aqui.

Que universo de enologia encontrou aqui, comparado com o que tinha conhecimento por lá?

Aqui estávamos no grau zero. Eu falava em sulfurosos remanescentes, em polifenóis ninguém falava. Pedi que me fornecessem 24 estirpes de leveduras para trabalhar com as nossas castas e ninguém percebia para que era aquilo. A maneira de pensar de lá não era aplicável cá, de todo. Filtros, prensas era tudo diferente. Fui eu que trouxe da Alemanha a primeira prensa pneumática. Trabalhos de vinificações por casta aqui era assunto pouco trabalhado. Era tudo diferente. Andei uns anos a batalhar aqui, porque vinha de uma escola americana e por cá havia sobretudo enólogos com escola francesa, como o José Maria Soares Franco ou o Nuno Cancela de Abreu, por exemplo. O meu pai sempre me disse que não devia esquecer as raízes, mas devia ir na crista da onda. Quando tive oportunidade, fui a uma prova organizada pelo nosso importador dos Estados Unidos, para conhecer os gostos e as tendências, e fui a Seattle. Fiquei por lá uma semana, andei a visitar adegas e fiquei deslumbrado.

Como era a enologia aqui nos inícios de 80? Já havia inox?

Não, era tudo em cimento e, um pouco mais tarde, com revestimento a resina epoxy. Começámos, na época, a controlar as temperaturas de fermentação. Por lá (estado de Washington) descobri também a importância da elegância nos vinhos, sem abusos de álcool ou madeira, sem açúcares residuais e comecei a ir por aí, que era um sentido diferente da Califórnia. Por cá trocávamos ideias entre os enólogos, mas como havia muito o conceito do segredo, a partilha não era fácil, sobretudo com os então chamados técnicos.

E em que ponto deixa agora a enologia, por comparação com os anos 80, agora que já existe uma nova equipa? Também não há pontos de contacto?

Há pontos de contacto, sim. Nomeadamente nos moscatéis, onde o método há muito estipulado. No entanto, há muito tempo que andava com a ideia de fazer um moscatel diferente para comemorar os 200 anos da empresa, daqui a 10 anos. Falei com o Paulo Horta (enólogo, entretanto também reformado) e combinámos fazer algo fora do baralho. Uma fermentação em que o mosto, ao arrancar, já fosse com cinco graus de álcool, com o objectivo de matar as leveduras que não interessam. Não com aguardente, mas sim com moscatel velho. Foi isso que fizemos e o resultado era o que esperava. Foi aí que chamei a nova equipa para a sala de provas, para eles perceberem o conceito. Creio que estão a assimilar bem, mas estão também atentos à vertente do consumidor. O gosto está sempre a mudar e isso torna difícil as decisões, porque pode alterar-se de repente e o vinho não se faz para amanhã. É preciso preparem-se, e eles estão a assimilar isso muito bem.

Vou ajudando durante a prova, mas os métodos de hoje são diferentes. Eu revejo-me mais nas técnicas actuais, mas não podemos perder as raízes. Veja o que se passa com alguns brancos, que estão mais próximo do que se fazia antigamente. Os consumidores estão fartos dos aromas de fruta, da banana e do ananás. Querem coisas mais originais.

A propósito de vinhos originais, recordo-me que a José Maria da Fonseca teve uma colecção de vinhos com iniciais enigmáticas, que alegravam o portefólio exactamente por esse lado meio obscuro. DA, AP, EV, VB, TE, CO, entre muitas outras. Porque é que acabaram com eles?

Tenho pena, mas fui eu que acabei com isso. Estava a tornar-se muito confuso para o consumidor. Os últimos a morrer foram o CO (clara de ovo) e o RA (Região Algeruz), mas vamos recuperá-los proximamente, ambos com Castelão. Vamos fazê-los à antiga, mas são vinhos que, por serem difíceis em novos, demoram tempo e, por isso, não vão surgir tão cedo. É um pouco o que acontece com o Periquita Clássico, que também foi reeditado na colheita de 2014 e até com um toque de brett (é à antiga, não é?), só com madeira usada.

Deixou algum vinho por fazer, ou que tenha pena de não ter feito?

Andei durante anos atrás da ideia, da procura de selecionar o meu melhor vinho. Mas acho que, com estes vinhos que vou lançar (da colheita de 2017, o tinto, de 2021, o branco, e de 1998, o Moscatel), consegui isso. O que queria e quero, sobretudo, é elegância e, com isto, fecho a porta.

O último vinho que vai fazer, o vinho da despedida, o tal legado de 40 anos…

Ao longo de 40 anos fui variando muito o estilo de vinhos e acabei por apostar mais na elegância. O vinho que fiz agora tem uma finesse e uma subtileza fora do normal. O meu pai sempre me disse: quando te reformares, sai pela porta grande e com chave de ouro. Eu sinto que aquele vinho é a minha chave de ouro. São 7000 garrafas de tinto, 3000 de branco e 3000 de moscatel, individuais ou caixas de três. Há um ano que ando à volta do rótulo, sem olhar a despesas, do papel à embalagem. Vou fechar a carreira com uma apresentação deste vinho.

No caso do moscatel, acha que está encontrado e esgotado o modelo ou ainda há algo mais para descobrir?

Ainda se podem fazer pequenas alterações na forma de fazer, que ninguém está a fazer, como a adição de moscatel velho para o arranque, como falámos. Mas faltam-nos competidores para nos espicaçarem e alguns concorrentes estão a ir por caminho errado, por exemplo no moscatel roxo.

Só há 50 ha de vinhas e o preço deveria ser puxado para cima. Mas quando há empresas da região a puxá-lo para baixo, não vamos a lado nenhum. Continuamos a ter falta e ainda compramos muito a lavradores (há três anos foi cerca de 90% do roxo), o que acontece também no moscatel normal. E estamos a falar de uma casta com uma produtividade que pode chegar às 15 ton/ha. Mas também é verdade que, com essas quantidades, o produto final sofre, porque lhe falta complexidade.

Lembra-se de algum vinho que fez na casa e que lhe encheu todas as medidas? Porque só calhou bem uma vez, por exemplo, ou outra razão…

Um moscatel que fiz metade com Cognac e metade Armagnac e parei a fermentação com essa aguardente. Só vai sair agora. Quanto a ano de colheita acho que não volta a haver um 2011. Na nossa casa, e desse ano, o J ou o José de Sousa. A excelência era perceptível logo em Março e fiquei muito entusiasmado. Foram poucas as vezes que tive essa sensação e não me enganei em muitas delas (o Paulo Hortas diz que só falhei quatro ou cinco vezes) e até me lembro de ter telefonado ao David Guimaraens, da Fladgate, a dizer-lhe que queria reservar duas caixas do vintage 2011, e que ele me respondeu que ainda nem tinha começado a vindima. “Não faz mal, reserva-me duas caixas, que o ano é extraordinário!”, respondi-lhe eu. Como 2011 não me lembro de nenhum ano. Mais recentemente gostei muito do 2015 e do 2018.

Domingos Soares Franco

 

No José de Sousa retomámos a vinificação nos potes (talhas). Comprámos tudo o que encontrámos, na altura a 100$ (50 cêntimos) cada talha.

 

Qual o moscatel que mais o marcou?

(sem hesitar) O 1955. Costumo dizer que é um puzzle de 1000 peças em que todas encaixam e a última quase que encaixa também.

Diga-nos três vinhos portugueses, sem ser da casa, que lhe encheram as medidas. E também generosos e, já agora, estrangeiros.

Quinta da Leda 2011, Vale Meão 2011, Mouchão 1963. Do Porto, recordo o Vintage Taylor’s 2000. Da Madeira sou grande fã dos vinhos do Ricardo Diogo, da Barbeito. Dos vinhos de fora relembro-me do Henschke Hill of Grace, um Shiraz australiano que me ficou na memória (Nota: preço variável, mas sempre próximo dos €700 a garrafa), e de um Chardonnay, também australiano, da Mornington Peninsula (Nota: esta é uma região que conta com 60 adegas).

Mesmo numa empresa familiar, não há por vezes conflitos entre a enologia e o marketing?

Sim. Mas como também sou dono, acabo por fazer mesmo que “eles” não queiram (risos). Mas é verdade que alguns vinhos saíram antes do tempo…

Foi assim que nasceu o Pasmados branco Garrafeira, uma novidade agora no mercado?

Foi, porque o estilo mais evoluído que tinha era difícil de vender. Agora é mais fácil, porque há mais ambiente para um estilo em que a cor quase sugere que está passado, apesar de na boca ser óptimo.

Mas há flutuações no mercado, há marcas que hoje vendem muito e amanhã não, como o Periquita. Hoje vende quanto?

Cerca de três milhões de garrafas, mas já vendeu quatro e tal, sobretudo no mercado nórdico e Brasil. O Periquita Reserva canibalizou o outro. Na Suécia vendemos em garrafa mas, na Noruega, é em bag-in-box e na Finlândia querem em lata. Voltamos aos pacotes de leite…

A marca Lancers ainda tem peso na facturação?

É a nossa terceira marca, a seguir ao Periquita e ao Moscatel Alambre. Agora representa um milhão e meio de garrafas, mas já foram 16 milhões. Não creio que vá morrer. Ainda acho um produto interessante e faz parte da história. Aqui já só fazemos o normal. O espumoso encomendamos fora, na Bairrada. O perfil mudou e acho que está aceitável. Gosto de o beber, mas antigamente tinha vergonha de o mostrar. Actualmente a empresa depende do mercado externo, que representa 55% da facturação. E a tendência vai ser para subir.

Domingos Soares Franco

 

 

O Lancers mudou de perfil e acho que está aceitável. Eu gosto de o beber, mas antigamente tinha vergonha de o mostrar.

 

 

A José Maria da Fonseca teve uma grande presença no Dão, com a marca Terras Altas mas, creio, não tinham vinhas por lá…

Não produzíamos. Abastecíamo-nos nas adegas e comprávamos a granel ao Alfredo Cruz, que era o grande regulador do mercado e vendia para todas as empresas (Sogrape, Aliança, Borges). Mas, a partir de 2005, abandonámos a marca. Primeiro o branco e depois o tinto. Chegámos a vender um milhão de litros, mas nunca quisemos investir em vinhas na região.

Mas estiveram também na Casa da Ínsua, embora não fossem proprietários. Como era essa relação?

Fora a José de Sousa, só tivemos uma aventura no Dão, na Casa da Ínsua, que fazíamos e comercializávamos. Era uma relação antiga, que vinha do tempo do meu tio António, nos anos 60, e durou até aos anos 90. Quando se percebeu que era preciso investir em nova adega e não havia grande vontade do proprietário, entendemos que não havia condições para continuar nos mesmos moldes e saímos. Em meados de 80 pensámos investir no Alentejo e o meu irmão já estava tentado a fazê-lo em Portalegre. Mas acabámos por ficar em Reguengos e o meu primo Jorge Avilez ficou em Portalegre. Fazíamos lá os vinhos e comercializávamos. Também aqui, a certa altura resolvemos separar as águas e ficámos apenas em Reguengos.

No José de Sousa não mudaram nada nos encepamentos?

Nada. Mas como a casta Aragonez era especialmente atreita a doenças do lenho (esca), decidi nunca mais plantar Aragonez no Alentejo. O José de Sousa só vem da vinha velha com as castas antigas. As outras marcas já têm outras castas.

Mas tiveram de mudar muita coisa na enologia quando chegaram?

Tudo, tudo. Passei a fazer só nos potes e abandonei os balseiros. Comprámos tudo o que encontrámos, na altura a 100$ (cerca de 50 cêntimos) cada talha. Mantivemos as três castas, mas alterámos a parte da enologia. Os vinhos não tinham data (só na caixa) e tenho provado coisas muito boas. Como o engenheiro Manuel Vieira na altura estava pouco familiarizado com os potes, e fui perguntar ao antigo adegueiro para perceber como se fazia.

E a aventura no Douro (marca Domini) não correu bem?

Era muito longe. Para se lá chegar era um sarilho. Sem adega era complicado. Acabámos a entregar as uvas à Fladgate e a propriedade está à venda.

Não tem pena que não haja na família um sucessor para a enologia? E numa empresa familiar há, na mesma, linhas vermelhas que cada departamento não pode ultrapassar?

Sim, tenho pena de não ter sucessor, mas não há nada a fazer. Temos um acordo familiar em que as funções estão estabelecidas. Há metas e todos os anos os objectivos são revistos.

Está tranquilo com a sucessão aqui na José Maria da Fonseca?

Muito tranquilo e confiante. Na sétima geração dão-se muito bem uns com os outros, o que é uma vantagem.

Vai encontrar com que se entreter?

Tenho tanta mas tanta coisa na quinta, ovelhas, pássaros, voltei a montar a cavalo, a caçar…

Então pode-se dizer que parte sem dor?

Sim, sem dúvida.

 

Vou terminar a carreira com uma apresentação de três vinhos. Fecho com chave de ouro.

Barros celebra 50 anos de liberdade em colaboração com artista portuguesa

barros

A Barros, casa de vinho do Porto fundada em 1913, celebrou o 50º aniversário do 25 de abril com o lançamento de uma edição especial da colheita de 1974. Em parceria com a artista portuguesa Teresa Rego, a marca criou um packaging especial, para celebrar os 50 anos deste evento histórico para  o país. A […]

A Barros, casa de vinho do Porto fundada em 1913, celebrou o 50º aniversário do 25 de abril com o lançamento de uma edição especial da colheita de 1974. Em parceria com a artista portuguesa Teresa Rego, a marca criou um packaging especial, para celebrar os 50 anos deste evento histórico para  o país.

A iniciativa, que alia o talento e a arte de Teresa Rego ao vinho do Porto, salienta a liberdade, representada numa ilustração que celebra Abril sem barreiras ou restrições. A ilustração desenvolvida ganha vida na garrafa, no rótulo,  contra-rótulo e na caixa individual. Nela estão representados valores como a jovialidade e a vivacidade, através das cores que, juntas, dão fôlego a uma desconstrução descontraída e arrojada da data.

Cada garrafa desta coleção, também ela ilustrada, é uma homenagem ao estilo revolucionário que transformou Portugal e um convite a todos os que desejam apreciar e celebrar a história através de uma colheita icónica. Um tributo da casa Barros ao verdadeiro talento português. De edição limitada e exclusiva.

Barros